listas resolvidas-espacos metricos

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  • 8/19/2019 listas resolvidas-espacos metricos

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    Espaços Métricos - Verão  2015

    Ivo Terek Couto

    12 de julho de 2015

    Resolução das listas de exercícios do curso de Espaços Métricos ministrado noIME-USP em Janeiro de   2015  pelo prof. Hector Cabarcas. Foi utilizado como textopara o curso o livro "Espaços Métricos" - Elon Lages Lima.

    Observação: Na lista  4  aparecem alguns resultados (mais gerais) que na verdadesão válidos para espaços topológicos ao invés de espaços métricos (usam apenas osaxiomas de separação  T 1  ou  T 2).

    As resoluções são despretensiosas e sujeitas à erros. Sugestões e correções podemser enviados para   [email protected].

    Sumário

    1 Lista   1   2

    2 Lista 2 8

    3 Lista 3 14

    4 Lista 4 20

    1

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    1 Lista   1

    Exercício 1.  Seja d  : N×N→ R definida por  d(m, n) = |m 2 − n2|. É (N,d) um espaçométrico? Justifique a sua resposta.

    Solução: Sim, pois  d  satisfaz as seguintes condições:

     Positividade:   d(m, n) =   |m 2

    − n

    2

    | ≥   0   para quaisquer   m, n ∈   N. Também,d(m, m ) = 0, ed(m, n) = |m 2 − n2| =  0   =⇒   m 2 − n2 = 0   =⇒   m 2 = n2 =⇒   m  =  n,

    visto que  m, n ≥ 0.•  Simetria:   d(m, n) = |m 2 − n2| =  |n2 − m 2| =  d(n, m ), para quaisquer  m, n ∈ N.•   Desigualdade triangular: Dados  m, n, p ∈ N,  tem-se:

    d(m, n) = |m 2 −n2| =  |m 2 − p2 + p2 − n2| ≤ |m 2 − p2| + | p2− n2| =  d(m, p) +d( p, n).

    Exercício 2.  Seja  (X,d) um espaço métrico. Defina  θ, δ, ρ e  η  como segue: 

    θ(x, y) =  d(x, y)

    1 + d(x, y), δ(x, y) = k d(x, y), k  ∈ R+

    ρ(x, y) = min {1,d(x, y)}, η(x, y) = (d(x, y))2.

    Demonstre que θ, δ e ρ são distâncias sobre X, e  η não tem porque ser necessariamente

    uma distância.

    Solução:

    θ:

    •  Positividade:   θ(x, y) =   d(x,y)1+d(x,y)

     ≥  0, pois  d(x, y), 1 + d(x, y) ≥ 0. E ainda, daprópria definição de  θ, temos  θ(x, y) = 0 ⇐⇒   d(x, y) = 0 ⇐⇒   x =  y.

    •   Simetria:   θ(x, y) =   d(x,y)1+d(x,y)

     =  d( y,x)

    1+d( y,x) = θ( y, x).

    •  Desigualdade triangular: Note que a função  f(t) =   t1+t

      = 1−   11+t

     é crescente,

    pois   f (t) =   1(1+t)2   > 0. Destarte:

    d(x, y) ≤ d(x, z ) + d( y, z )d(x, y)

    1 + d(x, y) ≤   d(x, z ) + d( y, z )

    1 + d(x, z ) + d( y, z )

    d(x, y)

    1 + d(x, y) ≤   d(x, z )

    1 + d(x, z ) + d( y, z ) +

      d( y, z )

    1 + d(x, z ) + d( y, z )

    d(x, y)

    1 + d(x, y) ≤   d(x, z )

    1 + d(x, z ) +

      d( y, z )

    1 + d( y, z )

    θ(x, y) ≤ θ(x, z ) + θ( y, z ).

    2

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    δ:

    •  Positividade:   δ(x, y) =   k   d(x, y) ≥   0   para quaisquer   x, y ∈   X, visto quek >  0. Temos   δ(x, x) =  k   d(x, x) =  k · 0  =  0. E por outro lado   δ(x, y) =k d(x, y) = 0  nos dá  d(x, y) = 0   (pois  k  = 0), e daí  x =  y.

    •   Simetria:   δ(x, y) = k  d(x, y) = k  d( y, x) = δ( y, x).

      Desigualdade triangular: tome a desigualdade triangular para   d   e multi-plique por   k >  0. Ela se mantém e obtemos diretamente a desigualdadetriangular para  δ.

    ρ:

    •  Positividade:   ρ(x, y) =   1 ≥  0   ou   ρ(x, y) =  d(x, y) ≥  0. Ainda,   ρ(x, x) =min {1, d(x, x)} =  min {1,0} =  0. E por outro lado,  ρ(x, y) = min {1,d(x, y)} =0  nos dá  d(x, y) = 0, donde segue que  x =  y.

    •   Simetria:   ρ(x, y) = min {1,d(x, y)} =  min {1,d( y, x)} =  ρ( y, x).

      Desigualdade triangular: Aqui consideraremos dois casos,   d(x, y)   <   1   ed(x, y) ≥   1. Nosso objetivo é provar que   ρ(x, y) ≤   ρ(x, z ) + ρ( y, z ), istoé, que   ρ(x, y) ≤  min {1, d(x, z )} +  min {1,d( y, z )}. Basta verificarmos que olado esquerdo da igualdade é menor ou igual que todas as combinaçõespossíveis,   1 + 1,  d(x, z ) + 1,   1 + d( y, z )  e  d(x, z ) + d( y, z )  em todos os casospossíveis.

    Suponha  d(x, y) <  1. Temos:

    i)   ρ(x, y) = d(x, y) <  1  <  1  + 1;

    ii)   ρ(x, y) = d(x, y) <  1  <  d(x, z ) + 1;

    iii)   ρ(x, y) = d(x, y) <  1  <  1  + d( y, z );

    iv)   ρ(x, y) = d(x, y) ≤ d(x, z ) + d( y, z ).Agora suponha  d(x, y) ≥ 1. Daí:

    i)   ρ(x, y) = 1  <  1  + 1;

    ii)   ρ(x, y) = 1  <  d(x, z ) + 1;

    iii)   ρ(x, y) = 1  <  1  + d( y, z );

    iv)   ρ(x, y) = 1 ≤ d(x, y) ≤ d(x, z ) + d( y, z ).

     η:

    A função  η  não precisa ser uma métrica. Por contra-exemplo:   X = R,  d(x, y) =|x − y|. Então  η(x, y) = (x − y)2 e a desigualdade triangular falha:

     η(−1, 1) = 4 ≥ 1  + 1  =  η(−1, 0) + η(0, 1).

    Exercício 3.  Sejam  d1,d2  e  d3  as distâncias definidas na aula sobre  R2. Demonstreque para quaisquer  x,y ∈ R2 valem as desigualdades: 

    d3(x, y) ≤ d1(x, y) ≤ d2(x,y) ≤ 2d3(x,y).

    3

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    Solução: Recorde que definimos:

    d1(x,y) := 

    (x1 − y1)2 + (x2 − y2)2

    d2(x,y) := |x1 − y1| + |x2 − y2|

    d3(x,y) := max {|x1 − y1|, |x2 − y2|},

    onde   x  = (x1, x2)  e   y  = ( y1, y2). Suponha sem perda de generalidade que  max {|x1 −

     y1|, |x2 − y2|} =  |x1 − y1|. Temos:d3(x,y) = |x1 − y1| =

     (x1 − y1)2 ≤

     (x1 − y1)2 + (x2 − y2)2 = d1(x,y),

    visto que   (x2  − y2)2 ≥  0. Agora, recorde que, dados   a, b ≥  0, vale que √ 

    a + b ≤√ a +

    √ b  (isto pode ser provado, por exemplo, fixando  b > 0, considerando a função

    f(x) = √ 

    x +√ 

    b −√ 

    x + b  e utilizando Cálculo). Assim, temos:

    d1(x,y) = 

    (x1 − y1)2 + (x2 − y2)2 ≤ 

    (x1 − y1)2+ 

    (x2 − y2)2 = |x1− y1|+|x2− y2| =  d2(x,y).

    E por fim, assumindo novamente sem perda de generalidade que  max {|x1− y1|, |x2− y2|} =  |x1 − y1|, temos:

    d2(x,y) = |x1 − y1| + |x2 − y2| ≤ 2|x1 − y1| =  2d3(x,y).

    Exercício 4.  Seja  A ⊂ R2 definido como  A  =  {(x, y) ∈ R2 | y  =  x2}. Calcule explicita-mente as distâncias induzidas sobre  A  pelas métricas  d1,d2 e d3.

    Solução: Sejam  x = (x, x2), y = ( y, y2) ∈ A. Temos:d1(x, y) =  (x − y)

    2 + (x2 − y2)2.

    Em seguida:d2(x,y) = |x − y| + |x

    2 − y2| =  |x − y|(1 + |x + y|),

    e por fim:d3(x,y) = max {|x − y|, |x

    2 − y2|}.

    Exercício 5.  Prove que toda norma em  ·  em  R  é da forma x =  a · |x|, onde a > 0é uma constante e   |x| é o valor absoluto de  x. Conclua que toda norma em  R provémde um produto interno.

    Solução: Sabemos que vale x = 1 · x = 1 · |x|,  encarando   1  como vetor de  R ex  como escalar do corpo  R. A constante prescrita é  a = 1 >  0. Agora verifiquemosque x  =  a · |x|   satisfaz a lei do paralelogramo ( a soma dos quadrados dos lados éigual à soma dos quadrados das diagonais):

    2(x2 +  y2) = x + y2 + x − y2

    De fato, o lado esquerdo é  2(a2x2 + a2 y2) = 2a2(x2 + y2). E o lado direito é:

    a2(x + y)2 + a2(x − y)2 = a2(x2 + 2xy + y2 + x2 − 2xy + y2) = 2a2(x2 + y2),

    portanto  ·  provém de um produto interno.4

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    Exercício 6.  A fim de que uma métrica  d, num espaço vetorial  E, seja proveniente deuma norma, é necessário e suficiente que, para  x, a ∈ E  e  λ ∈ R arbitrários, se tenhad(x + a, y + a) = d(x, y) e  d(λx,λy) = |λ|d(x, y). Mostre esta afirmação.

    Solução:

    =⇒ :   Suponha que   d   provém de uma norma  ·   em   E, isto é,   d(x, y) = x −  y.Então temos:

    d(x + a, y + a) = (x + a) − ( y + a) = x − y =  d(x, y),e também:

    d(λx,λy) = λx − λy = λ(x − y) =  |λ|x − y =  |λ|  d(x, y).

    ⇐= :   Suponha que valem as condições do enunciado. Afirmo que   d   provém da

    norma definida por x :=  d(x,0). Verifiquemos que  ·  é de fato uma norma:•  Positividade: x =  d(x,0) ≥ 0, só valendo a igualdade se  d(x,0) = 0, isto

    é, se  x =  0  (pois  d  é métrica).

    •   Homogeneidade da multiplicação por escalar: basta notar que λx   =d(λx,0) =   d(λx,λ0) =   |λ|   d(x,0) =   |λ|x, usando a segunda condiçãodo enunciado.

    •  Desigualdade triangular: aqui usaremos ambas as condições do enunciado.Temos:

    x + y =  d(x + y,0) = d(x, − y) ≤ d(x,0) + d(0, − y) = d(x,0) + d( y, 0)=⇒  x + y ≤ x +  y.

    Note que onde usamos a segunda condição, também usamos a simetria ded.

    Para concluir, vejamos que de fato  d  provém de  · . Temos que:x − y =  d(x − y,0) = d(x, y).

    Exercício 7.  Demonstre que um espaço normado diferente de   {0}  não tem pontos

    isolados.

    Solução: Tome um ponto  a = 0  no espaço. Seja  r > 0  qualquer e considere a bolaB(a, r). Considere o vetor  a+   ra

    2a. Como  a = 0, os dois vetores são distintos. Então:a −a +   ra2a = ra2a

    =   r2aa  =   r2  < r.Assim, o vetor está em  B(a, r), e como  r  é qualquer,  a  não é isolado. Agora vejamosque   0   não é isolado. Seja   r >   0   e considere a bola   B(0, r). Como o espaço nãocontém só o  0, tome um vetor  a qualquer, e considere   ra

    2a. Pela mesma conta acima,

    este vetor está em  B(0, r), logo  0  não é isolado.

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    Exercício 8.  Em todo espaço métrico  (M,d), tem-se

    B[a, r ] =s>r

    B(a, s) =

    ∞n=1

    B

    a, r +

      1

    n

    e

     {a} =s>0

    B(a, s) =

    ∞n=1

    B

    a,

      1

    n

    .

    Exprima, dualmente, cada bola aberta de M  como uma reunião de bolas fechadas.

    Solução: Afirmo que:

    B(a, r) =s 0  qualquer e um centro  a no espaço, para cada  n ∈ Z>0, o vetorx =  a +   ra

    2na  está no espaço. Com efeito:

    a −a +  ra

    2na = ra

    2na =  r

    2naa

     =

      r

    2n  < r.

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    Exercício 11.  Seja  X   =   {(x, y) ∈  R2 |  x2 + y2 <   1}  o disco unitário aberto do planoeuclidiano  R2. Dado  a  = (5,0), prove que  d(a, X) = 4.

    Solução: Considere o  R2 com a métrica do máximo. Da condição  x2 + y2

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    2 Lista 2

    Exercício 1.  Seja  f  : R→ R uma função estritamente crescente, e  d  : R×R→ R uma função definida por: 

    d(x, y) = |f(x) − f( y)|.

    Prove que a função  d é uma métrica.

    Solução:

    •   Positividade: a função   | · |   só assume valores positivos. Note que como   f   éestritamente monótona,   f  é injetora. Assim, vale o último   =⇒   de:

    d(x, y) = 0 ⇐⇒   |f(x) − f( y)| =  0 ⇐⇒   f(x) = f( y) ⇐⇒   x =  y.•  Simetria:   d(x, y) = |f(x) − f( y)| =  |f( y) − f(x)| =  d( y, x).

    •   Desigualdade triangular:

    d(x, y) = |f(x) − f( y)|= |f(x) − f(z ) + f(z ) − f( y)|

    ≤ |f(x) − f(z )| + |f(z ) − f( y)|= d(x, z ) + d(z, y).

    Exercício 2.  Uma função  d   :  M × M

    →R é chamada de   semi-métrica  se satisfaz

    todas as propriedades de métrica, salvo a condição  d(x, y) =  0 implica  x  =  y, isto é,

    em uma semi-métrica se permite distância zero entre pontos distintos. Seja (M,d) umsemi-espaço métrico e defina a seguinte relação de equivalência em  Rd  em  M:   x Rd  yse e só se  d(x, y) =  0. Prove que a função d  definida por  d([x ], [ y ]) :=  d(x, y) é umamétrica no conjunto quociente  M/Rd. Assim, o par  (M/Rd,d) é um espaço métrico.Solução:

    •   Positividade: Veja que d([x ], [ y ]) =  d(x, y) ≥  0  pra quaisquer   [x ], [ y ] ∈   M/Rd,pois  d  é semi-métrica. Ainda mais, vale:

    d([x ], [ y ]) = 0 ⇐⇒   d(x, y) = 0 ⇐⇒   x Rd   y ⇐⇒   [x ] = [ y ].•  Simetria: d([x ], [ y ]) = d(x, y) = d( y, x) = d([ y ], [x ]).•   Desigualdade triangular:

    d([x ], [ y ]) = d(x, y) ≤ d(x, z ) + d( y, z ) = d([x ], [z  ]) + d([ y ], [z  ]).

    Exercício 3.   A distância entre dois pontos   (x, y), (x , y )   de   R2 está definida por 

    d((x, y), (x , y )) = |(x − x ) + ( y − y )|. Prove que  d  é uma semi-métrica.

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    Solução:

    •   Positividade: A função   | · |   só assume valores positivos. E   d((x, y), (x, y)) =|(x − x) + ( y − y)| =  0.

    •  Simetria:

    d((x, y), (x , y )) = |(x − x ) + ( y − y )| =  |(−1)((x − x) + ( y − y))|

    = |(x − x) + ( y − y)| =  d((x , y ), (x, y)).

    •   Desigualdade triangular:

    d((x, y), (x , y )) = |(x − x ) + ( y − y )|

    = |(x − x + x − x ) + ( y − y + y − y )|

    = |(x − x ) + ( y − y ) + (x − x ) + ( y − y )|

    ≤ |(x − x ) + ( y − y )| + |(x − x ) + ( y − y )|= d((x, y), (x , y )) + d((x , y ), (x , y )).

    Exercício 4.   Um espaço métrico   M   chama-se discreto quando todo ponto de   M  éisolado. Prove que: 

    •   Um espaço métrico com a métrica zero-um é discreto.

    •   Todo espaço métrico finito é discreto.

    Solução:

    •   Seja   p ∈  M. Basta tomar  B( p, 1/2) =   {x ∈  M   |  d(x, p)  <  1/2}  =   { p}. Então   p  éisolado, e como  p  era qualquer, segue que  M  é discreto.

    •   Escreva   M  =   { p1, . . . , pn}. Seja   ri   =  min {d(x, pi)   |  x ∈  M, x =  pi}  >  0.  Então,para todo i  de  1  até  n, considere as bolas  B( pi, ri). Por construção dos ri, temos:

    x ∈ B( pi, ri)   =⇒   d(x, pi) < ri   =⇒   d(x, pi) = 0   =⇒   x =  pi.Então todos os  pi  são isolados e  M é discreto.

    Exercício 5.  Na métrica definida em M1 × M2 × · · · × Mn por 

    d(x,y) = max {d(x1, y1), . . . , d(xn, yn)},

    a bola aberta (resp. fechada) de centro   x  e raio   r  é o produto cartesiano das bolasabertas (resp. fechadas) de centro  xi e raio r  ( i =  1, 2, . . . n ).

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    Solução: Diretamente das definições:

    p ∈ B(x, r) ⇐⇒   d(p,x) < r⇐⇒   max {d( pi, xi) |  1 ≤ i ≤ n} < r

    ⇐⇒  d( pi, xi) < r, ∀   1 ≤ i ≤ n

    ⇐⇒  pi ∈ B(xi, r), ∀   1 ≤ i ≤ n.

    Para bolas fechadas, troque  <  por ≤  no argumento acima.

    Exercício 6.  Um ponto  a  = (a1, a2)  é isolado no produto  M1 × M2  se, e somente secada coordenada  ai, com  i  =  1, 2 é um ponto isolado em Mi.

    Solução: Tome a métrica do máximo no espaço produto. Assim, vale que B(a, r) =B(a1, r) × B(a2, r)  para qualquer  r > 0.

    =⇒ :   Suponha  a  isolado. Então existe  r > 0  tal que  B(a, r) = {a}. Então:B(a1, r) × B(a2, r) = {(x, y) |  x ∈ B(a1, r), y ∈ B(a2, r)} =  {(a1, a2)}

    nos dá que  x =  a1  e  y =  a2, isto é,   B(a1, r) = {a1}  e  B(a2, r) = {a2}. Portanto  a1e  a2  são isolados, nos seus respectivos espaços.

    ⇐= :   Suponha a1 e  a2 isolados, nos seus respectivos espaços. Então existem  r1, r2  >  0tais que  B(a1, r1) = {a1}  e  B(a2, r2) = {a2}. Seja  r =  min {a1, a2}. Então  B(ai, r) =

     {ai}, à fortiori. E assim temos que:

    B(a, r) = B(a1, r) × B(a2, r) = {a1} × {a2} =  {(a1, a2)} =  {a},e segue que  a  é isolado.

    Exercício 7.  Num espaço métrico   M, seja   b ∈   B(a, r). Prove que existe uma bolaaberta de centro b  contida em  B(a, r).

    Solução: Considere   s  = r  − d(a, b)  >  0. Afirmo que   B(b, s) ⊂ B(a, r). Com efeito,tome  p ∈ B(b, s). Aí:

    d(a, p) ≤ d(a, b) + d(b, p) <  d(a, b) + s =  d(a, b) + r − d(a, b) = r,

    daí  p ∈ B(a, r)  e  B(b, s) ⊂ B(a, r).

    Exercício 8.  Se  b não está na bola fechada  B[a, r ], prove que existe  s >  0 tal que abola  B[a, r ] é disjunta da bola  B[b, s ].

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    Solução: Considere qualquer  0 < s

     d(a, b

    ) +r

    − d(a, b

    )   =⇒   d( p, a) > r,isto é,  p ∈ B[a, r ].

    Exercício 9. A distância entre dois subconjuntos S, T  não vazios de um espaço métrico(M,d),   ρ(S, T ), está definida por   ρ(S, T ) =   inf  {d(s, t)   |   s ∈   S, t ∈   T }. Observe queρ(S, T ) =   ρ(T, S)  e   ρ(S, S) =  0. É a função   ρ  uma métrica em   M? Justifique a suaresposta.

    Solução: Não, pois o domínio de   ρ  é   (℘(M) \ {∅}) × (℘(M) \ {∅}), e não   M × M.E mesmo que o domínio estivesse certo, basta tomar dois conjuntos distintos cujainterseção seja não-vazia.

    Exercício 10.   Prove que dados   a,b,x ∈   M   e   (M,d)  espaço métrico, tem-se que|d(a, x) − d(b, x)| ≤ d(a, b).

    Solução: Temos:

    d(a, x) ≤ d(a, b) + d(b, x)   =⇒   d(a, x) − d(b, x) ≤ d(a, b),e permutando as letras temos  d(b, x) −  d(a, x) ≤ d(b, a) = d(a, b). Pela definição demódulo resulta que   |d(a, x) − d(b, x)| ≤ d(a, b).

    Exercício 11.   Um subconjunto   X   de um espaço métrico   (M,d)   diz-se   limitado,quando existe um número real  r ≥ 0  tal que  d(x, y) ≤ r  quaisquer que sejam  x, y ∈ X.O menor desses números   r  chama-se o  diâmetro  do conjunto   X   (não-vazio), o qualrepresentamos pelo símbolo  δ(X). Assim: 

    δ(X) = sup {d(x, y) |  x, y ∈ X}.

    •   Todo conjunto finito de pontos é limitado, e tem como diâmetro o maior dosnúmeros d(xi, x j),  i, j =  1, 2, . . . , m  .

    •   Em M, uma bola fechada  B  =  B[a, r ] é limitada e tem diâmetro  δ(B) ≤ 2r.

    Solução:

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    •   Escreva  X =  {x1, . . . , xm }. Por definição:

    δ(X) = sup {d(xi, x j) |  1 ≤ i, j ≤ m } <  +∞,pois  X  é finito e logo o supremo é atingido.

    •   Tome   x, y ∈  B[a, r ]. Temos   d(x, y) ≤  d(x, a) + d( y, a) ≤  r +  r   =  2r. Então   2ré uma cota superior de   {d(x, y)   |   x, y

     ∈  B[a, r ]}, e pela definição de supremo

    resulta que  δ(X) ≤ 2r.

    Exercício 12.  Um subconjunto  X  de um espaço métrico é limitado se, e somente seestá contido em alguma bola de  M.

    Solução:

    =⇒ :   Chame   r  =  δ(X)  < ∞, tome   p ∈  X  qualquer e considere a bola   B[ p, r ]. EntãoX ⊂ B[ p, r ]. Com efeito, se  x ∈ X, temos  d( p, x) ≤ δ(X) = r   =⇒   x ∈ B[ p, r ].⇐= :   Suponha que  X está contido em alguma bola  B( p, r), para algum  p ∈ M,  r > 0.Tome  x, y ∈ X. Daí:

    d(x, y) ≤ d( p, x) + d( p, y) < r + r =  2r  0. Dado  b ∈ E, tem-se  d(b, B) = 0  se, e somente se,  b ∈ B[a, r ].

    Solução:

    =⇒ :   Suponha que   d(b, B) =   inf  {d(b,x   |   x ∈   B)}   =   0. Então, para todo   n ∈   Z>0,existe  xn ∈ B  tal que  d(b,xn) <  1/n. Assim:

    d(a, b) ≤ d(a,xn) + d(b,xn) < r +   1n

    ,   ∀  n ∈ Z>0,

    e passando ao limite obtemos  d(a, b) ≤ r, isto é,  b ∈ B.⇐= :  Façamos a contra-positiva. Suponha que  b ∈ B. Então  d(a, b) > r, e podemos

    escrever  d(a, b) = r + c, para algum  c > 0. Tome  x ∈ B  qualquer. Temos:d(x, b) ≥ d(a, b) − d(x,a) > r + c − r =  c,

    isto é,   d(b,x)  > c  para todos os   x ∈  B. Passando ao ínfimo, temos   d(b, B) ≥c > 0.

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    Observação.  Na verdade o resultado acima vale para um espaço métrico qualquer.

    Exercício 14.   Seja   ∆ ⊂   M × M  a   diagonal:   ∆   :=   {(x, x)   |   x ∈   M}, onde   M  é umespaço métrico. Considere em   M × M   a métrica d(x,y) =  max {d(x1, y1), d(x2, y2)}.

     Mostre que d(x, ∆) = 0  se, e somente se  x ∈ ∆.

    Solução:

    =⇒ :  Suponha que d(x, ∆) = inf  {d(x, p) |  p ∈ ∆} =  0. Então, para todo  n ∈ Z>0, existepn   = ( pn, pn) ∈  ∆   tal que   d(x, pn)   <   1/(2n), isto é,  max {d(x1, pn), d(x2, pn)}   <1/(2n), e daí  d(x1, pn),d(x2, pn) <  1/(2n). Desta forma, temos:

    d(x1, x2) ≤ d(x1, pn) + d(x2, pn) <   12n

     +  1

    2n  =

      1

    n,   ∀  n ∈ Z>0,

    e tomando o limite obtemos  d(x1, x2) = 0. Então  x1  = x2  e  x ∈ ∆.

    ⇐= :   Façamos a contra-positiva. Suponha que   x ∈  ∆. Então   x1 =  x2   e   d(x1, x2) =

    c > 0.  Tome  p

     ∈ ∆  qualquer. Temos

    d(x, p) = max {d(x1, p), d(x2, p)} ≥ d(xi, p), i =  1, 2   =⇒=⇒   d(x, p) ≥ d(x1, p) + d(x2, p)

    2  ≥  d(x1, x2)

    2  =

      c

    2

    Como  d(x, p) ≥ c/2 para todos os  p ∈ ∆, passando ao ínfimo, obtemos  d(x, ∆) ≥c/2 >  0.

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    3 Lista 3

    Exercício 1.  Dadas f, g :  M → R contínuas, prove que são contínuas em a as funçõesφ, ψ :  M → R, definidas por  φ(x) = max {f(x), g(x)} e  ψ(x) = min {f(x), g(x)} para todox ∈ M.Solução: Basta notar que:

    min {f(x), g(x)} =  f(x) + g(x) − |f(x) − g(x)|

    2  e   max {f(x), g(x)} =

      f(x) + g(x) + |f(x) − g(x)|

    2  .

    Como   f   e   g   são contínuas,   f +  g   é contínua, e como a composta de contínuas écontínua, temos que   |f − g|  é contínua. Portanto  φ  e  ψ  também o são.

    Exercício 2.  Sejam  f, g :  M

    →R contínuas no ponto  a ∈ M, com  f(a) ≤ g(a). Prove

    que existe uma bola aberta  B  com centro  a  tal que  f(x) < g(x) para todo  x ∈ B.

    Solução: Dado   > 0  existe  δ > 0  (tomando o menor dos  δ  para  f  e  g) tal que parax ∈ B(a, δ)  tem-se:

    f(a) − < f(x) < f(a) + g(a) − < g(x) < g(a) +

      =⇒ −f(a) − g(a) − f(a) − 2. Tome o  δ  correspondente à   = (g(a) − f(a))/2.

    Exercício 3.  Seja  f  :  M → R contínua em  a ∈ M. Se  f(a) = 0, prove que existe umabola aberta   B  centrada em   a   tal que   f(x)   tem o mesmo sinal do que   f(a)  para todox ∈ B.Solução: Se   f(a)  >  0, chamando   g  a função nula, temos   f(a)  > g(a) =  0, e peloexercício anterior existe uma bola aberta   B  na qual   f(x)  > g(x) =  0. Analogamentetrata-se o caso  f(a) <  0.

    Exercício 4.  Sejam  f, g   :  M

    →N contínuas no ponto  a ∈  M. Se  f(a) =  g(a), então

    existe uma bola aberta  B  de centro a  tal que  f(B

    ) e  g

    (B

    ) são conjuntos disjuntos.

    Solução: Seja   =  dN(f(a), g(a)) >  0. Então existem δf, δg >  0  tais que x ∈ BM(a, δf)implica   dN(f(x), f(a))   < /2   e   x ∈   BM(a, δg)   implica   dN(g(x), g(a))   < /2. Tomeδ   =  min {δf, δg}. Afirmo que   B(a, δ)   é a bola procurada. Com efeito, suponha porabsurdo que exista  y ∈ f(B(a, δ)) ∩ g(B(a, δ)). Então existem  x1, x2 ∈ B(a, δ)  tais que

     y =  f(x1) = g(x2). E assim:

     =  dN(f(a), g(a)) ≤ dn(f(a), y) + dN( y, g(a))= dN(f(a), f(x1)) + dN(g(x2), g(a)) <

     

    2 +

     

    2  =   =  dN(f(a), g(a)),

    uma contradição.

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    Exercício 5.  Seja F  :  I → R derivável em todos os pontos do intervalo aberto  I. Mostreque se F  é lipschitziana, então sua derivada é limitada em  I.

    Solução: Existe M > 0  tal que   |F(x + h ) − F(x)| ≤ M|h |  para todo  x ∈ I  e  h  pequenoo suficiente para que  x + h  ainda esteja em   I. Então:

    0 ≤ F(x + h ) − F(x)h  ≤  M|h ||h |   = M,e tomando o limite   h  →   0   (cuja existência é garantida por hipótese), temos   0 ≤|F (x)| ≤ M.

    Exercício 6.  Sejam M  e  N  espaços métricos. Mostre que: 

    •   Se M  é um conjunto discreto, então qualquer função f  :  M → N é contínua.•   Seja   N   um conjunto discreto. Então uma função  g   :  M → N  é contínua se, e

    somente se, cada ponto   a ∈   M  é centro de uma bola aberta na qual   g  é uma função constante.

    Solução:

    •   Seja  a ∈ M  e   >  0. Seja lá qual for   , existe   δ >  0   tal que   B(a, δ) = {a}, poisa  é isolado. Então se  x ∈ B(a, δ), temos  d(f(x), f(a)) = d(f(a), f(a)) = 0  < .

    •   =

    ⇒:   Seja   a ∈  M. Como   N   é discreto,   f(a)   é isolado e existe   >  0   tal queBN(f(a), ) = {f(a)}. Por continuidade, para este   > 0  existe  δ > 0  tal quex ∈  BM(a, δ)   implica   f(x) ∈  BN(f(a), ) =   {f(a)}, isto é,   f(x) =  f(a), e   f  éconstante na bola  BM(a, δ).⇐= :   Seja a ∈ M  e   > 0. Independentemente do valor de  , por hipótese existeuma bola   B(a, δ)  na qual   f  é constante, e esta constante deve necessari-amente ser   f(a). Então   x ∈  B(a, δ)   implica  d(f(x), f(a)) =  d(f(a), f(a)) =0 < . Portanto   f  é contínua em  a.

    Exercício 7.  Seja f  :  M×

    N→ K continua. Mostre que para cada  a ∈ M e cada b ∈ Nas aplicações  fa   :  N → K e  fb   :  M → K, definidas por  fa( y) = f(a, y) e  fb(x) = f(x, b)são contínuas.

    Solução: Tome a métrica do máximo em   M × N. Seja   > 0  e  y0 ∈ N. Note que   fé contínua em particular no ponto   (a, y0). Então existe  δ > 0  tal que

    dM×N((a, y), (a, y0)) < δ   =⇒   dK(f(a, y), f(a, y0)) < ,porém isto também se lê como:

    dN( y, y0) < δ   =

    ⇒  dK(fa( y), fa( y0)) < ,

    donde segue que   fa  é contínua. O tratamento para   fb  é idêntico.

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    Exercício 8.  Prove que se F  :  M → N é uma função contínua e injetora, e tal que F(a)é um ponto isolado de N, então a  é um ponto isolado de  M.

    Solução: Como   f(a)   é isolado em   N, existe   >   0   tal que   BN(f(a), ) =   {f(a)}.Por continudade, existe

      δ > 0   tal que

     x ∈ BM(a, δ

    )  implica  f

    (x

    ) ∈ BN

    (f

    (a

    ),

    ), isto é,f(x) = f(a). Como   f  é injetora, concluímos que   x =  a, e daí  B(a, δ) = {a}. Logo   a  éisolado em  M.

    Exercício 9.  Prove que se   M  é homeomorfo a   M e   N  é homeomorfo a   N , entãoM × N é homeomorfo a  M × N .

    Solução: Existem homeomorfismos   fM   :  M

    →M e   fN   :  N

    →N . Defina a função

    F   :  M×

    N → M × N pondo   F(x, y) = (fM(x), fN( y)). Temos que   F   é contínua poissuas componentes o são. Existem e são contínuas   f−1M   :   M →   M   e   f−1N   :   N →   N.Afirmo que a função   G   :  M × N → M × N  dada por   G(x, y) = (f−1M (x), f−1N ( y))  é ainversa de  F   (fato que já prova que  F  é bijetora). Temos

    F(G(x, y)) = F((f−1M (x), f−1N ( y))) = (fM(f

    −1M (x)), fN(f

    −1N ( y))) = (x, y),

    e também:

    G(F(x, y)) = G((fM(x), fN( y))) = (f−1M (fM(x)), f

    −1N (fN( y))) = (x, y).

    E por fim note que   G   é contínua por ter componentes contínuas. Então   F   é umabijeção contínua com inversa contínua, logo homeomorfismo.

    Exercício 10.   Seja   F   :   M →   N  uma função contínua e   Γ  ⊂   M × N  o gráfico de  F.Prove que Γ  é homeomorfo a  M.

    Solução: Defina   π   :   Γ 

     →  M   pondo   π (x, F(x)) =   x. Claramente   π   é contínua e

    sobrejetora. E

    π (x, F(x)) = π ( y, F( y))   =⇒   x =  y,   e também  F(x) = F( y),assim  π  é injetora. Afirmo que a inversa de  π  é a função  M  x → (x, F(x)) ∈ Γ , quechamaremos de  π −1. Com efeito:

    π (π −1(x)) = π (x, F(x)) = x, π −1(π (x, F(x))) = π −1(x) = (x, F(x)).

    E ainda  π −1 é contínua por ter componentes contínuas (a identidade e  F). Logo  π  éum homeomorfismo.

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    Exercício 11.   Prove que toda bola aberta   B   =   B(a, r)   do espaço euclidiano   Rn éhomeomorfa ao espaço  Rn inteiro.

    Solução: Toda bola B(a, r) é homeomorfa à bola  B(0, 1). Então a estratégia é provarque a bola   B(0, 1)   é homeomorfa ao   Rn, e este homeomorfismo será construido àpartir da ideia de expandir a bola radialmente em todas as direções. Para tal, o nossoprimeiro passo é construir um homeomorfismo entre   (0, 1)   e   R≥0. Já sabemos que

    tan  : (0, π ) → R≥0  é um homeomorfismo. E a aplicação  φ1   : (0, 1) → (0, π )  dada porφ1(x) = πx   também. Desta forma, temos que a aplicação   (0, 1)  x → tan(πx) ∈ R  éum homeomorfismo entre  (0, 1) e  R≥0. Com isto em mãos, definimos  F :  B(0, 1)→ Rnpondo:

    F(x) = tan(π x) x.Assim  F   é um homeomorfismo. Agora só nos resta achar um homeomorfismo entreB(a, r)  e  B(0, 1)  e compor com  F. A ideia é aplicar uma translação para encaixar oscentros, e então uma homotetia para ajustar o tamanho da bola. Um homeomorfismoentre   (0, r)   e   (0, 1)   é dado por   φ2(x) =   x/r. Então   G   :   B(a, r)

     →  B(0, 1)   dada por

    G(x) =  x−a

    r  (x − a)  é um homeomorfismo entre as bolas. Desta forma, a composta

    h  =  F ◦ G :  B(a, r)→ Rn é uma composta de homeomorfismos. Explicitamente:h (x) =

     x − ar

      tan

    π x − a2

    r

    (x − a).

    Exercício 12.  Prove que a esfera  Sn menos o polo sul é homeomorfa ao espaço  Rn.

    Solução: A ideia é construir a projeção estereográfica. Chamando as coordenadasnaturais do  Rn+1,   x1, . . . , xn+1, note que o hiperplano   xn+1   =  0   é homeomorfo ao  Rn

    pela inclusão natural. A ideia é tomar a reta ligando o polo sul N  = (0, . . . , −1)  aoponto   p ∈  Sn, e associar ao ponto   p   = (x1, . . . , xn+1)   a interseção desta reta com ohiperplano  xn+1  =  0. Temos a reta:

    r(t) = N + t(p − N) = (tx1, . . . , t xn, txn+1 + t − 1).

    Queremos  t  tal que  r(t)  esteja no hiperplano  xn+1 = 0,  isto é:

    txn+1 + t − 1  =  0   =

    ⇒  t =

      1

    1 + xn+1.

    Defina  π  : Sn \ {N}→ Rn pondoπ (x) =

      x1 + xn+1

    ,

    onde já identificamos  x = (x1, . . . , xn+1) com x = (x1, . . . , xn). Então  π  é o homeomor-fismo procurado.

    Exercício 13.  Seja M um espaço métrico. Mostre que se d1  ∼ d2 e  d1 é discreta, então

    d2 também é discreta.

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    Solução: Na verdade basta a condição d2  d1. Como  d1  é discreta, existe   > 0  talque   Bd1(a, ) =   {a}. E como  d2   d1, existe   δ >  0  tal que   Bd2(a, δ) ⊂  Bd1(a, ) =   {a}.Como bolas abertas são não-vazias, temos  Bd2(a, δ) = {a}, e portanto  d2  é discreta (jáque  a  era arbitrário).

    Exercício 14.   Mostre que se existirem números reais   m, n >   0   tais que   d(x, y) ≤nd (x, y)   e   d (x, y) ≤   m d(x, y)  quaisquer que sejam os pontos   x, y ∈   M, então asmétricas d e  d são equivalentes.

    Solução: Tome uma bola B(a, )  (segundo  d). Afirmo que  B

    a,   n

    ⊂ B(a, ). Comefeito, tome  x ∈ B a,  

    n

    . Então temos:

    d(x, a) ≤ nd (x, y) < n n

      = ,

    e vale a afirmação. Portanto  d

     d. Analogamente tem-se que  B a,   m  ⊂ B (a, )  edaí  d  d . Concluímos que  d ∼  d .

    Exercício 15.  Sejam   (M,d)  e   (N,d1)  espaços métricos e   f   :  M → N  uma aplicaçãocontínua. A métrica definida em  M  por  ρ(x, y) = d(x, y) + d1(f(x), f( y)) é equivalentea  d.

    Solução: Note que  d(x, y) ≤ ρ(x, y) quaisquer que sejam  x, y ∈ M. Então dada umabola qualquer   Bd(a, ), afirmo que   Bρ(a, )

     ⊂ Bd(a, ). Com efeito, se   x

     ∈ Bρ(a, ),

    tem-se:d(x, a) ≤ ρ(x, y) < ,

    e daí  x ∈ Bd(a, ), o que testemunha que  ρ  d. Agora considere uma bola  Bρ(a, ).Como f é contínua em  a, existe δ > 0  tal que  d(x, a) < δ implica  d1(f(x), f(a)) < /2.Então tome   δ   =  min {δ,/2}. Afirmo que   Bd(a, δ) ⊂   Bρ(a, ). Tome   x ∈   Bd(a, δ).Assim  d(x, a) < δ  e valem as observações anteriores. Temos:

    ρ(x, a) = d(x, a) + d1(f(x), f(a)) < 

    2 +

     

    2  = ,

    e vale a afirmação. Assim  d  ρ. Concluímos que as métricas são equivalentes.

    Exercício 16.  Seja  φ   : [0, +∞[→ [0, +∞[ uma função estritamente crescente tal queφ(0) = 0  e  φ(x + y) ≤ φ(x) + φ( y). Então, se  d  é uma métrica em M, prove que φ ◦ dtambém é uma métrica em  M. Se, além disso,  φ  for contínua no ponto  0, as métricasd e  φ ◦ d são equivalentes.

    Solução: Sejam  x, y, z  ∈ M.

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    •  Positividade:   φ(d(x, y)) ≥ 0  pois  φ  só assume valores não-negativos. Como φé estritamente crescente,  φ  é injetora, e daí vale o primeiro ⇐⇒   de :

    φ(d(x, y)) = 0 ⇐⇒   d(x, y) = 0 ⇐⇒   x =  y.•  Simetria:   φ(d(x, y)) = φ(d( y, x))  pois  d  é assumida métrica.

      Desigualdade triangular:φ(d(x, y)) ≤ φ(d(x, z ) + d( y, z )) ≤ φ(d(x, z )) + φ(d( y, z )),

    onde na primeira desigualdade usamos a desigualade triangular de  d  e que   φé crescente, e na segunda desigualdade utilizamos a propriedade extra de  φ.

    Agora assuma  φ contínua em  0. Considere uma bola  Bφ◦d(a, ). Como  φ é contínuaem   0, existe   δ >   0   tal que   d(x, y)   < δ   nos dá   φ(d(x, y))   < . Então claramenteBd(a, δ) ⊂   Bφ◦d(a, )   e   d   φ ◦ d. Agora considere uma bola   Bd(a, ). Afirmo queBφ◦d(a, φ()) ⊂ Bd(a, ). Com efeito, tome x ∈ Bφ◦d(a, φ()). Então φ(d(x, y)) < φ()nos dá que   d(x, y)  < , visto que   φ   é crescente. Portanto   φ ◦ d   d, e concluímosque as métricas são equivalentes.

    19

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    4 Lista 4

    Exercício 1.  Seja  M  um espaço métrico e  A ⊂ M. Prove que  A  é aberto em  M se, esomente se A ∩ ∂A é vazio.Solução:

    =⇒ :   Se   A   é aberto em   M, dado   p ∈  A  existe   r >  0   tal que   B( p, r) ⊂  A. Daí queB( p, r) ∩ Ac = ∅ e concluímos que  p ∈ ∂A. Isto é,  A ∩ ∂A = ∅.⇐= :   Suponha A ∩∂A = ∅. Tome  p ∈ A. Então  p ∈ ∂A, o que por definição significaque existe  r > 0  tal que  B( p, r) ⊂ A  ou  B( p, r) ⊂ Ac. O segundo caso não podeocorrer pois  p ∈ A, logo  B( p, r) ⊂ A  e  A é aberto em  M.

    Exercício 2.  Determine se os conjuntos seguintes são abertos em  R2: 

    •   T   = {(x, y)

     ∈R2 | y > 0}.

    •   S =  {(x, y) ∈ R2 | x  0.Então se   (x, y) ∈ B((x0, y0), r), temos que   |x − x0| < r, daí:

    x0 − r < x < x0 + r   =⇒   x  0. Então se   (x, y)

     ∈ B((x0, y0), r), temos que:

    (x, y) ≤ (x, y) − (x0, y0) + (x0, y0) < r + (x0, y0) =  1,portanto   (x, y) ∈ B((x0, y0), r) e daí  B((x0, y0), r) ⊂ H. Assim  H  é aberto no  R2.

    •  Considere o  R2 com a métrica do máximo. Dado   (x0, y0) ∈ C, note que temos|x0|, | y0| <  1. Tome r  =  min {1− |x0|, 1− | y0|} >  0, e um ponto  (x, y) ∈ B((x0, y0), r).Temos:

    d((x, y), (x0, y0)) < r   =

    ⇒  |x − x0| < r   =

    ⇒  |x| < r + |x0| <  1  − |x0| + |x0| =  1,

    então   |x| <  1. Analogamente se mostra que   | y| <  1. Assim   (x, y)

     ∈ B((x0, y0), r)

    e daí  B((x0, y0), r) ⊂ H. Portanto  H  é aberto no  R2.20

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    Exercício 3.

    •  Prove que um conjunto reduzido a um ponto tem interior não-vazio se, e somentese, o ponto é isolado. O conjunto de números racionais tem interior vazio.

    •  Um espaço métrico  M é discreto se, e somente se, todos os seus subconjuntossão abertos.

    Solução:

    •   (  {a}   tem interior não vazio) ⇐⇒   ( a   é interior a   {a}) ⇐⇒   (existe   r >   0tal que   B(a, r) ⊂   {a}, isto é,   B(a, r) =   {a}) ⇐⇒   ( a   é isolado). Aplicando ascontra-positivas da asserção acima, temos que os racionais tem interior vaziopois nenhum ponto é isolado (de fato,  Q é denso em  R).

    •   =⇒ :   Se   M  é discreto, todos os seus pontos são isolados. Portanto para todoa ∈ M,   {a}   tem interior não vazio. Desta forma, só podemos ter   int   {a} = {a}, isto é,   {a} é aberto. Todo subconjunto de  M é reunião de seus pontos,mas sabemos que reuniões arbitrárias de conjuntos abertos são abertas.⇐= :   Se todos os subconjuntos de   M  são abertos, dado   a ∈ M, em particular

     {a}   é aberto. Isto é,   int {a}  =   {a}, e por definição de interior, existe   r >  0tal que   B(a, r) ⊂   {a}. Como as bolas abertas são não-vazias, temos queB(a, r) = {a}, e  a  é isolado em  M.

    Exercício 4.  Dados A, B ⊂ M, tem-se int(A ∩ B) = int(A) ∩ int(B) e  int(A) ∪ int(B) ⊂int(A ∪ B).Solução:

    •   int(A ∩ B) =   int(A) ∩ int(B): Tome   x ∈   int(A ∩ B). Então existe  r >  0  tal queB(x, r) ⊂ A ∩ B, isto é,  B(x, r) ⊂ A  e  B(x, r) ⊂ B. Então  x ∈ int(A)  e  x ∈ int(B),portanto   int(A ∩ B) ⊂ int(A) ∩ int(B).Para a outra inclusão, tome   x ∈   int(A) ∩ int(B). Então existem   rA, rB   >   0tais que   B(x, rA) ⊂  A   e   B(x, rB) ⊂  B. Tome   r  =  min {rA, rB}  >  0, de sorte queB(x, r)

     ⊂ A

    ∩B, donde segue que  x

     ∈ int(A

    ∩B). Daí  int(A

    ∩B)

     ⊃ int(A)

    ∩int(B).

    •   int(A) ∪ int(B) ⊂   int(A ∪ B): Tome   x ∈   int(A) ∪ int(B), isto é,   x ∈   int(A)ou   x ∈   int(B). Então suponha sem perda de generalidade que   x ∈   int(A).Existe   r >   0   tal que   B(x, r) ⊂   A ⊂   A ∪ B, e daí   x ∈   int(A ∪ B). Portantoint(A) ∪ int(B) ⊂ int(A ∪ B).

    Exercício 5.  A fronteira (ou bordo) de um conjunto aberto tem interior vazio. Alémdisso, se um conjunto  A e seu complementar  Ac têm interior vazio, a fronteira de cada

    um deles é o espaço inteiro.

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    Solução: Seja  A ⊂ M  um conjunto aberto. Seja  x ∈ ∂A. Provemos que  x ∈ int(∂A),isto é, que para qualquer   r >  0,   B(x, r) ⊂  ∂A. Como   x ∈ ∂A,   B(x, r) ∩ A =  ∅, entãotome  y ∈ B(x, r) ∩ A. Como este último conjunto é uma interseção de dois abertos, éaberto também, então existe   s >  0  tal que   B( y, s) ⊂  B(x, r) ∩ A. Como   B( y, s) ⊂  A,temos que   B( y, s) ∩ Ac =  ∅, então   y ∈  ∂A, e daí segue que   B(x, r) ⊂  ∂A   (achamosum elemento  y  que está no primeiro conjunto mas não no segundo). A conclusão éque   int(∂A) = ∅.

    Para a segunda parte do exercício, usamos a decomposição:

    M =  int(A) ∪ ∂A ∪ int(Ac) = int(Ac) ∪ ∂(Ac) ∪ int(A),

    onde as uniões acima são disjuntas (no final usamos que  (Ac)c = A). Se  A  e  Ac teminteriores vazios, só resta que  M =  ∂A  =  ∂(Ac).

    Exercício 6.  Determine os fechos dos conjuntos: 

    •   B =  {1/n |  n ∈ Z>0}•   C =  {0} ∪ (1, 2) em  R.•   Z≥0

    •   Q

    •  O fecho de  A  = (0, 1/2) relativo ao espaço métrico Y  = (0, 1/2 ] ⊂ R.

    Solução:

    •   B =  {1/n |  n ∈ Z>0} ∪ {0}.•   C =  {0} ∪ [1, 2 ].•   Z≥0  = Z≥0.

    •   Q = R.

    •   A =  Y   (o ponto  0  não pertence ao espaço  Y !)

    Exercício 7.  Justifique por que, em geral, a interseção infinita de abertos não é umaberto.

    Solução: Provaremos que a interseção finita de abertos é um aberto, a justificativaaparecerá naturalmente. Sejam   {Ai}ni=1   abertos. Seja   x ∈

     ni=1 Ai. Então para cada  i,

    temos que   x ∈ Ai, e existe  ri  >  0   tal que  B(x, ri) ⊂ Ai. Tome  r =  min {r1, . . . , rn} >  0.Desta forma, para todo   i  temos  B(x, r) ⊂ B(x, ri) ⊂ Ai, e segue que  B(x, r) ⊂

    ni=1 Ai,

    donde

     ni=1 Ai   é aberto. A falha no caso infinito é que   r  =  min {r1, . . . , rn, . . .}   pode

    não existir, isto é, estaríamos tomando o ínfimo de um conjunto infinito de raios  ri,

    que poderia ser zero. E neste caso não temos como construir a bola  B(x, r).

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    Exercício 8.  Se  U  é um aberto em  M  e  V  é um fechado em  M, então  U \ V  é abertoe V  \ U é um fechado em  M.

    Solução: Resumindo as informações, temos   U   e   V c abertos, e   Uc e   V   fechados.Então U \ V  = U

    ∩V c é uma interseção de dois abertos, logo aberto. E  V \ U =  V 

    ∩Uc

    é uma interseção de fechados, logo fechado.

    Exercício 9.   Seja   M   =  R \ {−1, 1}  o espaço métrico com a métrica induzida de  R.Prove que a bola fechada   B[0, 1 ]   é um conjunto aberto em   M. Assim, uma bola

     fechada pode ser um conjunto aberto ou não. Prove que o fato acima não acontecenum espaço vetorial normado  E =   {0}, isto é, uma bola fechada  B[a, r ] em  E nunca éum subconjunto aberto de  E.

    Solução: Para a primeira parte, basta notar que   B[0, 1 ] = (0, 1), que claramente éaberto em  M.

    Para a segunda parte, acharemos um ponto de  B[a, r ] que não está em seu interior.

    Como   E  por hipótese contém um vetor  v  não nulo, considere o vetor   x  =  a  +  r

    vv.Temos:

    x − a =a +   rvv − a

    = rvv =   rvv =  r,

    portanto   x ∈  B[a, r ]. Afirmo que   x   não é interior à bola. Seja   >  0  e considere ovetor  y =  x +

     

    2

    v

    v. Temos:

    x − y =x − x −   2vv

    = 2vv =   2vv =  2  < ,

    então  y ∈ B(x, ). Falta ver que  y ∈ B[a, r ]. Com efeito:

    y − a =a +   rvv +   2vv − a

    = r + /2v   v =  r + /2v   v =  r + /2 > r.

    Exercício 10.  Prove que, num espaço vetorial normado   E, o fecho da bola abertaB(a, r) é a bola fechada  B[a, r ]. É verdade num espaço métrico qualquer? 

    Solução: Seja   p ∈   B(a, r). Então para cada   n ∈  Z>0   existe   xn ∈   B(a, r)   tal qued(p,xn) <  1/n. Então:

    d(a, p) ≤ d(a,xn) + d(p, xn) < r +   1n

    .

    Como   d(a, p)  <   1/n   para todo   n, passamos ao limite e obtemos   d(a, p) ≤  r, isto é,p

     ∈ B[a, r ]  e temos a primeira inclusão   B(a, r)

     ⊂ B[a, r ]. Esta inclusão é válida para

    qualquer espaço métrico.

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    Agora tome   p ∈   B[a, r ]. Vamos provar que   d(p, B(a, r)) =   0, assim obtendo asegunda inclusão. Seja  0 < < r, e considere  x  = a +

     r −

    r  (p− a). Provaremos que

    d(p,x) ≤   mas que  x ∈ B(a, r), terminando a demonstração. Temos:

    x − a =a +

     r −

    r  (p − a) − a

    =

    r −

    r  (p − a)

    = r −

    r  p − a ≤ r − < r,

    daí  x ∈ B(a, r). E também:

    x − p =a +  r − r   (p − a) − p

    = 1 −  r − ra +

    r −

    r  − 1

    p

    =

    1 −  r − r

    (a − p)

    = r (p − a)

    rp − a ≤ 

    rr =  .

    Para concluirmos: o resultado não é verdade em um espaço métrico qualquer.Basta tomar qualquer conjunto   M   com mais de um ponto munido com a métrica

    discreta. Então  B( p, 1) = { p},  B( p, 1) = { p}, mas  B[ p, 1 ] = M.

    Exercício 11.  Seja  M  um espaço métrico e  X ⊂ M. Prove que: •   M \ X =  M \ int(X).

    •   int(M \ X) = M \ X.

    Solução:

    •   x ∈   Xc ⇐⇒   para todo   r >   0,   B(x, r) ∩ Xc =   0 ⇐⇒   para todo   r >   0,B(x, r) ⊂ X ⇐⇒   x ∈ int(X) ⇐⇒   x ∈ (int(X))c.

    •   x ∈   int(Xc) ⇐⇒   existe   r >  0   tal que   B(x, r) ⊂  Xc ⇐⇒   existe   r >  0   tal queB(x, r) ∩ X = ∅ ⇐⇒   x ∈ X ⇐⇒   x ∈ Xc.

    Exercício 12.   Se   f   :  M → N × N  é contínua e  ∆ ⊂  N × N  é a diagonal, prove quef−1(N × N \ ∆) é uma reunião de bolas abertas.Solução: Primeiramente, note que ser reunião de bolas abertas é equivalente a seraberto. Com efeito, reuniões de bolas abertas são conjuntos abertos, e se  X  é aberto,temos   X   =

    x∈X {x} ⊂

    x∈X B(x, rx) ⊂  X, donde temos   X   =

    x∈X B(x, rx). Visto que

    pré-imagens de abertos por funções contínuas são conjuntos abertos, basta provarmosque  N × N \ ∆  é um aberto de  N × N, e terminamos. Mas de fato,  N  é homeomorfoà  N × { p}   (onde   p ∈ N  é qualquer), que é fechado em  N × N, e  ∆  é fechado por serhomeomorfo à   N   (logo à   N × { p}), visto que é o gráfico da identidade   idN   :  N

    →N

    (contínua). Assim  N × N \ ∆  é aberto.

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    Exercício 13.  Dados X, Y  num espaço métrico  M, prove que  X ∪ Y  = X ∪ Y .

    Solução:   x ∈ X ∪ Y  ⇐⇒   para todo   r >  0, tem-se   B(x, r) ∩ (X ∪ Y ) =  ∅ ⇐⇒   paratodo r > 0, tem-se (B(x, r)∩X)∪(B(x, r)∩Y ) = ∅ ⇐⇒   para todo r > 0, B(x, r)∩X = ∅ou para todo  r > 0, B(x, r) ∩ Y  = ∅ ⇐⇒   x ∈ X  ou  x ∈ Y  ⇐⇒   x ∈ X ∪ Y .

    Exercício 14.   Dados   A ⊂   M   e   B ⊂   N, tem se   int(A × B) =   int(A) ×  int(B)   e∂(A × B) = (∂A × B) ∪ (A × ∂B) em  M × N.

    Solução: Tome a métrica do máximo em  M × N, de sorte que uma bola no espaçoproduto é um produto de bolas nos espaços "de baixo".

    •   int(A × B) =   int(A) × int(B):   (x, y) ∈   int(A × B) ⇐⇒   existe   r >   0   tal queB((x, y), r) ⊂  A × B ⇐⇒   existe   r >  0   tal que   B(x, r) × B( y, r) ⊂  A × B ⇐⇒existe  r > 0  tal que  B(x, r) ⊂ A  e  B( y, r) ⊂ B

     ⇐⇒  x ∈ int(A)  e  y ∈ int(B)

     ⇐⇒(x, y) ∈   int(A) × int(B). Observação: no penúltimo ⇐=   , a rigor, existemrA, rB  >  0  tais que  B(x, rA) ⊂ A  e  B( y, rB) ⊂ B, de modo que o  r que aparece nasequência é o mínimo entre esses raios.

    •   ∂(A × B) = (∂A × B) ∪ (A × ∂B): Respire fundo.(x, y) ∈ ∂(A × B) ⇐⇒⇐⇒  ∀ r > 0,B((x, y), r) ∩ (A × B) = ∅

    e  B((x, y), r) ∩ (A × B)c = ∅

    ⇐⇒  ∀ r > 0,B((x, y), r) ∩ (A × B) = ∅

    e  B((x, y), r) ∩ ((Ac

    × B) ∪ (A × Bc

    )) = ∅⇐⇒  ∀ r > 0,B((x, y), r) ∩ (A × B) = ∅

    e   (B((x, y), r) ∩ (Ac × B)) ∪ (B((x, y), r) ∩ (A × Bc)) = ∅

    ⇐⇒  ∀ r > 0,(B(x, r) × B( y, r)) ∩ (A × B) = ∅e   ((B(x, r) × B( y, r)) ∩ (Ac × B)) ∪ ((B(x, r) × B( y, r)) ∩ (A × Bc)) = ∅

    ⇐⇒  ∀ r > 0,(B(x, r) × B( y, r)) ∩ (A × B) = ∅ e   (B(x, r) × B( y, r)) ∩ (Ac × B) = ∅ou   (B(x, r) × B( y, r)) ∩ (A × B) = ∅ e   (B(x, r) × B( y, r)) ∩ (A × Bc)) = ∅

    ⇐⇒  ∀ r > 0,(B(x, r) ∩ A = ∅ e  B(x, r) ∩ Ac = ∅)  e  B( y, r) ∩ B = ∅ou  B(x, r) ∩ A = ∅  e   (B( y, r) ∩ B = ∅ e  B( y, r) ∩ Bc = ∅)⇐⇒ x ∈ ∂A  e  y ∈ B

    ou  x ∈ A  e  y ∈ ∂B ⇐⇒   (x, y) ∈ ∂A × B  ou   (x, y) ∈ A × ∂B⇐⇒   (x, y) ∈ (∂A × B) ∪ (A × ∂B)

    Exercício 15.   Sejam   A, B

     ⊂  M  com   A  aberto. Prove que  A

     ∩ B

     ⊂  A

    ∩B. O que

    acontece se  A  não é aberto em  M? 

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    Solução: Seja   x ∈  A ∩ B. Considere uma bola aberta qualquer   B(x, r). Como  A  éaberto, existe um   r >  0  tal que   B(x, r ) ⊂  A. Seja   r =  min {r, r }. Então temos queB(x, r ) ⊂  A  e   B(x, r ) ∩ B =  ∅, já que   x ∈  B. Então   B(x, r ) ∩ A ∩ B =  ∅, e comoB(x, r ) ⊂ B(x, r), resulta que  B(x, r) ∩ A ∩ B = ∅ também, e obtemos que  x ∈ A ∩ B.Portanto está verificada a inclusão afirmada inicialmente.

    Se   A   não é aberto, pode ser que a inclusão falhe, visto que não garantiremosque   B(x, r)   intersecta   A. De fato, na reta com a métrica usual, tome   A   = [0, 1 ]   e

    B = (1, 2). Então   {1} = [0, 1 ] ∩ [1, 2 ] = A ∩ B ⊂ A ∩ B = ∅ = ∅.

    Exercício 16.  Se um conjunto aberto  A é disjunto de  S, então A é disjunto do fechode S.

    Solução: Seja   x ∈   A. Provemos que   x ∈   S, isto é, que existe   r >   0   tal queB(x, r) ∩ S = ∅. Como  A  é aberto, existe  r > 0  tal que  B(x, r) ⊂ A. Como  A ∩ S = ∅,temos que  B(x, r)

    ∩S = ∅, e este  r  é o procurado.

    Exercício 17.  Seja  (M,d) um espaço métrico e  A ⊂ M. Prove que  x ∈ M  é ponto debordo de A, isto é  x ∈ ∂A  se, e somente se  d(x, A) = d(x, Ac) = 0.

    Solução:

    =

    ⇒:   Suponha que  x ∈ ∂A. Seja   > 0. Então  B(x, )∩A = ∅, isto é, existe  p ∈ A  talque d(x, p) < . Como  > 0  é qualquer, tomando o ínfimo obtemos d(x, A) = 0.Analogamente temos  d(x, Ac) = 0.

    ⇐= :   Suponha que   d(x, A) =   d(x, Ac) =   0. Seja   r >  0. Como   d(x, A) =   0, existe p ∈ A  tal que  d(x, p) < r, isto é,  p ∈ B(x, r) ∩ A =  ∅.  Analogamente temos queB(x, r) ∩ Ac = ∅.  Portanto  x ∈ ∂A.

    Exercício 18.   Seja   (M,d)  um espaço métrico e   F ⊂   M   um conjunto finito. Então∂F ⊂ F.

    Solução: Como   F  é finito,   F   é fechado (diretamente, pois   Fc é aberto). Então   F   éigual ao seu fecho, e temos  ∂F ⊂ F  =  F.

    Exercício 19.  Seja  (M,d) um espaço métrico e  X ⊂ M. Prove que  a ∈ X  é um pontoisolado de X  se, e somente se  d(a, X \ {a}) = 0. Além disso, prove que o ponto  0  não éum ponto isolado do espaço métrico  X  =  {1/n |  n ∈ N} ∪ {0} ⊂ R.

    Solução:

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    =⇒ :   Suponha   a ∈   X   isolado. Então existe   r >  0   tal que   B(a, r) =   {a}. Então sex = a, temos que  d(a, x) ≥ r. Tomando o ínfimo em  x, temos que  d(a, X \ {a}) ≥r > 0.

    ⇐= :  Suponha que  d(a, X \ {a}) = r >  0. Então considere a bola  B(a, r). Temos quex ∈ B(a, r) implica  d(a, x) < r =  inf  {d(a, x) |  x = a}, donde segue que  x ∈ X \ {a},e daí  x =  a. Logo  a ∈ X  é isolado.

    Para a segunda parte do exercício, de fato  0  não é um ponto isolado do conjuntoX dado, pois  d(0, X \ {0}) = 0. Com efeito, dado   > 0, existe  n ∈ Z>0  tal que  1/n < .

    Exercício 20.  Dado S ⊂ M, seja  (Fλ)λ∈L a família de todos os subconjuntos fechadosde M  que contém S. Prove que S  =

    λ∈L Fλ.

    Solução: Seja   x ∈   S. Então   d(x, S) =   0. Como   Fλ ⊃   S, temos que   d(x, Fλ) ≤d(x, S) =  0, então  d(x, Fλ) =  0. Como  Fλ  é fechado, temos que   x

     ∈ Fλ. Como  λ

     ∈ L

    era qualquer, temos  x ∈ λ∈L Fλ, e temos a inclusão  S ⊂ λ∈L Fλ.Agora façamos a contra-positiva. Suponha que   x ∈   S. Acharemos um fechado

    contendo   S  que não contém   x. Temos que  d(x, S) =  r >  0. Considere   F  =   { p ∈  M   |d( p, S) ≤   r/2}. É fácil ver que   S ⊂   F   e que   x ∈   F. E note que   F   é a pré-imagemdo conjunto   [0, r/2 ]   (que é fechado) pela função (contínua) que associa à cada   p, onúmero  d( p, S), portanto  F  é fechado.1

    Exercício 21.  Uma aplicação f  :  M → N é contínua se, e somente se, para todo  Y  ⊂ Ntem-se f−1(int(Y )) ⊂ int(f−1(Y )).Solução: Analogamente à caracterização de fecho dada no exercício anterior, valeque   int(Y ) =

    λ∈L Aλ, onde os   (Aλ)λ∈L  é a família de todos os abertos contidos em  Y .

    Suponha   f  contínua. Então:

    f−1(int(Y )) = f−1

    λ∈L

    =λ∈L

    f−1(Aλ) ⊂ int(f−1(Y )),

    pois os  f−1(Aλ)  são abertos.

    Agora suponha que vale   f−1(int(Y )) ⊂   int(f−1(Y ))   para todo   Y  ⊂   N. Provemosque   f   é contínua, verificando que pré-imagens de abertos são abertos. Já temosque   int(f−1(Y )) ⊂   f−1(Y ). Se   Y   é aberto, temos   int(Y ) =   Y   e a hipótese se lê comof−1(Y ) ⊂ int(f−1(Y )). Portanto vale a igualdade e  f  é contínua.

    1Tem outro argumento fácil por sequências: se   pn  ∈   F   para todo   n ∈   Z>0, e   pn →   p, comoa função descrita anteriormente é contínua, temos   d( pn, S) ≤   r/2   =

    ⇒  limd( pn, S) ≤   r/2   =

    ⇒d( p, S) ≤ r/2   =

    ⇒  p ∈ F, e  F  é fechado.

    27

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    Exercício 22.  Sejam  f1, f2, . . . , fn   :  M → N aplicações contínuas e  a1, a2, . . . , an ∈ N.O conjunto de pontos  x ∈ M  tais que  fi(x) = ai, para todo  i  =  1, 2, . . . , n é aberto emN.

    Solução: Para todo   i, temos que  Fi  = {x ∈ M  |  fi(x) = ai} =  {x ∈ M  |  dN(fi(x), ai) =0}   é fechado, pois é a pré-imagem do fechado   {0}  pela aplicação   x 

    →dN(fi(x), ai),

    que é contínua, pois  dN  e   f  o são. O conjunto descrito no enunciado é ni=1 Fi, uma

    interseção de fechados, logo fechado.

    Exercício 23.  Uma aplicação f :  M → N biunívoca, de M sobre  N, é um homeomor- fismo se, e somente se, é contínua e fechada.

    Solução:

    =

    ⇒:   Suponha que   f   é um homeomorfismo. Então   f   é trivialmente contínua. SeF

     ⊂ M   é fechado, então   f(F) = (f−1)−1(F)  é pré-imagem de um fechado ( F) por

    uma função contínua ( f−1), logo é fechado. Portanto  f  é uma aplicação fechada.⇐= :   Suponha   f contínua e fechada. Só falta ver que  f−1 é contínua, e faremos istoverificando que pré-imagens de fechados são fechados. Ora, como antes, seF ⊂ M  é fechado, temos que   (f−1)−1(F) = f(F)  é fechado, pois  f  é uma aplicaçãofechada.

    Exercício 24.  Dar um exemplo de uma aplicação que seja contínua e aberta, mas não

     fechada.

    Solução: Pode tomar a projeção   π   :  R2 →  R, dada por   π (x, y) =   x. Então   π   éclaramente contínua. E   π   é aberta. Com efeito, tome, por exemplo, a norma domáximo em  R2. Seja  A ⊂ R2 aberto em  R2, e vamos provar que  π (A)  é aberto em  R.Dado   x0 ∈  π (A), existe   y0 ∈  R  tal que   (x0, y0) ∈  A. Como  A  é aberto, existe   >  0tal que   B((x0, y0), ) ⊂  A. Afirmo que   (x0  −  , x0 +  ) ⊂  π (A)   (isto é, que este     jáserve para resolver o problema). Tome  x ∈ (x0 − , x0 + ). Então note que:

    d((x, y0), (x0, y0)) = |x − x0| < ,

    portanto   (x, y0) ∈ B((x0, y0), ) ⊂ A. Assim,   π (x, y0) = x ∈ π (A). Então   (x0 − , x0 +) ⊂  π (A), e concluímos que   π (A)   é aberto. Como   A   era qualquer, temos que   π   éuma aplicação fechada.

    Para constatar que   π  não é fechada, basta considerar qualquer segmento de retahorizontal   ]a, b[× {c}, que é fechado em  R2, e teremos  π (]a, b[× {c}) =]a, b[, que não éfechado em  R.

    Exercício 25.  Uma aplicação   f   :   M →   N   é contínua se, e somente se, para todoX ∈ M tem-se f(X) ⊂ f(X).28

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    Solução:

    =⇒ :  Suponha que   f  é contínua. Seja   y ∈ f(X). Vamos provar que   y ∈ f(X). TomeV  uma vizinhança aberta de  y em  N, e escreva  y =  f(x)  para algum  x ∈ X. Porcontinuidade, temos que existe  U  vizinhança aberta de  x  com   f(U) ⊂ V . Comox ∈ X, temos que  U ∩ X = ∅, e assim:

    ∅= f(U

    ∩X)

     ⊂ f(U)

    ∩f(X)

     ⊂ V 

     ∩f(X),

    donde  V  ∩ f(X) = ∅, e daí  y ∈ f(X).  Como  y  era arbitrário, temos  f(X) ⊂ f(X).⇐= :   Seja  F ⊂ N  um fechado. Vamos provar que   f−1(F)  é fechado em  M, o que nos

    dá a conclusão. Temos:

    f(f−1(F)) ⊂ f(f−1(F)) ⊂ F  =  F   =⇒   f−1(F) ⊂ f−1(f(f−1(F))) ⊂ f−1(F).Como a outra inclusão,  f−1(F) ⊂ f−1(F), vale sempre, obtemos que f−1(F) = f−1(F)é fechado, e logo   f é contínua.

    Exercício 26.  Sejam  F, G ⊂  M conjuntos fechados, disjuntos e não vazios. Mostreque existe f  :  M → [0, 1 ] contínua tal que  f−1(0) = F e  f−1(1) = G. Conclua que existemabertos disjuntos U, V  ⊂ M  tais que  F ⊂ U  e  G ⊂ V .

    Solução: Defina  f :  M → [0, 1 ]  pondo:f(x) =

      d(x, F)

    d(x, F) + d(x, G).

    A função está bem-definida pois os conjuntos são não-vazios. O denominador nuncase anula pois F  e  G  são disjuntos. A função é contínua, pois dado  X ⊂ M, a aplicaçãox → d(x, X)  é contínua, e   f  é um quociente de funções contínuas. Ainda, temos:

    f−1(0) = {x ∈ M  |  d(x, F) = 0} =  F  =  Ff−1(1) = {x ∈ M  |  d(x, G) = 0} =  G  =  G,

    onde agora usamos que   F   e   G   são fechados. Basta tomar   >   0, e então   U   =f−1(] − , 1/2[)  e   V   =  f−1(]1/2, 1 +  [)   são pré-imagens de abertos, logo abertos. Sãodisjuntos, pois:

     ] − , 1/2[∩ ]1/2, 1 + [= ∅   =⇒   f−1(] − , 1/2[∩ ]1/2, 1 + [) = ∅   =⇒   U ∩ V  = ∅.E por fim,  {0} ⊂ ] − , 1/2[ =⇒   F =  f−1(0) ⊂ f−1(] − , 1/2[) = U, e analogamente tem-seque  G ⊂ V .

    Exercício 27.  Um conjunto  F ⊂  X é fechado

     ⇐⇒ contém todos os seus pontos de

    acumulação.

    Solução:

    29

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    =⇒ :  Suponha que  F é fechado. Note que todo ponto de acumulação de  F é tambémde aderência, portanto  F ⊂ F  =  F.

    ⇐= :   Vamos provar que   F ⊂   F   (e isto basta pois   F ⊂   F   sempre vale). Seja   x ∈   Fe suponha que   x ∈   F. Seja   U  uma vizinhança aberta qualquer de   x. EntãoU ∩ F = ∅, e como  x ∈ F, vale que   (U \ {x}) ∩ F = ∅, de modo que  x ∈ F . E porhipótese, segue que  x ∈ F. Concluímos que  F ⊂ F  e  F  é fechado.

    Exercício 28.  Se S ⊂ X não possui pontos de acumulação, então todo subconjunto deS é fechado em X.

    Solução: Seja  A ⊂ S. Temos que  A ⊂ S = ∅, e daí  A =  ∅ ⊂ A. Como  A  contémtodos os seus pontos de acumulação, pelo exercício anterior segue que  A  é fechado.

    Exercício 29.  Seja  X  um espaço de Hausdorff. Para que  x ∈  X  sejam um ponto deacumulação de um subconjunto  S ⊂  X  é necessário e suficiente que toda vizinhançade x  contenha uma infinidade de pontos de  S.

    Solução: Seja  x ∈ X. Se toda vizinhança de  x  contém uma infinidade de pontos deS, é claro que  x ∈ S . Por outro lado, suponha que  x ∈ S , e por absurdo, que existauma vizinhança aberta   U  de  x   tal que   (U \ {x}) ∩ S  seja finito, digamos,   {a1, · · ·   , an}.Para cada   1 ≤ i ≤ n, existe  Ui ⊂ X  aberto tal que  x ∈ Ui  e  ai = Ui. Então temos quen

    i=1 Ui ∩ U  é um aberto contendo   x. Mas   (n

    i=1 Ui ∩ U \ {x}) ∩ S  =  ∅, contradizendoque  x ∈ S .

    Com efeito, afirmo que  (ni=1 Ui

    ∩U

    ∩S)

    ∪ {x} =  {x}. Uma inclusão é clara. Agora,

    se   y ∈  (ni=1 Ui ∩ U ∩ S) ∪  {x}, vale que   y ∈  (U ∩ S) ∪  {x}  =   {x, a1, · · ·   , an}. Mas paratodo 1 ≤ i ≤ n,  y ∈ Ui  implica que  y = ai. Então resulta que  y  =  x  e a igualdade estáprovada. Subtraindo   {x}  em ambos os lados resulta que   (

    ni=1 Ui ∩ U \ {x}) ∩ S = ∅.

    Exercício 30.  Num espaço de Hausdorff, todo conjunto finito tem derivado vazio. Além disso, prove que num espaço de Hausdorff M, o derivado de qualquer subconjuntoF de  M  é fechado.

    Solução: Chame   X  o espaço de Hausdorff inicial, e seja   A  =   {x1,· · ·

      , xn}

     ⊂ X  um

    conjunto finito. Fixe  x ∈ X. Vejamos que  x ∈ A . Vejamos dois casos:•   x ∈   A: para cada   1 ≤   i ≤   n   existem   Ui, V i ⊂   X   abertos tais que   x ∈   Ui   e

    xi ∈ V i. Então  U =n

    i=1 Ui  é um aberto contendo  x  e  U ∩ A = ∅   (em particular(U \ {x}) ∩ A = ∅ e  x ∈ A ). Com efeito, se existe  1 ≤ j ≤ n  tal que  x j ∈ U, entãox j ∈ Ui  para todo   1 ≤ i ≤ j, e daí  x j ∈ U j ∩ V  j = ∅, contradição.

    •   x ∈ A: temos que  x  =  xi  para algum  1 ≤ i ≤ n. Então para cada  1 ≤ j ≤ n,  j = i,existem   Uij, V ij ⊂  X  abertos tais que   xi ∈  Uij   e   x j ∈  V ij. Então   Ui   =

    ni=1 Uij   é

    um aberto contendo   xi   e   U ∩ A  =   {xi}   (com isto   (U \ {xi}) ∩ A  =  ∅   e   xi ∈  A ).Com efeito, se existe   1

     ≤ j

     ≤ n,   i

     = j, tal que   x j

     ∈ U, então   x j

     ∈ Uij  para todo

    1 ≤ i ≤ j, e daí  x j ∈ Uij ∩ V ij = ∅, contradição.30

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    Se para todo  x ∈ X,  x ∈ A , concluímos que  A = ∅, como desejado.Agora para a segunda parte, tome   F ⊂  M. Para provar que  F é fechado, vamos

    verificar que   F contém todos os seus pontos de acumulação, isto é, vamos verificarque F ⊂ F . Seja x ∈ F , e U ⊂ M um aberto contendo M. Temos que (U\{x})∩F = ∅.Então tome   y   nesta interseção. Como   M   é Hausdorff, temos que   {x}   é fechado, ecom isso  U \ {x}  é um aberto contendo  y. Então   ((U \ {x}) \ { y}) ∩ F = ∅. Porém:

     {x} ⊂ {x, y}   =⇒   ∅ = (U \ {x, y}) ∩ F ⊂ (U \ {x}) ∩ F,e daí  x ∈ F . Como  x  era arbitrário,  F ⊂ F .

    Exercício 31.  Seja  X   = [−1, 1 ] ⊂  R. Prove que  A   = (0, 1 ] ⊂  X  é aberto em  X. É oconjunto A  aberto em  R? 

    Solução: Basta notar que para qualquer   >  0, temos que   A  = (0, 1 + ) ∩ X   é ainterseção de   X  com um aberto de  R, portanto é um aberto de   X. Mas   A  não é um

    aberto de   R, pois   1  não é um ponto interior de   A. Com efeito, nenhum intervalo(1 − , 1 + )  está contido em   (0, 1 ].

    Exercício 32.  Seja  f  :  X → Y  uma aplicação de  X em  Y . A fim de que  f  seja fechada,é necessário e suficiente que, para todo ponto   y ∈   Y   e todo aberto   U   em   X   comf−1( { y}) ⊂ U, exista um aberto  V  em Y  tal que y ∈ V  e f−1(V ) ⊂ U.Solução:

    =⇒ :   Suponha que  f  seja fechada. Tome  y ∈ Y  qualquer e  U ⊂ X  aberto com  f−1( { y}).Se  U é aberto, então  X \ U é fechado. Como  f é uma aplicação fechada,  f(X \ U)é fechado em  Y , e então  V  = Y  \ f(X \ U)  é aberto em  Y .

    Afirmo que   y ∈   V . Caso contrário,   y ∈   f(X \  U)   e daí existe   x ∈   X \  U   com y   =   f(x). Então este   x   também verifica   x ∈   f−1( { y}) ⊂   U, nos dando queU ∩ (X \ U) = ∅, absurdo.E por fim:

    f−1(V ) = f−1(Y  \ f(X \ U)) = f−1(Y ) \ f−1(f(X \ U)) ⊂ X \ (X \ U) = U.

    ⇐= :  Suponha que valha a hipótese, e vamos provar que  f é uma aplicação fechada.Seja   F ⊂   X   fechado. Queremos provar que   f(F) ⊂   Y   é fechado. Em outraspalavras, X \F é aberto, e queremos provar que  Y \f(F) é aberto. Seja y ∈ Y \f(F).Vejamos que   f−1( { y}) ⊂   X \  F: se   x ∈   f−1( { y}), então   f(x) =   y ∈   Y  \ f(F), demodo que   f(x) ∈  f(F). Afirmo com isto que   x ∈  F. Com efeito, se   x ∈ F, então

     y =  f(x) ∈ f(F). Então  x ∈ X \ F, e concluímos que   f−1( { y}) ⊂ X \ F.Pela hipótese, existe   V  ⊂  Y  aberto com  y ∈ V   e   f−1(V ) ⊂ X \ F. Por fim, afirmoque  V  ⊂ Y  \ f(F). Por absurdo, se  y ∈ V   e  y ∈ f(F), existe  x ∈ F  com  y =  f(x), eeste  x  verifica  x ∈ f−1( { y}) ⊂ X \ F, nos dando que  F ∩ (X \ F) = ∅, contradição.Isto nos dá que   Y  \ f(F)   é aberto, logo   f(F)   é fechado. Como   F

     ⊂  X   era um

    fechado qualquer, concluímos que  f  é uma aplicação fechada, como desejado.

    31

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    Exercício 33.  Dar um exemplo de uma função contínua que não seja aberta, e umexemplo de uma função aberta que não seja contínua.

    Solução: Considere   f   : (R,ddiscreta) →(R,d), onde   d   é a métrica usual, dada por

    f(x) =  x. Então   f  é contínua, por ter um domínio discreto, mas não é aberta, poispara cada   x ∈   (R, ddiscreta)   temos que   {x}  é aberto, mas   f( {x}) =   {x}   não é aberto em(R,d).

    Por outro lado, considere   f   : [0, 2 ] →   [0, 1 ], com ambos os intervalos tendo amétrica usual induzida de  R, dada por  f(x) = x  se  x ∈ [0, 1 ], e  f(x) = x − 1 se  x ∈ ]1, 2 ].Temos que f  não é contínua em  x  =  1. Mas f  é uma aplicação aberta. Dado  0  <  0   tal que se   y ∈  B(x, rn), vale|f( y) − f(x)| <   1

    n. Mas para todo  n ≥ 1, temos  B(x, rn) ∩ A = ∅. Então podemos tomar

    pontos  yn  nesta interseção, e assim:

    f(x) > f( yn) −   1n

     > −  1n

    ,   ∀ n ≥ 1   =⇒   f(x) ≥ 0.Repetindo este argumento com  M \ A ao invés de  A  obtemos que   f(x) ≤ 0. Portantof(x) = 0. Como  x ∈ ∂A  era arbitrário, obtemos  f

    ∂A

     = 0, como queríamos.

    Exercício 35.  Prove que todo homeomorfismo é uma aplicação aberta.

    Solução: Seja   f :  X → Y  um homeomorfismo entre espaços topológicos. Se  U ⊂ X  éaberto, então   f(U) = (f−1)−1(U) ⊂ Y  é aberto por ser a pré-imagem de um aberto,  U,por uma função contínua,  f−1.

    Exercício 36.  Uma aplicação  f  :  M → N chama-se um homeomorfismo local quando para cada  x ∈  M, existe um aberto  U contendo a  x tal que  f

    U

     é um homeomorfismosobre um subconjunto aberto  V  de N. Prove: 

    •   Se  f  :  M → N é um homeomorfismo local, então para todo  y ∈ N,  f−1( { y}) é um

    subconjunto fechado e discreto de  M.

    32

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    •  Todo homeomorfismo local é uma aplicação contínua e aberta.

    Solução:

    •   Seja   y ∈   N   qualquer. Vejamos que   f−1( { y})   é discreto. Tome   x ∈   f−1( { y}).Como   f   é um homeomorfismo local, existe   U ⊂  M  aberto contendo   x   tal quef

    U

      :  U

    →f(U)   é um homeomorfismo. Em particular,   f   é bijetora. Afirmo que

     {x

    } = U ∩ f

    −1( { y

    }). Se x

    ∈ U ∩ f−1( {

     y}), então temos que

     f(x

    ) = f

    (x

    ) = y

    , e comox, x ∈  U  e   f  é em particular injetora em   U, temos que   x  =  x . Então   x  é umponto isolado de   f−1( { y})   (mais exatamente,   {x} =  U ∩ f−1( { y})  é a interseção deum aberto com   f−1( { y}), portanto é aberto em   f−1( { y})). Como  x   era arbitrário,temos que todo ponto de  f−1( { y})  é isolado, logo   f−1( { y})  é discreto.

    Vejamos agora que f−1( { y}) é fechado. Assuma agora que  M  e  N  são espaços deHausdorff 2. Seja  x ∈ f−1( { y}). Suponha por absurdo que  x ∈ f−1( { y}), isto é, quef(x) = y. Então existe um aberto  U ⊂ M  contendo x  tal que f

    U

      : U → f(U) é umhomeomorfismo. Note que a condição de   x  estar no fecho de   f−1( { y})  garanteque   U ∩ f−1( { y}) =  ∅  e disto segue que   y ∈ f(U). Ainda mais, existe  V  ⊂  f(U)

    aberto (logo aberto em   N   também) tal que   f(x) ∈   V   e   y ∈   V . Assim, temosque   U ∩ f−1(V )  é um aberto contendo   x. Afirmo que   U ∩ f−1(V ) ∩ f−1( { y}) =  ∅.Com efeito, se  z  está nesta interseção, então  z  ∈ U,  z  ∈ f−1(V )  e  z  ∈ f−1( { y}), oque nos dá   f(z ) =  y ∈  V , contradição. Com isto, temos que   U ∩ f−1(V )  é umavizinhança aberta de x  que não intersecta  f−1(V ), contradizendo que x ∈ f−1( { y}).Desta forma  f−1( { y}) = f−1( { y})  é fechado.

    •  Vejamos que   f  nestas condições é aberta. Seja   U ⊂  M  aberto e   x ∈  U. Entãoexiste   Ux ⊂  M  aberto tal que   f

    Ux

    :  Ux → f(Ux)   é um homeomorfismo. Comof

    Ux

    é uma aplicação aberta e  U ∩ Ux  é aberto, temos que  f

    Ux

    (U ∩ Ux)  é abertoem   f(Ux) = fUx(Ux), e como este é aberto, segue que   fUx(U ∩ Ux)  é aberto emN. Afirmo que vale:

    f(U) =x∈U

    f

    Ux(U ∩ Ux),

    de modo que   f(U)  é uma união de abertos, portanto aberto.

    Verifiquemos a igualdade proposta: se  y ∈ f(U), então y =  f(x) com  x ∈ U, masisto também se lê como  y =  f

    Ux

    (x), com  x ∈ U ∩ Ux, e temos  y ∈ f

    Ux(U ∩ Ux),

    e assim   f(U) ⊂ f

    Ux(U ∩ Ux) ⊂

     x∈U f

    Ux

    (U ∩ Ux). Para a outra inclusão, tome y ∈

     x∈U f

    Ux

    (U ∩ Ux). Então existe  x ∈ U   tal que  y ∈ f

    Ux

    (U ∩ Ux), e podemosescrever  y =  fUx(x ), com  x ∈ U ∩ Ux. Porém comom   U ∩ Ux ⊂ U  e   fUx nadamais é do que uma restrição de   f, temos que   y   =   f(x )   com   x ∈  U, e assim

     y ∈ f(U), de forma que obtemos a segunda inclusão x∈U fUx(U ∩ Ux) ⊂ f(U).Isto nos garante a igualdade em destaque, e concluímos que   f(U)   é aberto.Assim   f  é uma aplicação aberta.

    Vejamos agora que   f  é contínua. Seja   x ∈ M   qualquer. Seja  V  ⊂  N  um abertoqualquer com   f(x) ∈   V . Existe   U ⊂   M, aberto, tal que   f

    U

      :   U →   f(U)   é umhomeomorfismo. Assim,  f(U) ∩V  é um aberto de  f(U) contendo  f(x). Visto quef

    U  é um homeomorfismo, e logo contínuo, existe   W  ⊂  U  aberto, contendo   x,

    tal que   f

    U(W ) ⊂ f(U) ∩ V  ⊂  V . Mas como   W  é aberto em   U  e   U  é aberto em

    2Na verdade basta o axioma de separabilidade  T 1, mas isto está fora do escopo das anotações.

    33

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    M,   W  é aberto em  M  e portanto   f(W ) ⊂ V . Como  x  e  V   eram arbitrários,   f  écontínua.

    Exercício 37.  Se  X ⊂ M  e  Y  ⊂  N  são subconjuntos densos, então  X × Y  é denso no produto X × Y .Solução: Tome a métrica do máximo em  M × N. Temos:

    (x, y) ∈ X × Y  ⇐⇒  ∀ r > 0, B((x, y), r) ∩ (X × Y ) = ∅⇐⇒  ∀ r > 0, (B(x, r) × B( y, r)) ∩ (X × Y ) = ∅⇐⇒  ∀ r > 0, (B(x, r) ∩ X) × (B( y, r) ∩ Y ) = ∅⇐⇒

     ∀ r > 0, (B(x, r) ∩ X) = ∅ e  B( y, r) ∩ Y  = ∅

    ⇐⇒   x ∈ X  e  y ∈ Y ⇐⇒   (x, y) ∈ X × Y Suponha  X  e  Y   densos. Então  X × Y  = X × Y  = M × N, portanto  X × Y  é denso.

    Exercício 38. Se X é denso em M e f :  M → N é uma aplicação contínua e sobrejetora,então f(X) é denso em  N.

    Solução: Como  X  é denso em  M,  X =  M. Como   f  é sobrejetora,   f(M) = N. Comof  é contínua, pelo exercício  25  temos que:

    N =  f(M) = f(X) ⊂ f(X) ⊂ N   =⇒   f(X) = N.

    Exercício 39.  Prove que: 

    •   Todo espaço métrico é de Hausdorff. Qualquer subespaço de um espaço deHausdorff também é de Hausdorff.

    •  Para que X seja um espaço de Hausdorff, é necessário e suficiente que a diagonal∆ =  {(x, y) ∈ X × X |  x  =  y} seja um subconjunto fechado de X × X.

    •   Sejam X e  Y  espaços topológicos com Y  um espaço de Hausdorff. Então o gráficode uma aplicação contínua  f  :  X → Y  é um subconjunto fechado de  X × Y . Alémdisso, o conjunto   {x ∈   X   |   f(x) =   g(x)}   é fechado em   X, onde   g   :   X →   Y   écontínua.

    Solução:

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    •   Seja   (M,d)   um espaço métrico. Tome   x, y  ∈   M, com   x  =   y, e seja   r   =d(x, y)/2   >   0. Considere as bolas abertas   x ∈   B(x, r)   e   y ∈   B( y, r). Afirmoque  B(x, r) ∩ B( y, r) = ∅. Caso contrário, tome  z  ∈ B(x, r) ∩ B( y, r), e veja que:

    d(x, y) ≤ d(x, z ) + d( y, z ) < r + r =  2r =  d(x, y),absurdo. Portanto   (M,d)  é um espaço de Hausdorff.

    Agora seja   (X, τ )   um espaço de Hausdorff e   (A, τ A)  um subespaço topológico.Sejam   x, y ∈   A, com   x =   y. Então como   x, y ∈   X   também e   X   é Hausdorff,existem   U, V  ∈  τ  com   x ∈  U,   y ∈  V   e   U ∩ V   =  ∅. Disto segue que   x ∈  U ∩ A,

     y ∈ V  ∩ A,  (U ∩ A) ∩ (V  ∩ A) = ∅ e  U ∩ A, V  ∩ A ∈ τ A, portanto   (A, τ A) tambémé um espaço de Hausdorff.

    •   =⇒ :  Suponha que X seja um espaço de Hausdorff. Vamos provar que X×X\∆ éaberto. Seja  (x, y) ∈ X×X\∆. Então x, y ∈ X  e  x = y. Como X  é Hausdorff,existem abertos   U, V   em   X   tais que   x ∈   U,   y ∈   V   e   U ∩ V   =  ∅. Agoraafirmo que  (x, y) ∈ U × V  ⊂  X × X \ ∆. Com efeito, se  (z, w) ∈ U × V , temosque   z 

     ∈ U  e   w

     ∈ V , e como   U

    ∩V   =  ∅  devemos ter   z 

     =  w, donde segue

    que   (z, w) ∈ ∆   (em outras palavras,  (z, w) ∈ X × X \ ∆  e  U × V  ⊂ X × X \ ∆,como desejado).⇐= :  Agora suponha que a diagonal  ∆  seja fechada. Assim  X × X \ ∆  é aberto.Sejam   x, y ∈  X   com   x =  y. Então   (x, y) ∈  ∆, e assim   (x, y) ∈  X × X \ ∆.Como este último conjunto é aberto, existe um aberto básico  U × V  tal que(x, y) ∈ U × V  ⊂  X × X \ ∆. Agora afirmo que  U ∩ V   =  ∅. Com efeito, seU∩V  = ∅, tomamos z  ∈ U∩V , de modo que  (z, z ) ∈ U×V  ⊂ X×X\∆. Mascomo   (z, z ) ∈ ∆, temos  ∆ ∩ (X × X \ ∆) = ∅, absurdo. Portanto  U ∩ V  = ∅,x ∈ U,  y ∈ V , e  U  e  V   são abertos. Logo  X  é um espaço de Hausdorff.

    •   Vamos provar que o gráfico   gr(f) =   {(x, y) ∈   X × Y   |   y   =   f(x)}   é fechado emX × Y , verificando que  X × Y  \ gr(f)  é aberto. Tome   (x, y) ∈ X × Y  \ gr(f). Então

     y = f(x), e como  Y  é Hausdorff, existem  U, V  ⊂  Y   abertos, com  y ∈ U,  f(x) ∈ V e U ∩V  = ∅. Como f  é contínua, existe W  ⊂ X  aberto tal que  f(W ) ⊂ V . Afirmoagora que   (x, y) ∈ U × W  ⊂ X × Y  \  gr(f). Tome   (z, w) ∈ W  × U. Então  z  ∈ W ,assim  f(z ) ∈ f(W ), e como  f(W ) ⊂ V , temos  f(z ) ∈ V . Mas  w ∈ U  e  U ∩ V  = ∅,logo   f(z ) =  w, e assim   (z, w) ∈  gr(f). Isto é,   W  × U ⊂  X × Y  \  gr(f), de modoque efetivamente temos  (x, y) ∈ W × U ⊂ X × X \ gr(f), e segue que  X × Y \ gr(f)é aberto. Concluímos que  gr(f)  é fechado.

    Chame agora   A   =   {x

     ∈  X   |   f(x) =   g(x)}

     ⊂  X. Vamos verificar que   X  \  A   é

    aberto. Tome   x ∈   X  \  A, de modo que   f(x) =   g(x). Como   Y   é Hausdorff,existem   U, V  ⊂  Y   abertos com   f(x) ∈  U,   g(x) ∈  V   e   U ∩ V   =  ∅. Como   f   e   gsão contínuas, podemos considerar o aberto   x ∈   f−1(U) ∩ g−1(V ). Afirmo quef−1(U) ∩ g−1(V ) ⊂ X \ A. Se  x ∈ f−1(U) ∩ g−1(V ), então  f(x ) ∈ U  e  g(x ) ∈ V . Sefosse o caso  f(x ) = g(x ), teríamos  U∩V  = ∅, contradição. Então  f(x ) = g(x )e com isto   x ∈   X \  A. Como   x ∈   f−1(U) ∩ g−1(V ) ⊂   X \  A,   x   é arbitrário ef−1(U) ∩ g−1(V ), segue que  X \ A  é aberto e portanto  A  é fechado.

    Exercício 40.  Prove que todo espaço métrico é um espaço topológico.

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    Solução: Temos que   ∅   é aberto por vacuidade e   X   é claramente aberto. Seja {Ui}i∈I  uma coleção arbitrária de abertos. Se

     i∈I Ui  = ∅, nada há o que fazer. Caso

    contrário, tome  x ∈ i∈I Ui. Então  x ∈ Uix  para algum  ix ∈ I. Como  Uix , existe  r > 0tal que:

    x ∈ B(x, r) ⊂ Uix ⊂i∈I

    Ui,

    e assim i∈I Ui   é aberto. Agora sejam   U1, U2   dois abertos. Se   U1 ∩ U2   =  ∅, nadahá o que fazer. Caso contrário, tome   x ∈   U1 ∩ U2. Então existem   r1, r2   >   0   taisque   x ∈   B(x, r1) ⊂   U1   e   x ∈   B(x, r2) ⊂   U2. Se   r   =   min {r1, r2}   >   0, temos quex ∈  B(x, r) ⊂  U1, U2, e com isso   U1 ∩ U2   é aberto. Por indução finita obtemos que

     {Ui}ni=1  abertos   =⇒ ni=1 Ui  aberto. Desta forma, a coleção dos abertos de um espaço

    métrico constitui uma topologia.

    Exercício 41.  Suponha que   M  é um conjunto e  d1,d2  são duas métricas diferentesem  M. Mostre que  d1 e  d2 geram a mesma topologia em  M ⇐⇒   a seguinte condiçãoé satisfeita: para todo   x ∈   M   e   r >   0, existem números positivos   r1   e   r2   tais queBd1(x, r1) ⊂ Bd2(x, r) e  Bd2(x, r2) ⊂ Bd1(x, r).

    Solução:

    =⇒ :   Sendo   τ 1   e   τ 2   as topologias geradas por   d1   e   d2, respectivamente, suponhaque   τ 1   =   τ 2. Considere uma bola arbitrária   Bd1(x, r). Então   Bd1(x, r) ∈   τ 1   elogo   Bd1(x, r) ∈   τ 2. Como   x ∈   Bd1(x, r), por definição de   τ 2, existe   r2   >   0tal que   x ∈   Bd2(x, r2) ⊂   Bd1(x, r). Analogamente conseguimos   r1   >   0   tal quex ∈ Bd1(x, r1) ⊂ Bd2(x, r), para uma bola  Bd2(x, r)  arbitrária.

    ⇐= :   Suponha que seja válida a condição com as bolas e os raios. Vamos provarque  τ 1  = τ 2. Seja   U ∈ τ 1. Se   U  =  ∅, não há o que fazer. Se   U =  ∅, para cadax ∈ U  existe  rx > 0  tal que  x ∈ Bd1(x, rx) ⊂ U, de modo que:

    U =x∈U

     {x} ⊂x∈U

    Bd1(x, rx) ⊂ U   =⇒   U = x∈U

    Bd1(x, rx)

    Mas por hipótese, para cada uma das bolas   Bd1(x, rx), existe   rx   >   0   tal que

    Bd2(x, rx) ⊂ Bd1(x, rx). Então novamente tomando uniões, obtemos:

    U = x∈U Bd1(x, rx) ⊃ x∈U Bd2(x, r x) ⊃ x∈U {x} =  U   =⇒   U = x∈U Bd2(x, r x) ∈ τ 2,por ser uma união de elementos de   τ 2, que é uma topologia. E assim  τ 1 ⊂  τ 2.Note que só usamos metade de hipótese. Usando a outra metade, analogamenteprovamos que  τ 2 ⊂ τ 1. Logo  τ 1 = τ 2.

    Exercício 42.   Seja   (M,d)  um espaço métrico, seja   c >   0, e definamos uma novamétrica  d em  M, pela fórmula  d (x, y) =  c d(x, y). Prove que  d e  d  geram a mesma

    topologia em M.

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    Solução: Sejam   p ∈   M   e   r >   0   arbitrários. Afirmo que   Bd ( p, cr) ⊂   Bd( p, r).Com efeito, temos que se   x ∈  Bd ( p, cr), então   d(x, p) =   1cd (x, p)  <   1c cr  =  r. Assima topologia gerada por   d é mais fina do que a topologia gerada por   d. Porémd(x, y) =   1

    cd (x, y)  e   1

    c  > 0, de modo que o mesmo argumento se aplica para mostrar

    que a topologia gerada por  d  é mais fina do que a topologia gerada por  d . Portantod  e  d geram a mesma topologia sobre  M.

    Exercício 43. Mostre que a métrica dmax(x,y) = max {|x1− y1|, · · ·   , |xn − yn|} e a métricaEuclidiana geram a mesma topologia em  Rn.

    Solução: Fixe  x, y ∈ Rn quaisquer e chame  d  a métrica Euclidiana. Seja   1 ≤ k  ≤ no índice que realiza  dmax(x,y). Temos que:

    dmax(x,y) = |xk  − yk |

    =  (xk  − yk )2≤  (x1 − y1)2 + · · · + (xk  − yk )2 + · · · + (xn − yn)2= d(x, y).

    Por outro lado:

    d(x,y) =

      ni=1

    (xi − yi)2 ≤  n

    i=1

    dmax(x,y)2 = 

    ndmax(x, y)2 =√ 

    ndmax(x,y).

    Então dados quaisquer  x, y ∈ Rn vale que:

    dmax(x,y) ≤ d(x,y) ≤ √ ndmax(x, y).

    Assim, dado  p ∈Rn qualquer e  r > 0, temos que:

    Bdmax(p, r) ⊂ Bd(p, r)   e   Bdmaxp,

      r√ n

    ⊂ Bd(p, r),

    de modo que as topologias geradas são as mesmas.

    Exercício 44.  Seja  X qualquer conjunto, e  d a métrica discreta em  X. Mostre que  d gera a topologia discreta em  X.

    Solução: Como todo conjunto é a união dos seus pontos, basta mostrar que todoconjunto unitário é aberto. Mas se   x ∈   X, temos que   {x}   =   B(x, 1/2), e vimos quebolas abertas são conjuntos abertos.