lista de presença lesbianidades em foco.doc

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  Universidade do Estado da Bahia  UNEB Diadorim - Núcleo de Estudos de Gênero e Sexualidade Profa. Eide Paiva   Campus XIV   UNEB - Conceição do Coité-BA Relatório de Atividade: Seminário pela eliminação de todas as formas de violência contra as mulheres heterossexuais, bissexuais, travestis e lésbicas Salvador, Março/2012

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Universidade do Estado da Bahia UNEB Diadorim - Ncleo de Estudos de Gnero e Sexualidade Profa. Eide Paiva Campus XIV UNEB - Conceio do Coit-BA

Relatrio de Atividade: Seminrio pela eliminao de todas as formas de violncia contra as mulheres heterossexuais, bissexuais, travestis e lsbicas

Salvador, Maro/2012

UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA - UNEB PR-REITORIA DE EXTENSO Diadorim - Ncleo de Estudos de Gnero e Sexualidade Profa. Eide Paiva Campus XIV UNEB - Conceio do Coit-BA

Relatrio de Atividade: Seminrio pela eliminao de todas as formas de violncia contra as mulheres heterossexuais, bissexuais, travestis e lsbicas

Relatrio apresentado ao Diadorim -Ncleo de Estudos de Gnero e Sexualidade da Universidade da Universidade do Estado da Bahia, ao Grupo Gay da Bahia e Liga Brasileira de Lsbicas para fins de registro e memria.

Salvador, Maro/2012

AGRADECIMENTOS

s diadorinas professora Amelia Maraux, sempre companheira, professores Osvaldo Fernadez e Marco Martins, pelo apoio e trabalho colaborativo, participativo que desenvolvemos na coordenao do NuGSex Diadorim; Ao Marcelo Cerqueira, presidente do GGB, pela atitude, confiana e parceria; professora Daniela Auad (Unifsp; UFJF), pela amizade, carinho e parceria, s companheiras da LBL pelo apoio e parceria; sobretudo Virginia Nunes, sempre amiga; todas as pessoas que contriburam, de forma direta ou indireta, para a realizao e sucesso; Um agradecimento especial a SPM-BA pelo apoio ao projeto.

Relatrio Seminrio pela eliminao de todas as formas de violncia contra as mulheres heterossexuais, bissexuais, travestis e lsbicas

Resumo No dia 03 de maro de 2012, a Secretria Estadual de Polticas para as Mulheres da Bahia divulgou o resultado do edital de seleo de projetos Maro Mulher 2012, voltado ao desenvolvimento de atividades relativas ao ms das mulheres. Foram aprovados quatro propostas de entidades da sociedade civil, com foco no enfrentamento violncia e fortalecimento da autonomia feminina. Dentre as propostas aprovadas, est o projeto Combatendo a violncia de gnero, do Grupo Gay da Bahia, que contou com a anuncia e apoio do Diadorim -Ncleo de Estudos de Gnero e Sexualidade da Universidade do Estado da Bahia, criado em 2003. Relatar essa parceria, os fios e as tramas resultantes da mesma o propsito deste relatrio, que se apresenta como uma histria diadorina, isto , um relato de atividade da coordenao do referido NuGSex Diadorim - UNEB. Pavavras-chave: GGB Projeto Violncia de G. LBL Parceria.

1. Abrindo o relato... situando o NuGSex Diadorim UNEB O Diadorim - Ncleo de Estudos de Gnero e Sexualidade da Universidade do Estado da Bahia (NuGSex Diadorim-UNEB), desde a sua criao em 2003 vem se constituindo como espao de produo e difuso de conhecimento no campo dos estudos de gnero e sexualidade. Todas as suas atividades de ensino, pesquisa e extenso so norteadas pelas 3 linhas de pesquisa que o constitui, a saber: a) EDUCAO E INTERSECCIONALIDADE: Sexo, Gnero, Raa/etnia e Classe Social. Objetiva pesquisar a educao e os marcadores sociais de diferena no cotidiano escolar tais como: gnero, sexualidade, raa, etnia e classe social, numa perspectiva complexa e interseccional que possa pensar os sujeitos multifacetados nas suas variadas expresses identitrias e sua relao com prticas discursivas que delineiam diferentes posies discursivas do sujeito e de relaes de poder, no processo formativo e na reproduo social.

b) GNERO, LINGUAGENS E SEXUALIDADES. Objetiva estudar as relaes de gnero e seus constructos na produo literria feminina; de crticas propostas e operadas por mulheres, reportando textos e autoras; destacando questes de ordem discursiva sobre a subjetividade homoertica masculina e feminina, sexualidades, homossexualidades e compreende os estudos queer na cultura, na literatura e nas linguagens. c) HOMOSSEXUALIDADE: Cultura, Poltica, Sade e Direitos humanos. Busca investigar a homossexualidade na economia dos corpos e dos prazeres na sociedade brasileira, particularmente sua relao com o corpo, a sexualidade e suas relaes de poder imbricados na reproduo social e na cultura. A partir do enlace das citadas linhas de pesquisa, o NuGSex Diadorim tem articulado suas atividades em 3 macro aes: a) Projeto de extenso Uneb combatendo a homofobia; b) Projeto de extenso Campanha 16 dias de ativismo pelo fim da violncia contra as mulheres; c) Seminrio Internacional Enlaando Sexualidades. No transito entre a Cincia e a Poltica, em total sintonia com os propsitos da Universidade que o abriga, o NuGSex Diadorim-UNEB , sobretudo, espao de encontro, de dilogos entre quem sabe e quem pretende saber, fundado a partir da iniciativa de docentes, discentes e servidores(as) homossexuais ou simpatizantes do movimento LGBT (Lsbica, Gay, Bissexual e Travesti) e dos movimentos feministas. Em 2011, convergindo atividades de enfrentamento a todas as formas de violncia de gnero e atividades de educao como trilha de empoderamento, pesquisadoras(es), lsbicas e gays do NuGSex Diadorim, aqui denominadas(os) Diadorinas e Diadorinos, se envolveram na construo e nos debates das conferncias de Polticas Pblicas de Direitos Humanos das Mulheres de Lsbicas, Gays, Bissexuais e Travestis. Atuando, em especial, nos Grupos de Trabalho de Educao, as Diadorinas constaram o protagonismo das lsbicas, sobretudo da LBL, nas conferncias LGBT e o apagamento das lesbianidades nas conferncias das mulheres. Diante dessa constatao, em sintonia com os interesses de pesquisa e extenso do

NuGSex-Diadorim, durante a III Conferncia Estadual de Polticas para as Mulheres da Bahia, iniciaram uma tessitura acadmica, consequentemente convidada da

poltica, com a pesquisadora Daniela Auad (UNIFESP/UFJF),

SPM-BA para mediar, juntamente com a Diadorina Amelia Maraux (UNEB), tambm Superintendente da Educao Bsica do Estado da Bahia, o GT de Educao da referida III Conferncia. Do dilogo entre as referidas pesquisadoras, nasceu o projeto poltico de Ocupar, Resistir e Produzir Conhecimento, Polticas e Dignidade com e para as Mulheres Lsbicas Feministas, uma proposta que compreende a elaborao e implementao de um conjunto de aes em variados contextos e com diferentes desdobramentos, cujos objetivos gerais se mostram em duas grandes frentes: (a) Produo de conhecimento acadmico, de modo coletivo, a partir da categoria gnero e de referenciais feministas. Tal conhecimento, diferentemente do que produzido atualmente e de modo dominante, dever expressar reflexes que considerem as antigas e ainda no alcanadas bandeiras de luta das mulheres feministas lsbicas. (b) Ocupao de espaos de poder j existentes e criao de novos espaos de poder, a partir das necessidades de empoderamento das mulheres lsbicas feministas; Do Referido projeto, elaborado e articulado pela professora Daniela Auad (Unifsp; UFJF), devidamente alinhado, enlaado aos projetos do NuGSex Diadorim, sobretudo aos projetos de extenso Campanha de 16 dias de ativismo na UNEB pela fim da violncia contra as mulheres e A UNEB combatendo a homofobia, emerge o desafio de Criar subsdios para que a LESBOFOBIA seja percebida como Violncia contra a Mulher. Diante do exposto, afirmamos que a parceria que o NuGSex Diadorim desenvolveu com o Grupo Gay da Bahia (GGB) para realizao do projeto Combatendo todas as formas de violncia de gnero, contemplado pelo edital de seleo de projetos Maro Mulher 2012, da SPM-BA, apreendida como uma estratgia LGBT, uma soma de esforos, um encontro entre que sabe e quem quer saber, entre quem realiza e quem quer realizar aes

compromissadas com o desafio de Ocupar, Resistir e Produzir Conhecimento, Polticas e Dignidade com e para as Mulheres Lsbicas Feministas. Em maro de 2012, a atual coordenao do NuGSex Diadorim (eleita para o binio 2012-2014) inicia sua gesto se enlaando ao GGB na construo do Seminrio pela eliminao de todas as formas de violncia contra as mulheres heterossexuais, bissexuais, travestis e lsbicas, realizado nos dias 22 e 23 de maro, no auditrio da Faculdade Visconde de Cairu. Esse Seminrio, que inova na sua proposta de borrar as fronteiras do gnero, questionar a mulher de verdade e apresentar lsbicas e mulheres trans como sujeitos de direito e de desejo, , portanto, o primeiro ponto de um novo babado, um novo rendado, uma nova tessitura do movimento LGBT da Bahia. Apresentar registros dessa tessitura, a programao e efeitos do referido Seminrio no cenrio LGBT da Bahia, o propsito desse relato. Como

histrias sempre so atravessadas, conectadas a tantas outras, a histria aqui relatada tambm se apresenta como relato de uma LBLeana em movimento, isto , relato de atividade de uma diadorina ativista da Liga Brasileira de Lsbicas da Bahia. As fontes utilizadas, alm de anotaes pessoais, so imagens, textos, mensagens eletrnicas. 2. Invisbilidade lsbica: a construo de uma pauta... Desde o inicio de fevereiro, a invisibilidade lsbica e o apagamento das lesbianidades das mulheres em espao de poder tem fomentado calorosos debates entre as lsbicas, sobretudo feministas.

Eide, queridona, O bordo/ttulo "Sapato s nis mesmo, minha bem!" A nossa conversa girou um pouco em torno do que escrevo abaixo: "...em que se pese a fluidez das identidades e a positiva no fixidez da(s) lesbianidade(s) e da(s) bissexualidade(s) - e o plural aqui jserve para indicar a multiplicidade de prticas em ao - h de se considerar que mulheres que so casadas, namoram, "ficam", gozam no mbito de relaes com outras mulheres e no assumem-se como lsbicas ou como

bissexuais esto adotando prtica semelhante a dos homens que transam com outros homens e dizem que no so gays porque so ativos. H de se pensar na maneira como se d o apagamento da lesbianidade das mulheres na poltica, nos cargos pblicos e nos espaos de poder e institucionais (como partidos, movimentos sociais e universidades). Tal reflexo, somada a outros aspectos a serem pensados, possibilita pensar em como continuamos no representadas (como lsbicas) nos diferentes espaos de poder mesmo quando ocupados por mulheres feministas. Trata-se de um problema de lacuna no que se refere representao poltica em uma sociedade que se pretende democrtica. As mulheres j sobem ao poder, ainda que me nmero reduzido e no proporcional ao dominante nmero de homens. Apesar disso, o acesso ao poder mantem a identidade lsbica como uma vulnerabilidade, algo a ser apagado, escondido, rechaado." Beijos, sapat queridssima! DaniAuad (mensagem enviada 07/02/2012)

para

Eide

Paiva

em

A provocao da Daniela Auad foi levada para a lista de discusso da Liga Brasileira de Lsbicas e rendeu muitos comentrios; diferentes pontos de vista sobre o tema foram apresentados. Depois de muita discusso, LBL abriu a possibilidade pautar a invisibilidade lsbica no ms das Mulheres. A LBL-BA assim o fez. Interseccionando identidades, isto , como militante da LBL e pesquisadora lsbica feminista, interessada na construo de uma cartografia do

pensamento lsbico na Bahia, iniciei luma articulao, dentro e fora da universidade com o proposto de pautar a invisibilidade lsbica como violncia de gnero durante as atividades do Dia Internacional da Mulher.

3. O chamado... a tessitura da ao... Seminrio pelo eliminao de todas as formas de violncias contra mulheres heterossexuais, bissexuais, travestis e lsbicas

No dia 08/02, recebi ligao de uma funcionria SPM-BA convidando a Liga Brasileira de Lsbicas para participar de uma reunio ampliada com a SPM, agendada para o dia 10/02, com o propsito de discutir a construo de uma agenda coletiva no 08 de Maro. No mesmo dia, a diadorina Amlia Maraux

tambm foi contactada por outra funcionria da SPM que fez o convite para o NuGSex Diadorim-UNEB participar da referida reunio convocada pela SPM. O convite da SPM foi discutido em reunio da Coordenao do Diadorim, realizada em 09/02. Reconhecendo a importncia do convite e da participao do NuGSex Diadorim na referida reunio, duas propostas foram discutidas como possibilidade para serem apresentadas a SPM. A primeira, sugerida por mim, foi a realizao de Seminrio para discutir a invisibilidade lsbica e o apagamento das lesbianidades das mulheres em espaos de poder como expresso da violncia de gnero. A segunda proposta, apresentada pelo diandorino Marco Antnio, foi a de realizao de curso de formao em gnero e sexualidade para gestores(as). Sai da reunio do NuGSex Diadorim com o compromisso de representar o Ncleo junto a SPM e com o desafio de articular a sua participao nas programao do 08 de Maro. Assim, foi feito. O convite da SPM-BA para LBL-BA foi encaminhado lista de discusso da Liga baiana. Prezadas, acabei de receber uma ligao da SPM-BA, feita por [...], convidando a LBL para uma reunio que vai tratar das atividades do 8 de maro. Eu pedi a [...] que entre em contato com a articuladora estadual da Liga e peo a esta que nos informe a sua disponibilidade para a referida reunio (mensagem enviada por Eide Paiva, em 08/02/2012) Como representante do NuGSex Diadorim, participei no dia 10/02 da referida reunio com a SPM com a incumbncia de apresentar as propostas formuladas pelo Ncleo. Mesmo no representando a LBL, reiterei minha militncia na Liga registrando assim a presena participativa da LBL-BA. Segundo informes da SPM, 43 entidades foram convocadas. Participaram da reunio 31 pessoas, dentre elas 10 lsbicas, mas 5 delas no se posicionaram como tal. Aps uma rodada de apresentaes, uma funcionria da SPM ressaltou que a Secretaria estava com uma programao j definida e que o apoio aos movimentos sociais seria feito atravs de Edital Pblico. As aes anunciadas pela funcionria foram:

a) Lanamento do Edital no valor total de R$110.000,00, sendo, contemplando 01 projeto de abrangncia estadual no valor de R$50.000,00 e 03 projetos de abrangncia municipal, no valor de R$20.000,00; b) Campanha de estadual de combate a violncia de gnero; c) Assinatura de Convnio com o IF Bahia para formao em Gnero e Sexualidade; d) Lanamento de um livro em parceria com a Universidade do Estado da Bahia sobre o centenrio de Maria Bonita. Aps anunciar essas atividades, sem maiores esclarecimentos em relao s mesmas, os grupos/entidades ali representados tambm apresentaram as suas propostas de ao. Nesse momento, ressaltei a importncia da SPM pautar a invisibilidade lsbica no "Maro Mulher" e apresentei a proposta do Diadorim de promover debate sobre o apagamento das lesbianidades das mulheres em espao de poder. Levando em conta que a SPM j havia anunciado uma parceria com o IF Bahia para formao de gestores(as), no apresentei a proposta formulada pelo professor Marco. Os grupos de Lsbicas que estavam presentes (Felipa de Sousa; Lesbibahia- Coletivo de Lsbicas e Mulheres Bissexuais da Bahia e Amuleto, dentre outros) tambm apresentaram as suas propostas. Na sequncia, a SPM informou que o EDITAL DE SELEO DE PROJETOS MARO MULHER 2012 seria publicado dia 13/02. Para discutir a participao lsbica no referido edital, foi agendada para o dia 13/02, uma reunio de lsbicas na sede do grupo Felipa de Souza. A expectativa era a construo de um projeto nico dos diferentes grupos/movimentos de lsbicas. Prezadas, para conhecimento e registro, Aps participao na reunio convocada pela SPM (informe abaixo), lsbicas comprometidas em construir uma agenda lsbica no ms das mulheres convidam todas as companheiras para uma uma reunio na sede do Felipa de Souza, dia 13/02, s 18:00h. Essa mensagem segue c/c para Silvana Conti, que est em Salvador. Minha expectativa que ela possa participar dessa reunio. (mensagem enviada por Eide Paiva, em 11/02/2012)

Articulao lsbica

Representando o NuGSex Diadorim-UNEB em harmonia com a militncia da LBL, participei da reunio lsbica convocada pelo grupo Felipa de Souza. Participaram dessa reunio aproximadamente 20 lsbicas, majoritariamente negras. Aps uma rodada de apresentao das participantes, foi feito um breve relato da reunio com a SPM. Nesse relato, foi ressaltado que apenas os grupos que possuem CNPJ poderiam participar do Edital da SPM-BA. Diante desse critrio, o grupo Amuleto se disponibilizou para ser o proponente das propostas formuladas pelas lsbicas. Em seguida deu-se inicio s apresentao das atividades propostas pelas lsbicas para o 08 de Maro, isto : oficinas; seminrios; exposies; exibio de filmes, passeio de escuna, dentre outros. Eu reiterei a ao proposta do NuGSex Diadorim, ressaltando que tal proposta havia sido discutida na lista da LBL. Para viabilizar a construo coletiva do projeto a ser apresentado pelo Grupo Amoleto, foi sugerido que cada proponente enviasse para o grupo Felipa de Souza uma sntese da proposta apresentada com os seguintes elementos: resumo, objetivo, justificativa e oramento. Para sistematizar as propostas dos diferentes grupos, foi criada uma comisso, da qual no fiz parte. No mesmo dia, encaminhei para o email do grupo Felipa de Souza a proposta do Seminrio Lesbianidade em Foco. No dia 14/02, viajei em companhia diadorina (professora Amlia e do professor Marco Antnio) para Fortaleza: j carnaval cidade.... Articulao com o GGB Apesar de todos os esforos empreendidos junto aos movimentos de lsbicas, fui informada por telefone que o projeto coletivo em nome do Grupo Amoleto no havia sido viabilizado em funo do prazo e de outras dificuldades que surgiram no processo. No mesmo dia em que recebi essa informao, recebi um email do presidente do GGB, Marcelo Cerqueira, que desejava, a princpio, compartilhar o projeto

de GGB, ressaltando que eu deveria me sentir vontade para modificar e/ou propor alguma ao.

Professora, me passe seu telefone, gostaria de partilhar uma ao para o dia 8 de maro. Penso em fazer algo com mulheres heterossexuais, lsbicas e transexuais. O projeto t meio pronto, s que pensei em Jurema Verneck, Jaqueline Cortes e Ktia Guimares, no carnaval ningum atende, o prazo at quarta-feira. Posso mandar o projeto para voc dar uma lida na justificativa e programao. Podemos sugerir outras palestrantes, pensei em trs. (Mensagem enviada por Marcelo Cerqueira (GGB) para Eide Paiva, em 19/02/2012)

O email do Marcelo Cerqueira foi socializado e discutido coletivamente como uma possibilidade real de realizao do seminrio Lesbianidades em foco. Imediatamente, uma nova frente de dilogo com o GGB foi aberta. O NuGSex Diadorim no apenas deu anuncia ao coparticipe do mesmo. A verso inicial do projeto produzido pelo GGB foi ampliada, porm, foi mantida a ideia de reunir os diferentes femininos que compreendem as lsbicas, as mulheres trans e as travestis. Assim, com anuncia e apoio do NuGSex Diadoirim-UNEB, o projeto do GGB, com abrangncia municipal, foi aprovado pela SPM-BA. Vale ressaltar que o projeto do GGB foi o nico projeto que pautou a violncia contra lsbicas, mulheres trans e travestis. Ao faz-lo, o GGB e o seu coparticipe, inauguraram uma nova estratgia de enfrentamento a violncia de gnero. Essa estratgia foi denominada Seminrio pela eliminao de todas as formas de violncias contra mulheres heterossexuais, bissexuais, transexuais, travestis e lsbicas projeto do GGB, mas tornou-se

Na Bahia, melhor dizendo, em Salvador, est intensa a articulao lsbica em torno do "Dia internacional da Mulher". O movimento comeou a se articular a partir do chamado (por telefone) que a SPM-BA fez para os grupos. Desde ento, haja reunies, ligaes, mensagens.... Mas, apesar de todo esforo e entusiasmo, os grupos de lsbicas no conseguiram sistematizar e encaminhar

projeto coletivo para participar do Edital da SPM-BA de financiamento das atividades, como mostra o "relato diadorina" que encaminhei para a lista da LBL-BA e NO. Ontem tivemos outra reunio lsbica na sede do Felipa de Sousa, que est sendo carinhosamente chamada de "casa de lsbicas". Foi com lamento e com conscincia crtica dos nossos limites tcnicos em processos de captao de recursos que foi acordada a construo coletiva de uma programao que possa ser desenvolvida sem financiamento, como fizemos na "Visibilidade Lsbica". Mais uma vez, como sempre, a militncia bancando com seus parcos recurso o prprio ativismo. Para mim o grande avano dessa reunio foi o debate e o reconhecimento de que o movimento de lsbicas precisa promover formao em captao de recursos como trilha de empoderamento. "Profissionalismo", foi a palavra de ordem (Mensagem de Eide Paiva, para lista da LBL em 02/03/2012)

Dificuldades diadorinas..

To logo soubemos da aprovao do projeto do GGB, retomamos o dilogo com as demais instituies parceiras do NuGSex Diadorim para a devida realizao do Seminrio pela eliminao de todas as formas de violncia contra as mulheres heterossexuais, bissexuais, travestis e lsbicas, agendado para os dias 22 e 23 de maro, no auditrio da Faculdade Visconde de Cairu, localizada no centro, Salvador-BA. A atividade Lesbianides em foco, pensada inicialmente como um seminrio, tornou um painel de debate, composto com representao do Estado, da universidade e dos movimentos de lsbicas. Para compor o painel, convidamos a princpio, Raphaella de Oliveira, articuladora do Lesbibahia-Coletivo de Lsbicas e Mulheres Bissexuais da Bahia; Daniela Auad (Unifesp;UFJF) e Amelia Maraux (UNEB), superintendente da Educao bsica da Bahia. Apesar da representante do Lesbibahia ter conformado presena no Painel, no dia 10/03, fui informada, por telefone, da deciso coletiva do grupo se retirar do evento em funo das provocaes que presidente de honra do GGB, o decano Luiz Mott, fez redes sociais.

COLEGAS

E tem gente despeitchada que nos acusa se sexismo, machismo, lesbofobia, transfobia, oscambau. Quais aes os demais grupos lgbt e sobretudo de lsbicas programaram para este 8 de maro? Alis, o movimento lsbico da bahia praticamente s se torna visvel quando tem eleies para rgos representativos, bolsas de viagem e no dia da visibilidade lsbica, sempre resmungando contra a invisibilizao atribuda ao machismo, falocentrismo, oscambau. Duas lsbicas adolescentes recentemente foram barbaramente assassinadas e no vi NENHUMA ao das lesbianas. Saudades do Grupo Lsbico da Bahia, o mais dinmico do Brasil por mais de uma dcada. Cad Jane Pantel e Zora Yonara? T faltando pimenta de cheiro baiana pra animar essas militantes histricas. Parabns ao Marcelo Cerqueira e Diadorim por mais essa iniciativa de combate a violncia contra a mulher! Todas e todos esto convidados. Mott (Mensagem enviada por Mott em 04/03/2012)

Diante do posicionamento poltico do Lesbibahia, isto , diante da estratgia do silncio, o convite do NugSex Diadorim Uneb foi redirecionado para o grupo Amoleto,

[...] Como no sei se a deciso do Lesbibahia reflete um posicionamento coletivo das lsbicas que esto participando da construo do "Maro Lsbica", [...] fao o convite para o grupo Amoleto participar do referido Seminrio, que, volto a dizer, foi pensado e articulado, sobretudo, em dilogo com esse coletivo, em sintonia com companheiras Lbeleanas que entendem a importncia de discutir a invisibilidade lsbica no ms das mulheres. Levando em conta o nosso propsito, dialogar sobre a invisibilidade lsbica e o papel da educao na promoo dos direitos sexuais, direciono o convite do NuGSex Diadorim/UNEB para a Geisa e ressalto a importncia da sua reflexo sobre o silncio e a invisiblidade das lsbicas negras de Salvador. Segue o link do texto , ROMPENDO O SILNCIO E A INVISIBILIDADE LSBICAS NEGRAS DE SALVADOR' publicado nos anais eletrnicos do Enlaando Sexualidades.http://www.ses.uneb.br/anais/ROMPENDO%20O %20SIL%C3%8ANCIO%20E%20A%20INVISIBILIDADE.pdf [...] Em tempo, ressalto que a professora Daniela Auad, convidada do NugSex Diadorim, se colocou a disposio dos movimentos

\de lsbicas de Salvador para uma roda de conversa. Ressalto que a proposta de uma roda de conversa dos movimentos de lsbicas com a professora Daniela emergiu em reunio no Felipa de Souza, uma atividade dos movimentos, sem nenhuma associao com as atividades do Diadorim/GGB. Mas, preciso confirmar essa roda de conversa, para que a professora possa se programar. Para quem no a conhece, veja a entrevista que ela deu ao Marcelo. A entrevista com a Amlia Maraux ser publicada na prxima semana. A ideia essa, romper com o silncio da invisibilidade com palavras, imagens e fotos. http://www.ggb.org.br/entrevista%20professora%20daniela%20 auda%202012%20ggb%20Marcelo%20Cerqueira.htm Na certeza de de que o dilogo entre o a professora Daniela e os movimentos de lsbicas de Salvador pode, e deve, ser direto, sem intermediaes, ela tambm recebe essa mensagem. Peo ao grupo Amoleto que me responda at tera feira, para os devidos ajustes na programao. (mensagem encaminhada por Eide Paiva, em 10/03/2012)

O grupo amoleto no respondeu em tempo hbil.

Prezadas Esperei que o Amoleto respondesse ao convite que fizemos para que o mesmo participasse do Painel "Lesbianidades em Foco" at s 11:00 de hoje. Como no no obtive resposta, redirecionei o convite para LBL NO/NE, que j garantiu presena da rica Capinam. [...] Eide Paiva (Mensagem enviada para o grupo Amoleto em 14/03/2012)

Imediatamente, alm de redirecionar o convite do NuGSex Diadorim para a LBL, coloquei em questo o ponto de vista apresentado pelo Lesbibahia. A LBL deveria se retirar do processo, adotar a poltica do silncio como resposta s provocaes do decano?Fao coro com a [companheira] penso que as lsbicas da Bahia tem usado como protesto o silencio na lista LGBT, porm assim como [a companheira] pontou estou de acordo que devemos usar do discurso/argumento principalmente em espaos de construes como este que t sendo pensando/organizado pelo Diadorim, l teremos um pblico diverso, discentes, docentes, militantes em geral e pessoas "curiosas", acredito/respeito que as compas do Lesbibahia tenham as suas definies e devemos respeitar, mais tanto vc como Vi Nunes, estaro nesse evento representando no s as lsbicas da Bahia , mas todas NS do Brasil e do mundo!!!

Penso que devemos falar para fora e fazer ecoar as nossas vozes!!! (mensagem enviada por uma LBLeana em 10/03/2012)

Uma vez garantida a participao da LBL no evento, para representar a LBLBA no Painel Lesbianidades em foco, inicialmente convidamos a articuladora regional da Liga NO/NE.Ol compas, Conforme indicado pela compa Eide Paiva aqui na lista, ( aceitei o convite de pronto, pois acredito e defendo que preciso falar para fora e aos pouco ir minando as estruturas ... do machismo e das vrias formas de reproduo... dos gays para com ns lsbicas e bi . Mas, infelizmente ( depois de passar dois meses fora , acabei de chegar com vrias atividades pendentes... e fui hoje pela manh convocada pela prefeitura , para compor a comisso que estar organizando a caminhada do Maro Mulher da SPM - LF , que ser realizada dia 23/03, mesmo dia do referido evento. Sendo assim, peo desculpas a compa Eide Paiva ao passo que desejo muitas vibraes positivas para a realizao do mesmo. Abraos Fraternos!!! (Mensagem de rica Capinam enviada para a lista da LBL em 15/03/2012)

De forma solidria, diante do impedimento da articuladora regional da Liga NO/NO, Yasmim Nbrega, militante da Liga So Paulo, expressou na lista nacional da LBL a sua disponibilidade e interesse no evento. Imediatamente, o GGB, atravs de Marcelo Cerqueira, garantiu a sua vinda e participao no Seminrio. A LBL-BA tambm foi convidada para mediar o Painel 1: Violncia de Gnero em debate. O convite foi direcionado Virginia Nunes, estudante da UFRB, que de imediato aceitou o convite e props a incluso de uma roda de conversa lsbica na programao do evento. A presena da LBL no Seminrio pela eliminao de todas as formas de violncia contra as mulheres heterossexuais, bissexuais, travestis e lsbicas alm de ampliar, fortalecer a parceria que Liga Baiana vem construindo com o NuGSex Diadorim desde 2010, revela a maturidade poltica da Liga, seu poder de dilogo e construo, consequentemente, promove o seu fortalecimento, sobretudo na Bahia.

4. Programao do Seminrio pela eliminao de todas as formas de violncia contra as mulheres heterossexuais, bissexuais, travestis e lsbicas A programao do seminrio contemplou diferentes linguagens: exposio, exibio de vdeos, depoimentos, performances, debates, roda de conversa, dentre outras. Em conjunto, a programao, que foca lesbianidadaes e femininos, aponta a poltica do dilogo, da unio e respeito as diferenas como a grande estratgia para o enfrentamento s mltiplas formas de violncia de gnero, como pode ser observado na sntese abaixo; Exposio fotogrfica Redesenho de si mesma De 20/03 a 10/04, Local: sede do GGB, no Pelourinho-Salvador. Trabalho de Carol Barreto, com imagens de travestis em reunio da ATRAS Associao de Travestis.

Dia 22 de maro de 2012

Rodando a baiana: roda de conversa sobre lesbianidades dentre e fora da academia Mediao: Virgnia Nunes (LBL-BA); Eide Paiva (NuGSex Diadorim/UNEB; LBL-BA)Ao som de Adeli, a roda Rodando a baiana girou em torno dos compromissos individuais e coletivos pela eliminao de todas as formas de violncia de gnero. A invisibilidade lsbica e apagamento das lesbianidades na programao do Maro Mulher , a homofobia, a necessidade de dilogos e as parcerias entre os grupos/movimentos foram os eixos norteadores da roda.

Reunindo educadoras, educadores, estudantes e militantes dos movimentos lgbt , feministas e representantes da SPM-BA a roda encaminhou a construo de um documento para a SPM com as seguintes reivindicaes: a) que a SPMBA amplie o dilogo com as lsbicas e demais movimentos que no possuem CNPJ, b)que a SPM-BA garanta uma vaga para os movimentos de lsbicas no Conselho Estadual de Direito da Mulher. Foi criada uma comisso formada por Virginia Nunes e Eide Paiva(LBL-BA); Rapahella de Oliveira, Lyz dentre outros sujeitos, para a produo do referido documento. Apresentao do vdeo documentrio "Sim eu sou uma delas" de Eduardo Scaldaferri e Carolina Mendona sobre o universo lsbico da cidade de Salvador O Documentrio exibido est disponvel em: http://www.youtube.com/watch?v=LwSWKwv9EIs

Nosso Amor , performance dedicada ao amor e amizades femininas, com Yasmim Nbrega (LBL-SP) Potica do feminino: recital com Vida Bruno (GGB)

A bailaria Yasmin (LBL) Nbrega ocupou o palco recitando trechos de canes populares sobre o universo feminino. Vestindo uma malha preta ela comeou a sua apresentao no palco recitando canes e em seguida comeou a danar ao som da msica Felicidade na interpretao da cantora Tereza Cristina e em passos de dana circulou entre as fileiras de cadeiras dialogando com as pessoas.

Vida Bruno (GGB) com fora e entusiasmo, encheu o palco com poesias, provocando reflexes sobre a condio feminina, o amor, a amizade e a poltica.

Abertura oficial do Evento Mesa composta pelas seguintes representaes: GGB (Marcelo Cerqueira); NugSex Diadoirm-UNEB (Eide Paiva); Pr-Reitoria de Extenso da UNEB (Osvaldo Fernandez); CUS-Grupo de Pesquisa em Cultura e SexualidadeUFBA (Leandro Colling); Secretaria de Educao do Estado da Bahia (Amlia Maraux); Secretaria de Poltica para as mulheres-BA (Carolina); Liga Brasileira de Lsbicas (Virginia Nunes), Associao das Travestis (Milena)

Paginas da vida. Mesa mediada por Vida Bruno (GGB)

As Lsbicas Mrcia Franco, empresria; e Lyz Gomes, ativista, e a Keila Simpson, presidente da ATRAS, contaram suas histrias de sucesso e superao da violncia. Os relatos emocionados evidenciaram as inteseccionalidades de gnero, classe e raa na produo das violncias. Evidenciaram ainda a importncia do trabalho, da famlia, das amizades e dos movimentos no processo de empoderamento de pessoas em situao de violncia. Painel 1: Violncia de gnero em debate Mediao Virginia Nunes (LBL-BA)

As painelistas, Marcia Cabral, ativista lsbica do Grupo Minas de Cor (SP); a Vereadora do PT Vania Galvo e a travesti Majori Marchi (SP) abordaram o ciclo da violncia contra o feminino na perspectiva das mulheres heterossexuais, lsbicas e transexuais. Discutiram as diferentes formas de violncia; e deram nfase na lesbofobia e na transfobia. Discutiram polticas e estratgias de enfrentamento violnciaEm conjunto, as painelistas ressaltaram a importncia do dilogo e da parceria entre os diferentes femininos como estratgia de enfrentamento s mltiplas faces da violncia de gnero. Era por volta das 19h quando Mrcia Cabral do Grupo Minas de Cor, Majorie Marci do Rio de Janeiro e a vereadora municipal de Salvador, Vnia Galvo (PT) iniciaram os trabalhos do painel. Mrcia Cabral e Majorie relataram na perspectiva da eliminao da violncia contra o feminino focando a necessidade de todas as variaes do feminino caminhar juntos no combate do machismo e suas expresses. As palestrantes reforaram a ideia geral do seminrio de que toda e qualquer forma de violncia contra uma mulher uma violncia contra todo o feminino. Do ponto de vista delas se uma trans, travestir e mesmo um gay so discriminados justamente por essas categorias estarem ligadas ao gnero feminino, logo uma ofensa a todo o gnero. Por isso urgente que as mulheres heterossexuais associar ao seu discurso feminista a defesa das transexuais e das lsbicas e considerar que as violncias sofridas por elas so de fato agresses ao gnero como um todo. A vereadora Vnia Galvo desenvolveu sua fala centrada na participao do feminino na poltica e entre uma citao e outra relatou que a Constituio da Bahia, graa a luta das mulheres baianas bastante ampla na defesa das mulheres e garantias dos seus direitos (Mensagem enviada por Marcelo Cerqueira, em 22/03/2012).

Show transformista Esse feminino, com Scarlat Cabochard Sangalo e Dion

SUCESSO!!!! ColegasQuem no foi ao SEMINRIO PELA ELIMINAO DE TODAS FORMAS DE VIOLNCIAS CONTRA MULHERES HETEROSSEXUAIS, BISSEXUAIS, TRANSEXUAIS, TRAVESTIS E LSBICAS, perdeu! Mais de 65 participantes que assinaram a lista de presena, palestras interessantssimas por lsbicas, mulheres e trans inteligentes e comunicativas. Destaque especial para a lsbica Cabral e a travesti Marjorie, arrasaram. Performance potica gestual linda no incio. Show eletrizante no final. Clima cordial, organizao impecvel. Parabns aos protagonistas deste evento histrico, segundo avaliao de vrias conferencistas. Hoje, 6 feira, continua a partir das 15hs na Fundao Caiyru, Rua do Salette Barris. Grtis. A Foto apenas da primeira roda de conversa, com metade dos participantes (mensagem enviada por Mott para a diferentes listas, em 23/03/2012)

Dia 23 de maro de 2012

Momento inicial de sensibilizao, com Yasmim Nbrega (LBL-SP)

Yasmin Nbrega, questionando os sentidos das coisas, o processo de naturalizao dos sujeitos da violncia, ressaltou a importncia da desconstruo dos esteretipos e do respeito s diferenas leu o poema de Martha Medeiros: VOC ... Voc os brinquedos que brincou, as grias que usava, voc os nervos a flor da pele no vestibular, os segredos que guardou, voc sua praia preferida, Garopaba, Maresias, Ipanema, voc o renascido depois do acidente que escapou, aquele amor atordoado que viveu, a conversa sria que teve um dia com seu pai, voc o que voc lembra. Voc a saudade que sente da sua me, o sonho desfeito quase no altar, a infncia que voc recorda, a dor de no ter dado certo, de no ter falado na hora, voc aquilo que foi amputado no passado, a emoo de um trecho de livro, a cena de rua que lhe arrancou lgrimas, voc o que voc chora. Voc o abrao inesperado, a fora dada para o amigo que precisa, voc o pelo do brao que eria, a sensibilidade que grita, o carinho que permuta, voc as palavras ditas para ajudar, os gritos destrancados da garganta, os pedaos que junta, voc o orgasmo, a gargalhada, o beijo, voc o que voc desnuda.

Voc a raiva de no ter alcanado, a impotncia de no conseguir mudar, voc o desprezo pelo o que os outros mentem, o desapontamento com o governo, o dio que tudo isso d, voc aquele que rema, que cansado no desiste, voc a indignao com o lixo jogado do carro, a ardncia da revolta, voc o que voc queima. Voc aquilo que reinvidica, o que consegue gerar atravs da sua verdade e da sua luta, voc os direitos que tem, os deveres que se obriga, voc a estrada por onde corre atrs, serpenteia, atalha, busca, voc o que voc pleiteia. Voc no s o que come e o que veste. Voc o que voc requer, recruta, rabisca, traga, goza e l. Voc o que ningum v.

Painel 2: Lesbianidades em foco Mediao Eide (NuGSex Diadorim-UNEB;LBL-BA)

As painelistas Daniela Auad (UFJF), Amelia Maraux (NugSex Diadorim; SEC) e Yasmim Nbrega (LBL) apresentaram ponto de vista situado sobre gnero e sexualidade com foco na lesbianidade. Abordaram a poltica do esquecimento, a invisibilidade lsbica e o papel da educao no enfrentamento s violncias de gnero.

Pontuando os objetivos do Painel, a debatedora da mesa ressaltou que as palestrantes deveriam abordar em suas explanaes as seguintes questes: a) identidade lsbica. O que "lsbica"? Qual a relao entre as lsbicas e os demais "excludos" da histria, consequentemente, das polticas pblicas? b) invisibilidade lsbica e violncia de gnero: No que consiste? De que forma se apresenta? Qual a relao entre os fenmenos?. O que a universidade, o estado e o movimentos sociais tm a ver com isso? c) prescrio para os problemas: trilhas de empoderamento dos sujeitos invisibilizados. Em conjunto, as painelistas destacaram a lesbianidade como um ato de resistncia e definiram uma lsbica como um ser poltico plural, constitudo por

diferentes marcadores sociais. Ressaltaram a importncia da pluralizao dos gneros e da desconstruo da sexualidade, do feminino e do masculino como um dado natural. Explanaram, sobre as categorias gnero, heterossexualidade compulsria/heteronormatividade e patriarcado como ferramentas necessrias ao entendimento das mltiplas formas de violncia contra as lsbicas. Todas elas ressaltaram a importncia da educao e a organizao das mulheres como trilha de emporderamento. Tambm foi pontuado a contribuio dos estudos feministas e queer . Debate e Encerramento

Aps as falas, o debate foi aberto. Foram feitas 10 intervenes. s 19:00h foram encerrado o painel. Em seguida, foi composta a mesa de encerramento do Evento.

Salvador, Bahia, sexta-feira, 23 de maro de 2012 por Marcelo CerqueiraAtivistas discutem invisibilidade lsbica e poltica do esquecimento. Modelo poltico embrutece o feminino e exige que mulheres pensem como homens machistas Comeou s 14h e seguiu at s 18h30 dessa sexta-feira, 23 no auditrio da Faculdade Visconde de Cairu o seminrio pela eliminao de todas as formas de violncias contra mulheres, lsbicas e transexuais na Bahia. Toda tarde de hoje foi dedicada discusso sobre gnero e sexualidade, com foco na identidade e representao lsbica em espaos de poder. As ativistas e acadmicas Daniela Auad da Faculdade de Educao da Universidade Federal de Juiz de Fora (FACED/UFJF), Amlia Maraux atual Superintendente da Educao Bsica da Bahia da Secretaria de Educao do Estado da Bahia, Eide Paiva Vice Coordenadora do Ncleo de Gnero e Sexualidade da Universidade do Estado da Bahia, o NUGSEX-Diadorim-UNEB e a bailarina cearense radicada em So Paulo Yasmim Nbrega promoveram uma calorosa e participativa discusso do tema proposto pelo painel. O debate foi pautado na poltica do esquecimento e a invisibilidade lsbica no enfrentamento violncia de gnero. De acordo com as palestrantes essa poltica faz com que lsbicas e mulheres se adqem a um modelo masculino e muito duro que

embrutecem o feminino. A pesquisadora Daniela Auad em sua apresentao pontuou que preciso que se tome o poder poltico de quem j estar nele por muito mais tempo, lsbicas, gays, negros e mulheres devem focar para tomar o poder das mos dos homens que o detm h muito tempo, so muito deles machistas e privilegiados pelo teflon em uma aluso a frigideira no sentido de que aos homens nada cola diferente das mulheres que podem ter a sua carreira poltica destruda por usar uma frase dita. Como ilustrao do Teflon ela citou o famoso relaxa e goza proferido pela ento Ministra Marta Suplicy que foi hostilizada publicamente por usar a frase em analogia a situao do apago areo, j por outro lado ela citou Fernando Collor de Mello que hoje Senador da Repblica e mesmo ele tendo sido alvo de acusaes srias, nada colou na imagem poltica. Ainda destacou-se que poucas so as mulheres que ascendem na carreira poltica sem usar a fora do marido que j poltico. Salvas excees muitas dessas mulheres acabam reproduzindo padres e modelos machistas em sua ao poltica. Por outro lado as demais que no so acessas pelo poder do marido so vtimas de campanhas caluniosas em relao as suas vidas privadas e amorosas, sofrendo citaes desrespeitosas proferidas por machistas. O debate da tarde foi muito participativo e ao final das apresentaes abriu-se platia fazer perguntas a mesa. A paulista Mrcia Cabral questionou a mesa declarando preferir em alguns casos um homem feminista a uma mulher machista, segundo ela s pelo fato de ela ser do gnero feminino no lhe garante uma atuao em defesa das mulheres. Ativista lsbica e coordenadora do Grupo Minas de Cor em So Paulo fez analogia a presidente Dilma Rousseff que em sua opinio no se assemelha ao gnero feminino. Cabral disse ainda que no basta ter um rgo feminino preciso viver e sentir-se como mulher, ainda se referindo a presidente fez comparao com o ex-presidente Luiz Incio da Silva, Lula que em sua opinio mesmo sendo homem foi mais feminino e feminista em sua atuao como presidente nos dois mandatos. Aps os calorosos debates formou-se a mesa de encerramento do evento com as presenas da professora Eide Paiva, Osvaldo Fernandez e Luiz Mott, fundador e presidente de hora do GGB ainda fez uso da palavra representante da Secretaria de Polticas para as Mulheres (SPM) Bahia. Nas consideraes finais Luiz Mott destacou a importncia em caminhar juntos para combater o inimigo que existe l fora. A professora Eide Paiva destacou que o evento abriu um novo espao para uma interlocuo direta e envolvimento do feminino nas suas variaes e na luta contra o machismo que oprime e violenta a todas as mulheres. Existe uma pgina em branco, que precisa ser escrita a partir de agora, disse a professora. O evento foi uma realizao do GGB em parceria com o Diadorim e teve apoio da (SPM) atravs do edital pblico Maro Mulher.

5. Certificados Total de certificados de participao: 85 Total de certificados de palestrante: 9

6. Expectativas Aps a realizao do Seminrio, as expectativas dos sujeitos envolvidos a produo de material bibliogrfico, isto a publicao de um livro contendo

artigos sobre a temtica,

imagens e textos do evento. O seminrio foi

fotografado e gravado (gravao de voz de todas as mesas). Parte do evento foi registrado pela WEB TV UNEB. Visando agilidade no processo de construo/publicao de material bibliogrfico, foi criada uma comisso para conduzir o processo de produo do livro. A princpio, essa comisso organizadora composta pela coordenao do NugSex Diadorim, pelo presidente do GGB e pela professora Daniela Auad (Unifesp/UFJF). Logo aps o encerramento do Seminrio, a referida comisso, reiterou o solicitao feita a cada palestrante que encaminhe para o NuGSex Diadorim o texto completo com o registro das suas falas e produziu o seguinte cronograma de atividades, apresentado no Quadro 1, em anexo. A comisso tambm produziu um esboo do livro, a saber: Proposta de ttulo: Ttulo 1: pela eliminao de todas as formas de violncia contra mulheres heterossexuais, bissexuais, travestis e lsbicas Titulo 2: Os femininos e o combate a violncia de gnero contra mulheres heterossexuais, bissexuais, travestis e lsbicas Sumrio 1. Apresentao (Feita pela Ministra Eleonora Menicucci ou pela Guacira Loouro, ou pela comisso organizadora) 2. Pginas da vida: lsbicas e travestis superando violncias (textos de: a) Keila Smpson; b) Mrcia Franco; c) Lys BahiA); 3. Nossas imagens ( fotos do evento, da mesa pginas da vida); 4. Violncia de gnero contra os femininos: lesbofobia, transfobia (Textos de: a) Mrcia Cabral; b) Vania Galvo; c) Marjori March; Virginia Nunes) 5. Nossas imagens (fotos do evento, da mesa) 6. Lesbianidades em foco: polticas pblicas do cotidiano (textos de: a) Auad, Eide Paiva, Maraux, Yasmim 7. Concluso (texto de uma especialista)

8. Anexo: Documento enviado para a SPM

Quadro 1: Cronograma de atividades;Tarefa/atividade 1 Data

Captar recursos (SPM-BA) para transcrio abril-maio-junho das falas (gravao de voz) Transcrever as falas

2

Submeter a transcrio para as falantes- julho autoras,

3

Devolutiva das falantes-autoras, com reescrita setembro se preciso for Captar recursos (SPM SNPM)

4 5

abril a setembro

Buscar editora (UNEB, GGB,UFJF, Perseu Abril a novembro Abramo, Contexto, Cortez) Escrita, apresentao e concluso leitura Julho a dezembro prvia dos captulos

6

7 8

Envio do texto final para grfica/editora Lanamento do livro com evento (II Seminrio pela eliminao de todas as formas de violncia contra mulheres

Janeiro/2013 Maro/2013

heterossexuais, bissexuais, travestis e lsbicas

7. Fechando o relato Este relato no tem concluso, tem ponto de vista. Para quem pergunta onde esto as lsbicas, ele oferece uma resposta: lsbicas da Bahia esto, juntas e misturadas com lsbicas de outros estados, esto em movimento, em atuao poltica dentro e fora da universidade, do Estado e dos movimentos sociais. Basta ter olhos para ver, ouvir, ler. Suas vozes ecoam, seus textos circulam. Somos muitas e estamos em todos os lugares. Estamos organizadas, em movimento pela eliminao de todas as formas de violncia contra as mulheres

heterossexuais, bissexuais, travestis e lsbicas. Nos juntamos a tantos outros sujeitos polticos para a construo do plano Bahia sem homofobia.

8. Nossas imagens ... algumas presenas importantes...