livro audiÇÃo e visÃo

14
São Paulo, 2008 - 1ª Edição

Upload: maxmartins4

Post on 14-Jun-2015

934 views

Category:

Documents


7 download

TRANSCRIPT

Page 1: LIVRO AUDIÇÃO E VISÃO

São Paulo, 2008 - 1ª Edição

Page 2: LIVRO AUDIÇÃO E VISÃO

Impresso no Brasil pela Duograf - Gráfica e Editora Ltda.

© Log On Editora Multimídia2008Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação pode ser reproduzida, arquivadaou transmitida de nenhuma forma ou por nenhum meio sem permissão por escrito da editora.

Proibida a reprodução total ou parcial. Os infratores serão processados na forma da lei.

Log On Editora Multimídia Ltda.Av. Nove de Julho, 5.966 / 3º andarJardim Paulistano - CEP 01406-200São Paulo - SP - Brasil

Dados Internacionais para Catalogação de Publicação (CIP)

Carlos Estevão Simonka

Assunto(s): 1. Biologia (Ensino Médio) - Estudo e Ensino

Coleção para gostar de ciências - Corpo HumanoO Mundo dos Sentidos - Audição e Visãolivro de 28 páginas + DVD

Inclui capaISBN 978-85-86999-46-8Log On Editora Multimídia - São Paulo, 2008

CDD 574D (19) - 1ra. edição

Log On Editora MultimídiaEditor:

Equipe Editorial:Design Gráfico:

Produção:Edição de Textos:

Revisão:

Eduardo Mace

Lara Silbiger, Cássia Sanz e Bianca Justiniano

Fabrício Casagrande e Eduardo Barletta

Vanessa O'nil, Vanessa Oliveira e Gabriela Pompone

Luciana Tanoue

Martha Costa e Renata Costa

O MUNDO DOS SENTIDOS -AUDIÇÃO E VISÃO

O universo dos sistemas visual e auditivo é desvendado neste Livro+DVD

(DVDBook) sob o ponto de vista de seu funcionamento e de quem perdeu

essas faculdades. Com um enfoque moderno, a inclusão social e a

recuperação dessas pessoas em ambas as situações também é amplamente

explorada em

Ao ver com proximidade como vivem os que perderam estas faculdades e

entender de que maneira a cegueira e a surdez acontecem no corpo

humano, é possível perceber como estamos suscetíveis a enfrentar

problemas como esses.

O livro, elaborado pelo professor de biologia Carlos Estevão Simonka,

apresenta uma revisão geral do funcionamento da visão e da audição, as

principais doenças que acometem esses sistemas e as diversas terapias

para curá-las.

Simonka é biólogo formado pela Universidade de São Paulo, docente,

ilustrador científico e consultor nas áreas de biologia e educação. Autor

de diversos trabalhos na área da zoologia (

, da Holos Editora), leciona nos melhores colégios e

cursinhos de São Paulo.

Os documentários fazem parte da série , uma produção da rede

francesa France 3 adaptada pela Log On e veiculada no programa POP BOX,

da PlayTV. Com modernos recursos audiovisuais e didáticos, eles exploram o

corpo humano de forma interativa e rica em conteúdo.

O DVD é composto por dois episódios:

, sendo que este último foi traduzido à Libras (Língua Brasileira de

Sinais) pela pedagoga e intérprete Rafaella Sessenta.

Não é Mágica – O Mundo dos Sentidos.

Insetos Imaturos: Metamorfose

e Identificação

Não é Mágica

Deficientes Visuais e O Mundo dos

Surdos

Page 3: LIVRO AUDIÇÃO E VISÃO

4

I.ANATOMIADOAPARELHOAUDITIVO HUMANO

O aparelho auditivo humano é composto por três partes: o ouvido externo

(orelha externa), o ouvido médio (orelha média) e o ouvido interno (orelha

interna). Este último é o mais complexo e possui mecanorreceptores, que

são células dotadas de finas cerdas sensíveis responsáveis tanto pela audição

quanto pelo equilíbrio.

AUDIÇÃO

O MUNDO DOS SENTIDOS - AUDIÇÃO E VISÃO

II. O OUVIDO EXTERNO

O ouvido externo (ou orelha externa) é formado

pelo pavilhão auditivo ou auricular (chamado

popularmente de orelha) e pelo conduto

auditivo externo.

A função principal do primeiro é captar e canalizar

as ondas sonoras, agindo como um funil que

direciona os sons para o conduto auditivo.

Já o conduto auditivo externo tem a função de

transmitir os sons captados pela orelha para o

tímpano, além de servir de câmara de ressonância,

ampliando algumas freqüências de ondas sonoras.

Ele é constituído por cartilagem, pele e músculos.

A porção interna do conduto fica embutida no

crânio e é recoberta por um epitélio (tecido de

revestimento) rico em células secretoras de cera,

cuja função é reter partículas de poeira e

5

AUDIÇÃO

O MUNDO DOS SENTIDOS - AUDIÇÃO E VISÃO

microrganismos e proteger as partes

mais internas do aparelho auditivo.

A presença de pêlos ou hipertricose

au r i cu l a r ne s sa á rea é uma

característica estritamente masculina,

definida pelo cromossomo Y.

• As grandes dimensões do ouvido externo, bem como a complexidade

proporcionada pelas suas dobras, permitem aos animais de ambientes

amplos – como desertos, savanas e estepes – uma capacidade maior

para captar sons dispersos.

• Orelhas grandes, como as dos elefantes, servem também como

radiador e dissipam o excesso de calor do corpo. Outra função é a

filtração do som, que ajuda a localizar a origem das ondas sonoras que

chegam até o indivíduo.

• No caso de homens e mulheres, o processo de filtração seleciona

sons na faixa de freqüência da voz humana, facilitando o

entendimento. Neles, o pavilhão auricular é anatomicamente dividido

em dobramentos (hélice, antihélice, trago e antitrago) e lóbulo.

CURIOSIDADES

Page 4: LIVRO AUDIÇÃO E VISÃO

6

AUDIÇÃO

III. O OUVIDO MÉDIO

O ouvido médio (ou orelha média) está separado do conduto auditivo pelo

tímpano ou membrana timpânica. Enquanto as ondas sonoras fazem este

último vibrar, três ossículos ligados a ele e alinhados em seqüência se

movimentam dentro do ouvido médio: martelo, bigorna e estribo.

Eles recebem este nome por sua

semelhança com esses objetos.

Os mamíferos são os únicos animais

que possuem estes três ossículos,

que compõem os menores ossos do

corpo. Conectados entre si, estão

localizados numa câmara em

forma de ervilha do ouvido médio,

formando uma ponte entre a

membrana timpânica e a janela

oval, para onde é transferida a

energia das ondas sonoras que

seguirão para o ouvido interno.

Outra parte do ouvido médio é a

tuba auditiva ou Trompa de

Eustáquio, um canal flexível

cuja cavidade está conectada

com a nasofaringe (garganta, na

altura do nariz).

O MUNDO DOS SENTIDOS - AUDIÇÃO E VISÃO

A tuba auditiva ajuda a

manter a pressão do ar

equilibrada entre os dois

lados do tímpano.

Por isso, quando subimos ou

descemos uma serra, a

mudança de altitude nos dá a

sensação de pressão nos

o u v i d o s , p o i s h á u m

desequilíbrio deste fator

dentro do ouvido médio.

Bocejar ou abrir a boca

n e s s a s c i r c u n s t â n c i a s

permite que as Trompas de

Eustáquio se abram e as duas

pressões se equalizem.

Assim, o tímpano permanece

numa posição de repouso –

nem compr imido para

dentro, nem para fora.

“PRESSÃO NOS OUVIDOS”

7O MUNDO DOS SENTIDOS - AUDIÇÃO E VISÃO

AUDIÇÃO

IV. O OUVIDO INTERNO

O ouvido interno (ou orelha interna), localizado na cavidade do osso

temporal, também é chamado de sistema vestibular ou labirinto, dada a

complexidade e o número de seus canais. Ele é formado por uma estrutura

complexa e peculiar, que lembra um caracol. O que representaria a “concha

do molusco” é um canal cônico enrolado sobre si denominado cóclea,

repleto de líquido coclear que irriga no seu interior as células

fonorreceptoras responsáveis pela audição.

Acóclea se liga ao labirinto, que é formado por duas bolsas repletas de líquido,

o sáculo e o utrículo. Dali, projetam-se os três canais semicirculares,

vulgarmente denominados de labirintos. Eles são responsáveis pelas sensações

de equilíbrio, movimentoe posicionamentodocorpo.

Page 5: LIVRO AUDIÇÃO E VISÃO

8 O MUNDO DOS SENTIDOS - AUDIÇÃO E VISÃO

AUDIÇÃO

Os três ossículos do ouvido médio recebem e amplificam as vibrações do

tímpano, transmitindo-as a uma membrana na cóclea, a janela oval, que

comunica essas oscilações ao líquido coclear. Estes movimentos

sensibilizam o órgão espiral ou órgão de Corti no interior da cóclea, que

contém as células fonossensíveis. Elas entram em contato com uma

estrutura chamada de membrana tectórica que se apóia sobre os

inúmeroscíliosdascélulassensoriais.

Estes pequenos “pêlos”

convertem as vibrações

em sinais nervosos

enviados ao nervo

auditivo, conectado ao

córtex cerebral ou

córtex auditivo.

Nesta região, é onde

serão processadas a

sensação de audição e a

intensidade do som.

Os três canais semicirculares, cada um posicionado de acordo com as

três dimensões do espaço, estão relacionados com a percepção dos

movimentos do corpo. Quando a cabeça se movimenta, o líquido

contido nestes canais exerce pressão sobre as células sensitivas

localizadas em sua base. Estas, por sua vez, transmitem impulsos ao

encéfalo. O sistema nervoso interpreta esses sinais, o que permite a

pessoa identificar a direção e o sentido do movimento.

DIREÇÃO E SENTIDO DO MOVIMENTO

9

As células do sáculo e do utrículo

informam ao encéfalo a posição da

cabeça em relação ao nosso planeta

e estão relacionadas com o sentido

de equilíbrio.

Denominadas mecanorreceptoras,

também têm cílios e se agrupam em

estruturas chamadas máculas. Estas são

recobertas por uma camada sobre a qual

se apóiam pequenas pedrinhas de

carbonatode cálcio, os otólitos.

As máculas ficam posicionadas em

diferentes graus de inclinação em

relação ao corpo. Dessa forma, a

influência da gravidade modifica a

localização dos otólitos de acordo com a

posição da cabeça, estimulando em

cada uma máculas distintas. Os impulsos

nervosos produzidos pelas células destas

estruturas permitem ao sistema nervoso central calcular a posição espacial da

pessoa, assim como a sua velocidade, e adequar a musculatura para que se

mantenha em equilíbrio.

O MUNDO DOS SENTIDOS - AUDIÇÃO E VISÃO

AUDIÇÃO

Por exemplo, quando uma

criança gira em torno de

si, o líquido no interior dos

canais semicirculares

também passa a se

movimentar. No entanto,

diante de uma parada

brusca, ele continua a se

mover por inércia gerando

a falsa sensação de que o

corpo ainda rodopia. Isso

explica a tontura, pois há

um conflito entre as

informações transmitidas

pelos olhos e as geradas no

ouvido interno.

VOCÊ SABIA?

V. DISTÚRBIOS DO APARELHO AUDITIVO

Denomina-se Otologia a especialidade médica que estuda o aparelho

auditivo, bem como seus distúrbios e terapias. Já a Otorrinolaringologia é

um campo mais vasto, dedicado ao estudo do ouvido (oto), nariz (rino) e

garganta (laringo).As principais patologias do ouvido humano estão ligadas à

Page 6: LIVRO AUDIÇÃO E VISÃO

membrana timpânica, como a timpanosclerose e a

deficiência de transmissão sonora pelos três

ossículos. Esta pode ser ocasionada pela rigidez de

seus ligamentos ou danos nos nervos de seus

pequenos músculos.

Há ainda as patologias ligadas a Trompa de Eustáquio,

geradas quando este canal se apresenta muito aberto

ou obstruído. Nestes casos, um dos sintomas é a

autofonia(ouvirdeformaamplificadaaprópriavoz).

A surdez se manifesta em diversos níveis. A rigor, poderíamos classificá-la

como mecânica ou por transmissão, quando envolve o ouvido externo ou o

médio, e afeta o tímpano, a mobilidade dos três ossículos ou gera

obstruções. Mas há também a surdez de percepção ou sensorial, causada por

alterações no ouvido interno, lesões neurológicas dos nervos auditivos ou no

córtex cerebral (córtex auditivo).

Esses níveis podem ser detectados pelaTimpanometria, um exame que avalia o

funcionamento da orelha média, mede o nível de pressão sonora no canal do

ouvido internoe determina a causa da perda condutiva.

SURDEZ

10 O MUNDO DOS SENTIDOS - AUDIÇÃO E VISÃO

AUDIÇÃO

11O MUNDO DOS SENTIDOS - AUDIÇÃO E VISÃO

AUDIÇÃO

Amplamente utilizada no diálogo com deficientes auditivos, pode ser

feita pela mímica e por sinais, envolvendo a extremidade dos

membros superiores, o tronco e as expressões faciais ou alfabéticas,

na qual as posições das mãos e dedos correspondem às letras.

Há várias línguas de sinais em uso por todo o mundo, mas a mais

comum é a americana. Algumas delas receberam reconhecimento

oficial em vários países, o que permite que pessoas usando códigos

diferentes possam se entender num nível básico.

A LINGUAGEM DE SINAIS

Page 7: LIVRO AUDIÇÃO E VISÃO

12 O MUNDO DOS SENTIDOS - AUDIÇÃO E VISÃO

AUDIÇÃO

OTITE MÉDIA AGUDA

TIMPANOSCLEROSE

Geralmente chamada simplesmente de otite, é uma inflamação do ouvido

médio. Muito comum na infância, é também conhecida como infecção do

ouvido. Possui condições

agudas e crônicas, todas

envolvendo inflamação da

m e m b r a n a t i m p â n i c a ,

normalmente associada ao

aparecimento de fluído no

espaçoatrás do tímpano.

O tratamento é realizado com

antibióticos e analgésicos.Após seu término, a audição

volta ao normal e o líquido da

infecçãoé absorvido.

Caso ele permaneça por mais

de três meses no ouvido

médio, é necessário um procedimento cirúrgico, no qual é feita uma

pequena incisão no tímpano para retirá-lo. Se não for tratada em tempo,

pode levar à timpanosclerose, perfuração do tímpano e até mesmo à surdez.

É uma doença em que o tecido timpânico interno se degenera e endurece em

decorrência da formação de um tecido duro e calcificado, o que reduz a

flexibilidade do tímpano. É comum em pessoas que apresentam otite

crônica ou aguda recorrente.

Pode levar à perda gradual da capacidade auditiva e até surdez total em

casos extremos. Cirurgias reparatórias e reconstrutoras da membrana

timpânica podem resolver o problema.

Os principais sintomas são dor

intensa, diminuição da audição,

febre, choro constante nos bebês,

irritabilidade, desconforto, perda de

apetite e secreção se houver

perfuração do ouvido ou ruptura

timpânica. O diagnóstico é feito pelo

médicocomoauxíliodo .otoscópio

PRINCIPAIS SINTOMAS

OTOSCLEROSEDescobriu-se recentemente que a causa a otosclerose é hereditária. A doença

acarreta na formação anormal de ossos que imobilizam progressivamente o

estribo, o ossículo mais interno do ouvido médio, impedindo a passagem das

vibraçõessonorasparaajanelaovaldoouvido interno(surdezmecânica).

MASTOIDITEA mastoidite aguda é uma infecção bacteriana localizada no processo

mastóide, oossoproeminente situadoatrás da orelha.

Os sintomas geralmente se manifestam duas ou mais semanas após uma otite

média aguda, à medida que a infecção se dissemina e destrói a parte interna

do osso. A pele que recobre o local pode se tornar avermelhada, inflamada e

dolorida, podendo até deslocar ligeiramente a posição da orelha. Outros

sintomas são febre, dor ao redor e no interior do ouvido e eliminação de uma

secreção viscosa e abundante.

13O MUNDO DOS SENTIDOS - AUDIÇÃO E VISÃO

AUDIÇÃO

Na Otoscleorose, a perda auditiva progride lentamente durante um

período de 10 a 15 anos, sendo, muitas vezes, acompanhada por

zumbidos. O uso de aparelho auditivo pode ajudar, mas a solução mais

adequada é a estapedectomia - substituição do estribo por uma

prótese de plástico ou de aço.

ESTAPEDECTOMIA

Page 8: LIVRO AUDIÇÃO E VISÃO

14 O MUNDO DOS SENTIDOS - AUDIÇÃO E VISÃO

VI. INCLUSÃO E QUALIDADE DE VIDA

Atualmente, graças ao desenvolvimento da tecnologia digital e aos avanços

em design, é possível encontrar aparelhos auditivos tão pequenos que

podem ser colocados no fundo do canal auditivo.

Eles funcionam à pilha, possuem longa vida útil e uma excelente reprodução

sonora.Além disso, são capazes de reduzir os ruídos e realçar os sons, aspectos

importantes para compreender a fala.

• Quando a infecção é tratada inadequadamente pode acarretar

surdez, meningite, abcesso cerebral, infecção do sangue (septicemia

ou infecção generalizada) ou levar à morte.

• O tratamento normalmente é iniciado com a administração intrave-

nosa de antibióticos e antiinflamatórios. Se houver a formação de um

abcesso no osso, ele é drenado cirurgicamente.

TRATAMENTO DA MASTOIDITE

AUDIÇÃO

O implante coclear gerou

grande polêmica entre a

comunidade surda mundial,

levantando questões acerca

da cultura surda e sua

linguagem gestual.

Muitos daqueles que têm uma

língua de sinais como língua

materna não concordam que

a capacidade de ouvir e falar

tenha valor para as comuni-

dades surdas. Em contrapar-

tida, pessoas surdo-cegas,

por exemplo, encontram no

implante coclear uma opção

positiva que lhes fornece

mais informação para se

comunicarem.

De maneira geral, há quem

critique o método em função da

grande agressão cirúrgica: o

carregador é encaixado no osso

mastóide, atrás da orelha, que

deve ser perfurado.Além disso,

por ser fixo, compromete o

visual estéticoda pessoa.

POLÊMICA

15O MUNDO DOS SENTIDOS - AUDIÇÃO E VISÃO

AUDIÇÃO

Outra opção é o implante coclear,

também conhecido como ouvido

biônico. Ele é um dispositivo

eletrônico computadorizado que

substitui totalmente o ouvido de

pessoas com surdez profunda. Inclui

uma esp i ra l ex terna , um

processador de palavras e um

microfone localizado fora docorpo.

Dessa forma, através de pequenos

eletrodos que são colocados

dentro da cóclea, os nervos

auditivos remanescentes são

estimulados diretamente, que

levam então os sinais para o

cérebro, onde são decodificados.

O implante coclear não consegue

transmitir os sons tão bem quanto

o ouvido normal, embora sua

eficácia varie de pessoa para

pessoa. Em algumas, ajuda a ler

lábios, em outras, auxilia a

distinguir palavras sem leitura

labial ou a manter uma conversa

por telefone.

Page 9: LIVRO AUDIÇÃO E VISÃO

I. VER E ENXERGAR SÃOAMESMACOISA?

O olho humano funciona graças a uma complexa integração

neurológica que envolve os estímulos captados e a interpretação

mental de cada pessoa. Por isso, nem todos os indivíduos são

capazes de decodificar, da mesma maneira, as imagens contidas

numa simples foto. Tudo vai depender de seu repertório visual

prévio, que funciona como uma espécie de alfabeto visual do

coletivo onde está inserido.

Portanto, “ver” está relacionado ao entendimento de

umaimagem,nãosendoestaumaquestãomeramente

oftalmológica,masneurológicaemental.

Já “enxergar bem” está relacionado à saúde do

aparelho visual, objetivo perseguido pelos

estudiosos da área de oftalmologia há séculos.

VISÃO

16 O MUNDO DOS SENTIDOS - AUDIÇÃO E VISÃO

II. POR DENTRO DO OLHO HUMANO

O olho ou globo ocular é um órgão ótico, ou seja,

utiliza a luz para cumprir suas funções. Formado por

uma bolsa membranosa com três camadas

concêntricas (com mesmo centro), ele se encaixa

em cavidades ósseas do crânio chamadas órbitas

oculares. Esse conjunto é protegido pelas pálpebras,

que são finas dobras de pele e músculos, e os cílios,

que evitam a contaminaçãoporpoeira.

17O MUNDO DOS SENTIDOS - AUDIÇÃO E VISÃO

VISÃO

CAMADAS DO GLOBO OCULARA mais superficial das camadas do globo ocular, também responsável pela

proteção, é composta pela esclerótica ou tecido conjuntivo ocular

(popularmente conhecido como “branco dos olhos”). Nele se encontra a

córnea, que atua como se fosse o vidro de um relógio.

Entre ela e a íris (disco colorido do olho), existe uma câmara preenchida

pelo humor aquoso, um líquido transparente que deve estar a uma pressão

ideal para garantir que a córnea mantenha-se ligeiramente saliente e

mais encurvada que o resto do olho.

Escalera

Córnea

Câmara anterior(humor aquoso)

Pupila

Cristalino

Íris

Músculoextra-oculares

humorvítreo

Coróide

Retina

Fóvea centralna mácula lútea

Nervo óptico

Artéria e veiascentrais da retina

Músculociliar

Page 10: LIVRO AUDIÇÃO E VISÃO

18 O MUNDO DOS SENTIDOS - AUDIÇÃO E VISÃO

VISÃO

Em situações em que uma pessoa está desacordada, esta é submetida a

um teste de reflexo feito com a ajuda de uma pequena lanterna, cujo

foco luminoso é apontado para a pupila. Tal exame é capaz de indicar a

possível ocorrência de lesãoneurológica.

Outra situação que causa reações na pupila é a de perigo iminente.

Quando o organismo se prepara para a fuga ou combate, a elevação da

adrenalina no sangue faz com que a pupila se dilate, aumentando a

captação de luz e garantindo a visão até mesmo no escuro.

REAÇÕES NA PUPILA

Abaixo da esclerótica, encontramos a segunda

camada do globo ocular: uma película

extremamente pigmentada denominada coróide.

Situada no fundo do olho, ela é repleta de capilares

sanguíneos que abastecem os tecidos oculares com

oxigênio e nutrientes. Seus pigmentos absorvem a

luz que chega à retina, evitando a reflexão até sua

chegada na íris.

Aíris sedilatae secontrai, comoodiafragmaregulável

de uma máquina fotográfica, para controlar a

intensidadedeluzquechegadentrodoolho.

Delicados músculos regem esses movimentos,

adaptando-o para a luminosidade do ambiente:

quanto menor a intensidade, maior será a

dilatação da pupila e vice-versa. Esse processo

automático, controlado pelo sistema nervoso

autônomo, é denominado reflexo pupilar.

19O MUNDO DOS SENTIDOS - AUDIÇÃO E VISÃO

VISÃO

O cristalino, localizado atrás da pupila, é uma lente que não tem curvatura fixa e

permiteoajustedaimagemnofundoreceptordoolho.

Essa propriedade, denominada acomodação visual ou focalização, torna

mais fácil a visualização de imagens nítidas de objetos que estão em

diferentes distâncias.

Essa mudança de formato do cristalino é realizada pela contração e

relaxamento de finos músculos ligados a ele, chamados de músculos ciliares.

Page 11: LIVRO AUDIÇÃO E VISÃO

20 O MUNDO DOS SENTIDOS - AUDIÇÃO E VISÃO

VISÃO

Na retina existem dois tipos de células

sensíveis (ou células fotossensíveis): os

coneseosbastonetes.Estesúltimossão

extremamente sensíveis à luz, mas não

às cores. Já os primeiros se comportam

deformainversa,sendopoucosensíveis

à luz, mas capazes de discriminar

minuciosamente diversas cores,

contornosetexturas.

Vale ressaltar que a distribuição

dessas células não é uniforme: os

cones se reúnem no centro do campo

visual, numa área denominada

fóvea, enquanto os bastonetes ficam

distribuídos ao longo dela.

Como há poucos cones nas regiões

laterais do olho, nossa visão periférica

(mesmo sendo pouco definida) é

importante à noite, quando

enxergamos melhor pelo canto dos

olhos. No fundo do olho, há uma região

daretinachamadadepontocego.

Nesse local, os neurônios se

concentram, não há nem cones nem

bastonetes e as imagens nele

focalizadas não são visíveis.

CONES E BASTONETESLogo atrás do cristalino,

encontra-se a maior câmara

do globo ocular, que está

repleta de um fluido

transparente e viscoso

chamado de humor vítreo.

Ferimentos oculares podem

levar à hemorragia desse

fluido, comprometendo sua

transparência.

A terceira e última camada

do olho é a retina que, sob o

ponto de vista da captação

de luz, é a mais importante

de todas. Nela, estão as

células fotoreceptoras, que

transformam os estímulos

l um ino so s em s i na i s

nervosos, que, por sua vez,

são enviados aos neurônios

do nervo ótico. Só então,

chegam ao cérebro (córtex

visual), onde a imagem é

decifrada.

21O MUNDO DOS SENTIDOS - AUDIÇÃO E VISÃO

VISÃO

Acredita-se que a visão em cores está presente na maioria dos animais,

no entanto, eles não são capazes de distingui-las como os humanos.

Em mamíferos de hábitos noturnos, por exemplo, os bastonetes

(sensíveis à luz) são mais funcionais do que os cones (sensíveis às

cores). Isso faz com que sua visão noturna seja mais aguçada. Afinal,

durante a noite é mais importante ver a forma de seus predadores do

que suas cores.

O sistema de visão dos humanos e de alguns primatas é mais sofisticado

graças à presença de três tipos de cones específicos para luz vermelha,

verde e azul, que se assemelha ao processo de emissão de cores no modo

RGB da maioria de monitores e aparelhosdeTV.(red, green, blue)

A VISÃO EM CORES

Page 12: LIVRO AUDIÇÃO E VISÃO

22 O MUNDO DOS SENTIDOS - AUDIÇÃO E VISÃO

VISÃO

III. DISTÚRBIOS OFTALMOLÓGICOS

MIOPIAÉ um dos erros mais freqüentes de refração do olho, que prejudica a

focalização da imagem antes de chegar à retina. Isso pode acontecer por dois

motivos: porque as lentes do olho (córnea e cristalino) têm alto poder refrativo

ou porque oolhoé mais compridoque onormal (casomais freqüente).

Este último defeito desenvolve-se entre a infância e a adolescência, quando o

olho cresce cerca de três vezes em tamanho, em paralelo com o crescimento

docorpo, masmuitas vezesnãomantém a esfericidade perfeita.

Pessoas com miopia geralmente vêem os

objetos próximos com nitidez, porém os

distantes aparecem borrados. Esse problema

pode ser corrigido pelo uso de óculos, lentes de

contatoou por técnicas cirúrgicas.

OBJETOS DISTANTES DESFOCADOS

23O MUNDO DOS SENTIDOS - AUDIÇÃO E VISÃO

VISÃO

HIPERMETROPIA

ASTIGMATISMO

É a dificuldade de enxergar objetos à curta distância. Nesse caso, o globo

ocular é mais curto, fazendo com que o foco das imagens projetadas pelo

cristalino se forme atrás da retina. Assim como a miopia, tem tratamento

eficaz com lentes corretivas ou cirurgia.

É uma deficiência

causada pelo formato

irregular da córnea ou

do cristalino.

O astigmatismo é

hereditário e pode

ocorrer em conjunto

com a miopia ou

hipermetropia. Existe a possibilidade de corrigi-lo mediante o uso de óculos

com lentes cilíndricas, lentes de contato ou cirurgia.

É um distúrbio causado pelo envelhecimento, que origina a falta de nitidez

para as imagens vistas de perto. Pode ser provocada por vários fatores, entre

eles, o aumento contínuo do cristalino e a perda de elasticidade de sua

cápsula.Acorreção é feita pelo uso de óculos para leitura.

É um tipo de alteração ocular que desalinha os olhos para direções

diferentes, causando a perda do seu paralelismo. Pode ser totalmente

corrigido comousode lentesdiferentesparaosdois olhos, fisioterapia comouso

de“tapa-olho”e,atémesmo,cirurgianosmúsculosoculares.

PRESBIOPIAOU VISTACANSADA

ESTRABISMO

As pessoas que sofrem com astigmatismo

vêem todos os objetos - próximos ou

distantes - distorcidos. Isso ocorre

porque alguns raios de luz são focaliza-

dos e outros não.

TODOS OS OBJETOS DISTORCIDOS

Page 13: LIVRO AUDIÇÃO E VISÃO

24 O MUNDO DOS SENTIDOS - AUDIÇÃO E VISÃO

VISÃO

DALTONISMOÉ uma perturbação da percepção visual

caracterizada pela incapacidade de diferenciar

todas ou algumas cores.

Geralmente, ao invés de enxergar o verde e o

vermelho, o daltônico vê as cores cinza,

amarela ou azul.

Tal distúrbio é uma doença genética, mais freqüente

em homens. Entretanto, sua origem também pode

ser resultado de lesões neurológicas ou danos na

retina provocados pelo mau funcionamento dos

cones, que não formam os pigmentos necessários

para a percepçãode determinadas cores.

Não se sabe ao certo quem inventou os óculos, mas os primeiros registros

de objetos transparentes usados para melhorar a visão foram

encontradosem textosdo filósofo chinêsConfúcio, datados de 500 a. C.

O uso de lentes próximas aos olhos, com um aspecto semelhante ao

que conhecemos hoje, no entanto, foi visto pela primeira vez somente

no fim do século 13. Foi o vidraceiro italiano Salvino degli Armati

quem, em 1285, percebeu que duas lentes com espessura e curvatura

específicas tinham o poder de “aumentar” os objetos.

Esses primeiros óculos, feitos a partir de lentes convexas, atendiam

aos problemas de hipermetropia (dificuldade de focar objetos

próximos). Já as lentes côncavas, para míopes (dificuldade de focar

objetos distantes), apareceram apenas no final do século 15.

COMO NASCERAM OS ÓCULOS?

25O MUNDO DOS SENTIDOS - AUDIÇÃO E VISÃO

VISÃO

CATARATAÉ uma lesão que atinge o cristalino, tornando-o opaco e comprometendo a

visão. Como os raios luminosos não conseguem atingir plenamente a retina,

o portador de catarata tem dificuldade para enxergar com nitidez.

O distúrbio pode ser desencadeado por vários

fatores, como traumatismo, diabetes ou uso

de medicamentos, mas a principal causa da

doença é o envelhecimento.

CAUSAS DA CATARATA

GLAUCOMAÉ um conjunto de enfermidades que atinge as

células do nervo óptico, provocando o aumento da

pressão intra-ocular.

A perda visual causada pelo glaucoma afeta

primeiro a visão periférica, sendo que, no começo,

ela é sutil e pode não ser percebida pelo paciente.

Se o distúrbio não for tratado, o campo visual se

estreita cada vez mais, obscurecendo a visão central

e progredindopara a cegueira doolhoafetado.

Page 14: LIVRO AUDIÇÃO E VISÃO

IV. SER DEFICIENTE VISUALHOJE É...

26 O MUNDO DOS SENTIDOS - AUDIÇÃO E VISÃO

VISÃO

Atualmente, a inclusão social dos deficientes visuais

evoluiu para diversos campos.Avisos sonoros nos sinais

de trânsito, rodoviárias, aeroportos e demais locais

públicos, além da implantação de cardápios em

Braille,estãosetornandomais freqüentes.

Até mesmo algumas

modalidades esportivas

se adaptaram aos

deficientes e, graças

aos Jogos Paraolímpicos

e Parapan-americanos,

e s t ã o g a n h a n d o

popularidade. Bons

exemplos de sucesso

são as lutas marciais, a

natação e o futebol

para cegos.

Nessa modalidade, os jogadores se

beneficiam de seu grande poder auditivo

para identificar os demais competidores

pela respiração e movimentos dos corpos.

Eles também recebem orientação de

profissionais não-cegos, por exemplo o

técnico, e de sinais sonoros.

FUTEBOL PARA CEGOS

27O MUNDO DOS SENTIDOS - AUDIÇÃO E VISÃO

VISÃO

Graças a Louis Braille (1809 -1852), um francês que perdeu a visão aos

três anos de idade, os cegos de todo o mundo conseguem ler, escrever

e estudar, utilizando o famoso sistema Braille. Trata-se de um alfabeto

cujos caracteres indicam pontos em relevo, possibilitando que pessoas

cegas ou com um grau importante de deficiência visual possam

distinguir as letras por meio do tato.

Composto por 63 caracteres resultantes da combinação de pontos

dispostos em 2 colunas e 3 linhas, o sistema representa letras,

números, sinais de pontuação e notas musicais. Um cego experiente

pode ler até duzentas palavras por minuto e os monitores de PC em

Braille fazem com que eles não se intimidem diante do desenvolvi-

mento da informática.

ENXERGANDO COM AS MÃOS