literatura - pré-vestibular impacto - era clássica - arcadismo - aspectos gerais i

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Page 1: Literatura - Pré-Vestibular Impacto - Era Clássica - Arcadismo - Aspectos Gerais I

KL 070208

Era Clássica – Arcadismo (Aspectos Gerais)

Frente: 01 Aula: 01

PROFº: ANÍSIO A Certeza de Vencer

FAÇO IMPACTO - A CERTEZA DE VENCER!!!

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SINO

MÉD

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2008

EIXO TEMÁTICO 1- TEXTO LITERÁRIO NEOCLÁSSICO, ÁRCADE E PRÉ-ROMÂNTICO CONTEÚDOS COMPETÊNCIAS HABILIDADES

1.1- Arcadismo e Neoclassicismo — Leitura de poemas líricos de Bocage. — Leitura de poemas líricos de Tomás Antônio Gonzaga 1.2- A presença do Pré-Romantismo nos versos de Bocage e de Tomás Antônio Gonzaga. 1.3- Os elementos constitutivos do texto poético nos poemas dos escritores árcades.

1) Apontar nos poemas de Bocage e de Tomás Antônio Gonzaga, elementos constitutivos do texto poético, tais como: semântico, sintático, lexical e sonoro.

1. Explicar as características da literatura neoclássica e árcade. 2. Estabelecer as diferenças entre os nomes Neoclassicismo, Setecentismo e Arcadismo. 3. Observar as influências políticas, econômicas, sociais e filosóficas, nas manifestações literárias do período estudado. 4. Identificar o estilo lírico nos textos poéticos do Neoclassicismo.

CONTEXTO HISTÓRICO: O século XVIII ficou conhecido como o “Século das Luzes”, é

claro que um bom aluno perguntaria: por quê?. E a explicação é clara. O século XVIII foi palco de três importantíssimas revoluções que pretenderam “afastar” o homem das “trevas” do medievalismo Barroco de acordo com a visão renascentista.

Vamos por partes. Primeiro é preciso saber que as três grandes revoluções foram: ILUMINISMO, REVOLUÇÃO INDUSTRIAL e INCONFIDÊNCIA MINEIRA. Outras grandes revoluções como a Francesa e A Independência dos EUA foram também importantes, mas para o Arcadismo, as três primeiras foram fundamentais.

Os ILUMINISTAS foram homens que tentaram explicar à luz da razão e da ciência a verdade dos fatos. Assim, a razão e a ciência constituem para estes homens as LUZES às quais o século se refere.

A INCONFIDÊNCIA MINEIRA foi fundamental porque deslocou o eixo sócio-econômico cultural da Bahia (onde ocorrera o Barroco) para Minas Gerais onde se teve na época o CICLO DO OURO.

E a REVOLUÇÃO INDUSTRIAL foi vital porque definiu profundas transformações sociais, políticas e econômicas. Pois, com o avanço científico surgiram as indústrias e os centros urbanos. A vida deixou de ser rural para se tornar urbana. As fábricas reuniram em torno de si grandes aglomerados populacionais e a atmosfera calma e pacata dos centros populacionais iniciais cederá lugar à agitação e ao burburinho próprio das cidades de nosso tempo. Por esse motivo que os homens esclarecidos, iluminados da época preferiram o campo ao invés da cidade. Essa é a maior característica da escola árcade.

CARACTERÍSTICAS DO ARCADISMO 1. REVALORIZAÇÃO DA CULTURA CLÁSSICA: cultura clássica é toda cultura pertinente às civilizações da Antigüidade clássica: Grécia e Roma. Os conceitos greco-romanos (ou greco-latinos) são resgatados no Arcadismo porque os povos clássicos foram exemplos de equilíbrio e de racionalidade. Como os árcades valorizavam a razão, logo os conceitos greco-latinos foram também revalorizados.

2. RACIONALISMO: como foi dito anteriormente a escola árcade baseada nos princípios greco-latinos apresenta a supremacia da razão sobre a emoção, como conseqüência do desenvolvimento técnico-científico do século XVIII.

3. BUCOLISMO: lingüisticamente é a qualidade de bucólico (relativo à vida e costumes do campo), no Arcadismo se entende esta característica como a exaltação da beleza do campo e de sua cultura em detrimento da vida citadina. Ex.: “Ver as longas Campinas retalhadas De trêmulos ribeiros; claras fontes, E lagos cristalinos onde molha As leves asas do lascivo vento...”. (Basílio da Gama)

4. PASTORALISMO: o poeta, desnorteado com o avanço da urbanização das cidades, ao criar, se evade para um ambiente campestre onde se situa como um pastor, inclusive adotando um PSEUDÔNIMO (pseudo = falso e nimo = nome) pastoril. Ex.: “São estes os prados, Aonde brincava, Enquanto pastava O gordo rebanho Que Alceu lhe deixou?”.

5. USO DE PALAVRAS LATINAS: devido à revalorização clássica greco-romana o LATIM língua falada na Roma Antiga é utilizado para compor características da escola árcade. Fugere Urban: devido ao burburinho dos centros urbanos no século

XVIII o poeta árcade desejou “fugir da cidade” para um lugar não corrompido pela civilização. Lócus amoenus: ao fugir da agitação dos centros urbanos o poeta

árcade buscou estalar-se num lugar ameno, calmo, pacato... o campo. Carpe diem: ao chegar no local desejado o poeta deveria aproveita-lo

o máximo possível daí a utilização do termo “carpe diem”, isto é, “aproveite o dia”, além de que o homem árcade tinha a consciência de que a vida terrena se finda, por isso a necessidade de aproveita-la o quanto possível. Inutilia truncat: princípio árcade de imitação da simplicidade formal

dos clássicos contrária ao rebuscamento do Barroco. O termo significa “cortar as inutilidades” para o poeta árcade o rebuscamento barroco retirava a objetividade do texto tornando-o de difícil leitura, o que não era propósito dos árcades. Já a simplicidade por meio da moderação da linguagem e da emoção era obtida da natureza calma e amena. Áurea mediocritas: fingir que eram pastores foi a saída encontrada

pelos árcades para realizar (na imaginação) o ideal da “mediocridade dourada”, isto é, a louvação à vida equilibrada, espontânea, humilde, em contato com a natureza. Em Latim, o termo “áurea mediocritas” é entendido como “paz de espírito” e este era o ideal árcade da existência.

CURIOSIDADE Você sabe por que o Arcadismo recebeu este nome? Arcádia, segundo a mitologia era um monte que ficava na Grécia Antiga. Tal monte era habitado pelo deus Pã (o deus das pastagens) que vivia lá com seus amigos pastores e algumas ninfas.

INTERTEXTUALIDADE CASINHA BRANCA (Gilson)

Eu tenho andado tão sozinho ultimamente Que nem vejo em minha mente Nada que me dê prazer Sinto cada vez mais longe a felicidade Vendo em minha mocidade Tantos sonhos perecer. Eu queria ter na vida simplesmente Um lugar de mato verde P’ra plantar e p’ra colher Ter uma casinha branca de varanda Um quintal e uma janela Para ver o sol nascer. Às vezes saio a caminhar pela cidade À procura de amizade Vou seguindo a multidão Mas eu deparo olhando em cada rosto Cada um tem seu mistério Seu sofrer sua ilusão Eu queria ter na vida simplesmente Um lugar de mato verde P’ra plantar e p’ra colher Ter uma casinha branca de varanda Um quintal e uma janela Para ver o sol nascer.

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O ARCADISMO EM PORTUGAL Manuel Maria L’edoux Barbosa du Bocage foi talvez

o maior representante árcade em Portugal.

Nascido em Setúbal (1765) Bocage é muito conhecido como poeta erótico, embora sua poesia lírica, especialmente os sonetos sejam bem superiores às “piadas” bocageanas. Sua notoriedade foi tanta que em 1791 foi convidado para compor a Nova Arcádia, onde usava o pseudônimo Elmano Sadino (Elmano é anagrama de Manuel; Sadino é homenagem ao rio Sado, que corta sua cidade natal).

Os sonetos constituem, como dissemos, o ponto alto da produção bocageana, comparável à de Camões. Em alguns momentos, o lirismo de Bocage revela a orientação do academicismo do século XVIII: a presença dos pseudônimos pastoris da mitologia; a ânsia pelo lócus amoenus que simboliza a fuga da vida citadina, enfim, as regras árcades conhecidas.

Porém, a solidão, a desilusão amorosa, o sentimento de desamparo e a dor de viver contagiaram de tal maneira sua poesia que ela acabou se afastando da estética árcade (em algumas produções) para enveredar no campo dramático e confessional, que inseriu Bocage num contexto de pré-romantismo. SONETO 13

Olha, Marília, as flautas dos pastores Olha, Marília, as flautas dos pastores Que bem que soam, como estão cadentes! Olha o Tejo a sorrir-se! Olha, não sentes O Zéfiro brincar por entre flores? Vê como ali, beijando-se, os Amores Incitam nossos ósculos ardentes! Ei-las de planta em planta as inocentes, As vagas borboletas de mil cores. Naquele arbusto o rouxinol suspira, Ora nas folhas a abelhinha pára, Ora nos ares sussurrando gira: Que alegre campo! Que manhã tão clara! Mas ah! Tudo o que vês, se eu te não vira, Mais tristeza que a morte me causara.

SONETO 16

Da pérfida Gertrúria o juramento

Da pérfida Gertrúria o juramento Parece-me que estou inda escutando, E que inda ao som da voz suave e brando Encolhe as asas, de encantado, o vento. No vasto, infatigável pensamento Os mimos da perjura estou notando... Eis Amor, eis as Graças festejando Dos ternos votos o feliz momento. Mas, ah!... Da minha rápida alegria Para que acendes mais as vivas cores, Lisonjeiro pincel da fantasia? Basta, cega paixão, loucos amores; Esqueçam-se os prazeres de algum dia, Tão belos, tão duráveis como as flores.

SONETO 102

Camões, grande Camões, quão semelhante Camões, grande Camões, quão semelhante Acho teu fado ao meu, quando os cotejo! Igual causa nos fez perdendo o Tejo Arrostar com sacrílego gigante. Como tu, junto ao Ganges sussurrante Da penúria cruel no horror me vejo; Como tu, gostos vãos, que em vão desejo, Também carpindo estou, saudoso amante. Ludíbrio, como tu, da sorte dura Meu fim demando ao céu, pela certeza De que só terei paz na sepultura. Modelo meu tu és... Mas, oh tristeza!... Se te imito nos transes da ventura, Não te imito nos dons da natureza.

SONETO 118

Ó retrato da morte, ó noite amiga

O retrato da morte, ó noite amiga Por cuja escuridão suspiro há tanto! Calada testemunha de meu pranto, De meus desgostos secretária antiga! Pois manda Amor, que a ti somente os diga, Dá-lhes pio agasalho no teu manto; Ouve-os, como costumas, ouve, enquanto Dorme a cruel, que a delirar obriga: E vós, ó cortesãs da escuridade, Fantasmas vagos, mochos piadores, Inimigos, como eu da claridade! Em bandos acudi aos meus clamores; Quero a vossa medonha sociedade, Quero fartar meu coração de horrores. Já se afastou de nós o Inverno agreste Envolto nos seus húmidos vapores; A fértil Primavera, a mãe das flores O prado ameno de boninas veste: Varrendo os ares o subtil nordeste Os torna azuis: as aves de mil cores Adejam entre Zéfiros, e Amores, E torna o fresco Tejo a cor celeste; Vem, ó Marília, vem lograr comigo Destes alegres campos a beleza, Destas copadas árvores o abrigo: Deixa louvar da corte a vã grandeza: Quanto me agrada mais estar contigo Notando as perfeições da Natureza!

“Áurea Mediocritas omni vincit”

Provérbio Latino