livreto cartola

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Livro produzido para o projeto final para a Universidade de Brasília na disciplina de Materiais e Processos Gráficos (2/2013).

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Rio de Janeiro, 11 de outubro de 1908

Rio de Janeiro, 30 de novembro de 1980

Cartola

Verde, Rosa, Escola de Samba, Estação Primeira da Mangueira, Malandro, Flores, Mangueira, Samba, Música, Velha Guarda, Des�le, Carnaval, Fantasia, Ranchos, Marchinhas, Alegria

Verde, Rosa, Escola de Samba, Estação Primeira da Mangueira, Malandro, Flores, Mangueira, Samba, Música, Velha Guarda, Des�le, Carnaval, Fantasia, Ranchos, Marchinhas, Alegria

João Paulo Dantas

Introdução

A obra artística deve ser vista antes de tudo, e a isso me refiro aos gêneros musicais e outras distinções de corte geral que interessam ao jornalismo cultural - como um convite do artista ao seu universo próprio, aquilo que é somente seu. Esse universo refere-se ao processo que une suas experiências empíricas ao seu próprio espirito, o plano metafisico. Cartola deve ser ouvido então como finalidade a si mesmo, e não somente como um músico no meio de tantos outros no cenário brasileiro, alguém que se ouve com maior interesse no gênero samba do que propriamente na sua obra.

Theodor Adorno, quando falava sobre a emancipação da literatura, referia-se principalmente ao realismo que, em meio às relações petrificadas da sociedade, nada fazia senão simulá-las de forma objetiva “assim aconteceu e assim é”. Entretanto, tal objetividade não poderia passar mais longe da obra de Cartola, que através de uma outra lingua-gem artística, foi um exímio artesão de sua própria forma e espirito, com sua lírica subjetivista e sua música de apelo popular conseguiu criar uma obra tão rica e atemporal que o consolidou não só como um dos maiores compositores brasileiros, mas também como uma das vozes cuja

estética jamais perde força com o tempo.

Verde, Rosa, Escola de Samba, Estação Primeira da Mangueira, Malandro, Flores, Mangueira, Samba, Música, Velha Guarda, Des�le, Carnaval, Fantasia, Ranchos, Marchinhas, Alegria

O Mundo é Um Moinho

Ainda é cedo, amorMal começaste a conhecer a vida

Já anuncias a hora de partidaSem saber mesmo o rumo que irás tomar

Preste atenção, queridaEmbora eu saiba que estás resolvida

Em cada esquina cai um pouco a tua vidaEm pouco tempo não serás mais o que és

Ouça-me bem, amorPreste atenção, o mundo é um moinho

Vai triturar teus sonhos, tão mesquinhoVai reduzir as ilusões a pó

Verde, Rosa, Escola de Samba, Estação Primeira da Mangueira, Malandro, Flores, Mangueira, Samba, Música, Velha Guarda, Des�le, Carnaval, Fantasia, Ranchos, Marchinhas, Alegria

Verde Que te Quero Rosa

Verde como céu azul a esperançaBranco como a cor da Paz

Ao se encontrarRubro como o rosto fica Junto a rosa mais querida

É negra toda tristeza se há despedida Na Avenida

É negra toda tristeza desta vida

É branco o sorriso das criançasSão verdes, os campos, as matas

E o corpo das mulatas Quando vestem Verde e rosa

É MangueiraÉ verde o mar que me banha

A vida inteira

Verde que te quero Rosa (é a Mangueira)Rosa que te quero Verde (é a Mangueira)

As Rosasnão Falam

Bate outra vezCom esperanças o meu coração

Pois já vai terminando o verão,Enfim

Volto ao jardimCom a certeza que devo chorar

Pois bem sei que não queres voltarPara mim

Queixo-me às rosas,Mas que bobagem as rosas não falam

Simplesmente as rosas exalamO perfume que roubam de ti, ai

Devias virPara ver os meus olhos tristonhos

E, quem sabe, sonhavas meus sonhosPor fim

Preciso MeEncontrar

Deixe-me ir preciso andar,Vou por aí a procurar,

Rir pra nao chorar.

Quero assistir o sol nascer,Ver as águas dos rios correr,

Ouvir os pássaros cantar,Eu quero nascer quero viver...

Se alguem por mim perguntar,Diga que eu só vou voltar,

Depois que eu me encontrar...

Compositor, Morro da Manguei-ra, Laranjeiras, Rio de Janeiro, Óculos Escuros, Bigode �no, Blusa Branca, Simplicidade, Magreza, Melancolia, Janela, Contemplação, Café, Apaixona-

AutonomiaÉ impossível nessa primavera eu seiImpossível pois longe estarei

Mas pensando em nosso amorAmor sincero

Ai, se eu tivesse autonomiaSe eu pudesse gritaria

Não vou não quero

Escravizaram assim um pobre coraçãoÉ necessário a nova Abolição

Pra trazer de volta a minha liberdade

Se eu pudesse gritaria amorSe eu pudesse brigaria amor

Não vou, não quero

Compositor, Morro da Manguei-ra, Laranjeiras, Rio de Janeiro, Óculos Escuros, Bigode �no, Blusa Branca, Simplicidade, Magreza, Melancolia, Janela, Contemplação, Café, Apaixona-

Compositor, Morro da Manguei-ra, Laranjeiras, Rio de Janeiro, Óculos Escuros, Bigode �no, Blusa Branca, Simplicidade, Magreza, Melancolia, Janela, Contemplação, Café, Apaixona-

Compositor, Morro da Manguei-ra, Laranjeiras, Rio de Janeiro, Óculos Escuros, Bigode �no, Blusa Branca, Simplicidade, Magreza, Melancolia, Janela, Contemplação, Café, Apaixona-

Angenor de Oliveira

"Minha vida foi igual a um filme de mocinho, eu só venci no �nal."