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Livro 13 ICEPAR - Instituto Cristão de Ensino e Pesquisas Avançadas do Reino Edson de Almeida e Franzen www.teologiapelainternet.com.br 1ª Edição Digital - Dezembro/2009 - 2ª Edição Digital - Novembro/2010

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Livro 13

ICEPAR - Instituto Cristão de Ensino e Pesquisas Avançadas do Reino

Edson de Almeida e Franzen www.teologiapelainternet.com.br

1ª Edição Digital - Dezembro/2009 - 2ª Edição Digital - Novembro/2010

Formação de Liderança e Ministério Cristão Visão Geral da Versões Bíblicas

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Í N D I C E A N A L Í T I C O

1. Introdução ................................................................................................................................ 4

1.1. Erros Bíblicos............................................................................................................................... 4 1.2. Por que um Livro sobre Versões Bíblicas ................................................................................. 5

2. Introdução aos Manuscritos Bíblicos................................................................ 8

2.1. Não existe nenhum manuscrito original do Antigo ou do Novo Testamento ......................... 8 2.2. O que é Manuscrito ..................................................................................................................... 9 2.3. Em busca dos manuscritos antigos ............................................................................................ 12

3. Manuscritos de Qumran................................................................................................... 18

3.1. A História da Descoberta............................................................................................................ 18 3.2. O que Foi Encontrado................................................................................................................. 23 3.3. Manuscritos do mar Morto pela Barsa ..................................................................................... 25 3.4. Quem são os Essênios .................................................................................................................. 26

4. Traduções e Versões ............................................................................................................ 32

4.1. VERSÕES DO ANTIGO TESTAMENTO ............................................................................... 32 4.2. VERSÕES DO NOVO TESTAMENTO ................................................................................... 35 4.3. A BÍBLIA EM PORTUGUÊS.................................................................................................... 37 4.4. MANUSCRITOS GREGOS....................................................................................................... 41 4.5. As primeiras traduções do Antigo Testamento......................................................................... 45 4.6. Tradução da Bíblia Completa (Antigo Testamento e Novo Testamento)............................... 46 4.7. Breve Histórico das Versões Portuguesas ................................................................................. 49 4.8. Outras Versões............................................................................................................................. 53 4.9. Comparativo de Versões ............................................................................................................. 54 4.9. Hermenêutica - A Ciência da Interpretação Bíblica ................................................................ 55

5. Suas Perguntas e Respostas ............................................................................................ 58

6. Bibliografia ................................................................................................................................ 62

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Introdução

II Timóteo 3: 16-17: Toda Escritura é inspirada por Deus é útil para o ensino, para a repreensão, para a

correção, para a educação na justiça, a fim de que o homem de Deus seja perfeito e

perfeitamente habilitado para toda boa obra.

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1. Introdução

1.1. Erros Bíblicos 1. A Bíblia está CHEIA de erros

- O primeiro erro foi quando Eva duvidou da Palavra de Deus; - o segundo erro aconteceu quando seu esposo fez o mesmo; - e assim erros e mais erros ainda estão sendo cometidos... - Porque as pessoas insistem em duvidar da Palavra de Deus.

2. A Bíblia está CHEIA de contradições - Ela contradiz o orgulho e o preconceito; - Ela contradiz a lascívia e a desobediência; - Ela contradiz o seu pecado e o meu.

3. A Bíblia está CHEIA de falhas - Porque Ela é o relato de pessoas que falharam muitas vezes; - assim foi com a falha de Adão; - com a falha de Caim; - e a de Moisés; - bem como a falha de Davi e a de muitos outros que também falharam. - Mas Ela é também o relato do amor infalível de Deus.

4. Deus NÃO ESCREVEU a Bíblia - Para pessoas que querem jogar com as palavras; - para aqueles que gostam de examinar o que é bom mas sem fazê-lo; - para o homem que não acredita porque não quer.

5. O homem moderno DESCARTOU os ensinamentos da Bíblia - Pelas mesmas razões que outros homens têm descartado através da história; - por grande ignorância, a sua verdadeira mensagem e conteúdo; - intransigente apatia em recusar considerar suas declarações; - bem conhecidos pseudo-cientistas posando de críticos honestos; - convicção secreta de que este Livro está certo e de que os homens estão errados.

6. Somente uma pessoa PRECONCEITUOSA acreditaria que - Os ensinamentos bíblicos são passados e irracionais, sendo princípios arcaicos e sem propósito; - a Bíblia está cheia de discrepâncias e afirmações inaceitáveis; - Ela só poderia ser trabalho irrelevante e não inspirado de meros homens.

7. A Bíblia é, afinal, somente mais um LIVRO RELIGIOSO - Para milhares que não se arriscam serem honestos consigo mesmos e com Deus; - para aqueles que tem medo de aceitar o desafio do próprio Deus a um exame honesto; - para aqueles que não querem examiná-la a fundo porque Ela diz verdadeiramente como os homens são.

8. E você não pode ENTENDER ou CONFIAR no que a Bíblia diz - A menos que você esteja disposto a considerar as evidências e encarar face a face o AUTOR!

Tradução de texto escrito por Winkie Pratney.

Versículo para meditação: "Tudo quanto te vier à mão para fazer, faze-o conforme as tuas forças, porque na sepultura, para onde

tu vais, não há obra, nem indústria, nem ciência, nem sabedoria alguma." Eclesiastes 8:10

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1.2. Por que um Livro sobre Versões Bíblicas - Porque existem tantas versões da Bíblia? - Qual a melhor versão Bíblica? - Quantas versões existem? - Qual a diferença e similaridade de cada versão? - Por que aquela outra versão não tem todas as palavras que a minha? - Qual a versão certa? - Será que mais de uma pode ser certa? - Se há mais de uma certa, por que existem diferenças? - Quando foi a primeira vez que uma parte da Bíblia foi traduzida para outro língua? - Será que todos os povos do mundo já possuem pelo menos uma parte das Escrituras em sua língua?

Este livro responde estas questões e serve para ajudar você a:

1. Entender as diferenças entre as várias versões da Bíblia e assim ter confiança nelas; 2. Acostumar-se a ler as diferentes versões e assim entender melhor o que a Palavra de Deus diz.

Todas as versões são úteis! As que seguem mais de perto a forma do grego e do hebraico são especialmente úteis para um estudo

cuidadoso. Essas versões são chamadas literais-modificadas. Ou simplesmente mais literais. Por outro lado, para o povo em geral, é muito mais fácil entender as versões que usam uma forma mais

natural de expressão em português, em vez da forma das línguas originais. Essas versões são chamadas idiomáticas. Ou somente mais livres.

O propósito deste livro é mostrar o valor e a utilidade das várias versões da Bíblia para que você possa

tirar proveito de cada uma no seu estudo da Palavra de Deus. Mais uma vez queremos ressaltar que os que seguem um ou outro texto são igualmente estudiosos e

amantes da Palavra de Deus. Não devemos, portanto, deixar que diferenças nos textos afastem-nos de outros irmãos, nem das outras Bíblias que não costumamos usar.

Em princípio quero lhe dizer que não vamos descartar nenhuma versão. Pelo contrário. Vamos incentivar você conhecer e ainda ter todas, colecionar cada uma...

Confesso que sou um Bibliófilo. Bibliófilo é a pessoa que gosta de livros, especialmente raros e preciosos, e, frequentemente, os coleciona. A palavra “bibliófilo” deriva dos termos gregos “biblos”, que significa livro, e “philos”, com o significado de amigo. Importa distinguir bibliófilo de bibliómano e de bibliólatra.

O bibliómano coleciona e guarda livros de que gosta, como se fossem objetos, enquanto o bibliófilo tem um amor esclarecido pelos livros. Por sua vez, o bibliólatra venera os livros e os lê incessantemente, mas pode, efetivamente, não os adquirir nem conservar. Já o bibliófilo ama livros belos, os livros bons, os não tão bons e até os ruins, e os coleciona, mantém, protege...

No caso, a Bíblia, além de rara, é um livro belo, excelente e precioso. Quem a coleciona tem um especial prazer.

Por isto é que tenho dezenas de Bíblias diferentes de papel, algumas como uma raridade de 1929, em perfeito estado, que começa assim o Gênesis:

No principio creou Deus o céo e a terra. A terra, porém, era sem fórma e vasia; havia

trevas sobre a face do abysmo, mas o espirito de Deus pairava por cima das aguas. Esta Bíblia está na Nova Versão Brasileira (tradução exclusiva do Brasil), uma versão que até Ruy

Barbosa, Heráclito Graça e José Veríssimo participaram como consultores da tradução. A Versão Brasileira era chamada de Tira Teima, e falaremos mais dela neste livro. A dedicação pelos livros fez-me montar uma pequena Biblioteca Física de mais de 1000 livros, e uma

biblioteca digital com quase 3.000 livros. Confesso que ainda não estou satisfeito, pois existe uma série de livros, versões Bíblicas e Bíblias de Estudo que gostaria e preciso ter. Mas muitas vezes o preço é impeditivo.

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Estes preços elevados de boas Bíblias, levou-me então a também colecionar Bíblias digitais. Hoje, com a graça de Deus, tenho quase 100 Bíblias e versões diferentes. A maioria delas disponibilizo gratuitamente no site http://www.nbz.com.br/igrejavirtual/biblia.

O que quero dizer com este comentário inicial, é que o amor pela Bíblia veio quando nasceu o amor

pelos livros, lá quando tinha 9, 10 ou 11 anos. Meu pai ser um professor com uma biblioteca com quase 5 mil livros, ajudou bastante neste começo da paixão.

Naquela tenra idade, dentre todos os livros ali colocados, um me chamou a atenção e foi ser meu livro de cabeceira. Na época uma Bíblia Católica, com o livro de Provérbios e o livro Sabedoria, sendo dois dos meus livros favoritos. Em 1976, com 15 anos de idade aceitei Jesus como meu Salvador. E foi em 1978, com 17 anos, quando do primeiro curso teológico que iniciei a coleção de Bíblias.

Em 1997 e 1998 ministrava nas igrejas um curso de reconhecimento das versões bíblicas. Passado os

anos, pelo menos 10 novas versões bíblicas somente em português nasceram neste tempo. Este constante aparecimento de novas versões obriga-nos a constantemente estar nos atualizando com

os lançamentos, as mudanças em cada versão, o que a crítica textual diz, os elogios, as reclamações... Estar informado sobre as versões bíblicas custa muito tempo, determinação e dinheiro. Quem dera, no passado, eu pudesse ter um livro como este (o livro 13 - Visão Geral das Versões

Bíblicas), que resume todas as principais versões, fala de manuscritos, línguas e traduções bíblicas, além de fazer um Panorama Geral das Versões Bíblicas, e ainda disponibilizar pelo menos 53 versões Bíblicas diferentes para o estudo dos amantes da Palavra de Deus.

Se tivesse tido um livro como este, meu entendimento da Palavra de Deus teria sido mais rápido, mais

tranquilo e poderia ter me aprofundado neste estudo mais cedo. Lembro de quando consegui a primeira versão da Bíblia em formato digital. Estava num programa ou

formato chamado DBF (dBase e Clipper). Isto foi em 1994. Naquela época essa versão bíblica em DBF custava cerca de U$ 1000,00.

Tratei de fazer eu mesmo um programa melhorado para fazer pesquisa de palavras. E 2 anos depois já

tinha esta mesma Bíblia corrigida de erros de tradução e num programa para ambiente Windows, Windows 3.1 da época.

E resolvi então fazer um programa para pesquisa bíblica, e estudo comparado de versões, com várias

versões diferentes para estudo, um produto de nome Bíblia Comparada Multimídia. Este produto se assemelha à do CD Bíblia On Line da SBB ou à iLumina, mas evidentemente menor. E não tem certas desvantagens destas, como dificuldade de uso, licença para utilização do programa e dificuldade de uso. Incorporei outras facilidades que faço uso nos meus estudos.

Um dos objetivos deste livro, é passar para vocês um pouco que seja desta minha febre pelas Bíblias e

suas versões. "Sejam como criancinhas recém-nascidas, desejando sempre o puro leite espiritual,

para que, bebendo dele, cresçam e sejam salvos." I Pedro 2:2.

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Manuscritos

Porque em verdade vos digo que, até que o céu e a terra passem, de modo nenhum

passará da lei um só i ou um só til, até que tudo seja cumprido. Mateus 5:18.

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2. Introdução aos Manuscritos Bíblicos Entender como viviam os povos da Bíblia, em que época, quais seus costumes, que materiais utilizavam,

como eram seus cultos, que língua falavam, com que língua escreviam, quais suas leis, onde guardavam seus escritos. Conhecer e entender tudo isto nos aproxima ainda mais do real significado dos escritos bíblicos. É o que fizemos quando estudamos Geografia Bíblica e que continuaremos a fazer a partir de agora.

O autor do salmo 119 escreveu no versículo 105 que as Escrituras eram luz para o seu caminho. Mas

nas línguas originais: hebraico, aramaico e grego, não são luz para nós porque não as entendemos. Se as Escrituras nunca tivessem sido traduzidas, será que algum de nós teria salvação por meio de

Jesus Cristo? Agradeçamos a Deus as traduções já feitas e oremos pelos povos que ainda não têm as Escrituras em

sua língua.

2.1. Não existe nenhum manuscrito original do Antigo ou do Novo Testamento

O livro original que Mateus escreveu não se encontra mais conosco. O original do livro de Gênesis ou a 1ª carta de Paulo aos Coríntios, não está entre nós. Assim como todos os outros originais, eles se deterioraram. Viraram pó. Todavia antes deles desaparecerem pela velhice, pelo uso de material extremamente delicado e sujeito

à corrosão do tempo, eles foram copiados por escribas piedosos, tementes a Deus e cientes que somente uma cópia fiel destes valorosos e importantes livros, poderia manter a fé e a lembrança cristã até os dias de hoje.

Assim que o primeiro livro de Mateus começou a se deteriorar, ele mesmo, ou outra pessoa copiou-o. Esta cópia também começou a se deteriorar e foi novamente copiada. Antes que tivesse um triste fim, teve que sofrer mais uma cópia (e assim sucessivamente), para que

pudéssemos estar lendo nossa Bíblia hoje. Esta é a beleza, o segredo e o sucesso da Bíblia. Nenhum livro existente hoje foi criado desta maneira e se mantém entre nós hoje. Todas estas cópias chamamos de manuscritos: Textos ou desenhos escritos a mão. Algumas pequenas partes do AT foram escritas em aramaico. Durante o processo de cópia muitos copistas podem cometer erros. Afinal, o texto bíblico é muito longo.

Alguns não tinham vogais (palavras sem vogais podem dar margem a mais de um significado). Outros não tinham espaços entre as palavras. Outros não tinham os dois.

O próximo copista, provavelmente perpetuaria este(s) erro(s). Poderia acrescentar outros erros ainda.

De tal sorte que, quanto mais cópias de um mesmo original, mais erros provavelmente deveríamos encontrar.

Mesmo tendo desaparecido os manuscritos originais, Deus preserva a sua Palavra da maneira especial

até aos nossos dias. Portanto vamos aproveitar as várias versões para melhor conhecer o que Ele quer dizer-nos. Deus preservou a sua Palavra muito bem. Podemos ter completa confiança nela. Veremos que a maioria das diferenças não influem muito no que aprendemos de Deus por meio de sua

Palavra.

As Línguas da Bíblia Os manuscritos originais da maior parte do Antigo Testamento (AT) foram escritos em hebraico e do

Novo Testamento (NT) em grego. Quase todo o Antigo Testamento então foi escrito em hebraico, a língua dos israelitas antes do Cativeiro

na Babilônia.

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Uma pequena parte do Antigo Testamento foi escrita em aramaico, a língua que os israelitas falavam depois do Cativeiro.

O Novo Testamento foi escrito no grego comum da época, a língua mais conhecida no tempo dos

apóstolos. As partes em aramaico são Esdras 4.8-6.18; 7.12-26; Daniel 2.4-7.28 e Jeremias 10.11. Por não entendermos essas línguas, faz-se necessário haver traduções para o português. Assim sendo, as pessoas encarregadas de revisar nossas Bíblias atualmente, buscam os manuscritos

mais antigos, porque crêem que neles os erros são menores ou até inexistentes. Em resumo: O estudo dos manuscritos proporciona que nos aproximemos mais dos antigos

originais da Bíblia.

Bíblia de San Luis - Século 13

2.2. O que é Manuscrito Manuscrito é um documento escrito a mão.

Manuscritos eram feitos em papiros (material vegetal) ou pergaminhos (peles de animais).

O processo de confecção do papel como o

conhecemos hoje em dia, só foi aprimorado no século 13 (1201 a 1300 A.D.).

Até a invenção da imprensa por Gutenberg, com tipos

móveis, ocorrida em 1450, qualquer literatura e também a Bíblia (a primeira foi lançada em 1455), era transmitida através do demorado e difícil processo de cópias manuais.

Segundo a Wikipédia, uma cópia completa da Bíblia

de Gutenberg possui 1282 páginas, com texto em duas colunas. Foi encadernada em dois volumes.

Acredita-se que 180 cópias foram produzidas, 45 em pergaminho e 135 em papel. Elas foram impressas, rubricadas e iluminadas à mão (dourado) em um período de três anos.

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Bíblia de Gutenberg, Gutenberg e sua prensa

Voltando aos manuscritos Bíblicos: a totalidade dos mais antigos era formada por letras emendadas,

sem pontuação e sem parágrafos. Eram feitos assim para economizar espaço, uma vez que os papiros e pergaminhos eram raros e de difícil confecção.

O que é Papiro e Pergaminho II João 12: Embora tenha eu muitas coisas para vos escrever, não o quis fazer com papel e

tinta; mas espero visitar-vos e falar face a face, para que o nosso gozo seja completo. Com boa margem de certeza, este papel a que se referia o apóstolo João, certamente era de papiro. II Tm 4:13: Quando vieres traze a capa que deixei em Trôade, em casa de Carpo, e os livros,

especialmente os pergaminhos. Estes pergaminhos, seguramente eram cópias de livros em peles de animais do Antigo Testamento.

Papiros Os papiros são formados ainda hoje por uma espécie de junco (uma ciperácea, planta arbustiva de beira

de rio). Jó 8:11: Pode o papiro desenvolver-se fora de um pântano. Ou pode o junco crescer sem água?

Êx 2:3. Is 18:2.

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A planta que gera o papiro e o modo de preparo

São encontrados ainda hoje, nas margens lodosas do lago Huleh - na Fenícia, no vale do Jordão -

Palestina, e principalmente ao longo do Nilo - no Egito. No Egito foi usado desde o terceiro século a.C. Os mais antigos fragmentos de papiro conhecidos, sem

uso, foram encontrados no Egito e pertencem à primeira dinastia (2.850 a.C.). E os primeiros que se encontravam escritos são da quinta dinastia (2.500 a.C.).

A planta do papiro tem um caule comprido e triangular, da grossura aproximada de um braço, e que

chega a atingir até 4 metros de altura. Para se fazer o papiro, colocam-se estes caules enfileirados e trançados. Faz-se a prensagem do material. Desta maneira, depois de secar ao sol, podem ser utilizados para se escrever. Papiro nada mais é que um papel rudimentar.

Não podemos afirmar com exatidão, mas se acredita que a maior parte do material original da Bíblia

tenha sido escrito primeiramente em papiros. Só mais recentemente, a partir do século III (201 a 300 A.D), as cópias foram reproduzidas em pergaminhos, mais resistentes.

Pergaminhos Os pergaminhos são formados de peles curtidas de animais, normalmente carneiros e cabritos. Depois

de cuidadosamente preparados e emendados, serviam para se escrever. Os escritos antigos eram feitos em paredes rochosas, rochas e pedras cortadas e preparadas, tijolos de

barro, papiros e pergaminhos. Os papiros e pergaminhos são mais recentes e as paredes rochosas são os escritos mais antigos. Os escritos Bíblicos antigos que dispomos hoje em dia, em sua maioria, são escritos em papiro e

pergaminhos. Daí a importância de estudarmos o assunto.

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Pergaminho do Rolo do Templo de Qumran

2.3. Em busca dos manuscritos antigos A busca dos manuscritos antigos, bíblicos e não bíblicos, acentuou-se no século retrasado (19), onde

era considerado nobre ter-se em casa, ou no castelo, peças antigas, principalmente de outras civilizações. Isto foi moda na Europa e principalmente na Grã-Bretanha. Sendo assim, muitos “caçadores de tesouro” estilo Indiana Jones saíram em viagens para países e continentes como a África, Brasil, Índia, na própria Europa e principalmente ao berço da civilização (Egito e o atual Oriente Médio).

De todas as histórias e lendas de buscas de manuscritos antigos, talvez a mais espetacular seja de

Tischendorf. Aconselhamos você, se gosta destas histórias, adquirir o livro Bíblia, Fato ou Fantasia, de John Drane, Editora Bom Pastor. E o livro A Bíblia Tinha Razão, de Keller.

Ali tem as histórias de inúmeras descobertas de trechos ou livros completos da Bíblia, como a do manuscrito do Códice1 Sinaítico que estava sendo lançado no fogo por monges, quando seu descobridor intercedeu e conseguiu algumas folhas. Voltou depois e conseguiu autorização para salvar muitas folhas mais.

1 Códice deriva do latim codex, que significa uma tábua coberta de cera, na qual se escrevia com um ponteiro de ferro chamado stillus, de onde provém a palavra estilo. Como as tábuas foram muito usadas para fins jurídicos, chamou-se “código” a um sistema de leis.

O manuscrito de Códice Sinaítico de Tischendorf (como veio a ser conhecido) fora escrito em grego, em

meados do Século IV A.D. e continha todo o Novo Testamento assim como algumas seções do Antigo. Ele continua sendo o manuscrito bíblico do NT mais completo que possuímos.

Para o Novo Testamento, o mais antigo é um fragmento de papiro agora exposto na Biblioteca da

Universidade Jonh Rylands em Manchester, na Inglaterra. Ele contém palavras do Evangelho de João e foi escrito cerca de 130 A.D.

O Códice e a História da Bíblia Para manusear o material escrito em papiro e pergaminho, utilizava-se de

2 cilindros que enrolavam o papiro/pergaminho em volta deles. Chama-se Rolo. Para se escrever ou ler, desenrolava-se o escrito de um dos rolos, ao mesmo tempo que se enrolava em outro.

Até o início da era cristã, o uso de rolo de papiros era generalizado. Todavia, os cristãos da antiguidade acharam mais fácil dobrar as folhas de

pergaminhos ao meio e costurá-las como um livro moderno (um códice). Nas obras mais extensas, porém, isto tornava-se pouco prático.

Começaram a formar cadernos, com um número menor de páginas (8 a 12

páginas - 10 em média). Vários cadernos formavam um volume, semelhante aos livros modernos. Assim surgiram os códices.

A vantagem dos códices sobre os rolos é evidente:

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. Permitiam, por exemplo, que os 4 evangelhos ou todas as epístolas Paulinas estivessem num único livro, o que era impossível para o rolo, por torná-lo longo demais.

. Possibilitavam maior rapidez na localização das passagens, por serem de bem mais fácil manuseio que os rolos.

. Tinham um custo inferior, porque se adaptavam melhor à recepção da escrita em ambos os lados da folha.

Exemplo de Códice

Os cristãos primitivos podem ter aderido ao uso generalizado dos códices, devido às vantagens citadas,

e talvez ao fato de haver naquela época um deliberado esforço em diferenciar seus livros dos usados nas sinagogas e pelos pagãos, que ainda preferiam utilizar os rolos.

Siegfried J. Schwantes menciona um estudo estatístico acerca dos manuscritos preparados no Egito nos

primeiros séculos de nossa era: Séculos II e III - praticamente 100 % dos escritos cristãos já usavam códices. 3 % dos escritos dos não-cristãos usavam códices. Século IV - 100 % dos escritos cristãos usavam códices. 16,8 % dos escritos não-cristãos usavam códices. Fica demonstrado que, embora não tenha sido inventado pelos cristãos, os mesmos estiveram sempre à

frente do movimento que finalmente substituiu os rolos antigos pelos livros modernos. Eis os principais códices do Novo Testamento:

O Códice Sinaítico, é um dos primeiros estilos (cerca de 350 A.D.). O Códice Vaticano, se encontra na Biblioteca do Vaticano em Roma desde 1431. Temos também o Códice Alexandrino, que data da primeira metade do quinto século. O Códice Beza, também do quinto século. O Códice Efraem do mesmo período inclui todo o Novo Testamento, com exceção de 2 Tessalonicenses e 2

João. Compilado no século II, o Diatessaron de Taciano é uma harmonia em que os quatro evangelhos são escritos

lado a lado.

As Escritas Bíblicas A Escrita uncial1 é um estilo de escrita livresca parecida com a letra maiúscula impressa moderna. Nas

inscrições oficiais, essas letras eram grandes e regulares, destacadas umas das outras. Nos manuscritos diferem as unciais das inscrições basicamente pela forma mais arredondada de certas letras e por haverem sido escritas mais rapidamente.

1 O termo Uncial vem do latim uncia, que significa “a duodécima parte de um todo”, e designava a princípio a escrita latina empregada em obras literárias, do século IV ao VI, principalmente, chegando até o décimo. Depois passou a designar a escrita grega do traçado análogo. O termo foi empregado pela primeira vez por Jerônimo (no prefácio de sua tradução latina de Jó), numa citação que permite várias interpretações, sendo, talvez a mais correta a que se refere à altura das letras, que ocupariam a duodécima parte de uma linha comum para a escrita.

A escrita uncial caracteriza-se por não ter letras ligadas, não há espaço entre as palavras, não há pontuação, e as abreviaturas limitam-se a um setor bem definido de palavras. A forma da escrita é bela e de fácil leitura, mas exige tempo e espaço.

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Então manuscritos (abrevia-se MSS) Unciais são manuscritos feitos de pergaminho escritos com letras maiúsculas desligadas, sem separação de palavras. Os MSS Unciais começaram a ser usados a partir do quarto século até o décimo.

MSS Cursivos são manuscritos feitos de pergaminhos escritos com letras minúsculas. Quase sempre letras ligadas uma às outras. Os MSS Cursivos foram usados a partir do décimo século.

Fragmento de Ap 11:15-16 do 4º Século

Papyrus Oxurhynchus 4500 Codex bezae em latim, contém Lucas 23:47-

24:1, escrito no 6º Século. Exemplos de Manuscritos Unciais

Quais os livros contidos na Bíblia? Este assunto, quais os livros escolhidos para fazer parte da Bíblia, já foi explanado quando falamos do

Cânon Bíblico no livro 7 - Visão Geral da Bíblia. Mas repetimos aqui com novas informações porque agora você entende de manuscritos, códices e de como eram feitas as cópias.

O Códice Sinaítico inclui dois escritos que não se acham nas Bíblias de hoje: a Epístola de Barnabé e o

Pastor de Hermas. Outro manuscrito muito importante, o Códice Alexandrino inclui partes de duas epístolas de Clemente de Roma e, seções do livro Salmos de Salomão.

João menciona muitas outras coisas que Jesus teria dito e que não estão incluídas nesse evangelho,

sem sugerir que o que sobrou fosse de maneira alguma inferior ao que foi incluído. João 21:25: E ainda muitas outras coisas há que Jesus fez; as quais, se fossem escritas uma

por uma, creio que nem ainda no mundo inteiro caberiam os livros que se escrevessem. No terceiro século o historiador Eusébio lista os escritos cristãos em três categorias: 1. Aqueles que tinham certamente autoridade:

(os quatro Evangelhos, Atos, as cartas de Paulo, I Pedro, I João e Apocalipse), 2. Os que não tinham certamente autoridade:

(Atos de Paulo, O Pastor de Hermas, Apocalipse de Pedro, Epístola de Barnabé, Didache, Evangelho Segundo Hebreus),

3. E aqueles cuja posição era discutível: (Tiago, Judas, 2 Pedro, 2 e 3 João).

No século IV, encontramos eventualmente listas abrangentes de livros com autoridade, uma de Atanásio

na seção oriental da igreja (367 A.D.), e outra do Concílio de Cartago na igreja ocidental (397 A.D.). Os livros listados por eles são os 27 livros do Novo Testamento como conhecemos.

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Em 586 a.C., o imperador da Babilônia, Nabucodonosor, destruiu Jerusalém e o seu templo, removendo a maioria dos principais habitantes da cidade. É certo que o templo veio a ser restaurado em menos de cem anos, mas dessa época em diante o povo judeu foi disperso por todo o mundo conhecido. Nos dias de Jesus, Jerusalém tinha menos judeus do que lugares como Alexandria no Egito ou Roma.

Os judeus de Alexandria produziram a tradução conhecida hoje como a "Septuaginta”. Os rolos não podiam ser mantidos em prateleiras, sendo guardados em caixas. A biblioteca consistia

de pilhas dessas caixas. As caixas tinham tamanho uniforme e serviam como uma espécie de sistema de classificação.

Depois da destruição de Jerusalém pelos romanos no ano 70 A.D., a adoração terminou para sempre no

templo. A partir dessa época, todos os judeus teriam de se relacionar com Deus principalmente por meio da oração e da leitura dos seus livros sagrados.

Os rabinos decidiram reconhecer formalmente os livros da Bíblia hebraica, como tendo especial

autoridade ao realizar um concílio em Jamnia, cerca de 90 A.D. Uma das traduções antigas mais influentes foi a versão latina de Jerônimo, produzida no século IV.

Jerônimo sabia que a Bíblia em hebraico continha menos livros do que as versões gregas, que a maioria dos cristãos usava, mas não obstante incluiu os livros “extras” por causa da sua familiaridade. A sua Vulgata Latina tornou-se Bíblia da igreja ocidental e através dela formou-se o cânon escritural da igreja católica romana. Por ocasião da Reforma Protestante no século XV, os reformadores voltaram ao cânon hebraico que, a seu ver, tinha mais autoridade.

Em busca do passado Depois de uma revolta fracassada contra o domínio romano em 132 A.D., os judeus foram

terminantemente proibidos de visitar Jerusalém durante um considerável espaço de tempo. Os visitantes ricos geralmente voltavam para casa carregados de lembranças que colecionavam durante

o trajeto. Blocos de pedra, esculturas, uma inscrição ou duas, jóias, livros antigos, tudo o que era possível era levado para as suas casas e castelos prósperos da Europa nesse período.

Ter artigos manufaturados antigos ao lado da lareira tornou-se um símbolo de status nos lares ocidentais, e um fluxo permanente de caçadores de tesouros seguiu em direção ao leste. Muitas coisas de grande valor foram destruídas nesse período e perdidas para sempre.

Sítios visitados por Paulo e outros cristãos do

primeiro século, revelaram, tesouros que nos ajudam a apreciar a magnitude de sua tarefa missionária. Sem sombra de dúvida, todos esses livros refletem corretamente o mundo do qual eles afirmam falar.

A Bíblia não é um documento forjado, escrito vários

séculos depois dos acontecimentos nela descritos. É claro que oferece um ponto de vista particular sobre esses eventos, o da antiga Israel e Judá e, a seguir, o dos discípulos de Jesus.

Muitos falaram disto, pela Bíblia relatar

acontecimentos futuros, ter muitas profecias, ela foi então escrita posteriormente aos eventos ocorridos. Isto porque a datação dos manuscritos que existiam era sempre posterior aos eventos. O escrito hebraico mais antigo existente datava do ano 1000 da nossa era. Os escritos gregos do Novo Testamento mais antigos datavam do ano 120 da nossa era. Portanto todos posteriores aos eventos que descreviam.

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Mas daí descobriu-se em 1947 muitos manuscritos e fragmentos de manuscritos datados da época dos apóstolos, de Cristo e até anterior a Cristo. Este achado foi o maior achado arqueológico do século passado. E fez com que a Bíblia atual ganhasse ainda mais credibilidade. Pois os livros atuais eram praticamente iguais aos manuscritos encontrados. E Daniel e Isaías, profetas que anunciavam Cristo e os acontecimentos do futuro, estavam entre os manuscritos encontrados.

Deus protegeu estes manuscritos para calar a boca dos críticos bíblicos. Veja a história disto no próximo capítulo.

Rolo do profeta Isaías encontrado em Qumran, ainda com o pote onde provavelmente foi encontrado

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Manuscritos de Qumran

O maior achado Arqueológico do Século XX.

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3. Manuscritos de Qumran

3.1. A História da Descoberta Do livro de KELLER, Werner - E a Bíblia Tinha Razão.

O momento da descoberta

Cavernas de Qumran

Com Muhammad Dib, pastor beduíno da tribo dos Ta’amireh, aconteceu coisa semelhante ao que se

deu com o jovem Saul, que saiu à procura das jumentas de seu pai e ganhou um reino (Samuel I 9.10). Num belo dia de verão do ano de 1947, Jum’a Muhammed saiu à procura de uma ovelha desgarrada pelas ravinas rochosas da costa norte do mar Morto e encontrou, sem o saber, um verdadeiro tesouro real da tradição bíblica.

A “cidade do sal” do Antigo Testamento, mencionada no capítulo 15 de Josué, era tida como estando naquelas cercanias, e os arqueólogos do Século XV haviam procurado as ruínas da Gomorra bíblica nessas terras. Mas não tiveram sucesso. Havia já muitas horas que vagueava em vão pelos acidentados desfiladeiros que serviam de abrigo a ascetas e sectários (monges) e, com bastante frequência, também a bandidos, quando numa encosta rochosa do Uadi Qumran acima de si divisou uma fenda escura.

Teria a ovelha tresmalhada corrido para lá? Uma pedra bem jogada zuniu pelo ar. Em vez do esperado ruído

seco, entretanto, veio do buraco um surdo estridente. Aterrado, Jum’a Muhammed fugiu dali e foi buscar dois de seus

companheiros de tribo. Os dois companheiros eram seus dois primos que o ajudavam com

os rebanhos. Um deles, Muhammed Ahmed El-Hamed, por ser um adolescente- 15 anos, era o que teria mais facilidade de passar pelos orifícios. O adolescente também conhecido como edh-Dhib, “o lobo.

© 4 John C. Trever

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Com muito cuidado, eles se aproximaram da fenda e introduziram Lobo por ela. Depois que os olhos se acostumaram à obscuridade, pode perceber no interior da pequena caverna

alguns cântaros de barro. Um tesouro!, pensou, e rapidamente se atirou aos cântaros e os quebrou. Mas - que decepção! - não continham jóias, nem ouro, nem moedas. Aos olhos dos pastores apareceram apenas moles rolos de pergaminho e papiro, envoltos em panos de

linho muito antigos. Contrariados, jogaram fora o achado e chegaram até a destruir muitos deles.

Cavernas de Qumran

Mas de repente farejaram um possível negócio. De qualquer modo, levaram consigo alguns dos rolos

mais bem conservados, pensando que talvez pudessem vendê-los. E os velhos documentos iniciaram uma extraordinária peregrinação.

Contrabandeados para Belém, foram parar, através do mercado negro, nas mãos de antiquários. Colecionadores judeus e árabes adquiriram algumas peças, um pacote e rolos passou, por um punhado de moedas (dizem hoje por cerca de U$ 23 dólares), para o arcebispo ortodoxo de Jerusalém, Yeshue Samuel.

O arcebispo só teve uma ideia do precioso tesouro que havia adquirido quando alguns peritos da American School of Oriental Research fizeram uma visita ao mosteiro de São Marcos, onde os documentos eram conservados. Logo ao primeiro exame, os arqueólogos perceberam que se tratava de documentos bíblicos extraordinariamente antigos.

Entre eles encontrava-se um rolo de sete metros de comprimento com o texto do Livro de Isaías completo e sem lacunas, em hebraico.

Uma breve notícia do achado publicada por um dos americanos provocou enorme espanto entre seus colegas de todo o mundo. A resposta à pergunta que surgiu imediatamente sobre a idade exata dos pergaminhos e dos papiros dependia do lugar do achado.

Com grande dificuldade e paciência foi sendo traçado, passo a passo, o caminho percorrido pelos documentos, através dos

antiquários e do mercado negro de Belém, até os árabes da tribo de Ta’amireh e, finalmente, até a caverna do Uadi Qumran. O acesso à caverna foi, entretanto, proibido, porque, após a proclamação do novo Estado de Israel em 1948, estourou a guerra árabe-judaica, e toda a Palestina estava em torvelinho.

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A perseverança de um observador belga da ONU em Jerusalém ajudou finalmente a aplainar todas as dificuldades. O Capitão Philipper Lippens havia estudado documentos manuscritos na universidade medieval de Louvain.

No fim de 1948, entrou em contato com o inglês Gerald Lankester Harding, diretor de antiguidades na capital jordânica de Amã. Graças aos seus esforços conjuntos, conseguiram interessar os oficiais da legião árabe pela caverna do achado. Para eles, os cinquenta quilômetros de amã ao Uadi Qumran significavam apenas uma pequena viagem do jipe. Após algumas buscas infrutíferas, encontraram por fim a caverna certa entre diversas outras. A entrada ficou sobre a vigilância de guardas, até que, em fevereiro de 1949, G. L. Harding e o padre dominicano Roland de Vaux, diretor da École Biblique et Archéologique francesa, de Jerusalém, puderam ir ao local.

Mas ficaram decepcionados; não encontraram rolos manuscritos completos nem vasilhas intactas. Tudo indicava que, nesse ínterim, outros haviam revistado a caverna por sua própria conta. Com uma paciência verdadeiramente beneditina, os dois pesquisadores esgaravataram o solo com as mãos à procura dos mais insignificantes restos de manuscritos ou fragmentos de barro.

Estes, reunidos por eles, permitiram pelo menos chegar a uma conclusão importante: que eram de origem heleno-romana, do período de 30 a.C. a 70 d.C.

Seiscentos pequenos fragmentos de pergaminho e papiro permitiam reconhecer ainda anotações manuscritas do Primeiro e do Quinto Livros de Moisés e do Livro dos Juízes, em hebraico. Pedacinhos do tecido de linho que servira para envolver os rolos completaram a magra coleta.

A Idade do Achado

Erudito Judeu traduzindo fos manuscritos de Qumran

A convite dos americanos, o Arcebispo Yeshue Samuel viajou para os Estados Unidos, no verão de

1949, com seus preciosos rolos, deixando-os no Instituto Oriental de Chicago para exame. Entre os peritos levantou-se uma animada polêmica sobre a autenticidade dos documentos.

Para acabar com ela, um deles propôs um meio até então nunca utilizado pela arqueologia, isto é, o de recorrer ao conselho de um cientista atômico. Isso foi extremamente fácil porquanto a Universidade de Chicago ficava perto do Instituto Oriental, onde os físicos nucleares haviam começado a determinar a idade das substâncias orgânicas com o auxílio do contador Geiger. O Prof. Willard F. Libby tinha à mão no Instituto de Física Nuclear de Chicago suas primeiras determinações de idade assombrosamente precisas, obtidas com o “calendário atômico”, aperfeiçoado por ele.

Esse método tem por base o seguinte raciocínio: em virtude do bombardeamento dos raios cósmicos que, vindos do espaço, penetram incessantemente na atmosfera da Terra, o azoto transforma-se no isótopo radioativo de carbono 14. Todo ser vivo - homem, animal, planta - absorve diariamente, durante a vida

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inteira, C14, com o alimento e o ar que respira. No decurso de cinco mil e seiscentos anos, esse carbono perde a metade de sua radiatividade primitiva. Em toda substância orgânica morta é possível verificar, com um aparelho Geiger altamente sensível, quanta força irradiante perdeu o C14 nela contido. Pode-se calcular assim há quantos anos deixou de absorver carbono pela última vez.

O Prof. Libby foi encarregado de realizar a pesquisa. Tomou um pedaço do linho em que estava envolvido o rolo do Livro de Isaías, carbonizou-o, introduziu-o numa bateria de tubos Geiger e obteve um resultado surpreendente. O tecido era de linho colhido no tempo de Cristo!

Os documentos nele contidos deviam ser, pois, de uma data ainda mais antiga. Depois de pesquisas minuciosas e demoradas, os estudiosos da escritura chegaram à conclusão idêntica. Com efeito o texto de Isaías encontrado na caverna de Qumran, como o Prof. W. F. Albright também desta vez tinha sido o primeiro a concluir, fora escrito por volta do ano 100 a.C.!

Uma análise desses materiais confirmou que alguns esses rolos e potes datavam de 200-250 a.C. aproximadamente.

A descoberta do Século Naquela manhã, Lobo descobriu o mais antigo original existente do Livro de Isaías, da Bíblia, o

Comentário de Habacuque (outro profeta judaico) e o Manual de Disciplina dos essênios - a seita de eremitas judeus que enterrou seus textos para protegê-los de um ataque romano no ano 68 d.C.

Essa descoberta constitui algo mais do que uma simples sensação científica. A fim de podermos avaliar em toda a sua extensão os manuscritos do mar Morto, devemos saber que o texto da Bíblia hebraica mais antigo que possuímos - o texto massorético (do hebraico “massora”, “tradição”), composto por sábios escribas rabínicos - data apenas do nono ao décimo século da nossa era (1000 anos mais tarde).

São anteriores a ele a tradução grega dos Septuaginta e a Vulgata latina de São Jerônimo (século IV). O nosso conhecimento dos textos bíblicos baseia-se até agora unicamente nessas duas traduções e

naquela redação hebraica muito posterior. Com o rolo de Isaías achado no mar Morto em 1947, possuímos de agora em diante um texto hebraico

da Bíblia cerca de mil anos mais antigo. Uma circunstância extraordinária e feliz é que o velho rolo de Isaías tem exatamente sessenta e seis capítulos, como o livro do profeta impresso em hebraico, grego, latim, alemão e em outras línguas, e concorda textualmente com a redação atual.

Dezessete folhas do pergaminho, cosidas umas às outras, perfazendo sete metros de comprimento, tal devia ser o livro do profeta que foi entregue a Jesus na sinagoga de Nazaré a fim de que o lesse para a comunidade. “E foi-lhe dado o livro do profeta Isaías” (Lucas 4.16, 17). “Os movimentos das mãos de Jesus estão agora mais próximos de nós”, escreve o Prof. André Parrot, “pois na parte de trás do pergaminho ainda se vêem os vestígios deixados pelos dedos dos leitores”.

O surpreendente é que novas pesquisas no Uadi Qumran resultaram no encontro de grande número de cavernas com restos de manuscritos. Por exemplo, na caverna número 04 descobriram-se fragmentos de umas trezentas obras diferentes.

A entrada da Gruta de Qumran mostrando o Mar Morto ao fundo

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Quem Guardou os Manuscritos de Qumran?

As grutas de Qumran em Primeiro Plano e os restos do mosteiro dos Essênios

Perto das cavernas encontraram-se os restos de uma colônia da seita judia dos essênios nos quais foram achadas moedas do tempo dos procuradores romanos até a Guerra dos Judeus. Os adeptos dessa seita devem ter escondido uma coleção espantosamente grande de textos bíblicos para preservá-los dos romanos pagãos.

Preservaram os escritos, mas o seu convento foi arrasado em 68 d.C. Restam, hoje, as ruínas de Qumran.

Esses recentes achados são, segundo o Prof. G. Lankester Harding, “talvez o acontecimento arqueológico mais sensacional do nosso tempo. Uma geração inteira de peritos em assuntos bíblicos estará empenhada em explorar esses textos”.

Após um exame cuidadoso, verificou-se que trinta e oito rolos eram textos de dezenove livros do Velho Testamento. Estavam escritos sobre pergaminhos e papiro, em hebraico, aramaico e grego.

Subitamente, de 1950 para cá, começou a aparecer na Jordânia uma grande quantidade de escritos e fragmentos do século II a.C. São oferecidos furtivamente à Universidade de Jerusalém, ao Museu de Antiguidades de Amã, a institutos, mosteiros e arqueólogos, frequentemente por preços exorbitantes. Os árabes, que logo perceberam o valor daqueles velhos documentos, organizaram verdadeiras expedições e puseram-se a explorar em segredo, por conta própria, os montes próximos ao mar Morto. A caça aos antigos manuscritos tornou-se um florescente mercado negro contra o qual são impotentes até mesmo as medidas policiais vigorantes.

Padre Roland de Vaux Com uma tática inteligente o Padre de Vaux conseguiu, pouco antes do Natal de

1951, persuadir um árabe da tribo Ta’amireh a levá-lo a um dos lugares onde se tinham achado novos documentos.

Acompanhados por uma escolta policial de Jericó, De Vaux e Harding partiram do Uadi Qumran. Após uma marcha de três horas na direção sudoeste, chegaram, por uma trilha acidentadíssima, ao Uade Murabba’at, um dos lugares mais desertos da Palestina. À sua chegada, animou-se subitamente aquele cenário fantástico e morto, de rochedos. Como que saídos do solo por artes de magia, começaram a surgir árabes das fendas que existiam nas encostas ao redor e a fugir a toda a pressa pelos desfiladeiros. O Padre de Vaux contou quarenta e cinco figuras armadas de pás e picaretas saídas de uma única caverna.

Já em janeiro de 1952 começara a exploração metódica dessas cavernas. À falta de outros trabalhadores nessa região solitária, tiveram de ser contratados alguns dos “escavadores furtivos”.

Os fragmentos de manuscritos encontrados são principalmente em grego, aramaico e hebraico do século II d.C. Um deles constitui um papiro escrito em

hebraico do século VI a.C. Quanto aos textos bíblicos, foram encontradas partes de Gênesis, do Êxodo e do

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Deuteronômio. Entre muitos escritos hebraicos, de Vaux descobriu até cartas originais do chefe da segunda revolta de 130 d.C. Simão bar Kokhba dá nessas cartas instruções aos revoltosos.

Onde fica Qumran

3.2. O que Foi Encontrado Vasculharam 267 cavernas na região de Qumran. De 1951 a 1956, o padre Roland de Vaux, da Escola

Bíblica e Arqueológica Francesa de Jerusalém, escavou as ruínas, então desconhecidas, e descobriu o convento dos essênios.

No total, cerca de 900 manuscritos, escritos em hebraico, aramaico e grego, foram achados em mais

dez cavernas, numeradas, então, de 1 a 11. A caverna 4 enlouqueceu os paleógrafos: continha 575 dos 900 manuscritos, mas em 15 000 pedaços,

alguns do tamanho de uma unha. O arquivo dos essênios revelou pergaminhos do ano 225 a.C. ao ano 65 d.C., contemporâneos,

portanto, de Jesus Cristo (que morreu no ano 33, aproximadamente). Possuía originais de 22 dos 23 Livros do Antigo Testamento (a exceção é o Livro de Ester) e vasta literatura não bíblica. Tem, assim, a mais antiga palavra registrada do Deus judaico-cristão: um fragmento do Livro de Samuel, do ano 225 a.C., achado na caverna 4. Graças à descoberta, as cópias do Antigo Testamento feitas por gregos, latinos, sírios, etíopes e bizantinos, durante séculos, podem ser conferidas. Os manuscritos iluminaram a história do judaísmo e as raízes do cristianismo.

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Na época, o que não faltava eram seitas. Havia fariseus, saduceus, hassidim, zelotas, sicários, betusianos e cristãos. Agora essênios. Isto segundo Flávio Josefo (37-100), Plínio, o Velho (23-79) e Fílon, o Judeu (20 a.C. 50 d.C).

Edificações do Essênios em Qumran, nas margens do Mar Morto

Roland de Vaux desenterrou as fundações de um edifício de pedra, construído por volta de 150 a.C., que tinha entre vinte e trinta aposentos e treze cisternas. Achou um cemitério com 1 200 sepulturas. Abriu 26 ao acaso e encontrou corpos de homens adultos, sem adornos ou objetos. Não encontrou mulheres. A comunidade renovava-se com ondas de refugiados que buscavam salvação. Na época, acreditava-se piamente na vinda próxima do Messias e no fim do mundo, o apocalipse. Foram achados restos de lâmpadas, picaretas, agulhas, pentes, botões, colheres, tigelas e pratos de madeira, pregos, foices, vasos, tinteiros e manuscritos. Também havia paredes derrubadas, marcas de incêndio e flechas de ferro romanas. Espalhadas pelo edifício, encontraram-se 400 moedas, mas nenhuma nas cavernas. A mais velha era do ano 136 a.C. e a mais nova do ano 79 já com a inscrição Judaea capta (Judéia capturada), indicando que os romanos ocuparam o convento depois da sua destruição.

Tanta seriedade acabou enfraquecendo os essênios. Dito por um historiador: “comparada ao

conservadorismo e à rigidez da lei essênica, o judaísmo ortodoxo é progressista e flexível”.

O triunfo da ciência sobre a vaidade Setenta paleógrafos, filólogos, linguistas e teólogos em Israel, na Europa e nos Estados Unidos

contribuem para a obra, prevista para 39 volumes. Até dezembro, todos os textos referentes à Bíblia serão publicados. A edição dos demais será concluída só no ano 2000.

O que falta? Falta publicar a tradução, já feita, de pergaminhos da caverna 4, ainda não decifrados. “São textos

desconhecidos cujo entendimento apresenta surpresas e problemas”.

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A Genética identifica as peles de um mesmo animal. Sua origem e idade pode ser precisada comparando os dados com genes de fósseis do Mar Morto. A análise do DNA permite encaixar fragmentos na ordem certa.

Começou em 1951, quando o governo da Jordânia - que controlava a margem ocidental do Rio Jordão,

onde está Qumran, e a parte oriental de Jerusalém, ambas anexadas por Israel em 1967 - montou a primeira equipe de tradutores. Foram escolhidos sete eruditos, a maioria padres católicos, filósofos da Escola Bíblica e Arqueologia Francesa. Os sete simplesmente dividiram 500 textos entre si. Houve excesso de autoconfiança e vaidade intelectual nessa empreitada que, afinal, prometia revirar o cristianismo.

Resultado: somente um tradutor, o inglês John Allegro, conseguiu publicar o que devia. Mas seu trabalho ficou tão ruim que o artigo com correções é mais longo que o original. De 1960 a 1990 - trinta longos anos -, a equipe publicou apenas 100 dos 500 textos encomendados.

Pressão pela transparência Em 1985, a Biblical Archaeology Review, dos Estados Unidos, começou um campanha pela “liberação

dos manuscritos”. Mas a abertura foi gradual. Primeiro, o governo de Israel, que assumira o controle dos documentos desde a Guerra dos Seis Dias, 1967, decidiu em 1991 criar uma nova comissão de editores-chefes, formada por Emanuel Tov, da Universidade Hebraica de Jerusalém, Eugene Ulrich e Emile Puech. Finalmente, em novembro do mesmo ano, a Biblioteca Huntington, da Califórnia, acabou com as especulações, tornando públicas fotocópias de todos os fragmentos. Com isso, a exclusividade sobre o material trancafiado em Jerusalém perdeu o sentido. Venceu a transparência.

“Revelaram o ambiente judeu, as crenças e práticas da época. Neles, os textos evangélicos encontram

um fundo histórico, um país, um território.”

3.3. Manuscritos do mar Morto pela Barsa ©Encyclopaedia Britannica do Brasil Publicações Ltda.

Uma das grandes descobertas da arqueologia bíblica deu-se em meados do século XX, quando foram encontrados os manuscritos do mar Morto. Em couro e papiro, esses documentos são de inestimável valor para o estudo do ambiente judaico pré-cristão. Sob o nome de manuscritos do mar Morto tornaram-se conhecidos os documentos descobertos em 1947 em grutas e ruínas do território da Jordânia. As jarras de cerâmica que continham os rolos escritos de couro e papiro foram encontradas por

Mohamed al-Dib, um pastor de 15 anos, na região de Khirbet Qumran, cerca de dois quilômetros a noroeste do mar Morto. Nas décadas de 1950 e 1960, em áreas próximas, descobriram-se outros documentos que também ficaram conhecidos com o mesmo nome. Especialistas de várias nacionalidades dedicaram-se a decifrar os manuscritos. Segundo a hipótese mais aceita, eles foram postos nas 11 grutas de Qumran por membros da seita judaica dos essênios, que ali viveram de meados do século II a.C. até 68 da era cristã, e cuja existência é mencionada pelos historiadores Flávio Josefo, Tácito e Plínio. Os documentos teriam sido enterrados durante a guerra dos judeus contra os romanos, no ano 70 da era cristã, para serem mais tarde recuperados. Além dos rolos contidos em ânforas - mais de 600, entre textos bíblicos e não-bíblicos, alguns em bom estado de conservação - descobriram-se numerosos utensílios, moedas, tecidos etc., e uma vasta necrópole com mais de mil túmulos.

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Alguns dos objetos encontrados em Qumran

Muitos documentos foram adquiridos por museus e bibliotecas de diversos países, e alguns dos mais valiosos encontram-se na Universidade Hebraica de Jerusalém. Os especialistas em geral concordam em datá-los de meados do século III a.C. a 68 da era cristã, a maior parte deles escritos durante os séculos I a.C. e I da era cristã. Com exceção do livro de Ester, todos os do cânon judaico-palestino foram encontrados em Qumran. Os mais importantes dentre os manuscritos são: um rolo do livro de Isaías, em excelente estado de conservação, com cerca de duas mil variantes do texto aceito pela exegese hebraica; uma paráfrase livre, em aramaico, do Gênesis; uma tradução aramaica do livro de Jó, com apenas 38 colunas parcialmente conservadas; 13 manuscritos com textos dos profetas e salmos, incluindo referências históricas à vida da comunidade; vários livros apócrifos judaicos, como o Livro dos jubileus, o Livro de Enoc, os Testamentos de Levi e Neftali, com a tradução em hebraico ou aramaico de obras até então só conhecidas em traduções gregas ou etíopes; a Regra da comunidade ou Manual de disciplina, da qual está completo um manuscrito que mistura doutrina teológica com prescrições práticas; a Regra da congregação, que determina especialmente a precedência entre o Messias sacerdotal e o Messias militar e político; e A guerra dos filhos da luz contra os filhos da treva, que prevê o massacre de todos os pagãos e judeus estranhos à comunidade.

3.4. Quem são os Essênios Chegou-se a pensar que os essênios, os escritores dos manuscritos de Qumran, eram os adeptos de

João Batista, ou até com a comunidade cristã-primitiva. Ou falava-se, sem muito pensar, da “seita” de Qumran e pressupunha-se, nisso, tanto um cisma

(separação) quanto uma heresia (doutrina falsa) em relação ao judaísmo contemporâneo.

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Por fim, fala-se do pessoal de Qumran como sendo uma “comunhão monástica”, com celibato e rígidas

regras de monges. Convém também relembramos o fato de que comunidades monásticas com vida comum” passaram a existir, pela primeira vez, em todo o nosso ambiente cultural, apenas 400 anos mais tarde.

Portanto os essênios eram um povo especial, que estava sendo treinado para a guerra da Luz contra as trevas que seria travada com a vinda de Cristo, e culminando com a guerra de Roma contra os judeus, arrebentando a região e o povo de 68 a 70 d.C.

Pena que parece que eles não identificaram Cristo como seu o Rei que haveria de vir, o Messias. Os textos de Qumran seriam da biblioteca do templo de Jerusalém? Os textos de Qumran foram transferidos de Jerusalém para Qumran por motivos de segurança? Gostaria de pensar que sim. No judaísmo daquele tempo existiam vários grupos reformadores, que almejavam uma vida mais austera

e mais pura num determinado contexto comunitário. Visto nesta perspectiva, a eles também pertencem os cristãos.

É impossível aglomerar todos esses grupos numa mesma seita. Isso seria assim como se considerássemos todos os adeptos da “alimentação natural” ou da alimentação crua, existentes no nosso século, uma seita homogênea com estruturas comuns.

Essas pessoas entendiam hebraico e aramaico (o rolo dos Fragmentos Gregos, da caverna 7, não está

claro) e ocupavam relativamente muito tempo com a leitura (vários exemplares de muitos escritos). Sua vida evidentemente estava marcada pela religião. Elas estavam interessadas na realização concreta de sua fé, da Poesia de Louvor ao rei Jônatas

(Alexandre Janeu?). Isso revela, em todo caso, que os moradores de Qumran estavam ligados aos Macabeus através do interesse anti-helenístico. Esse é o menor denominador comum.

Pois as reações de atores pagãos em relação ao judaísmo mostram constantemente que o sábado pura

e simplesmente era a marca e o símbolo de identidade do judaísmo. Seleção de textos apocalípticos em Qumran mostra que, através da observação da pureza ritual,

também se esperava a presença dos anjos e, com isso, a sobrevivência no juízo final vindouro.

Veja o relato da Barsa sobre os Essênios ©Encyclopaedia Britannica do Brasil Publicações Ltda.

No século XVIII tornou-se corrente a idéia de que o cristianismo se originara da seita dos essênios, a que teriam pertencido João Batista e Jesus. Os historiadores cristãos têm-se oposto a essa tese, que teve um partidário célebre, Ernest Renan. Os essênios eram uma seita judaica de tipo monástico, não mencionada no Novo Testamento, que se desenvolveu na Palestina entre meados do século II a.C. e o fim do século I da era cristã. Coexistindo com os saduceus e os fariseus, exerceu forte influência na vida do povo de Israel. A divergência entre importantes informações sobre os essênios, recolhidas por Flávio Josefo, Filão de Alexandria e Plínio o Velho, indica a existência de uma possível dissidência entre eles próprios. As comunidades essênias existiram em várias vilas da Palestina e, ao tempo de Plínio, teriam congregado cerca de quatro mil indivíduos. A propriedade era comunitária e a vida diária submetida a rigoroso controle. Como os fariseus, a quem apoiavam contra os saduceus, os essênios observavam a lei de Moisés, o sabbath (sábado) e a pureza ritual. Também acreditavam na imortalidade da alma e no castigo ou recompensa futuros. Mas, ao contrário daqueles, negavam a ressurreição do corpo, rejeitavam o sacrifício de animais, praticavam o celibato - em geral suas comunidades excluíam as mulheres - e não participavam da vida pública. Evitavam os cultos no templo e levavam uma vida ascética e reclusa, de trabalho manual. O sábado era reservado a orações e meditações sobre a Torá. Os votos eram malvistos entre os essênios; mas, uma vez feitos, não podiam ser abandonados.

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Depois de um ano de noviciado, os prosélitos recebiam os emblemas essênios, mas deviam esperar mais dois anos para participarem das refeições comuns. Juravam reverência a Deus, justiça para os homens, ódio à falsidade e amor à verdade, entre outros princípios. A questão dos laços entre o essenismo e o cristianismo voltou a ser debatida após a descoberta, em meados do século XX, dos manuscritos do mar Morto, em Qumran, comunidade vinculada aos essênios.

Quem eram mesmo os Essênios Do site: http://www.ecclesia.com.br/Biblioteca/monaquismo/monasticismo_oriental_e_ocidental.html

Tanto Flávio Josefo como Filo de Alexandria falam com bastante entusiasmo de um grupo judeu religioso especial; e Plínio, o Velho, quer tenha lido a respeito deles em Filo ou tido ele mesmo conhecimento deles na Palestina, homenageia esses judeus com um longo parágrafo no capítulo cinco de sua Naturalis Historia. Era do conhecimento comum então, que este grupo, esta «terceira escola de filosofia judaica» como Josefo a chama, as outras duas sendo a dos saduceus e a dos fariseus, tivesse o seu centro geográfico na região de En Geddi, junto ao Mar Morto, e que ali, reunidos em comunidades de oração, «sem mulheres, sem amor, sem dinheiro, apenas com as palmeiras por companhia», vivessem homens que sujeitavam a uma disciplina excessivamente severa e que eram indiferentes a tudo exceto o que se referisse a Deus. O nome pelo qual tais homens eram chamados variava de acordo com o autor que escrevia sobre eles. Filo usou o termo Essaioi, esseanos, vendo nisto um equivalente de hosioi, ou homens piedosos. Josefo escreveu Essenoi, essênios; e os etimólogos discutiram quanto à expressão derivar-se de esah, um partido, ou de hasid, hasidim, os piedosos. O indivíduo juntava-se à Comunidade (este termo usado pelos próprios essênios) depois de passar por um exame e um período duplo de experiência, primeiro de um ano e a seguir, dois. O novo membro entregava todos os seus bens à Comunidade, jurava obediência «à regra e aos seus superiores», declarava sua intenção de «separar-se dos iníquos» e viver em verdade, justiça e caridade. Depois de aceito como membro era obrigado a praticar várias abluções diárias, usar um traje de linho branco, comer apenas vegetais, observar os ritos da purificação ritual ainda mais escrupulosamente do que os fariseus, talvez falar em hebraico e não aramaico, e finalmente enterrar seus excrementos. Mas acima de tudo, devia participar das refeições comunais de todos os irmãos e orar com eles em horas regulares e nos dias santos de festa. As comunidades essenciais achavam-se divididas em três categorias: sacerdotes, levitas e leigos. Elas ficavam sob a direção de um chefe, um presidente, o Mebagger, e debaixo deste, um conselho central, uma espécie de capítulo com doze membros, que tratava de todos os assuntos importantes, particularmente o castigo dos membros que desobedecessem às regras; o chefe supremo era o Mestre da Justiça. Mulheres não eram admitidas. «Ninguém nascia entre os essênios» - parece porém, provável a existência de comunidades femininas que obedeciam às mesmas regras: foram encontrados esqueletos de mulheres em Qumran. Crianças postulantes podiam ser aceitas, recebendo uma educação especial. Fora das verdadeiras comunidades havia provavelmente essênios solitários que levavam seu ascetismo a maiores extremos, como vemos ainda hoje eremitas noMonte Atos na Grécia, vivendo em cavernas junto aos monastérios cenobíticos até morrerem. Josefo fala de um deles, Banous, que «habitava no deserto, vestido com tangas fornecidas pelas árvores e vivendo do que podia colher.»

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Esta descrição nos faz imediatamente lembrar de João Batista; e como o lugar de seu apostolado, o vau de Betsabara no baixo Jordão, ficava a poucas horas de Qumran, é possível que ele também fosse um desses essênios solitários. Mais afastados do Mar Morto, haviam sem dúvida simpatizantes do essenianismo, possivelmente uma espécie de terceira ordem de essênios, que viviam no mundo ma conformavam-se à regra o mais possível. O essenianismo era um credo espiritualmente elevado, o qual ficamos conhecendo através de várias obras encontradas entre os rolos: a Regra da Comunidade e o Manual da Disciplina dizem respeito principalmente ao estabelecimento dos regulamentos do grupo, mas os Salmos da Nova Aliança, a estranha e bela Guerra entre os Filhos da Luz e o s Filhos das Trevas e alguns comentários sobre certas passagens da Bíblia, particularmente extraídas de Habacuque e Miquéias, nos oferecem uma clara compreensão do ensino dos essênios. Ele segue a linha mosaica mais estrita: só existe meio de buscar a Deus, e esse é a Lei. Deus exige obediência absoluta dos membros da comunidade à Torah, devido a uma «nova aliança» que é uma graça divina. É, portanto, dever dos filhos da Luz lutar contra os perversos, os defensores do diabo, os Filhos das Trevas. Isso é necessário, além de tudo, porque dois espíritos antagônicos sempre dividiram entre eles a humanidade pervertida pelo pecado. A alma é imortal para os essênios, pois ela existe antes do corpo ser formado e depois de sua morte vota ao lugar transcendente de onde veio. No final dos tempos, haverá um Juízo Final, quando os homens da perdição serão destruídos e os predestinados, chefiados pelos membros da comunidade, entrarão na glória de Deus.

Manuscritos e fragmentos de Manuscritos de Qumran

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Traduções e Versões

As mulheres são iguais às traduções: as bonitas não são fiéis, e as fiéis não são

bonitas. Provérbio Popular...

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4. Traduções e Versões Fonte - Programa de Incentivo a Leitura da Bíblia: http://www.pilb.t5.com.br/versoesBiblias.htm

As palavras “versões” e “traduções” significam a mesma coisa.

4.1. VERSÕES DO ANTIGO TESTAMENTO

As Primeiras Versões da Bíblia - Prof. Luiz Sayão

1. SEPTUAGINTA (LXX) Esta é uma tradução do original hebraico do Antigo Testamento para o grego. Foi feita em Alexandria,

entre os séculos III e I a.C., por diversos tradutores.

2. LATIM ANTIGO Esta denominação é para distinguir dos manuscritos posteriores, como os da Vulgata. Estes manuscritos

já existiam ao final do II séc. d. C. Suas traduções são da LXX e chegaram até nós muito fragmentadas.

3. VULGATA LATINA Feita ao final do séc. IV d.C., por Jerônimo. Ele fez três traduções do livro de Salmos, sendo que a

segunda é que foi adotada. Sua tradução do Antigo Testamento, a princípio, deixou de lado os livros apócrifos, por não desejar que os mesmos fossem incluídos em sua versão, embora já houvesse traduzido os livros de Judite e Tobias.

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Ao final, estes livros foram adicionados, fazendo parte da Vulgata. Esta foi a Bíblia oficial durante toda a idade média, na Europa ocidental. Existem cerca de oito mil manuscritos da Vulgata.

4. SIRÍACO PESHITTA Foi traduzida do hebraico, no II século d. C. e era o texto padrão dos cristãos sírios. Posteriormente

houve uma revisão, pela LXX.

5. HEXAPLA SIRÍACA Foi traduzida com base na LXX de Orígines, pelo bispo de Tela, em 617 d.C. Este manuscrito foi

bastante estudado no exame da LXX, em virtude de ter preservado as notas críticas do original grego de Orígines.

6. COPTA (egípcio) São quatro as versões do Antigo Testamento nesta língua. A saídica ou tebaica foi preparada no século

II d. C., no sul do Egito, com base na LXX. No século IV d. C., no norte do Egito, foi preparada a versão boárica ou menfítica. Com poucos fragmentos, conhece-se também as versões fayúmica e akhmímica.

7. VERSÕES MENORES Foram traduzidas para o gótico, etíope e o armênio, no século IV d. C.

8. TEXTO MASSORÉTICO Fonte: http://introduobiblica.blogspot.com/2007/10/11-os-principais-manuscritos-da-bblia.html

Até recentemente, só uns poucos manuscritos hebraicos do Antigo Testamento eram conhecidos. Aliás, antes da descoberta dos manuscritos “Cairo Geneza”, em 1890, só 731 manuscritos hebraicos

haviam sido publicados. É por isso que a edição corrente da “Bíblia Hebraica”, de Kittel, baseia-se só em apenas quatro principais manuscritos, mas sobretudo em um deles, o “Códice de Leningrado”.

Nessa tradição, os principais textos foram copiados durante o período massorético, como comprovam

as seguintes amostras: O manuscrito “Códice do Cairo” ou “Códice cairota” (c) (895 d. C.) talvez seja o manuscrito

massorético mais antigo dos profetas, e contém tanto os profetas antigos como os posteriores mais recentes.

O Códice de Leningrado dos profetas ou Códice babilônico dos profetas posteriores (MX B 3), também conhecido como Códice de [São] Petersburgo (916 d. C.), contém apenas os últimos profetas (Isaías, Jeremias, Ezequiel e os Doze), tendo sido escrito com vocalização babilônica.

O Códice Aleppo (930 d.C.) do Antigo Testamento já não está mais completo. Deve ser a principal autoridade em Bíblia hebraica a ser publicada em Jerusalém, tendo sido corrigida e vocalizada por Aaron ben Asher, em 930 d.C.

O Códice do Museu Britânico (Oriental 4445) data de 950 d.C.: trata-se de um manuscrito incompleto do Pentateuco. Contém apenas de Gênesis 39.20 a Deuteronômio 1.33.

O Códice de Leningrado (B 19 A ou L) (1008 d.C.) é o maior manuscrito do Antigo Testamento, o mais completo. Foi escrito em velino, com três colunas de 21 linhas por página. Os sinais vocálicos e os acentos seguem o padrão babilônico, colocados acima da linha.

O Códice Reuchlin (MS Ad. 21161) dos profetas (1105 d.C.) contém um texto revisto que atesta a fidelidade do Códice de Leningrado.

Os fragmentos de Cairo Geneza (500-800 d.C.), descobertos em 1890, no Cairo, estão espalhados por diversas bibliotecas. Ernst Wurthwein afirma existirem cerca de 10 mil manuscritos bíblicos e fragmentos de manuscritos desse depósito.

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Proteção a um Texto Fiel O número relativamente reduzido de antigos manuscritos do Antigo Testamento, com exceção do Cairo

Geneza, pode ser atribuído a vários fatores. O primeiro e mais óbvio é a própria antiguidade dos manuscritos, combinada com sua inerente destrutibilidade. Esses dois fatores concorrem para o desaparecimento dos manuscritos. Outro fator que limitou contra a sobrevivência dos manuscritos foi a deportação dos Israelitas à Babilônia e ao domínio estrangeiro após o retorno à Palestina.

Jerusalém foi conquistada 47 vezes em sua história, só no período de 1800 a 1948 d.C. Isso também explica por que os textos massoréticos foram descobertos fora da Palestina.

Outro fator que influi na escassez de manuscritos do Antigo Testamento diz respeito às leis sagradas dos escribas, que exigiam que os manuscritos gastos pelo uso, ou com erros, fossem enterrados (ou destruídos). Secundo uma tradição talmúdica, todo manuscrito que contivesse erro, ou falha, e todo aquele que estivesse demasiado gasto pelo uso eram sistemática e religiosamente destruído. Tais práticas sem dúvida alguma fizeram diminuir o número de manuscritos que se poderiam encontrar algures.

Mas por outro lado leva a uma credibilidade maior dos atualmente existentes. Por fim, durante os séculos V e VI d.C., quando os massoretas (escribas judeus) padronizaram o texto

hebraico, acredita-se que de modo sistemático e completo destruíram todos os manuscritos que discordassem do sistema de vocalização (adição de letras vocálicas) e de padronização do texto das Escrituras. Muitas evidências arqueológicas e a ausência de manuscritos mais antigos tendem a dar apoio a esse julgamento.

O resultado é que o texto massorético impresso do Antigo Testamento, como o temos hoje, baseia-se nuns poucos manuscritos, nenhum dos quais com origem anterior ao século X d.C.

Ainda que haja relativamente poucos manuscritos massoréticos primitivos, a qualidade dos manuscritos disponíveis é muito boa. Isso também se deve atribuir a vários fatores.

Em primeiro lugar, há pouquíssimas variantes nos textos disponíveis, visto serem todos descendentes de um tipo de texto estabelecido por volta de 100 d.C.

Diferentemente do Novo Testamento, que baseia sua fidelidade textual na multiplicidade de cópias de manuscritos, o texto do Antigo Testamento deve sua exatidão à habilidade e à confiabilidade dos escribas que o transmitiram. Com todo o respeito às Escrituras judaicas, só a exatidão dos escribas, no entanto, não basta para garantir o produto genuíno. Antes, a reverência quase supersticiosa que dedicavam às Escrituras é de primordial importância. Segundo o Talmude, só determinados tipos de peles podiam ser utilizados, o tamanho das colunas era controlado por regras rigorosas, o mesmo acontecendo com respeito ao ritual que o escriba deveria seguir ao copiar um manuscrito. Se se descobrisse que determinado manuscrito continha um único erro, a peça era descartada e destruída. Tão severo formalismo dos escribas foi responsável, pelo menos em parte, pelo extremo cuidado aplicado no processo de copiar as Escrituras Sagradas.

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Rabino com o Texto Bíblico Massorético

Outra categoria de evidências quanto à integridade do texto massorético encontra-se na comparação de

passagens duplas do próprio texto massorético do Antigo Testamento: - O salmo 14, por exemplo, reaparece de novo como salmo 53; - grande parte de Isaías 36-39 reaparece em 2 Reis 18.20; - Isaías 2.2-4 corresponde a Miquéias 4.1-3, - e grande parte de Crônicas se encontra de novo em Samuel e em Reis. Um exame dessas passagens, bem como de outras, revela não somente substancial acordo textual,

mas também, em certos casos, igualdade quase absoluta, palavra por palavra. Resulta disso a conclusão de que os textos do Antigo Testamento não sofreram revisões radicais, ainda que as passagens paralelas tenham origem em fontes idênticas.

Outra prova substancial quanto à exatidão do texto massorético procede da arqueologia. Robert Dick Wilson e William F. Albright, por exemplo, fizeram numerosas descobertas que confirmam a

exatidão histórica dos documentos bíblicos, até mesmo no que concerne aos nomes obsoletos de reis estrangeiros.

A obra de Wilson, “A scientific investigation of the Old Testament" [Uma Investigação científica do Antigo Testamento], e a de Albright, “From the Stone Age to Christianity" [Da Idade da Pedra ao cristianismo], podem ser consultadas em busca de apoio para essa concepção.

Talvez o melhor tipo de evidências em apoio à integridade do texto massorético é encontrada na tradução grega do Antigo Testamento, conhecida como Septuaginta ou LXX. Esse trabalho foi executado durante os séculos II e III a.C, em Alexandria, no Egito.

Na maior parte, é praticamente urna reprodução livro por livro, capítulo por capítulo, do texto massorético e contém diferenças estilísticas e idiomáticas comuns. Além disso, a Septuaginta foi a Bíblia que Jesus e os apóstolos usaram, e a maior parte das citações no Novo Testamento foram tiradas diretamente dessa tradução. No todo, a Septuaginta constitui-se no correspondente do texto massorético e tende a confirmar a fidelidade do texto hebraico do século X d.C.

Se não houvesse nenhuma outra evidência, a comprovação da fidelidade ao texto massorético poderia ser aceita com confiança, em razão das evidências aqui apresentadas.

4.2. VERSÕES DO NOVO TESTAMENTO 1. LATIM ANTIGO Foi produzida no fim do século II, d.C., provavelmente na África. Existe a forma africana e européia. A

européia, ou itálica, serviu como uma das bases da Vulgata de Jerônimo, quanto ao Novo Testamento. A

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africana foi usada por Cipriano. A versão em Latim Antigo é importante testemunho do tipo de texto anterior ao Textus Receptus.

2. DIATESSARON Preparada em grego cerca de 160 d.C. e traduzida para o siríaco. Trata-se de uma harmonia dos

evangelhos de autoria de Taciano.

3. SIRÍACO ANTIGO Traz este nome para não ser confundida com a versão Peshitta posterior, que era a versão popular em

siríaco. Essa versão existe nos manuscritos sinaítico e curetoniano.

4. PESHITTA É uma tradução para o siríaco, do fim do século IV d.C. Seu cânon é composto por apenas 22 livros, não

trazendo II Pedro, e III João, Judas e Apocalipse.

5. COPTA São conhecidas cinco versões do Novo Testamento em copta ou egípcio. A versão saídica é a mais

antiga e apareceu no sul do Egito no século II d.C. Do norte do Egito veio a versão boárica e tornou-se a versão dominante, pois é representada por um número maior de manuscritos. As outras versões são a fayúmica, a akhmímica e a do Egito Médio.

6. ARMÊNIA É do final do século V d.C. e tem sua base numa fonte cujo texto tinha similaridade com os manuscritos

gregos Theta, 565 e 700. Afasta-se muito dos melhores manuscritos gregos, aproximando-se do Textus Receptus. Há 1.244 cópias dessa versão.

7. GEÓRGIA Seu manuscrito mais antigo é o Adysh, de 897 d.C. É possível que essa tradução tenha sua origem do

texto armênio. Era a Bíblia da Geórgia.

8. VULGATA LATINA Preparada por Jerônimo, ao final do século V, é uma revisão dos manuscritos mais antigos. Tornou-se o

texto latino do Novo Testamento. A partir do Concílio de Trento, 1546, é considerado o texto oficial da Igreja Católica Romana. Cerca de oito mil manuscritos da Vulgata apresentam uma mistura de tipos textuais, visto suas adições, exclusões e contaminações, feitas por muitos escribas através dos séculos.

9. VERSÕES SECUNDÁRIAS Destacamos a gótica, etíope, eslavônica, árabe e persa.

10. VERSÕES MODERNAS Mesmo antes da Reforma protestante houve muitas traduções da Bíblia para as diversas línguas

faladas. Em 1382, com John Wycliff, teve início a Bíblia inglesa, com base na Vulgata Latina; por isso inclui também os livros apócrifos. Em 1280 e 1400 surgiram porções da Bíblia em português (veja o capítulo sobre a BÍBLIA EM PORTUGUÊS).

Mas somente com a Reforma protestante é que a Bíblia começou a ser traduzida para o inglês, alemão, francês, italiano, espanhol, português e outras línguas européias. Para obter-se uma obra, para que não fosse volumosa, então mais cara, os tradutores procuravam produzir o texto com economia de palavras, perdendo em muito o significado das línguas originais. Isso foi corrigido em tempo e começaram a surgir traduções mais fieis ao texto original, sem preocupação com economia de palavras.

Destas novas traduções destacamos a: - Amplified New Testament, da Zondervan Publishing House; - The New Testament de Charles B. Williams e - The New Testament, an Expanded Translation, de Kenneth S. Wuest. Outras traduções tornaram-se importantes:

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- A Bíblia de Tyndale, traduzida em 1525 diretamente do hebraico e grego. - A Versão do Rei Tiago (King James), baseada na Bíblia de Tyndale, sob a encomenda do Rei Tiago, surgiu

em 1611 e popularizou-se entre os países de língua inglesa. - The American Standard Revised Bible, lançada por ingleses e americanos em 1901, sendo uma espécie de

revisão da versão do Rei Tiago. A partir de 1804, com a British and Foreign Bible Society surgiram as modernas Sociedades Bíblicas que

muito vêm contribuindo para a divulgação da Bíblia.

4.3. A BÍBLIA EM PORTUGUÊS 1. Traduções parciais D. Diniz (1279-1325), rei de Portugal, traduziu da Vulgata os primeiros vinte capítulos do livro de

Gênesis. O rei D. João I (1385-1433) ordenou que houvesse uma tradução para o português. Alguns padres

católicos, a partir da Vulgata, traduziram os evangelhos, Atos e as epístolas de Paulo. O próprio rei traduziu o livro de Salmos. Com esses livros publicaram a obra.

Mais tarde foram preparadas outras traduções de porções bíblicas: os evangelhos, que a infanta Dona

Filipa, neta do rei D. João I, traduziu do francês; o evangelho de Mateus e porções dos outros evangelhos, da Vulgata, pelo frei Bernardo de Alcobaça; os evangelhos e as epístolas, pelo jurista Gonçalo Garcia de Santa Maria; uma harmonia dos evangelhos, por Valentim Fernandes, em 1495; em 1505, por ordem da rainha Leonora, foram publicados o livro de Atos e as epístolas gerais.

Outras traduções realizadas em Portugal foram: os quatro evangelhos, traduzidos pelo padre jesuíta Luiz

Brandão; e, no início do século XIX, os evangelhos de Mateus e Marcos, pelo padre Antonio Ribeiro dos Santos.

Salienta-se que a dificuldade em se traduzir para os diversos idiomas era a oposição da Igreja

Católica Romana que, ao longo dos séculos, fez implacável perseguição a estas obras, amaldiçoando quem conservasse traduções da Bíblia em "idioma vulgar", como diziam. Por isso, também de muitas traduções escaparam somente um dois exemplares.

Queremos ainda salientar aqui algo que você verá no livro 14. Depois que Gutenberg fez a Bíblia e a

popularizou, as pessoas começaram a enxergar que o que os padres e bispos faziam na época, dizendo baseados na Bíblia, na verdade estavam errados e mentiam. Pois não estava escrito lá.

A popularização da Bíblia levou ao movimento protestante de 1520 e anos posteriores. Não é

coincidência que a Bíblia de Gutenberg nasceu em 1455 e no máximo 65 anos depois pessoas se revoltam contra as mentiras da igreja católica.

Não é a toa que a igreja católica se opunha a traduções da Bíblia, justamente porque ela queria deter o

poder do conhecimento bíblico e impor suas interpretações e regras sobre as pessoas mais humildes. Não é a toa que isto se assemelha em muito ao que fazia os fariseus, os doutores da lei na época e

suas "interpretações" da Bíblia. Muitos choques tiveram com Jesus justamente por isto, e Jesus os advertiu muitas vezes por isto. Uma delas está aqui:

Mateus 23: 13: Mas ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! porque fechais aos homens o

reino dos céus; pois nem vós entrais, nem aos que entrariam permitis entrar.

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2. Traduções completas

1. Tradução por João Ferreira de Almeida Por conhecer o hebraico e o

grego, usou os mss. dessas línguas para sua tradução. Quanto iniciou o empreendimento era pastor protestante. Almeida utilizou-se do Textus Receptus, que representa os mss. do grupo bizantino, possivelmente o mais fraco entre os mss. gregos. Primeiramente traduziu e editou o N.T. publicado em 1681, em Amsterdã, Holanda.

Essa tradução apresentava muitos erros. Almeida mesmo fez uma lista de dois mil erros. Muitos desses erros foram feitos pela comissão holandesa, que procurou harmonizar a tradução de Almeida com a versão holandesa de 1637. A dificuldade de Almeida é que não havia papiro algum e os unciais (mss em letras maiúsculas) eram poucos. Esta a razão porque teve que lançar mão de fontes inferiores. Ele utilizou-se da edição de Elzevir do Textus Receptus, de 1633. As edições mais modernas muito progrediram na tradução. Com base nesta tradução foram lançadas a Revista e Corrigida, A Edição Revista e Atualizada e a Versão Revisada de acordo com os melhores textos em Hebraico e Grego, a versão que apresentamos como a mais indicada para estudos.

Capa do NT de Almeida de 1681 - nós temos esta Bíblia digitalizada no DVD A Bíblia da Religião v. 3.0

João Ferreira de Almeida (1628-1691), um português que recebeu a sua educação teológica na Holanda, empreendeu a primeira tradução do Novo Testamento para a língua portuguesa, a partir do original grego. Em 1670 a tradução estava concluída e onze anos depois foi publicada. João Ferreira de Almeida faleceu antes de completar a tradução de todo o Antigo Testamento do original hebraico. No entanto traduziu-o, de Gênesis a Ezequiel, enquanto estava em Java (Indonésia). Em 1819 foi publicada a primeira edição da Bíblia em Português, de Gênesis a Apocalipse, traduzida por João Ferreira de Almeida, sendo as versões revistas e atualizadas, muito utilizadas pelos cristãos evangélicos de língua portuguesa.

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2. Tradução de Antônio Pereira de Figueiredo Teve como base a Vulgata Latina. Em 1896 fez sua primeira tradução em colunas paralelas da Vulgata e

de sua tradução para o português. Essa tradução foi usada pela Igreja de Roma. Por ter sido utilizada a Vulgata como base, tem a desvantagem de não representar o melhor texto do N.T. que conhecemos pelos mss. unciais mais antigos e pelos papiros.

Bíblia do Padre Antônio Pereira de Figueiredo

3. A Bíblia de Rahmeyer Manuscrito do comerciante hamburguês Pedro Rahmeyer, que residiu em Lisboa, e traduziu em meados

do século XVIII. Este manuscrito se encontra na Biblioteca do Senado de Hamburgo, Alemanha.

3. A Bíblia no Brasil - Traduções parciais

1. Frei Joaquim de Nossa Senhora de Nazaré No Brasil, a primeira tradução, somente do Novo Testamento, foi feita por frei Joaquim de Nossa

Senhora de Nazaré, traduzida da Vulgata e somente do N.T. Foi publicada em São Luiz do Maranhão. Esta obra teve forte impacto por trazer em seu prefácio acusações contra as "bíblias protestantes", que estariam "falsificadas" e falavam "contra Jesus Cristo e contra tudo quanto há de bom."

2. Primeira Edição Brasileira do Novo Testamento de Almeida Esta edição foi revista por José Manoel Garcia, pelo pastor M.P.B. de Carvalhosa e pelo pastor

Alexandre Blackford, agente da Sociedade Bíblica Americana no Brasil. Esta obra foi lançada em 1879 pela Sociedade de Literatura Religiosa e Moral do Rio de Janeiro.

3. Harpa de Israel Título dado à tradução do Livro dos Salmos, em 1898, por F.R. dos Santos Saraiva.

4. O Evangelho de Mateus Traduzida do grego em 1909 pelo padre Santana.

5. O Livro de Jô Publicado em 1912 por Basílio Teles.

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6. O Novo Testamento de Assunção. Traduzido da Vulgata Latina por J. L. Assunção, em 1917.

7. O Livro de Amós Traduzido do idioma etíope por Esteves Pereira, em 1917.

8. O Novo Testamento e o Livro dos Salmos, baseados na Vulgata Traduzido em 1923, por J. Basílio Pereira.

9. Lei de Moisés (O Pentateuco) Preparada em hebraico e português, pelo rabino Meir Masiah Melamed. Não há indicação de data.

10. Tradução do Padre Humberto Rodhen Foi o primeiro católico a fazer uma tradução diretamente do grego. Traduziu o N.T. que foi publicado

pela Cruzada de Boa Imprensa em 1930. Tal como Almeida utilizou-se de textos inferiores, por isso, sofreu severas críticas.

11. Nova Versão Internacional Novo Testamento lançado em 1993 pela Sociedade Bíblica Internacional.

4. A Bíblia no Brasil - Traduções completas

1. Tradução Brasileira ou Tira Teimas Iniciada em 1902 e concluída em 1917, sob a direção do Dr. H. C. Tucker. A comissão tradutora utilizou-

se de mss. melhores do que os de Almeida. Entretanto, nunca foi muito popular.

2. Tradução do Padre Matos Soares Foi baseada na Vulgata. É de 1930, e em 1932 recebeu apoio papal. É muito popular entre os católicos.

3. Revisão da tradução de Almeida (Edição Revista e Atualizada) O trabalho de revisão iniciou-se em 1945, por uma Comissão formada pela Sociedade Bíblica do Brasil.

A linguagem foi muito melhorada, até porque foram usados mss. gregos dos melhores.

4. Tradução pelos monges Meredsous (1959) (Bélgica) Editada pela Editora Ave Maria e traduzida do hebraico e grego para o francês e em seguida para o

português por uma equipe do Centro Bíblico de São Paulo sob a supervisão do Frei João José Pedreira de Castro.

5. Revisão da tradução de Almeida (Imprensa Bíblica Brasileira) Foi publicada em 1967. Esta revisão segue os melhores manuscritos e, por isso, foi bem acolhida pelos

estudiosos da Bíblia. É também a tradução que apresentamos nesta obra.

6. A Bíblia de Jerusalém Editada no Brasil em 1981 por Edições Paulinas, traduzida pelos padres dominicanos da Escola Bíblica

de Jerusalém, incluindo alguns exegetas protestantes. A edição brasileira foi feita sob a coordenação de Ludovico Garmus e editada pela Editora Vozes e pelo Círculo do Livro.

7. A Bíblia na Linguagem de Hoje (Novo Testamento) Publicada em 1988 pela United Bible Societies, através de seu ramo brasileiro e baseia-se na segunda

edição do texto grego dessa sociedade. A intenção da United Bible Societies foi de publicar em vários idiomas, Novos Testamentos em conformidade com a linguagem comum e corrente.

8. Edição Contemporânea da Tradução de Almeida Foi editada em 1990 pela Editora Vida. Essa edição eliminou arcaísmos do texto de Almeida.

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4.4. MANUSCRITOS GREGOS O N.T. tem registros manuscritos de diversas formas e que serviram como testemunhos sobre seu

texto.

1. OS PAPIROS Embora pelo século IV em quase todo o mundo já era utilizado o pergaminho, o papiro ainda era o

instrumento principal de escrita dos livros bíblicos. Para essa finalidade o papiro foi usado entre os séculos I e VII. Há 76 papiros que contém quase 80% do texto do N. T.

2. OS UNCIAIS Os 252 manuscritos que levam este nome foram escritos em pergaminhos entre os séculos IV a IX.

Foram escritos com letras maiúsculas (unciais).

3. PRINCIPAIS CÓDICES BÍBLICOS EM MANUSCRITOS UNCIAIS

A. CODEX ALEXANDRINUS Contém a Bíblia toda. Foi escrito em grego no século V d.C. Encontra-se no Museu Britânico. Embora

muito bem conservado, apresenta algumas lacunas em Gênesis, I Reis, Salmos, Mateus, João e I Coríntios. O AT é da LXX, com algumas variações do tipo de texto. Os evangelhos seguem o texto bizantino, o restante do NT o alexandrino.

B. CODEX VATICANUS Este manuscrito, do século IV d.C., que também abrange toda a Bíblia encontra-se na Biblioteca do

Vaticano. Apresenta algumas lacunas: Os 45 capítulos iniciais de Gênesis, parte de II Reis, alguns Salmos, final da epístola aos Hebreus e o Apocalipse. O AT é da LXX. O NT é alexandrino.

C. CÓDEX EPHRAEMI SIRY RESCRIPTUS Manuscrito da Bíblia toda, do século V d.C., e que está guardado na Bibliothèque Nationale de Paris. É

chamado de “rescriptus” porque o texto original foi apagado, embora tenha ficado vestígios leves, e o material reutilizado no século XII para anotar as obras de Efraem, o sírio. Duzentos e oito páginas foram usadas para este fim e são as páginas que chegaram até nós.

O texto bíblico foi restaurado por métodos modernos de recuperação. Estas páginas contém parte do livros de Jó, Provérbios, Eclesiastes, Sabedoria de Salomão, Eclesiástico, Cantares e quase todo o Novo Testamento, com exceção de II Tessalonicenses e II João.

D. CÓDEX D OU DE BEZAE Este manuscrito, do século V ou VI d.C., foi escrito nas língua grega, lado esquerdo e latina, lado direito.

Contém os quatro evangelhos; Atos, com algumas lacunas; e uma parte de I João.

I. CODEX WASHINGTONIANUS II É um manuscrito do século VII d.C., que se encontra na Coleção Freer do Instituto Smithsoniano de

Washington, USA. Contém partes das epístolas de Paulo, e a carta aos Hebreus depois de II Tessalonicenses.

L. CODEX REGIUS Manuscrito do século VIII d.C. que está na Biblioteca Nacional de Paris. Neste o evangelho de Marcos

termina no final de 16:9. Em seguida apresenta dois finais alternativos deste evangelho.

W. CODEX WASHINGTONIANUS I Foi produzido no século IV ou V d.C. e também pertence à Coleção Freer do Instituto Smithsoniano de

Washington, USA. Contém os quatro evangelhos, na ordem ocidental: Mateus, João, Lucas e Marcos. Foi copiado de outros manuscritos, pois apresenta diversos tipos de textos. Apresenta dois finais para o evangelho de Marcos.

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ALEPH: CODEX SINAITICUS O achado deste manuscrito envolve um drama vivido por Tischendorf, que o encontrou. Em 1844 Constantino Tischendorf trabalhava na biblioteca do mosteiro de Santa Catarina, na península

do Sinai, e notou uma cesta cheia de páginas soltas de manuscritos. Ficou eufórico quando notou que acabara de encontrar um dos mais antigos manuscritos bíblicos na língua grega. Tirou 43 páginas, que atendendo seu pedido foram-lhe dadas.

Outro bibliotecário alertou que duas cestas contendo o mesmo tipo de material fora consumido na

fornalha do mosteiro, para aquecer os monges. Entretanto, cerca de oitenta páginas do AT ainda existiam. Não conseguiu ir mais longe em sua busca, porque ao observar seu entusiasmo, os monges suspeitaram e deixaram de cooperar. Tischendorf voltou à Europa com suas 43 páginas. Em 1854 retornou ao mosteiro, mas não foi desta vez que os monges concordaram em falar sobre o restante das páginas de sua descoberta.

Mas, em 1859, voltando novamente ao mosteiro, sob o patrocínio do Czar Alexandre II, patrono da igreja

grega. Assim mesmo os monges não quiseram discutir sobre seu achado. Entretanto, um dos monges, inocentemente falou de uma cópia da Septuaginta que possuía e teria prazer em mostrar-lhe. Para surpresa de Tishendorf, o manuscrito era o mesmo do qual ele encontrara as 43 páginas. Continha o NT completo e parte do AT. Debalde Tischendorf tentou convencer o monge em presenteá-lo ao Czar russo. Mas o czar ofereceu um presente ao mosteiro, de acordo com costumes orientais, e levou o manuscrito (livrando-o do risco de aquecer a fornalha dos monges).

Em 1933 o Museu Britânico adquiriu o manuscrito, onde se encontram até hoje. O manuscrito contém parte dos livros de Gênesis, Números, I Crônicas, II Esdras, os livros poéticos,

Ester, Tobias, Judite e os livros proféticos, com exceção de Oséias, Amós, Miquéias, Ezequiel e Daniel. Estão ali incluídos também I e IV Macabeus.

O NT está completo. As epístolas de Barnabé e uma porção do Pastor de Hermas também estão no

manuscrito. O Texto assemelha-se ao Vaticanus e ao Alexandrinus.

THETA: CODEX KORIDETHIANUS Texto bizantino, do século IX d.C.

PI: CODEX PETROPOLITANUS Manuscrito do século IX d.C.

4. OS MINÚSCULOS São 2.646 escritos em pergaminhos entre os séculos IX e XV, em letras minúsculas.

5. OS LECIONÁRIOS São 1997 pergaminhos que levam este nome. Trazem textos selecionados para serem lidos nas

igrejas. Foram escritos nas mesmas datas dos unciais e minúsculos.

6. AS OSTRACAS Trechos do N.T. foram escritos em pedaços de cerâmica. Temos 25 exemplares, que contém breves

porções do N.T.

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7. Lista dos Principais Manuscritos Unciais do Novo Testamento Grego Os escritos dos séculos III e utilizados até o século XI. Existem cerca de 318 Unciais. Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Manuscritos_do_Novo_Testamento_Grego_em_letras_maiúsculas

Número Símbolo Nome Século Conteúdo Instituição Cidade Estado

Sinaiticus século IV Novo Testamento א 01Biblioteca Britânica;

Add. 43725 Londres

Reino Unido

02 A Alexandrinus século V Novo Testamento † Biblioteca Britânica;

Royal 1 D. VIII Londres

Reino Unido

03 B Vaticanus século IV Novo Testamento † Biblioteca do

Vaticano; Gr. 1209 Vaticano Vaticano

04 C Ephraemi Rescriptus

século V Novo Testamento † Biblioteca Nacional

da França; Gr. 9 Paris França

05 Dea Bezae

Cantabrigiensis século V Ev, Atos

Universidade de Cambridge, Nn. 2. 41

Cambridge Reino

Unido

06 Dp Claromontanus século VI Epístolas paulinas Biblioteca Nacional da França; Gr. 107

AB Paris França

06 Dabs1 Sangermanensis IX/século

X Epístolas paulinas

Biblioteca Nacional da Rússia; Gr. 20

São Petersburgo Rússia

06 Dabs2 século X Epístola aos Efésios Mengeringhausen Alemanha

07 Ee Basilensis século

VIII Evangelhos

Universidade de Basiléia; AN III 12

Basiléia Suíça

08 Ea Laudianus século VI Atos Bodleian Library;

Laud. Gr. 35 Oxford

Reino Unido

09 Fe Boreelianus século IX Ev Universiteit Utrecht;

Ms. 1 Utrecht Países

Baixos

010 Fp Codex Augiensis século IX Epístolas paulinas Trinity College; B.

XVII. 1 Cambridge

Reino Unido

011 Ge Codex Seidelianus

I século IX Ev

Biblioteca Britânica; Harley 5684

Londres Reino

Unido

012 Gp Codex

Boernerianus século IX Epístolas paulinas

Sächsische Landesbibliothek; A

145b Dresden Alemanha

013 He Codex Seidelianus

II século IX Ev

Universität Hamburg; codex 91

Trinity College; B. XVII 20, 21

Hamburg Cambridge

Alemanha Reino

Unido

014 Ha Codex Mutinensis século IX Atos Biblioteca Estense; A.V. 6.3. (G. 196)

Módena Itália

015 Hp Codex Coislinianus século VI Epístolas paulinas Biblioteca Nacional

da França Megisti Lavra; s. n.

Paris Atos

França

Grécia

016 I Codex Freerianus século V Paulo Smithsonian

Institution; 06. 275 Washington, D.C. Estados

Unidos

017 Ke Codex Cyprius século IX Ev Biblioteca Nacional da França; Gr. 63

Paris França

018 Kap Codex Mosquensis

I século IX Atos, Paulo

Nationaal Historisch Museum; V. 93

Moscou Rússia

019 Le Codex Regius século

VIII Ev

Biblioteca Nacional da França; Gr. 62

Paris França

020 Lap Codex Angelicus século IX Atos, Paulo Biblioteca Angelica

39 Roma Itália

021 M Codex Campianus século IX Ev Biblioteca Nacional da França; Gr. 48

Paris França

022 N Petropolitanus

Purpureus século VI Ev

Biblioteca Nacional da Rússia; Gr. 537

São Petersburgo Rússia

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023 O Codex Sinopensis século VI Mateus Biblioteca Nacional

da França; Suppl. Gr. 1286

Paris França

024 Pe Codex

Guelferbytanus A século VI Ev

Herzog August Bibliothek

codices Weißenburg 64

Wolfenbüttel Alemanha

025 Papr Codex

Porphyrianus século IX Atos, Paulo,Católicas, Ap

Biblioteca Nacional da Rússia, Gr. 255

São Petersburgo Rússia

026 Q Codex

Guelferbytanus B século V Lucas, João

Herzog August Bibliothek

codices Weißenburg 64

Wolfenbüttel Alemanha

027 R Codex Nitriensis século

VII Lucas

Biblioteca Britânica, Add. 17211

Londres Reino

Unido

028 S Codex Vaticanus

354 949 Ev

Biblioteca do Vaticano, Gr. 354

Vaticano Vaticano

029 T Codex Borgianus século V Lucas, João Biblioteca do

Vaticano, Borgia Coptic 109

Vaticano Vaticano

030 U Codex Nanianus século IX Ev Biblioteca Marciana,

1397(I,8) Veneza Itália

031 V Codex Mosquensis

II século IX Ev

Nationaal Historisch Museum, V. 9, S. 399

Moscovo Rússia

032 W Codex

Washingtoniensis IV/século

V Ev

Smithsonian Institution, 06. 274

Washington, D.C. Estados Unidos

033 X Codex Monacensis século X Ev

Ludwig-Maximilians-Universität München 2° codex manuscript

30

München Alemanha

034 Y Codex

Macedoniensis século IX Ev

Universidade de Cambridge, Add.

6594 Cambridge

Reino Unido

035 Z Codex Dublinensis século VI Mateus Trinity College

(Dublin), Ms. 32 Dublin Irlanda

036 Γ Codex

Tischendorfianus IV

século X Ev

Bodleian Library, Auct. T. infr. 2.2

Biblioteca Nacional da Rússia, Gr 33

Oxford São Petersburgo

Reino Unido Rússia

037 Δ Codex

Sangallensis século IX Ev

Stiftsbibliothek St. Gallen, 48

São Galo Suíça

038 Θ Codex Koridethi século IX Ev Institut für

Handschriften, Gr. 28 Tbilisi Geórgia

039 Λ Tischendorfianus

III século IX Lucas, João

Bodleian Library, Auct. T. inf. 1.1

Oxford Reino

Unido

040 Ξ Codex Zacynthius século VI Lucas British and Foreign Bible Society, Mss

213 Londres

Reino Unido

041 Π Codex

Petropolitanus século IX Ev

Biblioteca Nacional da Rússia, Gr. 34

São Petersburgo Rússia

042 Σ Codex purpureus

Rossanensis século VI Mateus, Marcos

Diocesian Museum, Cathedral

Rossano, Calabro Itália

043 Φ Codex Beratinus século VI Mateus, Marcos Nationaal

staatsarchief; nr. 1 Tirana Albânia

044 Ψ Athous Lavrensis IX/século

X Ev, Atos, Paulo Megisti Lavra; B΄ 52 Atos Grécia

045 Ω Athos Dionysius século IX Ev Dionysiusklooster, 10

(55) Atos Grécia

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4.5. As primeiras traduções do Antigo Testamento 1. Tradução para o aramaico Quando os judeus voltaram do Cativeiro na Babilônia não falavam mais o hebraico. Em Neemias 8.8

vemos a necessidade de uma tradução do hebraico para o aramaico. No começo, a tradução ao aramaico era somente falada, mas tarde foi escrita.

- A diferença entre as duas línguas pode ser comparada à diferença entre o espanhol e o português. - No Novo Testamento várias vezes fala-se do “hebraico”, mas essa língua não era o hebraico do Antigo

Testamento. Era um dialeto aramaico que os judeus da Palestina falavam no tempo de Jesus.

2. Tradução para o Grego - Septuaginta Essa tradução Grega do Antigo Testamento teve bastante influência sobre as nossas versões do Antigo

Testamento foi feita uns 200 anos Antes de Cristo. Era bem conhecida no tempo de Jesus, e, muitas vezes, os apóstolos citaram essa tradução em vez do hebraico. É chamada de “Septuaginta” ou “A Bíblia Grega dos Setenta”.

Lembremos que naquela época havia só o Antigo Testamento, pois o Novo Testamento ainda não tinha

sido escrito. Provavelmente era um trecho da Septuaginta o que o eunuco da Etiópia estava lendo (At 8.30) e aquele que o povo de Beréia examinava (At 17.11 e 12).

Vejamos algumas maneiras como essa tradução influenciou as nossas versões do Antigo Testamento:

a) No conteúdo A Septuaginta incluiu:

1. todas as Escrituras Sagradas dos judeus em hebraico; 2. mais alguns livros e partes de livros escritos em hebraico, que os judeus não consideravam como a Palavra de

Deus. O Antigo Testamento pelos evangélicos é somente os livros das Escrituras Sagradas hebraica, isto é, os

mesmo livros considerados sagrados pelos judeus. O Antigo Testamento inclui também uma parte dos livros a mais que estão na Septuaginta e que os

judeus não consideraram sagrados.

b) Na ordem dos livros A Septuaginta coloca os livros em uma ordem diferente das Escrituras hebraicas. Tanto as versões

católicas como as evangélicas seguem a ordem da Septuaginta. Veja então esta ordem:

Septuaginta Bíblia Hebraica Gênesis Êxodo Levítico Números Deuteronômio Josué Juízes Rute 1 Livro dos Reis (= 1 Samuel, hoje) 2 Livro dos Reis (= 2 Samuel, hoje) 3 Livro dos Reis (= 1 Reis, hoje) 4 Livro dos Reis (= 2 Reis, hoje) 1 Paralipômenos (= 1 Crônicas, hoje) 2 Paralipômenos (= 2 Crônicas, hoje) 1 Esdras 2 Esdras (= Esdras e Neemias, hoje) Ester Judite Tobias 1 Macabeus 2 Macabeus 3 Macabeus 4 Macabeus Salmos Odes Provérbios Eclesiastes

Lei (Torah) 1. Gênesis 2. Êxodo 3. Levítico 4. Números 5. Deuteronômio Profetas (Nebiim) 6. Josué 7. Juízes 8. 1 Samuel 2 Samuel 9. 1 Reis 2 Reis 10. Isaías 11. Jeremias 12. Ezequiel 13. Doze profetas:

Oséias Naum Joel Habacuque Amós Sofonias Obadias Ageu Jonas

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Cântico dos Cânticos Jó Sabedoria de Salomão Eclesiástico (ou Sirácida) Salmos de Salomão Oséias Amós Miquéias Joel Obadias Jonas Naum Habacuque Sofonias Ageu Zacarias Malaquias Isaías Jeremias Baruque Lamentações Carta de Jeremias (= Baruque 6, nas edições católicas) Ezequiel Suzana (= Daniel 13, nas edições católicas) Daniel Bel e o Dragão (= Daniel 14, nas edições católicas)

Miquéias Zacarias Malaquias

Demais Escritos (Ketubim) 14. Salmos 15. Jó 16. Provérbios 17. Rute 18. Cântico dos Cânticos 19. Eclesiastes (Qohelet) 20. Lamentações 21. Ester 22. Daniel 23. Esdras e Neemias 24. 1 Crônicas 2 Crônicas Se analisar bem, são os mesmos livros da Bíblia Evangélica (Protestante). Muitos judeus compram a Bíblia Evangélica e retiram o Novo Testamento, pois o conteúdo dos livros do AT é o mesmo em ambas.

Lucas 24.44 diz que Jesus explicou o que estava escrito a respeito dele “na lei de Moisés, e nos profetas

e nos salmos”. Ele estava-se referindo ao Antigo Testamento inteiro, porque as Escrituras hebraicas se dividem em três partes: a Lei (Torah), os Profetas (Nebiim) e os Escritos (Ketubim). Essa última também era conhecida como “Salmos”, por ser esse o primeiro livro dessa terceira parte.

Quando Jesus falou, em Lucas 11.51, “Desde o sangue de Abel [Gn 4.8], até ao sangue de Zacarias” (2

Crônicas 24.21), estava incluindo o Antigo Testamento inteiro, porque nas Escrituras Sagradas hebraicas Gênesis é o primeiro livro e 2 Crônicas, o último. Notamos que a ordem do Antigo Testamento em nossas Bíblias não é a mesma que a ordem hebraica, mas os livros são.

c) Nos nomes dos livros Os nomes dos livros hebraicos são tirados das primeiras palavras de cada livro, enquanto os nomes que

usamos referem-se ao conteúdo dos livros e seguem os que estão na Septuaginta. Note os nomes dos cinco livros da lei:

Nome em hebraico Nome na Septuaginta (grego), o

mesmo que usamos Significado do nome em português

Bereshit - Começo ou princípio Gênesis “começo”

Shemôt - Nomes dos filhos de Israel Êxodo “saída”

Vaicrá - Chamado Levítico “da tribo de Levi”

Bamidbar - No deserto Números “números”

Dvarim - Palavras Deuteronômio “repetição da lei”

4.6. Tradução da Bíblia Completa (Antigo Testamento e Novo Testamento)

1. Versões em Latim O latim era a língua do Império Romano, e por isso era importante haver uma tradução para essa língua.

Houve várias versões para o latim, mas, no fim do século IV, Jerônimo foi autorizado a fazer uma versão oficial, revisando a antiga versão latina. Sua versão ficou conhecida como a “Vulgata” e foi aceita como a versão oficial da Igreja Católica Romana, no fim do século XVI. Alguns dos livros e partes de livros que não estão nas Escrituras hebraica, mas que fazem parte da Septuaginta, foram incluídos na Vulgata, embora Jerônimo não quisesse que isso acontecesse. Da Vulgata entrou para o Antigo Testamento católico. E por esse motivo há diferenças no Antigo Testamento, das Bíblias católicas para as evangélicas, quanto ao conteúdo.

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Desde o começo, a Bíblia era escrita na língua do povo comum, tanto em hebraico, como em aramaico, grego e latim. Mas nos anos seguintes, a Igreja insistiu em somente permitir o uso da versão latina de Jerônimo. O povo comum, que não entendia o latim, ficou sem as Escrituras. E então podia ser manipulado à vontade pelos seus comandantes e "líderes".

2. Traduções para várias línguas Segue-se uma lista de quando as primeiras traduções foram feitas para algumas línguas. 1456 ? Latino 1864 Búlgaro 1466 Alemão 1864 Fijian 1471 Italiano 1865 Basque:Labourdin 1478 Catalán 1867 Russo 1488 Theco 1868 Efik 1522 Holandês 1871 Eskimo: Labrador 1530 Francês 1871 Twi: Akuapem 1535 Inglês 1879 Dakota 1541 Sueco 1883 Thai 1550 Dinamarquês 1883 Japonês 1553 Espanhol 1883 Isizulu 1561 Polonês 1884 Yoruba 1581 Slavo 1884 Taiwanese 1584 Slovenian 1891 Azerbaijani 1584 Icelandic 1891 Sundanese 1588 Galês 1891 Kiswahili: Southern 1590 Húngaro 1895 Pashto 1599 Hebrew 1899 Kashmiri 1642 Filandês 1903 Ukrainian 1663 Massachusetts 1905 Tagalog 1671 Árabe 1911 Korea 1679 Romansch 1913 Ewe 1685 Irlandês 1914 Nepali 1688 Rumanian 1916 Vietnamese 1689 Latvian 1926 Esperanto 1727 Tamil 1932 Hausa 1733 Malay 1933 Africano 1735 Lithuanian 1940 Bulu 1739 Estonian: Tallin 1948 Tibetan 1743 Georgian 1951 Fang: Ogowé 1751 Português 1951 Kikikuyu 1801 Gaelic 1952 Maltese 1804 Serbo - Croatian 1953 Luo 1809 Bengali 1954 Sindhi 1811 Lapp: Swedish 1954 Cambodian 1815 Oriya 1956 Ijo:Lower 1819 Marathi 1959 Panjabi 1821 Yiddish 1959 Mende 1822 Sanskrit 1963 Árabe: Norte Africano 1822 Chinês 1964 Tiv 1823 Shinhala 1966 Nama 1823 Gujarati 1827 Turquês 1831 Kannada 1832 Slovak 1834 Norueguês 1835 Hindi 1835 Burmese 1835 Malagasy 1838 Persa 1838 Tahitian 1839 Hawaiian 1840 Grego:Moderno 1840 Amharic 1841 Malayalam 1843 Urdu 1851 Rarotonga 1852 Syriac: Modern 1853 Armênio 1854 Telugu 1854 Javanês 1855 Samoan 1858 Maori 1859 Isixhosa 1862 Tongan 1862 Cree:Western

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3. Versões em Português A Primeira obra evangélica em português foi a Vida de Cristo publicada em 1445 por ordem da rainha

de Portugal, D. Leonor, esposa do rei D. João II. Dez anos mais tarde, ela mandou publicar Atos, Tiago, 1 e 2 Pedro, 1, 2 e 3 João e Judas. Também em 1495, Gonçalo Garcia traduziu e publicou partes dos evangelhos e das epístolas para

uso nos cultos na igreja. João Ferreira de Almeida nasceu em Portugal, mas foi na ilha de Java que se converteu aos 14 anos.

Com 16 anos começou a traduzir as Escrituras do espanhol. Mas tarde, usou traduções em latim, francês, italiano e holandês para seu trabalho de tradução.

Antes de publicar o Novo Testamento em 1681, já tinha aprendido um poço de grego. Antes de falecer em 1691, conseguiu traduzir o Novo Testamento inteiro e o Antigo Testamento até o

último capitulo de Ezequiel. O Antigo Testamento foi publicado em dois volumes, em 1748 e 1753, e a Bíblia em um só

volume, em 1819. A Igreja em Portugal lutou para não permitir que as Escrituras fossem publicadas na língua do povo.

Dizia que as versões eram falsas, inclusive aquela feita pelo Padre Antonio Pereira de Figueiredo. Só há pouco tempo foi que uma parte da Igreja Católica apoiou a tradução e a leitura das Escrituras na

língua do povo.

4. “Texto Recebido” (Textus Receptus) - Em Grego Em 1516 um holandês, Erasmo de Roterdã, publicou um Texto grego do Novo Testamento. Ele tinha estudado os manuscritos gregos que eram conhecidos no seu tempo, juntamente com os

escritos dos líderes da igreja cristã dos primeiros séculos depois de Cristo. Ele juntou todo esse material, procurando descobrir como era o original grego do Novo Testamento. Quando encontrava diferenças entre os manuscritos, escolhia a palavra que achava mais certa. Depois

de estudar as diferenças, elaborou um Texto do grego que achava o mais certo. A tradução do Novo Testamento de João Ferreira de Almeida foi baseada no Texto Recebido, embora

ele não tenha usado manuscritos gregos no começo de seu trabalho e, sim, algumas das traduções do Texto Recebido que já existiam em outras línguas que ele conhecia.

Durante os últimos 300 anos, muitos outros manuscritos foram encontrados. Do Novo Testamento existem hoje mais ou menos 5000 manuscritos. Manuscritos que tem apenas cinco versículos de João 18, copiados uns 50 anos depois de João ter

escrito o seu Evangelho (150 d.C.). Até manuscritos com todos os livros do NT, que hoje chegam a mais ou menos 50 - incluem todos os 27

livros do Novo Testamento Outro manuscrito bem antigo, é uma cópia que data mais ou menos do ano 200 depois de Cristo. Os que confiam mais nos manuscritos já conhecidos na época de João Ferreira de Almeida seguem o

Texto Recebido. Repetindo sempre: as pessoas que apóiam um Texto ou outro são igualmente estudiosas e

amantes da Palavra de Deus. Não que um grupo seja mais temente a Deus ou mais estudioso que o outro. A Maioria das diferenças é mínima. Nenhuma das diferenças muda as doutrinas básicas das Escrituras. O Texto Recebido ou um dos Textos Críticos, tem palavras que o outro não tem, como no caso de “até à

Ásia” em Atos 20.4; As palavras são diferentes, isto é, uma ou mais palavras aparecem em um dos Textos e outra(s)

palavra(s) aparece(m) em outro, como no caso de “me” e “te” em Romanos 8.2. Veremos mais sobre comparação de versões mais a frente.

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4.7. Breve Histórico das Versões Portuguesas A. Formas de Tradução Há diferentes maneiras de traduzir o mesmo texto. Uma é seguindo a forma das frases da língua

original, outra é mostrando o significado do texto, mas seguindo a forma das frases da segunda língua (no caso, o português). As duas maneiras são corretas, mesmo que à primeira vista pareçam contrárias.

Veja o Quadro das Versões Brasileiras:

COR Revista e Corrigida de João Ferreira de Almeida literal ATU Revista e Atualizada de João Ferreira de Almeida literal VRe Versão Revisada de João Ferreira de Almeida, (A primeira edição foi chamada de

“Versão da Imprensa Bíblia Brasileira”.) literal

JER A Bíblia de Jerusalém literal VOZ A Bíblia Sagrada Vozes literal ACF Almeida Corrigida Fiel da Sociedade Trinitariana literal VB Versão Brasileira ou Nova Versão Brasileira ou Tira Teimas. literal NVI Nova Versão Internacional livre BLH A Bíblia na Linguagem de Hoje livre NTLH Nova Tradução na Linguagem de Hoje livre VIVA A Bíblia Viva livre CH Cartas para Hoje, traduzidas por Phillips livre

Legenda: literal - versão que segue mais de perto a forma das línguas originais. livre (ou paráfrase) - versão que procura usar uma forma natural em português.

É bom ler versões dos dois grupos (literal e livre). A Versão melhor para cada caso depende de quem vai usá-la e do uso que queria fazer dela. A NTLH, a NVI, a VIVA e a CH servem especialmente para:

a) alguém que tenha um bom conhecimento da Bíblia e do português e queria sentir o mesmo prazer que os leitores do original sentiram – lendo uma versão clara e natural na própria língua – mesmo que o conteúdo de certos trechos não seja de fácil compreensão;

b) alguém que deseje ler um livro inteiro da Bíblia de uma só vez; c) alguém com pouco interesse pela Bíblia ou que a esteja lendo pela primeira vez, como, por exemplo, um

interessado no evangelho ou alguém começando a frequentar uma igreja; d) alguém que queria entender melhor certo trecho.

Uma vez que a BLH ou NTLH foi escrita de maneira mais simples do que as outras versões, usando um

vocabulário bem conhecido por todos, é muito útil também para: - crianças; - pessoas cuja língua materna não seja o português ou que não tenha muita leitura no português literário; - pessoas não acostumadas à linguagem figurada; - pessoas com menos conhecimento da cultura bíblica.

A COR, a VRe, a NVI, a ATU, a JER e a VOZ são mais indicadas para:

a) um estudo detalhado da Bíblia, como no preparo de uma mensagem ou para um grupo que esteja estudando a Bíblia;

b) uma pessoa que já conheça bem a Bíblia; c) ajudar, às vezes, a entender as razões das diferenças entre as versões.

Note que a NVI está nos dois grupos por seguir um forma natural ao português e ao mesmo tempo

procurar ficar bem perto do significado do original. Quando há diferenças de interpretação, muitas vezes coloca uma interpretação no texto e outro no rodapé, como notas.

Muitas pessoas estão acostumadas a uma certa versão e acham que aquela é a mais certa. É bom continuar lendo e estudando essa versão, mas é bom usar algumas das outras versões também,

para tirar proveito de algumas das vantagens que cada uma delas nos oferecem.

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B. Versões e Seus Tipos

Versões Literais, Funcionais e Livres - Prof. Luiz Sayão

Legenda: Cont. - Contemporânea, ALM 21 - Almeida 21, Port Corre. - Português Corrente (Portugal), o Livro - (2004). Restante das abreviaturas, ver abaixo:

1. RC ou COR - A Bíblia Sagrada – João Ferreira de Almeida, Edição Revista e Corrigida Versões: RC1940, RC Fiel (1994) - ver item 9 - ACF, RC SBB (1995), RC IBB Juerp (1997). Não é exatamente a tradução feita por João Ferreira de Almeida e, sim, um revisão do trabalho dele. A

última revisão foi em 1995.

2. RA ou ATU ou ARA - A Bíblia Sagrada – João Ferreira de Almeida, Edição Revista e Atualizada no Brasil Versões: ARA (1958), ARA1 (1976), ARA2 (1993). É uma versão da Sociedade Bíblia do Brasil, publicada em 1958. A Bíblia Vida Nova é uma edição da

ATU, publicada em 1976 por Edições Vida Nova, com muitas referências e notas explicativas. A ATU é uma revisão da COR que difere dela uns 30%. Algumas das mudanças se devem ao fato de a

ATU seguir um Texto Crítico enquanto a COR segue mais de perto o Texto Recebido. Outras mudanças foram feitas para evitar combinações de palavras que não soavam vem e para ser igualmente mais fácil a compreensão da leitura bíblica na igreja. Às vezes, a ATU segue uma forma mais natural do português, como “coração” em vez de “rins” ou “entranhas”, ao falar do centro das nossas emoções.

3. VRe ou REVIS - A Bíblia Sagrada, Versão Revisada - Imprensa Bíblica Brasileira Versões: REVIS - NT (1949), REVIS (1967), REVIS2 (1986). A Primeira edição do Novo Testamento saiu em 1949 e da Bíblia inteira, em 1967 com o nome de

“Versão da Imprensa Bíblica Brasileira”. A segunda edição saiu em 1986 como o nome de “Versão Revisada”.

É baseada na tradução de João Ferreira de Almeida. Segue um texto crítico, mas não é exatamente o mesmo seguido pela ATU. Muitas palavras ou frases entre colchetes na ATU não aparecem nessa versão ou estão como nota de rodapé. Os tradutores procuram conservar a forma da COR, e, por isso, podemos notar mais semelhança entre a COR e a VRe do que entre a COR e a ATU, a VRe apresenta uma forma mais natural do que a COR, mais segue mais a forma do hebraico e do grego do que a ATU.

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4. BJ ou JER - A Bíblia de Jerusalém – Edições Paulinas Versões: BJ - NT (1976), BJ2 - AT e NT (1981), BJ3 (1985), NBJ (2002). O Novo Testamento foi publicado em 1976, a Bíblia inteira, em 1981 e uma revisão, em 1985. As

introduções e notas foram traduzidas da edição francesa, mas o texto bíblico foi traduzido das línguas originais por especialistas brasileiros.

5. VOZ - A Bíblia Sagrada Vozes – Editora Vozes Versões: VOZ - NT (1962), VOZES (1982). O Novo Testamento (terceira edição) foi publicado em 1962 tendo como tradutor o Fr. Mateus Hoepers.

A Bíblia inteira, incluindo um revisão do Novo Testamento, saiu em 1982.

6. NVI - Nova Versão Internacional – Sociedade Bíblica Internacional Versões: NVI - NT (1994), NVI2 (2000). O Evangelho segundo João, Pão da Vida, foi publicado em 1988, e Romanos, em 1989. Os versículos

citados neste livro são do manuscrito do Novo Testamento na fase final. A Nova Versão Internacional está sendo preparada por Edições Vida Nova, e a filosofia de tradução

adotada é a mesma da New International Version, versão semelhante em inglês, lançada em 1978, que tem sido amplamente aceita no mundo de fala inglesa. Produzida por estudiosos evangélicos de muitas denominações.

7. BLH ou NTLH - A Bíblia na linguagem de Hoje – Sociedade Bíblia do Brasil Versões: BLH (1988), NTLH (2000). O Novo Testamento, primeira edição, foi publicado em 1973, Salmos, primeira edição, em 1979 e

Provérbios, terceira edição, em 1983. NO fim de 1988 a Bíblia completa foi lançada, o Antigo Testamento em primeira edição e o Novo Testamento em quarta.

A tradução do Novo Testamento foi aprovada pela Igreja Católica. Uma parte dos exemplares contém a carta de recomendação da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), e, assim, o Novo Testamento serve tanto para evangélicos como para católicos. Na Bíblia inteira são incluídos somente os livros considerados pelos evangélicos como a Palavra de Deus. Os demais livros aceitos pelos católicos não são incluídos.

Veja o que fala a SBB - Sociedade Bíblica do Brasil: O Rev. Oswaldo Alves, tradutor de base da "BÍBLIA NA LINGUAGEM DE HOJE", conta sua impressionante experiência sobre o uso das traduções tradicionais da Bíblia no trabalho de evangelização. Diz ele:

Acho que vim trabalhar nesta tradução movido por um trauma psicológico adquirido nos tempos em que era capelão evangélico em Campos do Jordão. Durante 14 anos, atendendo a centenas de tuberculosos, nos sanatórios e nas favelas, vi repetir-se a mesma cena. O tuberculoso, já bem próximo do seu fim, devolvia-me o exemplar da Bíblia que eu lhe dera tempos atrás, dizendo: "Olhe Pastor, aqui está a sua Bíblia. Não adianta, eu não entendo mesmo." Quando ouvia isto, eu me sentia como se estivesse diante de uma pessoa faminta, morrendo de fome espiritual e oferecendo a ela o pão que podia salvá-la, mas tão bem embrulhado, que ela jamais poderia desembrulhar."

O Dr. Roberto Bratcher conta uma experiência diferente, acontecida nos Estados Unidos, que confirma a necessidade de uma tradução da Bíblia na Linguagem de Hoje:

Uma garotinha de 11 anos, interrompe a leitura no Novo Testamento na Linguagem de Hoje, em inglês, e diz a sua mãe: "Mamãe, eu acho que isto não é a Bíblia. Eu estou entendendo tudo..."

No Brasil, temos diante de nós o seguinte quadro, nada animador: um terço da população não pode ler a Bíblia, porque não sabe ler. E entre os restantes que sabem ler, mais da metade não tem condições para entender a Bíblia, porque a linguagem que conhecem não é suficiente. O Brasil, especialmente agora quando faz um grande esforço para eliminar o analfabetismo, necessita urgentemente da

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Bíblia em linguagem simples que até os recém-alfabetizados possam entender a apreciar. Porém, a tradução na Linguagem de Hoje não pretende tomar o lugar da excelente tradução de João Ferreira de Almeida. A Sociedade Bíblica do Brasil continuará a editar tanto a versão Corrigida, como a Revista e Atualizada no Brasil, traduzida por João Ferreira de Almeida. Esta nova tradução destina-se especialmente à evangelização, aos que não conhecem a Bíblia, e àqueles que estão aprendendo a ler. Porém não será surpresa se acontecer no Brasil o que tem acontecido em outros países, onde até os crentes e os estudiosos da Bíblia gostaram e passaram a usar a "Bíblia na Linguagem de Hoje".

8. VIV ou VIVA - A Bíblia Viva – Editora Mundo Cristão Versões: VIVA - NT (1973) - VIVA (1981), VIVA2 (1983). O Novo Testamento foi publicado em 1973, e a Bíblia inteira, em 1981. A versão em inglês foi feita por uma pai de família americano, estudante da Palavra de Deus, para

ajudar os filhos a entender as Escrituras. Isso antes de ser lançada a BLH. Tanta gente gostou que acabou sendo traduzida para muitas línguas, inclusive o português. Na Bolívia, essa versão do Novo Testamento é usada como texto oficial das aulas de educação religiosa. Milhares de cópias já foram distribuídas em escolas brasileiras nas aulas de educação religiosa. Agradeçamos isso a Deus.

O prefácio da primeira edição explica que a VIV não é uma tradução, mas sim uma paráfrase, e essa palavra aparece na capa. Mas a segunda edição (1983) não a usa mais, nem a explicação, ainda que o tipo de tradução continue o mesmo.

Como em certos trechos a VIV foge um pouco das regras geralmente aceitas, não é a melhor versão para um estudo profundo e detalhado, nem para servir de base a um tradutor. Ainda assim, tem muito valor por ser fiel na maioria dos trechos e por ser uma versão idiomática e clara.

9. ACF ou RCFiel - Almeida Corrigida Fiel Versões: ACF - NT (1973), RCFiel (1994). O Novo Testamento segundo a Sociedade Bíblica Trinitariana foi lançada em 1973, e o lançamento da

Bíblia inteira aconteceu em 1994. Uma versão atual desta Bíblia tem sido difundida por todo o Brasil, chamada de Bíblia FIEL. É uma tradução Bíblica o mais identificada possível com os originais Massorético e Textus Receptus, tirando também alguns arcaísmos, bem como os cacófatos e restaurando o uso do grifo, para as palavras que, para melhor compreensão, tivemos que incluir, mas, que não estão nos originais Hebraico e Grego.

Esta versão nasceu porque alguns eruditos e tementes a Deus, acham que as traduções atuais estão se desviando das Palavras originais dos autores bíblicos. Veja o que diz o Pr. Robert Gerald Kilko da Sociedade Bíblica Trinitariana:

Concluindo, gostaria de apresentar uma advertência: João Ferreira de Almeida usou o Textus Receptus para fazer sua tradução, mas pouco a pouco com as novas edições, este texto vem sendo corrompido pelas editoras brasileiras, onde elas estão atacando a Pessoa de Jesus Cristo por omitirem os títulos referente ao Senhor Jesus Cristo tais quais: "Cristo", "Senhor", e "Sangue" como é mostrado na passagem de Colossenses 1:14. Certos versículos estão omitidos, e outros estão colocados entre colchetes com uma explicação que gera dúvidas acerca de sua autenticação e autoridade. Como isto está sendo feito? Eles tem tomado esta tradução baseado no Textus Receptus, e estão usando estes outros textos gregos como textos de maior autoridade e até dizem que usam textos "melhores" e mais "antigos".

10. VB ou TT - A Versão Brasileira ou Tira Teimas Versão: VB (1917). A Bíblia no Brasil, N. 159, 1991, p. 20. Sociedade Bíblica do Brasil. Conhecida por sua fidelidade aos textos originais, a primeira tradução da Bíblia feita no Brasil chegou a

ser chamada de "tira-teimas".

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Em 1917, durante a Primeira Guerra Mundial, foi lançada a primeira tradução da Bíblia realizada no Brasil. Era a Versão Brasileira, como ficou conhecida (ou simplesmente pela abreviação VB), feita a partir dos textos originais gregos e hebraicos.

A nova tradução não demorou a receber críticas e elogios. Alguns consideraram a Versão Brasileira literal demais e também não aprovaram a maneira como a tradução trazia escritos os nomes dos lugares e dos personagens bíblicos - diferente da consagrada e geralmente aceita nas versões portuguesas, utilizadas no País até aquela data.

Apesar dessas restrições, figuras importantes da época fizeram elogios à Versão Brasileira, ressaltando, em especial, a sua fidelidade. José Carlos Rodrigues, dono e redator do "Jornal do Commercio", o diário mais respeitado do Rio de Janeiro no começo do século, fez o seguinte comentário a respeito da VB, comparando-a com a tradução portuguesa de Antonio Pereira Figueiredo: "Perde um pouco do belo português de Figueiredo, porém ganha na fidelidade ao sentido original." O Dr. William Carey Taylor, professor de Grego Neotestamentário e autor do livro "Introdução ao Estudo do Novo Testamento Grego", compartilhava da opinião de José Carlos Rodrigues sobre a tradução. "É uma das versões mais fiéis aos originais que tenho lido em qualquer língua."

Essa elogiada fidelidade acabou dando origem a uma brincadeira comum em alguns seminários brasileiros, onde a VB era chamada de TT - a "tira-teimas".

Comissão de celebridades Os trabalhos da Comissão Tradutora começaram por volta de 1902, sob o patrocínio da Sociedade

Bíblica Britânica e Estrangeira (de Londres) e da Sociedade Bíblica Americana (de Nova Iorque), responsáveis pela distribuição das Escrituras Sagradas no País durante o período anterior à fundação da Sociedade Bíblica do Brasil (1948). Os tradutores destacados para a realização do projeto foram três missionários americanos - Rev. John Rockwell Smith, Rev. John M. Kyle (ambos presbiterianos) e Rev. William Cabell Brown (episcopal) - e três pastores brasileiros - o famoso filólogo Eduardo Carlos Pereira, o matemático Antonio Bandeira Trajano (presbiterianos), e Hipólito de Oliveira Campos (metodista). A Comissão escolheu o Rev. William Cabell Brown como seu presidente e relator. Mais tarde, em 1913, o Rev. Brown voltou para os Estados Unidos, e o Rev. Eduardo Carlos Pereira o substituiu no cargo.

Participaram ainda das atividades da Comissão o poeta gaúcho Mário Artagão e dois escritores: Virgílio Várzea e Alberto Meyer. Outras grandes personalidades da literatura brasileira - como Ruy Barbosa, Heráclito Graça e José Veríssimo - também contribuíram, por diversas vezes, na elaboração da Versão Brasileira, como consultores.

"Versão Fiel" A tradução do Antigo Testamento foi baseada no texto hebraico de "Letteris", e a do Novo Testamento,

no texto grego de "Nestle". Como fontes de consulta, a Comissão utilizou a "King James Version" (a mais conhecida tradução da Bíblia em inglês), Edição Revista de 1866, as traduções portuguesas de Antonio Pereira de Figueiredo e João Ferreira de Almeida, além da italiana de Diodatti, da francesa de Ostervald e da espanhola de Reina-Valera. A "Septuaginta" e a "Vulgata Latina", traduções clássicas, também foram consultadas.

Os primeiros livros a serem publicados na nova versão foram os Evangelhos de Mateus e Marcos, em 1904. Tratava-se de uma edição para testar a aceitação dos leitores - e que foi recebida com algumas críticas. O fato levou a Comissão Tradutora a rever o texto de Mateus, o qual, já revisado, voltou a ser publicado em 1905. Os demais livros foram sendo editados aos poucos até a publicação da Bíblia completa, o que aconteceu 15 anos depois de iniciado o trabalho.

A Versão Brasileira nunca sofreu qualquer revisão, correção ou aperfeiçoamento na linguagem. Com o passar dos anos, foi sendo substituída pela tradução de João Ferreira de Almeida na preferência da população evangélica. Mais tarde, teve a sua produção desativada pelas Sociedades Bíblicas que haviam idealizado e patrocinado seu projeto. Apesar disso, até hoje a Versão Brasileira é considerada uma tradução importante - muitos estudiosos da Bíblia chegam mesmo a chamá-la de "Versão Fiel" e torcem para que seja republicada.

4.8. Outras Versões Existem ainda outras versões. Quando surge uma nova versão é bom saber a editora e estudá-la com

cuidado para ver se é boa ou não. Uma versão que precisamos um certo cuidado é a versão do Novo Mundo das Escrituras Sagradas,

publicada pela Watchtower Bible and Tract Society (Sociedade Torre de Vigia), isto é, pelos testemunhas-

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de-jeová (TJ). Em muitas passagens essa versão torce o texto original para ensinar as suas próprias doutrinas.

4.9. Comparativo de Versões Eu selecionei aqui alguns versículos polêmicos entre as devidas versões. Mesmo sendo polêmicos,

motivo de muita guerra textual entre os que defendem cada versão, as diferenças são sutis.

Versão Atos 8:9-10 Mateus 14:33 João 3:13 I João 4:2-3 RC ou COR E estava ali um certo homem,

chamado Simão, que anteriormente exercera naquela cidade a arte mágica, e tinha iludido o povo de Samaria, dizendo que era uma grande personagem; Ao qual todos atendiam, desde o menor até ao maior, dizendo: Este é a grande virtude de Deus.

Então aproximaram-se os que estavam no barco, e adoraram-no, dizendo: És verdadeiramente o Filho de Deus.

Ora, ninguém subiu ao céu, senão o que desceu do céu, o Filho do homem, que está no céu.

Nisto conhecereis o Espírito de Deus: Todo o espírito que confessa que Jesus Cristo veio em carne é de Deus; E todo o espírito que não confessa que Jesus Cristo veio em carne não é de Deus; mas este é o espírito do anticristo, do qual já ouvistes que há de vir, e eis que já está no mundo.

RA ou ARA Ora, havia certo homem, chamado Simão, que ali praticava a mágica, iludindo o povo de Samaria, insinuando ser ele grande vulto; ao qual todos davam ouvidos, do menor ao maior, dizendo: Este homem é o poder de Deus, chamado o Grande Poder.

E os que estavam no barco o adoraram, dizendo: Verdadeiramente és Filho de Deus!

Ora, ninguém subiu ao céu, senão aquele que de lá desceu, a saber, o Filho do Homem [que está no céu].

Nisto reconheceis o Espírito de Deus: todo espírito que confessa que Jesus Cristo veio em carne é de Deus; e todo espírito que não confessa a Jesus não procede de Deus; pelo contrário, este é o espírito do anticristo, a respeito do qual tendes ouvido que vem e, presentemente, já está no mundo.

BJ ou JER Ora, vivia há tempo, na cidade, um homem chamado Simão, o qual, praticando a magia, excitava o povo de Samaria e pretendia ser alguém importante. Todos, do menor ao maior, lhe davam atenção, dizendo: "Este é o poder de Deus, que se chama Grande".

Os que estavam no barco prostaram-se diante dele dizendo: "Verdadeiramente, tu és o Filho de Deus!"

Ninguém subiu ao céu, a não ser aquele que desceu do céu, o Filho do Homem.

Nisto conhecereis o espírito de Deus; todo espírito que confessa que Jesus Cristo veio na carne é de Deus; e todo espírito que não confessa Jesus não é de Deus; é este o espírito do Anti-Cristo. Dele ouvistes dizer que ele virá; e agora ele já está no mundo.

NVI Um homem chamado Simão vinha praticando feitiçaria durante algum tempo naquela cidade, impressionando todo o povo de Samaria. Ele se dizia muito importante, e todo o povo, do mais simples ao mais rico, dava-lhe atenção e exclamava: "Este homem é o poder divino conhecido como Grande Poder".

Então os que estavam no barco o adoraram, dizendo: "Verdadeiramente tu és o Filho de Deus".

Ninguém jamais subiu ao céu, a não ser aquele que veio do céu: o Filho do homem.

Vocês podem reconhecer o Espírito de Deus deste modo: todo espírito que confessa que Jesus Cristo veio em carne procede de Deus; mas todo espírito que não confessa a Jesus não procede de Deus. Esse é o espírito do anticristo, acerca do qual vocês ouviram que está vindo, e agora já está no mundo.

NTLH Morava ali um homem chamado Simão, que desde algum tempo atrás fazia feitiçaria entre os samaritanos e os havia deixado muito admirados. Ele se fazia de importante, e os moradores de Samaria, desde os mais importantes até os mais humildes, escutavam com muita atenção o que ele dizia. Eles afirmavam: - Este homem é o poder de Deus! Ele é “o Grande Poder”!

E os discípulos adoraram Jesus, dizendo: - De fato, o senhor é o Filho de Deus!

Ninguém subiu ao céu, a não ser o Filho do Homem, que desceu do céu.

É assim que vocês poderão saber se, de fato, o espírito é de Deus: quem afirma que Jesus Cristo veio como um ser humano tem o Espírito que vem de Deus. Mas quem nega isso a respeito de Jesus não tem o Espírito de Deus; o que ele tem é o espírito do Inimigo de Cristo. Vocês ouviram dizer que esse espírito viria, e agora ele já está no mundo.

VIVA Um homem chamado Simão antes tinha sido feiticeiro ali durante muitos anos; era um homem de muita fama e orgulhoso por causa das feitiçarias que podia fazer - aliás, o povo samaritano freqüentemente falava dele como "a Revelação do Poder de Deus".

Os outros ficaram muito admirados e assustados. "Realmente o Senhor é o Filho de Deus!" exclamaram.

Pois somente Eu, o Messias, vim a terra e voltarei ao céu outra vez.

E o meio para descobrir se a mensagem deles vem da parte do Espírito Santo é perguntar: Ela concorda realmente que Jesus Cristo, o Filho de Deus, tornou-se verdadeiramente homem com um corpo humano? Se for assim, então a mensagem vem de Deus. Senão, a mensagem não vem de Deus, mas sim de alguém que é contra Cristo, como o anticristo, acerca do qual vocês já ouviram falar que virá, e a sua atitude de inimizade contra Cristo já está espalhada pelo mundo.

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RCFiel E estava ali um certo homem, chamado Simão, que anteriormente exercera naquela cidade a arte mágica, e tinha iludido o povo de Samaria, dizendo que era uma grande personagem; Ao qual todos atendiam, desde o menor até ao maior, dizendo: Este é a grande virtude de Deus.

Então aproximaram-se os que estavam no barco, e adoraram-no, dizendo: És verdadeiramente o Filho de Deus.

Ora, ninguém subiu ao céu, senão o que desceu do céu, o Filho do homem, que está no céu.

Nisto conhecereis o Espírito de Deus: Todo o espírito que confessa que Jesus Cristo veio em carne é de Deus; E todo o espírito que não confessa que Jesus Cristo veio em carne não é de Deus; mas este é o espírito do anticristo, do qual já ouvistes que há de vir, e eis que já está no mundo.

VB ou TT Havia alli desde algum tempo, um homem chamado Simão, que praticara a magica e fizera pasmar o povo de Samaria, dizendo ser elle um grande homem; e a elle attendiam todos, desde os pequenos até os grandes, dizendo: Este homem é o poder de Deus, que se chama - Grande.

Os que estavam na barca, o adoraram-n-o, dizendo: Verdadeiramente és Filho de Deus.

Ninguém subiu ao céo, senão aquele que desceu do céo, a saber, o Filho do homem.

Nisto conheceis o Espirito de Deus: todo o espirito que confessa que Jesus Christo veiu em carne, é de Deus; e todo o espirito que não confessa a Jesus, não é de Deus; este é o espirito do antichristo, de cuja vinda tendes ouvido falar, o qual agora já está no mundo.

TJ Ora, havia na cidade certo homem, de nome Simão, o qual, antes disso, praticara as artes mágicas e pasmara a nação de Samaria, dizendo ser alguém. E todos eles, desde o menor até ao maior, prestavam-lhe atenção e diziam: "Este homem é o poder de Deus que pode ser chamado Grande."

Os que estavam no barco prestaram-lhe então homenagem, dizendo: "Tu és realmente o Filho de Deus."

Ademias, nenhum homem ascendeu ao céu, senão aquele que desceu do céu, o Filho do homem.

Obtendes o conhecimento da expressão inspirada da parte de Deus pelo seguinte: Toda expressão inspirada que confessa Jesus Cristo como tendo vindo na carne origina-se de Deus. Além disto esta é a [expressão inspirada] do anticristo, de que ouviste que viria, e agora já está no mundo.

4.9. Hermenêutica - A Ciência da Interpretação Bíblica Conceito de Hermenêutica Porque falarmos de Hermenêutica aqui neste momento. Porque os criadores e tradutores das Bíblias precisam usar técnicas de Hermenêutica para encontrar e

gerar a melhor versão bíblica para nós. Hermenêutica é a ciência e arte de interpretação bíblica. Hermenêutica geral é o estudo das regras que regem a interpretação do texto bíblico inteiro. Hermenêutica especial é o estudo das normas que regulam a interpretação das formas literárias

específicas, como parábolas, tipos e profecia. A hermenêutica (exegese aplicada) desempenha um papel essencial no processo do estudo teológico. O estudo da canonicidade visa a determinar quais livros trazem o selo da inspiração divina e quais não o

trazem. A crítica textual procura averiguar o fraseado primitivo de um texto. A crítica histórica estuda as circunstâncias contemporâneas que cercam a composição de determinado

livro. A exegese é aplicação dos princípios da hermenêutica à compreensão do significado que o autor

pretendia dar. A teologia bíblica organiza os significados de uma forma histórica enquanto a teologia sistemática

dispõe esses significados em forma lógica.

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Conceito de Agostinho (354-430) Em termos de originalidade e gênio, Agostinho foi de longe o maior homem de sua época. Em seu livro

sobre a doutrina cristã ele estabeleceu diversas regras para exposição da Escritura, algumas das quais estão em uso até hoje.

1. O intérprete deve possuir fé cristã autêntica. 2. Deve-se ter em alta conta o significado literal e

histórico da Escritura. 3. A Escritura tem mais que um significado e

portanto o método alegórico é adequado. 4. Há significado nos números bíblicos. 5. O Antigo Testamento é documento cristão porque

Cristo está retratado nele o princípio ao fim. 6. Compete ao expositor entender o que o autor

pretendia dizer, e não introduzir no texto o significado que ele, expositor, quer lhe dar.

7. O intérprete deve consultar o verdadeiro credo ortodoxo.

8. Um versículo deve ser estudado em seu contexto, e não isolado dos versículos que o cercam.

9. Se o significado de um texto é obscuro, nada na passagem pode constituir-se matéria de fé ortodoxa.

10. O Espírito Santo não toma o lugar do aprendizado necessário para se entender a Escritura. O intérprete deve conhecer hebraico, grego, geografia e outros assuntos.

11. A passagem obscura deve dar preferência à passagem clara.

12. O expositor deve levar em consideração que a revelação é progressiva.

Na prática, Agostinho renunciou à maioria de seus princípios e inclinou-se para uma alegorização

excessiva. Na teoria ele sistematizou muitos princípios de exegese sadia, mas na prática deixou de aplicar esses

princípios em seu estudo bíblico.

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Perguntas e Respostas

Devemos julgar um homem mais pelas suas perguntas que pelas respostas. Voltaire

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5. Suas Perguntas e Respostas Fonte: http://www.portalbatista.com.br/sobreBiblia.asp?id2=352&id3=37&pag=site

Qual a diferença entre a Bíblia católica e a evangélica? O cânon (conjunto de livros da Bíblia) católico tem alguns livros que não constam no cânon evangélico.

São livros que os evangélicos chamam de apócrifos, e os católicos, de deuterocanônicos. No mais, as Bíblias católicas e as evangélicas são iguais. Os livros ou trechos deuterocanônicos do Antigo Testamento são: Tobias, Judite, Ester, 1 e 2Macabeus, Eclesiástico, Sabedoria, Baruque e alguns apêndices ao livro de Daniel.

Por que algumas palavras na edição Revista e Corrigida de Almeida estão em itálico? No tempo em que João Ferreira de Almeida publicou sua tradução pela primeira vez, era costume dos

tradutores indicar pelo tipo itálico (inclinado) toda e qualquer palavra que precisasse ser inserida na tradução para que esta tivesse sentido. Esse costume foi fielmente conservado em edições como a Almeida Revista e Corrigida, entre outras.

Por que alguns textos bíblicos aparecem entre colchetes? Existem mais ou menos cinco mil manuscritos gregos do Novo Testamento, os quais nem sempre

concordam entre si. Os textos entre colchetes nas Bíblias traduzidas aparecem em alguns manuscritos gregos, mas não se encontram nos melhores e mais antigos manuscritos gregos existentes. A Comissão de Tradução usou os melhores manuscritos, mas optou por colocar esses outros textos entre colchetes, visto que aparecem em várias outras traduções da Bíblia e não vão contra o que está escrito no restante das Escrituras.

O que significam os asteriscos diante de muitas palavras da Bíblia na Nova Tradução na Linguagem de Hoje? O asterisco remete o leitor ao Vocabulário, que se encontra ao final da Bíblia.

Qual a diferença da tradução formal e da tradução funcional? A tradução formal é um tipo de tradução em que os aspectos da forma do texto-fonte são mais ou

menos mecanicamente reproduzidos na linguagem do receptor. A maioria das traduções bíblicas é desse tipo.

A tradução funcional (ou equivalência dinâmica) “é aquela que tenta estimular no novo leitor na nova língua a mesma reação ao texto que o autor original desejou estimular nos seus primeiros e imediatos leitores” (Eugene Nida). Isso quer dizer que não se tenta traduzir cada palavra em hebraico ou em grego sempre pela mesma palavra em português. O que se fez na Nova Tradução na Linguagem de Hoje (NTLH) foi usar em português a palavra ou expressão que mais natural e fielmente represente o sentido da palavra ou expressão em hebraico ou em grego no contexto em que está sendo usada. Nesse caso o tradutor não procura seguir a ordem das palavras do original, nem se esforça por usar palavras que pertençam à mesma categoria gramatical.

A tradução literal é aquela em que se traduz o texto bíblico palavra por palavra. Encontra-se nas chamadas traduções interlineares, que são usadas pelas pessoas que estudam as línguas dos textos originais da Bíblia, o hebraico, o aramaico e o grego.

A paráfrase é uma tradução livre ou desenvolvida. Na paráfrase o escritor pode fazer alterações na mensagem, acrescentando ou tirando elementos do original. Na tradução requer-se que o texto seja fiel à mensagem do original.

Por que o nome de Deus é substituído por SENHOR em diversas traduções da Bíblia? E por Yahweh na Bíblia de Jerusalém? Em inúmeras traduções da Bíblia, optou-se por identificar o tetragrama YHVH como “SENHOR”,

seguindo o costume iniciado pela Septuaginta, a tradução do Antigo Testamento feita para o grego. Além disso, não há certeza quanto à transliteração do tetragrama (Javé ou Jeová). As Bíblias publicadas pela Sociedade Bíblica do Brasil trazem, em seu prefácio, uma explicação de que a palavra “SENHOR”, sempre

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que escrita toda em letras maiúsculas, se refere ao nome de Deus, que aparece como Yahweh na Bíblia de Jerusalém.

Como se explicam as diferenças existentes entre as edições Revista e Corrigida (RC) e Revista e Atualizada (RA) da tradução de Almeida? Embora a tradução básica da Bíblia Sagrada para o português tenha sido feita por João Ferreira de

Almeida, no século XVII, há algumas diferenças entre a RA e a RC. Isto se deve especialmente ao fato de que arqueólogos, historiadores e teólogos verificassem um imenso avanço no achado, recuperação e decifração de manuscritos bíblicos desde a época em que traduziu a Bíblia. A tradução de Almeida - feita a partir dos manuscritos que ele possuía em sua época - cristalizou-se na RC, adotada por inúmeras denominações evangélicas em países de fala portuguesa, destacando-se Portugal e Brasil. A Edição RA de Almeida surgiu - como consta no prefácio da mesma - em 1959, após uma profunda revisão do texto em português à luz dos manuscritos melhor preservados que mencionamos anteriormente. A RA passou por uma segunda revisão em 1993, afinando ainda mais o texto bíblico aos textos originais em hebraico, aramaico e grego, pelo que é uma das mais amadas e adotadas traduções da Bíblia Sagrada no Brasil e no exterior.

Por que o texto de Romanos 8.1 é mais extenso na edição Revista e Corrigida de Almeida do que na edição Revista e Atualizada? Seguindo os manuscritos mais antigos do Novo Testamento, a edição Revista e Atualizada (RA) traz um

trecho mais curto do que o apresentado pela edição Revista e Corrigida (RC). A explicação disso é que as palavras “que não andam segundo a carne, mas segundo o espírito” são somente uma adição que alguns copistas (homens encarregados de copiar a Bíblia na Idade Média) imprimiram ao verso 1 do capítulo 8 de Romanos, baseando-se, para tanto, em parte do verso 4 do mesmo capítulo. Não há contradição entre a RA e a RC, pois embora a RA omita algumas palavras em Romanos 8.1 (seguindo os melhores e mais antigos manuscritos ), o que a RC traz a mais é apenas uma cópia ou duplicação das palavras de Romanos 8.4.

Por que o texto de 1João 5.7-8 aparece entre colchetes na edição Revista e Atualizada de Almeida? Na tradução mais antiga de Almeida (que corresponde à edição Revista e Corrigida - RC), as palavras

“no céu: o Pai, a Palavra e o Espírito Santo; e estes três são um. E três são os que testificam na terra” constavam do texto original grego utilizado pelo tradutor. Já na edição Revista e Atualizada (RA), confrontando-se a tradução de Almeida com os manuscritos encontrados (mais antigos e, portanto, mais próximos do tempo em que João escreveu sua primeira carta) e desde que as referidas palavras não contradizem nem ofendem a mensagem bíblica da salvação em Cristo Jesus, estas palavras foram colocadas entre colchetes. Com isto, a RA respeitou o trabalho valioso de João Ferreira de Almeida, sem, contudo, ter aberto mão da fidelidade ao melhor texto original grego a que se tem acesso nos dias atuais. Conforme o renomado estudioso Dr. Bruce Metzger, todos os manuscritos gregos mais antigos do Novo Testamento (datados dos séculos II e III) omitem as palavras “no céu: o Pai, a Palavra e o Espírito Santo; e estes três são um. E três são os que testificam na terra” em 1Jo 5.7-8. Estas palavras só começaram a aparecer em comentários e sermões sobre o texto de 1João no final do século IV e, muito posteriormente, em um manuscrito latino do século XIII. Segundo o Dr. Metzger, as palavras aqui em questão podem ter sido o comentário que um copista (pessoa encarregada de copiar a Bíblia na Idade Média) fez na margem do pergaminho em que trabalhava; um copista posterior, ao tomar o manuscrito mencionado como texto base para sua cópia, incorporou o comentário marginal do seu outro colega ao texto bíblico, erro que mais recentemente foi descoberto sem grandes dificuldades pela comparação dos manuscritos mais recentes com os mais antigos.

Por que a tradução do Salmo 116.15 na Nova Tradução na Linguagem de Hoje é tão diferente da tradução de Almeida? É preciso olhar o contexto, que ajuda a determinar o sentido em que cada palavra é empregada. Não é

possível traduzir certa palavra do original sempre pela mesma palavra em português. A palavra yaqar é um bom exemplo de como o contexto ajuda a determinar o sentido das palavras. O texto de Salmo 116.15 aparece assim na tradução de Almeida: "Preciosa é aos olhos do SENHOR a morte dos seus santos." A NTLH traduz assim: "O SENHOR Deus sente pesar quando vê morrerem os que são fiéis a ele." O adjetivo yaqar é aplicado, por exemplo, a pedras preciosas, e no Salmo 36.7 é fácil entender-se o que o salmista

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diz: "Como é precioso o seu amor!" Mas no contexto do Salmo 116, fica esquisito pensar-se que o salmista esteja afirmando que a morte de um dos adoradores do SENHOR seja algo que alegre ou agrade a Deus. Isso porque no contexto próximo (versículos 3-4,8-9) o salmista declara ter sido libertado do perigo da morte e agora anda, agradecido, no mundo dos vivos. O que o salmista diz é que o SENHOR não fica alegre quando um dos seus fiéis morre; ele fica triste. E fica triste porque, quando um desses fiéis morre, como pensava o povo do Antigo Testamento, vai parar no mundo dos mortos, um buraco imenso e escuro, onde reina silêncio absoluto. É um adorador a menos para o SENHOR, porque, como diz o Salmo 6.5 (contexto remoto): "pois no mundo dos mortos não és lembrado, e lá ninguém pode te louvar." No Salmo 116, portanto, yaqar quer dizer "custoso". A morte de um dos fiéis é "custosa" para Deus. Algumas Bíblias traduzem esse versículo exatamente assim: "Custa ao Senhor ver morrer um dos seus fiéis." A perspectiva do Novo Testamento sobre a morte é diferente. Mas o Antigo Testamento não pode ser traduzido pela ótica do Novo Testamento. Embora o Antigo Testamento faça parte do cânon da nossa Bíblia, deve ser traduzido como Escritura hebraica ou judaica. É preciso dar o sentido que a mensagem teve no tempo em que foi transmitida e como foi entendida pelos leitores daquele tempo. Isso inclui, naturalmente, preceitos éticos e conceitos teológicos considerados pré-cristãos.

Em João 2.1, por que a NTLH traz “dois dias depois”, enquanto Almeida traz “ao terceiro dia”? Em João 2.1, o texto grego diz: “No terceiro dia...”, expressão de tempo que requer a correta

interpretação. Em grego, “no terceiro dia” significa “depois de amanhã”. Assim, digamos que isso tivesse sido escrito numa “quarta-feira”. De acordo com o pensamento ocidental moderno, o “terceiro dia” seria o “sábado”. No entanto, de acordo com o pensamento helênico, “o terceiro dia” em relação à quarta-feira seria a “sexta-feira”, pois se contava o próprio dia em que se falava (a “quarta-feira”) como o “primeiro dia”.

Em Mateus 18.22, por que a NTLH traz “setenta e sete” e não “setenta vezes sete”, como aparece em Almeida? Como explica a Bíblia de Estudo Almeida (SBB, 1999), o texto original admite tanto “setenta vezes sete”

como “setenta e sete” como traduções possíveis e corretas, embora os tradutores modernos tendam mais e mais a acompanhar a tradução de Mt 18.22 como está na NTLH. Do ponto de vista da exegese bíblica, tanto o resultado da multiplicação (490) quanto da soma (77) são bem superiores ao numeral 7. A expressão em questão ocorre duas vezes na Bíblia Sagrada, em Gn 4.24 e em Mt 18.22. Na passagem de Gn 4, “setenta vezes sete” ou “setenta e sete” tem a ver com a dimensão da vingança de Lameque, que seria muito mais intensa do que a vingança dos demais homens. Em Mt 18, paradoxalmente ao dito de Lameque, Jesus utilizou o numeral “setenta e sete” para mostrar o quanto os cristãos deveriam praticar mais a paciência e o perdão do que as demais pessoas.

Em Lucas 10.1, por que a NTLH traz “setenta e dois” e não “setenta”, como aparece em Almeida? Um dos problemas textuais mais difíceis do Novo Testamento refere-se ao número de pessoas que

Jesus enviou nesta missão descrita a partir de Lc 10.1. Muitos bons manuscritos do Novo Testamento registram setenta, conforme temos nas Edições Revista e Corrigida (RC) e Revista e Atualizada (RA) da tradução de João Ferreira de Almeida. Mas também existem muitos outros manuscritos, igualmente antigos e bem conservados, que dizem setenta e dois (como na NTLH). Com as evidências que se tem à disposição, é impossível ter certeza acerca do que está correto, embora a maior parte dos estudiosos contemporâneos prefiram o texto tal qual se apresenta na NTLH, ou seja, setenta e dois. A Bíblia de Estudo Almeida acrescenta: “É uma possível alusão simbólica à evangelização do mundo pagão, já que tradicionalmente se falava de 70 (ou 72) nações no mundo (as nações enumeradas em Gn 10 são 70 no texto hebraico e 72 na versão grega, LXX).”

Quais as Bíblias de Estudo e Anotações que Existem? - Vida Nova, Shedd, Scofield, - Estudo Esperança, Genebra - Estudo Almeida, Executivo - Estudo Pentecostal, Estudo Vida - Estudo Indutivo, Thompson, Estudo em Cores, Maná, Anotada - Da Mulher, Obreiro, Explicada - Estudo da Mulher, Da Turma

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- Devocional da Mulher, Jovem - Estudo das Profecias - Estudo Plenitude, Teen - Apologética, Do Ministro - Aplicação Pessoal, Estudo NTHL - Estudo do Evangelista - Ordem Cronológica - Temas em Concordância - Ministério com crianças - Promessas, De Estudo NVI.

Que Bíblias você me recomenda para Estudos? Como falei anteriormente, gosto de todas as versões bíblicas, e eu utilizo pelo menos umas 10 a 12

versões para estudar a Palavra de Deus. Mas nem todos tem condições de ter mais de 2, 3 ou 4 Bíblias diferentes. Por isto criamos este tópico para você que quer comprar uma Bíblia de Estudo. Isto depende que tipo de estudo será feito com a Bíblia. Aconselhamos, pela ordem, estas Bíblias de Estudo.:

1. Shedd: Teologia Bíblica 2. NVI de Estudo: Bíblica e Completa 3. Anotada: Dispensacionalista 4. Genebra: Reformada 5. Estudo Almeida: Técnica/Bíblica Outras: Bíblia de Estudo Pentecostal, Bíblia de Jerusalém e Bíblia de Referência Thompson. Aconselhamos também o livro: O Mundo da Bíblia das Edições Paulinas.

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6. Bibliografia

1. A Bíblia de Jerusalém. São Paulo. Edições Paulinas. 1993. 2. Bíblia Nova Versão Internacional. São Paulo. Editora Vida. 2000. 3. Bíblia com Ajudas Adicionais. São Paulo. Editora Alfalit. 1999. 4. Bíblia de Estudo Pentecostal. Estados Unidos. Editora CPAD. 1995. 5. Bíblia de Referência Thompson. São Paulo. Editora Vida. 1992. 6. Bíblia Revisada de Acordo com os Melhores Textos em Hebraico e Grego. Rio de Janeiro,

Imprensa Bíblica Brasileira, 1991. 7. Bíblia Vida Nova . São Paulo, Editora Vida Nova, 1982 . 8. Bíblia SHEDD. São Paulo, Editora Vida Nova, 1998 . 9. Bíblia Viva. São Paulo, Editora Mundo Cristão, 1994. 10. Bíblia Comparada Multimídia com as Bíblias NVI, NTLH, Viva, RC, RA, RCFiel, Inglês KJV, Grego,

Hebraico) versão beta do programa EasiSlides Brasil do site www.easislides.com.br. 11. Bíblia Soft versão 3. Publisoft Publicações Informatizadas. 12. Bíblia On Line SBB versão 1.0 e 2.0 - Sociedade Bíblica do Brasil. 13. Bible Logos Bible Software version 1.6f - Logos Research Systems, Inc. 14. Bible Rainbow Study Bible For Windows version 1.0 - Rainbow Studies, Inc. 15. Bible Compton’s New Media. 16. Bíblia Interativa em CD-Rom da Editora Vida Nova. 17. Bíblia Mundo Bíblico da Igreja Adventista. 18. Site www.teologiapelainternet.com.br/ebooks com mais de 2000 livros. 19. CD-ROM da revista SuperInteressante, 10 anos de revista, São Paulo, Editora Abril, 1997. 20. Enciclopédias Eletrônicas Abril 1997 e 2000, Editora Abril, e as enciclopédias americanas Grolier e

Compton’s. 21. Enciclopédia Eletrônica Barsa, ©Encyclopaedia Britannica do Brasil Publicações Ltda., São Paulo,

1998 e 2001. 22. Boyer, O. S. Pequena Enciclopédia Bíblica. São Paulo/SP. Editora Vida. 1978. 21ª Edição - 1994. 23. Buckland, A. R & Williams, Lukyn. Dicionário Bíblico Universal. Flórida, EUA. Editora Vida. 1981. 8ª

Edição, 1994. 24. Davidson, F. O Novo Comentário da Bíblia. Londres/Inglaterra, 1953. Edições Vida Nova. 25. Davis, John D. Dicionário da Bíblia. Tradução do Rev. J. R. Carvalho Braga. 9a edição. Rio de

Janeiro. Junta de Educação Religiosa e Publicações (JUERP), 1983. 26. Drane, John. Bíblia, Fato ou Fantasia, Editora Bom Pastor, Maio 1994. 27. Maior, A. Souto - História Geral. Companhia Editora Nacional, 20a Edição - 476 páginas. 28. Pearlman, Myer - Através da Bíblia - Livro por Livro. Editora Vida, 359 páginas. 29. Souza, Osvaldo R. de - História Geral. Editora Ática, 8a Edição - 400 páginas. 30. Vários - O mundo da Bíblia. Edições Paulinas, 2a Edição - 693 páginas. Recomendamos muito a

compra deste livro. É um livro de edição católica, de qualidade excelente, abrangendo toda a Bíblia, feito por grandes doutores no assunto, completamente ilustrada e a maior parte das informações apresentadas aqui, foram compiladas ou checadas com este livro.

Sites http://www.nbz.com.br/igrejavirtual/biblia. http://www.nbz.com.br/igrejavirtual/qumran http://www.ecclesia.com.br/Biblioteca/monaquismo/monasticismo_oriental_e_ocidental.html http://www.pilb.t5.com.br/versoesBiblias.htm http://introduobiblica.blogspot.com/2007/10/11-os-principais-manuscritos-da-bblia.html http://www.portalbatista.com.br/sobreBiblia.asp?id2=352&id3=37&pag=site