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2019 1 Profª. Gina Maciel AULA 3 – LINGUAGEM PUBLICITÁRIA – INTERTEXTUALIDADE Características da linguagem publicitária: Intenção principal: convencer o leitor à mudança comportamental, à aquisição de, à aceitação de; promover produtos ou ideias, veiculadas por meios comunicadores em geral; Estrutura: concisa; relativamente curta; Linguagem – verbal e não verbal: dinâmica, coloquial, direta, simples, acessível; conotativa (figurada) para gerar múltiplas interpretações; com figuras, bem humorada, irônica, criativa; Ferramentas discursivas: Recursos – visual; sonoro; interativo; uso de cores, imagens, fotografias; Retórica – apelativa; persuasiva; verbos no imperativo; uso de vocativo; rimas, ritmo; trocadilhos; Figuras – de linguagem ou vícios de linguagem; Função – apelativa ou conativa; Processos – neologismos e estrangeirismos; Caráter – comercial; Intertextualidade: Ocorre quando um texto retoma uma parte ou a totalidade de outro – o texto fonte, considerados fundamentais em uma determinada cultura. Haverá uma relação estabelecida entre os dois textos, uma vez que elementos de um são empregados no outro com o propósito de atualização. A intertextualidade pode ser explícita ou implícita. LINGUAGENS

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Page 1: LINGUAGENS - upvix.com.br · com o Dicionário Houaiss, a intertextualidade caracterizase, sobretudo, - pela influência de um texto sobre outro, levando à atualização do texto

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Profª. Gina Maciel

AULA 3 – LINGUAGEM PUBLICITÁRIA – INTERTEXTUALIDADE

Características da linguagem publicitária: Intenção principal: convencer o leitor à mudança comportamental, à aquisição de, à aceitação de; promover produtos ou ideias, veiculadas por meios comunicadores em geral; Estrutura: concisa; relativamente curta; Linguagem – verbal e não verbal: dinâmica, coloquial, direta, simples, acessível; conotativa (figurada) para gerar múltiplas interpretações; com figuras, bem humorada, irônica, criativa; Ferramentas discursivas: Recursos – visual; sonoro; interativo; uso de cores, imagens, fotografias; Retórica – apelativa; persuasiva; verbos no imperativo; uso de vocativo; rimas, ritmo; trocadilhos; Figuras – de linguagem ou vícios de linguagem; Função – apelativa ou conativa; Processos – neologismos e estrangeirismos; Caráter – comercial;

Intertextualidade: Ocorre quando um texto retoma uma parte ou a totalidade de outro – o texto fonte, considerados fundamentais em uma determinada cultura. Haverá uma relação estabelecida entre os dois textos, uma vez que elementos de um são empregados no outro com o propósito de atualização.

A intertextualidade pode ser explícita ou implícita.

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Explícita: apresenta elementos que identificam o texto fonte; não exige que haja dedução por parte do leitor, apenas apela à compreensão do conteúdo.

Implícita: não apresenta elementos que identificam o texto fonte, por isso exige que haja dedução, inferência, atenção e análise por parte do leitor que recorre a conhecimentos prévios para a compreensão do conteúdo.

Tipos de intertextualidade: 1. alusão - Faz referência aos elementos presentes em outros textos. 2. citação - Acréscimo de partes de outras obras numa produção textual. 3. epígrafe - acréscimo de uma frase ou parágrafo que tenha alguma relação com o que será discutido no texto. 4. paráfrase - recriação de um texto já existente, mantendo-se a mesma ideia. 5. paródia - perversão do texto anterior que aparece em forma de crítica irônica de caráter humorístico. 6. pastiche - obra literária ou artística em que se imita abertamente o estilo de outros escritores, pintores, músicos etc, sem função de satirizar, de criticar; é uma homenagem.

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1. A partir da estrutura de um poema, música, filme, obra de arte ou qualquer gênero que possa ser modificado, pode nascer uma paródia com objetivo cômico, provocativo, jocoso, satírico ou de retratação. É exemplo desse intertexto:

a)

c)

e)

b)

d)

2.

Texto I Texto II

Operários, 1933.

Desiguais na fisionomia, na cor e na raça, o que lhes assegura identidade peculiar, são iguais enquanto frente de trabalho. Num dos cantos, as chaminés das indústrias se alçam verticalmente. No mais, em todo o quadro, rostos colados, um ao lado do outro, em pirâmide que tende a se prolongar infinitamente, como mercadoria que se acumula, pelo quadro afora.

(Nádia Gotlib. Tarsila do Amaral, a modernista.)

O texto aponta, no quadro de Tarsila do Amaral, um tema que também se encontra nos versos transcritos em: a) “Pensem nas meninas/ Cegas inexatas/ Pensem nas mulheres/ Rotas alteradas.” (Vinícius de Moraes) b) “Somos muitos severinos/ iguais em tudo e na sina:/ a de abrandar estas pedras/ suando-se muito em cima.”

(João C. Melo Neto) c) “O funcionário público não cabe no poema/ com seu salário de fome/ sua vida fechada em arquivos.”

(F.Gullar) d) “Não sou nada./ Nunca serei nada./ Não posso querer ser nada./À parte isso, tenho em mim todos os sonhos

do mundo.” (Fernando Pessoa) e) “Os inocentes do Leblon/ Não viram o navio entrar (...)/ Os inocentes, definitivamente inocentes/ tudo

ignoravam,/ mas a areia é quente, e há um óleo suave que eles passam pelas costas, e aquecem.” (Carlos Drummond de Andrade)

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3.

Texto I Texto II

A propaganda buscou inspiração no texto bíblico, "Do pó vieste e ao pó voltarás", marcando essa reprodução por meio de recursos. Esse procedimento intertextual acontece quando um texto reproduz outro ou parte dele. Para sinalizá-lo, são utilizados alguns marcadores, tais como as aspas. Dessa forma, o texto deixa claro que o trecho ou o texto citado foi tirado de outro autor.

A compreensão adequada de que se trata de um intertexto depende, naturalmente, a) dos elementos verbo-visuais empregados na peça publicitária. b) das escolhas de recursos gráficos: letra, negrito, pontuação. c) do tema ou tópico frasal desenvolvido no texto. d) da maneira como é colocado no parágrafo. e) do conhecimento do texto fonte. 4.

Texto I Texto II

Texto III

[…] Era impossível entrar em Tebas. Um monstro fazia o terror reinar ali, recusando a passagem aos estrangeiros que não soubessem resolver o enigma que formulava. Para quem errasse, a resposta era a morte. Ele atirava os infelizes candidatos do alto dos rochedos…

Esse temível porteiro tinha cabeça de mulher e corpo de leão, e suas garras eram afiadas. Chamavam-no Esfinge. A Esfinge perguntou a Édipo: “O que é, o que é: de manhã tem quatro patas, ao meio-dia duas e à noite três?” Édipo não demorou para responder: “O homem: na manhã da vida, ainda bebê, ele engatinha; na idade madura, mantém-se sobre as duas pernas; enfim, quando suas forças declinam, apoia-se numa bengala.” Furiosa por ter sido derrotada, a Esfinge se atirou do alto dos rochedos e morreu do mesmo modo como matava suas vítimas. […] Pouzadoux,

Claude. Édipo – o tebano. Contos e lendas da mitologia grega. A análise das representações das esfinges permite inferir corretamente que a) A Esfinge de Gizé tem uma característica mágica que não é verificada nas outras representações. b) na mitologia grega, a esfinge é marcada por indicar a defesa e a manutenção da ordem social. c) as três representações mantêm traços de semelhança que evidenciam uma origem comum. d) a Esfinge de Gizé representa a esfinge de forma mais simplista e com menos detalhes do que a pintura de

Gustave Moreau. e) a Esfinge de Gizé e a pintura de Gustave Moreau reproduzem a esfinge descrita na mitologia grega.

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5. A intertextualidade pode ocorrer entre diferentes gêneros, isto é, não ocorre necessariamente entre mesmos tipos de texto. A tirinha anterior estabelece intertextualidade com uma famosa obra representante do(a)

a) movimento expressionista, que buscava valorizar as expressões humanas, como o medo, a dor e a melancolia.

b) Realismo, movimento artístico-cultural principalmente nas pinturas, com fortes cores para representar a tristeza.

c) proposta antropofágica, em que o homem era visto como animal racional, cuja razão estava acima da divina.

d) movimento impressionista, cujas técnicas de pintura valorizam a dualidade claro e escuro, enfatizando os sentimentos e as expressões.

e) movimento surrealista, que exaltava as feições da natureza humana e suas tribulações, como a angústia, o medo e o trauma.

6. Os mecanismos de intertextualidade operam por princípios que levam à elaboração de interpretações variadas a partir de uma obra/texto-base. De acordo com o Dicionário Houaiss, a intertextualidade caracteriza-se, sobretudo, pela influência de um texto sobre outro, levando à atualização do texto citado. O cartunista brasileiro Aroeira utiliza em seu trabalho, entre outras técnicas, o diálogo com obras da Arte Universal, como podemos observar na relação entre as duas obras a seguir. Ao atualizar a tela de Caravaggio, o cartunista Aroeira elaborou, em sua charge, um processo intitulado de a) bricolagem, pois há uma combinação de recursos da fotografa, da pintura e da ilustração. b) alusão, uma vez que o autor faz citação metafórica à personagem da obra de Caravaggio. c) paráfrase, pois a charge de Aroeira segue o sentido original da tela de Caravaggio, ilustrando-o. d) paródia, porque Aroeira atribui à tela de Caravaggio uma atualização satírica ou jocosa, subvertendo-a. e) pastiche, uma vez que a obra de Aroeira é produto de composições de diferentes autores. 7.

Texto I Texto II

Orides Fontela intitula seu poema CDA, sigla de Carlos Drummond de Andrade, e entre parênteses indica “imitado” porque, como nos versos de Drummond, a) invoca a tristeza para estigmatizar a ineficácia da rima na metapoesia. b) adota um tom melodramático para evidenciar a desesperança com a vida. c) aponta a insuficiência da poesia para solucionar os problemas da vida. d) expõe o egocentrismo típico de muitos intelectuais de sentir o coração maior que o mundo. e) dramatiza o receio de colocar o indivíduo acima do coletivo, metaforizado pela palavra mundo.

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8.

Texto I Texto II

Texto III Texto IV

Os textos II, III e IV, em relação ao texto I, exibem a) reiteração da infância idealizada. b) o “português macarrônico”, típico dos imigrantes italianos. c) reescritura em tom jocoso do original oitocentista. d) ruptura da inocência experimentada na fase pueril da existência. e) coerência temática quanto à aceitação dos valores românticos por parte de autores do Modernismo radical. 9. Da charge ao lado, pode-se inferir que: a) Há uma crítica formulada que satiriza o tema da violência na

contemporaneidade m um processo de paródia. b) Trata-se de um fato verídico narrado pelo imaginário criativo

do povo. c) Remete a uma situação corriqueira na vida de muitas pessoas. d) Faz referência às relações entre as pessoas e o modo de

usar cartões. e) Provoca um efeito de sentido que banaliza a temática

da violência. 10. Campanhas de conscientização são constantes e têm como objetivo manter as pessoas atentas sobre assuntos de interesse geral. Nesse contexto, a campanha do Ministério da Saúde contra o tabagismo combina elementos verbais e não verbais a fim de orientar sobre a necessidade de se viver sem o cigarro. Sobre essa orientação, depreende-se do texto da campanha que a) o fumo está indiretamente relacionado a uma melhor

qualidade de vida. b) viver sem fumar é uma decisão que precisa ser

reforçada diariamente. c) as pessoas do gênero feminino são mais suscetíveis ao

fumo do que as do gênero masculino. d) a decisão de não fumar é passageira e deve ser

revista diariamente. e) recusar um cigarro é uma escolha possível apenas para as pessoas que não fumam.

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11. O disque 100, ligado à Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, é um número de alcance nacional utilizado para denunciar maus-tratos e abusos. Na peça publicitária, o telefone é divulgado por meio de recursos verbais e não verbais, com destaque para os três macacos, que têm a função de

a) A traçar um paralelo com a inocência das crianças. b) B lembrar que os maus-tratos animais também podem ser denunciados

pelo disque 100. c) C reforçar a ideia de que as pessoas precisam ficar atentas. d) D explicar as três etapas de realização de uma denúncia. e) E estimular as pessoas a serem mais atentas, como os símios.

12. O anúncio publicitário está intimamente ligado ao ideário de consumo

quando sua função é vender um produto. No texto apresentado, utilizam-se elementos linguísticos capazes de nos revelar que o público alvo do cartaz é formado por:

a) veterinários e donos de animais de estimação. b) anunciadores de “petshops” especializados em limpeza de cães. c) donos de agências e corporações da área de publicidade. d) publicitários que atuam de forma criativa e estouvada no mercado. e) profissionais publicitários que atuam em áreas como a da propaganda.

13.

A campanha objetiva solucionar um problema social, a) intimidando pedófilos e agressores, ao mostrar que a

sociedade está alerta. b) cobrando da sociedade mais proteção às crianças vítimas

do abuso e da violência. c) exigindo das autoridades um olhar mais atento para o

problema. d) conclamando pais a adotarem uma postura mais ativa no

combate à pedofilia. e) alertando as crianças, para que elas evitem contato com

adultos desconhecidos.

14.

A placa apresentada, presente em alguns estabelecimentos brasileiros a) critica recursos expressivos como elementos de caracterização

dos sistemas de comunicação. b) enfatiza conhecimentos sobre as linguagens dos sistemas de

comunicação e informação para resolver problemas sociais. c) relaciona informações geradas nos sistemas de comunicação e

informação, considerando a função social desses sistemas. d) ilustra uma posição crítica aos usos sociais que são feitos das

linguagens e dos sistemas de comunicação e informação. e) não reconhece a função e o impacto social das diferentes

tecnologias da comunicação e informação.

GABARITO 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 C B E C A D C C A B C E B D