livreto musicalização 5_ 6 ano

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EDUCAÇÃO MUSICAL 5. a e 6. a Classes Manual do Aluno Ensino Primário – Reforma Curricular Distribuição gratuita Ministério da Educação de Angola Proibida a venda

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Livreto Musicalização 5_ 6

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Page 1: Livreto Musicalização 5_ 6 Ano

EDUCAÇÃOMUSICAL

5.a e 6.a Classes

Manual do Aluno

Ensino Primário – Reforma Curricular

Distribuição gratuitaMinistério da Educação de Angola

Proibida a venda

Page 2: Livreto Musicalização 5_ 6 Ano

título EDUCAÇÃO MUSICAL • 5.a e 6.a Classes

colaborador Albertino Aires

editor Texto Editores, Lda – Angola

pré-impressão Leya, S.A.

impressãoe acabamentos IMPRESSÃO E REPRODUÇÃO PROIBIDAS

Cópia privada do Ministério da Educação da República de Angola

Reservados todos os direitos. É proibida a reprodução desta obra por qualquer meio (fotocópia, offset, fotografia, etc.) sem oconsentimento escrito da Editora, abrangendo esta proibição o texto, a ilustração e o arranjo gráfico. A violação destas regrasserá passível de procedimento judicial.

© 2007, Texto Editores, Lda.

f i c h a t é c n i c a

LUANDA, JULHO DE 2009 • 1.a EDIÇÃO • 2.a TIRAGEMRegistado na Biblioteca Nacional de Angola sob o n.o 4157/07

Talatona Park, Rua 9 – Fracção A12Talatona, SambaLuanda • AngolaTel.: (+244) 924 068 760Fax: (+244) 222 016 842E-mail: [email protected]

Texto Editores

Page 3: Livreto Musicalização 5_ 6 Ano

Índice

Aos professores.................................... 5

Introdução ............................................. 7

1. A ONDA SONORA

E SUA PROPAGAÇÃO ....................... 9

O eco............................................... 10

2. O QUE É A MÚSICA .......................... 11

3. AUDIÇÃO EDUCATIVA ...................... 12

O som.............................................. 12

4.TIMBRES CORPORAIS ..................... 14

5. ALTURA DO SOM .............................. 16

6. MOVIMENTO SONORO ..................... 17

Linhas sonoras................................... 18

7. PAUTA MUSICAL ............................... 20

Clave ............................................... 21

Toca o sino................................ 22

Notas musicais ................................ 23

8. NOTAÇÃO RÍTMICA........................... 24

Figuras de valor rítmico................... 24

As figuras e a sua subdivisão.......... 25

A pausa musical .............................. 26

As pausas e a sua subdivisão......... 26

Identificação de figuras de valor

rítmico e respectivas pausas .... 27

9. COMPASSO ....................................... 28

Classificação de compassos ........... 31

Dona nobis pacem .................... 33

O cuco na floresta..................... 33

Batem os sinos ......................... 34

10. DURAÇÃO ........................................ 35

Acidentes musicais.......................... 36

Sinais de repetição.......................... 36

11. ANDAMENTO ................................... 37

12. MOTIVO, FRASE MUSICAL

E FORMA ......................................... 39

Motivo .............................................. 39

Frase musical .................................. 40

Forma .............................................. 41

13. NOTAÇÃO MUSICAL ....................... 42

Hino a São João Baptista................ 42

Sistema de notação Tonic Sol-Fa ... 43

O nosso galo............................. 45

14. SOLFEJO (LEITURA MUSICAL) ..... 47

Solfejo melódico .............................. 47

Solfejo rezado.................................. 48

O pastorzinho............................ 48

15. ESCALA DIATÓNICA

E SEUS GRAUS ............................... 50

Graus da escala diatónica............... 50

Modo maior e modo menor ............. 51

Escala diatónica de modo maior ..... 51

Escala diatónica de modo menor .... 52

16. ESCALA PENTATÓNICA ................. 53

17. ALTERAÇÃO TÍMBRICA .................. 54

18. REALCE TÍMBRICO......................... 55

Legato e stacatto ............................. 55

Guantanamera .......................... 56

Noite feliz .................................. 58

Maboque, malolo, ginguenga ..... 59

Page 4: Livreto Musicalização 5_ 6 Ano

4

19. EDUCAÇÃO VOCAL ........................ 60

20. CANTO ............................................. 61

Canto coral ...................................... 62

Canto a solo .................................... 63

Técnica vocal ................................... 64

Canção dinâmica ...................... 67

21. AVALIAÇÃO FINAL .......................... 68

22. OS INSTRUMENTOS MUSICAIS..... 70

Classificação dos instrumentos....... 70

Alguns instrumentos

musicais de Angola................... 74

23. BREVE HISTÓRIA DA MÚSICA ...... 78

A Pré-História .................................. 78

A Antiguidade .................................. 79

Idade Média..................................... 83

Classicismo ..................................... 83

Mozart....................................... 84

Haydn........................................ 86

Romantismo .................................... 88

Schubert ................................... 89

Liszt........................................... 89

24. GLOSSÁRIO DE CONCEITOS

MUSICAIS ........................................ 90

Page 5: Livreto Musicalização 5_ 6 Ano

5

«O Milagre da Música» seria o título que lhes proporíamos para estemanual. A nossa preocupação consiste em manter as linhas mestras orienta-das para o manual da 3.a e 4.a classes, dada a grande aceitação que esselivro teve, quer por parte dos professores, quer por parte dos alunos.

Optámos também por dar continuidade à numeração dos níveis das clas-ses anteriores, em conformidade com a estrutura do programa vigente, dadoque está elaborado de tal forma que abrange um ciclo de duas classes, ouníveis.

No entanto, decidimos iniciar o manual por uma pequena abordagem aosconteúdos que os professores devem ter em conta para poderem desenvol-ver os seus trabalhos.

Foram ainda introduzidas duas novas rubricas, como a «História da Músi-ca», e uma secção que inclui temas variados de interesse cultural, para alémde um Glossário de termos musicais.

A primeira está distribuída pelos vários níveis. A segunda constitui umasecção à parte, localizada no final do livro, para que o professor possa gerir asua abordagem da forma mais fácil de interpretação.

O ensino da Música e a Educação Musical perseguem objectivos diferen-tes; a primeira dedica-se à formação de profissionais da arte preparados emescolas especializadas ou em conservatórios. Os alunos destas escolasaprendem um instrumento básico, como por exemplo o piano, violino, clarine-te, viola ou a guitarra etc., assim como outras disciplinas, como solfejo, teo-ria, apreciação da música, harmonia e contraponto, além da sua formaçãogeral.

A Educação Musical, como elemento essencial da educação artística eparte da educação estética, tem como objectivo contribuir também para a for-mação de uma personalidade preparada integralmente, que é, aliás, o objec-tivo primordial da pedagogia de ensino.

As tarefas da educação estética também são válidas para a EducaçãoMusical. Porém, de acordo com o seu objecto de estudo, com o efeito musi-cal pretende-se:

1. O desenvolvimento da percepção auditiva, o sentimento, a sensibilidadee o amor pela música.

2. O desenvolvimento das capacidades artístico-musicais.

3. O desenvolvimento do gosto musical.

Aos professores

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6

Entre o ensino especializado da música e a Educação Musical existe umainter-relação dialéctica, pois a primeira proporciona os conhecimentos técni-cos necessários ao músico profissional – para que este os reverta ao públicoeducado musicalmente – e à direcção do processo pedagógico, já que osdocentes precisam de ter uma preparação técnica adequada para educar osseus alunos. Por seu lado, da massa educacional nascerá o público sensívele os futuros profissionais da música.

Em nosso entender, a apreciação musical devia estar incluída no currículodo ensino geral básico, encontrando alguma relevância na 5ª e 6ª classes,mas especialmente no ensino médio, dadas as características físicas e psico-lógicas correspondentes a este nível de escolaridade.

Na actualidade, e em todos os sistemas de educação musical, atribui-se àrítmica um grande valor, que se manifesta, em termos concretos, na respostafísica ao ritmo – incluindo à voz, quando se realiza a prática instrumental –que contribui para o desenvolvimento da energia motora e da coordenaçãomuscular. Tal como no canto, a rítmica contribui para o desenvolvimento docolectivismo, do ouvido interno, da criatividade e da musicalidade.

Estas actividades rítmicas e efeitos sonoros diversos podem fazer-se emfunção do canto, das audições ou de pequenas agrupações instrumentais.Não se trata de formar uma banda rítmica para distrair as crianças ou osadolescentes. O essencial é que a execução instrumental e a expressão cor-poral devem contribuir para o desenvolvimento do sentido rítmico da audiçãoe da criatividade musical.

A educação musical deve conceber-se como um todo integrado de canto,rítmica, criação e apreciação, numa só actividade. Este carácter integradordeve ser promovido num programa de estudos. Também é possível tomarcomo eixo central uma actividade determinada; por exemplo, a partir do cantopodem derivar-se as demais actividades próprias da educação musical.

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A cultura material e espiritual representa uma das maiores conquistashumanas numa determinada região. Ela reúne, desde os sistemas de cultivo,a forma de cuidar o gado, de explorar os recursos minerais, a construção deideia ou de grandes cidades, as relações comerciais com outros povos ouregiões, até à arte como manifestação da espiritualidade dos grupos étnicose raciais que conformam o território.

Nalguns casos, salvar a cultura nacional implica um processo de despren-dimento patriótico, qualitativamente superior para quem o realiza.

A promoção da cultura angolana é uma das vias a seguir no processo deconsolidação da identidade nacional. No âmbito da sua inserção na arenainternacional, as manifestações culturais servem também para dar a conhe-cer o surgimento e consolidação de uma nação mais jovem, e que ali se reali-za, através do comprometimento social, um processo interactivo congregandovertentes educativoinstrutiva e recreativa.

Definir promoção cultural é o mesmo que procurar definir o acervo criativodos indivíduos que habitam um determinado espaço geográfico desde osseus ancestrais até à actualidade; é recorrer à memória viva – neste caso –dos angolanos, conservar e difundir toda a informação relativa ao seu acervocultural.

Só para citar um exemplo, a província de Luanda, capital de Angola, foiobrigada, pelo efeito da guerra, a receber e albergar no seu território, cente-nas de milhares de deslocados que procuravam protecção e que, mesmocom o fim das hostilidades, se fixaram neste espaço. Ora, isto facilitou umainteracção étnica que juntou o que se pode chamar de «material humano»variado do ponto de vista sócio-cultural, o que permite, por sua vez, o surgi-mento de experiências muito interessantes no domínio das artes.

Assim, no que respeita à promoção cultural, estamos perante novos cami-nhos que podem ser explorados com vista à protecção e preservação da cul-tura nacional.

O trabalho cultural pode desenvolver-se em qualquer lugar. Por exemplo, emcasa isto acontece quando se transmitem as normas e os costumes paracomer, vestir, comportar-se socialmente, conviver em família, divertir-se, e atémesmo para a prática do canto, da dança e das habilidades relativas à criaçãoartística que a família conserva. Esta vertente é geralmente cuidada pelos maisvelhos, entre pais e os irmãos mais crescidos. No entanto, este trabalho podeigualmente ser desenvolvido nos locais onde o indivíduo mais convive, como porexemplo no bairro, escola, centros de recreação ou desportivos, instituições de saúde, da cultura, nos museus, galerias, centros especializados para ensi-nar a dança, a música, as artes plásticas, etc. Em suma, o trabalho cultural éum factor decisivo porque o homem é um produto do meio social.

Introdução

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A escola é um veículo idóneo para este tipo de actividade, pelas seguintesrazões:

• Acolhe a população mais jovem, pois é mais susceptível de se formar;

• Reúne variadíssimas pessoas de diferentes etnias, o que favorece a edu-cação sobre o intercâmbio cultural, na base do respeito pela diferença;

• Trata-se de uma organização escolar cuja gestão é uma responsabilidadedo estado;

• Facilita a inclusão de profissionais capacitados para realizar actividadesde pesquisa, aprendizagem e difusão das artes angolanas.

• Ajuda a conceber programas, planos de estudo e actividades que tenhamcomo objectivo básico ao resgate da cultura nacional;

A Educação Musical constitui um conjunto de iniciativas, actividades eacções com carácter sócio-político, artístico, educativo e instrutivo que ajudemos alunos a pensar, decidir e actuar por si próprios. Em última instância, podedizer-se que quem se integra e se dedica à Educação Musical está a contri-buir para adaptar e transformar a realidade do quotidiano, e que os seusobjectivos são precisos, não admitindo dispersões nos modos de actuação.

A Educação Musical triunfa na medida em que é capaz de incorporar omaior número de pessoas, sem distinguir a idade, a cor da pele, o sexo ou ogrupo tribal a que pertence. Ela procura assumir um comprometimento sócio-político, cultural e humanista.

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Através do sentido de audição temos a percepção do som.O som é um conjunto de vibrações que se propagam no ar, através das

pequenas partículas que o constituem, formando ondas sonoras que se des-locam em todas as direcções.

O ar é o principal meio de transmissão do som.Existem outros, como por exemplo a água, que possibilita que animais

marinhos, como as baleias e os golfinhos, comuniquem.Na ausência de um meio de transmissão, que é o caso do vácuo, uma vez

que não há propagação das ondas sonoras, não há som, embora existamsempre vibrações.

A velocidade de propagação do som no ar, à temperatura de 15 oC, é de340 metros por segundo. Quanto mais alta for a temperatura, mais rápida é apropagação do som. No caso da água, a sua velocidade é aproximadamentequatro vezes mais rápida do que no ar, na madeira de pinho dez vezes maiore no ferro dezassete vezes maior.

Já deves ter reparado que, quando troveja, vemos primeiro o clarão dorelâmpago e só depois é que ouvimos o som do trovão, embora eles tenhaminício ao mesmo tempo. Isto acontece porque a velocidade de propagação daluz é muito maior do que a do som.

1. A ONDA SONORA E SUA PROPAGAÇÃO

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O eco é um fenómeno que resulta da reflexão das ondas sonoras numobstáculo de grande área. Este obstáculo deve encontrar-se a uma distânciatal que permita que o intervalo de tempo entre o som emitido e o som reflecti-do seja superior a um décimo de segundo. Terá de ser de, pelo menos, 17metros.

O eco é utilizado em Física para medir distâncias entre obstáculos muitoafastados como, por exemplo, profundidades submarinas. É o caso do sonar.

Em casas de espectáculos musicais, onde não convém que este fenómenose dê, recorre-se a materiais absorventes nas paredes e no tecto (madeira,cortinados, cortiça, estojos, etc.).

Actualmente, na construção de teatros e salas de concertos, os arquitectose engenheiros fazem estudos exaustivos sobre o som, para tentar evitar aexistência de eco.

Desde o séc. XVI que os compositores têm incluído o efeito de eco nassuas obras, fazendo repetição de frases em intensidades contrastantes.

O eco

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MÚSICA é a arte de combinar os sons.

Os elementos fundamentais da Música sãoMelodia, Harmonia e Ritmo.

Melodia – combinação dos sons sucessivos.

Harmonia – combinação dos sons simultâneos.

Ritmo – movimento ordenado dos sons notempo.

A formulação acima refere-se auma definição clássica. No entanto,hoje em dia, com os efeitos modernosde sons e inovações do ritmo e daharmonia, novos elementos têm sidoacrescentados.

2. O QUE É A MÚSICA

A música permite a interpretação vocal (o canto), a interpretação instru-mental (os instrumentos) e o complemento com a expressão corporal (adança).

Voto Gonçalves cantando e tocando viola. Música e dança.

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3. AUDIÇÃO EDUCATIVA

O som

O movimento das ondas. O timbre permite distinguir os instrumentos.

Já reparaste na quantidade de sons que te rodeiam? Com certeza reparas-te que muitos desses sons são produzidos por elementos da Natureza. Porexemplo, o som do vento nas árvores, o som da chuva, o som dos pássarosa cantar são sons da Natureza ou sons naturais.

Mas também existem muitos sons produzidos, directamente ou indirec-tamente, pelo Homem. Por exemplo, o som de pessoas a falar, o som de umcarro a passar, o som de um bebé a chorar, o som de um instrumento musi-cal a tocar, também são chamados sons humanizados.

Fonte sonora é tudo o que produz som e é consequência de um deter-minado movimento ou vibração.

Quando chega até nós, e som tem determinada característica, como otimbre, a dinâmica, o ritmo e a altura.

O timbre é a característica que nos permite identificar e distinguir umsom de outro qualquer.

O barulho do relógio.

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Actividade

1. Conta a história do teu dia-a-dia, aos teus colegas, através de sons egestos, por exemplo os sons que fazes ao acordar, quando vais a cami-nho da escola, quando estás a estudar, etc.

2. Experimenta fazer uma lista de sons naturais que ouves a caminho daescola. Compara-a com a dos teus colegas.

Por esse motivo mesmo, de olhos fechados, conseguimos distinguir opiar do passarinho, dos sons do comboio, do tractor ou da vida.

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O timbre é a característica que te permite identificar e distinguir um som deoutro qualquer. É através do timbre que consegues reconhecer os sons quete rodeiam.

Como é do teu conhecimento, podes produzir uma grande variedade desons, por exemplo com as palmas, batendo com os pés no chão, fazendoestalidos com os dedos e até com as mãos batendo nas coxas.

4. TIMBRES CORPORAIS

Bater palmas.

Estalar os dedos.

Bater palmas e bater

com os pés.

Assobiar.

Bater nas coxas.

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Actividade

1. Experimenta fazer uma sequência de sons, com o teu corpo, para que oscolegas adivinhem que parte do corpo está a produzir som. Por exemploestala os dedos, bate com os pés no chão, assobia, bate as palmas,espirra, etc.

2. Utilizando os sons dos corpos, improvisa um acompanhamento para umacanção que escolham. Forma um grupo com os teus colegas e diverte-te.

O teu corpo é uma fonte sonora muito barulhenta, mas se souberes apro-veita-o bem e podes transformá-lo num instrumento musical incrível. A tuavoz, por exemplo, permite-lhe falar, gritar, mas também te permite murmurare cantar.

Por exemplo, canta uma música deste livro ou outra da tua preferência eacompanha o ritmo, batendo as palmas e com os pés no chão.

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Outra das características do som é a altura.A voz masculina é uma voz «grossa» e a voz feminina é uma voz «fina».

Mas o mais correcto é afirmar que os homens têm voz grave e as mulherestêm voz aguda.

5. ALTURA DO SOM

Voz grave (Bonga) Voz aguda (Pérola)

Actividade

1. Na turma, cria três grupos e improvisa sons agudos, médios e gravesde acordo com as identificações do professor ou de um colega.

2. A voz de uma criança será aguda, grave ou média?

3. Junta várias garrafas de diferentes tamanhos (podem ser de plásticoou de vidro). Sopra pelo gargalo de cada uma delas. Depois de te aper-ceberes da diferença, ordena-as da mas grave até à mais aguda.

Vais verificar que, tal como num xilofone, a maior de todas correspondea um som mais grave e a mais pequena ao som mais agudo.

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Coro Alfa e Ómega cantando.

Uma forma simples de notação da altura dos sons e da sua variação aolongo do tempo numa peça musical pode ser a execução de gráficos domovimento sonoro.

O movimento sonoro não é mais do que a forma como o som se move aolongo do tempo. A sua representação não permite avaliar correctamente aduração de cada som, mas, por comparação do comprimento das linhas dográfico, indica que movimentos deves executar mais ou menos prolongada-mente.

Quando os sons se movem sucessivamente de graves a agudos, diz-seque o movimento sonoro é a subir. Se acontecer o contrário, ou seja, se ossons se moverem de agudos a graves, o movimento sonoro é a descer.

6. MOVIMENTO SONORO

Os movimentos sonoros podem ser representados por diferentes linhassonoras: contínuas ascendentes, contínuas descendentes. Permanentes,interrompidas, ondulatórias, em escada.

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Quando os sons se movem de grave a agudo, ou de agudo a grave, variamsucessivamente de altura, construindo um movimento sonoro. Esse movi-mento pode ser representado através de linhas sonoras, que indicam a direc-ção e a forma como o som se move.

As linhas sonoras podem ser:

Linhas sonoras

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19

Actividade

1. Canta os gráficos do movimento sonoro representado abaixo. Escolheuma nota qualquer para começares.

a)

b)

2. Faz três grupos com os teus colegas. Cada grupo deverá interpretar umdos gráficos de movimentos sonoros com a voz. Não te esqueças decantar a primeira nota para dares o tom (para que todos possam come-çar a cantar na mesma nota).

a)

b)

c)

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20

A pauta musical, ou pentagrama, é formado por cinco linhas horizontais equatro espaços paralelos às linhas.

É na pauta musical que se escrevem as músicas, sobre as linhas ou espaços.

7. PAUTA MUSICAL

As linhas e os espaços suplementares são:Superiores – se estão por cima da pauta.Inferiores – se estão por baixo da pauta.

Como a pauta musical não é suficiente para escrever todas as notas musi-cais, usam-se as linhas suplementares para escrever as notas ou sons quenão cabem nas cinco linhas e nos quatro espaços.

As linhas e os espaços da pauta contam-se de baixo para cima.

Page 21: Livreto Musicalização 5_ 6 Ano

21

A clave é um símbolo da escrita musical que tem como função dar nomeàs notas.

Aprenderemos duas claves, que são:

A posição da clave, ou seja, a linha ou espaço da pauta musical onde sefixa, indica a altura das notas.

O nome da clave posiciona a nota com o nome correspondente.

A clave de Sol posiciona a nota sol na pauta, a clave de Fá posiciona anota fá e a clave de Dó a nota dó.

Se, por outro lado, for substituída cada figura pela pauta respectiva verifi-car-se-á que existe uma relação semelhante entre elas.

Repara na colocação das notas na pauta com a clave de sol.

Clave de FáClave de Sol

Clave

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Actividade

1. Soma os tempos e escreve o resultado final.

2. Lê e interpreta a canção.

Toca o sino (Frère Jacques)(original francês: Frère Jacques/versão inglesa: Brother John)

Actividade

1. Faz na pauta 6 claves de Sol.

2. Faz na pauta 6 claves de Fá.

Page 23: Livreto Musicalização 5_ 6 Ano

23

As notas são símbolos musicais que indicam a altura dos sons.As notas musicais são sete: dó, ré, mi, fá, sol, lá e si.

Notas musicais

As notas que encontramos nos espaços são:

Todas as notas musicais juntas formam a escala de Dó maior.

Se observares as notas em ordem, verás que elas parecem subir e descer

uma escada.

Algumas notas musicais aparecem nas linhas e outras nos espaços.

As notas que encontramos nas linhas são:

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A duração de sons, assim como toda a simbologia relacionada com ocarácter temporal da Música, embora tenha começado a ser desenvolvida noséc. IX, continua a sofrer alterações e adaptações ainda nos dias de hoje.

O domínio da notação rítmica é muito vasto, dividindo-se em várias áreasde conhecimento.

Muitos dos conhecimentos abrangidos pela notação rítmica já foram referi-dos em anos anteriores.

8. NOTAÇÃO RÍTMICA

As figuras musicais são símbolos que se usam na música para representaras notas musicais.

As figuras musicais são: a semibreve, a mínima e a semínima.A seguir à semínima ainda existe a colcheia.

Semibreve

Figuras de valor rítmico

Mínima

Semínima

Colcheia

Semicolcheia

Page 25: Livreto Musicalização 5_ 6 Ano

25

As figuras têm um valor de duração que é metade do anterior.

A semibreve corresponde a duas mínimas.

Se voltarmos a dividir, teremos as semínimas.

semibreve mínima mínima

mínima semínima semínima

e

A semínima vale a metade do valor da mínima.E a mesma divisão se aplica às colcheias e semicolcheias.

As figuras e a sua subdivisão

Page 26: Livreto Musicalização 5_ 6 Ano

26

Na música, por vezes somos obrigados a parar para descansar. Quandoisso acontece, usamos as pausas, que são figuras musicais que representamo silêncio: durante um determinado momento não tocamos nem cantamos.

Cada pausa tem um valor de duração determinado e corresponde a umafigura musical.

Temos a pausa da semibreve:

A pausa da mínima:

A pausa da semínima:

A pausa da colcheia:

E a pausa da semicolcheia:

���

A pausa musical

As pausas e a sua subdivisão

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27

Identificação de figuras de valor rítmico e respectivas pausas

Existem ainda subdivisões das figuras de valor rítmico. A colcheia divide-seem semicolcheia. Segue-se, com metade do valor, a fusa, que se divide emsemifusa.

Se aprofundares os teus conhecimentos musicais tomarão contacto comestas figuras e as suas pausas.

Todas as figuras de valor rítmico, de som ou de silêncio, se relacionamentre si.

Esta relação permite ler e entoar frases rítmicas, frases melódicas, can-ções, etc.

Na tabela a seguir podes ver a relação entre as figuras e as respectivaspausas.

Ao interpretar música é essencial conhecermos bem estes sinais, de modoque, ao cantar ou ao tocar, se respeitem as características da peça musical.

Page 28: Livreto Musicalização 5_ 6 Ano

28

Quando se ouve uma música, o ritmo mantém-se, mas sente-se uma pul-sação mais «pesada» em intervalos regulares de duas em duas, de três emtrês, de quatro em quatro. A estas maneira de agrupar os tempos chamamoscompasso.

É fácil concluir que os compassos se dividem em tempos e os tempos dedividem em partes.

Actualmente, existem vários tipos de compasso, ou seja, várias formas dedivisão do tempo em intervalos iguais, tendo em conta uma determinada pul-sação.

Os compassos podem ser simples ou compostos.Nos compassos simples, o tempo é preenchido por uma figura elementar e

nos compassos compostos por figuras compostas, não elementares.

Em qualquer compasso, a unidade de tempo é a figura a que se atribui ovalor de um tempo, dependendo dela o valor de todas a outras figuras.

Assim, na representação de um compasso, o número inferior é associadoa uma figura, ou seja, todas as figuras têm um número representativo asso-ciado.

9. COMPASSO

Semibreve Mínima Semínima Colcheia Semicolcheia

Segundo a ordem das figuras representadas acima, cada figura vale meta-de do tempo da que se segue. No entanto, qualquer figura pode representarum tempo, ou seja, pode ser a unidade de tempo.

O compasso é o elemento da música que ordena o andamento da música.

Cada compasso deve ter também um número limitado de notas musicais.

Page 29: Livreto Musicalização 5_ 6 Ano

29

Os compassos são representados por uma fracção colocada no princípioda pauta, depois da clave, e faz-se da seguinte forma:

Por exemplo, ⎯24

⎯ quer dizer que temos 2 semínimas para cada compasso,

ou o valor corresponde a 2 semínimas.

Os compassos simples mais usados são: binário → ⎯24

⎯, ternário → ⎯34

⎯ e qua-

ternário → ⎯44

⎯.

Para se marcar os compassos indicando a divisão dos tempos com omovimento da mão, segue-se este esquema:

O tempo mais forte é o primeiro e o mais acentuado.

A separação dos compassos é feita por traços verticais a que chamamosbarras de compasso.

No fim dos compassos, encontramos dois traços que simbolizam o fim damúsica.

que representa 22

2�

COMPASSO BINÁRIO

O compasso binário representa-se da seguinte forma:

O compasso binário indica que em cada compasso só deve haver duassemínimas ou figuras equivalentes a elas.

Page 30: Livreto Musicalização 5_ 6 Ano

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Vê como se representa na pauta o compasso ternário, com a clave, a indi-cação do compasso, as barras e as notas.

O compasso ternário indica que em cada compasso só deve haver trêssemínimas ou notas equivalentes às três semínimas.

COMPASSO TERNÁRIO

O compasso ternário representa-se da seguinte forma:

� ��3 � � �� � � � �

�3

� 34 � � � � �

COMPASSO QUATERNÁRIO

O compasso quaternário representa-se da seguinte forma:

O compasso quaternário indica que em cada compasso só deve haverquatro semínimas ou notas equivalentes às quatro semínimas.

�4Vê como se representa na pauta o compasso quaternário, com a clave, a

indicação do compasso, as barras e as notas.

Page 31: Livreto Musicalização 5_ 6 Ano

31

Representação de compasso simples

Classificação de compassos

Símbolo Leitura Unidade de tempo

ou 24

Dois por quatro ou Compasso binário

Semínima (cada compasso é preenchidopor dois tempos; cada tempo equivale auma semínima)

ou 34

Três por quatro ou Compasso ternário

Semínima (cada compasso é preenchidopor três tempos; cada tempo equivale auma semínima)

ou 44

Quatro por quatro ouCompasso quaternário

Semínima (cada compasso é preenchidopor quatro tempos; cada tempo equivalea uma semínima)

Movimentação de marcação de compasso simples

1

2 3

2

4

3

1

2

1

Compassobinário

Compassoternário

Compassoquaternário

Para a marcação do compasso binário ou (dois por quatro) o braço sai decima para baixo no primeiro tempo e de baixo para cima no segundo confor-me indicam as setas.

Este compasso é preenchido por duas semínimas uma em cada tempo oupor outras figuras de valor equivalente, por exemplo, quatro colcheias ou umasemibreve.

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Actividade

1. Ditado musical em compasso binário.

a) Entoam-se ou tocam-se as notas do primeiro compasso e também aprimeira nota do compasso seguinte, que ficará separada pela barra.

b) Repete-se o ditado com ritmo para colocação dos valores e marcaçãodos tempos.

E assim por diante, até a terminação do ditado.

2. Faz este ditado musical a um colega. A primeira frase farás tu a ele e,na segunda, trocam.

3. Cantem as melodias e as canções dos exercícios 1 e 2 deste ditadomusical.

44

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34

Actividade – Jogo de linguagem

1. Canta estas canções.

Dona nobis pacem(Cânone para 3 vozes)

Dona nobis pacem, pacem;Dona nobis pacem.Dona nobis pacem, dona nobisPacem. Dona nobisPacem, dona nobis pacem.

O cuco na floresta(Cânone)

Estava na floresta O cuco a cantar.Por trás duma giestaNós fomos escutar:Cu – cu, cu – cu, cu – cu, cu – cu, cu – cu (bis)

A noite estava escuraE não tinha luar.Ouvimos lá ao longeO lobo a uivar:A – u, a – u, a – u, a – u, a – u (bis)

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Actividade

1. Compõe uma frase rítmica com quatro compassos, tendo em conta quecada compasso é preenchido por quatro tempos e cada tempo equivalea uma semínima. Não te esqueças da barra dupla no final da tua fraserítmica.

– No ritmo das marcas sente-se uma pulsação mais «pesada» (1.a) e outra«leve» (2.a). É porque o ritmo das marchas está no compasso binário.

– A alternância de compassos contribui para o enriquecimento rítmico damúsica.

– O rondó é uma figura musical de composição (ABACADA).

34� �

Batem os sinos

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Ao ouvires um trecho musical podes facilmente notar que uns sons sãomais demorados, que os outros, que há sons longos e sons curtos; a estacaracterística se dá o nome de duração.

Se bateres uma vez as palmas, terás um som curto de pouca duração e setocares um triangulo obterás um som mais longo que o das palmas (longaduração).

10. DURAÇÃO

Som curto Som longo

Actividade

1. Escreve o nome de um instrumento de som longo.

2. Desenha uma figura que representa um som curto.

3. Na queda de uma borracha sobre uma mesa de vidro e na queda de umgarfo na mesma, os sons não têm a mesma duração. Identifica a dife-rença.

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O sustenido ( � ) , o bemol ( ) e o bequadro ( ) são acidentes que seaplicam às notas, subindo-as ou descendo-as de meio-tom ou de um tom:

– o sustenido ( � ) aumenta meio-tom à nota. Exº.: dó� está meio-tom acimade dó.

– o bemol ( ) diminui meio-tom à nota. Exº.: ré está meio-tom abaixo deré.

– o bequadro ( ) anula o efeito do sustenido ou do bemol.

Acidentes musicais

A repetição da escrita de notas ou compassos pode ser evitada pela utili-zação de sinais de repetição.

Os sinais de repetição são colocados no final da peça musical ou no fim deuma secção e indicam e repetição de toda ou de parte da peça musical.

Sinais de repetição

Símbolo Nome Significado

|| Barra de repetição

A barra de repetição indica que se deve voltar

a repetir a peça musical desde o sinal ||.

Se este último sinal não existir na peça musi-

cal então deve voltar-se ao início da peça.

Bis BisIndica que se deve repetir a peça musical

desde o início até Bis.

D.C. Da CapoD.C. significa Da Capo (desde a cabeça), sig-

nifica voltar ao princípio.

Bemol – desce 1/2 tom à nota em que é aplicado.

Bequadro – repõe a nota inicial.

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Quando se escuta uma música com atenção, nota-se que o andamento dapulsação não é sempre igual ao longo da música, está directamente relacio-nado com a velocidade e o movimento. Podendo variar de andamento lento,moderado e rápido: podemos ir do muito lento ao mais rápido possível.

Comparando o andamento musical com o nosso próprio andamentotemos:

CAMINHAR → ANDAMENTO MODERADO

Andamento: será necessário desacelerar ou retardarnormalmente para que os nossos passos coincidamcom a pulsação.

CAMINHAR DEVAGAR → ANDAMENTO LENTO

Andamento rápido, será necessário acelerar – aceleran-do para alcançares o passo de corrida.

CORRER → ANDAMENTO RÁPIDO

Várias vezes ouviste a interpretação da canção «Para-béns a você» com diferentes velocidades, umas vezeslenta, outras rápida, um rock, por exemplo, é tradicional-mente uma música de velocidade rápida e a musica reli-giosa é tradicionalmente mais lenta.

Em música, o andamento é a velocidade de pulsação de uma peça musi-cal. A sua indicação é feita através de termos italianos.

11. ANDAMENTO

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Termos italianos que indicam os vários tipos de andamento

Andamento moderadoLargo Muito lento

Adaggio Lento

Andamento moderadoAndante Calmo

Moderato Moderado

Andamento rápido

Allegro Um pouco depressa

Allegreto Depressa

Vivace Bastante depressa

Presto Rápido

Prestissimo Muito rápido

Actividade

1. Marcha no andamento dado por um colega ou pelo professor. Atençãoaos acelerando e ritardando.

2. Lê a canção «Parabéns a você» de acordo com os andamentos indicados.

ModeratoParabéns a vocêNesta data querida

RitardandoMuitas felicidadesMuitos anos de vida

AllegroHoje é dia de festaCantam as nossas almas

ModeratoP’ro/a menino/a _________

AllegretoUma salva de palmas

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Se se procurar o significado da palavra «compositor» no dicionário, vai-sedescobrir que é alguém muito importante no mundo da Música.

12. MOTIVO, FRASE MUSICAL E FORMA

CCompositor, s. m. – aquele que compõe; autor de música original;…In «Dicionário Universal de Língua Portuguesa»

Para compor, o compositor precisa de saber escrever a música, ou sejaprecisa de conhecer a notação musical. Mas, será que compor é só isso?

Aqui está a definição da palavra «compor» no dicionário.

De facto, compor é formar de várias coisas: notação rítmica, notação meló-dica, mas também é criar e inventar. Para isso, o compositor precisa de muitainspiração e de muitas ideias, ideias musicais.

Ao procurar ideias e inspiração para a sua composição musical, o compo-sitor começa, geralmente, por pensar em três coisas: o motivo, a frase e aforma.

Compor, v. tr. – produzir; inventar; criar; entrar na composição de; formarde várias coisas;…

In «Dicionário Universal de Língua Portuguesa»

O motivo é a unidade rítmica e melódica mais pequena de uma composi-ção musical. É formada por três ou quatro notas com um ritmo próprio, facil-mente reconhecível e memorizável.

De certeza que existem várias músicas que para serem reconhecidasbasta que se cantem as primeiras três ou quatro notas, ou seja, o motivo.

Motivo

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A frase musical é uma sequência regular de sons com princípio, meio efim, em que se divide naturalmente uma peça musical. Tal como quando sefala, as frases que se dizem devem ter princípio, meio e fim, para que todoscompreendam o que se pretende transmitir.

No entanto, a maneira como se diz uma frase pode ser muito variável.Pode variar com a pessoa que a transmite, com o seu estado de espírito nomomento em que fala, com a audiência, etc. Por outro lado, mesmo quandotransmitida da mesma maneira a várias pessoas, a mensagem pode serestendida de maneiras diferentes, dependendo de quem a recebe, do estadode espírito de quem a recebe, da relação quem a pessoa tem com quemtransmite a mensagem, etc.

Em música acontece exactamente o mesmo. A maneira como se escreveuma frase musical pode ser muito variável, consoante o compositor, a men-sagem que o compositor lhe impõe, os elementos respectivos na peça musi-cal, etc.

A maneira como a frase musical é entendida por quem a ouve tambémpode variar muito, já que depende de muitos factores: depende de quem aouve, se gosta do compositor ou do género, do local onde é ouvida, do esta-do de espírito no momento em que é ouvida, etc.

Frase musical

Actividade

1. Experimenta cantar quatro notas de uma música que cantes habitual-mente com os teus colegas. Eles conseguiram reconhecê-la?

2. Agora pede aos teus colegas que façam o mesmo para tu adivinhares.

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A forma não é mais do que a organizaçãode todas as ideias, de todo o material musicalde que o compositor dispõe, de forma a que amúsica faça sentido. Esse material compreende,entre outros, o motivo e a frase.

Como um puzzle, um jogo em que se tem dejuntar e encaixar várias peças. O puzzle sóestá concluído quando todas as peças estãoencaixadas e só então se consegue entendero seu significado.

Quanto mais peças tem um puzzle, maisdifícil é concluí-lo, mas o resultado final é,geralmente, mais bonito.

Forma

Actividade

1. Abecedário musical.

a) Formam-se grupos de quatro ou cinco alunos.

b) No caderno diário de um aluno de cada grupo escreve-se, em duascolunas, todas as letras do alfabeto português.

c) Tenta encontrar para cada letra um termo/conceito musical dos queaprendeste.

d) De seguida, o porta-voz de cada grupo lê a hipótese escolhida paracada letra, explicando o seu significado.

2. Através da análise auditiva de excertos apresentados pelo professor,relembra alguns dos conceitos abordados.

a) Timbre: identifica os instrumentos e a família a que pertencem.

b) Dinâmica: faz o esquema dinâmico da obra no teu caderno diário.

c) Altura: identifica a voz do cantor; se soprano, contralto, tenor oubaixo.

d) Tipo: diz se ouves melodia ou harmonia.

e) Ritmo: identifica o andamento da obra.

f) Forma: diz por quantas frases é composto o excerto.

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A notação musical é um sistema de escrita musical, com origem na Anti-guidade, que se tem desenvolvido até os dias de hoje. Segundo a História daMúsica, a notação musical surgiu da necessidade de se registar a música,para que pudesse ser difundida e melhor trabalhada em conjunto.

Consta que foi Guido D’Arezzo (995-1050), um monge italiano e regentedo coro da Catedral de Arezzo (na Toscânia, actual Itália), que foi o criadorda pauta musical e baptizou as notas musicais com os nomes que conhece-mos hoje: dó, ré, mi, fá, sol, lá e si.

Baseando-se numa melodia profana, um hino que as crianças do coroentoavam a São João, para que os protegesse da rouquidão, cada linha daqual começava com uma nota mais aguda que a anterior.

Associou à melodia a um texto sagrado em latim, cuja primeira sílaba decada linha podia dar o nome de cada nota da escala musical.

13. NOTAÇÃO MUSICAL

Hino a São João Baptista

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Que significa:«Para que nós, teus servos,com clareza e língua desimpedida,elogiemos o milagre e a força dos teus feitos,absolve nossos lábios impuros, São João.»

O sistema de Guido d’Arezzo sofreu algumas pequenas transformações nodecorrer do tempo: a nota ut passou a chamar-se dó e a nota inicial san pas-sou a ser chamada si (por serem as inicias em latim de São João, SancteIoannes).

Cerca de 1812, uma senhora inglesa, de apelido Glover, apresentou umsistema de notação que recebeu a designação, em inglês, de Tonic Sol-Fa.Este sistema consistia na substituição do nome das notas, do actual sistemade notação, por letras. Estas letras eram as iniciais dos nomes das setenotas, actualmente em uso.

dó = d ré = r mi = m fá = f sol = s lá = l si (ti) = t

Principais características do sistema de notação Tonic Sol-FaAs notas são designadas por ordem crescente para formação de escalas,

tal como na notação musical tradicional.

Nota nas linhasA cabeça da figura da nota quando colocada na linha, esta deve estar divi-

dida ao meio pela linha.

Nota nos espaçosA cabeça da figura da nota quando colocada no espaço, esta deve ocupar

só o espaço.

As notas compreendidas entre o Dó central e o Si acima deste,representam-se sem virgulação.

d r m f s l t

A forma de distinguir as notas abaixo do Dó central consiste na sim-ples colocação de uma vírgula a seguir a cada nota.

d, r, m, f, s, l, t,

Sistema de notação Tonic Sol-Fa

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As notas uma oitava acima do Dó central distinguem-se pela colocação deum apóstrofe a seguir a cada nota.

d’ r’ m’ f’ s’ l’ t’

Para indicação de oitavas superiores ou inferiores a estas, substitui-se avírgula ou o apóstrofe pelos algarismos 2, 3, etc., na mesma posição dossinais anteriores.

Por exemplo, a escala diatónica do Dó Maior representar-se-ia da seguinteforma:

d’

t t’

l

s

f

m

r

d

s’

f’

m’

r’

d’

l’

Actividade

1. Escreve os nomes das notas em notação Tonic Sol-Fa.

2. Como identificas uma nota abaixo do Dó central na notação Tonic Sol-Fa?

3. Interpreta este solfejo.

d r m f m f m d

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Actividade

1. Canta esta canção. Se quiseres, com os teus colegas, experimentainterpretá-la em cânone.

O nosso galo(Cânone)

O nosso galo é bom cantorÉ bom cantor tem boa vozEstá sempre a cantar cocoró, cocoróEstá sempre a cantar cocoró, cocoró

Mas veio um dia e não cantouOutro e mais outro e não cantouNunca mais se ouviu cocoró, cocoróNunca mais se ouviu cocoró, cocoró

Nunca mais se ouviu cocorococó

24

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Actividade – Jogo de linguagem

1. Com a canção «O caracol» e «Dó – Ré – Mi» inventa alguns jogos de lin-guagem com as palavras relacionados com o nosso dia-a-dia.

Primeiro entoa as primeiras cinco notas da escala Dó, Ré, Mi, Fá, Sol,Fá, Mi, Ré, Dó.

O caracol

Dó – Ré – Mi – Fá – Sol, olha o caracol.Dó – Ré – Mi – Fá – Sol, deitadinho ao Sol

Como exercício de dicção:(o pato) a, a, a, a, a, a, – quá, quá, quá, quá, quá.(o carneiro) é, é, é, é, é, é – me, mé, mé, mé, mé, (o grilo) i, i, i, i, i, i – gri, gri, gri, gri, gri.(o galo) ó, ó, ó, ó, ó – có, có, có, có, có (o peru) u, u, u, u, u, - glu, glu, glu, glu, glu

Dó-Ré-Mi

Dó – Ré – Mi – a MimiMi – Fá – Sol – pelo solFá – Mi – Ré – vai a péMi – Ré – Dó – não tem popó

Do – Ré – Mi – eu comiMi – Fá – Sol – um pão moleFá – Mi – Ré – quando ia a péMi – Ré – Dó – ter como o Tó!

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A música acompanha-te ao longo da tua vida.

Agora, além de se cantar o que se ouve, a Educação Musical permite can-tar o que se lê. Claro que, quanto melhor se ler uma pauta musical mais facil-mente se poderá cantá-la. A este tipo de leitura à primeira vista, das notas deuma pauta musical, chama-se solfejo.

Solfejo é a forma de ler as notas, à primeira vista, utilizando os respectivosnomes. Esta também é a designação de uma técnica de estudo de música,por exercícios vocais.

O solfejo pode ser melódico, quando a leitura é cantada, ou rezado, quan-do a leitura é falada. Em qualquer dos casos, podes marcar o compasso coma mão, como já aprendeste anteriormente.

A prática do solfejo e da leitura de música são indispensáveis para a edu-cação auditiva e vocal.

Para fazer a leitura do solfejo é necessário obedecer cinco princípios:

Primeiro: verificar a posição da clave (se está na segunda linha)

Segundo: verificar o compasso (se e binário, ternário ou quaternário).

Terceiro: verificar a sequência rítmica.

Quarto: verificar a sequência das notas musicais.

Quinto: fazer a leitura rezada (solfejo rezado).

14. SOLFEJO (LEITURA MUSICAL)

No solfejo melódico deves respeitar a altura das notas, segundo a tonalida-de da peça que estás a solfejar, e a duração de cada uma delas, face à uni-dade de tempo e ao compasso indicado.

Solfejo melódico

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Solfejo rezado é o acto de ler a pauta musical sem expressar as alturasdas notas.

No solfejo rezado deves ler as notas ignorando a sua altura. No entanto, aduração de cada uma das notas deve ser respeitada, face à unidade detempo e ao compasso indicado.

Na pauta, deve-se ter atenção ao ponto de aumentação que, junto àsdiversas figuras e pausas, aumenta a cada uma metade do seu valor.

Solfejo rezado

Actividade

1. Caracteriza a voz humana.

2. O que é o solfejo? Que tipos de solfejo existem?

3. Como identificas um solfejo rezado?

Havia um pastorzinho Que andava a pastorarSaiu de sua casa E pôs-se a cantar:

Dó ré mi fá fá fá Dó ré dó ré ré ré Dó sol fá mi mi mi Dó ré mi fá fá fá

Chegando ao palácio A rainha o chamouAlegre pastorzinho Teu canto me agradou:

Dó ré mi fá fá fá Dó ré dó ré ré ré Dó sol fá mi mi mi Dó ré mi fá fá fá

O pastorzinho

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Actividade

1.

a) Qual é o compasso deste solfejo?

b) Quantas mínimas tem?

c) Lê o solfejo lentamente.

2.

a) Identifica o compasso.

b) Quantas mínimas tem?

c) Lê o solfejo lentamente.

3.

a) Qual é o compasso deste solfejo?

b) Quantos tempos cabem em cada compasso?

c) Lê o solfejo.

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A escala musical é uma sucessão de sons ordenados sequencialmente apartir de um determinado som ou nota musical, no sentido ascendente oudescendente. Esta série de sons organizados serve de base para a constru-ção de muitas peças musicais.

A primeira nota dessa sequência de sons dá-se o nome de escala.A primeira e a última nota de cada sequência é sempre a mesma.

A escala diatónica é formada por sete sons ou notas musicais, com a repe-tição da primeira.

As escalas de sete sons são muito utilizadas na música ocidental, podemcomeçar por qualquer das notas musicais básicas (Dó, Ré, Mi, Fá, Sol, Lá, Si).

15. ESCALA DIATÓNICA E SEUS GRAUS

O grau é a classificação das notas musicais no que respeita à sua posiçãona escala. A representação do grau de uma escala e feita através de numera-ção romana.

Os graus das escalas têm nomes alternativos, além dos nomes que jáconheces e da numeração romana que lhes está associada.

Graus da escala diatónica

Grau Nome Observações

I Primeiro TónicaA primeira nota e a mais importante.Dá nome à escala.

II Segundo Sobretónica –––––

III Terceiro Mediante Tem muita importância no modo.

IV Quarto Subdominante Menos predominante que a dominante.

V Quinto Dominante Mais importante depois da tónica.

VI Sexto Sobredominante –––––

VII Sétimo Sensível Tem muita importância na totalidade.

VIII Oitavo Oitava Repetição da primeira

Grau e classificação das notas musicais no que respeitaà sua posição na escala

Não confundir tom com modo:Tom = importância de uma nota.Modo = ordem dos intervalos entre as notas.

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A escala diatónica pode ser caracterizada pela forma como as notas que acompõem estão ordenadas, ou seja, pelo seu modo. Assim, existem escalasdiatónicas em modo maior e escalas diatónicas em modo menor.

O que distingue o modo maior do modo menor é a disposição dos interva-los de tom e meio-tom que constituem a escala.

Modo maior e modo menor

A escala diatónica pode ser caracterizada pela forma como as notas que acompõem estão ordenadas, ou seja, pelo seu modo. Assim, existem escalasdiatónicas em modo maior e escalas diatónicas em modo menor.

O que distingue o modo maior do modo menor é a disposição dos interva-los de tom e meio-tom que constituem a escala.

Dó – Ré – Mi – Fá – Sol – Lá – Si – Dó

Escala diatónica de modo maior

Notas Dó Ré Mi Fá Sol Lá Si Dó

Grau I II III IV V VI VII VIII

O Dó que se repete é mais agudo que o primeiro.

Para se formar uma escala diatónica de modo maior a partir de qualqueroutra nota, deve-se usar-se como modelo a escala diatónica de Dó, devendofazer-se coincidir os tons e os meios-tons nos mesmos graus.

Usando o teclado de piano e tocando todas as teclas brancas a partir deum Dó qualquer, até outro Dó, está a executar-se a escala diatónica naturalde Dó ou escala modelo.

Se se tocarem as teclas do teclado do piano, a partir de um Dó até ao Dóseguinte, está-se a executar uma só oitava, ou escala simples.

Se se tocar mais do que uma oitava, está a executar-se uma escala com-posta.

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Se tomarmos como exemplo a escala diatónica de Lá menor, verifica-seque é formada pelas notas Lá, Si, Dó, Ré, Mi, Fá, Sol.

É ainda composta por cinco tons e dois meios-tons. É a localização dessestons e meios-tons que a distingue de uma escala de modo maior.

Os meios-tons encontram-se nos intervalos entre as notas Si e Dó (de I - Lá a III - Dó temos é um intervalo de um tom e meio) e entre as notas Mi eFá (de I - Lá a V - Mi temos um intervalo de três tons e meio). São os interva-los entre o II e o III graus e entre o V e o VI graus, respectivamente.

Escala diatónica de modo menor

Notas Lá Si Dó Ré Mi Fá Sol Lá

Grau I II III IV V VI VII VIII

Actividade

1. Em que graus da escala diatónica de Dó Maior existem intervalos emeio-tom?

2. Imagina a nota Fá como I grau de uma escala. Qual seria o IV graudessa escala?

3. Numa escala, que nomes se atribuem aos seguintes graus: I, II, V, VI eVII?

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A escala pentatónica é formada por cindo sons (penta = cinco; tonos =sons).

Esta escala é uma sucessão de notas musicais em que se elimina a quartae a sétima notas, a contar da primeira.

Por exemplo, a escala pentatónica de Dó é formada pelas notas: Dó, Ré,Mi, Sol, Lá. Eliminaram-se, portanto, as notas Fá e Si.

No nosso país, a escala pentatónica surgiu através de comerciantes quese fixaram na costa litoral, influenciando muito rapidamente a nossa culturamusical.

16. ESCALA PENTATÓNICA

Conjunto musical típico: Kuturi e os seus acompanhantes.

Vêem-se os seguintes instrumentos: mukindo, ngoma, hungu, mpuíta, quissange,

reco-reco e dikanza.

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Quando se fala nas possibilidades da voz humana, podem fazer-se expe-riências alterando a voz de várias formas:

– nariz tapado;– voz rouca;– voz «esganiçada»;– boca tapada (mão em concha).

Como consequência do crescimento, da puberdade e adolescência, o tim-bre da voz sofre uma mudança, a que chamamos alteração tímbrica.

Também é possível alterar o timbre de outros instrumentos, usando aces-sórios que deformam e transformam o seu timbre original.

Ouve exemplos que o professor pode apresentar e repara no efeito de utili-zação de surdinas no violino e na trompete.

17. ALTERAÇÃO TÍMBRICA

Actividade

1. Canta uma canção efectuando as alterações à voz que leste atrás.

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Podemos realçar a imagem de uma pessoa fazendo sobressair determina-dos aspectos. Por exemplo, a menina faz sobressair os lábios pintando-oscom bâtom vermelho.

Em música, através da selecção e da alteração tímbrica obtemos o realcetímbrico.

Podemos obter dois tipos de realce tímbrico. Um que é conseguido atravésda utilização de instrumentos com timbres que se distinguem dos outros,outro que resulta da alteração tímbrica do próprio instrumento.

Como exemplo, temos o batuque, em que a maior ou menor pressão napele altera o timbre do instrumento, ou o uso da surdina, em trompetes.

18. REALCE TÍMBRICO

Vais conhecer agora duas formas de enriquecer a expressividade da músi-ca: o legato e o staccato. Mais uma vez dois termos italianos que, traduzidosà letra, querem dizer ligado e destacado, respectivamente.

No primeiro, como o nome indica, as notas tocam-se sucessivamente, semespaço ou quaisquer intervalos de tempo entre elas.

Para representar um legato utiliza-se a ligadura de expressão.

Legato e staccato

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No caso do staccato, criam-se pequenos espaços entre as notas, ou seja,ficam um pouco mais «curtas», tocando-se destacadamente, sem qualquerligação umas às outras.

Actividade

1. Procura um instrumento em que possas executar o legato e o staccato.

2. Executa os exercícios que se seguem respeitando as indicações. Paratocar legato tens que articular apenas a primeira nota de cada ligadura,tocando as restantes sem interromper a emissão do ar.

Quanto ao staccato, articula todas as notas e procura que estas tenhamuma duração curta.

Actividade – Interpretação musical

1. Interpreta a seguinte selecção de canções de outros países e nacionais.

Guantanamera

(Guantanamera é uma das mais célebres canções da música cubana. Guan-tanamera significa garota de Guantánamo, cidade do sudoeste de Cuba. Amúsica data de 1963.)

Refrão:

Guantanamera,guajira guantanameraGuantanamera,guajira guantanamera

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Yo soy un hombre sinceroDe donde crece la palmaYo soy un hombre sinceroDe donde crece la palmaY antes de morirme quieroEchar mis versos del alma

Refrão

Mi verso es de un verde claroY de un jazmín encendidoMi verso es de un verde claroY de un jazmín encendidoMi verso es un ciervo heridoQue busca en el monte amparo

Refrão (2 vezes)

Outras estrofes:Por los pobres de la tierra / Quiero yo mi suerte echarEl arroyo de la sierra / Me complace más que el mar

Denle al vano el oro tierno / que arde y brilla en el crisol:A mí denme el bosque eterno / cuando rompe en él el sol.

Yo quiero salir del mundo / por la puerta natural:en un carro de hojas verdes / a morir me han de llevar.

No me pongan en lo oscuro / a morir como un traidor:yo soy bueno y como bueno / moriré de cara al sol.

Tiene el leopardo un abrigo / en su monte seco y pardo:yo tengo más que el leopardo / porque tengo un buen amigo.

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Noite Feliz

Noite Feliz, Noite de PazDormem todos em redor;Em Belém Jesus nasceu,Rei da Paz, da Terra e céu.Nosso Salvador É Jesus Senhor.

Rei da Paz, Rei de Amor!Deste mundo o Senhor;Vinde, todos, Lhe pedirSua graça p’ra servir.Nosso Salvador É Jesus Senhor.

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Maboque, malolo, ginguenga

As Gingas do Maculusso

(Rosa Roque)

⎫⎪⎬⎪⎭

Não nos procurem por mares, crescemos em toda a selva,somos pouco conhecidos por sermos regionais.Se viajas para conhecer coisas da nossa terraao passar por nossa casa, não deixes de nos provar.

Malolo, maloque, ginguenga,frutos silvestres somos

2 vezes

Eu sou malolo, minha planta é pequenina,madura sou molezinho e tenho pele amarela.

Eu sou maboque, cresço em arbustos médios,meu corpo apresenta fendas e me envolve dura casca.

Eu sou ginguenga, minha planta é pequenina,madura sou vermelhinha, meu corpo cheio de sementes,fibrosa, sumarenta e ácida, dou bebida fermentada.

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A educação vocal é fundamental para desenvol-veres uma capacidade que tens desde que nasces-te: a capacidade de utilizares a voz.

A voz é uma capacidade tão natural no Homemque foi, mesmo, o primeiro instrumento musical porele utilizado. Se pensavas que não sabias tocarnenhum instrumento, enganas-te. Podes não serum grande cantor, mas já sabes «tocar»um instru-mento musical desde que nasceste. Claro que sequiseres ser um bom executante deste instrumentomusical tens de educar a tua voz.

Educar a voz obriga a muita disciplina e muita pratica de exercícios de téc-nica vocal. Estes exercícios permitem-te conhecer melhor a tua vos e as suascapacidades e, assim, cantar melhor.

Cantar um trecho musical é executá-lo coma voz, é juntar sons e palavras como forma deexpressão e até como forma de comunicação.

Certamente já ouviste a tua mãe contar quequando estava grávida cantava para ti. Depois,quando nasceste ela embalava-te, para teadormecer, ao som de melodias que ela entoa-va. Mais tarde, ensinou-te as primeiras cançõese, então, também tu começaste a cantar.

19. EDUCAÇÃO VOCAL

Coro do Instituto Piaget.

Interpretação de alunos de

música do Instituto Piaget.

Elbo cantando.

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Sabes o que significa a palavra canto? Experimenta procurar o seu signifi-cado no dicionário.

O canto é a forma de arte mais espontânea e simples, pois não existemeio de expressão mais natural do que a voz humana.

No fundo, o canto não é mais do que o som produzido pela voz humana.Por isso é que duas pessoas diferentes, com vozes diferentes, a cantarem amesma música podem produzir cantos diferentes. Para além disso, e emoçãocom que cada pessoa canta e o estilo musical que adopta também podemmodificar o canto.

20. CANTO

Canto, s. m. – série de sons musicais cadenciados, formados pela voz;acção de cantar;…

In «Dicionário de Língua Portuguesa»

Patrícia Faria. Carlos e Tatiana.

Jacinto Tchipa. As gingas do Maculusso.

Os cantores angolanos são frequentemente influenciados pela zona dopaís onde são oriundos. Os temas escolhidos, o estilo adoptado e a emoçãoda interpretação não só os identifica como também os torna únicos.

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CuriosidadesO falsete, técnica de imitação da voz feminina, surgiu, especialmente na

Idade Média, da necessidade de os homens substituírem as vozes dasmulheres nos coros das igrejas. Nestes locais era expressamente proibido àsmulheres participarem musicalmente.

Esta técnica foi também utilizada nas óperas cómicas e é ainda usadaactualmente nas canções populares da Suíça e da Áustria, nas chamadascanções tirolesas.

Em Veneza, Itália, grande centro musical do Barroco, existiam nesta épocaquatro conservatórios de música só para mulheres. Eram os chamadosOspedali venezianos.

Quem frequentava estas escolas de música eram meninas órfãs, filhas ile-gítimas e aquelas cujos pais as não podiam educar.

Os Ospedali venezianos davam às suas alunas uma educação exclusiva-mente musical. Os custos desta formação eram pagos pelo Estado.

O Ospedali della Pietá é o mais famoso e foi onde Vivaldi trabalhou cercade trinta anos.

O canto é o som produzido pela voz humana. Por isso é que duas pessoasdiferentes, com vozes diferentes, a cantarem a mesma música podem produ-zir cantos diferentes.

A emoção com que cada pessoa canta e o estilo musical que adapta tam-bém podem modificar o canto.

O canto coral é um canto feito de varias vozes masculinas, femininas oumistas. Geralmente as vozes são quatro: soprano, alto, tenor e o baixo.

É extremamente importante que cada elemento de um grupo coral sejaobediente, atencioso, disciplinado e de compostura correcta.

A respiração deve ser controlada, calma, e as inspirações devem ser feitanas pausas do canto. Cantar e respirar deve ser algo confortável, não umesforço. Não é agradável ouvir o cantor respirar, ou ouvir-se o som do ar nainspiração ou na expiração.

Nunca cantar excessivamente alto nem com os dentes cerrados. Abrir aboca o suficiente para que a voz e as palavras sejam claras.

É importante cantar com interesse, expressão e sentimento, saber cuidarda sua voz e respeitar a dos outros do grupo. Uma bonita voz é um dom daNatureza.

Não obstante, uma voz vulgar ou até má é sempre susceptível de se aper-feiçoar.

De inicio, todos os elementos do coral cantam as canções na mesma voz,em seguida, gradualmente, vão-se introduzindo as outras vozes.

Canto coral

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Quando uma peça de música é executada por um só cantor, chama-sesolo ou canto individual. O cantor é o solista.

Antes de iniciares o canto é necessário aprender a técnica vocal que con-siste em respirar e fazer exercícios vocais.

O cigarro(17 de Novembro Dia Mundial do Não Fumador)

Ó meu amigo Deixa o cigarro E nunca mais terás catarro.

Sê homem livre Respira bem Pois o escravo não é ninguém.

Refrão:O cigarro faz tão mal A quem fuma e a quem vê Saia pois já desta sala E fume lá p´ra você.

Canto a solo

Actividade

1. Cria um agrupamento coral e canta as canções anteriores estudadas ououtras de que gostem e conheçam.

Actividade

1. Escolhe uma canção e canta-a a solo.

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Uma boa técnica vocal deve ter em conta vários aspectos: a postura corpo-ral, a respiração, a percepção da emissão da voz e a articulação e dicçãodas palavras.

A postura corporal é um aspecto muito importante a ter em conta quandose canta.

Certamente já reparaste que a tua voz soa de maneira diferente se canta-res deitado, sentado, ou de pé. De facto, a tua postura corporal pode alterar atua voz, por isso tenta adoptar uma postura natural, equilibrada e descontraí-da.

A respiração é a base de toda a técnica vocal. Como sabes, o som queproduzes quando cantas é emitido pelo nariz e pela boca. Como estesórgãos também fazem parte do teu aparelho respiratório, é importante quesaibas intercalá-los, ou seja, que saibas respirar enquanto cantas e que sai-bas cantar enquanto respiras.

A respiração, que deve ser preferencialmente nasal, deve ser reguladapelo próprio canto, sendo essencial um conhecimento profundo da obra quese vai interpretar, para não haver surpresas.

A voz forma-se ao nível da laringe, onde seencontram as cordas vocais. As cordas vocais sãouma série de músculos semelhantes a tiras parale-las, que se abrem e fecham pela vibração do arque vem dos pulmões. É essa vibração que produzsom.

Uma boa percepção da emissão da voz é fun-damental para a manutenção da afinação ao longodo canto. Por outro lado, não vale a pena ter umaboa percepção se não tiver uma boa emissão de

voz. Assim, o segredo está na simulação da emissão da voz e da percepçãoda sua afinação.

Atingir uma boa emissão da voz implica uma boa produção de sons (queem linguagem musical se designa por ataque) e uma boa colocação da voz,ou seja, o aproveitamento e valorização dos sons emitidos.

A prática de exercício de técnica vocal permite evitar defeitos tanto emis-são como na colocação da voz. Os principais defeitos na emissão da vozsão: a emissão gutural, em que o som parece ficar preso na garganta, e aemissão nasal, em que o som sai pelo nariz. Estas emissões incorrectas davoz provocam um timbre defeituoso e o cansaço do cantor.

Técnica vocal

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A principal vantagem numa boa colocação da voz é a perfeita audição docanto por toda a assistência, o que obriga a um equilíbrio entre a distância aque o canto é ouvido e a clareza com que é ouvido.

A articulação e a dicção estão directamente rela-cionadas com a pronúncia e o som das palavras.

Estes dois aspectos são essenciais para a com-preensão da mensagem da canção.

A leitura falada da letra da canção antes de expe-rimentar cantá-la, a forma de abrir a boca, meia ova-lada, e a colocação da língua para a transmissão damensagem da canção são essenciais tanto para abeleza do canto quanto para a sua compreensão.

Muitas salas de teatro, onde se realizam espectáculos musicados, têmgrande dimensões exigido, aos cantores, uma boa percepção da emissão euma boa colocação da voz.

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Actividade

Experimenta fazer alguns exercícios de técnica vocal. Vais ver que édivertido.

Exercícios de postura corporal

1. Em pé, afasta as pernas na direcção dos ombros e distribui o pesoigualmente pelas duas pernas. Fecha os olhos e mantém o pescoço rela-xado. Lentamente, levanta um pé do chão e tenta equilibrar-te só numpé enquanto contas até 10. Pousa esse pé no chão, levanta o outro pé econta novamente até 10.

2. Repete o exercício anterior enquanto cantarolas uma música à tuaescolha.

Exercícios de respiração

1. Em pé, coloca-te em frente a um colega e tenta ouvir a sua respiração(claro que para isso ele tem de forçar o barulho da respiração). Agoraque já o ouves respirar, os dois devem movimentar os braços em círcu-los e, simultaneamente, devem sorrir um para o outro.

2. Repete o exercício anterior mês desta vez tu e o teu colega devemestar sentados.

Exercícios de percepção da emissão da voz

1. Em pé, coloca-te em frente a um colega. Um dos dois deve dizer, bemalto, muá. O outro deve fazer o eco, começando por dizer muá tão altocomo o colega e decrescendo até quase não se ouvir.

2. Repete o exercício anterior como se fosse um diálogo. O teu colega fazmuá e tu respondes muá. Atenção: também deves imitar a altura do som.

Exercícios de articulação e dicção das palavras

1. Inspira profundamente e, à medida que deitas o ar fora, faz trrr… atéacabar o ar.

2. Com uma caneta na boca, conta até 10 em voz alta.

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Canção Dinâmica

1. Canto forte, canto pianoCanto meio-forte, meio-forte canto Ah ah ah, ô ô ô Faço desta música o meu encanto.

2. Forte é forte, piano é pianoMeio-forte não é forte nem é pianoAh ah ah, ô ô ôestudo a dinâmica e não me engano.

3. Bato palmas, estalo dedosPercuto as pernas com coordenaçãoAh ah ah, ô ô ô.Tiritiri, tiritiri, ram tam plão.

Pedrito, Calabeto e companhia, outros importantes músicos do nosso país.

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1. Bate os seguintes ritmos com a palma das mãos.

a)

b)

2. Quais são as principais considerações para cantar em grupo?

3. Para cantar bem é preciso saber respirar! Como é feita a respiração?

4. Desenha o movimento de um compasso binário e um ternário.

5. Na linguagem musical, como é chamada uma musica rápida?

6. O que é o canto coral?

7. Descreve um instrumento da família dos membranofones mais utilizadona tua província e explica com se produz o som.

8. Quais são os instrumentos cordofones que conheces? Indica dois exem-plos da tua província.

9. Quais são as propriedades do som?

10. Qual é a propriedade do som que indica a força com que o som é produzido?

11. Que é uma escala diatónica?

12. Qual é a nota que se representa na escala?

13. Indica em numeração romana os graus das seguintes notas numa escalamaior (de Mi):

Mi _____ Si _____ Ré _____ Sol _____

14. Escreve os sinais que simbolizam o som curto e longo.

15. Identifica e escreve o nome de dois animais de sons diferentes.

21. AVALIAÇÃO FINAL

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16. Diz o significado das seguintes palavras: presto, andante e allegro.

17. Quantas linhas e espaços formam a pauta musical na escala diatónica?

18. Como se chamam os tracinhos que se colocam por cima ou por baixo dapauta?

19. Que nome se dá às duas linhas juntas atravessando a pauta verticalmente?

20. Quantas notas formam uma escala pentatónica?

21. Diz o nome das notas que são excluídas na escala pentatónica de Dó.

22. Qual é o significado de notação Tonic Sol-Fa?

a) Escreve as letras que representam as seguintes notas na notaçãoTonic Sol-Fa:

fá _____ lá _____ dó _____ mi _____ sol _____ si _____ ré _____

b) Que sinal indica que a nota na notação Tonic Sol-Fa é alta ou baixa?

23. Quais são as notas musicais?

24. Escreve uma frase onde utilizes um elemento repetitivo.

25. Escreve o nome de um instrumento de som longo.

26. Escreve uma sequência de gráficos sonoros.

27. O que é um solfejo?

28. Qual é a diferença entre nota nas linhas e nota nos espaços?

29. O que é a notação musical?

30. Completa o quadro.

Identificação de figuras de valor rítmico e respectivas pausas

Símbolo (som) Símbolo (silêncio) Nome

Semibreve

Semínima

Colcheia

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22. OS INSTRUMENTOS MUSICAIS

Cordofones (cordas)

Família de cordas pulsadas

– Violino– Viola– Violoncelo– Contrabaixo– Harpa– Guitarra– Alaúde– Etc.

Família de cordas percutidas

– Piano – Órgão– Cravo– Etc.

Classificação dos instrumentos

Alaúde.

Viola clássica. Violoncelo. Violino. Harpa.

Piano (alto).Órgão electrónico com sintetizador.

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Aerofones (ar)

Família de sopro (ar) madeira

– Flauta– Flautim– Oboé– Corno Inglês– Fagote– Clarinete– Etc.

Família de sopro (ar) e metal

– Trombeta– Trompete– Trompa– Trombone– Tuba– Saxofone– Etc.

Membranofones (membranas)

Existem dois tipos de instrumentos de percussão: os membranofones e osidiofones.

Membranofone é o termo que designa os instrumentos musicais que pro-duzem som pela vibração de membranas esticadas. São constituídos poruma caixa de ressonância, de tamanho forma e material variáveis, à qual sefixa uma membrana esticada, também esta de características muito variáveis.Para produzir som, a membrana pode ser percutida, com um pau, umabaqueta ou, até mesmo com a mão; pode ser friccionada, com uma vara oucorda que passe por um orifício através da membrana.

Clarinete.

Oboé.

Saxofone, trompete

de varas e trompete.

Trompa.

Flauta de bisel.

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Família de percussão

– Bongos

– Pandeireta

– Tambor

– Congas

– Bateria

– Etc.

Idiofones

Idiofone é a designação utilizada para os instrumentos musicais que pro-duzem som através da sua própria substância, ou seja, cujo elemento vibra-tório é o próprio corpo do instrumento ao ser batido, raspado ou agitado.

A forma de produzir som com um idiofone é variável: podem ser percutidos,dedilhados ou abanados. Os idiofones podem classificar-se segundo a suaforma de produzir som. Os xilofones produzem som ao serem percutidos porbatuques próprios, os lamelofones precisam de ser dedilhados para produzi-rem som e as maracas, os guizos e os chocalhos precisam de ser abanados.

Lamelofones

Os lamelofones são idiofones dedilhados, ou seja, para produzir som épreciso fazer vibrar as lamelas, ou palhetas, de metal, bambu ou ráquis depalmeira, geralmente com os polegares. Estas lamelas são colocadas sobreuma tábua que se deve fixar a uma caixa de ressonância de tamanho eforma variáveis. As caixas de ressonância têm alguns orifícios para aumentoda sonoridade e são frequentemente decoradas.

Pandeireta

com chocalhos.

Pandeireta. Bombo.

Tambor. Tarola.

Bateria.

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– Triângulo

– Sinos

– Metalofones

– Marimba

– Xilofone

– Maracas

– Reco-reco

– Etc.

Alguns tipos de orquestras

– Orquestra de Câmara

– Orquestra Sinfónica

– Orquestra Filarmónica

– Orquestra de Jazz

– Orquestra Típica

– Orquestra de Harmonia

– Fanfarra

– Etc.

Xilofone Reco-reco. Maracas.

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Percussão – membranofones

Em Angola, os tambores e batuques, tanto os de precursão como os de fic-ção, soa os membranofones mais utilizados.Qualquer deles pode ser unimembranofónico (uma única membrana) oubimembranofónico (duas membranas).

Idiofones

Xilofones

Os xilofones são os idiofones mais utilizadosem Angola.Os xilofones angolanos podem ser divididosem dois grupos; os xilofones de teclas solas eos xilofones de teclas fixas, vulgarmenteconhecidos como timbila.

Xilofones de teclas soltas

Os xilofones de teclas soltas não possuemcaixa de ressonância e são tocados por doishomens, um de cada lado, usando duasbaquetas com borracha nas pontas. Cada umtoca só as notas altas, ou só as notas baixas.

Alguns instrumentos musicais de Angola

Puíta. Tambor tchokwé.

Marimba.

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Maracas, guizos e chocalhos

As maracas, os guizos e os chocalhos fazemparte do grupo de idiofones que, para produzi-rem som, devem ser abanados ou sacudidos.Em geral, são feitos de frutos secos e ocos, quepodem ser cheios de sementes, grãos de areiaou pedrinhas, embora também possam ser fei-tos de caules de junco, de folhas de palmeira oude casca de coco. Estes instrumentos musicaispodem ser utilizados individualmente ou emgrupo, fixos em paus ou enfiados em cordões,abanados com as mãos ou atados às pernas.

Saxi

O saxi é um chocalho de mão, com uma técnica de fabrico bastante sim-ples. É constituído por um pau curto, que atravessa uma massala ou outrofruto seco e oco, dentro do qual se introduzem sementes ou pedrinhas. Nor-malmente, são utilizados aos pares, um em cada mão, mas também podemser utilizados individualmente.

É um instrumento musical que serve de acompanhamento a muitas dan-ças, como forma de marcar o ritmo.

Bavugu

Este instrumento musical é constituído por várias fiadas de frutos secos eocos, dentro dos quais se colocam sementes ou pedras. Estas fiadas sãoatadas às pernas de dançarinos que, ao agitarem os pés para dançar, produ-zem o som ritmado característico do bavugu.

O bavugu pode ser encontrado em quase todo o País e pode ter inúmerasdesignações: em todo o território nacional.

Katchakatcha

Este instrumento musical é uma espécie de maraca de forma cilíndrica, emcujo interior se colocam pequenas sementes, que marcam o ritmo quandosacudido.

O katchakatcha produz um som suave, parecido com o som da chuva.

Nzonge.

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Lamelofones

Kissange

O kissange é um lamelofone que pode serencontrado por todo o país, embora com varia-ções tanto no nome como na forma. Kissangeé, de facto, um nome comum no Huambo eLubango. Na Província da Huíla este instrumen-to é conhecido por mbira e na Província doCunene recebe a designação de sansa, ouainda, kalimba quando a boca da cabaça écoberta por uma pele. Nas províncias de Kuando Kubango, kissange desig-na-se por mbira, kalimba ou sansa.

Tal como o nome, muito variável de província, também forma deste instru-mento musical é muito diversificada. O artesão, os materiais de que dispõepara a execução da caixa de ressonância e das lamelas, a decoração porque opta, o número de orifícios e o número de lâminas de matais são algunsdos muitos condicionamentos que originam diferentes kissanges.

Para alem da diferente estrutura que o instrumento pode ter que por si sójá origina diferentes sonoridades, também se utilizam, com frequência, dentroda caixa de ressonância, chocalhos ou pedrinhas que produzem mais sons eenriquecem o som do kissange. Alguns kissanges têm argolas nas lâminasde metais que também transformam o som produzido pelos instrumentos deesta espécie.

Em qualquer dos casos, a forma de produzir som é invariável, o tocadordedilha as lâminas com os dois polegares e o indicador da mão direita.

Actividade – Agora faço eu!

Uma das melhores maneiras de perceber a origem do som de um instru-mento musical é construí-lo. Apesar da construção de um instrumentomusical ser uma arte que exige muita perícia, podes experimentar cons-truir imitações de instrumentos reais. O som não será tão suave e perfei-to mas a sua essência será a mesma.

A seguir encontras uma proposta para a construção de um instru-mento musical que podes desenvolver na aula de Educação Musical com oteu professor e os teus colegas, ou até mesmo individualmente em casa.Quando melhor executares a construção, melhor será o som do teu instru-mento musical.

Se construíres vários instrumentos musicais podes formar umaorquestra, uma exposição, uma sessão de dança tradicional, ou podes sim-plesmente compor uma música.

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Membranofone

Material necessário:

• Uma lata sem tampa

• Papel

• Lápis

• Tesoura

• Tinta

• Pincel

• Cola

• Água

• Quatro elásticos (ou fio)

• Um círculo de tecido maior do que a tampa da lata

• Duas canas

• Dois quadrados de tecido com 5 cm de largura

Como fazer:

1 – Limpa a lata muito bem, por dentro e por fora.

2 – Copia vários triângulos para uma folha de papel, recorta-os e pinta-osde várias cores.

3 – Cola os triângulos na lata.Se quiseres podes inventar outras formas e colá-las na lata. Se tiverestintas próprias para pintar metal, também podes pintar a lata em vezde colar as formas.

4 – Recorta dois círculos em papel maiores do que a tampa da lata, e colo-ca-os sobre a abertura da lata.

5 – Por cima das folhas de papel coloca dois elásticos.

6 – O teu tambor está pronto, mas faltam-te as baquetas.

7 – Faz duas bolinhas de papel e espeta uma cana em cada bola.

8 – Coloca os quadradinhos de tecido sobre as bolas e prende-os com umelástico.

9 – Agora, toca o teu tambor com as baquetas!Se quiseres podes colocar pedrinhas ou caricas dentro da lata, antesde prenderes os círculos de tecido e papel com o elástico. O som ficamais engraçado, não fica?

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Nesta parte apresentam-se breves informações sobre a História daMúsica desde a Pré-História até ao Romantismo (séc. XIX).

Para obter mais conhecimentos, procura mais informação lendo livros ouenciclopédias sobre a História da Música, eventualmente até ao presente.

23. BREVE HISTÓRIA DA MÚSICA

Dada a grande distância que nos separa dos nossos antepassados da Pré--História e a quase ausência de registos ou documentos, surgem várias opi-niões acerca da origem da Música.

Tudo o que se diz resulta da observação de gravuras e inscrições queforam sendo descobertas em locais como grutas, covas e cavernas que nospermitem ter uma pequena ideia da vida nesses tempos.

Alguns cientistas e musicólogos afirmam que a música nasceu com oHomem como consequência do ritmo. Outros baseiam a sua opinião nanecessidade que o Homem sente de exteriorizar os seus sentimentos, partin-do do princípio que a primeira manifestação musical foi o canto que traduziaalegria, tristeza ou outro estado de emoção.

Através da música, o Homem da Pré-História pretendia comunicar com osespíritos que, para ele, comandavam tudo – o sol, a chuva, o mar, a lua, etc.

As tempestades, por exemplo, eram um enigma da Natureza que oHomem não conseguia compreender, atribuindo-as aos deuses. A músicareflectia a alegria ou o medo perante a vida, a morte, os fenómenos da Natu-reza, etc.

Para conseguir atrair os deuses bons e afastar os maus, os homens dan-çavam, faziam batimentos neles próprios, gritavam e pintavam-se, como aliásainda fazem nas tribos de África e da Amazónia (Brasil).

Todos os acontecimentos da vida quotidiana, cerimónias religiosas e guer-reiras, colheitas e festas, entre outras, eram acompanhados por música.

Como instrumentos utilizavam objectos percutíveis (paus, pedra, ossos,lanças, picos) e plantas de cana, ossos ou chifres de animais selvagens, etc.

A Pré-História

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Na Antiguidade, a música era vista como uma dádiva de Deus (dos deu-ses) e os músicos como alguém a quem um/o deus atribuíra um dom espe-cial. Tocavam ou cantavam sempre em louvor. Por tudo isto os músicos eramuma classe muito respeitada e bem vista nesta época, tendo um estatuto pri-vilegiado.

Este período divide-se em:

– Antiguidade Oriental, que abrange os povos do Próximo, Médio e Extre-mo Oriente como, por exemplo, os egípcios ou os persas.

– Antiguidade Greco-Romana ou Clássica, que compreende a Históriade dois povos: os Gregos e os Romanos.

Antiguidade Oriental

O Egipto, que fica no Nordeste de África e era governado pelos faraós(antigos imperadores), tem um curso de água importantíssimo e principal, orio Nilo. Tem monumentos muito interessantes como as Pirâmides e aEsfinge.

A Antiguidade

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A música era normalmente composta por contos acompanhados por ins-trumentos e era executada em várias cerimónias (adoração do sol, banque-tes, etc.), até em danças de luto.

Os faraós tinham nas suas cortes músicos privativos.

Em termos instrumentais utilizavam as três famílias que já conheces: cordas,sopro e percussão.

A Esfinge. Pirâmides.

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Tal como na Pré-História, todas as cerimónias e festas eram acompanha-das por música. Assim, ela ganha grande importância ao nível social, fazen-do parte da formação dos cidadãos das cidades. Até à Idade Média tem umpapel de ritual, não é considerada como arte.

Toda a informação que temos hoje em dia sobre este período da Históriada Música chega-nos através da análise de textos, pinturas e de alguns ins-trumentos encontrados em túmulos.

Antiguidade greco-romana

A Grécia, uma das três grandes penínsulas da Europa, foi muito importan-te no desenvolvimento artístico da história da civilização, sobretudo para amúsica ocidental.

A música grega é essencialmente vocal, embora acompanhada por instru-mentos como a cítara, a lira, diversos tipos de flautas e também alguns ins-trumentos de percussão. É com os Gregos que surge o primeiro órgão.

A música tem uma função religiosa e social, fazendo parte da vida dascomunidades.

Grécia. Roma.

Músicos gregos.Tocando lira.

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O coro, onde todos cantavam, mais velhos e mais novos, era uma forma departicipação social. Na religião é o ponto de união de todos os fiéis e nas fes-tas é o símbolo da unidade política e espiritual. Em todas as manifestaçõesreligiosas, cortejos e festas profanas (não religiosas) havia música.

Nesta época viveram grandes poetas, estudiosos e filósofos, como Home-ro, Platão e Pitágoras, que também era músico.

Roma, actual capital da Itália, era nesta altura o centro do Império Romanoe teve grande importância em termos militares, sociais e políticos.

Cerca de 500 anos a.C., os romanos conquistam a Grécia, assimilandoalguns aspectos da cultura grega. É de salientar que os grandes mestresdesta época são dessa origem.

A música romana vai evoluindo ao longo dos tempos e passa a exaltar osfeitos militares. Utilizam instrumentos de grande potência sonora (tuba, trom-pa, órgão, etc.) para acompanhar os combates dos gladiadores.

A música não era de elites, sendo culti-vada por todas as classes sociais. Haviagrupos instrumentais e corais. No entanto,os romanos davam preferência aos instru-mentos de sopro. Os grandes senhorestinham as suas orquestras privativas e assenhoras da alta sociedade aprendiammúsica com grandes intérpretes.

Os imperadores (que eram os chefes deEstado) tais como Marco Aurélio e Nero,protegiam a música. Nero chegou até a

organizar concursos musicais em que participava como cantor (tanto quantose sabe não demonstrava grande nível artístico).

É em Roma que nasceu o hábito das digressões por várias localidades, aque hoje chamamos «tournées».

Actividade

1. Criar um atelier em conjunto com os colegas e professor, organizandoum debate em que poderão tentar fazer a comparação entre a Antigui-dade Oriental e a Greco-Romana.

Para tal deve seleccionar-se um moderador e alguns convidados. Os res-tantes alunos farão parte do público, que também colocará questões.

Este debate poderá ser gravado em vídeo, para posterior apresentação,ou ser integrado num projecto da zona ou área da escola ou comunidade.

Gladiadores em combate.

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O período da Idade Média foi sobretudo um período de predominância damúsica sacra, em que a música profana era essencialmente constituída pelascomposições dos trovadores e dos músicos da corte, animando bailes eoutras festas.

Idade Média

O Classicismo (c. 1750 – c. 1820) é um período relativamente curto. Trata--se de uma época de transição entre o Barroco e o Romântico e surge comouma certa reacção contra o Barroco.

Apesar deste período ser pequeno, no seu decurso muitos factos impor-tantes aconteceram. Por exemplo, em 1752, Benjamin Franklin inventa opára-raios, que nos é muito útil quando há trovoadas.

É também a época em que se dá o terramoto em Lisboa (1755), que obri-gou a que grande parte da cidade fosse reconstruída, tendo-se perdido valio-sos documentos históricos. Em 1761 é abolido o tráfico de escravos emPortugal (na metrópole) e, em 1769, Watt inventa a máquina a vapor. OsEstados Unidos tornam-se independentes (1776) e é lançado, pela primeiravez, o balão dos irmãos Montgolfier, em 1783.

Um dos factos mais importantes desta época é a Revolução Francesa, em1789. Esta revolução influenciou muito toda a Europa ao nível político, social,cultural e económico.

Classicismo

Balão dos irmãos Montgolfier, a Montgolfière.

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Podemos dizer que a música neste período é essencialmente instrumentale expressiva dada a grande variedade de timbres. Os compositores utilizamfrases musicais muito claras. Começa a utilizar-se o piano como solista comorquestra.

A capital da música passa agora a ser Viena (Áustria), onde viveram gran-des compositores como Mozart e Haydn. Era uma cidade em que existiamúsica em todo o lado: nas adegas, pátios, praças, palácios dos nobres,igrejas... No dia-a-dia dos vienenses a musica estava sempre presente, demanhã à noite. Não havia nenhum tipo de música que fosse considerado demenor qualidade, ouvindo-se toda a variedade de estilos que existiam naépoca.

O Classicismo foi muito produtivo em termos musicais e na quantidade deobras compostas nessa altura (ainda bastante executadas e ouvidas actual-mente).

Lê um pouco sobre dois músicos deste período.

MOZART (1756 – 1791)

Wolfgang Amadeus Mozart é consideradopor muitos como o «génio mais precoce detoda a História da Música».Filho de Leopold Mozart, que também eramúsico, nasceu em Salzburgo, na Áustria.

Leopold Mozart teve sete filhos, dos quais apenas, dois sobreviveram –Maria Anna e Wolfgang. Ambos foram alunos do próprio pai. Maria Anna erauma boa cravista e cantora.

Leopold teve que pôr a sua carreira um pouco de lado para poder ensinare apoiar os seus filhos. Os três juntos efectuaram diversas viagens por toda aEuropa.

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Pensa-se até que o esforço despendido por W. A. Mozart, nestas digres-sões tenha contribuído bastante para a sua morte prematura, dado que a suasaúde já era muito débil.

Por outro lado, estas viagens foram muito importantes para o seu desen-volvimento cultural e musical, visto que lhe proporcionaram o conhecimento eo contacto com muitos outros músicos de vários países.

Wolfgang começou a compor e a tocar cravo aos quatro anos, tendo tam-bém aprendido órgão e violino. Com apenas seis anos de idade já tocava empublico.

Como compositor foi muito influenciado por J. Chistian Bach (filho de J. S.Bach).

Escreveu mais de 600 obras, das quais se destacam 14 óperas (género deque mais gostava), 46 sinfonias e o famoso «Requiem», que tendo ficadoincompleto devido à sua morte, foi mais tarde instrumentado por Sissmayer, seudiscípulo.

Aos 13 anos foi nomeado músico do príncipe – arcebispo de Salzburgo,cargo que desempenhou até 1781.

Em 1782 casou com Constance Weber e foi viver definitivamente paraViena.

«Confutatis», do «Requiem», de Mozart.

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Nesta época qualquer músico estava ao serviço ou da Igreja corte. W. A.Mozart não gostava de estar a trabalhar ao serviço de ninguém, porque sesentia limitado em termos de produção artística. Tinha que estar sujeito aogosto e a vontade de quem lhe pagava, não podendo, por isso, criar a suamúsica.

Trabalhou sempre por conta própria, e que constitui grande inovação paraépoca.

Durante os últimos anos da sua vida, W. A. Mozart sentiu-se plenamenterealizado como homem e como artista. Mas esta liberdade e independênciade qualquer «patrão» levou-o a enfrentar grandes dificuldades financeiras.Para poder sustentar a família (mulher e seis filhos), trabalhou demasiado. Sóno último ano da sua vida compôs cerca de 30 obras.

W.A. Mozart foi admirado por todos, incluindo a sua relação com o povo.Haydn, compositor seu contemporâneo, disse sobre Mozart: «Mozart é o

maior de todos os compositores que conheço» e Rossini, compositor queviveu cerca de 50 anos mais tarde: «Mozart é único».

HAYDN (1732 – 1809)

Franz Joseph Haydn, compositor austría-co, de origem humilde, aprendeu a tocarvários instrumentos e também a cantar.

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Aos oito anos foi viver para Viena, onde se tornou menino do coro deSanto Estêvão e fez os seus estudos musicais.

Com a mudança de voz foi despedido do coro, ficando só e sem dinheiroem Viena.

Para sobreviver começa a dar aulas, a tocar órgão nas igrejas e violino embailes e serenatas. Continua a compor e a aprofundar os seus conhecimen-tos sobre composição, mas agora sozinho.

Em 1752 Haydn compõe a ópera cómica «O Diabo Coxo», que o tornoumuito conhecido na época. Infelizmente a partitura desta obra perdeu-se.

Depois de várias tentativas de emprego, Haydn começa a trabalhar para opríncipe Paul Anton Esterházy, em 1761, ficando ligado a esta família até aofim da sua vida. Os Esterházy eram muito conhecidos pela sua riqueza e cul-tura e também por serem grandes apreciadores de música.

Era Haydn que compunha toda a música para as festas e recepções quese realizavam nas residências da família Esterházy. Ele dispunha de bonscantores e instrumentistas que interpretavam as suas obras. Todos o admira-vam, tendo conquistado fama internacional.

Haydn vivia feliz, bem disposto e tinha um espírito jovial. A alegria que asua música de igreja transmitia é justificada pelo seu grande amor à vida epela sua gratidão para com Deus pela felicidade de viver.

Escreveu os exemplos mais perfeitos de sinfonias (cerca de cem), sendopor isso chamado o «Pai da Sinfonia».

Compôs muitas obras para vários instrumentos, 77 quartetos de corda,duas oratórias – «A Criação» e «Estações» –, o Hino Nacional Austríaco, emuitas outras obras.

Haydn e W. A. Mozart morreram, o primeiro com 77 anos e o segundo comapenas 35, tendo a sua morte tido impacto em toda a Europa.

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A Revolução Francesa (1789) foi responsável por profundas transforma-ções a todos os níveis: social, literário e artístico, etc.

Ocorreram grandes mudanças na forma de pensar do Homem, o que levoua que houvesse uma verdadeira reviravolta na sociedade da época.

É também a época em que o Brasil se torna independente (1822), Hancockrealiza a primeira operação ao apêndice (1848), Bauer cria o submarino (1850)e, em 1885, surge o automóvel.

A nível literário são escritas obras como «Os três Mosqueteiros», de Ale-xandre Dumas (Pai), «Viagem ao centro da terra», de Júlio Verne, e «Alice nopaís das maravilhas», de Lewis Carrol.

No plano musical é de salientar a influência dos temas da literatura e daarte. A Natureza é também um tema muito querido a todas as artes. Aexpressão das cidades, provocada pela revolução industrial, leva a que aspessoas comecem a apreciar mais a beleza do campo.

Durante este período os músicos tornam-se independentes e mais livres.Termina a era dos mecenas (protectores das artes) e dos príncipes, que,como já sabes, muitas vezes tinham uma orquestra e/ou coro ao seu serviço.

Dá-se então uma mudança radical do estatuto social dos músicos. Ao con-trário do que vinha acontecendo, em que o músico recebia em troca do seutrabalho, apenas alojamento e alimentação passa agora a ter direito a umaremuneração pelos seus serviços.

Lê um pouco sobre dois músicos deste período.

Romantismo (c. 1820 – c. 1900)

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SCHUBERT (1797 – 1828)

Franz Schubert nasceu em Viena no seiode uma família muito numerosa.

O seu pai era violinista amador e começou aensinar-lhe desde cedo a tocar violino.

Como Schubert tinha uma boa voz, aos dezanos ingressou no coro da Capela Real deViena.

Nessa altura entra também para o conserva-tório de música na mesma cidade.

Aos dezasseis anos de idade, e durante trêsanos, trabalha como professor primário, semdeixar, contudo, os seus estudos musicais.

Schubert é considerado um dos primeiroscompositores românticos. Foi grande mestredo Lied (pequena canção de concerto decarácter romântico por piano), sendo apelida-do de «Rei do Lied».

Compôs mais de 600 lieder, peças para piano, obras para grupos de músi-ca de câmara, óperas, música religiosa, etc.

Das nove sinfonias que escreveu, a que se tornou mais conhecida foi a«Incompleta».

Morreu com apenas 31 anos, de febre tifóide, e foi enterrado, como era seudesejo, ao lado de Beethoven, que tinha falecido há apenas mais de um anoe de quem tinha sido sempre grande admirador.

LISZT (1811 – 1883)

Nasceu na Hungria, na corte do príncipe Ester-házy, onde o pai era criado e Haydn tinha traba-lhado.

Dado que desde muito cedo Franz Lisztdemonstrava extraordinários dotes musicais, opríncipe proporcionou à família Liszt as condi-ções necessárias para que se instalasse emViena. Assim, Franz Liszt teve oportunidade deestudar piano com grandes mestres.

Liszt tinha uma memória extraordinária, che-gando a conseguir executar de cor obras muitocomplexas e difíceis depois de as ter ouvido ape-nas uma vez. Outra característica deste grandepianista era a capacidade de improvisação.

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A

Acentuação – Ênfase dada à nota, acorde ou frase musical.

Acidente (ou alteração) – Sinal que indica modificação (subida ou descida) da alturado som da nota afectada. Os acidentes mais comuns são: o sustenido, o bemol e obequadro.

Acidente fixo – Acidente que se mantém ao longo de uma peça musical, fazendo parteda armação de clave da tonalidade que serve de base à peça.

Acidente ocorrente – Acidente que surge ocasionalmente numa peça musical, nãofazendo parte da armação de clave que serve de base à peça.

Acorde – Conjunto de três ou mais notas organizadas em intervalos de 3a. A tónica oufundamental, a nota mais grave, dá o nome de acorde.

Aerofones – Grupo de instrumentos musicais que produzem sons por utilização do arcomo principal factor de vibração.

Alteração – O mesmo que acidente.

Alternância de compassos simples – A acentuação de uma peça musical pode estarorganizada em compassos: binário, ternário ou quaternário. No entanto, é possívelnuma mesma peça musical haver alternância entre estes compassos, com a finalidadede obter diferentes acentuações.

Alteração de perfil sonoro – A propagação do som através de ondas não é constanteporque tem três momentos distintos: o ataque, o corpo e queda. O conjunto destes trêsmomentos denomina-se perfil sonoro.

Alteração dinâmica – As alterações de dinâmica servem para enriquecer uma música ouparte dela. Estas alterações são representadas na pauta musical através de vocábulosespecíficos, normalmente escritos em italiano.

Alteração tímbrica – Obtenção de diferentes sonoridades com os instrumentos utiliza-dos. Um guitarrista utiliza a palheta para produzir o som de diferentes formas, provo-cando uma alteração tímbrica; um violinista utiliza diferentes técnicas com o arco paraobter outras sonoridades.

Andamento – Velocidade da pulsação de uma peça musical.

Armação de clave – Sinais de acidentes, sustenidos ou bemóis, que se colocam no inícioda pauta musical, logo a seguir à clave, e que indicam quais as notas que devem seralteradas ao longo de uma peça musical.

B

Bemol – Desce meio-tom a uma nota, na pauta. Aí deve colocar-se atrás da nota que sepretende alterar.

Bequadro – Desfaz o acidente provocado pelo sustenido ou pelo bemol.

24. GLOSSÁRIO DE CONCEITOS MUSICAIS

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C

Cânone – Forma de composição por imitação, ou repetição, de uma melodia mesmoantes de ela acabar.

Cantar – Executar um trecho musical com a voz ou forma de expressão por meio docanto.

Canto – Som produzido pela voz humana.

Clave – Sinal de escrita musical que permite fixar a altura e o nome de cada nota napauta.

Coda – Secção acrescentada no final de uma peça ou andamento para dar ênfase à con-clusão.

Compasso – Divisão do tempo em partes iguais. O compasso é indicado no começo decada peça.

Compasso composto – O compasso composto deriva do compasso simples e divide-seem outros compassos de base binária.

Compassos mistos – Os compassos mistos têm como finalidade proporcionar acentua-ções rítmicas diferentes. Obtém-se um compasso misto, somando dois ou mais com-passos diferentes.

Composição musical – Peça musical resultante de um acto criativo individual e delibera-do. O termo não se aplica a melodias populares ou a peças musicais que não sejamtotalmente originais.

Contratempo – Entrada sobre um tempo fraco no compasso. Ver síncopa.

Cordofones – Instrumentos musicais que produzem som através de uma corda esticadade um ponto a outro.

D

Densidade sonora – A densidade sonora e o seu efeito dependem da intensidade e donúmero de instrumentos que executam em simultâneo, uma peça musical ou partedesta. Por exemplo, o som produzido por um quarteto de clarinetes é menos denso queo som produzido por uma grande banda de jazz.

Dinâmica – Graduação de volume na música.

E

Entoação – Acto de cantar ou tocar afinado.

Escala composta – Escala musical com mais do que uma oitava.

Escala cromática – Sucessão sequencial de 12 tons, com intervalos de meio-tom entreeles.

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Escala diatónica – Sucessão sequencial de tons e meios-tons por graus conjuntos. Éuma sucessão de sete notas com a repetição da primeira. O que diferencia uma escalado modo maior de uma escala do modo menor é a diferente conjugação de intervalosque existe entre os seus graus.

Escala modelo – Designação atribuída à escala diatónica natural do Dó.

Escala musical – Sucessão sequencial de notas musicais, no sentido ascendente oudescendente.

Escala pentatónica – Escala musical com cinco notas, muito utilizada na música tradicio-nal de várias culturas.

Escala simples – Escala musical com uma única oitava.

Expressividade através da selecção tímbrica – No processo de criação/ composição éo recurso a materiais ou ideias que necessitam de serem caracterizadas e contextua-lizadas. Este processo ficará completo se a expressividade, aliada a uma criteriosaselecção tímbrica (escolha dos timbres adequado), origina uma expressividade tím-brica.

F

Fermata – É um sinal indicado por uma linha curva com um ponto que, colocado acimaou abaixo de uma nota, prolonga a sua duração. Não tem valor determinado, depen-dendo da interpretação do músico, podendo por isto, ser curta ou longa.

Figura de valor rítmico – Símbolo que representa a duração de uma nota musical.

Figura elementar – O mesmo que figura de valor rítmico.

Fonte sonora – Tudo o produz som, natural ou humanizado.

Forma – Organização de todas as ideias e de todo o material musical que dá sentido auma peça musical.

Forma binária (AB) – Classificação aplicada a uma peça musical com duas secções dis-tintas: uma secção A e uma secção B.

Forma ternária (ABA) – Classificação aplicada a uma peça musical com três secções:uma secção A, seguida de uma secção B, voltando novamente a aparecer a secção A.

Frase musical – Secções em que se divide naturalmente uma obra musical, à semelhan-ça do que se passa na expressão literária.

G

Grau – Classificação de uma nota em relação à sua posição na escala.

Graus conjuntos – Graus contíguos ou que se seguem (Dó-Ré-Mi, Mi-Fá; Fá-Sol; Sol-Lá;Lá-Si).

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H

Harmonia – Combinação simultânea de sons.

Harmonia tímbrica – Traduz-se no efeito sonoro provocado pela fusão de dois ou maistimbres semelhantes.

I

Idiofones – Instrumentos musicais que produzem som através da sua própria essência,ou seja, cujo elemento vibratório é o próprio corpo do instrumento.

Improvisação – Criação ou execução musical de acordo com a inspiração do momento.

Instrumentos preparados – A maioria dos instrumentos musicais não permite grandesvariações a nível do timbre. Para as obtermos, realizam-se pequenas transformações,nos instrumentos musicais. Colocar folhas de papel em cima das cordas de um piano,põe exemplo, provocam uma estranha ressonância, alterando o timbre original.

Interlúdio – É uma passagem instrumental entre duas secções.

Intervalo – Distância de altura entre duas notas.

Intervalo harmónico – É aquele cujas notas são executadas em simultâneo.

Intervalo melódico – É aquele cujas notas são executadas sucessivamente.

Introdução – É uma pequena secção que dá início a uma peça.

L

Legato – Técnica que permite executar duas ou mais notas consecutivas sem interrupçãode som entre elas. Para representar o legato utiliza-se uma linha curva denominadaligadura de expressão.

Ligadura – Sinal gráfico curvilíneo que indica que o grupo de notas deve ser executadode um só fôlego, ou seja, determina que o grupo de notas por ele abrangido seja toca-do ou cantado sem interrupção de som. Emprega-se também para obter um som cujaduração seja a soma da duração de duas notas iguais.

M

Manipulação de timbres – Utilizando um sintetizador ou um computador com softwareadequado, é possível produzir, emitir e modificar timbres.

Melodia – Sucessão de notas variáveis em altura que exprimem a ideia musical.

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Membranofones – Instrumentos musicais que produzem som pela vibração de membra-nas esticadas.

Modificação electrónica da altura do som – A altura é a propriedade do som que, per-mite distinguir os registos sonoros: agudo, médio e grave. É possível modificar electroni-camente a altura do som, utilizando um sampler.

Modo – Maneira de ordenar as notas de uma escala maior ou menor.

Modo maior – Na escala diatónica de Dó maior, os intervalos do meio-tom encontram-sedo III para o IV grau e do VII para o VIII grau.

Modo menor – Na escala diatónica de Lá menor (Lá m), os intervalos de meio-tomencontram-se do II para o III grau e do V para o VI grau.

Monorritmia – Existe monorritmia quando todas as vozes de uma peça musical estão arealizar o mesmo ritmo em simultâneo.

Motivo – É a unidade rítmica e melódica mais pequena de uma composição musical.

Movimento sonoro – Forma como o som se move ao longo do tempo.

N

Neuma – Sinal utilizado na notação musical medieval que indica, muito levemente, aaltura dos sons.

Notação musical – Sistema convencional de escrita gráfica da música.

P

Pausa – Silêncio musical.

Pauta musical – o mesmo que pentagrama.

Pentagrama – Conjunto de 5 linhas horizontais paralelas e de 4 espaços onde se escre-vem as notas musicais.

Polirritmia – Ocorrência simultânea e sistemática de diversos ritmos numa peça musical.

Pontilhismo – Construção de uma melodia em que pequenas partes dessa mesma melo-dia são distribuídas por diversos instrumentos.

Ponto de aumentação – Sinal gráfico que se coloca à frente de uma nota e que lheacrescenta metade da sua duração.

Pulsação – Movimento regular e organizado.

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Q

Quadratura – Princípio que estabelece a simetria da frase musical pela divisão desta empartes iguais.

Quatro sons numa pulsação – A divisão de um som com a duração de uma pulsaçãoem quatro partes iguais terás como resultado quatro semicolcheias.

R

Ritmo – Distribuição das notas no tempo e sua acentuação.

Ritmos mecânicos – Conjunto de ritmos produzidos e manipulados por instrumentoselectrónicos.

Ritmos pontuados – Conjunto de figuras rítmicas que utilizam o ponto de aumentaçãocomo padrão.

Rondó – É uma forma de organização de uma peça musical em que uma secção (A)alterna com outras secções contrastantes (B, C, D).

S

Sforzando – Este sinal indica que a nota deverá ser interpretada com força.

Simultaneidade de duas ou mais melodias – Sobreposição de várias melodias diferen-tes executadas em simultâneo. O mesmo pode acontecer em relação a um coro quandoos sopranos, os contraltos, os tenores e os baixos cantam várias melodias ao mesmotempo.

Sinal de repetição – Sinal gráfico que indica a necessidade de repetir um determinadotrecho ou frase musical.

Síncopa – Processo utilizado pelos compositores para variar a colocação das acentua-ções rítmicas, bem como para evitar um efeito de excessiva regularidade rítmica. Estaúltima é conseguida acentuando um tempo fraco em vez de um tempo forte. É umacélula rítmica utilizada para realçar e acentuar uma nota (ou acorde) num tempo fraco eprolongá-la no tempo forte e compasso.

Sistema de notação Tonic Sol-Fa – Sistema de notação musical que consiste em trans-por para qualquer tonalidade os sete monossílabos da escala natural (Dó, Ré, Mi, Fá,Sol, Lá, Si).

Solfejo – Forma de leitura musical à primeira vista usando os nomes das notas. O termotambém se aplica a uma técnica de estudo de música. O solfejo pode ser melódico ourezado.

Som – Resultado das vibrações de uma fonte sonora que se transmitem em forma deonda. O som é constituído por quatro elementos: timbre, intensidade, altura e duração.

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Staccato – Técnica que permite destacar uma ou mais notas diminuindo a sua duração.Representa-se o staccato colocando um ponto por cima ou por baixo da nota que sepretende destacar.

Sustenido – Sinal de acidente que sobe meio-tom a uma nota, na pauta. Aí deve colocar-se atrás da nota que se pretende alterar.

T

Técnica vocal – Forma de treino vocal que permite conhecer e melhorar o som produzidopela voz humana, ou seja, o canto.

Tenuto – Este sinal, quando colocado debaixo de uma nota, indica que esta deverá sersustentada até ao final do seu valor com a mesma dinâmica.

Tercina – É constituída por um grupo de três figuras de igual valor que perfazem uma pul-sação.

Timbre – É o que permite distinguir as sonoridades dos vários instrumentos musicais ouvozes.

Tom ou tonalidade – Observância de uma escala como base de uma composição musi-cal. Na interpretação vocal é ajustada à voz do intérprete.