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Árvores&Frutos

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Árvores & FrutosUma edição de www.tipografos.net. Todos os direitos reservados. Copyright 2018 by Paulo Heitlinger. Compilação, fotos e paginação: Paulo Heitlinger. 216 páginas, 190 imagens. À venda em tipografos.net

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Este livro digital (e-Book) é vendido em forma de exemplar personalizado, que identifica digitalmente o seu proprietário.

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A transferência deste exemplar a outra pessoa que não o seu comprador é facilmente detectável e servirá para o autor optar imediatamente pelos procedimentos jurídicos que considere necessários, para salvaguardar os seus interesses comerciais e os seus direitos de autor. Amendoeiras do Algarve em flor. Foto: ph.

Venda deste e-book: termos e condições

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Temas

Figueira ................................................. 90Freixo .....................................................98Laranjeira ............................................100Limoeiro ............................................. 105Magnolia ............................................. 114Marmeleiro ..........................................117Medronheiro .......................................121Nespereira ........................................... 127Nogueira .............................................. 131Olaia .....................................................136Oliveira .................................................138Pereira ..................................................149Pessegueiro .......................................... 155Pinheiro ................................................159Romãzeira ........................................... 167Sobreiro ............................................... 172Jardim do Palácio de Cristal ........... 187Árvores dos Açores ........................... 188Vale das Furnas, Açores .................. 209Jardim do Príncipe Real, Lisboa..... 212Mata Nacional do Bussaco ...............213O autor ................................................ 217Índice ....................................................218

ÍndiceAmeixoeira ............................................ 11Alfarrobeira ...........................................21Amendoeira .......................................... 27Anoneira ............................................... 36Bananeira .............................................44Carvalho ............................................... 56Castanheiro .......................................... 59Cerejeira ................................................68Cipreste .................................................74Criptoméria ..........................................77Damasqueiro ........................................ 82Diospireiro ............................................ 83Eucalipto ...............................................86

Temas

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N o que diz respeito às árvores, sou uma pes-soa feliz. Mal acordo e me levanto, basta--me dar vinte ou trinta passos para colher as mais belas laranjas, cujo delicioso sumo

inicia o meu pequeno-almoço. Antes de me sentar a escre-ver mais um Livrinho, o passeio que faço com o meu cão põe-me em contacto com as evoluções que a Natureza ope-rou nas laranjeiras, limoeiros, oliveiras, amendoeiras, alfar-robeiras, nespereiras e demais árvores que os meus vizinhos algarvios criam. Hoje, a minha vizinha Maria enumerou os nomes de todas as variedades de amêndoas que se criam no Sul de Portugal; eram oito, pelo menos...Ao longo do ano, vejo a flor e o fruto de, pelo menos, uma dúzia de árvores diferentes – todas elas nas redondezas do lugar onde trabalho. Se antes já gostava de árvores, agora o prazer já não é apenas o des-frute estético de fotografar os mais barrocos troncos e ramos; é o prazer de comprar os fru-tos nos mercados populares e de ter à mesa

os mais variados produtos. ( Já me chamam o «campeão das compotas».) Mas surgem as grandes preocupações, quando vejo as frutas normalizadas substituir as espécies autóctones. Quando vejo os agricultores optar por agres-sivos insecticidas. Quando vejo as chamas devorar flores-tas inteiras, como foi o caso, há pouco tempo, na Serra de Monchique. Este livrinho foi feito, caro leitor, para o contagiar com a minha paixão pelas árvores. Mas como não sou especia-lista, pedi a uma médica e a uma engenheira agrónoma que controlassem os textos que compilei. A estas competentes e simpáticas colaboradoras – a Dr.ª Sofia Nunes Bernardes e a Eng.ª Leonor Meireles – vai dedicado esta pequena

colecção de «Árvores Portuguesas», retratando em sumários as mais importantes espécies que conhe-cemos e aproveitamos.

Abril de 2018Paulo Heitlinger.

Introdução

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Visite as árvores!

P arece-lhe estranho, este convite? Tal-vez não seja. Porque uma coisa são as árvores que diariamente vemos nos jardins e nos campos, e outra coisa são

as árvores que crescem num ambiente menos con-dicionado pelo Homem, como é o caso nos Par-ques Naturais. A árvore «hu ma nizada» é posta num parque porque é «deco-rativa» e «bela». A árvore que foi plantada no campo ou num pomar, tem um rendi-mento comer cial. As árvores que crescem mais livremente são – pelo menos para o autor destas linhas – as mais belas e mais úteis. São os pulmões

verdes que garantem a nossa sobrevi vência à face da Terra. Por serem frequentemente as árvores autóctones e também uma garantia de Biodiversi-dade, não devem ser substituídas por um pinheiro ou eucalipto comercial. É bom que tome consciência do valor ecológico e da impressionante beleza dessas árvores.

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Ameixas na árvore. Foto: Fir0002

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AmeixoeiraAmeixa

A meixoeira, ameixieira ou amei xeira, são os nomes de algumas espécies de árvore de fruto do sub género Pru-

nus, incluso no género Prunus da família botânica Rosáceas (a que também per-tencem a cerejeira e o pessegueiro). A espécie japonesa (Prunus serrulata) teve a sua origem pro vável na China. A Prunus do mestica, ou ameixoeira-euro-péia, teve origem na Ásia Menor, a sul do Cáucaso.Uma variedade ornamental comum em cida des portuguesas – a ameixoeira-de-

-jardim (Prunus cerasifera var. pissardii) – foi introduzida na Europa por Monsieur Pissard, um francês que foi jardineiro--chefe do Xá da Pérsia. A ele se deve a introdução desta árvore na Europa, quando em 1880 a fez chegar dos jardins imperiais de Tabriz, capital do Azerbai-jão, a um tal Paillet, viveirista em Sceaux.Em 1864, já eram cultivadas 150 espécies diferentes; hoje, as ameixas desfrutam de uma popularidade geral. A ameixa autêntica (Prunus domestica) tem diversos nomes. O abrunho (Prunus insititia) é diferente da ameixa autêntica:

o fruto é esférico e de cor violeta escura, com o caroço chato, em vez de pontia-gudo, como na verdadeira ameixa. Frescas são uma tentação, mas também dão excelentes compotas e licores. As ameixas podem ser comidas cruas, mas também são deliciosas como fruto seco. Servem para fazer excelentes conservas, geléias e doce em pasta. Em mistura com figos secos, passas de uvas ou nozes rala-das, a ameixa é deliciosa para inte grar um bom muesli. Menos conhecido em Portugal é o de li cioso sumo de ameixa,

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que se ven de noutros países a muito bom preço. O slivo vitz (slivovice) é uma bebida alcoó-lica fortíssima, incolor, um destilado fer-mentado do sumo de ameixa. É similar ao conhaque, tanto que na Inglaterra se chama Plum Brandy.A ameixa «funciona» como remédio laxativo, daí recomenda-se contra a prisão de ventre obstinada.

Diurética como é, a ameixa recomenda--se também contra as afecções de carácter inflamatório das vias urinárias.A ameixa é um alimento com poucas calo-rias, seja quando comida crua, em saladas de frutas, ou cozinhada, acompanhando assados, pratos de carne, compotas ou pudins.

A ameixa fresca tem uma média de apenas 36 calorias em cada 100 gramas e é uma boa fonte fibras, portanto adequada

para dietas. Fornece boa quantidade de vitamina C e de potássio. As ameixas fres-cas não amadurecem depois de colhidas. Ao comprá-las, verifique o brilho da casca e se a fruta está levemente macia.As ameixas passadas tendem a ficar moles, com a casca descolorida. As ameixas fir-mes podem ser guardadas um ou dois dias, à temperatura ambiente, para amolecerem.

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Rainhas-cláudias

N o ano de 1141, os Cruza-dos, rumo à Palestina, pararam em Damasco. Reza a lenda que foi dessa

cidade síria que as ameixoeiras foram trazi-das para a Europa. Alguns séculos depois surgiria a redondinha rainha-cláudia, verde com reflexos amarelo-esverdeados, rija, suculenta, perfumada e muito doce. O nome vem-lhe da «boa, doce e delicada» esposa de Francisco I de França, Cláudia.Sabe-se que já os Romanos secavam as ameixas ao sol para depois, gulosamente, as comerem secas. Por terras de Elvas, ainda é assim. As rainhas-cláudias, num estado de maturação próprio, são cozidas em água e depois colocadas numa calda de açúcar onde repousam um dia ou dois, até irem novamente ao lume, na mesma calda, con-

forme a receita do convento das Domi-nicanas fundado em 1528.Depois da calda de açúcar atingir o ponto próprio para conservar, ficam mais uns dias em repouso para adqui-rirem a consistência necessária para serem escorridas, lavadas e secas (de preferência ao sol) ficando assim pron-tas para serem comercializadas.A Ameixa d’Elvas, uma Denomina-ção de Origem Protegida, é a rainha-

-cláudia verde cultivada no Alto-Alentejo interior desde há séculos. A adaptação aos solos e clima da regiã0 tornam possível a sua cultura quase sem pesticidas. Con-dicionada pelo frio durante o Inverno e pelo calor durante a matura ção dos frutos, a área de produção está circunscrita aos concelhos de Borba, Campo Maior e Vila Viçosa e algumas freguesias dos concelhos de Elvas, de Estremoz, de Sousel, de Mon-forte e de Alandroal. A autêntica Ameixa d’Elvas só pode apre-sentar-se sob a forma de ameixas frescas, passas (ameixas secas ao sol ou em câmaras próprias) ou ameixas confitadas (escorri-das, em calda ou com cobertura, processa-das artesanalmente pelos referidos méto-dos tradicionais). •

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A ameixa é um delicioso fruto redondo, doce e de epicarpo fino.

Existem muitas variedades de tamanho, cor, sabor e estação do ano em que se desenvolvem. Temos ameixas de cor vermelha, amarela ou roxa escura; todas são carnosas e suculentas, quando maduras. Têm entre 3 e 6 cm de largura. Em Portugal, apreciam-se muito as ameixas secas.

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Flôr de ameixieira brava.

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AmoreiraAmora

M orus é o nome de um género de árvores cadu cas, co nhe cidas por amoreiras. São árvores de porte médio, que podem atingir 4 a 5

metros de altura, possuem casca ligeiramente rugosa, escura e copa grande. As folhas têm uma leve pilosidade que as torna ásperas. As flores são de tamanho reduzido, e de cor branco-amarelada. As amoreiras crescem bem em Portugal, adap-tando-se a qualquer tipo de solo, mas preferindo os húmidos e profundos. Frutifica de Maio a Agosto.

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O riginárias da Ásia, as amoreiras foram introduzidas na Europa por volta do

século xvii. Utilizada sobretudo como árvore decorativa, a amo-reira aparece com frequência a ladear algumas das estradas trans-montanas. As espécies de amoreira mais cultivadas são a Morus rubra,

que produz a amora vermelha, Morus alba, a amora-branca e Morus nigra, a amora preta. As folhas da amoreira-branca, mais delicadas que as da negra, são uti-lizadas para alimentar as larvas do bicho da seda, pelo que o cultivo das amoreiras tem também algum interesse comercial. Em Macedo de Cavaleiros (Trás-os-Montes)

existiu uma pro-dução de seda, de que é testemunho o Real Filatório de Chacim. O Real Filatório é o expo-ente do trabalho da seda no século xviii, sob direc-ção de uma casa

italiana de Turim, que aí introdu-ziu o método piemontês. Concretizou-se com este filató-rio a introdução em Portugal, por vontade régia, de metodologias e técnicas actualizadas e importadas directamente da Itália, na altura o principal produtor de seda na Europa. Outra manufactura, a Real Fábrica das Sedas, estava situada na Praça das Amoreiras, em São Mamede, Lisboa. O Jardim das Amorei-ras foi idea lizado e inaugurado em 1759 pelo Marquês de Pombal. Plantado com 331 amoreiras, para estimular a manufactura de sedas, que se teciam na fábrica existente à volta da praça.

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Neste pequeno jardim podemos hoje apreciar dez espécies de árvo-res diferentes, com destaque para belos exemplares de amoreira e um bonito conjunto de ginkgos. Na zona exterior, encontra-se rode-ado por um conjunto de habita-ções setecentistas, que na sua maio-ria eram habitadas pelos operários fabricantes de seda.

S e a amoreira-branca é a preferida para a criação do bicho-da-seda, a amoreira-negra cos-

tuma ser a preferida para o consumo alimentar humano, pelo sabor mais pronunciado dos seus frutos, que são também mais volumosos. Além disso, a amoreira-negra é uma árvore de características ornamen-tais pois apesar de não alcançar muita altura, a sua copa de folhas abundantes proporciona boa som-bra.

As deliciosas amoras são frutos pen-dentes, de cor ver melho-escura, quase pretas, quando maduras, com polpa vermelho-escura comestí-vel. Todas as amoras são ricas em vitamina C e caracterizam-se pela sua forma típica, agrupamento de vários minúsculos frutos que se unem formando uma polpa rica em água e açúcar.

As amoras são geralmente consumi-das ao natural e podem ser servidas também com Creme de Chantilly; são igualmente deliciosas quando utilizadas em tortas, sorvetes, com-potas, geléias, doces cristalizados ou em massa, ou transformadas em vinhos, licores e xaropes.

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AlfarrobaAlfarrobeira

A alfarrobeira (Ceratonia siliqua L.) é uma árvore da família das Leguminosas, de copa arre don dada e

folha gem densa e persistente durante o ano inteiro. É cultivada e subespontânea. Ao contrário dos citrinos, que necessitam de muita água e irrigação artificial, as alfarrobeiras conseguem viver com ape-nas 250 mililitros de água por ano – e

mesmo em períodos de seca severa man-têm a produção. A alfarrobeira é uma espécie de sequeiro; uma árvore de grande porte, que necessita de menos água e poucos cuidados – uma verdadeira campeã da agricultura sustentável, que, ainda por cima, garante bons preços aos agricultores. Origi ná ria da Síria, foi introduzida pelos Árabes no Norte de África, na Espa nha e em Portugal. É no

Algarve que tem a sua principal expressão: no litoral, na serra xistosa nor-des tina e nos terrenos calcários do Barro-cal. Estende-se desde Lagos a Tavira, tendo o concelho de Loulé o predomí-nio, em número de explorações e produ-ção. Por isso, Loulé é considerado o «solar da alfarrobeira». A alfarroba (do árabe al karrub) é o fruto (vagem) da alfarrobeira, de sabor adoci-

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cado e de grande valor nutritivo. A colheita faz-se entre Agosto e Outubro, pelo varejo. Os frutos são armazenados por um ou dois anos.

H á séculos que se explora a alfar-roba. No século xvi era ven-dida na feira de Tavira; no concelho de Loulé os oficiais

multavam quem colhesse farrobas em her-dades ou terras de pão.Nos séculos seguintes cresce a pro du ção de alfarroba, graças à sua re pu ta ção como alimento para gado. No estran geiro a pro-cura sobe, nas indús trias alimentar, farma-cêutica, cosmética e têxtil, entre outras. Surge agora um grave perigo: a alfarroba vai ser matéria-prima para produzir biocom-bustível. O Algarve vai dispor em 2009 da primeira fábrica de biocombustíveis a par-tir da alfarroba. Esta nova exploração vai obviamente interferir com a cadeia da ali-

mentação animal e humana, ao con trário do que diz a Associação Interprofissional para o Desenvolvimento e Valorização da Alfarroba (Aida), uma das promotoras da fábrica, a par da associação de produtores.Um processo enzimático permite a produ-ção de álcool a partir da massa da alfarroba. Nos últimos anos, os pomares algarvios de alfarroba foram renovados, com ajudas comunitárias. Assim, a produção (40.ooo t anuais) poderá subir 50% nos próximos anos.Para a fábrica de biocombustíveis irão cerca de 10.000 toneladas. A fábrica responde ao

aumento de produção (dois milhões de árvores plantadas nos últimos 12 anos). Os preços poderiam baixar, e é isso que a Aida quer evitar.

D o fruto da alfarrobeira tudo pode ser aproveitado. A polpa (90% da vagem), em triturado fino, destina-se ao consumo de

ruminantes; do triturado grosso faz-se xarope ou farinha torrada. Da semente (10% do peso do fruto) é extraída a goma, const ituída por hidratos de carbono com-plexos (galactomananos), que têm uma ele-vada qualidade como espessante, estabili-

A semente da alfarrobeira foi, durante muito tempo, uma medida

utilizada para pesar diamantes. A unidade quilate (carat) é o peso de uma semente de alfarroba. É uma característica da semente da alfarroba: o seu peso é (quase) sempre igual.

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zante, emulsionante – e múltiplas uti li za ções na indústria alimentar, farma-cêutica, têxtil e cosmética. Em milhões de comprimidos vendidos nas far mácias, o revestimento adocicado é feito de alfarroba. A semente constitui a parte mais nobre da vagem, pois dela se produzem as gomas de alfarroba e o germe de alto valor proteico, donde se fabrica a farinha que integra a doçaria tra di cio nal algarvia.

Nos últimos anos a alfarroba tem participado com cerca de 50% no valor total da exportação de frutos, desti-

nada sobretudo ao Japão, EUA e Holanda, o que mostra o seu crescente valor económico para os produtores algarvios. Hoje, devido

Linhas curvas na luz do sol primaveril. A fotografia destas vagens ainda verdes, mas já bem desenvolvidas, foi

feita em Março de 2008 – o que significa que no ínicio da Primavera as novas alfarrobas já estão bem formadas...

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A alfarrobeira é uma bela árvore de grande porte, de folhagem densa.

Cresce majestosa no sequeiro, sem necessitar de grandes cuidados, além de uma ocasional poda dos ramos arruinados. Mais do que um «simples ser vivo», as alfarrobeiras são autênticos eco-sistemas, suporte para uma grande variedade de plantas, insectos, animais e fungos.

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ao seu sabor e características químicas e die-téticas, é aplicado em apetecíveis e saboro-sas preparações culinárias. Do Algarve exportam-se anualmente milhares de tone-ladas para o estrangeiro. Manuel Caetano, «Mister Alfarroba», dirige a Danisco Por-tugal, sucursal de uma multinacional de transformação de alfarroba, com sede na Dinamarca, que exporta todo a sua produ-ção para a Europa, China, Japão e EUA.«Portugal fica apenas com 5% da produ-ção de sementes de alfarroba, que é apro-veitada para as fábricas de gelados da Olá e da Nestlé», relatou à imprensa local Isau-rindo Chorondo, gerente da Industrial Farense, fábrica fundada em 1944 e que

numa primeira fase se dedicou exclusiva-mente ao fabrico de rações para animais.

A farinha de alfarroba é obtida pela torrefacção da polpa da vagem. Contém 48–56% de açúcar (essencialmente saca-

rose, glucose, frutose e manose), 18% de fibra (celulose e hemicelulose), 0,2–0,6% de gordura, 4,5% de proteína e elevado teor de cálcio (352mg/100g) e de fósforo. Estes valores fazem da farinha de alfarroba um substituto do açúcar, apreciado pelas pes-soas que sofrem de diabetes. As característi-cas dos seus taninos levam a que a farinha de alfarroba seja utilizada como antidiar-reico, principalmente em crianças. •

Doçaria com alfarroba – um excelente livro de receitas, da autoria de uma especialista algarvia do assunto: Conceição Amador.

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AmendoeiraAmêndoa

Q ue deslumbramento, os cam-pos já verdes com as amendo-eiras em flor, em Janeiro e Fevereiro! Em Portugal,

introduzida pelos árabes, temo-las em Trás-os-Montes, mas sobre tudo no sola-rento Algarve, onde as amendoeiras flo-rescem ainda nos dias frescos, mas soa-lheiros, de Inverno. As suas flores brancas e cor-de-rosa dão um emocio-nante colorido aos campos molhados do

barrocal algarvio, lembrando mantos de neve. A amendoeira (Prunus dulcis) é uma pequena árvore da família das Rosáceas, de copa arredondada e folha caduca, originária da Ásia e do Norte de África, que se tem propagado por vastas áreas. No início, as amêndoas parecem pêsse-gos ou alperces verdes, mas a parte car-nuda mantém-se dura e não é comes-tível. Quando amadurece, no final do Verão, o pericarpo abre e solta-se, dei-

xando ver a casca rija da amêndoa. Para além da sua beleza, a amendoeira propa-gou-se devido ao valor deste seu fruto. A riqueza da amêndoa é explorada desde há muito tempo. A sua utiliza-ção na alimentação e na doçaria, mis-turada ou não com o figo, é descrita já no século xvi. Nesta altura, a amêndoa era comercializada entre o Algarve e Lis-boa e depois com o Alentejo, transpor-tada pelos almocreves através das serras algarvias.

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A exportação para o estrangeiro, por via marítima, sobretudo para França e Bél-gica, começa neste mesmo século. Mais tarde, os mercados alargam-se para os países do Norte e Noroeste da Europa. No passado, a maior parte das amên-doas produzidas na região alimentava o comércio externo, enquanto só uma pequena parte se destinava ao consumo directo interno, com muita aplicação na doçaria regional e no fabrico da amar-guinha, uma licor de amêndoa apreciado como digestivo. No Algarve, os amêndoais espalham-se por todo o Barrocal, sendo o concelho de Loulé um dos mais representativos desta cultura. Apesar do declínio desta produção, nos pomares de sequeiro, a sua venda contribui para a parca econo-mia dos pequenos produtores. E é a base para a doçaria tradicional destas regiões.

F rei João de São José, na sua Coro grafia do Reino do Algarve (1577), enaltece as vantagens: «A amêndoa, no

Algarve, é de boa fazenda, porque não requer algum adubo, não apodrece com a chuva, nem se toma do bicho, nem tem seu dono com ela mais gasto que varejá--la, quando ela mesmo por si se abre e despede a casca na amendoeira».A produção tem diminuído; é frequente encontrarem-se as amêndoas caí das debaixo das árvores e algumas agarra-das aos ramos, sem que ninguém as apa-

nhe. Os pomares estão velhos e a inér-cia faz com que a fruta fique nas árvores. No presente, o Algarve é deficitário em amêndoas. Tem de ser revigorada a pro-dução, devem ser valorizadas as espécies autóctones, garantes da Bio diver si dade, em detrimento da amêndoa normalizada e padronizada. A exportação tem vindo a aumentar e boa parte da amêndoa dos doces algar-vios vem... dos Estados Unidos. Da parte das confeitarias há uma crescente pro-cura de massapão e de amêndoas secas – são a base de bombons, chocolates, nou-gats, torrão, para além de entrarem na composição de muitos biscoitos e bolos. Como sabemos, a amêndoa é consumida ao natural, salgada, torrada, com picante (para aperitivos) ou com coberturas várias – como nas Amêndoas da Páscoa.O óleo de amêndoa doce é um cosmético clássico de grande tradição portuguesa e

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Mais que um lugar-comum ou um postal turístico:

as amendoeiras em flor são um dos mais comoventes espectáculos naturais que se podem observar nos campos de Portugal. Flores brancas, flores cor-de-rosa. Centenas, milhares, milhões. Todos os anos, grátis. De Janeiro a Fevreiro, conforme o clima, a zona e o tempo que faz. Vem a flor; passadas três ou quatro semanas, já aparecem as primeiras pequenas amêndoas, ainda verdes.

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