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Destaque: A CIDADE - entrevista com Nuno Lopes | A BELA E O PAPARAZZO | JANDEK | OS IMPROVÁVEIS | VIAGEM AO UNIVERSO KORDA

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Destaque

PrEdição | Câmara Municipal de Lisboa > Direcção Municipal de Cultura > Divisão de ogramação e Divulgação Cultural

Em Agenda

18/24JAN’ 10 | n.º 145

Cinema

Teatro

Editorial

A Cidade

A Bela e o Paparazzo

Jandek

Improváveis

Korda Conhecido Desconhecido

Exposições

Itinerários Temáticos de Lisboa

Música

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NEWSLETTER

EditorialLISBOA CULTURAL

Ficha técnicaEdição Divisão de Programação e Divulgação Cultural | Direcção Municipal de Cultura | CML Editora Ana Santiago Redacção Frederico Bernardino, Sara Ferreira, Susy Silva Capa e Paginação Bruno Moreira Contactos Rua Manuel Marques, 4F, Edifício Utreque - Parque Europa, 1750-171 Lisboa | Tel. 21 817 06 00 | [email protected]

São quase quatro horas em cena. Seca? Não nos parece. A Cidade, que leva ao São Luiz Teatro Municipal uma reflexão satírica sobre a vida urbana, promete ver com outros olhos e com a actualização de séculos de distância os textos de um dos maiores autores de comédia da Grécia Antiga – Aristófanes.A dar corpo e voz a esses textos, aqui combinados numa adaptação de Luís Miguel Cintra, estão actores que muitos conhecemos do pequeno ecrã, da stand up comedy, ou da série humorística Os Contemporâneos. Entre eles, Nuno Lopes, que entrevistámos para esta edição da Lisboa Cultural, e que é um dos actores mais versáteis da nova geração.

No cinema, a proposta vai para uma comédia romântica – A Bela e o Paparazzo, com cenário em Lisboa, a antecipar o Dia dos Namorados (que vai ter algumas surpresas para os apaixonados pela cidade, como em edições futuras daremos conta…).

E as regras do jogo sobem ao palco no Auditório da Biblioteca Municipal Orlando Ribeiro (já conhece?), numa peça d’ Os Improváveis, um grupo de Teatro Desporto com pouco mais de um ano de existência. Estamos curiosos.

Também esperamos para ver e ouvir ao vivo, finalmente, Jandek, um dos artistas mais incógnitos do panorama musical internacional. É verdade, ele vem ao Maria Matos.

Até parece que é demais, mas não é. Não nos cansamos de falar do Korda. Aqui está, para rematar a divulgação a uma das exposições do ano, uma visita comentada à exposição do fotógrafo cubano, que pode visitar até dia 31 deste mês.

Boa semana.

Siga-nos em

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Informação actualizada em www.agendalx.pt(subscreva a newsletter semanal)

Consulte pdf em www.cm-lisboa.pt

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DestaqueLISBOA CULTURAL

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A partir da colagem de textos extraídos de obras do clássico grego Aristófanes, o Teatro da Cornucópia apresenta, no São Luíz, A Cidade, uma reflexão divertida e pertinente sobre os assuntos sempre intemporais da pólis. A peça, com encenação de Luís Miguel Cintra, junta em palco nomes bem conhecidos do humor televisivo português, como Bruno Nogueira, Maria Rueff e Nuno Lopes.

Que melhor lugar para apresentar “uma grotesca metáfora de todas as Cidades”, no dizer do encenador e actor Luís Miguel Cintra, que um teatro da cidade como o São Luíz Teatro Municipal? A partir de uma criteriosa selecção de textos de um dos nomes maiores do teatro grego, Cintra propõe um gigantesco mural onde “as confusões e as dificuldades da vida numa sociedade que se quer democrática, a corrupção da sua política, o seu desejo de paz, as suas saudades do campo, a maneira como convive com os seus `poetas´, as peripécias sexuais e conjugais que se geram na coexistência do público e do privado” encontram inevitáveis pon-tos de encontro com a nossa contemporaneidade.

Fran

cisc

o Le

vita

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DestaqueLISBOA CULTURAL

PAG. 5

São escassos os dados biográficos que chegaram aos nossos dias daquele que é considerado por muitos como o maior comediógrafo grego. Julga-se que Aristófanes terá vivido entre 450 e 385 a.C.; nascido em Atenas, da sua vasta obra apenas uma parte mínima resistiu às in-cidências dos tempos. Partidário da aristocracia atenien-se, o teatro de Aristófanes é como um campo de batalha onde as questões sociais, políticas, artísticas e religiosas da democracia ateniense são criticadas com uma dureza grotesca, sublinhadas por uma linguagem extremamen-te rica em jogos de palavras, que exponenciam incon-gruências jocosas e alusões directas que, sem temor, exploram a obscenidade e a escatologia.

Corrosivo contra os chamados renovadores do pensa-mento ateniense - donde se destacam Sócrates e os sofistas - ou contra as inovações artísticas e estéticas do teatro de autores seus contemporâneos - como Euri-pedes -, Aristófanes terá provado, a meio da sua vida, o veneno da censura que se institui em Atenas com a subida ao poder do “seu” partido aristocrático.

Conservador, anti-belicista, controverso e acérrimo opositor às tendências demagógicas dos agentes políticos, a obra de Aristófanes representa ainda hoje uma marca incontornável na dramaturgia ocidental.

A partir do olhar crítico e conservador de Aristófanes quan-to ao modelo democrático ateniense - uma “forma dege-nerativa de governo”, como lhe chamaria Aristóteles -, A Cidade combina excertos de Os Acarnenses, Lisístrata, Paz, Pluto, As mulheres que celebram as Tesmosfórias, As Nuvens, Os Cavaleiros, As Mulheres no Parlamento e As Aves, consumando-se uma narrativa única que, atra-vés de um humor satírico, jocoso e por vezes mesmo vio-lento, propõe uma reflexão viva e profunda sobre a vida urbana. Este distanciamento crítico de Aristófanes quanto àquele regime político permite que a caricatura e a comé-dia tenham o condão de nos fazer, ainda hoje, pensar e expressar a Cidade com um fervor apenas possível em democracia.

As “Noites no Teatro” vão ao Chiado O projecto “Noites no Teatro” estará esta semana insta-lado no Chiado. Para além d` A Cidade, dia 20, no São Luíz Teatro Municipal (com comentário prévio a partir das 20h15), na sexta feira, dia 22, no Teatro-Estúdio Mário Viegas exibe-se a última produção da Companhia Tea-tral do Chiado, A Dama de Copas e o Rei de Cuba, de Timochenco Whebi, numa encenação de Juvenal Garcês e interpretações de Alexandra Sargento, Cristina Basílio e Pedro Saavedra. Como é habitual, as marcações para as “Noites no Teatro” fazem-se através do telefone 218 170 600, sendo gratuito para estudantes dos ensinos secun-dário e superior. FB

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DestaqueLISBOA CULTURAL

PAG. 6Actor reconhecido pela sua versatilidade e unanime-mente considerado como um dos melhores da sua geração, Nuno Lopes conta já com um longo percur-so teatral. No cinema, somou vários prémios interna-cionais pela sua interpretação pungente de um pai em busca da filha desaparecida, em Alice, de Marco Martins. Na televisão, depois de inúmeros trabalhos com alguns dos mais destacados comediantes portu-gueses e de uma passagem pela telenovela brasileira, assumiu-se como uma das mais conhecidas figuras do humor nacional através do programa Os Contem-porâneos. Agora, Nuno Lopes regressa ao teatro para um reencontro muito especial, conforme explicou à Lisboa Cultural em vésperas da estreia de A Cidade.

Depois de mais uma série de Os Contemporâneos, qual é a sensação de regressar ao teatro para traba-lhar com pessoas que conhece muito bem?Sintetizaria a sensação como a de ir a uma festa de anos, porque este espectáculo reúne as pessoas com quem eu mais gosto de trabalhar. Em primeiro, a Cornucópia com quem eu comecei aos 17 anos e com quem já fiz umas 13 ou 14 peças; em segundo, a Maria Rueff que foi a pessoa que me abriu as portas para fazer comédia em televisão; depois, o Bruno (Nogueira), o Dinarte (Branco) e o Gon-çalo (Waddington) que foram meus companheiros n´ Os Contemporâneos. Por sinal, o Dinarte e o Gonçalo fazem parte do meu grupo de teatro, o Arena Ensamble.

Enquanto actor, como encara o desafio de vir fazer uma colagem de textos de Aristófanes focados na vida urbana, aqui no São Luiz? É muito interessante trazer este espectáculo a um teatro municipal porque esta é uma reflexão sobre a Cidade, e a forma como a vivemos, feita através do humor. Enquanto actor sinto que é estimulante propor ao público essa reflexão, sobretudo neste teatro da cidade de Lisboa.

Estaremos, então, perante um Aristófanes “contemporâneo”?De facto, uma coisa que é engraçada neste autor é que à medida que vamos ensaiando percebemos que a origem de tudo o que fazemos actualmente em comédia, como os sketchs, a stand up comedy, o non-sense ou até mes-mo aquela crítica directa que é muito característica nos programas d` Os Contemporâneos quando imitamos alguém ou criamos um boneco, está inteiramente presente em Aristófanes. No fundo, o que é incrível é o facto de tudo aquilo que achamos contemporâneo já existir há mais de 2.500 anos.

Depois de A Cidade, perspectiva-se um regresso à te-levisão ou iremos continuar a ver o Nuno nos palcos?Vou continuar pelos palcos. Em finais de Fevereiro ou iní-cios de Março conto estar a estrear, com o Arena Ensam-ble, uma peça do John Kolvenbach, no Teatro Nacional D. Maria II, que se intitula On an Average Day. A encenação é do Marco Martins, e vou partilhar o palco uma vez mais com o Gonçalo Waddington. FB

À CONVERSA COM…NUNO LOPES

“É muito interessante trazer este espectáculo a um teatro municipal porque esta é uma reflexão sobre a Cidade, e a forma como a vivemos, feita através do humor”.

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CinemaLISBOA CULTURAL

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Mariana, uma jovem vedeta da televisão, está perto de um colapso nervoso. As filmagens não estão a cor-

rer bem, a sua popularidade está a descer mas, in-dependentemente de tudo isto, a sua vida privada continua a ser matéria de capa das revistas “cor-de-rosa”. Por detrás desta “perseguição” está Ga-

briela Santos, uma temível paparazzo de Lisboa, que sabe sempre onde ela está e que consegue

as fotos mais comprometedoras.

Gabriela Santos é o nome artístico de João, o paparazzo que é contratado para perseguir Mariana dia e noite, fazendo dela uma presença habitual nas capas das revistas sociais, sem que a sua presença alguma vez seja detectada. Até ao dia em que se co-

nhecem de forma fortuita e se en-volvem numa relação amorosa.

A partir desse momento o fotógrafo tem de fazer tudo para que Mariana não descubra a sua verdadeira identidade, ao mesmo tempo que tenta lidar com a excentricidade dos dois amigos com quem partilha o apartamento e com o facto de se ver agora um alvo das mesmas revistas para as quais trabalha.

A Bela e o Paparazzo é uma comédia romântica e cíni-ca, resultado de um olhar desconstrutivo de um mundo cor-de-rosa onde as coisas nunca são o que parecem e a única verdade é aquela que aparece publicada nas capas das revistas.

Sobre o facto de ter sido filmado na capital, afirmou o realiza-dor António-Pedro Vasconcelos “este é também um filme sobre Lisboa e de homenagem a Lisboa, que é uma das cidades mais bonitas do Mundo”. A não perder, num cine-ma perto de si! Até lá, pode espreitar o site do filme em www.mgnfilmes.pt/abelaeopaparazzo.SF

Lisboa foi a cidade escolhida para filmar A Bela e o Paparazzo, o mais recente filme de António-Pedro Vas-concelos, que tem como protagonis-tas Soraia Chaves e Marco d’Almeida. Quase de certeza que já viu o trailer na televisão, mas a Lisboa Cultural con-ta-lhe ainda mais pormenores sobre o filme que tem estreia marcada para o próximo dia 28 de Janeiro.

A Bela e o Paparazzo

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MúsicaLISBOA CULTURAL

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Desde 1978 que o artista responde pelo nome de Jandek (nome artístico formado pelo nome da pessoa com quem estava ao telefone e o mês em que se encontra-va, Janeiro), apenas pode ser contactado através de uma caixa postal em Houston, Texas: Corwood Indus-tries / P.O. Box 15375 / Houston, TX 77220.Pouco mais há a dizer.

Edita dois discos por ano num total que já chega aos 60 álbuns da Corwood Industries, numa mistura eclética e absolutamente desafinada de um folk e blues emocional

23 Janeiro | 22hMaria Matos Teatro Municipal

Av. Frei Miguel Contreiras, 52 (Alvalade)21 843 88 00

Jandek O Texano Misterioso

de raízes texanas com guitarras eléctricas e acústicas, voz, percussão, algum piano e colaborações misteriosas com outros artistas não identificados. Não se sabe se por opção ou por estratégia de marketing, só em 2004 é que deu o seu primeiro concerto ao vivo e então todas as ca-pas dos seus álbuns fizeram sentido, com fotografias do próprio performer.

Um acontecimento é então o que se vai passar no Maria Matos Teatro Municipal. Um concerto de Jandek com a colaboração de músicos portugueses. Um quarteto com-

posto pelo trompetista e compositor de jazz Sei Miguel, o guitarrista dos Tropa Macaca e principal compositor e le-trista dos Aquaparque, André Abel, que irá tocar piano, e Peter Bastien, saxofonista holandês a residir em Lisboa.

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22 Janeiro | 21h30

Actores: Pedro Borges, João Pinto Dias, Marta Borges, Fabrizio Quissanga, Carlos Paiva, Mário Bomba, Telmo Ramalho e Pedro Tochas.

Músico: Ian Carlo Mendonza

Encenadora: Sanne Leijenaar.

Produtora: Sina Lima

Biblioteca Orlando Ribeiro Antigo Solar da Nora Estrada de Telheiras 21 754 90 30

www.teatrodesporto.com

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TeatroLISBOA CULTURAL

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Na próxima sexta-feira, no Auditório da Biblioteca Municipal Orlando Ribeiro, duas equipas de actores vão competir através do riso e do improviso. No entanto, é o público quem decide: os locais, as personagens, as situações, no fundo as regras do jogo. Um espectáculo d´ Os Improváveis é assim cada dia diferente.

Os Improváveis é um grupo de Teatro Desporto criado em Portugal em Agosto de 2008. Em Novembro de 2008 começaram os primeiros espectáculos e agora actuam em vários palcos portugueses.

O Teatro Desporto consiste em comédia de improviso, tendo como base jogos teatrais pré-definidos. Cada jogo dura entre 1 a 5 minutos. Os espectáculos têm normalmente a duração de 1h30m. O formato mais habitual do espectáculo tem normalmente em cena um elenco que conta com duas equipas de dois acto-res: 1 Apresentador/Árbitro/Juiz e 1 Músico.

Participe. É provável que se vá divertir. SS

A ideia de competição, espontaneidade e variação das cenas faz do Teatro Desporto um formato de sucesso perante o público, que se vê envolvido num espectáculo interactivo, emocionante e imprevisível. Os resultados são hilariantes e as cenas pouco convencionais. Os Improváveis sobem ao palco.

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Itinerários Temáticos de LisboaLISBOA CULTURAL

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Ao entrarmos na Galeria Torreão Nascente, no painel frontal reproduz-se uma sequência de negativos onde a vista descortina uma imediata familiaridade: trata-se da mais famosa imagem de Ernesto Che Guevara, captado por Alberto Korda, numa tarde de luto em Havana, corria o ano de 1960. Aquele olhar solitário, fixo no infinito, entre o humano e o divino, acabou por se tornar um dos maiores ícones pop de sempre, e aquela fotografia a obra de arte mais reproduzida do mundo, logo a seguir à Mona Lisa. Cristina Vives, comissária da exposição e co-autora do livro Alberto Korda: A Revolucionary Lens que esteve na origem desta exposição, cita Korda que, quando lhe fala-vam na foto Guerrillero Heroico, dizia “este é apenas um instante da minha arte”. E alguns fragmentos da vasta obra de Korda seguem-se pelos núcleos que nos preparamos para descobrir:

O Estúdio KordaEste núcleo insere o visitante no mundo íntimo da criação

do fotógrafo. Trata-se de uma recriação do estúdio que Korda detinha em Havana desde 1956, quando atingiu al-guma notoriedade com a fotografia publicitária. Eram os tempos de uma Havana contraditória, onde esplendor e luxo coabitavam com pobreza e miséria. Nesses tempos, havia quem apontasse Havana como a “Paris das Caraí-bas”, e Korda, um homem eternamente deslumbrado pela beleza feminina, contribuía através da sua arte para a imagem sofisticada e sedutora da capital cubana.Aqui encontram-se reproduções de algumas das foto-grafias que decoravam as paredes do estúdio. Segundo Cristina Vives, seria assim o estúdio entre 1965 e 1966, com fotos de moda, de mulheres elegantes e belas e com registos do próprio Korda com a família.

A RevoluçãoÉ inevitável que ao entrar aqui ressalte ao olhar um pai-nel de grandes dimensões: ali estão Fidel e Korda, dois amigos íntimos lado a lado. Olhando em redor, depressa

Até final de Janeiro ainda vai a tempo de visitar a exposição Korda Conhecido Desconhecido, na Galeria Tor-reão Nascente da Cordoaria Nacional. Depois de Havana e Madrid, Lisboa descobre parte da obra gráfica de um dos maiores fotógrafos do século XX. Nesta edição, a Lisboa Cultural reproduz uma Visita Comentada com a comissária da exposição Cristina Vives.

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Itinerários Temáticos de LisboaLISBOA CULTURAL

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O PovoPensou-se que no acervo de Korda seria improvável en-contrar tantos registos do povo cubano como aqueles que se foram descobrindo ao longo dos anos. No fundo, acreditava-se que da moda, Korda passara para Fidel e para os líderes da revolução. Mas aquilo que este núcleo revela é que, na continuidade do seu trabalho, se encon-tram imagens fulgurantes do povo cubano. O povo surge, nas palavras de Cristina Vives, como “uma extensão da figura e do pensamento de Fidel”, sendo perfeitamente reconhecíveis “os seus cânones estéticos, os momentos, a luz e o controlo da imagem”.Cristina Vives aproveita a passagem por este núcleo para explicar que Korda era um genial fotógrafo de estúdio: “ele tinha por hábito trabalhar as fotos em estúdio, cortando-as de modo a sublinhar o impacto”. Mas isso só era praticável porque “a partir de um olhar atento aos seus negativos, é possível percebermos que está tudo lá, todos os elemen-tos captados num instante; de facto, uma das característi-cas geniais do seu trabalho era a mestria do corte”.

vamos percebendo que o protagonista é Fidel Castro, o líder da revolução cubana. “Foi uma relação que começou espontaneamente e se tornou intensamente íntima. Havia entre eles inúmeras parecenças, sobretudo no carácter: eram românticos, idealistas e acreditavam profundamen-te nos valores humanistas. Para além disso, partilhavam também o eterno fascínio pela beleza feminina”, explica a comissária.Cristina Vives refere que Korda “sabia como fotografar a beleza, descortiná-la; e Fidel foi fotografado sempre com a mesma perspectiva usada na publicidade e na moda”. Para além desse estilo que Korda soube sempre imprimir ao olhar Fidel, os seus registos denotam uma diferença flagrante quando comparados com os de outros fotógra-fos; “Fidel era o amigo a quem se reconheciam as afinida-des, não o líder político”. Até porque Alberto Korda fazia fotografia entre os líderes revolucionários sem nunca ter sido nomeado o fotógrafo oficial da nova ordem cubana.Neste núcleo encontram-se cerca de uma centena de fo-tografias, muitas delas desconhecidas do grande público. Aqui, estão registos íntimos de Fidel e de outros líderes da revolução, como Ernesto Guevara, Raul Castro ou Ca-milo Cienfuegos. Podemos ver Fidel e Guevara a jogar golfe; Fidel a dormir e a ler; alguns líderes num jogo de basebol; entre outros tantos registos que, segundo Cristi-na Vives, seria “impossível encontrar publicados nos jor-nais da época”.

“Korda sabia como fotografar a beleza, descortiná-la; Fidel foi fotografado sempre com a mesma perspectiva usada na publicidade e na moda”

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Itinerários Temáticos de LisboaLISBOA CULTURAL

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tisse igual esplendor e sedução. Ambas reflectem o mes-mo conceito de beleza e uma semelhante abordagem es-tética. Deste modo, quem acabou de viajar pelo olhar do fotógrafo sobre Fidel depressa encontra aqui a impressão criativa de Korda.

O MarA partir de 1968, Alberto Korda, que sempre confessara a sua paixão pelo mar, dedica-se à fotografia subaquática. Depois do período conturbado da revolução, o fotógrafo encontrou no mar a calma. Este pequeno núcleo tem al-guns registos de um período que encerra a fase mais cria-tiva do fotógrafo cubano.

Em tom de epílogoEm meados dos anos 80, Cuba começa a desenvolver, de novo, alguma produção na publicidade e na moda. Cristina Vives conta que, a convite das autoridades, “Korda é cha-mado a introduzir a fotografia publicitária porém, depressa se apercebe quanto o mundo mudou e os princípios esté-ticos também”. O fotógrafo acabou por ver frustrado o seu regresso ao estúdio e à publicidade, aceitando que o seu tempo era já passado. Nos últimos anos de vida, mostrou a sua obra por todo o mundo, exibindo apenas cerca de cem fotografias, o sufi-ciente para que fosse unanimemente aclamado como um dos mais importantes fotógrafos do século passado. FB

A MulherO fascínio pelas mulheres é evidente. Da publicidade pro-duzida em estúdio à foto de exterior, é como se a modelo esbelta dos tempos da ditadura de Baptista ou a campo-nesa da Cuba revolucionária pulsasse de vida e transmi-

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ExposiçõesLISBOA CULTURAL

PAG. 132.ª Fase da Mostra de Arte Urbana 2009 Exposição que integra um novo conjunto de intervenções realizadas nos seus sete painéis. Sphiza, Fábio Santos, José Fictício, Smile, Rui Ventura, Van / Klit (em co-autoria) e Skran, realizaram os trabalhos que encerram o ciclo.Galeria de Arte Urbana Calçada da Glória e Largo da Oliveirinha, ao Bairro Alto http://gau-lisboa.blogspot.com

É Proibido Proibir!Exposição que evoca o final dos anos 60 e o início dos anos 70. Itália, Inglaterra, Milão e Londres estão em destaque, com as peças apresentadas a espelharem a crise da sociedade de consumo, das instituições e da moral vigente que caracterizou aquela época.Até 31 de Janeiro MUDE – Museu do Design e da Moda | Rua Augusta, Piso 1 www.mude.pt

Lisboa Republicana Roteiro PatrimonialExposição que revisita os valores da história associada

ao ideário republicano, antes e depois da Revolução de 5 de Outubro de 1910, dispostos pelos seguintes temas: Da Conspiração ao 5 de Outubro; Associativismo, Educação

e Habitação; Quotidiano; Memória e Arte Pública.Até 31 de Março

Galeria de Exposições dos Paços do Concelho 2.ªf a 6.ªf, das 10h às 20h | Domingo, das 10h às 20h

Entrada livre

Debret, de Vasco AraújoSão 15 esculturas, que partem da obra do pintor Jean-

Baptiste Debret, artista francês do século XIX, cada uma delas resultado da combinação de quatro elementos dis-tintos: mesas, ovos, figuras e citações de Padre António

Vieira.Até 7 de Março

Museu da Cidade - Pavilhão BrancoCampo Grande, 245

www.museudacidade.pt

Bordalo Pinheiro Cerâmica DedicadaJuntas pela primeira vez sob o tema da dedicatória, 26 peças de cerâmica que integram a colecção do Museu

Bordalo Pinheiro em Lisboa, estão patentes numa exposição com um cunho muito pessoal.

Até 14 de FevereiroGaleria do Museu Bordalo Pinheiro

Campo Grande, 382 3.ªf a Domingo, das 10h às 18h

http://museubordalopinheiro.olisipo.net

Alma AfricanaDa colecção do Comendador José Berardo, esta mostra, que encerra a trilogia de exposições de arte africana a que a Câmara Municipal de Lisboa deu início em Março deste ano, reúne mais de 1000 peças, divididas em três secções: Arqueológica, Etnográfica e Contemporânea.Até 7 de FevereiroPáteo da Galé (Terreiro do Paço) Entrada livre ao Domingo e à 4.ª feira 3.ª a Domingo das 11h às 19h

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em AGENDALISBOA CULTURAL

PAG. 14Ciclose conferênciasCiclo de debates Os Centros Republicanos | “A educação dos cidadãos nos bairros populares das cidades”, por Maria Helena Correa | 20 de Janeiro | 18h30 | Biblioteca-Museu República e Resistência/Espaço Cidade Universitária | 21 771 23 10

Lisboa e a primeira República | 20 de Janeiro | 18h | GEO – Gabinete de Estudos Olisiponenses | Estrada de Benfica | http://geo.cm-lisboa.pt

CinemaInscrições de filmes para o IndieLisboa’10 | Até 22 de Janeiro | www.indielisboa.com

Voluntários IndieLisboa’10 | vão abrir, durante a segunda quinzena de Janeiro, as inscrições para interessados em colaborar com o Festival como vo-luntários. O formulário de inscrições estará brevemen-te disponível no site oficial do IndieLisboa.

ExposiçõesO Anticlericalismo Republicano na Lisboa de 1909 | Impacto na Imprensa da época | Mostra Documental | Até 30 de Janeiro | Átrio e escadaria da Hemerote-ca Municipal de Lisboa | http://hemerotecadigital.cm-lisboa.pt

Direito à Memória e à Verdade: a Ditadura no Bra-sil 1964-1985 | Até 31 de Janeiro | Centro de Infor-mação Urbana de Lisboa (CIUL) | Picoas Plaza

Exposição de pintura de Marina Mostovaia | Até 31 de Janeiro | Quinta das Conchas | 21 817 02 00

Exposição de Mara Cardona | Até 31 de Janeiro | Espaço Monsanto | 21 817 02 00

TeatroQueres que te conte outra vez? | Com Delphim Miranda | 7 a 24 de Janeiro | Museu da Marioneta | www.museudamarioneta.egeac.pt

Maria Mata-os | Uma revista Primeiros Sintomas | Teatro Municipal Maria Matos | 12 a 20 de Janeiro | 21h30 | www.primeiros-sintomas.com

Ciclo Americano Camino Real | 20 de Janeiro a 7 de Fevereiro | Teatro da Garagem | Em cena no Tea-tro Taborda | www.teatrodagaragem.com

Outros eventosÀ conversa com… José Fanha | A arte de ler | 19 de Janeiro | 19h30 | Biblioteca Municipal Central – Palá-cio Galveias | 21 780 30 20

Comunidade de leitores – Ficção e memórias jor-nalísticas | Uma noite não são dias, de Mário Zam-bujal | 20 de Janeiro | 18h | Hemeroteca Municipal de Lisboa | 21 324 62 90

Apresentação do livro Carta Aberta a Salazar, de Henrique Galvão | 23 de Fevereiro | 18h30 | Biblio-teca-Museu República e Resistência - Espaço Cidade Universitária | 21 780 27 60