livro 1942 - o brasil e sua guerra quase desco - joao barone

1188

Upload: cleber-almeida-de-oliveira

Post on 17-Aug-2015

356 views

Category:

Documents


17 download

DESCRIPTION

SEGUNDA GUERRA MUNDIAL

TRANSCRIPT

Folha de rostoFicha catalogrficaCopyright2013byJooAlbertoBarone Reis e Silva DireitosdeediodaobraemlnguaportuguesanoBrasiladquiridospelaEditoraNovaFronteiraParticipaesS.A.Todos os direitos reservados. Nenhumaparte desta obra pode ser apropriada eestocada em sistema de banco dedadosou processo similar, em qualquer formao u meio, sej a eletrnico, d e fotocpia,gravao et c. , s e m apermissododetentor do copirraite. EditoraNovaFronteiraParticipaesS.A.Rua Nova Jerusalm, 345 Bonsucesso 21042-235Rio de Janeiro RJ BrasilTel.:(21)3882-8200Fax:(21)3882-8212/8313 CIP-Brasil. Catalogao na fonteSindicatoNacionaldosEditoresdeLivros, RJB244mBarone, Joo, 19621942:OBrasilesuaguerraquasedesconhecida/JooBarone.RiodeJaneiro: Nova Fronteira, 2013.il. Inclui bibliografiaISBN 978-85-209-3520-0 1.GuerraMundial,1939-1945Brasil.2.BrasilPolticaegoverno 1930-1945. I. Ttulo. CDD: 981.06CDU: 94(81).082/.08313-1088SUMRIOCapaFolha de rostoFicha catalogrficaSumrioPrefcio1. A segunda guerra hoje Antes da guerra2. A guerra no declaradaAs relaes com Hitler azedamAmeaa alemAmigos, amigos, guerra parteBalanodaaodoEixonaCampanhado AtlnticoReviravolta nas operaesCombatendo o inimigo3. Vargas e o namoro com o nazismoOferta de direitos, mas sem liberdadeO projeto de HitlerAlemanha e URSS, antigos aliados4. O pndulo de vargasEspies no LeblonAceno ao EixoComrcio com os dois ladosAlemes no BrasilProtestos alemesAntissemitismoO Schindler brasileiro5. A poltica da boa vizinhanaOTioSamveioconheceranossabatucadaRelaes promscuasNaes amigas, dinheiro camaradaEscalada da influncia norte-americanaRota privilegiada6. A mudana da marTenso com os inglesesA guerra se aproximaO arsenal da democracia7. O fim do namoro com o eixoO Brasil segue os Estados UnidosNasce a Fora Area BrasileiraPo de guerra e o front internoRoosevelt vem ao BrasilA guerra deu samba8. Nasce a febCompromisso americanoArregimentando (e capacitando) homensPeneira fina para a FEBOs pracinhasTirando o atrasoFileiras (quase) democrticasA arte do improvisoA cobra vai fumar?9. As labaredas da guerra no brasilMudana de rotinaAconvocaodossoldadosdaborrachaFronteiras em riscoParanoia generalizadaCdigos secretos decifradosO V da vitriaA FEB ganha seu hino No campo de batalha10.OsgringoschegamparasalvaracaravanaEnfim, o desembarqueUma chegada confusaA FEB se prepara para entrar em aoDesarmando as armadilhas de boboQuem eram os inimigosAs tropas fascistasInimigo heterogneoMquinas mortferasEstratgia militarAs mulheres convocadas11. Senta a pua!Experincia e coragemELONos cus da ustriaDois brasileiros entre os nazistasDois brasileiros entre os Aliados12. O teatro de operaesAs primeiras operaesO impetuoso general ZenbioAs primeiras conquistasO primeiro revsAssassinatos em massaCuidando do moralFEB Futebol ClubeNotcias de casaContracampanhaSoldados marcham com o estmago13. As grandes aes da FEBO treze da sorte de um pracinhaAtaques frustradosAltimagrandeoperaoinimiganaItliaRemooparaafrente,nuncaparaaretaguarda!A f move exrcitosGuerra, sexo e outros tabusCorreo de rumoO dia em que a FEB bateu em retiradaEnfim, a tomada do Monte CastelloUma mancada americanaNingum mais segura a FEBO incio da tomada de MonteseHeris so os que morrem em combateAmaiorglriadeumsoldadomorrerem combateOs trs bravos que viraram seisCai o ltimo ponto de resistncia alemO dia em que a avestruz sentou a pua!O esforo final dos partigianiltimos captulosCabocloscercamerendemumadivisonazista inteiraNipo-americanos de fibraAlemes de fibraA guerra na Europa chega aos momentosfinais O ps-guerra14. O crepsculo de deuses e demniosA desmobilizaoBuenos Aires, capital do BrasilPremiando a lutaAcidente e intrigas no final da contenda15. Do triunfo ao silncioComemorao AliadaO Brasil no Tribunal de NurembergNovos ditadoresA retirada estratgica de VargasOesquecimentodossoldadosdaborrachaNasce a ONUA falta de apoio aos ex-combatentesTriunfo ou descrdito?Lies para o futuro16. Viagens ao mundo da guerraAchado surpreendente Posfcio:AlembranadaFEBjuntopopulao italianaNon dimenticareO tmulo do soldado conhecidoAgradecimentosRefernciasFontes da internetCaderno de fotosCrditosPref cioPREFCIOS o b u m f r i o d e quase z ero grau, osol dado J o o Si l va sent i a a s mosenrijecidas depois d e u m d i a inteirosegurando seu fuzil Springfield. Outroi ncmodo, cont udo, pare c i a aindamai or : a s pl ac as d e identificaocontinuavamgeladas,encostandonopeito,mesmodepoisdecoloc-lasvriasvez es s obre acami set a queus ava p o r bai xo d o uni f orme. Noentendia como elas voltavam toda horaa encostar na pele: um cordo metlicoeduasplacas, u m met al gelado qued a v a vont ade d e arrancar ejogarlonge. Deviaterfeitocomooutrosdopeloto,quedeixaramasmalditasplacasnosacoB,lnaretaguarda.Masno,pensoubemeconcluiuque,se o pior acontecesse, seria melhor quesoubessemdequemeraodefunto.Suafamliateriaumduplodesgosto: oprimeiro a o receber acarta avisandoq u e osol dado haviasucumbido; osegundo a o no t er notcia d o corpo.E s s e t i p o d e pensamentopassavar p i d o p e l a c abe a. E r a melhorcontinuar repetindo par a s i mesmo:No, eu, no! Eu vou voltar!, oqueparecia est ar funcionando, depois dequatromesesvivo.Aliperto,ocapitoPaulo de Carvalho, que fora seu amigono Colgio Pedro II, recebia pelo rdioordens de prosseguir com a companhia,demandas q u e f or am imediatamenterepassadas ao sargento.Logo adiante, osargento Oca, de olhon o c a b o escl arecedor Deoclcio,mandavaogrupodecombateavanarcomcautela.Umsilvoforteantecipoua exploso que jogou muita terra parac i ma . E s s a p a s s o u p e r t o . Outrasaraivada vei o caindo s e m u m ritmodef i ni do, parecendo c o m asalvadesfechadamomentosantes,squedessavezestavamaisprxima.Enquantoaterraquevooucomaexplosovoltavaaocho,quempodiaolhavaaoredorp a r a veri f i car seningum do peloto tinha sumido. Eraassust ador,di f ci l deent ender eaceitar que, na guerra, quem estivessed o s e u l a d o podiasimplesmentedesaparecer,evaporar,desintegrar-senum piscar de olhos, caso tivesse ams or t e d e es t ar s o b ami r a d e ummorteiro o u n a ret a d e umcanho,c o mo mui t os vi r am acontecer.Nosobrava nem u m trapo, nem amalditaplacadeidentificao.Deviat-ladeixado no saco B! Tio...Marcos...SouzaeCaldato,aomenos esses ficaram inteiros... Ma l o s t mpanos s e recuperam dobarulho eo s gritos d o sargento Ocamandamatropaavanar.Eradifcilcorrer,atirarepensaraomesmotempo, pois agora outro tipo de assoviopassava pelos ares por entre atropa.Aolonge, oconhecido s o m d e panosendo rasgado d a metralhadora alemLurdinhaaMG42assustavamenosquesuasbalaszunindo,acertandoocho, galhos epedras aoredor.Quem conseguiu s e protegeu;cada umpulouparaumlado,saltandoporcimadevalasepousandoatrsdetroncoso u dent ro d e crat eras debombas. E m mai s u ma ol hadel a aoredor, para ver quem havia conseguidochegar at aqui, Caldato grita:OSouza!OSouzaficoupratrs,meu Jesus! Nessas horas, agent e pensava, nontimo: Antes e l e d o q u e eu. Nodavamaisparaseabrigaratrsdospoucostroncosepedrasedentrodascraterasiguaissmilharesabertasao longo de toda aquela encosta, o quepareciaindicarqueestvamosnosaproximandodacristadoMonteCastello. ramos vrias companhias do1 o ed o 3 o Batalhes d o RegimentoSampaio,avanandoparacimadofamigeradomorro,naquelefimdetardefriorentode2 1 d e fevereirode1945. Da l i apouco f i cari a escuro,ent o atiraramos emqualquer coisaq u e s e me x e s s e , i nc l u s i v e osamer i canos q u e p o d e r i a m estarsubindo pel a esquerda. Mai s adiante,e n c o n t r a mo s u m n i n h o demetralhadorasalemsquemomentosantesatiravaemnsatingidopelaartilhariadivisionriaeaindafumegante.Delesaramtrsouquatrotedeschitedescos, como osi t al i anos c ha ma m o s al e me s atordoados. A o veremnos s a tropa,trataram de levantar as mos. A guerrapodia ser fcil assim.Depois de despacharem o Souza, agorase rendiam. Deu vontade de mandaroscoitadosparaoinferno,masacovardiacobraumpreomuitomaiorque a vingana. De repente, a Lurdinhasilenciou, o s morteiros n o estavammais caindo sobre o avano das tropas.Um pouco frente, opessoal d o 1oBat al ho t ambm chegava a o platdaquele morro maldito. Aempolgaolevoualgunshomensagritarcomosetivessem acabado de fazer um gol, masoreceio de u m contra-ataque contevemaiores mpetos. Agora, par a firmarposio, er a esperar o s reforos eamuni o, t orc e ndo p a r a q u e aartilhariaal em desse u ma folga. Os o l d a d o J o o S i l v a t i n h a umpensamento comum com aqueles outrospraas, sargentos, cabos, capites etenentes que alichegavam: depois deme s e s t ent ando, d o s companheirosmort os deixadosnaquelasencostas,ningummaisiriatiraroMonteCastello dos brasileiros. Anarrativaanteriorpoderiabemrepresentarorelatodoquemeupai,opracinhaJoodeLavorReiseSilva,viveu na guerra. S que ele nunca contouessa histria.Oquerestouparamimemeusirmosfoisonharcomnossopaicomoaqueleherireservado, q u e es condi a ashistrias d e s ua s incrveis passagenspelos campos debatalha italianos. Masdos combates mesmo nos contou pouco,ou o que achava suficiente para marcar aideia de que, na guerra, tudo horrvel:aspessoassofrem,especialmenteosinocentes,osquenotmnadaavercomaquilo.Eessepareciaserexatamente oc a s o d o s q u e estavamlutando, qualquer que fosse ol ado emqueestivessemnaquelalutadevidaoumorte,foradosaresolverporviadasarmas os problemas que no eram deles.Exi s t e m mui t o s r e l a t o s s o b r e osbrasileiros queestiveram e m ao naguerra, mas eles esto sendo esquecidos,p o r r a ze s oradesconhecidas,orainaceitveis.Depoisdemuitotempo,surge uma esperana ao se constatar quehgentedispostaaimpedirqueessahistria se apague.Meupai,convocadoparaservirnaForaExpedicionriaBrasileiraaFEB,tevequeirlutar.LargouseuempregonosCorreioseTelgrafosemSoPaulo,seuviolo,asserestasnasruas do bairro da Consolao (no CentrodeSoPaulo,ondeconheceu minhame, c o m que m s e casou depoi s devoltar d a guerra). Ahistriadeleamesmadosmaisde25milintegrantesdasforasbrasileirasenviadosItliaem meados d e 1944 para lutar junto sf o r a s Al i a d a s e m d e f e s a dademocracia,contraapersonificaodoMal: os nazifascistas.Eu emeus irmos sempre vimos nossopai como um heri solitrio e calado.Depois que herdei ocapacete eoutrosequipamentos dele que meus irmos,quandocrianas,usaramcomobrinquedos,noscamposdebatalhaimprovisadosemnosso qui ntal ,passei aestranhar seu silncio sobre aguerra da qual participou.Qua ndo embar cou p a r a aI t l i a ei ntegr ou- se a o 1 o Regi ment o deInfant ar i a, ofamosoRegimentoSampaio,elesabiatantoquantons,seusfilhos,oqueeraumaguerradeverdade.Jeitinho boa-praaOsbrasileirosmuitasvezesarranjamumaformapeculiarderesolvertudonavida,umaespciedeestratgiaespontneaparaproblemasimediatos.Naguerranofoidiferente.Ospracinhasliteralmenteonomedeguerradosoldadobrasileiro,numatentativadeseprotegeremdofrio,colocavamfolhasdejornaloucamadasdefenoemsuasgalochas.Assim,evitavamocongelamentodospsehipotermias.Essaumadashistriasquecirculamentreossobreviventesequemarcamtantoaprecariedadedasituaoquantoagenialidadedosbrasileiros no conflito.Amaniadosbrasileirosdeprapelidoem tudo foi presente durante a campanhanaItlia.Ossoldadosusavamdoissacos o A e o B para guardar seuspertences.Osutensliosdeusomaisimediato,comobornal,cantil,cobertoretc.,ficavamnosaco A.NoB,queeradeixadonaretaguarda,ficavamositensquenoeramdenecessidadepremente.Depoisdealgumtempo,ossoldadosconvocadosmasnoatuantesnafrentedebatalhapassaramaserchamados,jocosamente, de Saco B.Esse apenas um exemplo entre vrios:acobraestfumandoexplicavaquesoldadosestavamemao;tochaeraumaescapulidasemautorizao;Lurdinha,oapelidodamortferametralhadoranazista;tedescoeracomo chamavam o alemo; e para, omedodeficarsobfogotermosemitalianoquesurgiramporcontadaproximidadequeosbrasileirosconstruram com a populao italiana.Convocado enquanto ai nda trabalhavanos Correios, tornou-se opracinha no1 9 2 9 . N u ma c a r t a , desmanchou onamor o c o m El i s a Barone,filha deitalianos que conheceu e m S o Paulo,explicando em poucaspalavras que seudestino e r a incerto. Treinou mui to nomorro doCapistrano, n a Vi l a Militar,Ri o d e Janeiro, que passou as e r seunovoendereo. E r a apenas ma i s umrosto entr e o s 3. 442 componentes doSampaio, daqueles que embarcaram, nodi a 2 2 d e setembro d e 1944, paraummundodistante,desconhecido,hostilefrio.Ohomemqueseriameupaiveio aconhecer anatureza d a guerra logo quechegou aNpol es. Da l i emdiante,jamaisseesqueceudeduascoisas:dapobreza e do cheiro de gente morta.Tenteisaberdelemaisdetalhessobresuaslutascontraossupersoldadosnazistas, mas o que meu pai contava erasempre amesma coisa... El e davaunstiros para cima, e um bando de soldadosmu i t o j ove ns , algunsadolescentes,outros muito velhos, levantava os braosdizendo Kamerad!Kamerad! .Soubemos,pormeiodeprimosmaisvelhos,umahistriaqueme u p a i contou l o go a o chegar daguerra. Certa vez, ao dirigir um jipe deseu peloto, foi enquadrado pela mira demorteirosalemesenquantolevavaumreboque chei nho d e muni o a t umponto d e artilharia d e suacompanhia.Resultado: um jipe a menos, um tmpanoperfurado, umapuniodeumtenentequenemconheciaeduassemanasdetratamentonaretaguarda. Me u irmomai s vel ho me di sse q ue pel o menosuma vez eletentou narrar uma histriasobr e outr o combate: ol har fi xo, vozbai xa... eacabouseesquivandodeterminarorelato,comosesassedeumpesadelo, de um susto.S e nunc a escutamos, d e m e u pai,narrati vas ma i s detal hadas s o b r e aguerra,algumasvezesouvimos,deumououtroex-combatenteamigoseu,conversas em que apenas se lembravamde amenidades ede algumasdurezas edesconfortos q ue viveram. Cer ta vez,testemunhei uma situaoem que certocidado insinuou, na frente d o meu pai,que aFEB s tinhaido Europa parapassear. M e u p a i n o demonstrouqualquer reao.Depoi s d e t ant o e u eme us irmosperguntarmos p o r q u e n o r eagi u sprovocaes,eleexplicoucalmamentequesuamissoedetodososoutroscolegas de guerra foi garantir odireitode um cara como aquele expressarsuaopinio em liberdade. Grande lio.E foi assim que meu pai permaneceu emnossamemria.Empunhandoseu fuzilno sop do Monte Castello, onde passouo carnaval de 1945.Depois, e m Montese, pouco antes daSemana Santa, desentocando alemesdascasas.EmFornovo,nogranfinaleda campanha da FEB, capturando 15milalemes.Masseulegadofoiseusilncio, e, ao ficar calado, s fez minhacuriosidadesobreoqueaconteceucomeleecomoBrasildaquelestemposaumentar.Nodiadeseusepultamento,algunspoucosvelhoscompanheirosapareceram. Manti nham u m silnciosolene, lembrando o mesmo que meu paitinha sobre aguerra. Isso pareceu nosda r acerteza d e q ue e l e eramesmoaquele heri que tanto imaginamos.1.ASEGUNDAGUERRA HOJEAparticipao dos brasileiros na maiorema i s cr uel guer r a j vi vi da pelahumanidade foi uma pgina marcante emnos s a hi stri a. Ma s surpreendenteconstatar que, depois d e sete dcadas,permanea cercada d e tabus everseserrneas,sofrendoumesquecimentoincompreensvel, inaceitvel.Recuperando memrias...ApesardaenormecuriosidadesobreaSegundaGuerraMundial,poucosbrasileirossabemque: aparticipaodoBrasilnoconflitomudouopas;apesardetercombatidoforasditatoriais, o Brasil era uma ditadura napocadoconflito; cidados nascidosn o Brasi l lutaram d o s doi s l ados daguer r a: t omar am par t i do t a nt o dosAliados quanto do Eixo;apesardafamadepovopacficodosbrasileiros, os pracinhas rapidamente sedestacaramnasaesemcampodebatalha.Mas otema vem sendo redescoberto. Apublicao d e novos trabalhos, teses,livros eoutros estudos t em ajudado adesconstruir o s mi t o s eacorrigirversesequivocadas, c o m pesquisasdocumentais enovos dados s obr e aparticipao doBrasil n a SegundaGuerra.As r azes q u e l evar am aoalinhamento com o s EstadosUnidos, cesso d e parte d o territrio nacionalp a r a aconstruo d e b a s e s norte-americanas,rupturadiplomticacomospasesdoEixo(Alemanha,ItliaeJapo),aos torpedeamentos d e naviosbrasileiros edeclarao de guerra s e m f a l a r dadifcilsituaodosimigrantesalemes,italianosejaponesesnoBrasilconstituemricomaterialparaasmaisvariadasabordagens.E s t e l i vr o, por m, n o t e m comoobj eti vo s e r u m mi nuci oso tratadohistrico.Nosso trabalho de pesquisa se comparaa o preparo d e uma bagagem leve, masdegrande utilidade, par a uma viageme m q u e s e d e v e l e v a r a pe na s onecessrio.Ac r e d i t o q u e or e s ul t a do finalrepresente uma parcela significativa doque de maisimportantesesabesobreaparticipaodoBrasilnaSegundaGuerraMundial.Pelasmosdosprotagonistasdestanarrativasejamelescaboclos,gringosouditadores,vamos reviver o conflito.ASegundaGuerraumdostemasmaisprocuradosnainternet,algoespantoso,s e pensarmos q ue f o i u m evento queocorreu h mais d e sete dcadas. Apsi ncont vei s p e s q ui s a s s o b r e suaconjuntura es e us bastidores, afinal,a i nda existealgumanovidade,algosurpreendentesobreaSegundaGuerraMundial?Cinquenta anos depois do final, vieram tonaalgunsdeseusmaioressegredos,comoaquebradoscdigossecretosalemesejaponesespelosAliadoseaverdadesobre opacto secreto alemo-sovitico de retalhar a Polnia e o LesteEuropeu. OhistoriadoramericanoRickAtkinsonrevelaaexistnciadetoneladasdedocumentos oficiais muitos dos quaisainda secretos nos arquivos dos EstadosUnidosquetalvez algum dia possammostrar novos e impactantes fatos sobreoconfl i to. Umainformao dessecalibre enche d e esperanas agrandemassa de pesquisadores e entusiastas doassunto.No entanto, 95% da populao do BrasilignoraquenossopastenhaparticipadodaSegundaGuerraMundial.Esconde-se, com a desculpa de no valorizarmosnossamemria, averdade d e q u e ahistria do pas foi escrita com o sangued o s ndiosexterminados, d o s negrosescr avos, d o s q u e expul sar am osinvasores franceses eholandeses, dosi nsur gentes, d o s r evol t os os , dossol dados d e p s descal os edoscabocl os q u e l utaram n a s montanhasnevadas d a Europa, bravos brasileirosesquecidospeloseuprpriopovopacfico.Apes ar d e s s e suposto esquecimento,e x i s t e u m a e x t e n s a bibliografiadisponvelsobreoBrasilnaSegundaGuerra.Solivrosescritosporparticipanteslogoapsseuretorno,ex-combatentes,militares,enfermeiras,civisecorrespondentesdeguerraalgunsdessesjornalistasenviadosparaofrontmarcaramacrnicabrasileira,como Rubem Braga e Joel Silveira , emaisrecentementeporhistoriadoresdedicadosaotema.Sorelatosquemostramoespanto,odeslumbramentoeohorrordavivnciaem campo debatalha e nas cidades devastadas. Todasessas obras tm seu valor,desde omaisingnuo relato de um pracinha, passandopelo pragmatismo dosmilitares d e altaente que serviram n a FEB, at chegaraos mai s recentes estudosacadmicos,baseados e m documentos ofi ci ai s edepoi mentos. P o r t r s d o s fatoscontundentes, ahi s tr i a t a mb m c o n s t r u d a p o r acontecimentosaparentementetriviais,que,reunidos,retratam uma poca. bem possvel que ahistria do Brasiln a gue r r a f o s s e nar r ada d e formadiferentesobaticadecadaumdospracinhas que dela participaram. Algunseramletrados, profissionais liberais,mi l i tares d e carrei ra ed a reserva,cidados comuns, mdicos, engenheiros,jornalistas,advogadoseescritores,masquenemchegavamaformarumaclassemdia brasileira. Vrios fizeram questodeirparaaguerracomovoluntrios,junto dos que no conseguiram se livrard a convocao. Aquelestinhamalgumanoodoquesignificavaaluta,aocontrriodagrandemaioriadosc o n v o c a d o s , g e n t e humilde,t r a ba l ha dor e s b r a a i s , serventes,lavradores,estivadores, pees,presidirios, analfabetos, o s q u e nemsequer sabiam por queiriam lutar. Cadau m desses caboclos, mulatos, negros, ndi os , or i entai s ebrancosteuto-brasileiros seria capaz de oferecer umav i s o mu i t o pa r t i c ul a r d o quetestemunhounaquelespoucosmesesdecombate.Umaminoriaconseguiudeixarseurelato e m reportagens, l i vr os ecr ni cas, o u me s mo n u m simplestestemunho aosparenteseamigosmaisprximos.Agrandemaioriasecalouparasempre.Aosquesobreviveram,ficou a certeza de que suas vidas jamaisseriam as mesmas depois da experinciada guerra.Em 2009, houve uma comoo nacionalq ua nd o oex-presi dente L u l a foiel ogi ado p e l o presi dente americanoBarack Obama, a o s e encontrarem numfrummundial. E m 2011, apresidenteD i l m a R o u s s e f f d i s c u r s o u naOr gani zao dasNaes Unidas,pedindo mais uma vez que se cumprisseuma antiga demandanacional:aentradadoBrasilnoConselhodeSeguranadaONU, o que no ocorreu.Voltandon o tempo, pouca gente sabeque ogrande estadista Franklin DelanoRo o s e v e l t , q u a t r o v e z e s eleitopresidente dos Estados Unidos, numa des ua s visitasao Br asi l , atr i bui u aodi tador brasilei ro Getl i o Var gasacriao d o novo planoeconmicoparareerguer os Estados Unidos.N o s a no s 1940, d o i s detentores doPrmio Nobel da Paz, ogeneral GeorgeMarshall,chefedoEstado-MaioramericanocriadordoplanodereconstruodaEuropa de poi s daguerra eCordell Hull secretriode Estado americano de1933a1944efundadordaONU,estiveramnoBrasil(muitoantesdoZCariocadeWaltDisney)paraincrementarasparceriascomopas,comopartedaestratgica poltica da boa vizinhana. Aguerrapossibilitoualgunsencontrosincomuns,comoesse,acontecidosemencruzilhadas improvveis.Aguerratambmfoicapazdereunirpersonagensfascinantes.Algunsquaseseesbarraram, outros chegaram aseencontrar de fato. Um brasileiro nascidoem Curitiba, filho de franceses, tornaria-se o maior s da Frana a lutar entre ospilotosdaRealForaAreabritnica.Outro curitibano tambm se tornou um sda aviao, mas lutando com os nazistas.U m cidado catarinense s e alistou naMarinhaamericanaemorreunasaesdodesembarqueAliadonaNormandia,oclebreDiaD.Centenasdevoluntriosargentinossealistaramnasforasinglesasparalutar.Umpracinhad a F EB encontrou u m ami go d e suacidade natal em pleno campo de batalha,masenvergandoouniformealemo.Algunsdessescruzamentosinusitadosna s l i nhas d o destino includos nestelivro representam oti po d e descobertatoapreciadoportodososquesoatrados pela Segunda Guerra Mundial.As lies da participao brasileira vomui to a l m d a vel ha necessidade dereafirmarabravuraeoherosmodospracinhasemcampodebatalha.TalvezaliomaisimportantesejaadeconstatarqueoBrasilaindasofredomesmoproblemaquetantodificultouaformaodaFEB:afaltadeinfraestrutura.Naquelapoca,foitodifcil eurgente constituir u ma foramilitar para tomar parte na guerra quanto difcil nos dias de hoje preparar o paspara sediar uma Copa d o Mundo, umaOlimpadaouprevenirasenchentesdaschuvasdevero(valelembrarqueototal de 916 mortes e 345 desaparecidoscomaschuvasde2011noRiodeJaneiro a maior tragdia nacional emper das d e v i d a p o r pouc o nosuperou os cerca de 1.500brasileiros mortos n a Segunda GuerraMundial). A s experincias brasileirasno preparo para a guerra seus erros eseusacertospoderiamrendermuitaslieseevitarmaioresrevesesnarealizaodeoutrostantosimportantesprojetosnacionaisemtemposdepaz,oque ajudaria a desfazer a desconfortvelconstataodequeoBrasilparecenuncaaprendercomasfalhasdoseupassado.Antes da guerraAntes da guerra2. A GUERRA NO DECLARADAEstar a bordo de qualquer navio na costabrasileira e m agosto d e 1942 no eraumasensaoconfortvel.Asnotciasdosataquesdesubmarinosalemeseitalianosem p l e no m a r territorialassustavam t o d a apopul ao, eme s p e c i a l o s queinevitavelmentedependiamdotransportemartimoparachegar a seus destinos.Ovapor ItagibazarpoudoRiodeJaneironodia13daquelems,comdestinoaRecife, fazendo escalas emVitria eSalvador. Aviagem de quatrodias pareceu demorar muito mais, com ome d o q u e tri pul ao epassageirostinham d e umpossvel torpedeamento,d e terem omesmo maldito destino dosoutros trs naviosafundadosdoisdiasantes na costa de Sergipe. O velho vaporlanadoaomarporum estaleiro daEsccia e m 1913, c o m 8 6 metros decomprimento, 1 3 d e largura ecincodecalado(alturadocasco)chegariaaSalvadornamanhdodia17.Levavaabor do 1 8 1 passageiros, ent r e e l e s oj o v e m s ol dado d o 7 o Gr u p o deArtilharia deDorso,DlvaroJosdeOliveira,umdosoutros95abordoquetinhamOlindacomodestino,asededessa recm-formada corporao criadapara vigiar o extenso litoral nordestino.Haviaumcertoalvio,poisjerapossvelavistaracosta.Derepente,nodia 17, uma grande exploso estremeceut odo onavi o. N o restava amenordvida: foi oimpactodeumtorpedo,queacertouavelhanaubemnomeio.Dlvarotestemunhouo terror causadop e l o torpedeamento d e u m inocentenavi o mercante p o r umsubmarino doEi xo. N o conseguiu concatenar nada,instintivamente procurouapenas escapardaquele pesadelo. Em meio correria eaos gritos do pnico geral,ainda houvetempo para atripulao do velho vapora b a i x a r o s b o t e s salva-vidas,conhecidos como baleeiras.Embora oItagibatenha si do alvejadopor apenas um torpedo, oque fez comq u e n o afundasse r pi do, vriospassageiros, desesperados, pularam na g u a emorreram afogadosimediatamente. Dos 3 6 mortos, muitost a mb m f o r a m vtimasdiretas dostrezentos quilos d e explosivos contidosno torpedo, somados grandeexplosoda caldeira de vapor do navio.Depoisqueossobreviventesalgunsmuitoferidosconseguiramsereunirnas seis baleeiras que sobraram das oitoexistentes, permaneceram vrias horas deriva.EradifcilremaratacostadaBahia,muitodistante,mesmoestandovisvel,eomarestavarevolto,devidoaos fortes ventos. Dlvaro ajudava quempodia:tantoseusamigossoldadosquanto os outros passageiros do Itagiba.Quesorteadeleterescapado daexploso, d o pnico ed o afundamento:agora era tentar sobreviver.Naquelarota,nodeveriademorarmuitoatapareceremoutrasembarcaes.Efoicom alvio que viuquatro d a s baleeiras serem resgatadasp e l o i a t e Aragipe,umaembarcaopequenacomcascodemadeira,quepassavaperto.Elenofoiatacado,ouporque no foi vi sto pel o U-Boot(doal emo Unterseeboot,submarino), ouporque foi deliberadamente poupado porseu comandante.Depois de uma hora que pareceu umaeter ni dade , o u t r o v e l h o vaporapareceu, o Arar, um pouco menor queoItagiba,levando uma carga d e sucatametlica a Santos. Atripulao resgatouDlvaro eos nufragos das duas outrasbaleeirasdo Itagiba.Ataquelemomento,eleestavacertodequeaindano chegara sua vez.Dlvaronosuspeitavadequeosubmarinoresponsvelpelomaiornmerodeafundamentosemortesnacostabrasileira,o U-507,comandadopelojovem,pormexperiente,capitoHarroSchacht,aindaestavaespreita.Asortedos18nufragosdasduasbaleeirasrestantesdo Itagibapareciasorrir,quandoo Arar,fabricadonaInglaterra em 1907, surgiu para resgat-l os . Ma s oal vi o d o s sobreviventesdurariapouco.Aoavistarovaporseaproximando,ocomandanteSchachtdecidiuafundarmais u m naviobr a s i l e i r o, s e g u i n d o a s ordenssuperi ores c o m u ma sistemtica demilitar alemo.Quando um torpedo acertou e m cheio acasa de mquinas do Arar, Dlvaro nopodiacrerque,depoisdetersobrevividoaumtorpedeamento,agoraeravtimado segundo, q u e causoue n o r me e xp l o s o es e u rpidoafundamento. Des s a vez,vrios dosnufragos resgatados d o Itagibanoescapar am. D o s 3 5 sobreviventesresgatados,cincomorreramnahoraeapenas 15 chegariam terra firme.quela altura, aproximavam-se do localavies e o cruzador Rio Grande do Sul,que respondia ao S.O.S. emitido, oqueafugentou osubmar i no nazi sta. Osduplamente nufragos d o Ararforamresgatados novamente pel o Aragipeepelobarco pesqueiro De us d o Mar.Enquanto v i a aquela gente sofrendo econtabilizavaos a mi go s perdidos,Dlvaro concluiu q ue t e r sobrevividoti nha u m ni co motivo:podervingarseus camaradas mortos nos ataques.Oprotagonista das aes que levariama o estado d e guerra entre oBrasil eoEi xo f o i osubmarino U-507,d o tipoIXC (longo alcance), comissionado em 8de outubro de 1941. Durante sua terceirarulha,iniciadanodia4dejulho,realizouseusseis a t a q ue s , quea f und a r a m n a v i o s br a s i l e i r os eprovocaram omaior nmero demortosnum perodo de apenas trs dias em todaaCampanhadoAtlnticoSul.Aps15meses de operao tendo afundado edanificadovintenaviosmercantes,numtotalde83.704toneladas,o U-507foiafundadonodia13dejaneirode1943porum PBY-5Catalina ,doEsquadroVP-83daMarinhanorte-americana, ao largo do litoral do Cear.Nenhumdeseus54tripulantessobreviveu.A primeira vtima entre os brasileirosOprimeironaviobrasileiroaseratacado pelos alemes foi o Taubat, umcargueiroavaporqueseencontravanacosta do Egito, em 22 de maro de 1941,quando o Brasil ainda mantinha relaescomerciaiscomoEixo.Oataqueinjustificadofoifeitoporumavionazistaquemetralhouonavio,mesmocomabandeiradoBrasilhasteadaepintadanocasco,oquecausouamortedotripulanteJosFranciscoFraga,primeiravtimabrasileiranaSegundaGuerra.OTaubatquenofoiafundadoeraumdosmuitosnaviosque o Brasil confiscou da frota mercantealemnosportosbrasileiros,duranteaPrimeira Guerra.As relaes com Hitler azedamASegundaGuerrachegouaoBrasilatravsdomar.Emagostode1942,depoisdosseisafundamentosseguidos,dos dias 15 a 17, centenas de mortos e oclamordopovonasruas,ogovernoVargasfoiforadoaseposicionarquantoaoEixo.Houveuma enormerepercusso p e l o p a s d i a nt e dast er r vei s i ma ge ns , estampadas nosjornais, d o s cor pos d a s v ti mas quechegaram c o m amar na s areias dasp r a i a s deAracaju, especialmentemul he r e s ecr i anas . Abandonadomesmo depois d e serdeclarado marcohistrico local, o cemitrio para enterraras vtimas dos torpedeamentos existe athojenapraiadoMosqueiro.Osmortosforamenterradosali mesmo, uma vezq ue n o havi a mei os par a remover eguar dar a s centenas decorposquevieram dar nas areias.Apopul ao a o r edor d a s capitaisbrasileiras hostilizou alemes, italianosejaponeses, onde quer que estivessem,e m s uas propriedades el ares. Quaseocorreramlinchamentosporcontadarevolta geral contra os torpedeamentos.Agrande convulso das ruas culminouc o m a s mani festaes estudantispromovidas p e l a UN E aUnioNacional d o s Estudantes, fundada em1937 ,quenodeixaramoutrasadaparaogovernoVargasanoserfinalmenteformalizaroestadodebeligerncia.Trsdiasdepoisdas607mortesprovocadaspelosataquesdossubmarinosnacostabrasileira,nodia22deagostode1942,oBrasilentravadeveznaSegundaGuerraMundial.EmseudiscursorealizadonasacadadoPalciodoItamaraty,respondendopresso vinda dograndepblico que sejuntavanaruaemfrente s e de doMinistrio d a s Relaes Exteriores, ochancel er Os wa l do Aranhatentavacorresponderaosanseiosdosbrasileirosindignados,massuaspalavrasnodavamarealdimensodoproblemanoqualoBrasilestavasemetendo:Asi t uao c r i ada p e l a Alemanha,pr at i cando a t o s d e beligernciabrbaros edesumanos contra anossanavegao pacfica ecosteira, impeuma reao altura dos processos emtodos po r el es empregados contraoficiais, soldados, mulheres, crianas enavios do Brasil. Posso assegurar aosbrasileiros q u e meouvem, c o mo at odos o s brasileiros, que, compelidosp e l a br ut al i dade daagresso,oporemos uma reao que h de servirde exemplo para os povos agressoresebrbaros, que violentam a civilizao ea vida dos povos pacficos. Ochanceler brasileiro sabia que entrarna guerra seria uma escolha radical.Agora s e tornava mai s q ue urgente ot ot al comprometimento ameri cano denodeixar oBrasil isolado, com seusnavios eocomrcio martimo mercdostraioeirossubmarinosdoEixo,oquetrariasriasconsequnciaseconmicas.Apenas em setembro de 1942, depois dadefi ni o brasi l ei ra, o s americanoscomearam efetivamente aescoltar oscomboios mercantes nas rotas martimasdacosta americana. Aparti r daquelem s , na v i o s d a Qua r t a Esquadrar ul havam osmares, a v i e s caa-submari nos oper avam a o l o ngo dolitoral ea s duas primeirasbases dedirigveis da Marinha americana forammontadas no Recife e no Rio de Janeiro.Em um curto intervalo, os submarinos doEixo, passariam de caadores a caa. Ameaa alemPrincipalcausadaentradadopasnaSegundaGuerraMundial,ostrezeataquesa navios mercantes nacionais,e nt r e fever ei r o ej ul ho d e 1942,provocaram 742mortes. O ditador Getlio Vargas queno esperava receber um golpe to durodos pases do Eixo tinha em mos seumaiorlibiparafechardefinitivamentesuaaliana c o m opresi dente dosEstados Uni dos, Fr ankl i n Roosevelt.Getlio esperoudemaisparareagiraosfatos,jque21naviosbrasileirostinhamsidoafundadosatodia22deagosto,datadadeclaraodeguerraaoEixo.E m janeiro d e 1942, aMarinha alemcomeou suas aes n o Atlntico Sul,afundandonaviosemrotaparaosEstadosUnidoseoscargueiros BageTaubat,debandeirabrasileira,quenavegavam em guas norte-americanas.OssubmarinosalemesatacavamquaisquernaviosqueestivessemarmadosnoAtlntico, com exceo dosdaArgentina ed o Chi l e, pa ses queainda no tinhamrompido relaes comoEi xo. El es e r a m reabastecidos nasilhas d o Caribe, atmesmonospostosde suprimentos em territrio argentino echileno.AntesdaentradadoBrasilnaguerra,mesmo carente de recursos, a Marinha jdesenvolvia planos de defesa contra ossubmarinos do Eixo, com oobjetivo deproteger o litoral eos portos do Brasil,principalmente os situados a o longo doSalienteNordestinoregioestratgicapoca,aqualcompreendeosestadosdeAlagoas,Paraba,Pernambuco e Rio Grande do Norte.Embora desde dezembro d e 1941 jhouvesse rulhas americanas lanadas debasesnoBrasil,inicialmenteavigilnciadessareafoirealizadasimbolicamenteportrsnaviosdeguerrabaseadosnoRecife.Emjaneirode1942,chegavaaDivisodeCruzadores, composta por sei s navios.Com a declarao de guerra, aproteodanavegaomartimanolitoraldoBrasil(emespecialdoSalienteNordestino),passouaserfeitapelaForadoAtlnticoSul,dosEstadosUnidos,maistardedenominada4aEsquadraamericana,combasenoRecife.Aolongode1942,nenhumsubmarinoalemoouitalianofoidestrudonolitoral brasileiro. Em fevereiro e maro,c i n c o b a r c o s br a s i l e i r os foramafundados( Buarque,Olinda,Cabedelo,ArabuteCayr) , todos aol ar go d a costa atlnticados EstadosUnidos. Entre maio e julho, nove naviosf o r a m p e r d i d o s (Parnaba,Comandant e Lyra,Gonal ves Dias,Alegrete,Paracury,Pedrinhas,Tamandar,Barbacenae Piave),nacostadoCaribeearredores.Noltimotrimestrede1942,osafundamentos nascostas brasileiras responderam por maisde um tero das perdasno Atlntico Sul.Aembai xada d o Br as i l e m Lisboaenvi ou protestos a o governoalemopelosafundamentos,semrecebernenhuma resposta formal.Os corsrios alemesAsguasdoAtlnticoSulforampalcodeimportantescombatesnavaisquandoosinglesesafundaramonaviocorsrioalemoHSK2Atlantis.DenominadosHandelsstrkreuzer(cruzadoresauxiliares),essesnavioseramusadospelosnazistascomoembarcaesmercantes,maslevavamcanhesescondidosnoconvs.Quandoseaproximavamdenaviosmercantesinglesesoudeoutrasbandeirasqueserviamaos Aliados,atripulaoabriafogocovardementesobreasindefesasembarcaes, sem chance de reao.Haviaumafrotadessescorsriosalemes em ao nos mares, e o Atlantisj havia capturado 22navios, quando foi afundado na costa dePernambucopelocruzadorpesadobritnicoHMSDevonshire,em22denovembrode1941.Ocartertraioeirodessas aes justificava as operaes daMarinha inglesa feitas dentro da zona deexcluso,umcinturodefensivocomtrezentosquilmetrosdelarguraqueenvolvia a Amrica do Sul, para onde osnaviosalemesfugiamdepoisdeseusataques.Se em algum momento Hitler considerouemseusplanosdeexpansodo Reichag r a n d e qua nt i da de d e imigrantesalemes e m terras brasileiras, depoisdessesacontecimentospreferiudeixardeladomaioresconsideraesparaapenasretaliaropasquepassaraaseraliadodosEstadosUnidos.Versesinfundadas afirmam que Hitler teria feitoumatransmissopelardiooficialdogovernoalemo,emjunhode1942,declarandoquehaveriaretaliaoaoBrasilporajudarosamericanos.Emborajamaisconfirmado,oboatoespalhouopniconapopulaodoNordeste,emesmoos americanos dasbases d a regio tomaram medidas dereforo nas defesas contraumprovveldesembarque nazista.Primeiras tragdiasOsprimeirosnaviosbrasileirostorpedeadosforadonossomarterritorialforam:Buarque:afundadoem16defevereirode1942asessentamilhasnuticasdocaboHatteras(Carolinado Norte, Estados Unidos)p e l o s ub ma r i no alemoU-432,comandadopelocapitoSchultze.Houveapenas uma vtima fatal entre os1 1 passageiros e7 4 tripulantes, quef o r a m r e s ga t a d o s p o r naviosamericanos.Olinda:afundadoportirosdecanhonacostadoestadonorte-americanodaVirgnia,pelomesmoU-432,em18defevereirode1942.Todosos46tripulantes sobreviveram.Cabedelo: desaparecido c o m perdatotal dos 54 tripulantes depois de zarpardos Estados Unidos,possivelmenteem25defevereirode1942.Existeacontrovrsiadequefoitorpedeadoporumdostrssubmarinositalianos:Leonardo da Vinci, Torelli ou Capellini,ao largo das Antilhas.Arabut: afundado a o l argo d o caboHatteras peloU-155,comandadopelocapito Piening, em 7 de maro de 1942.Dos51tripulantes,ummorreuedoisficaram feridos, em estado grave. Cayr: afundado a 130 milhas nuticasdeNovaYorkpeloU-94docapitodecorveta Otto Ites em 8demarode1942,causando53vtimas(46 tripulantes e 6 passageiros) dos 89 abordo.Foigrandearepercusso noBrasil pelo nmero de mortos. Chegou-se inclusive a se estudar a suspenso dasviagens aos Estados Unidos.OutrasfontesafirmamqueosdirigentesdaMarinhaalemdesejavamatacarosportos brasileiros. Isso seria possvel seo s submari nos torpedeassem naviosainda ancorados, bloqueando os acessosaos portos, oque, num gol pe certeiro,inviabilizariaanavegao.Numacontraditriaexplicao,totalmentedesprovida de crdito histrico, a opoteriasidodescartadaporHitler,queachavaextremadoumataque nessesmoldes configuraria uma agresso aoterritrio brasileiro eculminaria numareao ainda maior contra aAlemanha.Hi tl er aprovou apenas oataque aosnavios e m r ota par a oexterior eemportos na costa, ordem repassada para ocomandanteda Kriegsmarine(Marinhade Guerra alem), Karl Dnitz. Amigos, amigos, guerra parteAsuposta proximidade entre Vargaseoditador Benito Mussolini n o impediuque oprimeiro ataque d o Ei xo aumnavi o brasileiro e m guas territoriaisfosserealizado p o r u m submarinoi t al i ano. OBarbarigoa t a c o u oComandante Lyra,nacosta d e Natal,em 18 de maio de 1942. Otorpedo queatingiu onavio matou doistripulantes,ma s n o oafundou, devi do a o cascoduplo, usado para transporte de gasolinaoupetrleocru,queomanteveflutuando. Emseguidaforamdisparados19t i r o s d e c a n h o er a j a d a s demetralhadora s obr e onavi o, oqueprovocou umincndio.UmheroicoenviodeS.O.S.permitiuqueaviesdaForaAreaBrasileirachegassemaolocal,afugentandoo Barbarigo,oquerepresentouaprimeiraaodeguerrada FAB. Dias depois, oBarbarigofoinovamente atacado p o r u m B-25daFAB, mas conseguiu escapar.U m fato pouqussimo conhecido deque ocomandante d o Barbarigo,EnzoGrossi, era brasileiro, nascido e m SoPaul o. Ocomandante d o submarinoitaliano us a d o c o mo p e a depropaganda d o Ei xo ai nda seriaprotagonista de umahistria novelesca,envolvendo seu rebaixamento asoldadod e infantaria por erropremeditadonaidentificaodenaviosafundadosporele.O s tripulantes d o Comandante Lyraforam resgatados eobarco, levado atFortalezaporrebocadoresbrasileiroseamericanos.Ossobreviventesrelataramqueosdisparosdemetralhadorapelositalianostentaramatingirasbaleeiras.Essaprtica metral har nufragosi ndefesos e r a fr equente quandotripulaes alems ouitalianasqueriamapagar provas da presena do submarinoemdeterminadarea,oumesmo parapoupar o s sobreviventes d e uma mortelenta em alto-mar, o que no parecia sero caso.Aforma d e ataque dos submarinos doEixo comeou por uma abordagem querespeitava oseguinte procedimento: osnavios indefesos eram obrigados a pararasmquinas d e p o i s d e t i r o s deadvertnci a. I s s o per mi t i a q u e ospassageiros etripulantesescapassemnasbaleeiras,esdepoisonavioeradestrudo com tiros do canho de grossocalibre, posicionado sobre o convs dossubmersveis.Depoisdoataque aoComandante Lyra,ogoverno combinouc o m o s amer i canos q u e naviosmercantes brasileiros fossem armadosc o m u m canho p a r a s u a defesa (ocalibre variava entre 75 e 120mm), almdeseguiremregrasdenavegaonormalmentenoaplicadasaosbarcosdebandeiraneutra,comopinturacinza(quecaracterizavaumacamuflagem),n a v e g a o e m zi gue - za gue edesligamento das luzes de bordo. Essasmedidas levaram o comando da Frota deSubmarinos alemes areconhecer essesnavios como alvos militares.Em agosto de 1942, foram afundados osprimeiros navios brasileiros na costa deSergipe ( Baependi, Araraquara, AnbalBenvolo,Itagiba,ArareabarcaaJacira). A maioria dos navios mercantesdapocaeraantiga,movidaavapor,lenta,comcercadecemmetrosdecomprimentoetambmtransportavapassageiros.Por medida de economia, os submarinosdoEixolanavamapenasumtorpedomeia-nau(meiodobarco).Mas,paragarantiradestruiodeseusalvos,realizaramataques mais agressivos, emq u e t a mb m us a v a m canhes . Demanei ra ger al , ostorpedos alemes,assi m como o s americanos, n o eramconfi vei s, e , paradesesperodaMarinha alem, o problema persistiu ato final da guerra.Deformamaisobjetivaeamplamentemaisdocumentadaqueseucolegaalemo,Mussolini advertiu ogovernobrasileiro, desde oprimeiro instante dorompimentodiplomtico,dequeaindapagaria caro por esse ato. O Duce (ttulodolderfascista)ainda f o i maisexplcito sobre a ruptura dos pases sul-americanos com o Eixo, ao declarar: Seissoacontecer,serocasodeapenasdeclarar-lhesguerra,assimimporemosa o s Es t ados Uni dos aobri gao d e def ender u m a vastaf rent e. O s latino-americanosqueremumaguerrabranca,masteroumaguerra vermelha. Como Argentina eChile mantiveram-seneutr os, evi tando q u e s e u s naviosfossematacadospelossubmarinosnazifascistas,foisomenteoBrasilqueviueclodirpeloseulitoralaguerravermelha qualMussolinisereferia.ODucecumpri u suapromessa c o m oprimeiro ataque d e u m submarino doEi xo e m guas brasileiras,realizadopel o Tazzoli,que afundou ocargueiroingls Queen City,e m 2 5 defevereirode 1942, perto do Maranho.A o cont r r i o d o s a l e m e s , quedenominavam s eus submarinos c o m aformaabreviada d e uma rel es l etra Useguida de um frio nmero, os italianosbatizavamseus submarinos com nomes,q u e podi a m s e r d e a l gum ilustrepersonagem d e suahistria o u d e ummi l i tar famoso. Assi m, estiveram emao no Atlntico Sul oArchimede,oDaVinci,o Barbarigo,o Calvi,oTorelli, o Capellini e o Tazzoli.Tanto os submarinos alemes quanto ositalianos tinham em comum serem a maisnovasafradessaarmaletal.Erammodernosegeisparaseterumaideia de seu potencial destrutivo, alguns,como o U-507, chegavam a portar at 22torpedos,e e r a m ar mados c o m umcanho d e calibre 105mm. Em geral, odesl ocamento dossubmarinosnasuperfcieerafeitopordoisenormesmotoresdieselcom9cilindrosepotncia d e cerca d e 2.172hp, oquegarantia um alcance de 18.426km aumave l oc i da de m d i a d e d e z ns(18,5km/h). Par a navegao submersa,el es possuamdois motores eltricosc o m pot nci a d e 2 0 7 h p cada,alimentados por baterias quepermitiamumalcancedeapenas101kmnumavelocidade de 4 ns (7,4km/h).Pouca gente s e d conta d e q u e oss u b ma r i n o s d a p o c a eramdenominados,maiscorretamente,submersveis,poisnoficavamotempotodosubmersos,masnavegavamamaior parte d o tempo n a superfcie.Assim, apenas s e escondiamabaixodalinhadomar,submergindoemprofundidadeetempolimitados,parafugirde ataques o u quando atacavamsuas presas. Poucos er am dotados deradares, umrecurso moderno pa r a apoca, que ajudava aencontrar alvos eprincipalmente, aescapar d e ataques.Submarinos e r a m embarcaes muitofrgei s: u ma r aj ada demetralhadoracerteirapoderiacomprometerseufuncionamentoecoloc-losforadeao.Esperopelofimdatragdiaeestranhamente desprendido de tudo nomesintomaisumator.Sintoqueeu sou o ltimo dos espectadores.(Mussolini,numdepoimentonoinciode 1945.) BenitoAndreaAmilcareMussolininasceuem29dejulhode1883egovernou a Itlia de 1922 a 1943. considerado uma figura de destaque nacriao do fascismo.ApsumcurtoperodocomomembrodoPartidoSocialistaItalianoecomoeditordojornal Avanti!,quedefendiaaneutralidade,Mussolini,comonacionalistaradical,lutounaPrimeiraGuerraMundialecriou,em1919,oFascidiCombattimento(LigadeCombate,emitaliano),maistardetransformadonoPartidoFascistaNacional,quecatalisavasuacrenanoManifestoFascista,publicadoem1921.Osmbolodofascismoqueremeteauma criao nos tempos da Roma Antigaeraumfeixedevarasamarrado,formando uma forte coluna.LogoapsaMarchasobreRoma,emoutubrode1922,Mussolinitornou-seo40o primeiro-ministro da Itlia e passouaautointitular-seIlDuceapartirde1925,quandoestabeleceuautoridadeditatorialpormeioslegaiseextraordinrios. Seu plano de criao doEstadototalitrioitalianofoiapoiadopelo povo e pelo governo imperial.Em1936,seuttulooficialeraSuaExcelnciaBenitoMussolini,ChefedoGoverno, Lder do Fascismo e Fundadordo Imprio. Alm disso, criou e assumiuopostodeprimeiro-marechaldoimprio.JuntamentecomoreiVtorEmanuelIII,MussoliniexerciatotalcontrolesobreasForasArmadasitalianas.Desde sua ascenso ao poder, MussolinipassouaseradmiradopelochefedoPartidoNacional-SocialistaAlemo,AdolfHitler,queseaproveitoudossucessosiniciaisdofascismoparaconsolidaronazismo.Certamente,HitleraprimorouoexacerbadogestualqueoDuceexibiaemseusdiscursos,oqual lhe conferia ares de tpico figurantebufo de pera italiana.Mussolini sobreviveu a quatro tentativasdeassassinato(umadelasporumamulher)elevouaItliaparaoconflitoem10dejunhode1940,aoladodaAlemanha, mesmo sabendo que no teriarecursosparaumaguerradelongadurao.ComoresultadodainvasodaSiclia,em3desetembro,aItliaassinouumarmistcio em separado com os Aliados,eMussolinifoidestitudodesuasfunes.Logodepoiselefoipresoetransferidodevrioslocaisatumaestao de esqui nas montanhas do GranSasso,deondefoiresgatadoporumaequipedeparaquedistasalemes,porordensexpressasdeseuamigoHitler,elevado para Viena.Rapidamente, voltou Itlia para criar aRepblicaSocialItalianaconhecidacomo Repblica de Sal , no nordesteitaliano, para lutar ao lado dos nazistas.Comaderrotaiminente,aotentaremfugirparaonorte,Mussoliniesuaamante,ClaraPetacci,forampresoseexecutadospelospartigiani(membrosdaresistnciaitaliana).SeuscorposforampenduradosnopostodegasolinadapraaLoreto,emMilo,onde,umanoantes,15civisinocentesforamexecutadoseexpostoscomoretaliaos atividades dos partigiani. A recriaodoImprioRomanosonhadapeloDuceterminouantesdoReichdosmilanos.OsprximosnalistaseriamHitlereogeneralHidekiTojo,senhordaguerrado Imprio Japons. Balano da ao do Eixo na Campanhado AtlnticoAolongodacampanhaterroristadossubmarinosdoEixonoAtlnticoSul,maisdecinquentanaviosdebandeirasestrangeirasseriamafundadosnacostabrasileira.Dessa vez, no foi amesma histria daPrimeira Guerra Mundial, quando algunspoucosnaviosbrasileirosforamtorpedeadospelosalemesemmaresdistantes.It al i anos ea l e m e s f or ma r a m oComando Superior d a Fora SubmarinanoAtlntico sediado e m Bordeaux,na Frana , que funcionou de setembrode1942atsetembrode1943,com32submarinosoperacionais.Elespartiamdasbasesnacostafrancesa,quedavamacesso ao Atlntico e cobriam uma vastareaqueiadolitoral portugus at ac o s t a br a s i l e i r a . E m Bordeaux,funcionava o comando de submarinos daRegiaMarinaitaliana,chamadopelonome-cdigoBetasom,unidadesobordens diretas d o comandante d a frotade submarinos, almirante Karl Dnitz.HaviaplanosdeumataquedesubmarinositalianosaoportodeNovaYork, que no chegou a ser realizado.Durante as aes no Atlntico Sul, cercad e 3 3 n a v i o s br asi l ei r os foramtorpedeados e outros 35 foram atacados.AlistadenaviosafundadospeloEixo,naqual for am includos opesqueiroShangri-Leovapor Cabedelo, foiatualizada e corrigida ao longo dos anosposteriores guerra.Recuperandomemrias:naviosafundadosAtualmente, a lista de afundamentos dosnaviosbrasileirosaseguinte:Parnaba: torpedeado pelo U-162, sob ocomandodocapitoWattenbergnaalturadeBarbados,em1odemaiode1942,comsetemortose65sobreviventes.CommandanteLyra:torpedeadopelosubmarinoitalianoBarbarigo,naalturade Fernando de Noronha, em 18 de maiode1942,comdoismortosecinquentasobreviventes.GonalvesDias:torpedeadopelosubmarinoalemoU-502,sobocomandodocapitoRosenstiel,eafundadoaolargodeKeyWestem24demaiode1942,comseismortose46sobreviventes.Alegrete:atacadoaolargodeSantaLciapelosubmarinoU-156,comandado pelo capito Hartenstein, em1odejunhode1942,com64sobreviventes.VidaldeNegreiros: torpedeado peloU-156,namesmadataereadoAlegrete.Nohinformaessobreostripulantes. Paracuri: torpedeado em 5 de junho de1942peloU-159,noAtlnticoNorte.No h dados sobre a tripulao.Pedrinhas:atacadopelosubmarinoU-203,sobocomandodocapitoMtzelburg,aolargodePortoRico,em26dejunhode1942,com48sobreviventes.Tamandar: atacado eafundado peloU-66aolargodePortofSpain,em26dejunhode1942,comquatro mortos e48 sobreviventes. Provido de um canhopara defesa, chegou a pr em fuga um U-Boot,antesdesernovamenteatacadoeafundado.Piave(petroleiro):torpedeadoaolargodailhadeTobagopeloU-155em28 de julho de 1942, com um morto e 34sobreviventes. OcomandanteAdolfCornelius Piening ordenou que os botessalva-vidas fossem metralhados. Mesmoassim, os nufragos escaparam.Barbacena: atacado a o l a r go deTobago, afundado pelo submarino U-66,sob ocomando d o capitoMarkworth,em24dejulhode1942,comseismortos e 56 sobreviventes.Baependi:torpedeadopeloU-507,comandadopelocapitoHarroSchacht,em 15 de agosto de 1942.FoioprimeiroalvodasriedeseisataquesdessesubmarinonacostadoNordeste,sendoonaviocomo maiorn me r o d e v t i ma s d e t o d o s ostorpedeamentos abrasi l ei ros: 270mortos. Salvaram-se 36passageiros e tripulantes. AnbalBenvolo:torpedeadopeloU-507,em16deagostode1942,noesturio sergipano, com 130mortos e quatro sobreviventes.Araraquara: alvo doU-507 e m 1 7 deagosto d e 1942, 1 3 1 mor tos e11sobreviventes, na costa de Sergipe.Itagiba:atacadopeloU-507em17deagostode1942,com39mortose145sobreviventes, na costa da Bahia.Arar: n o fatdico 1 7 d e agosto, foiafundado peloU-507 enquanto salvavaos nufragos doItagiba,com32mortose 15 sobreviventes. Jacira: ltima vtima doU-507, em 19d e agosto d e 1942, n o litoral baiano,com ao menos seis sobreviventes.Osrio: torpedeado no litoral do Pare m 2 7 d e setembro d e 1 9 4 2 pelosubmarinoU-514, s ob ocomandodocapito Auffermann, com cinco mortos e34 sobreviventes.Lajes:nomesmodiaelocal,pelamesmabelonave,comtrsmortose46sobreviventes. Antonico:atacadoem28desetembrode1942aolargodaGuianaFrancesapelosubmarinoU-516,sobocomandodocapitoWiebe,com16mortose24sobreviventes.PortoAlegre:torpedeadoaolargodeDurban,nafricadoSul,peloU-504,comandado pelo capito Poske, em 3 denovembrode1942,comummortoequarenta sobreviventes.Apaloide: atacado peloU-163 no dia2 2 d e novembro d e 1942, a o largo daVenezuel a,c o m trsmortose52sobreviventes.Brasiloide: afundado peloU-518em18 de fevereiro de 1943, a cinco milhasdo litoral de Sergipe, sob o comando docapitoWissmann,comcinquentasobreviventes.Afonso Pena: atacado e m 2de marod e 1 9 4 3 p e l o s ubmar i no italianoBarbari go, comandado pelocapitoRigoli,eafundadonolitoraldaBahia,com 125 vtimas e 117 sobreviventes.Tutoia:afundadonolitoraldeSoPauloem31dejunhode1943pelosubmarino alemo U-513, sob as ordensdocapitoGuggenberger,comsetemortos e trinta sobreviventes.Pelotasloide:atacadonafozdorioParem4dejulhode1943,foitorpedeadopelosubmarinoU-590,sobas ordens do capito Krueger, com cincomortos e 37 sobreviventes.Shangri-L:em22dejulhode1943,essepequenopesqueirofoiafundadoatirosdecanhopeloU-199,em Arraialdo Cabo, no litoral fluminense. Seus deztripulantes morreram. Bag: no litoral de Sergipe, em 31 dejulho d e 1943, foi posto api que pelosubmarinoU-185,comandadopelocapitoMaus,com26mortose106sobreviventes.Itapag:torpedeadonolitoraldeAlagoasem26desetembrode1943pelosubmarinoalemoU-161,comandado p e l o c a p i t o AlbrechtAc hi l l e s . E s s e s ubmer s vel seriaposteriormente afundado poraviescaa-submarinosdaesquadrilhanorte-americanaVP-74,baseadosemSalvador, com 22 mortos e 84 feridos. Cisne Branco: afundou aps algum tipodecolisodescritapelostripulantesem27 de setembro de 1943, perto de CanoaQuebrada, no Cear, com quatro mortoses e i s fer i dos . Emb o r a estivessepr estando s er vi o p a r a aMarinhabrasileira, esse barco no teve registrosdocumentais d e q ue seuafundamentotivesse sido provocado pelo inimigo.Campos:afundadoem23deoutubrode 1943 ao largo do litoral de So PaulopelabelonaveU-170,comandadapelocapitoPfeffer,com12mortose51sobreviventes.VitaldeOliveira: torpedeado e m 19de julho d e 1944 peloU-861,pertodoFaroldeSoTom,nacostadoRiodeJaneiro,com99mortose176sobreviventes. Onmerodevtimasousobreviventesdivergeligeiramentedelivroparalivroe em muitos casos nem mesmo citado,chegando casa dos 1.055 mortos. Reviravolta nas operaesAssim como o litoral nordeste brasileiromudouofocodeimportnciadefensivap a r a ofens i va, a s oper aes dossubmarinos d o Ei xo tambm sofreramumareviravoltanocenriodaBatalhado Atlntico. No comeo, os submarinosalemeseram os caadores implacveisd o s mares destruindo milhares detonel adas denavios.Ototaldosafundamentos de navios brasileiros entre1942e1943ultrapassouas130miltoneladas.C o m oa ume nt o d a s operaesantissubmarino americanas e brasileiras,oscaadoresvirarampresas.OsAliados desenvolveram melhores naviosearmamentos i nc l ui nd o oaperfeioamento d e sonares eradares, assim como o primordial rulhamentoareo, que colocou em xeque os planosd e a t a q ue al emes . S e a n t e s oss u b ma r i n o s a t u a v a m solitrios,passaram aatacar o s comboi os emgr upos, naschamadas mati l has (wolfpacks) , mui to usadas n o AtlnticoNorte, a s quaisconseguiam fur ar asdefesas, penetrar nos comboios e acertaros navios desprotegidos.Recuperandomemrias:fogoamigoou inimigo?Omitodequeosamericanosforamosresponsveispelosafundamentosdenavios brasileiros permaneceu, ao longodasdcadas,coladoaosmotivosquelevaramoBrasiladeclararguerraaoEixo.Esse devaneio s pode ser atribudo aosboatoscriadosnapoca,originadospelosgruposquenoaprovavamoalinhamentocomosamericanosoupelaaladosgermanfilosaindapresentenogoverno Vargas.Nem mesmo a comprovao documentaldosregistrosencontradosnosarquivosde guerra Aliados e alemes, com dadosprecisosdecadaU-BooteseucomandanteemaonoAtlnticoSul,foicapazdeapagardevezessaversofantasiosadosfatos.Nosdocumentosexistentes,encontram-seasposiesdetodosossubmarinosalemesafundadosnolitoralbrasileiro.Algunsdessespontosjforamconfirmadosdepoisdevisitadospormergulhadoresprofissionais,eamaioriadoslocaistevesuascoordenadasdevidamentearquivadas.AlmdainexistnciadequalquerprovadocumentalsobreasupostaaodesubmarinosamericanosnoAtlnticoSulatotalidadedessasarmasseencontravano AtlnticoNorteenoPacfico,amaiorevidnciaeraa de que os prprios americanos seriamos maiores prejudicados, uma vez que, apartirde1941,oBrasilintensificouofornecimentodeimportantesmatrias-primasaosEstadosUnidos,atravsdonico canal existente: a via martima. AsestatsticasassustadorasdastonelagensdosafundamentosAliadospassarama pesar contra os submarinosal emes. D e 1 94 3 a t o s momentosfi nai s d a guerra,cada s a da d e umsubmar i no a l e m o si gni fi cava umasentena de morte para seustripulantes:dos842submarinoslanadospelosalemes,779foramafundados.Maisde28milmarinheiroseoficiaisforammortosemcombate;cercade80%doefetivo,incluindo um dos dois filhos doal mi r ante K a r l Dni t z, a mb o s daMarinha, foram mortos em ao.AlmdadecifraodasmensagenscriptografadasutilizadaspelaMarinhaalem,os novos radares centimtricosinstalados e m navios eavies de rulhamarcavam precisamente as posies dossubmarinos do Eixo. Embora os alemesmodificassemconstantementesuattica,aestratgiadelocalizaoeataqueaossubmarinospelosAliados chegou aumnvel de preciso que no lhes permitiaescapar, uma vezlocalizados. Mesmoassim, ofrontdo Atlntico permaneceucomo od e maiorduraodaSegundaGuerra. Os americanos deram mostra desuacapacidademilitaraodisponibilizaremumefetivoconsidervel de homens e mquinas paraprotegeranavegaonoAtlnticoSul,que continuou at o fim da guerra.Combatendo o inimigoEm julho de 1943, quase um ano depoisdadeclaraodeguerrabrasileira,uma v i o PBY-5Catalinaa f undou osubmarino alemo U-199,no litoral doRio de Janeiro. Essa ao teve um sabore s pe c i a l : t r a t a va - s e d a primeiratripulaototalmentebrasileiradeumaaeronavederulhamentoantissubmarinoaafundarumaembarcao inimiga.Quem pilotava oCatalinaer a oaindaaspirante aaviadorAlberto MartinsTor r es , q u e s e r i a u m d o s poucosaviadores brasileiros aparticipardorulhamentodacostaedepoisaintegraro1oGrupodeAviaodeCaadaFAB.Dias antes, aartilharia antiarea d o U-199havi a abati do u m avi o MartinPBM-3Mariner,d o Es q ua d r o VP-74,demonstrando quanto cada U-Boot podiaser agressivo.Logo depois do grande feito, em agosto,numa cerimnia popular, oavi o foibatizadode Arar,nomedonaviobrasileiroquefoiafundadopelo U-507,enquantosalvavaosnufragosdoItagiba.Opatrulhamentomartimoerafeitoporaviesquepartiam das bases a o longodo litoral, eas d e Natal, d o Recife, deSalvador ed o Ri o d e Janeiro eram asmaisimportantes.Navioscaa-submarinosedirigveis( blimps)tambm foram decisivos nesse processo.Aobservaoaolhonu,feitadurantevoosdemdiaaltitudepelastripulaes, muitas vezes er a suficientepara identificar u m submarino, mas secomplementava com o uso de sonares oumesmo pela interceptao de mensagensderdioentreossubmarinosesuasbases.Foiocasodoataquerealizadodurante o encontro entre trs submarinose m alto-mar. Eram eles oU-604,oU-172eoU-185. OU-604,seriamenteavariado depoi s d e sofrer u m ataqueareo dias antes, passaria sua tripulaoeocombustvelparaosoutrosdoissubmarinos.Atacados por um bombardeiro B-24,ossubmari nos abr i r am f o g o c o m suasmetralhadoras antiareas e, por incrvelq u e par ea, conseguiram derrubar oquadrimotor americano. OU-604foiafundado p e l o s e u comandante eosoutrosdois submari nos conseguirame s c a pa r, d e p o i s d e s a l va r e m ostripulantes daembarcao sacrificada.Depoi s d e u ma l onga j ornada a t aFrana, oU-172foi onicosubmarinoqueconseguiuretornarbase,deumgrupo de dez enviados pelo comando desubmarinosemLorient,emmaiode1943,paraumaoperaonacostabrasileira chamada patrulha do Rio.Entre janeiro esetembro d e 1943, ossubmarinos d o Ei xo foram varridos dacosta brasileira, graas a o apoi o dadop e l o s ameri canos n a s r ul has , comnavios,aviesedirigveis,oquefoiumaimportantealavancaparaarenovaodaMarinhabrasileira.Osdozesubmarinosafundadosedevidamente registrados foram: U-164, 4 de janeiro, perto do Cear;U-507,13dejaneiro,nolitoraldoPiau;Archimede,15deabril,a140milhasde Fernando de Noronha; U-128, 17 demaio, no litoral de Alagoas; U-590, 9 de julho, no litoral paraense;U-513,19dejulho,nolitoralcatarinense;U-662,21dejulho,nolitoralparaense;U-598,23dejulho,nocaboSoRoque,RioGrandedoNorte; U-591,30dejulho,nolitoralpernambucano; U-199, 31 de julho, no litoral sul do RiodeJaneiro; U-604,4d e agosto,destrudo pel a tripulao perto d a ilhade Trindade, a 1.200quilmetrosdeVitria,noEspritoSanto, depois de ser avariado por ataqueareo; U-161,27desetembro,alestede Salvador. Mesmo c o m agrande quantidade desubmarinos destruda em 1943, operigop a r a anavegao n o s ma r e s doAtlntico Sul permanecia, o que causavaenormetemornastripulaesenospassageiros em rota pelo Brasil. Apenasarendioalemdeterminou ofi m dashostilidades nesse dramtico cenrio daSegunda Guerra Mundial.3.VARGASEONAMOROCOMONAZISMOOtruculentoregimeditatorialbrasileiroimplantado por Vargas durante o EstadoNovo (1937-1945) assemelhava-se aode vrios pases da Amrica do Sul e daEuropa. Ao longo d a dcada d e 1930,vrias ditaduras s e instauram a o redordomundo,emPortugal,naustria,emCuba,noJapo,naEspanha,naArgentina,naPolnia,naHungria,naBulgria,naUnioSoviticaevriosoutrospases.Muitosforam regimes deextrema di rei ta q u e s e val er am dosi d e a i s anti comuni stas paratomar,assumir, concentrar e manter o poder emsuas mos.NaAlemanha,oclamordoorgulhonacional ferido e as ideias dos criadoresdoPartido Nacional-Socialistaganharam forte e c o j unto populaoempobrecida esemperspectivas.Em1933,apsumasriedemanobraspolticaseacordosescusos,AdolfHitler elegeu-se lder, sob apromessade uma nova Alemanha, que reinaria pormi l anos sobre a s naes inferiores doresto d o mundo. Opalco para uma dasmaiorestragdiasdahumanidadecomeava a tomar forma.O Brasil de Vargastambm tinha planosde se firmar como uma potncia regionaln a Amr i ca Lat i na. N a s primeirasd c a da s a p s aPr ocl amao daRepblica,aqualidadedevidadobrasileiromdiodeixavamuitoadesejarcomasgrandesdiferenasentreascapitais,cidadeslitorneasedointeriordopas.DuranteachamadaRepblicaVelha,opoderalternava-seentre os latifundirios criadores de gadod e Mi nas Ger ai s eo s latifundiriosplantadores d e caf d e S o Paulo, nachamada poltica do caf com leite.Com a desculpa de tirar o Brasil da modoscafeicultoresepecuaristas,GetlioVargasliderouaRevoluode1930,tomouemanteveopoderduranteseisanos,atinstituir aditadura d o EstadoNovo, em 1937. Deu incio auma sriede grandesobras pblicas, reformas naConstituio enas l ei s trabalhistas, natentati va demodernizar u m a naoagr col a p a r a el ev-l a a o s tatus deprincipal potncia sul-americana.Segui ndo acar ti l ha d a s ditaduras,extinguiram-se as liberdades polticas edeimprensa, adversrios d o regimeforam perseguidos, presos etorturados,s o b adesculpa d a pr ot e o eestabi l i zao d a f r g i l repblica.Ins pi r ado p e l a estticatotalitria,Vargasimplementouocultopersonalidade,centradonafiguradochefenico d a nao. N o s moldesfascistas, i mps inmeras medidas decarternacionalista.Umadessasaesextremadasfoiadissoluodossmbolosestaduaisemunicipais, cujoshinos ebandeiras foram proibidos, umav e z q u e dever i am sersubstitudosapenas pel o cul to bandeira epeloHino Nacional. Numa bizarracerimniarealizada no Rio de Janeiro, com grandepompa eformalidade, emnovembrode1937,asbandeirasdosestadosbrasileirosforamqueimadasnumapiraempraapblica,napresenadochefedanao,obedecendo-seaumtpicoroteiroda ri tual sti ca nazifascista.Atendendo apedidos, Vargaspoupou abandeira d o RioGrande d o Sul , seuestado natal , d e s e r quei mada, mass e gui u c o m aagressivacerimniaincinerando todas as outras.Emsuasandanaspelosuldopas,numapassagemporBlumenausabendoqueomunicpiotinhaforteheranadacolonizaogermnica,Vargas discursou em prol do sentimentonacionalistaqueseugovernoprocuravaimplantar:OBrasilnoinglsnemalemo.umpassoberano,quefazrespeitarassuasleisedefendeosseusinteresses.OBrasilbrasileiro.(...)Porm,serbrasileironosomenterespeitarasleisdoBrasileacatarasautoridades.Serbrasileiroa ma r oBrasi l . possuir o sentimento que permite dizer:o Brasil nos deu po;nslhedaremoso sangue! A l g u n s especi al i stas d i s c ut e m adefinio d e ditadura fascista par a ogovernoVargas,que estaria mais pertod o for mat o d o caudi l hi smo edocoronelismo, tocomuns na histria daAmri ca Lati na ed o Brasi l . Vargasi mpl antou u m a s r i e demedidaspopul i stas, e m p r o l d a s classestrabalhadoras, enquanto seu ministro daJusti a n a poca, Oswal do Aranha,cumpr i a a s determinaes d o ldernacional: adissoluo d o Congresso,das Assembleias Legislativas Estaduaised a s CmarasMunicipaisdetodoopas,umduroatentadocontraademocracia.Comopassardotempo,Aranhasedistanciariadogoverno,depoisdediscordardevriosaspectosda poltica de Vargas, e preferiria servircomoembaixadorbrasileiroemWashington.A Constituio como as virgens: foifeita para ser violada.(Vargas tentando explicar a seu modo asimperfeiesdaConstituiobrasileirade 1934.) Poucagentesabequehaviaoutropolticoconhecidocomopaidospobres:eraoadministradorportugusdascapitaniasbrasileiras,LusDiogoLobodaSilva,nosidosde1763,emMinas Gerais.Mas foi Getlio Dornelles Vargas quemficoumaisconhecidoporesseapelido,criadopeloseuDepartamentodeImprensaePropaganda,otemidoDIP.Advogado, nasceu em So Borja, no RioGrandedoSul,nafronteiracomaArgentina,nodia19deabrilde1882.VargassetornouopolticoqueestevemaistemponalideranadoBrasil,depoisdosimperadoresd.PedroIed.Pedro II.UmaforteoposioaocomunismoeaaproximaocomoregimefascistaderamaogovernoVargasumteordeextremadireita.DepoisdesufocaraRevoluo Paulista de 1932 e garantir aConstituiode1934,VargascriouaLei de Segurana Nacional, no incio de1935. Com o Golpe de 1937, instituiu oEstadoNovo.Maislembradoporsuasinclinaes para o nazifascismo,VargasinstituiuasleisdotrabalhonopasepromoveuumapolticadualistacomaAlemanhaeosEstadosUnidos,fomentandoosinteresseseconmicosdesses pases com o Brasil.Contudo,acabouoptandoporumaaliana com os americanos, o que trouxevantagens aos brasileiros.Entre elas, a de obrigar Vargas a aceitaravoltadademocraciaaopas,quandose deparou com a grande contradio deenviartropasparaalutacontraototalitarismoalm-mar.Foidepostoparavoltaraopoderem1951,eleitopelo povo. Oferta de direitos, mas sem liberdadeDur ante s u a l o nga permannci a nopoder, Vargaspromoveu uma ditaduraimplacvel, ma s t eve d e l utar contrai nsurgnci as i nter nas: aRevoluoPaul i sta de1932easIntentonasComunistade1935eIntegralistade1937.Duranteesseperodo,ocorrerama l guma s i mpor tantes mel hor i as noBrasil, como a s reformas n o CdigoPenalenasleistrabalhistas(ConsolidaodasLeisdoTrabalhoCLT),muitasathojeemvigor,depoisdereceberempequenosajustesdesdesuaimplantao.Foramcriadosmi ni s t r i o s , s e c r e t a r i a s , escolaspblicas euniversidades, euma grandequantidadedenovosmunicpiossurgiuno mapa do pas.Vargasinstituiu a carteira de trabalho, oTri bunal d a Justi a d o Trabal ho, osalrio-mnimo,aestabilidadenoempregodepoisdedezanosdeservio(revogadas e m 1965) eodescansosemanal remunerado. Regulamentou otrabalho dosmenoresdeidadeedamulher e a jornada noturna. Fixou as oitohorasdetrabalhodirias eampliou odi rei to d e aposentadoria at odos ostrabalhadores urbanos. Foiumenormeavanonaestruturanacional,apesardaplena vigncia de uma ditadura.Essereconhecimentoserviriaparaseuretornoaopoder,pormeiodovotopopular, em 1951.Entretanto,oEstadointerferiacadavezmaisnavidadocidado.Latifundiriosecor oni s a i nd a exer ci am grandei nfl unci a n a pol ti ca, a p e s a r dasprometidasmudanas do novo governo.O s industriais, aembrionria classem d i a eosmilitares passar am aparticipar ma i s d o quadro soci al . Opresidente Roosevelt, emsuavisitaaoBrasilem1936,foicapazdefazerumelogiosurpreendenteaoditadorbrasileiro, a o declarar que el e er a umdos responsveis pel a implantao doNew Deal (plano econmico para salvaraeconomia americana): Duas pessoasinventaram o New Dealopresidented o Brasil eopresidente d o s EstadosUnidos.Esse elogio tentava criar u m cl i ma dereciprocidade aos interesses mtuos dosd o i s p a s e s : o s Es t a d o s Unidoscomeavam uma jornada para recolocarde p sua economia industrial, depois daquebradaBolsadeValoresdeNovaYork, em 1929.OBrasillutavaparadesenvolversuaincipienteindstria.Ambosforamobrigadosa buscar acordos com setoressindicais e industriais e suas lideranas,a s s i m c o mo oempresariadoeoslatifundirios.Recuperandomemrias:aheranatotalitriadeVargasMuitosefaloudassemelhanasentreoregimedeVargas e o nazifascismo. De fato, houveatumintercmbioentreafamigeradaGestapo(polciadoEstadonazista)eapolciapolticadeVargas,visandoprincipalmenteaotreinamentoecolaboraoanticomunista.FilintoMller,chefedoaparatorepressordoregime,promoviaacaa,aprisoemesmoatorturadeopositoresdogoverno. O famoso discurso pr-fascistadeVargas, proferido em junho de1940,faziaalusesaosgrandesfeitosdaspotnciasdorecm-formadoEixo(Alemanha,ItliaeJapo)einsinuoulegitimarejustificarosdireitosdasnaesfortes,oquedeixouosamericanospreocupadosquantoaoBrasilsetornarumpontodeexpansonazifascistanaAmrica.Oefeitocolateral imediato desse pronunciamentodeVargasfoiadecisodeWashingtondeintensificarasrelaespoltico-econmicascomoBrasil,procurandooferecermaisvantagensqueosrivaisalemes.InspiradopelosafagosdeRooseveltepelasmudanasdeHitlerna Alemanha,Vargas sentiu-se vontade para realizaroGolpede1937,estendendoseuperodonopodereimplantandoaditaduradoEstadoNovo.Umadasjustificativaseraarepressodosmovimentosdeesquerdaquefuncionavam no Brasil com apoio diretodeMoscou,comofoiocasodaInternacionalComunista,organizaocomandadaporLuisCarlosPrestesquepretendia demover Vargas do poder. AoinstauraroEstadoNovo,nomeinspiradonaditaduradeSalazar,emPortugal,oestadodeguerraquejvigoravadesde1930continuouvigente no pas.O projeto de HitlerDo outro lado doAtlntico, avirada dadcada d e 1930 mostrava a o mundo anovaAlemanha, idealizada pelo regimena z i s t a deAdolf Hi t l e r : umasuperpotnciaregidaporumaraasuperioreconseguindoonecessrioespaovital,pleiteadopelosalemesenegadodurantetantotempopelasnaesdaEuropa.Aosqueaindahojeacham que a s intenes reais d e Hitlerp a r a aAl emanha p o d e m t e r sidomanipuladas e distorcidas para justificaraguerra,bastasaberquedesdeosprimeirosexemplaresdo MeinKampfsuacartilhadonazismoemdoisvolumes,lanadaemjulho d e 1925 j estavam explcitas a s evidncias dasupremacia ariana e doantissemitismo eescravizao d a s raas inferiores, tonecessrias p a r a aformaodoIIIReich.CampanhasdamentiraUmadasmaioresarmasdasditadurasamentira,usadacomoartifcioparajustificarasaesviolentasdoEstado.Em muitos momentos, os nazistas usaramfalciaseardisparadesencadearmedidasquecausassemespantoeaumentassemospoderesdogoverno,comooincndiopremeditadodoReichstagoprdiodoParlamentoalemo,cujaculpafoijogadasobreosjudeus,comunistaseopositoresdeHitler.OuquandooFhreranunciavaemseusdiscursosquenoqueriasaberdaTchecoslovquia,paradaliapoucoocup-lamilitarmente. AtainvasodaPolniafoibaseadanamentiradequetropaspolonesasinvadiramoterritrioalemo.NoBrasil,umartifciocriadoparajustificar o golpe getulista de 1937 foi adescobertadeumsupostodocumentosecreto elaborado pelos comunistas paraa tomada do poder, que recebeu o nomedePlanoCohen.Naverdade,otaldocumentofoiforjado,arquitetadoporintegrantesdoprpriogoverno,apenaspara justificar o golpe de Estado e assimoficializaraditaduranopas.RedigidopelocapitoOlmpioMouroFilho,chefedoserviosecretodaAoIntegralistaBrasileira(AIB),afarsadoPlanoCohenseriadesvendadaapenasem1945,comofimdoEstadoNovo.MesmoOswaldoAranhafoicapazdetramaremfavordesuacausa,quandoforjouumplanosecretodosnazistas,supostamenteredigidoporummilitaralemo,querevelavapontosdeinsurgncia de grupos do Eixo no Brasil,certamentecriadocomointuitodeprejudicaraalagermanfiladentrodogoverno Vargas.Hitler tambm promoveu o rearmamentoal emo, me s mo c o m a s restriesimpostas a o tamanho d e s e u Exrcitop e l o T r a t a d o d e Versalhes.Secretamente, asfbricas alemsfundiam novos armamentos. ALiga dasNaes f a zi a v i s t a grossapara asindstrias blicas alems, que ajudavama gerar renda para reerguer a combalidaeconomi a d o p a s . U m poderosocongl omerado d e empr es as alems,conhecidocomoI.G.Farben,apoiouesustentoueconomicamenteopartidonazistaea ascenso de Hitler ao poder.Bancos , j or nai s eout r a s entidadesembarcaram noapoio a o s pl anos doFhrerd e r econstr uo nacional.Incontveis l evas d e jovensalemeseram doutrinadas para, dentro de poucosanos, servirem como soldados do Reich.Com a retomada dos territrios perdidosn a Pr i mei r a Gue r r a , r esul tado deacordospaliativosassinadospelaInglaterra e pela Frana, feitos na ilusodeaplacaras demandas alems, Hitlerseguiu com a expanso do Reich: anexouaustria,ocupouaTchecoslovquiaeinvadiu a Polnia, depois de assinar umacordosecretoparadividi-lacomosrussos.OpactoentreHitlereStalinfoiesquecido depois do fim da guerra, umavezqueos russos sempr e aparecemcomo uma das potnciasAliadas. Nosplanos secretosentrealemeserussos,estavaadivisodoLesteEuropeuemzonasdeinfluncia,o q u e foirevelado apenas c o m aliberao dedocumentos guardados durantedcadas,quevieramapblicoapsocolapsosovitico, em 1989. Alemanha e URSS, antigos aliadosSeumditadortemsempreoqueaprendercomoutro,essefoiocasodeHitler,um ferrenho anticomunista, masq u e j admi r ava St a l i n d e s d e suaascenso como lder sovitico, com seusmtodoseficazesdecentralizaoemanutenodopodereperseguio eeliminao d o s inimigos d o governo,nos quais os nazistas seinspiraram paracriar sua mquina de governo, alm dosfamigerados campos deconcentrao,o nd e j untavam i ni mi gos d o partido,minorias raciais ereligiosas edemaisindesejveis, para depois serem usadosc o mo m o d e o b r a e s c r a v a oueliminados d e forma sistemtica, numadas pginas mais negras d a histria dahumanidade: o Holocausto.Ma i s tar de, atraioeira i nvaso daUnio Sovitica pel os nazistas, e m 22dejunho d e 1941, p s f i m a o cnicopacto de no agresso firmado entre osdoisditadores.Apesardasmuitasdiferenas,umagrandeafinidadeentreHitler e Stalin se encontra no fato de queambos esto no topo da lista de maioresassassinos dahistria, depois d o rastrosangrento d e milhes d e vidas ceifadasdurante seus regimes de terror.O papa! Quantas divises ele tem?(FrasedeStalinnumaconversacomoldercomunistafrancsPierreLaval,aocriticarainflunciadoVaticano,em 1935.) O braso de armas da extinta Unio dasRepblicasSocialistasSoviticasmostravaosmbolodocomunismoafoiceeomartelosobreomapa-mndi.DepoisdocolapsodaUnioSoviticaedofimdaGuerraFria,algunshistoriadoresrussosaventaramahiptesedequeaSegundaGuerraMundialouaGrandeGuerraritica,comoconhecidanaRssiafoimeticulosamenteplanejadaporStalinparaabalarocapitalismoeespalharocomunismopelomundo.Emsetratandodessepersonagemambicioso,astutoemanipuladoraoextremo,essaversoparaoinciodaguerranopareceimpossvel.Deorigemhumilde,StalinnasceunacidadedeGorieestudouemumaescoladepadresnacidadedeTbilisi,ambasnaGergia,hojeumarepblicaautnomadoCucaso.Desdecedo,juntou-seaosdescontentescomotsar Nicolau II, quando adotou o apelidode Stalin (homem de ao).Lutounaclandestinidadeorganizandogreves,agitaes,manifestaeseatumassaltoaumbancoemTbilisi,ondequarentapessoasforammortas.Essaseoutrasacusaeslhevaleramseisprises,dasquaisfugiuquatrovezes,eumadeportaoparaaSibria,em1913.AliadodeLenindesde1903,ajudounoplanejamentodaRevoluoRussaetornou-seeditordojornalcomunista Pravda (A Verdade).Emabrilde1917,quandoseaproximavadofimaPrimeiraGuerraMundialdaqualStalinescapouporque tinha problemas no p e no braoesquerdos,oImprioGermnicodecidiu incentivar e apoiar a RevoluoRussa,permitindoqueLenincruzasseaAlemanhavindodaSua,paraondehaviafugido,naesperanadequeolevante contra o tsar ajudasse a Rssia adepor armas. Stalin foi eleito secretrio-geraldoPartidoComunistaem1922.Aps a morte de Lenin, em pouco tempoinstalouumsistemadegovernovoltadoparaocultopersonalidade,numEstadomilitarepolicialqueoprotegiaelhegarantiamaispoder,enquantoapopulaorussaseguianamaisopressiva misria.OstentculosdoregimesoviticochegaramatoBrasil,quetinhavriasclulasdepropagaodocomunismoapoiadas por Moscou. Stalin perseguiu ematou aos milhes opositores do regime,judeusedemaisminoriasreligiosas.Entre1935e1938,temerosodecompls e conspiraes, eliminou quasetodo o alto-comando sovitico, e 13 dosseus15generaisdeExrcitoforammortos.Grandepartedooficialatofoipresaeenviadaparacamposdeprisioneiros,ostemidosgulags(instituiessoviticasencarregadasdeadministrartodososcamposcorretivos),paraondeiamosinimigosdo Estado, isso tudo antes de explodir aSegundaGuerra.Stalinadmiravaosnazistas. Em agosto de 1939, juntamentecomseuministrodoexterior,ViatcheslavMolotov,encontraram-secomoenviadodeHitler,Ribbentrop,paraformalizarumpactodenoagressocomaAlemanhaequepromovianasurdinaadivisodoLesteEuropeuentreHitlereStalin.OacordodurouatainvasodaRssiapelosnazistas,em1941.Stalinnoacreditouquandoseusassessoresmilitaresreportaram a invaso alem.Tevequeadministrarasquestesiniciaisdaguerra,maslogodepoisconseguiu reerguer o Exrcito Vermelhocomoumamquinainquebrvel,mantendo a produo de armamentos emplenaguerraevirandoamarcontraHitler.Paraisso,depoisdeemitirsuasordens,costumavadizeraocomandado:Sevocfalhar,vaificarumacabeamaisbaixo.DuranteosencontroscomlderesAliados,RooseveltsereferiaaStalincomouncleJoe(tioJos),emsuasconversasreservadascomChurchill,queoexecrava.Stalinfomentavaumalutadevaidadesentreseusgenerais,eomaisfamosocomandantesovitico,generalGeorgyZhukov,elevadocategoriadeheripelaconquistadeBerlim,sofreuumacampanhadedifamao,paraquenoameaasseapopularidadedoldersupremonops-guerra.Morreuemmarode1953,edeixouumex-companheironopoder:NikitaKhrushchev.JaadmiraodeHitlerporBenitoMussolinicomeoucomatomadadopoder pelos fascistas na Itlia, em 1922.Osucesso do fascismo inspirou oldernazista acomandar ofrustrado Putsch(golpe d e Estado), numa cervejaria emMunique, em1923. Hi tl er f o i preso,j ul gado econdenado au m a n o decadeia, tempo n o qualaproveitou paragerminar omanual d o nazismo, olivroMein Kampf ( Minha luta), lanado trsanos depois.Enquanto i sso, Mussolini seguiu comolder inconteste dos italianos, tentandoreviveroapogeudoImprioRomano,aumentandoseupoderiomilitareinvadindo pases. Mais adiante, desde oprimeiromomentocomo Fhrer,Hitleraproximou-see aj udou s e u ami go edolo fascista e m vrias circunstncias,antes e ao longo de toda a guerra.Em 1940,Alemanha eItlia assinam oPacto deAo, base para aformao doEixo. Frente s dificuldades encontradaspelositalianosemmanterosterritriosqueinvadiram na Europa Mediterrnea(Albnia, Macednia eGrcia), pois jestavamperdendoascolniasdolestedafrica(achamadafricaOrientalItaliana:Eritreia,Somlia eEtipia).Depois d e perderem esses territrios,t r o p a s a l e m s foramenviadas ems ocor r o a o s fasci stas. Ochanceleritaliano na poca, conde Galeazzo Ciano genro de Mussolini no apreciavao s devaneios belicistas alemes ejal ertava oDucedoperigodeumaparceriacomHitler.Defato,comeadaaguerra,com a s dificuldades militaresitalianas na Grcia e no norte da frica,culminandocom ainvasoAliada Siclia, houve grande insatisfao deboa parte d o governoitaliano,apontodeoprprioGrandeConselhoFascistaresolver depor Mussolini.Omarechal Pi etro Badoglio assumiu,pr ovi sor i amente, c o m o primeiro-ministrouma Itl i a dividida entr e osainda fiis a o Duceeo s monarquistasdo rei Vtor Emanuel III, que depuseramarmasem1943,depoisquenegociaramemsegredoumarmistcio c o m osAliados, s e m d a r qualquer satisfaoa o s alemes.Aumentava odramaitaliano, depois dessa afronta a o Pactode Ao, enquanto os alemesocupavamo sul do pas e os Aliados subiam desdeo norte da frica, a Siclia e apontadabota italiana. Mussolini foi destitudo dopoderepreso,maslogolibertadodacadei a, n u ma o us a d a oper ao deresgate realizada por um comando da SSenviado por seu amigo Hitler. Foi apsafuga que oDucefundou ecomeou ac oma nda r aRe pbl i c a SocialistaItaliana (RSI), o u Repblica d e Sal,no me dacidade n o nor t e d a Itliaescol hi da p a r a capi t al d o governofascista, na regio daLombardia.Nessecenrio foi montada a ltima resistnciaentreosantigosparceirosdoEixocontraaofensivaAliada,aolongodacadeiamontanhosadosApeninos,queseria palco das aes dos brasileiros emcombate, no final de 1944.Outro episdioque colocoulado aladoalguns dos maiores ditadores da histriaf o i oapoi o d e Hi tl er aFranciscoFr a nc o , d ur a nt e aGu e r r a CivilEspanhola.Alutacontra ocomunismofoi aproveitada pelas foras alems paratestarem seusequipamentos e tticas, de1936 a1939, eapoiarem u m golpemilitar chefiado por Franco. O sangrentoconflito serviu a o s alemes como umgr a nde exempl o dapropagandadofascismo contra a democracia.A s foras franquistas, apoiadas pelosna z i s t a s , c o mb a t i a m a s forasrepublicanas, q u e e r a m apoiadas porMoscou e agregavam um sem-nmero dede f e ns or e s d a c a u s a socialista,provenientes d e t odos o s cantos domundo, a t dosEstados Uni dos, daFr ana, d a Ingl aterra ed e demaisvoluntrios na luta contra os franquistas.No final d a contenda, oditador Francose firmou no poder e deixouuma dvida,que dificilmente conseguiria pagar, comseu grande apoiador, Adolf Hitler.Deformasurpreendente,oditadorespanholnegouapoioaosnazistasem1940,durante seu encontro com Hitler,na fronteira com a Frana j ocupada. OFhrertentouconvenc-lodejuntar-seaoEixo,ouqueaomenosdeixasseastropasalemscruzarem aEspanha paraa t a c a r o s i ngl eses n o es tr ei to deGi br a l t a r , estratgicoportodoMediterrneo.Francoalegouquenotinha condies de se aliar ao Eixo, umav e z q u e s e u p a s encontrava-sedestroado, depois dos trs longos anosda guerra civil.Foi, sem dvida, uma deciso corajosa ad o di tador espanhol , q u e n o tevereceios e m contrariar Hitler. Se muitosacusam Vargasdas ambiguidades de suapoltica oportunista entre WashingtoneBerlim, Franco, compadre d e Hitler,recebeubenefciosdosingleses,quederamalimentosedinheiroparaqueaEspanhacontinuasse neutr a, c o m osrepublicanos n o poder erepelindo ocomunismo,enquanto o s nazistasreceberam mai s d e 4 5 mi l voluntriosespanhis pa r a l utar nafrente russa,me mb r o s d a Di v i s o A z u l . Ogener al s s i mo F r a n c o , ditadorcontemporneo d e Hi tl er, Mussolini,Stalin eVargas,a o contrrio d e seuscongneres,permaneceunopoderdurantedcadas,atsuamorte,em1975.Desmoralize o inimigo por dentro, desurpresa,peloterror,sabotagemeassassinato.Essaaguerradofuturo.(AdolfHitler,em1939,antevendoosmtodos da Al-Qaeda.)AdolfHitlerreconhecidocomoomaiorvilodahistriamoderna.Seubigodeficoumaisconhecidoentreosconespopulares,muitoalmdobigodedeCarlitosoudasorelhasdeMickeyMouse.MuitoseescreveuemuitosecriousobreHitler,nointuitodedesvendaramentedoinimigonmeroumdahumanidade.Masoaspectomaisassustadordoperfildessehomemelevadocategoriadeanticristoeraofato de que se tratava de uma criatura decarneeosso,quefoicapazdelevaromundoaoestadodeguerratotal,aniquilaoemorte.Nascidoem20deabrilde1889,naustria,eraumdosseis filhos de Alois Hitler e Klara Plzl.Trsdeseusirmosmaisvelhosmorreram ainda crianas, e ao completartrsanossuafamliafoimoraremPassau,na Alemanha.Trsanosdepoismudaram-separaHafeld,ondeseupaitornou-sefazendeiroecriadordeabelhas.Porironia,Hitlerpassouaseinteressar por guerra depois de achar umlivrosobreaGuerraFranco-Prussianaentreospertencesdeseupai.Frequentouaescolacatlicanummosteiro beneditino do sculo XI, onde,curiosamente,oplpitoeradecoradocomumasusticaestilizadanobrasode um abade. Aos oito anos, Hitler tinhaaulas de canto, cantava no coro da igrejae chegou a pensar em ser padre. A mortedeseuirmomaisjovem,Edmund,porsarampo,afetouseriamenteodesempenhodeHitlernaescola,ondeeraconsideradoumexcelentealuno.Tornou-seinsolenteebrigavaconstantementecomseusprofessoresecomopai.Apesardeseinteressarporarte,HitlerfoiobrigadoaestudarnaRealschule1 em Linz, onde 17 anos maistarde Adolf Eichmann tambm estudaria.Nessapocatornou-seobcecadopelonacionalismoalemo.Juntoaseusamigos,usavaasaudaotpicaalemHeil!ecantavaohinonacionalalemoemvezdoaustraco.Depoisdamortesbitadeseupai,HitlerabandonouaescolaeviveuumavidabomiaemViena,apoiadopelame.Emboratrabalhassecasualmenteevendessealgumas de suas aquarelas, foi rejeitadoduasvezespelaAcademiadeArtesdeViena,porsuainaptidoparaapintura,erecomendadoparaaarquitetura,naqualtambmnofoibem-sucedidoporter currculo acadmico insuficiente.Em1913mudou-separaMuniqueeemagostode1914foiaceitonoExrcitoImperialalemo.Serviuna1aCompanhiado16oRegimentodaReservaBvaracomoestafeta(mensageiro).Em1914,foiferidonaBatalhadoSommeecondecoradoporbravura com a Cruz de Ferro de SegundaClasse.Durantesuasatividades,realizoutrabalhosdearte,desenhandocarteseboletinsparaumjornalmilitar.Emoutubro de 1916, foi ferido na regio dacoxaedavirilhaporestilhaosdeartilharianatrincheiraondeestava(oque talvez explique o mito de que Hitlernotinhaumdostestculos).FoiindicadoerecebeuaCruzdeFerrodePrimeiraClasse,em4deagostode1918,condecoraoraramenteconcedidaaopostodesoldado(Gefreiter).Nodia18demaio,Hitlertambm recebeu a Insgnia de FerimentoNegra.Doismesesdepoisderecuperado,nodia15deoutubrode1918,ficoutemporariamentecegoporum ataque com gs de mostarda e foi denovohospitalizado.L,recebeuanotcia da rendio e foi vtima de novacegueira,dessavezemocional.Assimcomooutrosnacionalistas,Hitlerficouchocadocomaderrota,atribudaaoslderescivisqueesfaquearampelascostasumexrcitoinvencvelemcombate,eoschamoudecriminososdenovembro.Avinganaviriaembreve, no intervalo de alguns anos.No caos institudo em meio Alemanhaderrotada,HitlerpermaneceunoExrcito,eemjulhode1919foiindicado como agente da inteligncia doComandodeReconhecimentoparainfiltrar-senoPartidodosTrabalhadoresAlemes.Ficouimpressionadocom seufundador, AntonDrexler,cujaretricanacionalistaantissemita,antimarxistaeanticapitalista era a favor de um governoativoenojudeu.Drexlertambmseimpressionou com a oratria de Hitler econvidou-oafiliar-seaopartido,oqueaconteceuem12desetembro,comoo55omembro.Maistarde,aumentandooapelodeassociados,onomefoialteradoparaPartidoNacional-SocialistadosTrabalhadoresAlemes,eHitlercriouoestandartecomumasusticanegrasobreumcrculobranconumfundovermelho.Apssuabaixa,Hitlerdedicou-seintegralmenteaopartido,sediadoemMunique,eganhounotoriedadeporseusdiscursosinflamadoscontraoTratadodeVersalhes.Depoisdesuaprisoecondenaopelafrustradatentativadegolpeem1923,escreveuaprimeirapartedolivroViereinhalbJahre[desKampfes]gegenLge,DummheitundFeigheit(Minhalutadequatroanosemeiocontramentiras,estupidezecovardia),quandocumpriaapenaemLandsberg.SeueditorencurtouottuloparaMeinKampf(Minhaluta),cujoprimeiro volume foi publicado em 18 dejulhode1925.Em1939,tinhamsidovendidosmaisdecincomilhesdeexemplares,oquefezdeHitlerrecordista e milionrio. At 1945, MeinKampfatingiumaisdedezmilhesdeexemplares,suplantadoapenaspelaBblia.OscriptdonazismoqueapresentavaaritualsticadeumaperawagnerianacomHitlernocentrodopalcofuncionoubem,masoReichdosmil anos terminou em apenas 144 meses,comseugranderegenteencurraladonuma ratoeira no subsolo de Berlim, em30deabrilde1945.Quasenadasefalou dos poucos alemes que resistiramaonazismoeatentarammaisdevintevezes contra a vida do Fhrer, mas essatarefacoubeaelemesmoexecutar.ArecentedivulgaodequeHitlersupostamentetentouprotegerumconhecidoseuumjudeuquefoiseucomandanteduranteaPrimeiraGuerradaperseguiodoregimenodiminuiuemnadaocartermonstruosodapolticaantissemitaqueliquidoumilhes de inocentes durante a guerra. 1TipodeescolasecundriadaAlemanha.4. O PNDULO DE VARGASHa v i a m a i s d e u m mi l h o dedescendentes d e alemes no Brasil em1940. OBrasil era opas com omaior nmerode membros do partido nazista fora daAlemanha,comcercadetrsmilintegrantes.Seessenmerofossecomparadocomas dezenas d e milharesd e i nt e gr a nt e s d a InternacionalComunista n o pa s, norepresentariamuita coisa.Amaioria dos diretores deempresas efirmas alems noBrasil eraformada por representantes d o partidonazista, mas os imigrantes maisantigos,chegados a o pa s n o fi nal d o sculoXIX, no tinham uma ligao muito fortecom a nova Alemanha.Antes mesmo d o comeo d a guerra, osconsul ados a l e m e s r eceber am umgrandenmerodepedidosdereriamento,emrespostaaoschamadosdeHitlerparaareconstruo d a me-ptria. Ointercmbio realizado entre aGestapo eapolcia doDistritoFederaltinhacomoobjetivoalutacontraocomunismo, j que na Alemanha ficava as e d e d o gabi nete Ant i - Komintern,enti dade cr i ada p a r a l ut ar contr a ocomunismo internacional.Haviatambmentidadesdogovernoalemocriadasparadarapoiosaesde grupos nazistas no exterior, chamadasd e Auslandsorganisationen(organizaesestrangeiras), a l m daFrente Alem de Trabalho, na tentativad e tr azer t o d o equalquercidadoalemo ao redor do mundo para o Reich.Ostemoresdainfluncianazista nospases sul-americanos ganharam provasconcretas quando, e m vriascidadesbrasi l ei ras, especi al mente e m SoPaulo, os colgios eentidades culturaisalemesseprovaramfortesferramentasde divulgao nazista.Depoisde1933,eracomumveroestandartecomasusticaeumafotodeHitlerem todas as escolas eclubes dascolnias alems. Ma s aapreenso decartilhas pregando o nazismo e filmes decarter doutrinrio justificaram as aesd o EstadoNovo n a pr oi bi o dapropagao d o partido nazista n o pas.Saber que haviaescolas com fotos deHitler e bandeiras com susticas (que setornou abandeiraoficialdaAlemanhaem1933)causaespantonosdiasdehoje, principalmente depois de Hitler terse tornado o grande vilo do sculo XX,mas tambm era comum verretratos der ei s, rainhas elderes na s escol as eentidades culturais de outros pasesquefuncionavam no Brasil. Espies no LeblonDurante aI I I Reunio d e ChanceleresAmericanos, n o R i o d e Janei ro, emjaneiro de 1942, as aes contra espiesnazistas, feitas com aajuda do governoameri cano ed a pol ci a d e Vargas,desvendaram um plano para assassinarOswaldoAranha, principal personagemda aproximao Brasil-Estados Unidos.Franz WasaJordan,umespionazista,foi preso. Ele recebeu ordens diretas deningummenosque Heinrich Himmler,chefe d a S S nazi sta, p a r a ma t a r ochanceler brasileiro, quepresidiriaareunionacapitalfederal,antesdesuarealizao,nacertezadequeissocausariagrandetranstorno,oquecancelariaoencontroeminariaoalinhamentodoblocoamericanocontrao Eixo.Terminadaaconferncia,comarupturadasrelaesdiplomticas,osmembrosdocorpodiplomticoalemoretornaram Alemanha, alguns seguindoparaBuenosAires, onde continuaramatuando na rede da Abwehr (gabinete dedefesa e informao nazista). Havia umaextensarededeespionagemalemagindonoBrasil,construda c o m oapoi o d a s comunidades d e imigrantesque trabalhavam pela difuso dos ideaisdo regime.Emalgummomento,issoserviriaaosinteressesexpansionistas,aosealegarqueas t e r r a s o n d e vi vi a m essesDeutschbrasilianer(teuto-brasileiros)poderiam se tornarpossessesalems eser anexadas como territrio do Reich.ApreocupaodogovernoamericanoemanularasaesdesimizantesdoEixodentro dos Estados Unidos levou criao de um gabinete especial do FBI,denominado SIS Special IntelligenceS e r v i c e ( Se r v i o d e IntelignciaEspecial),queconseguiudesbaratarasaesdeespiesesabotadoresnazistasque agiam nos Estados Unidos.O s ser vi os efi ci entes d o S I S seestender am p o r t o d o ocontinenteamericano,operandocentraisinstaladasemvriospases,numacomplexaredede informantes e agentes, e chegaram aoBrasil ai nda e m 1941. D e agosto de1 9 4 2 e m diante,ocorreriam vriasoperaes para desarticular o s espiespr - Ei xo, q u e passavamadiante aposio nos portos, a rota dos navios nac o s t a , omovi me nt o d a s rulhasantissubmarinasequalqueroutrainformao que parecesse importante.AAbwehr reportava t o d o t i p o deinformao recebida d e seus espies einformantes ao OKW Oberkommandoder Wehrmacht(Supremo Comando dasF o r a s Ar ma d a s a l e m s ) . Quemchefiava esse gabinete er a oalmiranteWilhelmFranz Canari s, q u e ficariaf a mo s o p o r di s cor dar d a s aesgenocidas alems,repassar informaessecretas aos Aliados econspirar contraHitler. Canaris foipresoecondenadomorte em abril de 1945.AAmri ca Lati na estava repl eta deespies eagentes duplos pr-Eixo, quevendiam informaes edocumentos aosnazistas, alm de promover sabotagens,especialmente n a for ma d e boatos eintrigas polticas. Os integrantes dessesgruposeramchamadosdequinta-coluna.Umdosboatosqueconseguirammaiorprojeosurgiu logodepois d o s torpedeamentos d e naviosbrasileiros, q ue davam osamericanosc omo o s verdadeiros cul pados pelasaes, para forar oBrasil adeclararguerra Alemanha.Napoca,muitagentechegouaacreditarnisso,e,mesmodepoisdaguerra,osmais chegados s teoriasconspiratrias a c e i t a m e s s a versoc omo u ma verdadeocultadosfatosoficiais,apesardaexistnciadeinmerosdocumentoslegtimosnosarquivos alemes, ingleses e americanosq u e c ompr ova m a s a e s dossubmarinosalemeseitalianosnoAtlntico Sul.As aes dos espies do Eixo no Brasileram de conhecimento de Washington, e,al m das operaes d o SIS, oprpriogener al Ge or ge Mar shal l interpeloudiretamenteseucolegaGesMonteiro,chefedoEstado-Mai