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Literatura 3º ano do Ensino Médio Prof. Andréia Campos

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Literatura 3º ano do Ensino Médio Prof. Andréia Campos

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Oswald de Andrade (personalidade anarquista

e irreverente)

Mário de Andrade (liderança austera e

consequente)

Alguns dos organizadores e

participantes

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CONTEXTO HISTÓRICO

SÃO PAULO: Urbanização e industrialização

Elevado número de imigrantes (italianos)

Necessidade de suprir a carência de produtos

importados.

Símbolo de trabalho, de progresso , de

modernização (lavouras cafeeiras + capital

industrial).

Centro econômico e cultural (“Pauliceia desvairada”):

prosperidade e riqueza.

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Nova burguesia (elite dominante): aristocracia rural +

imigrantes bem-sucedidos( comércio e indústrias).

Nobreza fundiária: política do café com leite (até 1930).

Descontentamento de camadas sociais

marginalizadas do poder: operários, burguesia

industrial incipiente, profissionais liberais, o Exército

(greves e movimentos revolucionários).

Anseios de renovação e revitalização cultural do país:

jovens inquietos e intelectualizados (ideias e

propostas das vanguardas).

Subvenção da Semana: elites detentoras do poder.

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“Sacudida” na calmaria da “literatura sorriso da

sociedade”: o público burguês e aristocrático do Teatro

Municipal mostra-se chocado com as propostas

modernistas.

Os festivais: dias 13, 15 e 17 de fevereiro.

Abertura: Conferência “a emoção estética na Arte

Moderna”, por Graça Aranha, “líder oficial”, peça

musical (paródia de Chopin) e declamação de poemas.

Público intolerante, repercussão negativa: Vaias e

assobios.

A SEMANA E SUA REPERCUSSÃO

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O Correio Paulistano publicou a seguinte notícia, em 29

de janeiro de 1922:

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Em 22 de fevereiro de 1922 sai no Jornal A Gazeta:

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Análise de algumas das primeiras produções

modernistas:

(Vunesp – SP)

RELÂMPAGO

A onça pintada saltou tronco acima que nem um

[relâmpago de rabo comprido e cabeça amarela:

Zás!

Mas uma flecha ainda mais rápida que o relâmpago

[fez rolar ali mesmo

Aquele matinal gatão elétrico e bigodudo

Que ficou estendido no chão feito um fruto de

[cor que tivesse caído de uma árvore! (Cassiano Ricardo)

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(Vunesp – SP)

POEMA TIRADO DE UMA NOTÍCIA DE JORNAL

João Gostoso era carregador de feira livre e morava no morro da

Babilônia

num barracão sem número.

Uma noite ele chegou no bar vinte de Novembro

Bebeu

Cantou

Dançou

Depois se atirou na Lagoa Rodrigo de Freitas e morreu afogado. (Manuel Bandeira)

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(ESPM)

RELICÁRIO

No baile da Corte

Foi o Conde d’Eu quem disse

Pra Dona Benvinda

Que farinha de Suruí

Pinga de Parati

Fumo de Baependi

É come bebê pitá e caí. (Oswald de Andrade) Características

modernistas:

A busca por liberdades formais: ausência de

pontuação

A valorização da expressividade e graça da

linguagem oral

A iconoclastia (destruição de imagens,

mitos ou valores)

A dessacralização da nobreza: deboche pelo comportamento incompatível e pouco nobre.

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Paranoia ou mistificação? (A propósito da exposição de Anita Malfatti)

Há duas espécies de artistas. Uma composta dos que veem

normalmente as coisas e em consequência disso fazem arte pura,

guardando os eternos rirmos da vida, e adotados para a

concretização das emoções estéticas, os processos clássicos dos

grandes mestres.

A outra espécie é formada pelos que veem anormalmente a

natureza, e interpretam-na à luz de teorias efêmeras, sob a

sugestão estrábica de escolas rebeldes, surgidas cá e lá como

furúnculos da cultura excessiva. São produtos de cansaço e do

sadismo de todos os períodos de decadência: são frutos de fins de

estação, bichados ao nascedouro. Estrelas cadentes, brilham um

instante, as mais das vezes com a luz de escândalo, e somem-se

logo nas trevas do esquecimento. (...)

Estas considerações são provocadas pela exposição da Sra.

Malfatti, onde se notam acentuadíssimas tendências para uma

atitude estética forçada no sentido das extravagâncias de Picasso e

companhia. (...)

Nenhuma impressão de prazer, ou de beleza denuncia as caras; em

todas, porém, se lê o desapontamento de quem está incerto,

duvidoso de si próprio e dos outros, incapaz de racionar, e muito

desconfiado de que o mistificam habilmente.

Monteiro Lobato

Esse artigo de Monteiro Lobato,

criticando os quadro de Anita Malfatti, expostos em 1917, contribuiu para a Semana de Arte

Moderna em 1922, por ter provocado a

união dos jovens modernistas. Essa união os levou à

decisão de divulgar o movimento expor coletivamente as

obras representativas da nova arte.

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O torso (1915),

de Anita Malfatti.

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(ENEM)

Após estudar na Europa, Anita Malfatti retornou ao Brasil com uma

mostra que abalou a cultura nacional no início do século XX. Elogiada

por seus mestres na Europa, Anita se mostrava pronta para mostrar

seu trabalho no Brasil, mas enfrentou duras críticas de Monteiro

Lobato. Com a intenção de criar uma arte que valorizasse a cultura

brasileira, Anita Malfatti e outros modernistas

a) buscaram libertar a arte brasileira das normas acadêmicas europeias, valorizando as cores, a originalidade, os temas nacionais.

b) defenderam a liberdade limitada do uso da cor, até então utilizada de forma irrestrita, afetando a criação artística nacional .

c) representaram a ideia de que a arte deveria copiar fielmente a natureza, tendo como finalidade a prática educativa.

d) mantiveram de forma fiel a realidade nas figuras retratadas, defendendo uma liberdade artística ligada à tradição acadêmica.

e) buscaram a liberdade na composição de figuras, respeitando limites de temas abordados.

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Bruta sacudidela nas artes nacionais! (...) é indiscutível que jamais

reviravolta de arte movimentou e apaixonou e enlouqueceu mais a

monotonia brasileira que o chamado Futurismo. Enchente de tintas,

vulcões de lama, saraivada de calúnias. Muito riso e pouco siso. De

ambas as partes. (Mário de Andrade)

Os escândalos provocados pelos festivais demonstram o choque

que os jovens modernistas causaram (“Bruta sacudidela nas artes nacionais”) com suas ideias

e obras revolucionárias, no contexto de um cenário cultural caracterizado pela monotonia.

Mário de Andrade utiliza o termo “Futurismo” para caracterizar a

Semana porque, em 1921, Oswald de Andrade publicou um artigo

sobre os poemas de Mário, denominando-o “O meu poeta

futurista”. Desde então, a palavra “futurismo” passou a ser utilizado

para se referir a qualquer manifestação de comportamento

modernista, não raro em tom pejorativo

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Bruta sacudidela nas artes nacionais! (...) é indiscutível que jamais

reviravolta de arte movimentou e apaixonou e enlouqueceu mais a

monotonia brasileira que o chamado Futurismo. Enchente de tintas,

vulcões de lama, saraivada de calúnias. Muito riso e pouco siso. De

ambas as partes. (Mário de Andrade)

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(UFRJ)

CIVILIZAÇÃO PERNAMBUCANA

As mulheres andam tão louçãs

E tão custosas

Que não se contentam com os tafetás

São tantas as joias com que se adornam

Que parecem chovidas em suas cabeças e gargantas

As pérolas rubis e diamantes

Tudo são delícias

Não parece esta terra senão um retrato

Do terreal paraíso (Oswald de Andrade)

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(ENEM)

BRASIL

O Zé Pereira chegou na caravela

E perguntou pro guarani da mata virgem

- Sois cristão?

- Não. Sou bravo, sou forte, sou filho da Morte

Tererê tetê Quizá Quizá Quecê!

Lá longe a onça resmungava Uu! ua! uu!

O negro zonzo saído da fornalha

Tornou a palavra e respondeu

- Sim pela graça de Deus

Canhem Babá Canhem Babá Cum Cum!

E fizeram o Carnaval (Oswald de Andrade)

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(UNICAMP)

Há uma gota de sangue no cartão-postal

eu sou manhoso eu sou brasileiro

finjo que vou mas não vou minha janela é

a moldura do luar do sertão

a verde mata nos olhos verdes da mulata

sou brasileiro e manhoso por isso dentro

da noite e de meu quarto fico cismando na beira de um rio

na imensa solidão de latidos e araras lívido

de medo e de amor (Cacaso)