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DAS CARTAS DO MEU PAI (declarações) Trechos de um grande amor coletados de cartas e cartões Maria Helena Lucas - 2010

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DAS CARTAS DO MEU PAI(declarações)

Trechos de um grande amor coletados de cartas e cartões

Maria Helena Lucas - 2010

Cresci felizmente cercada de amor. E de poesia.

De tão cercada, achava que era normal e natural que as pessoas se comunicassem assim, através de encantos e declarações.

Com o tempo descobri que não. E isso se tornou um dos meus maiores tesouros – o amor cultivado e declarado através dos

tempos, nas diferentes fases da vida.

Fábio Lucas, meu pai amado, contribuiu e muito pra que o amor se tornasse meu prumo e meu rumo. Alimentou com humor e

delicadeza o sentimento que permeia minha vida.

Este é o registro de uma pequena amostra e o meu agradecimento profundo.

Tenho certeza que cada palavra dessas inúmeras cartas e cartões contribuiu para fazer crescer o que há de melhor em mim.

Nas introduções...

Maria Helena, minha florfilhinhaprincesa da minha vidaanjo de um céu muito estrelado!flor dos meus sonhospoeta dos meus sonhosminha flor muito amadaMaria Helena dos meus amoresminha lindura demaisminha flor maravilhosapluma suavíssimaPB,EB,CER,LD* (escolha o elogio que julgar mais carinhoso)minha flor despencada do jardim do céu!florzinha dos meus sonhosanjo maravilhoso Maria Heleníssimameu coração de ouroflor dos anjosformosura máxima do mundo meu sol, minha estrela, minha lua!minha doçura em caldas M.H.L. (Maravilhosa História Lendária)minha flor caída do céu de repente!

e nos envelopes...

À Divina Senhorita Maria Helena LucasÀ formosa Maria Helena Lucas

Maria Helena do Amor Divino Lucas

e por aí vai...

*PB = pequenininha bonitinha EB = excesso de beleza

CER = combinação de essências raras LD = lindura demais

E a poesia? Até hoje não chegou nenhuma por aqui, já perguntei ao carteiro: “Ô moço, faiz favore: não tem aí uma poesia de uma tal Marielena?” Ele disse que não, mas que vai conferir se não ficou nada agarrado no fundo da mala. Estou esperando a resposta.Como está muito frio, e não há esperanças de o tempo melhorar, acho que vou pegar alguns livros, amontoar ao lado da cama, e entrar debaixo das populares felicianas. A “titia” já me chamou três vezes e disse que eu sou um sobrinho teimoso, desobediente. “Calma lá, titia. Estou conversando com a minha filha, uma coroa de 11 anos!” (Lisboa, 19 de maio de 1973)

Outro dia conheci um médico, que estava com uma filha de nome Maria Helena. Então eu disse: também tenho uma Maria Helena, muito especial. Que idade? ele perguntou. Onze, eu disse. A dele só tem dez. Ganhei por um. Mas em homenagem a você, fiz muitos carinhos na garota. (Lisboa, 16/07/73)

Você sabia que você é as Páginas Amarelas de minha vida?(Lisboa)

Um repuxo fino, esguio, atraente. O papai pensou: “Maria Helena”.Entra rua, sai rua; entra cidade, sai cidade. O papai pensando: “Piquininha bonitinha”. Toledo, Aranquez. Papai pensa: “Lindura demais”. Acho que fiquei doente. Vou ao médico e pergunto: Qual o remédio, doutor? Ele: Maria Helena. Será que preciso dizer ainda que te adoro mais que tudo?(Madrid, 73/74)

O céu é cinza, estranho. Fui dar aulas e, quando voltei, toiiiimmm! Cartão da minha amada. Fiquei todo enfeitado de felicidade, juro. (...)

Agora é noitinha e eu resolvi falar baixinho para você: Maria Helena, como eu te adoro. Não conte pra ninguém, é nosso segredinho de amor demais.Qualquer dia eu viro fumaça e dou um pulo até aí, só pra você me respirar.(...)

Por enquanto é só. Vou ficar encolhidinho aqui esperando carta, esperando fita, esperando retrato, esperando carta, esperando, esperando. O amor verdadeiro do Papai.(Porto, 14/01/74)

Quando recebi a sua carta, Maria Helena, fiquei revirando o envelope, contemplando a letrinha caprichada, tudo na linha, elegante, igual a filhotinha que escreveu. Você está escrevendo muito bem, com uma letra legal. Até parece que você não existe.(Porto, 13/02/74)

Aqui o seu aniversário cai na primavera. Os campos já estão todos floridos, minha lindeza suprema.(...)Quem não escreve para o Papai vai morrer com a boca cheia de formigas, tá bom?(...)1 milhão de beijos, de abraços e de chamegos. Seu Papai(Porto, 27/03/74)

Sabe o que eu fiz hoje? - Um perfume. Sabe o nome dele? – Maria Helena.Sabe que hora vou usá-lo? – De manhã, de tarde e de noite.(...)

Eu soube também que você anda colecionando beijinhos para mim, é verdade? Outro dia até senti um do lado esquerdo.Se doer o seu dedinho, se você machucar a mão ou o pé, se tiver uma espinha na ponta do nariz, eu saberei logo, pois tudo o que dá em você repercute em mim, em dobro.Por isso é que no dia do seu aniversário, me deu uma saudade baita, daquele tamanho. Era a sua, que eu sentia em dobro, minha piquinininha bunitinha.(...)

Um dia eu ia passando numa praia, nos arredores do Porto, e vi um búzio no chão. Tomei-o, levei até ao meu ouvido e escutei: Maria Helena! Aí levantou-se uma onda no meu coração, foi enchendo tudo e ttxxuáááá!!!, bateu nas pedras e repetiu: Maria Helena!!Por esses sinais, eu fiquei sabendo que estava apaixonado por você. Aí, fui ao médico.Ele me olhou, pediu exame de sangue, de cabeça, do coração e do pé. Concluiu que eu deveria derramar colírio de retratos seus nos olhos e que deveria ler sua carta 3 vezes ao dia. Aí eu fiquei tristinho, pois tenho poucos retratos e você cresceu, seu rosto já está saindo do quadradinho. Quanto às cartas, perguntei ao médico se de fevereiro valia. Ele respondeu que só carta nova é que devo ler. Do contrário, ficarei doente, doente, poderei até morrer. Viu só que médico rigoroso? (Porto, 29/04/74)

Só sei desenhar, agora, no coração, onde escrevo com riscos de fogo: Maria Helena!(Porto, 27/05/74)

Procurei, então, um pombo e disse a ele: Vai, pombinho, e diz a ela o quanto eu a quero bem! Ele bateu asas levemente e me disse: Posso ir, mas como você irá em breve, abrace-a com força e tome um cafezinho com ela.(Porto, 03/06/74)

Não fui à Universidade e fiquei em meu apartamento preparando as aulas, pois na 4ª feira tenho 4, um absurdo.Imagine: 4ª feira, 4 aulas. A sua carta foi postada no dia 4. Faltam 4 meses para o ano terminar, o ano de 107...4!!! Tudo 4. Acontece que você é a minha 4ª filha. O meu apartamento só tem um...quarto.(setembro, 1974)

Você me fez tantos carinho quando eu saí que cheguei aqui todo enroscadinho. (...)Kiss me softly,Papai(Madison, 20/08/1974)

Em Chicago a minha lembrança se tornou maior que a cidade e, então, no céu foi-se desenhando um cartaz: piquinininha bunitinha, lindura demais,combinação de essências raras, excesso de beleza, bunitereza. Ah! Oh! Ih! Ê! Êee, saudades desta fina flor dos Lucas.(Chicago, 21/09/74)

Formosura máxima do mundo:

Vá guardando no cesto os frutos desejados da enorme “árvore da vida”, os mais escondidos e ambicionados. A mim, nestas Festas, me bastará que você sorria, sorria sempre.Papai(dezembro, 1974)

Historinha

Sempre que a árvore era sacudida, caíam pássaros no chão. As frutas voavam assustadas. Uma aura de pólen rodeava tudo em arco-íris. A força do amor ficava escondida na semente. No coração da semente, Maria Helena Lucas.(Bloomington, 08/10/75)

Pois é, minha princesa.Pense um beijo que valha por 1 milhão. Um abraço do tamanho do universo. Um carinho mais leve que o pensamento. Junte tudo. Aqueça com amor. Sirva-se. É tudo o que lhe manda o Papai. (10/05/75)

O melhor é que a gente se entende, nós falamos por imagens, por gestos, desenhos, telepatia. Até com o silêncio a gente fala: amores, não é assim?(Madison, 27/11/75)

(Em maio a flor do coração da gente desabrocha.)(Bloomington, 17/12/75)

A coisa que mais tem acontecido em minha vida é mudar de casa e de ambiente. Imagine: já vivi em 30 (trinta!) lugares diferentes. (...)

Finalmente me veio uma idéia de gênio. Morar numa casa de onde eu nunca vou mudar. Então, minha filha, fiz uma casinha dentro do seu coração.(Bloomington, 20/01/76)

Daí, meu encanto, a beleza de sua carta. Acho mesmo que nunca recebi coisa mais doce na minha vida. Parece que você gastou o açúcar todo do mundo. Daria pra matar um diabético em 2 segundos. Tão bom isso (...) Fico romântico, com vontade de declamar poesia para você, de atirar-lhe uma flor por cima do Atlântico.(Bloomington, 18/02/1976)

Um caminhão de saudades. O motorista é a distância.(Bloomington, 03/1976)

Filhinha minha querida!

Aqui estou com a sua carta, tão boa, tão amiga, tão compreensiva. Até inverteram-se os papéis: ouço-a como se estivesse ouvindo minha mãe: carinhosa, distribuindo os bons conselhos. (...)O primeiro poema que você transcreve é de 29/01/75 e versa sobre a solidão. Aí, para imitar você, também fiz um, justamente nestes dias em que me vejo muito só, com uma dor no estômago que não sei explicar. Veja se você aprova a minha

Solidão (1ª tentativa)

Solidão, Maria Helena,é onde todos os tempos convergem num só domingo.É quando, Maria Helena,gaiola na mão, queremos prender os últimos passos da memóriae encontramos o céu vazio.É onde se rompem as grades do olvidoe salta o vento da primaveraem forma de mentira e de quimeratexto que não se reedita mais.É quando a chuva o sol a noite e a claridadeLavam o dia de amanhã de tal modoque o silêncio o engano e o castigoda torre fugidosvoltam a cada dia passadocomo se eternos fossem para sempre.

Bem, minha filha. O domingo já passou. Hoje é 2ª feira, tive aula e agora converso com você, com muita saudade de sua prosa e daqueles carinhos que a gente trocava tanto. Maio vem aí, vamos descontar.(...)Dia 15 de abril bato um fio pra você, a fim de celebrar o charme dos seus...14. Nessa idade eu estava no internato e tinha perdido a minha mãe, coisa horrível. Andava muito desgarrado.Você, pelo menos, chega aos 14 cheia de viço e de estima de todos nós. Tenho muito orgulho de você, filhinha. Quando essa cabecinha aí começa a funcionar, dá luz e calor, força e beleza. Viva!Papai(Bloomington, 08/03/1976)

Se sentir uma voz no vento, uma carícia no rosto, uma alegria no coração, uma flor atraente e uma vontade de cantar, bailar, sorrir, é sinal que estou por perto.(Bloomington, 04/04/1976)

Minha flor muito amada.

Agora, sim, você falou e disse. Cartinha boa, escrita na hora da aula de matemática que não houve. Bendita ausência. Fez você fazer-se presente, e como. Você virou mesmo aquele passarim leve que pousou na sacada do meu prédio. Assim a dialogou de coração a coração. As palavras ficaram pequenas pra tanta mensagem. É que eu não suporto saber que você às vezes fica tristinha, um pouco encucada. É. Também já passei por horas iguais. (...) Quando eu era pequeno, sentia imensa tristeza e solidão, no meio do povarão da minha casa. Ninguém jamais quis saber de nada. O jeito era ficar mais só. Com você, não, filhinha. A gente divide a dificuldade em dois pedaços, tá?(São Paulo, 30/05/1977)

Quando o vento sopra mais forte, apuro o ouvido, a ver se ouço sua voz. (...) A minha grande glória foi ter sido o introdutor de você no mundo e ter sempre entendido a dimensão humana de seu coração imenso. (São Paulo, 13/09/1977)

Outro dia sonhei com você. Só que você não era universitária ainda, mas uma belezura de criança. Aquela que conheci, lembra-se?(São Paulo, 28/02/1979)Penso em criar o: Ano Internacional da Maria Helena, só para fazer festinhas pra você. (...)Conte-me como vai sua vida, a dança, o teatro, os planos. Preciso de notícias para informar a minha gang.É só. Desculpe qualquer coisa. Em caso de perigo grite: PAPAI!! Se o sol sair no ocidente, vire de cabeça para cima, pois você deve estar de cabeça para baixo. Ajude o seu irmão. Olhe antes de atravessar. Se você chorar na minha ausência, mande alguém para me avisar.Ponto final .(São Paulo, 29/09/1981)

Você sair daqui foi como apagar a luz do corredor. Por isto, vou atravessando o túnel aos trombalhões. (...)Ponho óculos azuis e vejo tudo preto? Qual é! Até de óculos pretos o esmeraldense enxerga verde. Verdim, verdim. Êta nós!(São Paulo, 23/06/1983)

Quando você se foi, fiquei tentando fisgar seu vulto, a fim de o colar na parede para o resto da vida.(São Paulo, 05/07/1983)

Filhinha,

O aroma do vento que você mandou rompeu nuvens, poeira, poluição, fedor, gases, e encheu de primavera minha casa. Perfume de saudade de MH misturado a cheiro de flores e hálito de terra. ETA perfume danado, bom demais.Ao ler a sua carta desejei que houvesse transplante de sol e azul, a fim de desacinzentar São Paulo. Os dias aqui estão mais feios do que piada de condenado à morte. Entre frios, escuros e úmidos. Ecc!O meu coração é o meu bip. De vez em quando ele dá uma pontada e quando vou ver é crise de saudade. Ligo o painel e vejo a minha PB (ou Glaura, ou Rosana ou Guilherme). Aí tomo chá de esperança e fico aguardando notícias suas ou dos outros. Esta gente colossal.Caso da ex-cova de dentes: há 2 versões. Pode ter sido da Glaura e ter sido emprestada a Rosana, ou ser da Rosana e ter sido emprestada a Glaura. Mas a comissão de inquérito ainda não se pronunciou, pois faltou o pessoal da colheita de informações (MH) e a datilógrafa bilíngüe (Rosa). Falta igualmente o depoimento pessoal de Glaura.A Rosana terá de confessar, depois de passar 30 dias na solitária (o suave método do pau-de-arara foi suspenso).Outro dia um casal de bentivís fez uma serenata perto da janela do meu quarto. Um gritava: Maria Helena! E o outro: bem-te-vi! Acho que é porque eu havia sonhado com você e a vi no meu sonho. Eles certamente vieram interpretar aquela cena. Eis, Tudo bem. Desculpe qualquer coisa (um médico ruim, tratou uma criança de crupe. A criança morreu. O médico, então, desculpou-se junto aos pais: des-crupe qualquer coisa! Ah! Ah!) Ficamos assim. Qualquer coisa, fale com a gente. Então tá. Ciao, Ciaozinho. Até.Saudades aos trilhões doPapai.Beijos para Rosa e Glaura, quantos você puder dar.(São Paulo, 19/08/1983)

Filhinha,

É bom dialogar com você, saber como andam as coisas, dentro do castelo. Muitas vezes a gente vê só o exterior, as altas torres, os dias de festa. Mas quanta coisa por dentro passa despercebido. (...)Eu, por exemplo, longe de vocês, meus filhos, me sinto sempre mal. Não tenho como curar esta dor. Sempre penso em ser um bom pai, mas sou inábil. Não tenho jeito de fazer confidências, de extrair de vocês os espinhos mais agudos. Fui muito bloqueado, a vida toda. Com força de vontade, sacrifício e renúncia pude dar alguns saltos. O lado afetivo do meu espírito ficou penando um tempão. (...)Penso em cada filho como ele é, procuro adivinhar cada um, tento iluminar o caminho para que avancem. (...)Mas há árvores que balançam, vergam e, passada a tempestade, ficam de pé, frutificam.(estou ouvindo o radinho na minha mesa. É tarde. Canta uma cantora certa música que a Rosana cantou pra mim numa fita que perdi, quando estava em Madison).(São Paulo, 28/08/1983)

Ter você e Glaura sob o mesmo teto é mirar oriente e ocidente do Paraíso. Para completar a Rosa-dos-Ventos, faltaria apenas contemplar a Rosa ao norte e o Gui ao sul. A agulha da bússola seria um coração apaixonado. Meu corpo é uma cruz apontando para os 4 pontos cardeais. (...) Tudo automático. Antes só do que mal estrangulado. Futebol é assim mesmo, no 2º tempo a gente vamos ver se vai dar. Roma não se fez num dia. É isso aí. Pior do que está é só como vai ficar. A gente vai de vitória em vitória até a derrota final? Chôô. Que conversa esquisita. Quem tem Lelena tem a chave do céu na mão. É. Tchiauzinho.(São Paulo, 25/10/1983)

De vez em quando revolvo minha papelada antiga e encontro situações do arco-da-velha. Imagine: encontrei uma cadernetinha em que eu anotava, entre outras coisas, as minhas dificuldades com o alistamento militar. O concurso que fiz para trabalhar na Prefeitura, aos 18 anos. Acho que a idade faz a gente caminhar para trás. E gosto de ver os meus rastros perdidos no tempo.De vocês, meus folhos, procuro lembrar-me Tim-tim-por-tintim.(São Paulo, 31/07/1984)

Espero vê-la em breve e, por isto, todos os dias limpo os meus olhos com colírio. Flor da sua marca – e na primavera! – é tentação demais pros olhos.(São Paulo, 01/10/1984)

Carta sua tem força de feriado nacional. Acende uma luz na cabeça e uma vela no coração. Acelera o sangue e interrompe a respiração. Floco de algodão. Música de câmara.(São Paulo)

Espero, um dia, lá em São Sebastião do Rio Verde, escrever um livro de 1000 páginas. Afastado das obrigações. (...) Ter a liberdade de ir a Esmeraldas quando quiser, beber água da cacimba, chupar jabuticaba no pé, hum, é demais. Depois, aquela conversa mole, dando aquelas gaitadas. A turma não se podendo de tanto rir, por puro desmazelo de não ter o que fazer. E ter Rosana, Glaura, Guilherme e Maria Helena ali juntinho, para a sobremesa, com todos os sabores de beleza. Eta lonjura, cruz credo!(Brasília, 02/07/1086)

Estamos na primavera e tudo começa a fl orir. Maravilha. Fico pensando como estarão os bosques de Esmeraldas. Tudo um luxo só. É coisa de Deus bater no peito, orgulhoso (vaidade de Deus, justifi cada, não é pecado). Eu, por exemplo: quando falo na minha PB, estufo a caixa toráxica, bato três vezes e olho pro infi nito – fi z demais para a humanidade. Vou legar fi lé mignon em época de pura muxiba. Deus escuta e aprova: sabe que é pura verdade.(São Paulo, 10/10/1986)