literatura infanto juvenil.marcilene.apostila.07.02.2009

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PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU EM LÍNGUA PORTUGUESA E LITERATURA LITERATURA INFANTO-JUVENIL PROFª. MARCILENE PEREIRA REIS BRASÍLIA 1

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PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU EM

LÍNGUA PORTUGUESA E LITERATURA

LITERATURA INFANTO-JUVENIL

PROFª. MARCILENE PEREIRA REIS

BRASÍLIA2009

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“A literatura infantil é antes de tudo, literatura,ou melhor, é arte: fenômeno de criatividadeque representa o mundo, o homem, a vida,

através da palavra. Funde os sonhose a vida prática, o imaginário e o real...”

(Sueli de Souza Cagneti)

Organização: Marcilene Pereira Reis

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SUMÁRIO

O Conceito de Literatura Infantil_________________________________________________ 04

O leitor: concepção de infância __________________________________________________ 05

A Literatura Infantil e a Escola __________________________________________________ 06

O caráter literário na Literatura Infantil ___________________________________________ 07

Afinal, o que é Literatura Infantil? _______________________________________________ 07

Origens da Literatura Infantil __________________________________________________ 08

As Mil e Uma Noites _________________________________________________________ 09

Livros e Infância - As histórias infantis como forma de consciência de mundo ____________ 10

Fases normais no desenvolvimento da criança ____________________________________ 11

Estudo das diversas modalidades de textos infantis _________________________________ 14

Fábulas ______________________________________________________________ 14

Contos de Fadas ______________________________________________________ 15

Lendas ______________________________________________________________ 15

Poesia ______________________________________________________________ 16

Autores __________________________________________________________________ 17

Esopo ______________________________________________________________ 17

Hans Christian Andersen _______________________________________________ 17

Irmãos Grimm: Jacob e Wilhelm _________________________________________ 18

Monteiro Lobato ______________________________________________________ 19

Ziraldo ______________________________________________________________ 20

Ana Maria Machado ___________________________________________________ 21

Cultura Popular _____________________________________________________________ 22

Par lendas ___________________________________________________________ 22

Trava-línguas ________________________________________________________ 22

Adivinhações ________________________________________________________ 27

Formando Crianças Leitoras____________________________________________________ 29

Referências Bibliográficas _____________________________________________________ 31

O Conceito de Literatura Infantil

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        O conceito de Literatura Infantil é bastante discutido entre os estudiosos do assunto. Há aqueles que defendem que é o objeto escolhido pelo seu próprio leitor, outros que é o objeto de formação de um agente transformador da sociedade e há até aqueles que questionam o fato de existir uma literatura infantil ou dela ser uma questão de estilo.         Temos abaixo algumas dessas idéias e também declarações de autores de literatura infantil para percebemos como essa é uma área conflituosa. Ver o objeto a partir de vários pontos de vistas pode nos ajudar a entender melhor e formularmos nosso próprio conceito.  

"Literatura Infantil é todo o acervo literário eleito pela criança" (Bárbara Vasconcelos Bahia)

"Literatura Infantil são os livros que têm a capacidade de provocar a emoção, o prazer, o entretenimento, a fantasia, a identificação e o interesse da criançada."

(Leo Cunha)

"A literatura, e em especial a infantil, tem uma tarefa fundamental a cumprir nesta sociedade em transformação: a de servir como agente de formação, seja no espontâneo convívio leitor/livro, seja no diálogo leitor/texto estimulado pela escola" (Nelly Novaes Coelho)

"O gênero literatura infantil tem, a meu ver, a existência duvidosa. Haverá música infantil? Pintura infantil? A partir de que ponto uma obra literária deixa de se constituir alimento para o

espírito da criança ou jovem e se dirige ao espírito adulto? " (Carlos Drummond de Andrade)

"Se a falta é estrutural, e se não se vive sem a base fantasmática (o infantil que se atualiza), não seria possível afirmar que, em toda literatura, há esse infantil, ainda que menos ou mais

encoberto? O infantil na literatura, que não se confunde, certamente, com a Literatura Infantil, tampouco com relatos de infância. Na particularidade de cada novo ato, a criança é quem escreve no adulto. E ela o faz com estilo - assinatura pontual, estilo portador de sujeito"

(Ana Maria Clark Peres)

"Escrevo porque gosto. Com meus textos, quero botar para fora algo que não consigo deixar dentro. E escrevo para criança porque tenho uma certa afinidade de linguagem. Mas não tenho intenção didática, não quero transmitir nenhuma mensagem, não sou telegrafista. Acredito que

a função da obra literária é criar um momento de beleza através da palavra. ... Em momento algum eu acho que a linguagem deva ser simplificada. Em meus livros não há

condescendência, tatibitate nem barateamento da linguagem. A colocação dos pronomes é consciente, a regência e a concordância são rigorosas. As rupturas são intencionais, têm uma

função estilística. Acho essencial dominar uma gramática para domá-la a partir de uma linguagem nova."

(Ana Maria Machado)

"Escrevo para dizer o que penso. Quero reclamar de governos autoritários. Quero mostrar a existência de desigualdade entre o homem e a mulher. Não fujo muito de temas que,

supostamente, não pertencem ao universo infantil. Acho que todo mundo é capaz de aprender."

(Ruth Rocha)

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O leitor: concepção de infância

        Para pensar a literatura infantil é necessário pensar no seu leitor: a criança. Até o Século XVII as crianças conviviam igualmente com os adultos, não havia um mundo infantil, diferente e separado, ou uma visão especial da infância. Não se escrevia, portanto, para as crianças.

       "...a concepção de uma faixa etária diferenciada, com interesses próprios e necessitando de uma formação específica, só acontece em meio à Idade Moderna. Esta mudança se deveu a

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outro acontecimento da época: a emergência de uma nova noção de família, centrada não mais em amplas relações de parentesco, mas num núcleo unicelular, preocupado em manter sua privacidade (impedindo a intervenção dos parentes em seus negócios internos) e estimular o afeto entre seus membros" 1

        A partir da Idade Moderna a criança é vista como um indivíduo que precisa de atenção especial e cuja é demarcada pela idade.         O adulto passa a idealizar a infância. A criança é o indivíduo inocente e dependente do adulto devido à sua falta de experiência da realidade. Até hoje muitos ainda têm essa concepção da infância como o espaço da alegria, da inocência e da falta de domínio da realidade. Os livros que trazem essa concepção são escritos, então, com o objetivo de educar e de ajudar as crianças a enfrentar a realidade.         A partir da Psicologia da Aprendizagem a infância é tratada como uma etapa de preparação do pensamento para a vida adulta. O pensamento infantil não tem ainda uma lógica racional. A literatura infantil é, nesta concepção, adequada às fases do raciocínio infantil (que é dividido em idade cronológica).         Essas duas concepções de infância convivem até hoje e podemos vê-las até no modo como os livros são selecionados e catalogados pelas editoras.         No entanto, uma outra concepção de infância tem sido defendida e com ela uma nova postura da literatura infantil. É preciso entender que a criança é também cheia de conflitos, medos, dúvidas e contradições não por desconhecer a realidade, mas por trazer em si a imagem projetada do adulto:

       "Se a imagem da criança é contraditória, é precisamente porque o adulto e a sociedade nela projetam, ao mesmo tempo, suas aspirações e repulsas. A imagem da criança é, assim, o reflexo do que o adulto e a sociedade pensam de si mesmos. Mas este reflexo não é ilusão; tende, ao contrário, a tornar-se realidade. Com efeito, a representação da criança assim elaborada transforma-se, pouco a pouco, em realidade da criança. Esta dirige certas exigências ao adulto e à sociedade, em função de suas necessidades essenciais"2

        Quanto ao seu desenvolvimento cognitivo, a ênfase não pode ser naquilo que a criança ainda não dá conta, mas sim naquilo que só ela é capaz de fazer.

       "Se lhe falta a completa capacidade abstrativa que a capacite para as complexas redes analítico-conceituais, sobra-lhe espaço para a vasta mente instintiva, pré-lógica, inclusiva, integral e instantânea que só opera por semelhanças, correspondências entre formas, descobrindo vínculos de similitude entre elementos que a lógica racional condicionou a separar e a excluir. Correspondências, sinestesias. Todos os sentidos incluídos."3

        Uma literatura que tenha essa concepção de infância vai, então, privilegiar "o lado espontâneo, intuitivo, analógico e concreto da natureza humana"4  e ver seu leitor como um ser de desejos e pensamentos próprios.

        "...os projetos mais arrojados de literatura infantil investem, não escamoteando o literário, nem o facilitando, mas enfrentando sua qualidade artística e oferecendo os melhores produtos possíveis ao repertório infantil, que tem a competência necessária para traduzi-lo pelo desempenho de uma leitura múltipla e diversificada."5

        Partindo dessa visão dá para entender a vertente que entende a literatura infantil como

um estilo literário (dominante estilística), pois o objetivo não é falar para uma de terminada faixa etária, mas trabalhar o texto para preencher desejos que existem em todos os seres humanos.

Citações

1 - ZILBERMAN, Regina. A literatura infantil na escola.  São Paulo: Global Ed., 4ª ed., 1985. (página 13) 2 - ZILBERMAN, Regina. A literatura infantil na escola.  São Paulo: Global Ed., 4ª ed., 1985. (página 18) 3 - PALO, Mª José e OLIVEIRA, Mª Rosa D. Literatura  Infantil - Voz de criança. SP: Ática, 1986. (pág.7)

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4 - PALO, Mª José e OLIVEIRA, Mª Rosa D. Literatura Infantil - Voz de criança. SP: Ática, 1986. (pág.8) 5 - PALO, Mª José e OLIVEIRA, Mª Rosa D. Literatura Infantil - Voz de criança. SP: Ática, 1986. (pág.11)

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A Literatura Infantil e a Escola

         Como já foi dito, os primeiros livros infantis foram escritos por pedagogos e professores com o objetivo de estabelecer padrões comportamentais exigidos pela sociedade burguesia que se estabelecia.         A relação entre literatura e a escola é forte desde o início até hoje. Diversos estudiosos defendem o uso do livro em sala de aula, mas atualmente o objetivo não é transmitir os valores da sociedade e sim propiciar uma nova visão da realidade.

         "... a escola é, hoje, o espaço privilegiado, em que deverão ser lançadas as bases para a formação do indivíduo. E, nesse espaço, privilegiamos os estudos literários, pois, de maneira mais abrangente do que quaisquer outros, eles estimulam o exercício da mente; a percepção do real em suas múltiplas significações; a consciência do eu em relação ao outro; a leitura do mundo em seus vários níveis e, principalmente, dinamizam o estudo e conhecimento da língua, da expressão verbal significativa e consciente - condição sine qua non para a plena realidade

do ser." 1

        "A literatura infantil torna-se, deste modo, imprescindível. Os professores dos primeiros anos da escola fundamental devem trabalhar diariamente com a literatura pois esta se constitui em material indispensável, que aflora a criatividade infantil e desperta as veias artísticas da criança. Nessa faixa etária, os livros de literatura devem ser oferecidos às crianças, através de uma espécie de caleidoscópio de sentimentos e emoções que favoreçam a proliferação do gosto pela literatura, enquanto forma de lazer e diversão" 2

        Ainda assim podemos ver o sentido pedagógico atribuído à literatura infantil (estimular o exercício da mente, despertar a criatividade...). O que importa, entretanto, é ver que o livro pode ser um objeto para que a criança reflita sua própria condição pessoal (e a imagem projetada nela pelo adulto) e a sociedade em que vive.

Citações

1 - COELHO, Nelly Novaes. Literatura Infantil: teoria, análise, didática. São Paulo: Moderna, 2000. (página 16)

2 - PIRES, Diléa Helena de Oliveira. "Livro...Eterno Livro..." In: Releitura. Belo Horizonte: março de 2000, vol. 14.

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O caráter literário na Literatura Infantil

         A discussão se a literatura infantil é uma arte literária ou pedagógica passa pela concepção de infância e pela ligação da literatura infantil com a escola. Ainda não há consenso entre os estudiosos e a disciplina "Literatura Infantil" em algumas faculdades, por exemplo, é oferecida apenas na área de Educação e não na Letras.         Se observarmos a origem dos chamados "clássicos" da literatura infantil, os Contos de Fada, veremos que eles surgiram de histórias da tradição oral. Os maiores clássicos da literatura grega,  A Odisséia e A Ilíada, também têm a mesma origem nessa tradição oral. São histórias contadas e recontadas oralmente que fazem parte da cultura e que são depois registradas na forma escrita. Os irmãos Grimm pesquisaram e recolheram contos por meio de viagens a diversas regiões da Alemanha e tiveram o cuidado em não deturpar essa tradição oral. A passagem do oral para o escrito exige, sem dúvida, uma sensibilidade e domínio da língua que são características dos grandes escritores.

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        Os contos de fada apresentam uma mesma estrutura narrativa dos chamados contos maravilhosos (que são considerados literários). O russo Wladimir Propp estudou a morfologia do conto e apresentou cinco características presentes nos contos maravilhosos e também nos contos de fada: a aspiração, viagem, obstáculos, uma mediação e a conquista do objetivo.         É bom lembrar também que grandes obras literárias como As viagens de Gulliver, de Jonathan Swift, e Aventuras de Robinson Crusoé, de Daniel Defoe, não foram escritas para crianças, possuem todas as características de outras obras literárias e são adotadas atualmente como literatura infanto-juvenil.         A literatura infantil, além disso, apresenta os fatores estruturais que aparecem em qualquer obra literária: um narrador, um foco narrativo, a história, os personagens, o espaço físico e temporal, uma linguagem usada literariamente e um destinatário da sua comunicação: o leitor.         Por tudo isso, é importante estudar as obras de literatura infantil pelas suas características literárias:  

        "...ao ser ligada, de maneira radical, a problemas sociais, étnicos, econômicos e políticos de tal gravidade, a literatura infantil e juvenil perde suas características de literariedade para ser tratada como simples meio de transmitir valores. Ou é lida exclusivamente em função de seus estereótipos socias. Daí a urgência que vemos na conscientização e organização de uma crítica literária para a literatura infantil brasileira." (COELHO, Nelly Novaes. Literatura Infantil: teoria, análise, didática. São Paulo: Moderna, 2000. Página 58)

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Afinal, o que é Literatura Infantil?

A designação infantil faz com que esta modalidade literária seja considerada "menor" por alguns, infelizmente.

Principalmente os educadores vivenciam de perto a evolução do maravilhoso ser que é a criança. O contato com textos recheados de encantamento faz-nos perceber quão importante e cheia de responsabilidade é toda forma de literatura.

A palavra literatura é intransitiva e, independente do adjetivo que receba, é arte e deleite. Sendo assim, o termo infantil associado à literatura não significa que ela tenha sido feita necessariamente para crianças. Na verdade, a literatura infantil acaba sendo aquela que corresponde, de alguma forma, aos anseios do leitor e que se identifique com ele.

A autêntica literatura infantil não deve ser feita essencialmente com intenção pedagógica, didática ou para incentivar hábito de leitura. Este tipo de texto deve ser produzido pela criança que há em cada um de nós. Assim o poder de cativar esse público tão exigente e importante aparece.

O grande segredo é trabalhar o imaginário e a fantasia. E como foi que tudo começou?

Origens da Literatura Infantil

O impulso de contar histórias deve ter nascido no homem, no momento em que ele sentiu necessidade de comunicar aos outros alguma experiência sua, que poderia ter significação para todos. Não há povo que não se orgulhe de suas histórias, tradições e lendas, pois são a expressão de sua cultura e devem ser preservadas. Concentra-se aqui a íntima relação entre a literatura e a oralidade.

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A célula máter da Literatura Infantil, hoje conhecida como "clássica", encontra-se na Novelística Popular Medieval que tem suas origens na Índia. Descobriu-se que, desde essa época, a palavra impôs-se ao homem como algo mágico, como um poder misterioso, que tanto poderia proteger, como ameaçar, construir ou destruir. São também de caráter mágico ou fantasioso as narrativas conhecidas hoje como literatura primordial. Nela foi descoberto o fundo fabuloso das narrativas orientais, que se forjaram durante séculos a.C., e se difundiram por todo o mundo, através da tradição oral.

A Literatura Infantil constitui-se como gênero durante o século XVII, época em que as mudanças na estrutura da sociedade desencadearam repercussões no âmbito artístico.

O aparecimento da Literatura Infantil tem características próprias, pois decorre da ascensão da família burguesa, do novo "status" concedido à infância na sociedade e da reorganização da escola. Sua emergência deveu-se, antes de tudo, à sua associação com a Pedagogia, já que as histórias eram elaboradas para se converterem em instrumento dela.

É a partir do século XVIII que a criança passa a ser considerada um ser diferente do adulto, com necessidades e características próprias, pelo que deveria distanciar-se da vida dos mais velhos e receber uma educação especial, que a preparasse para a vida adulta.

As Mil e Uma Noites

Coleção de contos árabes (Alf Lailah Oua Lailah) compilados provavelmente entre os séculos XIII e XVI. São estruturados como histórias em cadeia, em que cada conto termina com uma deixa que o liga ao seguinte. Essa estruturação força o ouvinte curioso a retornar para continuar a história, interrompida com suspense no ar.

Foi o orientalista francês Antoine Galland o responsável por tornar o livro de As mil e uma Noites conhecido no ocidente (1704). Não existe texto fixo para a obra, variando seu conteúdo de manuscrito a manuscrito. Os árabes foram reunindo e adaptando esses contos maravilhosos de várias tradições. Assim, os contos mais antigos são provavelmente do Egito do séc. XII. A eles foram sendo agregados contos hindus, persas, siríacos e judaicos.

O uso do número 1001 sugere que podem aparecer mais histórias, ligadas por um fio condutor infinito. Usar 1000 talvez desse a idéia de fechamento, inteiro, que não caracteriza a proposta da obra.

Os mais famosos contos são:

O Mercador e o Gênio Aladim ou a Lâmpada Maravilhosa Ali-Babá e os Quarenta Ladrões Exterminados por uma Escrava As Sete Viagens de Simbá, o Marinheiro

O rei persa Shariar, vitimado pela infidelidade de sua mulher, mandou matá-la e resolveu passar cada noite com uma esposa diferente, que mandava degolar na manhã seguinte. Recebendo como mulher a Sherazade, esta iniciou um conto que despertou o interesse do rei em ouvir-lhe a continuação na noite seguinte. Sherazade, por artificiosa ligação dos seus contos, conseguiu encantar o monarca por mil e uma noites e foi poupada da morte.

A história conta que, durante três anos, moças eram sacrificadas pelo rei, até que já não havia mais virgens no reino, e o vizir não sabia mais o que fazer para atender o desejo do rei. Foi quando uma

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de suas filhas, Sherazade, pediu-lhe que a levasse como noiva do rei, pois sabia um estratagema para escapar ao triste fim que a esperava. A princesa, após ser possuída pelo rei, começa a contar a extraordinária "História do Mercador e do Efrit", mas, antes que a manhã rompesse, ela parava seu relato, deixando um clima de suspense, só dando continuidade à narrativa na manhã seguinte. Assim, Sherazade conseguiu sobreviver, graças à sua palavra sábia e à curiosidade do rei. Ao fim desse tempo, ela já havia tido três filhos e, na milésima primeira noite, pede ao rei que a poupe, por amor às crianças. O rei finalmente responde que lhe perdoaria, sobretudo pela dignidade de Sherazade.

Fica então a metáfora traduzida por Sherazade: a liberdade se conquista com o exercício da criatividade.

CRISTIANE MADANÊLO DE OLIVEIRA. "A LITERATURA INFANTIL" [online]Disponível na internet via WWW URL: http://www.graudez.com.br/litinf/origens.htmCapturado em 5/3/2009

A importância do Maravilhoso na Literatura Infantil

Em seus primórdios, a Literatura foi essencialmente fantástica. Nessa época era inacessível à humanidade o conhecimento científico dos fenômenos da vida natural ou humana, assim sendo o pensamento mágico dominava em lugar da lógica que conhecemos. A essa fase mágica, e já revelando preocupação crítica às relações humanas ao nível do social, correspondem as fábulas. Compreende-se, pois, porque essa literatura arcaica acabou se transformando em Literatura Infantil: a natureza mágica de sua matéria atrai espontaneamente as crianças.

A literatura fantasista foi a forma privilegiada da Literatura Infantil, desde seus primórdios (sec. VII), até a entrada do Romantismo, quando o maravilhoso dos contos populares é definitivamente incorporado ao seu acervo (pelo trabalho dos Irmãos Grimm, na Alemanha; de Hans Christian Andersen, na Dinamarca; Garret e Herculano em Portugal; etc.)

Considera-se como Maravilhoso todas as situações que ocorrem fora do nosso entendimento da dicotomia espaço/tempo ou realizada em local vago ou indeterminado na terra. Tais fenômenos não obedecem às leis naturais que regem o planeta.

O Maravilhoso sempre foi e continua sendo um dos elementos mais importantes na literatura destinada às crianças. Através do prazer ou das emoções que as estórias lhes proporcionam, o simbolismo que está implícito nas tramas e personagens vai agir em seu inconsciente, atuando pouco a pouco para ajudar a resolver os conflitos interiores normais nessa fase da vida.

A Psicanálise afirma que os significados simbólicos dos contos maravilhosos estão ligados aos eternos dilemas que o homem enfrenta ao longo de seu amadurecimento emocional. É durante essa fase que surge a necessidade da criança em defender sua vontade e sua independência em relação ao poder dos pais ou à rivalidade com os irmãos ou amigos.

É nesse sentido que a Literatura Infantil e, principalmente, os contos de fadas podem ser decisivos para a formação da criança em relação a si mesma e ao mundo à sua volta. O maniqueísmo que divide as personagens em boas e más, belas ou feias, poderosas ou fracas, etc. facilita à criança a compreensão de certos valores básicos da conduta humana ou convívio social. Tal dicotomia, se transmitida através de uma linguagem simbólica, e durante a infância, não será prejudicial à formação de sua consciência ética.. O que as crianças encontram nos contos de fadas são, na verdade, categorias de valor que são perenes. O que muda é apenas o conteúdo rotulado de bom ou mau, certo ou errado.

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Lembra a Psicanálise, que a criança é levada a se identificar com o herói bom e belo, não devido à sua bondade ou beleza, mas por sentir nele a própria personificação de seus problemas infantis: seu inconsciente desejo de bondade e beleza e, principalmente, sua necessidade de segurança e proteção. Pode assim superar o medo que a inibe e enfrentar os perigos e ameaças que sente à sua volta, podendo alcançar gradativamente o equilíbrio adulto.

A área do Maravilhoso, da fábula, dos mitos e das lendas tem linguagem metafórica que se comunica facilmente com o pensamento mágico, natural das crianças.

Segundo a Psicanálise, os significados simbólicos dos contos maravilhosos estão ligados aos eternos dilemas que o homem enfrenta ao longo de seu amadurecimento emocional.

CRISTIANE MADANÊLO DE OLIVEIRA. "A IMPORTÂNCIA DO MARAVILHOSO NA LITERATURA INFANTIL" [online]Disponível na internet via WWW URL: http://www.graudez.com.br/litinf/marav.htmCapturado em 5/3/2009

Livros e Infância

As histórias infantis como forma de consciência de mundo

É no encontro com qualquer forma de Literatura que os homens têm a oportunidade de ampliar, transformar ou enriquecer sua própria experiência de vida. Nesse sentido, a Literatura apresenta-se não só como veículo de manifestação de cultura, mas também de ideologias.

A Literatura Infantil, por iniciar o homem no mundo literário, deve ser utilizada como instrumento para a sensibilização da consciência, para a expansão da capacidade e interesse de analisar o mundo. Sendo fundamental mostrar que a literatura deve ser encarada, sempre, de modo global e complexo em sua ambigüidade e pluralidade.

Até bem pouco tempo, em nosso século, a Literatura Infantil era considerada como um gênero secundário, e vista pelo adulto como algo pueril (nivelada ao brinquedo) ou útil (forma de entretenimento). A valorização da Literatura Infantil, como formadora de consciência dentro da vida cultural das sociedades, é bem recente.

Para investir na relação entre a interpretação do texto literário e a realidade, não há melhor sugestão do que obras infantis que abordem questões de nosso tempo e problemas universais, inerentes ao ser humano.

"Infantilizar" as crianças não cria cidadãos capazes de interferir na organização de uma sociedade mais consciente e democrática.

Fases normais no desenvolvimento da criança

O caminho para a redescoberta da Literatura Infantil, em nosso século, foi aberto pela Psicologia Experimental que, revelando a Inteligência como um elemento estruturador do universo que cada indivíduo constrói dentro de si, chama a atenção para os diferentes estágios de seu desenvolvimento (da infância à adolescência) e sua importância fundamental para a evolução e formação da

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personalidade do futuro adulto. A sucessão das fases evolutivas da inteligência (ou estruturas mentais) é constante e igual para todos. As idades correspondentes a cada uma delas podem mudar, dependendo da criança, ou do meio em que ela vive.

Primeira Infância: Movimento X Atividade (15/17 meses aos 3 anos)

Maturação, início do desenvolvimento mental; Fase da invenção da mão - reconhecimento da realidade pelo tato; Descoberta de si mesmo e dos outros; Necessidade grande de contatos afetivos; Explora o mundo dos sentidos; Descoberta das formas concretas e dos seres; Conquista da linguagem; Nomeação de objetos e coisas - atribui vida aos objetos; Começa a formar sua auto-imagem, de acordo com o que o adulto diz que ela é, assimilando, sem

questionamento, o que lhe é dito; Egocentrismo, jogo simbólico; Reconhece e nomeia partes do corpo; Forma frases completas; Nomeia o que desenha e constrói; Imita, principalmente, o adulto.

Segunda Infância: Fantasia e Imaginação (dos 3 aos 6 anos) Fase lúdica e predomínio do pensamento mágico; Aumenta, rapidamente, seu vocabulário; Faz muitas perguntas. Quer saber "como" e "por quê ?"; Egocentrismo - narcisismo; Não diferenciação entre a realidade externa e os produtos da fantasia infantil; Desenvolvimento do sentido do "eu"; Tem mais noção de limites (meu/teu/nosso/certo/errado); Tempo não tem significação - não há passado nem futuro, a vida é o momento presente; Muitas imagens ainda completando, ou sugerindo os textos; Textos curtos e elucidativos; Consolidação da linguagem, onde as palavras devem corresponder às figuras; Para Piaget, etapa animista, pois todas as coisas são dotadas de vida e vontade; O elemento maravilhoso começa a despertar interesse na criança.

Dos 6 aos 6 anos e 11 meses, aproximadamente Interesse por ler e escrever. A atenção da criança esta voltada para o significado das coisas; O egocentrismo está diminuindo. Já inclui outras pessoas no seu universo; Seu pensamento está se tornando estável e lógico, mas ainda não é capaz de compreender idéias totalmente

abstratas; Só consegue raciocinar a partir do concreto; Começa a agir cooperativamente; Textos mais longos, mas as imagens ainda devem predominar sobre o texto; O elemento maravilhoso exerce um grande fascínio sobre a criança.

Histórias para crianças (faixa etária / áreas de interesse / materiais / livros)

1 a 2 anos

A criança, nessa faixa etária, prende-se ao movimento, ao tom de voz, e não ao conteúdo do que é contado. Ela presta atenção ao movimento de fantoches e a objetos que conversam com ela. As histórias devem ser rápidas e curtas. O ideal é inventá-las na hora. Os livros de pano, madeira e plástico, também prendem a atenção. Devem ter, somente, uma gravura em cada página, mostrando

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coisas simples e atrativas visualmente. Nesta fase, há uma grande necessidade de pegar a história, segurar o fantoche, agarrar o livro, etc..

2 a 3 anos

Nessa fase, as histórias ainda devem ser rápidas, com pouco texto de um enredo simples e vivo, poucos personagens, aproximando-se, ao máximo, das vivências da criança. Devem ser contadas com muito ritmo e entonação. Tem grande interesse por histórias de bichinhos, brinquedos e seres da natureza humanizados. Identifica-se, facilmente, com todos eles. Prendem-se a gravuras grandes e com poucos detalhes. Os fantoches continuam sendo o material mais adequado. A música exerce um grande fascínio sobre ela. A criança acredita que tudo ao seu redor tem vida e vivência, por isso, a história transforma-se em algo real, como se estivesse acontecendo mesmo.

3 a 6 anos

Os livros adequados a essa fase devem propor "vivências radicadas" no cotidiano familiar da criança e apresentar determinadas características estilísticas.

Predomínio absoluto da imagem, (gravuras, ilustrações, desenhos, etc.), sem texto escrito, ou com textos brevíssimos, que podem ser lidos, ou dramatizados pelo adulto, a fim de que a criança perceba a inter-relação existente entre o "mundo real", que a cerca, e o "mundo da palavra", que nomeia o real. É a nomeação das coisas que leva a criança a um convívio inteligente, afetivo e profundo com a realidade circundante.

As imagens devem sugerir uma situação que seja significativa para a criança, ou que lhe seja, de alguma forma, atraente. A graça, o humor, um certo clima de expectativa, ou mistério são fatores essenciais nos livros para o pré-leitor. As crianças, nessa fase, gostam de ouvir a história várias vezes. É a fase de "conte outra vez".

Histórias com dobraduras simples, que a criança possa acompanhar, também exercem grande fascínio. Outro recurso é a transformação do contador de histórias com roupas e objetos característicos. A criança acredita, realmente, que o contador de histórias se transformou no personagem ao colocar uma máscara, chapéu, capa, etc..

Podemos enriquecer a base de experiências da criança, variando o material que lhe é oferecido. Materiais como massa de modelar e argila atraem a criança para novas experimentações. Por exemplo, a história do "Bonequinho Doce" sugere a confecção de um bonequinho de massa, e a história da "Galinha Ruiva" pode sugerir amassar e assar um pão. Assim como as histórias infantis, os contos de fadas têm um determinado momento para serem introduzidos no desenvolvimento da criança, variando de acordo com o grau de complexidade de cada história.

Os contos de fadas, tais como: "O Lobo e os Sete Cabritinhos", "Os Três Porquinhos", "Cachinhos de Ouro", "A Galinha Ruiva" e "O Patinho Feio" apresentam uma estrutura bastante simples e têm poucos personagens, sendo adequados à crianças entre 3 e 4 anos. Enquanto, "Chapeuzinho Vermelho", "O Soldadinho de Chumbo" (conto de Andersen), "Pedro e o Lobo", "João e Maria", "Mindinha" e o "Pequeno Polegar" são adequados a crianças entre 4 e 6 anos.

6 anos a 6 anos e 11 meses

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Os contos de fadas citados na fase anterior ainda exercem fascínio nessa fase. "Branca de Neve e os Sete Anões", "Cinderela", "A Bela Adormecida", "João e o Pé de Feijão", "Pinóquio" e "O Gato de Botas" podem ser contadas com poucos detalhes.

ResumoFaixa etária Textos Ilustrações Materiais

1 a 2 anosAs histórias devem ser rápidas e curtas

Uma gravura em cada página, mostrando coisas simples e atrativas visualmente

Livros de pano, madeira, e plástico. É recomendado o uso de fantoches

2 a 3 anos

As histórias devem ser rápidas, com pouco texto de um enredo simples e vivo, poucos personagens, aproximando-se, ao máximo das vivências da criança

Gravuras grandes e com poucos detalhes

Os fantoches continuam sendo o material mais adequado. Música também exerce um grande fascínio sobre a criança

3 a 6 anosOs livros adequados a essa fase devem propor vivências radicadas no cotidiano familiar da criança.

Predomínio absoluto da imagem, sem texto escrito ou com textos brevíssimos.

Livros com dobraduras simples. Outro recurso é a transformação do contador de histórias com roupas e objetos característicos. A criança acredita, realmente, que o contador de histórias se transformou no personagem ao colocar uma máscara.

6 ou 7 anos (fase de alfabetização)

Trabalho com figuras de linguagem que explorem o som das palavras. Estruturas frasais mais simples sem longas construções. Ampliação das temáticas com personagens inseridas na coletividade, favorecendo a socialização, sobretudo na escola.

Ilustração deve integrar-se ao texto a fim de instigar o interesse pela leitura. Uso de letras ilustradas, palavras com estrutura dimensiva diferenciada e explorando caráter pictórico.

Excelente momento para inserir poesia, pois brinca com palavras, sílabas, sons. Apoio de instrumentos musicais ou outros objetos que produzam sons. Materiais como massinha, tintas, lápis de cor ou cera podem ser usados para ilustrar textos.

CRISTIANE MADANÊLO DE OLIVEIRA. "LIVROS E INFÂNCIA" [online]Disponível na internet via WWW URL: http://www.graudez.com.br/litinf/livros.htmCapturado em 5/3/2009

Estudo das diversas modalidades de textos infantis Fábulas Contos de Fadas Lendas Poesia

Fábulas (do latim- fari - falar e do grego - Phao - contar algo)Narrativa alegórica de uma situação vivida por animais, que referencia uma situação humana e tem por objetivo transmitir moralidade. A exemplaridade desses textos espelha a moralidade social da época e o caráter pedagógico que encerram. É oferecido, então, um modelo de comportamento maniqueísta; em que o "certo" deve ser copiado e o "errado", evitado. A importância dada à moralidade era tanta que os copistas da Idade Média escreviam as lições finais das fábulas com letras vermelhas ou douradas para destacar.A presença dos animais deve-se, sobretudo, ao convívio mais efetivo entre homens e animais naquela época. O uso constante da natureza e dos animais para a alegorização da existência humana aproximam o público das "moralidades". Assim apresentam similaridade com a proposta das parábolas bíblicas.Algumas associações entre animais e características humanas, feitas pelas fábulas, mantiveram-se fixas em várias histórias e permanecem até os dias de hoje.

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leão - poder real lobo - dominação do mais forte raposa - astúcia e esperteza cordeiro - ingenuidade

A proposta principal da fábula é a fusão de dois elementos: o lúdico e o pedagógico. As histórias, ao mesmo tempo que distraem o leitor, apresentam as virtudes e os defeitos humanos através de animais. Acreditavam que a moral, para ser assimilada, precisava da alegria e distração contida na história dos animais que possuem características humanas. Desta maneira, a aparência de entretenimento camufla a proposta didática presente.A fabulação ou afabulação é a lição moral apresentada através da narrativa. O epitímio constitui o texto que explicita a moral da fábula, sendo o cerne da transmissão dos valores ideológicos sociais.Acredita-se que esse tipo de texto tenha nascido no século XVIII a.C., na Suméria. Há registros de fábulas egípcias e hindus, mas atribui-se à Grécia a criação efetiva desse gênero narrativo. Nascido no Oriente, vai ser reinventado no Ocidente por Esopo (Séc. V a.C.) e aperfeiçoado, séculos mais tarde, pelo escravo romano Fedro (Séc. I a.C.) que o enriqueceu estilisticamente. Entretanto, somente no século X, começaram a ser conhecidas as fábulas latinas de Fedro.Ao francês Jean La Fontaine (1621/1692) coube o mérito de dar a forma definitiva a uma das espécies literárias mais resistentes ao desgaste dos tempos: a fábula, introduzindo-a definitivamente na literatura ocidental. Embora tenha escrito originalmente para adultos, La Fontaine tem sido leitura obrigatória para crianças de todo mundo.Podem-se citar algumas fábulas imortalizadas por La Fontaine: "O lobo e o cordeiro", "A raposa e o esquilo", "Animais enfermos da peste", "A corte do leão", "O leão e o rato", "O pastor e o rei", "O leão, o lobo e a raposa", "A cigarra e a formiga", "O leão doente e a raposa", "A corte e o leão", "Os funerais da leoa", "A leiteira e o pote de leite".O brasileiro Monteiro Lobato dedica um volume de sua produção literária para crianças às fábulas, muitas delas adaptadas de Fontaine. Dessa coletânea, destacam-se os seguintes textos: "A cigarra e a formiga", "A coruja e a águia", "O lobo e o cordeiro", "A galinha dos ovos de ouro" e "A raposa e as uvas".

Contos de Fadas

Quem lê "Cinderela" não imagina que há registros de que essa história já era contada na China, durante o século IX d. C.. E, assim como tantas outras, tem-se perpetuado há milênios, atravessando toda a força e a perenidade do folclore dos povos, sobretudo, através da tradição oral.Pode-se dizer que os contos de fadas, na versão literária, atualizam ou reinterpretam, em suas variantes questões universais, como os conflitos do poder e a formação dos valores, misturando realidade e fantasia, no clima do "Era uma vez...".Por lidarem com conteúdos da sabedoria popular, com conteúdos essenciais da condição humana, é que esses contos de fadas são importantes, perpetuando-se até hoje. Neles encontramos o amor, os medos, as dificuldades de ser criança, as carências (materiais e afetivas), as auto-descobertas, as perdas, as buscas, a solidão e o encontro.Os contos de fadas caracterizam-se pela presença do elemento "fada". Etimologicamente, a palavra fada vem do latim fatum (destino, fatalidade, oráculo).Tornaram-se conhecidas como seres fantásticos ou imaginários, de grande beleza, que se apresentavam sob forma de mulher. Dotadas de virtudes e poderes sobrenaturais, interferem na vida dos homens, para auxiliá-los em situações-limite, quando já nenhuma solução natural seria possível.

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Podem, ainda, encarnar o Mal e apresentarem-se como o avesso da imagem anterior, isto é, como bruxas. Vulgarmente, se diz que fada e bruxa são formas simbólicas da eterna dualidade da mulher, ou da condição feminina.O enredo básico dos contos de fadas expressa os obstáculos, ou provas, que precisam ser vencidas, como um verdadeiro ritual iniciático, para que o herói alcance sua auto-realização existencial, seja pelo encontro de seu verdadeiro "eu", seja pelo encontro da princesa, que encarna o ideal a ser alcançado.

Estrutura básica dos contos de fadas Início - nele aparece o herói (ou heroína) e sua dificuldade ou restrição. Problemas

vinculados à realidade, como estados de carência, penúria, conflitos, etc., que desequilibram a tranqüilidade inicial;

Ruptura - é quando o herói se desliga de sua vida concreta, sai da proteção e mergulha no completo desconhecido;

Confronto e superação de obstáculos e perigos - busca de soluções no plano da fantasia com a introdução de elementos imaginários;

Restauração - início do processo de descobrir o novo, possibilidades, potencialidades e polaridades opostas;

Desfecho - volta à realidade. União dos opostos, germinação, florescimento, colheita e transcendência.

Lendas (do latim legenda/legen - ler)Nas primeiras idades do mundo, os seres humanos não escreviam, mas conservavam suas lembranças na tradição oral. Onde a memória falhava, entrava a imaginação para suprir-lhe a falta. Assim, esse tipo de texto constitui o resumo do assombro e do temor dos seres humanos diante do mundo e uma explicação necessária das coisas da vida. A lenda é uma narrativa baseada na tradição oral e de caráter maravilhoso, cujo argumento é tirado da tradição de um dado lugar. Sendo assim, relata os acontecimentos numa mistura entre referenciais históricos e imaginários. Um sistema de lendas que tratem de um mesmo tema central constituem um mito (mais abrangente geograficamente e sem fixação no tempo e no espaço).A respeito das lendas, registra o folclorista brasileiro Câmara Cascudo no livro Literatura Oral no Brasil:Iguais em várias partes do mundo, semelhantes há dezenas de séculos, diferem em pormenores, e essa diferenciação caracteriza, sinalando o típico, imobilizando-a num ponto certo da terra. Sem que o documento histórico garanta veracidade, o povo ressuscita o passado, indicando as passagens, mostrando, como referências indiscutíveis para a verificação racionalista, os lugares onde o fato ocorreu.

CASCUDO, 1978 , p. 51

A lenda tem caráter anônimo e, geralmente, está marcada por um profundo sentimento de fatalidade. Tal sentimento é importante, porque fixa a presença do Destino, aquilo contra o que não se pode lutar e demonstra o pensamento humano dominado pela força do desconhecido.O folclore brasileiro é rico em lendas regionais. Destacam-se entre as lendas brasileiras os seguintes títulos: "Boitatá", "Boto cor-de-rosa", "Caipora ou Curupira", "Iara", "Lobisomem", "Mula-sem-cabeça", "Negrinho do Pastoreio", "Saci Pererê" e "Vitória Régia".Nas primeiras idades do mundo, os homens não escreviam. Conservavam suas lembranças na tradição oral. Onde a memória falhava, entrava a imaginação para supri-la e a imaginação era o que povoava de seres o seu mundo.Todas as formas expressivas nasceram, certamente, a partir do momento em que o homem sentiu necessidade de procurar uma explicação qualquer para os fatos que aconteciam a seu redor: os

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sucessos de sua luta contra a natureza, os animais e as inclemências do meio ambiente, uma espécie de exorcismo para espantar os espíritos do mal e trazer para sua vida os atos dos espíritos do bem.A lenda, em especial as mitológicas, constitui o resumo do assombro e do temor do homem diante do mundo e uma explicação necessária das coisas. A lenda, assim, não é mais do que o pensamento infantil da humanidade, em sua primeira etapa, refletindo o drama humano ante o outro, em que atuam os astros e meteoros, forças desencadeadas e ocultas.A lenda é uma forma de narrativa antiqüíssima, cujo argumento é tirado da tradição. Relato de acontecimentos, onde o maravilhoso e o imaginário superam o histórico e o verdadeiro.Geralmente, a lenda está marcada por um profundo sentimento de fatalidade. Este sentimento é importante, porque fixa a presença do Destino, aquilo contra o que não se pode lutar e demonstra, irrecusavelmente, o pensamento do homem dominado pela força do desconhecido.De origem muitas vezes anônima, a lenda é transmitida e conservada pela tradição oral.

PoesiaO gênero poético tem uma configuração distinta dos demais gêneros literários. Sua brevidade, aliada ao potencial simbólico apresentado, transforma a poesia em uma atraente e lúdica forma de contato com o texto literário.Há poetas que quase brincam com as palavras, de modo a cativar as crianças que ouvem, ou lêem esse tipo de texto. Lidam com toda uma ludicidade verbal, sonora e musical, no jeito como vão juntando as palavras e acabam por tornar a leitura algo muito divertido.Como recursos para despertar o interesse do pequeno leitor, os autores utilizam-se de rimas bem simples e que usem palavras do cotidiano infantil; um ritmo que apresente certa musicalidade ao texto; repetição, para fixação da idéias, e melhor compreensão dentre outros.Pode-se refletir, acerca da receptividade das crianças à poesia, lendo as considerações de Jesualdo:(...) a criança tem uma alma poética. E é essencialmente criadora. Assim, as palavras do poeta, as que procuraram chegar até ela pelos caminhos mais naturais, mesmo sendo os mais profundos em sua síntese, não importa, nunca serão melhor recebidas em lugar algum do que em sua alma, por ser mais nova, mais virgem (...)

CRISTIANE MADANÊLO DE OLIVEIRA. "ESTUDO DAS DIVERSAS MODALIDADES DE TEXTOS INFANTIS" [online]Disponível na internet via WWW URL: http://www.graudez.com.br/litinf/textos.htmCapturado em 5/3/2009

AUTORES

Esopo (+/- 620 a. C.)

Célebre fabulista grego, provavelmente nascido pelo ano de 620 a. C.Segundo o historiador Heródoto, Esopo teria nascido na Trácia, região da Ásia Menor, tornando-se escravo na Grécia. Outro hstoriador, Heráclites do Ponto, afirma ser o roubo de um objeto sagrado a causa da morte do fabulista. Como era costume no caso de sacrilégios, Esopo teria sido atirado do alto de um rochedo.Discute-se a sua existência real, assim como acontece com Homero. Assim, há ainda alguns detalhes atribuídos à biografia de Esopo, cuja veracidade não se pode comprovar: seria aleijado, dificuldades de fala e seria um protegido do rei Creso. Levanta-se a possibilidade de a obra esopiana ser uma compilação de fábulas ditadas pela sabedoria popular da antiga Grécia. Seja lá como for, o realmente importante é a imortalidade das fábulas a ele atribuídas.

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As primeiras versões escritas das fábulas de Esopo datam do séc. III d. C. Muitas traduções foram feitas para várias línguas, não existindo uma versão que se possa afirmar ser mais próxima da primordial. Destaca-se, entre os estudiosos da obra esopiana, Émile Chambry, profundo conhecedor da língua e da cultura gregas. Chambry publicou, em 1925, Aesopi - Fabulae em que trabalha com 358 fábulas.Características das fábulas esopianas:

narrativas, geralmente, curtas, bem-humoradas e relacionadas ao cotidiano encerram em si uma linguagem simples, pois dirigem-se ao povo apresentam-se repetições vocabulares num texto em prosa contêm simples conselhos sobre lealdade, generosidade e as virtudes do trabalho a moral é representada por um pensamento, nem sempre relacionado diretamente à narrativa personagens são, basicamente, animais que apresentam comportamento humano

Alguns títulos das fábulas:

A lebre e a tartaruga O sapo e o boi O lobo e a cegonha A reunião geral dos ratos O leão apaixonado A queixa do pavão O galo e a raposa

Hans Christian Andersen (1805-1875)

Célebre poeta e novelista dinamarquês, nascido em 2 de abril de 1805. Era pobre, meio desajeitado e alto demais para sua idade quando criança. Há a hipótese de que, ao escrever "O patinho feio", o autor tenha se inspirado em sua própria infância.Andersen nasce no mesmo ano em que Napoleão Bonaparte obtinha suas primeiras vitórias decisivas. Assim, desde menino, vai respirar a atmosfera de exaltação nacionalista. A Dinamarca também se entrega à descoberta dos valores ancestrais, não com o espírito de auto-afirmação política, mas no sentido étnico, de revelar o caráter da raça. Tal como fizeram os Irmãos Grimm. Andersen foi um escritor que se preocupou, essencialmente, com a sensibilidade exaltada pelo Romantismo.Entre os títulos mais divulgados de sua obra estão: "O patinho feio"; "O soldadinho de chumbo"; "A roupa nova do Imperador", "A sereiazinha" e "João e Maria".Embora entre suas estórias haja muitas que se desenrolam no mundo fantástico da imaginação, a maioria está presa ao cotidiano. Andersen teve a oportunidade de conhecer bem os contrastes da abundância organizada, ao lado da miséria sem horizontes. Ele mesmo pertenceu a essa faixa social. Andersen vai tornar mais explícitos os padrões de comportamento exigidos pela Sociedade Patriarcal, Liberal, Cristã, Burguesa que então se consolidavam. A par desses valores éticos, sociais, políticos e culturais ... que regem a vida dos homens em sociedade, Andersen insiste, também, no comportamento cristão que devia nortear pensamentos e ações da humanidade, para ganhar o céu...Foi, assim, a primeira voz autenticamente romântica a contar estórias para as crianças e a sugerir-lhes padrões de comportamento a serem adotados pela nova sociedade que se organizava. Na ternura que ele demonstra, em suas estórias, pelos pequenos e desvalidos, encontramos a generosidade humanista e o espírito de caridade próprios do Romantismo. No confronto constante que Andersen estabelece entre o poderoso e o desprotegido, o forte e o fraco, mostrando não só a injustiça do poder explorador, como, também, a superioridade humana do explorado, vemos a funda consciência de que todos os homens devem ter direitos iguais.é considerado o precursor da literatura infantil mundial. Em função da data de seu nascimento, comemora-se em 2 de abril o Dia Internacional do Livro Infanto-Juvenil. O prêmio internacional

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mais importânte na literatura infanto-juvenil é conferido pela International Board on Books fou Young People - IBBY. Esta premiação é representada pela medalha Hans Christian Andersen. Em 1982, Lygia Bojunga foi a primeira representante brasileira a ser contemplada com esta medalha.

Irmãos Grimm: Jacob e Wilhelm (entre 1785 e 1863)

Inseridos num contexto histórico alemão de resistência às conquistas napoleônicas; os Irmãos Grimm recolhem, diretamente da memória popular, as antigas narrativas, lendas ou sagas germânicas, conservadas por tradição oral. Buscando encontrar as origens da realidade histórica germânica, os pesquisadores encontram a fantasia, o fantástico, o mítico em temas comuns da época medieval. Então uma grande Literatura Infantil surge para encantar crianças de todo o mundo.Tinham dois objetivos básicos com a pesquisa:

levantamento de elementos lingüísticos para fundamentação dos estudos filológicos da língua alemã;

fixação dos textos do folclore literário germânico, expressão autêntica do espírito da raça. O primeiro manuscrito da compilação de histórias data de 1810 e apresentava 51 narrativas. Em sua primeira edição, a compilação foi intitulada "Histórias das crianças e do lar" e já contava com mais algumas histórias. A qüinquagésima edição, última com os autores vivos, já totalizava 181 narrativas. Algumas dessas estórias são de fundo europeu comum, tendo sido também recolhidas por Perrault, no séc. XVII, na França (o que remete à existência de uma fonte comum).Na tradição oral, as histórias compiladas não eram destinadas ao público infantil e sim aos adultos. Foram os Irmãos Grimm que dedicaram-nas às crianças por sua temática mágica e maravilhosa. Fundiram, assim, esses dois universos: o popular e o infantil. O título escolhido para a coletânea "Histórias das crianças e do lar" já evidencia uma proposta educativa. Alguns temas considerados mais cruéis ou imorais foram descartados do manuscrito de 1810.O Romantismo trouxe ao mundo um sentido mais humanitário. Assim, a violência (presente nos Contos de Perrault) cede lugar a um humanismo, onde se destaca o sentido do maravilhoso da vida. Perpassam pelas histórias, de forma suave, duas temáticas em especial: a solidariedade e o amor ao próximo. A despeito dos aspectos negativos que continuam presentes nessas estórias, o que predomina, sempre, é a esperança e a confiança na vida.Ex: Confrontando os finais da estória do "Chapeuzinho Vermelho"; em Perrault (que termina com o lobo devorando a menina e a avó) e em Grimm (onde o caçador chega, abre a barriga do lobo, deixando que as duas vivam vivas e felizes; enquanto o lobo morria com a barriga cheia de pedras que o caçador ali colocou...).Vários críticos afirmam serem as histórias dos Grimm incentivadoras do conformismo e da submissão. Ainda assim, a permanência dessas narrativas, oriundas da tradição oral, justificam o destaque conferido a estes autores alemães.Nos Contos de Grimm não há, propriamente, contos-de-fadas, distribuem-se em:

contos-de-encantamento (estórias que apresentam metamorfoses, ou transformações, por encantamento, a maioria);

contos maravilhosos (estórias que apresentam o elemento mágico, sobrenatural, integrado naturalmente nas situações apresentadas);

fábulas (estórias vividas por animais, algumas); lendas (estórias ligadas ao princípio dos tempos, ou da comunidade, e onde o mágico

aparece como "milagre" ligado a uma divindade); contos de enigma ou mistério (estórias que têm como eixo um enigma a ser desvendado); contos jocosos (humorísticos ou divertidos).

A característica básica de tais narrativas (qualquer que seja sua espécie literária) é a de apresentar uma problemática simples: um só núcleo dramático.A repetição, ou reiteração, juntamente com a simplicidade de problemática e da estrutura narrativa, é outro elemento constitutivo básico dos contos populares. Da mesma forma que a elementaridade, ou simplicidade da mente popular, ou da infantil, repudia as estruturas narrativas complexas (devido

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à dificuldade de compreensão imediata que elas apresentam), também se desinteressam da matéria literária que apresente excessiva variedade, ou novidades que alterem continuamente as estruturas básicas já conhecidas.Essa reiteração dos mesmos esquemas, na literatura popular-infantil, vai, pois, ao encontro da exigência interior de seus leitores: apreciarem a repetição das "situações conhecidas", porque isso permite o prazer de conhecer, por antecipação, tudo o que vai acontecer na estória. E mais, dominando, a priori, a marcha dos acontecimentos, o leitor sente-se seguro interiormente. é como se pudesse dominar a vida que flui e lhe escapa ...

Monteiro Lobato (1882-1948)

Lobato: um expoente brasileiroFoi Lobato que, fazendo a herança do passado submergir no presente, encontrou o novo caminho criador de que a Literatura Infantil brasileira estava necessitando.Seu sucesso imediato entre os pequenos leitores ocorreu de um primeiro e decisivo fator: a realidade comum e familiar à criança, em seu cotidiano, é, subitamente, penetrada pelo maravilhoso, com a mais absoluta verossimilhança e naturalidade. Com o crescimento e enriquecimento do fabuloso mundo de suas personagens, o maravilhoso passa a ser o elemento integrante do real. Assim é que personagens "reais" (Lúcia, Pedrinho, D. Benta, Tia Nastácia, etc.) têm o mesmo valor das personagens "inventadas" (Emília, Visconde de Sabugosa e todas as personagens que povoam o universo literário lobatiano).A vasta produção de Lobato, na área de Literatura Infantil, engloba obras originais, adaptações e traduções. Dentre os originais estão: "A Menina do Nariz Arrebitado"; "O Saci"; "Fábulas do Marquês de Rabicó"; "Aventuras do Príncipe"; "Noivado de Narizinho"; "O Pó de Pirlimpimpim"; "Reinações de Narizinho"; "As Caçadas de Pedrinho"; "Emília no País da Gramática"; "Memórias da Emília"; "O Poço do Visconde"; "O Picapau Amarelo" e "A Chave do Tamanho".Nas adaptações, Lobato preocupou-se com um duplo objetivo: levar às crianças o conhecimento da tradição, o conhecimento do acervo herdado e que lhes caberá transformar; e também questionar, com elas, as verdades feitas, os valores e não-valores que o tempo cristalizou e que cabe ao presente redescobrir e renovar. Nesse sentido, merecem destaque: "D. Quixote das Crianças"; "O Minotauro" e a mitologia grega na série "Os Doze Trabalhos de Hércules".Seu trabalho como tradutor foi extremamente fecundo, foram numerosíssimas as obras importantes traduzidas, das quais merecem especial relevo: "Alice no País das Maravilhas" de Lewis Carroll; "O Lobo e o Mar" de Jack London; "Pollyana" e "Pollyana Moça" de Eleanor Porter; "Novos Contos" de Andersen e "Contos de Fadas" de Perrault.A genialidade e singularidade de Monteiro Lobato foi mostrar o maravilhoso como possível de ser vivido por qualquer um. Com a mistura do mundo imaginário com a realidade concreta, ele mostra, no mundo cotidiano, a possibilidade de ali acontecerem aventuras maravilhosas que, em geral, só eram possíveis nos contos de fadas, ou no mundo da fábula, e, mesmo assim, vividas por seres extraordinários.Se há algo que Lobato sempre recusou em seus textos foi o sentimentalismo tão em voga em sua época. Substituiu-o pela irreverência gaiata, pelo humor e pela ironia. Também nas muitas adaptações que fez de livros clássicos da Literatura Infantil, eliminou a sentimentalidade piegas.Emília é a personagem mais importante para se compreender o universo lobatiano. Ela revela-se como o protótipo-mirim do "super-homem", com sua vontade e domínio, além de exacerbado individualismo. Como intenção de valorização, aparece o espírito líder que caracteriza a boneca, a obstinação com que ela sabe querer as coisas, ou como mantém seus pontos de vistas e opiniões. Positiva, também, são sua incessante mobilidade e sua curiosidade aberta para tudo. Com intenção de sátira dos desmandos sociais, apresenta-se o consciente despotismo com que Emília age em certos momentos.

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Ziraldo (1932 - )

O mineiro de Caratinga Ziraldo Alves Pinto nasceu no dia 24 de outubro de 1932. Apesar da idade e dos cabelos grisalhos, o escritor e ilustrador mantém até hoje o espírito do menino maluquinho que virou um cara legal.O mundo das letras não é novidade para ele, pois desde a infância a leitura o fascinava. Na escola, no interior de Minas, era ótimo aluno. Até o seu nome advém de um jogo de palavras, pois foi constituído a partir das sílabas dos nomes dos pais: Zizinha e Geraldo.Na década de 50, começou a trabalhar em jornais e revistas, mas foi nos anos 60 que aflorou o escritor, com o surgimento da revista A turma do Pererê. Um marco em sua carreira e na história do Brasil foi a criação do conhecido jornal O pasquim, que durou 20 anos e marcou época. Com o grupo de O pasquim, Ziraldo manifestava o inconformismo diante de atitudes principalmente da ditadura militar que vigia no Brasil da época. Ex-editor de jornal, chargista, quadrinista, cartunista, atualmente, é escritor/ilustrador e faz inúmeras palestras para professores, alunos e leitores em geral. A obra de Ziraldo mescla palavras e imagens de forma harmônica e convida o leitor à reflexão sobre a realidade. Por vezes, o olhar é conduzido para simples partes do corpo como o umbigo Rolim e o joelho Juvenal que se tornaram personagens principais de estórias. A proposta principal é que uma parte do corpo, por menor que seja, pode sozinha não parecer tão importante, mas no conjunto do funcionamento ela se torna fundamental. Com certeza, manifesta-se nessa perspectiva o posicionamento político e democrático que marca a obra desse escritor maluquinho.

Algumas obras:

1. A bela borboleta (parceria com Zélio Alves Pinto) (1990) 2. A bola quiquica 3. A bonequinha de pano 4. A casinha pequenina 5. A dieta do D (1991) 6. A fábula das três cores (1985) 7. A história do A (1990) 8. A história do Galileu (1985) 9. A história do I que engoliu o pinguinho (1990)10. O Menino maluquinho

Ana Maria Machado (1942 - )

A carioca Ana Maria Machado nasceu em 1942 no morro de Santa Teresa e cresceu nas areias de Ipanema. Antes de se entregar ao mundo das letras, iniciou a faculdade de Geografia e dedicou-se à pintura num curso que fez no Museu de Arte Moderna no Rio.

As férias de infância junto com os primos e a casa repleta de livros foram marcos importantes na sua formação enquanto escritora. Como ela mesma já declarou várias vezes, ela vive inventando histórias, algumas ganham vida em papel e muitas delas transformaram-se em livros, aliás muitos livros (mais de 100). Como uma das principais figuras da revista Recreio, no começo dos anos 70, teve participação efetiva na mudança do tratamento dado aos textos infantis, numa continuidade à proposta lobatiana.

Ana Maria Machado foi professora, jornalista, dona da livraria Malasartes, já fez programa de rádio e hoje vive da e para a literatura. A produção de textos que o público infantil também pode ler foi a origem da fama dessa escritora. A versatilidade da atual ocupante da cadeira de número 1 da Academia Brasileira de Letras revela-se em seus romances e textos teóricos. No ano de

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2000, Ana Maria Machado recebeu, pelo conjunto de sua obra, o prêmio internacional Hans Christian Andersen, considerado Nobel da literatura para crianças e jovens. Os prêmios multiplicam-se e retratam a qualidade literária não restrita à obra dita infantil de Ana Maria Machado.

Tal qual Raul, um de seus personagens mais famosos, Ana não conseguiu manter-se omissa diante das imposições da ditadura militar e foi presa em 1969. Diante da pressão política, exilou-se voluntariamente e trabalhou basicamente como jornalista. O protesto em relação ao poder imposto é uma constante em suas obras. Em seu livro Contracorrente: conversas sobre leitura e política (1999), ela assume esse posicionamento contestatório:

Sou mesmo contra a corrente. Contra toda e qualquer corrente, aliás. Contra os elos de ferro que formam cadeias e servem para impedir o movimento livre. E contra a correnteza que na água tenta nos levar para onde não queremos ir. No fundo, tenho lutado contra correntes a vida toda. E remado contra a corrente, na maioria das vezes. Quando as maiorias começam a virar uma avassaladora uniformidade de pensamento, tenho um especial prazer em imaginar como aquilo poderia ser diferente.

p. 7

O primeiro livro infantil publicado foi Bento-que-bento-é-o-frade, que recebeu um prêmio da Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil - FNLIJ. Nessa obra, o personagem principal, Nita, questiona o que a cerca, principalmente o considerado "natural". Como uma projeção de si mesma, a menina Nita, ou Anita, viaja ao país dos Prequetés e traz de lá não só questionamentos mas também a esperança de mudanças.

Algumas obras:

1. A arara e o guaraná (1995) 2. A batalha dos monstros e das fadas (2004) 3. A descoberta da América Latina (1998) 4. A galinha que criava um ratinho (1995) 5. A grande aventura de Maria Fumaça (2003) 6. A jararaca, a perereca e a tiririca (1998) 7. A maravilhosa ponte do meu irmão (2000) 8. A princesa que escolhia (2006)

CRISTIANE MADANÊLO DE OLIVEIRA. "A LITERATURA INFANTIL" [online]Disponível na internet via WWW URL: http://www.graudez.com.br/litinf/origens.htmCapturado em 5/3/2009

CULTURA POPULAR

PARLENDAS e TRAVA-LÍNGUAS

PARLENDAS e TRAVA-LÍNGUAS fazem parte das manifestações orais da

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cultura popular.São elementos do folclore brasileiro, assim como as lendas, os acalantos, as adivinhas e os contos.

PARLENDA [ou parlanda ou parlenga] tem origem em "parolar", "parlar", que significam "falar muito", "tagarelar", "conversar bobagens", "conversar sem compromisso". Falatório, palavreado, declamação infantil.

Em Portugal é chamada de "cantilena", "lengalenga", embora esses nomes também signifiquem "narração monótona, cantiga enfadonha, ladainha".

É um conjunto de palavras com pouco ou nenhum nexo e importância, de caráter lúdico, muito usadas em rimas infantis, em versos curtos, ritmo fácil, com a função de divertir, ajudar na memorização, compor uma brincadeira. Pode ser destinada à fixação de números, dias da semana, cores,dentre outros assuntos. Exemplos:

"Jacaré foi ao mercadonão sabia o que comprarcomprou uma cadeirinhapara comadre se sentarA comadre se sentouA cadeira esborrachouJacaré chorou, chorouO dinheiro que gastou";

"Dedo Mindinho Seu vizinho, Maior de todos Fura-bolos Cata-piolhos.";

""Hoje é Domingo,pede cachimboO cachimbo é de ouro,Bate no touro,O touro é valente,Bate na gente,A gente é fraco,Cai no buraco,O buraco é fundo,acabou-se o mundo.";

"Um, dois, feijão com arrozTrês, quatro, feijão no pratoCinco, seis, falar inglêsSete, oito, comer biscoitoNove, dez, comer pastéis";

"Cadê o toucinho que estava aqui? - O rato comeu.

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Cadê o rato? - O gato comeu. Cadê o gato? - Fugiu pro mato. Cadê o mato? O fogo queimou. - Cadê o fogo? - A água apagou. Cadê a água? - O boi bebeu. - Cadê o boi? - Está moendo trigo. Cadê o trigo? - O padre comeu. Cadê o padre? - Está rezando missa. Cadê a missa? - A missa acabou.";

"Lá na rua 24, a mulher matou um gato, com a sola do sapato. O sapato estremeceu, a mulher morreu, o culpado não fui eu."

" Uni, duni, tê,Salamê, minguê.O sorvete é colorê,O escolhido foi você!"

TRAVA-LÍNGUA: espécie de jogo verbal que consiste em dizer, com clareza e rapidez, versos ou frases com grande concentração de sílabas difíceis de pronunciar, ou de sílabas formadas com os mesmos sons, mas em ordem diferente. É uma modalidade de parlenda. Trata-se de uma brincadeira onde se pede que a pessoa repita uma dada seqüência, de forma rápida, várias vezes, para testar a "agilidade" da língua. Como isso costuma provocar dificuldade de dicção ou paralisia da língua ( = "trava-língua"), diverte e provoca disputa lúdica para saber quem se sai melhor nessa brincadeira. Às vezes é quase impossível pronunciá-las sem tropeço. O que motiva pessoas a repetir os trava-línguas, principalmente crianças, é o desafio de reproduzi-los sem errar, o que requer atenção, ritmo e agilidade orais. São usados também de forma técnica por atores, cantores e professores como exercícios de foniatria e impostação de voz .

Exemplo: Tente repetir a frase rapidamente, 3 vezes, sem se atrapalhar! "O rato roeu a roupa do rei de Roma e o rei de Roma, rouco de raiva, roeu a roupa do rato de Roma."

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PROPOSTA

Diga 3 vezes, sem tomar fôlego e sem tropeçar, essas seqüências:

"Casa suja, chão sujo"

"Três pratos de trigo para três tigres tristes."

“Bagre branco, branco bagre.”

"Enquanto Orsine bala dava, o sino badalava."

"Quem a paca cara compra, caro a paca pagará."

Conseguiu? Treine!

RELAÇÃO DE TRAVA-LÍNGUAS CONHECIDOS:

"Cinco bicas, cinco pipas, cinco bombas.Tira da boca da bica, bota na boca da bomba. "

" Se a liga me ligasse, eu também ligava a liga .Como a liga não me liga, eu também não ligo a liga."

"Sabia que a mãe do sabiá sabia que sabiá sabia assobiar?"

"Porco crespo, toco preto."

"Tacho sujo, chuchu chocho."

"Chega de cheiro de cera suja!"

"Norma nina o nenê de Neuza."

"A babá boba bebeu o leite do bebê."

"Um limão, dois limões, meio limão."

"Aranha, ararinha, ariranha, aranhinha."

"A fiadeira fia a farda do filho do feitor Felício."

"A chave do chefe Chaves, está no chaveiro."

"O Juca ajuda: encaixa a caixa, agacha, engraxa."

"A rua de paralelepípedo é toda paralelepipedada."

"A aranha arranha o jarro, o jarro a aranha arranha."

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"Farofa feita com muita farinha fofa, faz uma fofoca feia."

"Minha mãe é de Jaguamimbaba, mas eu nasci em Jaguanambi."

"O caju do Juca e a jaca do cajá. O jacá da Juju e o caju do Cacá."

"O rei de Roma ruma a Madri. "

"O rato roeu o rabo da raposa."

"Rosa vai dizer à Rita que o rato roeu a roupa da rainha."

“Chuva e sol, casamento de espanhol. Sol e chuva, casamento de viúva."

"Quando toca a retreta, na praça repleta, se cala o trombone, se toca a trombeta."

"No vaso tinha uma aranha e uma rã. A rã arranha a aranha. A aranha arranha a rã. "

"- Alô, o tatu taí? - Não, o tatu num tá. Mas a mulher do tatu tando é o mesmo que o tatu tá."

"Tecelão tece o tecido, em sete sedas de Sião. Tem sido a seda tecida, na sorte do tecelão."

"Tigelinha de água fria, que caiu da prateleira, foi nos olhos de Maria, que chorou segunda-feira."

"Corrupaco, papaco, a mulher do macaco, ela pita, ela fuma, ela toma tabaco, no sovaco do macaco."

"O doce perguntou ao doce, qual é o doce mais doce e o doce respondeu ao doce, que o doce mais doce, é o doce de batata-doce."

"O macaco foi à feira, não sabia o que comprar, comprou uma cadeira, pra comadre se sentar. A cadeira esborrachou, coitada da comadre, foi parar no corredor."

"Olha o sapo dentro do saco. O saco com o sapo dentro. O sapo batendo papo. E o papo soltando o vento."

"Pia o pinto, a pia pinga.”

“O pinto pia, a pia pinga. Quanto mais o pinto pia, mais a pia pinga”.

"A pia perto do pinto, o pinto perto da pia, tanto mais a pia pinga, mais o pio pinta."

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" A pia pinga, o pinto pia, pinga a pia, pia o pinto, o pinto perto da pia, a pia perto do pinto."

"Atrás da pia tem um prato, um pinto e um gato. Pinga a pia, apara o prato, pia o pinto e mia o gato"

"Tem uma tatu-peba, com sete tatu-pebinha. Quem destatupebá ela, bom destatupebador será. "

"No cume daquele morro, tem uma cobra enrodilhada. Quem a cobra desenrodilhá, bom desenrodilhadô será."

“No morro chato, tem uma moça chata, com um tacho chato, no chato da cabeça. Moça chata, esse tacho chato é seu?”

“Um ninho de carrapatos, cheio de carrapatinhos, qual o bom carrapateador, que o descarrapateará?”

"Um ninho de mafagafos, com sete mafagafinhos. Quem os desmafagafizer, bom desmafagafizador será."

"Um ninho de mafagafa, com sete mafaguifinhos. Quem desmafagaguifá ela, bom desmafagaguifador será. "

"O Papa papa o papo do pato"

"A batina do padre Pedro é preta."

"É preto o prato do pato preto."

"O Pedro pregou um prego na pedra."

"Pedro pregou um prego na porta preta."

"O padre pouca capa tem, pouca capa compra."

"O peito do pé do pai do padre Pedro é preto."

" Pedro tem o peito preto. Preto é o peito de Pedro. Quem disser que o peito de Pedro não é preto, tem o peito mais preto que o peito de Pedro."

"Paulo Pereira Pinto Peixoto, pobre pintor português, pinta perfeitamente, portas, paredes e pias, por parco preço, patrão."

"Tinha tanta tia tantã.Tinha tanta anta antiga.Tinha tanta anta que era tia.Tinha tanta tia que era anta."

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Bibliografia de base:

O livro do trava-língua (Cecília Alves Pinto) Dicionário do folclore brasileiro (Luís da Câmara Cascudo) Trava-Língua Educando e Divertindo (Antônio Henrique Weitzel) Novo Dicionário Aurélio Dicionário Houaiss de Língua Portuguesa

Kathleen Lessa Publicado no Recanto das Letras em 17/08/2006Código do texto: T218592

(Kathleen Lessa© - http://www.kathleenlessa.prosaeverso.net/ - [email protected]).

ADIVINHAÇÕES

As adivinhações têm o seu valor nas várias culturas e em diferentes tempos. Na Antiguidade, a decifração de enigmas era prova de inteligência. Com o passar do tempo, a prática perdeu o sentido filosófico. Hoje, tais enigmas são encontrados na voz anônima do povo e, particularmente, na boca das crianças.

Algumas adivinhações:

1. É nome de mulher e nome de homem. Ia mas acabou não indo?

Resposta: Isaias: Isa-ias

2. O que há no meio do coração?

Resposta: a letra “a”

3. Quem inventou a fila?

Resposta: as formigas

4. Na televisão cobre um país; no futebol, atrai a bola; em casa incentiva o lazer. O que é?

Resposta: a rede

5. Mantém sempre o mesmo tamanho, não importa o peso?

Resposta: a balança

6. Por que os loucos nunca estão em casa?

Resposta: porque vivem fora de si.

7. O que detestamos na praia e adoramos na panela?

Resposta: caldo

8. O que é que cai de pé e corre deitado?

Resposta: as gotas da chuva

9. Por que é que o boi sobe o morro?

Resposta: porque não pode passar por baixo

10. Tem cabeça, tem dente, tem barba, não é bicho nem é gente, o que é?

Resposta: alho

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11. O que é o que é, tem chapéu, mas não tem cabeça, tem boca mas não fala, tem asa mas não

voa?

Resposta: bule

12. Qual a semelhança que há entre a arrumação de uma casa e o samba

Resposta: em ambas mexemos com as cadeiras

13. O que a banana falou para o tomate?

Resposta: eu que tiro a roupa e você é quem fica vermelha?

14. O que a areia da praia falou para o mar?

Resposta: deixa de onda...

15. O que são vários pontinhos amarelos na parede?

Resposta: fandangos alpinistas

16. O que é que dá um pulo e se veste de noiva?

Resposta: pipoca

17. Por que algumas pessoas colocam o despertador do debaixo do travesseiro?

Resposta: para acordar em cima da hora.

18. O que o tomate foi fazer no banco?

Resposta: tirar extrato

19. O que é que se pões na mesa, parte, reparte mas não se come?

Resposta: baralho

20. O que é que se tem debaixo de um tapete do hospício?

Resposta: Um doido varrido

21. Qual a diferença entre o gato e a Coca- cola?

Resposta: O gato mia, a Coca- cola light.

22. Qual é o queijo que mas sofre?

Resposta: O Queijo ralado.

23. Por que o boi baba?

Resposta: porque ele não sabe cuspir!!

24. Tem asa, tem bico, e fica em baixo da cama

Resposta: as pessoas irão respoder pinico, mas é bule! hehehe...o bule é meu eu coloco onde

quiser! rs

25. O que é , o que é? Quando a gente fica em pé ele fica deitado e quando a gente fica deitado

ele fica em pé?

Resposta: O Pé

26. O que é, o que é? Tem coroa mas não é rei, tem espinho mas não é peixe?

Resposta: Abacaxi

27. Qual o pé que é mais rápido?

Resposta: O pé- de- vento!!!

28. O Que é, uma casinha sem tranca e sem janela?

Resposta: OVO

29. O que o chão falou para mesa?

Resposta: Fecha as pernas que eu tô vendo tudo.

30. Na água nasci, na água me criei, mas se me jogarem na água morrerei?

Resposta: O Sal

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www.qdivertido.com.br

Formando Crianças Leitoras

Como tornar fácil a aprendizagem da leitura? O que é ler? Ler é atribuir diretamente o sentido a algo escrito. Ler também é questionar algo escrito como o tal, a partir de uma expectativa real (necessidade de prazer) numa verdadeira situação de vida. Escritos reais, que vão desde um nome de rua numa placa até um livro, passando a um cartaz, uma embalagem, um jornal, um panfleto, etc. no momento em que realmente cada um precisa deles numa determinada situação da vida “para valer” como dizem as crianças. Lendo de verdade, desde o início, que alguém se torna leitor e não aprendendo primeiro como se deve ler. Ler... *Para responder à necessidade de viver com os outros, na sala de aula e na escola; *Para se comunicar com o exterior; *Para descobrir as informações das quais se necessita; *Para fazer (brincar, construir, levar a termo um projeto-empreendimento);*Para alimentar e estimular o imaginário; *Para documentar-se no quadro de uma pesquisa em andamento; *Para ajudar a responder a pergunta; Assim, o hábito da leitura se dá mediante um “impulso inicial” que pode ser de acordo com a vontade própria ou por intermédio de algum incentivo ou um “despertar” para esta atividade. Conseguir êxito no incentivo à leitura, não é algo simples, porém está muito próximo da realidade. Na primeira infância, deve ser desenvolvida a familiaridade com os livros, como foi demonstrado neste trabalho nas figuras de 1 a 8. O teatro de fantoches também é um ótimo recurso para desenvolver o imaginário e o interesse pelas histórias. Nas figuras 9 a 14, demonstra-se como ocorre a assimilação do conceito de aprender pelos livros, pois são utilizadas para ensinar lateralidade, lidar com as vestimentas, etc. As crianças desde cedo devem ter seus próprios livros para que tenham possibilidade de manuseá-los e cuidá-los. Em alguns momentos a criança pode viver as histórias e se possível caracterizar-se como os personagens. As crianças maiores podem ser incentivadas na escola durante e após a alfabetização, sendo que depois desse período é efetiva a prática da leitura. O educador pode iniciar pesquisando os assuntos de maior interesse de seus alunos, uma sugestão é trazer textos pequenos, livretos, gibis, contendo os assuntos mais solicitados e de preferência com ilustrações, para chamar mais a atenção. O trabalho de leitura pode ser de início voltado para as ilustrações e em seguida pode-se desenvolver um debate para checar a compreensão e logo após, um convite para a leitura integral dos textos. O educador pode incentivar a prática da leitura também fora do ambiente escolar, sugerindo aos pais e aos alunos a freqüência a locais voltados para a prática da leitura como: bibliotecas públicas, parques com “praças da leitura” , etc. O resultados que poderão ser obtidos através desses conceitos apresentados e as possíveis práticas são inúmeras, como: a criatividade, a melhor escrita, o desenvolvimento intelectual das crianças, etc. Enfim, haverá uma contribuição muito grande para o país, pois os pequenos leitores, poderão tornar-se excelentes escritores, cientistas, filósofos, sociólogos, comunicadores, etc. A transformação das práticas atuais de ensino certamente contribuirão para o futuro.

http://www.smarcos.br/pedagogia/PDF/a_arte_de_contar_historias.pdf

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Referências bibliográficas gerais

BARBOSA, Reni Tiago Pinheiro. Pontos para tecer um conto. Belo Horizonte: Editora Lê, 1997.

BETTELHEIM, Bruno. A psicanálise dos contos de fadas. 14. ed. São Paulo: Paz e Terra, 2000.

CASCUDO, Luís da Câmara. Literatura Oral no Brasil. 2. ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 1978.

CHAUÍ, Marilena. "Contos de Fadas". In: Repressão sexual: essa nossa (des)conhecida. 6. ed. São Paulo: Brasiliense, 1984, p. 30-53.

CHEVALIER, Jean e GHEERBRANT, Alain. Dicionário de Símbolos: (mitos, sonhos, costumes, gestos, formas, figuras, cores, números). Trad: Vera da Costa e Silva. 15 ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 2000.

COELHO, Nelly Novaes. Literatura infantil: teoria, analise, didática. São Paulo: Moderna, 2000.

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______. O Conto de fadas. 2. ed. São Paulo: Ática, 1991.

______. Dicionário Crítico da Literatura Infantil e Juvenil Brasileira. São Paulo: Quíron, 1983.

CUNHA, Maria Antonieta A. Literatura Infantil Teoria e Prática. 12ª ed. São Paulo: Ática, 1993.

KHÉDE, Sônia S. (org) Literatura infanto-juvenil - um gênero polêmico. Petrópolis: Vozes, 1983.

TODOROV, T. A narrativa fantástica. In: As estruturas narrativas. Trad. Leyla Perrone e Moisés. São Paulo: Perspectiva, 1969. (Debates, 14), p. 135-147.

Referências bibliográficas sobre infância

ARIES, P. História Social da Criança. Rio de Janeiro: Zahar

BRASIL. Estatuto da criança e do adolescente. São Paulo: Cortez, 1990. 181p.

KOHAN, Walter Omar e KENNEDY, David (orgs). Filosofia e Infância: possibilidades de um encontro. Petrópolis: Vozes, 1999.

KRAMER, S. LEITE, I. "Pesquisando infância e educação: um encontro com Walter Benjamin". In: Infância - fios e desafios da pesquisa. Campinas, SP: Papirus, 1996. 13-38p.

PRIORE, M. del (Org.) História das Crianças no Brasil. São Paulo : Contexto, 1999. 444p

Referências bibliográficas eletrônicas

www.sitedeliteratura.com

www.graudez.com.br/litinf

http://www.kathleenlessa.prosaeverso.net/

www.qdivertido.com.br

www.mec.gov.br

www.smarcos.br/pedagogia/PDF/a_arte_de_contar_historias.pdf

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