lisboa em pessoa - guia turístico e literário da capital portuguesa

7

5

6

09 APRESENTAÇÃO Os pingos nos is Lisboa: o que o turista deve ver

16 MANUAL DE LEITURA Como usar este guia

21 PESSOA EM PESSOA Vida de poeta

31 SENTA QUE LÁ VEM LISBOA História

49 ITINERÁRIO 1 Terra à vista

83 ITINERÁRIO 2 Entre avenidas e museus

109 ITINERÁRIO 3 Lisboa à antiga

149 ITINERÁRIO 4 Lá vem o Pessoa, subindo a ladeira

185 ITINERÁRIO EXTRA Nas pegadas de Eça

SUMÁRIO

1 Lisboa em Pessoa apresenta•‹ o atŽ hist— ria-10dez.indd 4 12/21/10 5:54 PM

1

2

4

3

8

203 ITINERÁRIO 5 Águas Livres

221 ITINERÁRIO 6 Belém: mar à vista

265 ITINERÁRIO 7 Dia seguinte

287 ITINERÁRIO EXTRA Sintra

307 ITINERÁRIO 8 Oriente-se

325 Café com letras

328 Cafés

331 Livrarias

339 Guia de sobrevivência

351 Bibliografia

352 Índice de ruas

360 Mapa

368 Índice remissivo


6

“Minha pátria


7

Bernardo Soares, Livro do desassossego

é a língua portuguesa.”

Monumento conhecido como Padrão do Descobrimento (p. 233), na região de Belém.


9

Apresentação

OS PINGOS NOS IS

Não se assuste. Lisboa em Pessoa não é um guia apenas para

literatos ou leitores compulsivos. Assim como outras publicações semelhan-

tes, este guia inclui as principais atrações turísticas de Lisboa e traz todas

as informações e dicas de que você precisa para sua viagem. A diferença

é que ele propõe ao viajante conhecer a cidade de forma diferente, a partir

de um roteiro turístico criado pelo poeta Fernando Pessoa em 1925, com o

intuito de exaltar e divulgar internacionalmente a sua amada Lisboa. Foi, aliás,

originalmente escrito em inglês, com o título Lisbon: what the tourist should

see – ou Lisboa: o que o turista deve ver.

Mas não pense que o roteiro do poeta tornou-se obsoleto. Como pro-

fundo conhecedor de sua cidade natal, além de muito detalhista, ele nos con-

duz a todos os locais que realmente merecem ser vistos ainda hoje, como a

famosa Torre de Belém, o Mosteiro dos Jerónimos e o Castelo de São Jorge,

só para citar alguns. Ao todo, são mais de cem verbetes com locais indicados

pelo escritor e centenas de dicas de como aproveitar a cidade ao máximo.

Este guia inclui também os locais que surgiram após a criação do roteiro

do poeta, como é o caso do Parque das Nações, inaugurado em 1998, e do

Museu do Design e da Moda, aberto em 2009. Ou ainda aqueles que, por

motivos próprios, não foram citados por ele, como a Casa Fernando Pessoa,

centro cultural instalado na casa onde o poeta viveu os últimos 15 anos de sua

vida; e o Café A Brasileira, do qual foi frequentador assíduo.

Lisboa em Pessoa também se diferencia ao incluir textos de outros es-

critores portugueses, alguns ainda (infelizmente) pouco conhecidos no Brasil.

Além dos consagrados Eça de Queiroz, José Saramago, Camões e Gil Vicente,

traz também nomes como Baptista-Bastos, Agustina Bessa-Luís, Mário de


10

Carvalho, Inês Pedrosa, Lobo Antunes

e Hélia Correia, que nos ajudam a co-

nhecer a cidade de forma ainda mais

poética. Foram também incluídos es-

critores estrangeiros, como Pascal

Mercier (suíço), Lord Byron (inglês) e

Jean-Yves Loude (francês), que igual-

mente dão sua contribuição.

Nesse sentido, Lisboa em

Pessoa traduz uma forma de viajar

em que acredito muito, aquela que

vai além do grande consumo de ima-

gens e da falta de tempo que nos

são impostos pelo turismo de mas-

sa. Para mim, viajar não é passar

apressadamente por monumentos e

fachadas. Viagens precisam ser mo-

mentos de descanso, mas também

de reflexão, de emoção e de apren-

dizado. Viajar é uma forma divertida

de, ao olhar outra cidade, outro país,

outra cultura, compreendermos um

pouco mais de nós mesmos.

Portanto, muito do que você

vai encontrar aqui é fruto da minha ex-

periência como viajante profissional,

como um jornalista que tem no des-

locamento a sua forma de viver, que

tem na busca do novo um princípio

para suas viagens, e tem na literatura

a sua grande inspiração. Boa viagem.

João Correia Filho


110

Visitantes no interior do Castelo de São Jorge, com destaque para uma de suas torres.

2 Lisboa em Pessoa roteiro 1 a extra-10dez.indd 110 12/21/10 4:46 PM

111

“O turista que tenha tempo de sobra não deve deixar de subir a este grande castelo, construído num alto de onde se domina uma ampla vista do Tejo e de grande parte da cidade. O castelo tem três portas principais, conhecidas como da Traição, de Martim Moniz e de S. Jorge. Todas elas são muito antigas. O próprio castelo é assaz notável.”

Fernando Pessoa, Lisboa: o que o turista deve ver


112

O QUE O TURISTA DEVE VER

01 Miradouro da Graça e Igreja da Graça

02 Panteão Nacional

03 Feira da Ladra

04 Museu Nacional do Azulejo

05 Casa dos Bicos

06 Sé (Catedral)

07 Museu do Teatro Romano

08 Castelo de São Jorge

09 Miradouro de Santa Luzia

10 Largo das Portas do Sol

11 Museu de Artes Decorativas

12 Museu do Fado

13 Largo de São Domingos

14 Sociedade de Geografia

15 Casa do Alentejo

16 Coliseu dos RecreiosColiseu dos Recreios

1

011

022

044

033

055

066

088

099

1010

1313

1414

1515

1616

5

077

1111

1212

10

9

15

11

1

15

11


113

2

4

9

04

2

4

9


114

01 MIRADOURO DA GRAÇA E IGREJA DA GRAÇA

Largo da Graça PLANO 8 D23712, 28

Pode parecer um chavão dizer que o Miradouro da Graça é um local poético. Ledo engano. A começar pelo fato de que ali se homenageia uma das maiores poetas portuguesas, Sophia de Mello Breyner Andresen (p. 315). Seu busto em bronze, que olha para o horizonte, aponta para as encostas do Castelo de São Jorge, para o rio Tejo, para o ema-ranhado de telhados que redesenham a geografia de Lisboa.

Em uma das paredes do mirante, bem ao lado da Igreja da Graça, está gravado um dos mais belos poemas sobre a cidade, escrito por Sophia em 1977. Não deixe de lê-lo, várias vezes. Depois, sente-se tranquilamente em um dos bancos de concreto do Largo da Graça e desfrute. Ou ainda tome assento em uma das cadeiras do pe-queno quiosque montado ali, que nos convida a bebericar uma cerveja ou um café, em meio a uma paisagem ines-quecível, à sombra de árvores centená-rias, sob a luz de um poema imortal.

+ SANTOS NEGROS: atrás do mirante está a Igreja da Graça, que possui im-portantes imagens sacras e azulejos do século XVII, com destaque para os quatro santos negros, entronizados ali no século XVIII, quando os escravos não tinham direito a uma igreja e fo-ram acolhidos por essa irmandade. No livro Lisboa na cidade negra, de Jean-Yves Loude, há detalhes importantes sobre esse fato. Diz parte do texto:

As estátuas dos quatro santos negros são fáceis de detectar. A capela que as alberga é a primeira à esquerda de quem entra, dominada pela figu-ra imponente de Nossa Senhora do Rosário, jovem mãe vestida com uma túnica e um manto azul. Ela e o Me-nino Jesus estendem o braço direito no mesmo gesto de apelo: deixai vir a mim os excluídos, os infelizes, que eu os acolherei.

Terraço do Miradouro da Graça, local perfeito para uma cerveja no fim de tarde, com Lisboa a seus pés.


115

+ Há uma maneira especial e bem lisbo-eta de se conhecer o centro da cidade e alguns bairros próximos: o elétrico 28. Ele passa pelas áreas mais antigas da cida-de, num percurso que inclui vários locais importantes, como o Miradouro de Santa Luzia (p. 134), os arredores do Castelo de São Jorge (p. 130), a Sé (p. 126), a Praça Luís de Camões (p. 164), o Miradouro de Santa Catarina (p. 278) e a Basílica da Es-trela (p. 215).


122

+ Para terminar, uma parada no restaurante e café do mu-seu, que tem um clima muito agradável e é decorado com belos azulejos do início do século XX, a maioria com te-mas referentes à gastrono-mia e à caça. O menu é bem saboroso e criativo, com preços justos.


123

Acima, painel de azulejos conhecido como Grande Panorama de Lisboa. Datado de 1700, retrata a cidade antes do terremoto de 1755 ao longo de seus mais de 22 metros de extensão.

123

Acima, painel de azulejos conhecido como Grande Panorama de Lisboa. Datado de 1700, retrata a cidade antes do terremoto de 1755 ao longo de seus mais de 22 metros de extensão.


124

05 CASA DOS BICOS Rua dos Bacalhoeiros, 10 PLANO 8 D4218 810 900 9, 28, 746 18, 25

Pessoa tem razão. A Casa dos Bi-cos “é uma curiosidade arquitetônica que bem merece ser observada”. É um prédio único em Lisboa, construído em 1523 por Brás de Albuquerque, filho de Afonso de Albuquerque, navegador que descobriu Goa e Málaca, respecti-vamente na Índia e na Malásia. Sua fa-chada é toda coberta de formas pon-tiagudas, o que, segundo nosso guia e poeta, fez com que também ganhas-se o apelido de Casa dos Diamantes. Seus dois pisos superiores, dos quatro que possui, foram destruídos durante o terremoto de 1755 e restaurados a partir de desenhos preservados em azulejos da época, mantendo inclu-sive a distribuição bastante irregular

de janelas e portas. Passava por uma grande restauração enquanto fazía-mos este guia, mas abriga atualmente o Centro de Documentação sobre os Descobrimentos Portugueses, com ex-posições e programação que desbra-vam o tema. Além disso, a Casa dos Bicos está numa região próxima ao Terreiro do Paço, ao Museu de Mari-nha (indicado no mapa) e à margem do rio Tejo, o que pode dar origem a um passeio interessante pela parte antiga de Lisboa.

Abaixo, vista da Rua dos Bacalhoeiros com a Casa dos Bicos, e a Sé ao fundo. À direita, detalhe da fachada da Casa dos Bicos.


125


lisboa em pessoa - guia turístico e literário da capital portuguesa

Documents