linguagem, interação e socialização
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Linguagem,interaoesocializao:contribuiesdeMeadeBakhtin
Resumo
Esteartigo teropropsitodediscutircomoa linguagemcontribui para os processos de interao, socializao eindividuao do sujeito, a partir das contribuies deGeorgeHerbertMeadeMikhailBakhtin.Inicialmente,seroapresentadas as concepesdeBakhtin sobreopapel da
linguagem
nos
processos
de
socializao
do
sujeito.
A
seguir,seroabordadasasprincipaiscontribuiesdeMeadna formao do eu, considerando a centralidade dacomunicao e da linguagem nesse processo deconstituio do indivduo, estabelecendo, assim, umcontraponto entre os dois autores. Considerando anecessidade de insero do sujeito em uma sociedadealtamente complexa e pluralista, este texto tambm farumaabordagema respeitodo compromissodaescolanosentido de ampliar aspossibilidadesdousoda linguagememdiferentescontextosde realizao, sendo,portanto,aescola um espao significativo de socializao, mediadopelalinguagem.
Palavraschave:
Linguagem.Interao.Individuao.Socializao.
RosangelaHanelDias
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AnpedSul
Introduo
Sabemos que o domnio da lngua tem estreita relao com a possibilidade de
plenaparticipao
social,
j
que
por
meio
dela
que
o
homem
se
comunica,
tem
acesso
informao,expressaedefendepontosdevista,partilhaouconstrivisesdemundo,
produzconhecimento.(BRASIL,1997).Odomniodalinguagemverbal,sejaelaescritaou
falada,possibilitaaconstruodenovossaberes,conceitos,paradigmasqueaperfeioam
aaohumanaepodetornarohomemumsujeitoesclarecido.
Dessepontodevista,podemosafirmarquea linguagemumsistemadesignos
quepossibilitaaohomemsignificaromundoearealidade.Assim,aprendlanosignifica
aprendersaspalavras,masosseussignificadosculturaise,comeles,osmodospelos
quaisaspessoasdoseumeiosocialentendeme interpretamarealidadeeasimesmas.
(BRASIL,1997).
Alinguagemconsideradaumaproduodahumanidadeeconstituda,portanto,
comoumaprticasocial.Atravsdelaohomemtemapossibilidadedetornasesujeito,
capazdeconstruir suaprpria trajetria, tornandose,assim,um serhistricoe social.
Nessesentido,
a
linguagem
vai
alm
de
sua
dimenso
comunicativa,
pois
os
sujeitos
se
constituempormeiodasinteraessociais.
Valesalientartambmquealinguagemverbalpossibilitaaohomemrepresentara
realidade fsica e social; assim, desde omomento em que apreendida, conserva um
vnculomuitoestreitocomopensamento.Dessaforma,podemosdizerquealinguagem
no spossibilitaa representaoea regulaodopensamentoedaao,prpriose
alheios,comotambm,comunicarideias,pensamentos,intenesdediversasnaturezas,
e, dessemodo, influenciar o outro e estabelecer relaes interpessoais anteriormente
inexistentes.
A linguagem o sistema simblico bsico de todos os grupos humanos, ,
portanto,socialmentedada.ogrupoculturalondeo indivduosedesenvolveque lhe
fornece formasdepercebereorganizaro real,asquaisvoconstituiros instrumentos
psicolgicosquefazemamediaoentreoindivduoeomundo.Alinguagem,porisso,
umaatividade
humana,
histrica
e
social.
Ento,
podemos
afirmar
que
na/pela
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linguagemqueoserseconstitui. Assim,aaohumanasefazpelalinguagem,ouseja,a
linguagempodeserentendidacomoummecanismodeaodosujeito;agimosmediados
pelalinguagem.
Combasenessespressupostosrecuperamosdoisautoresquecontribuem
paraumacompreensomaisalargadadarelaoentrelinguagem,sociedadeeindivduo.
So eles:MikhailBakhtin eGeorgeHerbertMead1.Ambos os autores apresentam em
suas abordagens tericas pontos de convergncia no que se refere ao papel da
linguagemnaconstituiodosujeito,porissoconsideramossignificativoestabelecerum
dilogoentreeles,nosentidodeaprofundarasdiscussesarespeitodasrelaesentre
linguagem,indivduoeosocial.
Aexposioseguirorganizadaemdoismomentos.Primeiramentefaremosuma
sntesedasconcepesdeBakhtinnoquetangeaopapeldalinguagemnosprocessosde
socializaodosujeito.Aseguir,trataremosdasprincipaiscontribuiesdeMeadnoque
diz respeito formaodo eu,numaperspectivada linguagem enquantouma prtica
comunicativaconcreta.Ao final,estabeleceremosumdilogocomosdoisautoreseos
1Mikhail Bakhtin (18951975) uma das figurasmais fascinantes e enigmticas da cultura europeia demeados do sculo XX. A obra de Bakhtin chamou a ateno do pblico em 1963, ano em que foireeditada sua obra sobre Dostoivski, publicada originalmente em 1929. Bakhtin teve formao emestudos literrios.Atuoucomoprofessor,emborasemvnculos institucionais,atserpresoem 1929.CondenadoaumexlionoCazaquisto,spodeencontrarumempregopermanentedepoisdaSegundaGuerraMundial,tornandoseprofessorde literaturadoInstitutoPedaggico(depois,Universidade)deSaransk, Mordvia. Os membros do Crculo (um grupo de intelectuais constitudo por pessoas dediversasformaes,interessesintelectuaiseatuaesprofissionais)querecebeuseunometinhamemcomumapaixopelafilosofiaepelodebatedasideias.Tinhamumprofundointeressepelasdiscussesde filsofos do passado, sem deixar de se envolver criticamente com autoresde seu tempo.Outro
interesseque
invadiu
progressivamente
o
Crculo
de
Bakhtin
foi
a
paixo
pelos
estudos
da
linguagem.
O
temadalinguagemsetornoutoforteparaosmembrosdogrupoquefoiconsideradooelementoqueuniaopensamentodogrupo,considerandoadiversidadede interessesquehavianele.Bakhtineseusamigosafirmamo carterprimordialdo socialna constituiodo sujeito.Paraeles, a linguagemeopensamento,constitutivosdohomem, sonecessariamente intersubjetivos. (FARACO, 2009).GeorgeHerbert Mead (18631931) pode ser considerado um representante do denominado pragmatismofilosficoamericano,vertentedopensamentoqueconcedeumagrandeimportnciaaohumana.Aabordagem de Mead foi posteriormente denominada, por Herbert Blumer, seu sucessor naUniversidadedeChicago,de interacionismo simblico.Meadpropea compreensodoprocessodeindividuao atravs da socializao. Para esse autor, o sujeito se torna indivduo no processo deinteraoverbal.Nessesentido,Meaddestacaemsuaabordagemacentralidadedacomunicaoedalinguagemnoprocessode formaodoeu.Paraesseautor,portanto,omecanismodeadooeda
internalizaodos
papis
sociais
e
das
atitudes
do
outro
deflagra
um
processo
correlativo
interno
no
qualacrianadesenvolveaautoconscincia,poisoeupessoalest inscritonumamatriz intersubjetivasimblica,sendoatravessadopelasrelaessociais.(CASAGRANDE,2012).
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desafios que a escola enfrenta no sentido de se constituir como um espao de
socializaoeindividuao.
1Linguagem,interaoverbalesocializao:ascontribuiesdeBakhtin
Segundo Bakhtin (1997), para entender o fenmeno da linguagem humana, o
nicoobjetorealematerialdequedispomosoexercciodafalaemsociedade.Assim,a
linguagemexisteapartirdeumsistemaextremamentecomplexodedilogosquenunca
seinterrompe.
SegundoFaraco
(2009),
o
ponto
de
partida
de
Bakhtin
o
vnculo
entre
a
utilizaodalinguagemeaatividadehumana.ParaBakhtin,todasasesferasdaatividade
humana esto sempre relacionadas com a utilizao da linguagem. Essa utilizao se
efetiva em forma de enunciados que surgem de uma ou outra esfera da atividade
humana.
ParaBakhtin (2011) no falamosno vazio, noproduzimos enunciados foradas
mltiplas
e
variadas
esferas
do
agir
humano.
Os
nossos
enunciados
(orais
ou
escritos)
terosempreumcontedotemtico,umaorganizaocomposicionaleestiloprprios,
queestaroligadosscondiesderealizaoesfinalidadesespecficasdecadaesfera
deatividade.Porisso,todoenunciado,paraBakhtin,estsemprerelacionadoaotipode
atividadeemqueosparticipantesestoenvolvidos.
SegundoBakhtin(2011),falamos,portanto,pormeiodegnerosdediscursoque
serealizamno interiordeumadeterminadaesferadaatividadehumana.Falar,paraele,
no
apenas
utilizar
um
cdigo
gramatical
num
vazio,
mas
moldar
o
nosso
dizer
s
formasdeumgneronointeriordeumaatividade.Aprenderosmodossociaisdefazer
tambmaprenderosmodossociaisdedizer.
Nesse sentido, destaca o autor que o enunciado acontece num determinado
tempo e local e produzido por um sujeito histrico e recebido por outro.O que
identifica um enunciado aquilo que ele efetivamente representa naquelemomento,
para
aquele
enunciatrio
e
nas
condies
especficas
em
que
foi
produzido
e
recebido.
A
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mesmapalavrapoderserrepetida,masnuncateramesmasignificao,umavezque
semudamascondiesdesuaenunciaoedesuarecepo.
Oqueserepeteapalavraeestapertenceaoplanoda lngua.Masaverdadeira
substnciada lnguano constitudaporum sistemaabstratode formas lingusticas,
nempelaenunciaomonolgica isolada,masfundamentalmentepelofenmenosocial
da interaoverbalqueseefetivaatravsdaenunciaooudasenunciaes.A lngua,
portanto, para Bakhtin, no uma atividade individual,mas sim um legado histrico
cultural da humanidade. A lngua vive e evolui historicamente na comunicao verbal
concreta, no no sistema lingustico abstrato das formas da lngua nem no psiquismo
individual dos falantes. Destaca, ento, que a interao verbal constitui a realidade
fundamentalda lngua,sendoodilogoumadasmais importantes formasde interao
verbal.
Nesse contextoexplicativo, cadaenunciadoproduzidoporum sujeitoumato
histrico novo, portanto, irrepetvel. Em cada caso, a situao que confere a uma
mesma palavra significaes distintas em cada um dos enunciados produzidos. Para o
autor,
este
enunciado
a
unidade
bsica
do
conceito
de
linguagem.
Assim,segundooqueacentuaFaraco(2009),naabordagemdeBakhtin,noh
nem pode haver enunciados neutros. Todo o enunciado emerge sempre e
necessariamente num contexto cultural, carregado de significados e valores, sendo,
portanto,umatoresponsivo,ouseja,umaaonaqualumsujeitoassumeumaposio
nessecontexto.
ConformeBakhtin
(1997),
o
enunciado
no
simplesmente
um
conceito
formal.
Um enunciado sempre um acontecimento, uma vez que ele exige uma situao
histricadefinida,atoressociaisplenamente identificados,compartilhamentodamesma
cultura e o estabelecimento de um dilogo. Assim, para o autor, todo o enunciado
demanda outro a que se responde ou outro que o responder. Ningum cria um
enunciadoparanoserrespondido.
Nesseprocesso,ganhaespecialimportncia,portanto,oconceitodeenunciao.
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Aenunciao oprodutoda interao de dois indivduos socialmenteorganizadose,mesmoquenohajaum interlocutorreal,estepodesersubstitudopelorepresentantemdiodogruposocialaoqualpertenceo
locutor.A
palavra
dirige
se
a
um
interlocutor:
ela
funo
da
pessoa
desse interlocutor:variarsesetratardeumapessoadomesmogruposocial ou no, se esta for inferior ou superior na hierarquia social, seestiverligadaauminterlocutorporlaossociaismaisoumenosestreitos(pai,me,marido,etc.).Nopodehaverum interlocutorabstrato;noteramoslinguagemcomumcomtalinterlocutor,nemnosentidoprprionemnofigurado.(BAKHTIN,1997,p.116).
Oautordestacaquetodaaenunciaoumdilogoefazpartedeumprocesso
comunicativo ininterrupto, em meio ao qual as palavras dos outros penetram
interativamentenas
nossas
palavras.
Nesse
sentido,
podemos
dizer
que
a
linguagem
vai
almde suadimenso comunicativa,pois consideraqueos sujeitos se constituempor
meio das interaes sociais. Ento, para Bakhtin, a lngua, no seu uso prtico,
inseparvel de seu contedo ideolgico ou relativo vida, e, portanto, est ligada
evoluoideolgica.
Naspalavrasdoautor:
Narealidade,nosopalavrasoquepronunciamosouescutamos,masverdades ou mentiras, coisas boas ou ms, importantes ou triviais,agradveis ou desagradveis, etc.Apalavra est sempre carregada deum contedo ou de um sentido ideolgico ou vivencial. assim quecompreendemosaspalavrasesomentereagimosquelasquedespertamem ns ressonncias ideolgicas ou concernentes vida. (BAKHTIN,1997,p.99).
Umadasgrandes contribuiesdeBakhtinnoque se refere aos estudos sobre
linguagemfoiodeconsiderlacomoumconstanteprocessodeinteraomediadapelo
dilogoenosimplesmenteumsistemaautnomo,fechadoemsuaprpriaestrutura.O
autor acentua que conhecemos a lngua materna, seu vocabulrio, sua estrutura
gramatical no por meio de dicionrios ou manuais de gramtica, mas devido aos
enunciados concretos que ouvimos e reproduzimos na comunicao efetiva com as
pessoas que esto a nossa volta. Bakhtin (1997) tambm acentua que a lngua se
desenvolveu historicamente a servio do pensamento participativo e dos atos
efetivamenterealizados
e
s,
posteriormente,
passou
tambm
a
servir
ao
pensamento
terico.
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Salienta aindaque,nessa relaodialgicaentre locutor e interlocutornomeio
social,a interaopormeioda linguagemsednumcontextoemquetodosparticipam
emcondio
de
igualdade.
Diz
o
autor
que
aquele
que
enuncia
seleciona
palavras
apropriadas para formular umamensagem compreensvel para seus destinatrios. Por
outro lado, o interlocutor interpreta e responde com postura ativa quele enunciado,
internamente,pormeiodeseuspensamentos,ouexternamente,pormeiodeumnovo
enunciadooralouescrito.
Acrescentatambmoautorque:
Todapalavra comportaduas faces.Eladeterminada tantopelo fatodequeprocededealgumcomopelofatodequesedirigeparaalgum.Elaconstituijustamenteoprodutoda interaodo locutoredoouvinte.Todapalavraservedeexpressoaumemrelaoaoutro.Atravsdapalavradefinomeemrelaoaooutro,isto,emltimaanlise,emrelaocoletividade.Apalavradepontelanadaentremimeosoutros.Seelaseapoiasobremimnumaextremidade,naoutra apoiase sobre omeu interlocutor. A palavra o territrio comum dolocutoredointerlocutor.(BAKHTIN,1997,p.117).
Nessesentido,paraBakhtin(2011),todasaspalavras,almdeminhasprpriasso
palavras
do
outro.
Segundo
o
autor,
ns
vivemos
em
um
mundo
de
palavras
do
outro
e
as
complexas relaesde reciprocidade com apalavradooutro em todosos camposda
culturaedaatividadecompletamtodaavidadohomem.
Euvivoemummundodepalavrasdooutro.Etodaaminhavidaumaorientao nessemundo; reao s palavras do outro (uma reaoinfinitamente diversificada), a comear pela assimilao delas ( noprocesso inicialdodiscurso)eterminadonaassimilaodasriquezasdacultura humana (expressas em palavras ou em outros materiais
semiticos).A
palavra
do
outro
coloca
diante
do
indivduo
a
tarefa
especialde compreendla (essa tarefano existeem relao minhaprpria palavra ou existe em seu sentido outro). Para cada indivduo,essa desintegrao de todo o expresso na palavra em um pequenomundinhode suaspalavras (sentidas como suas)eo imensoe infinitomundodaspalavrasdooutrosoofatoprimriodaconscinciahumanaedavidahumana.(BAKHTIN,2011,p.379).
Assim,parahaver relaesdialgicasprecisoquequalquermaterial lingustico
tenhaentradonaesferadodiscurso,tenhasidotransformadonumenunciado,ouseja,
tenhafixado
a
posio
de
um
sujeito
social.
Para
o
autor,
s
dessa
forma
possvel
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responder, fazer rplicas ao dito, confrontar posies, acolher a palavra do outro,
confirmlaourejeitla,buscarumsentidoprofundoouamplila.
A enunciao compreendida como uma rplica do dilogo social, aunidadedebaseda lngua,tratasedodiscurso interior(dilogoconsigomesmo)ouexterior.Eladenaturezasocial,jquecadalocutortemumhorizontesocial.Hsempreum interlocutor,aomenosempotencial.(BAKHTIN,1997,p.16).
Nesse sentido, para Bakhtin (1997), as relaes dialgicas so relaes entre
ndicessociais,queconstituemparteinerentedetodoenunciado,entendidonoapenas
comounidade
da
lngua,
mas
como
um
elemento
de
interao
social.
No
como
um
complexoderelaesentrepalavras,mascomoumcomplexoderelaesentrepessoas
queestoorganizadassocialmente.
Segundo oque afirma Faraco (2009), paraBakhtin nas relaesdialgicas nem
sempre haver consenso, ou seja, essas relaes no apontam apenas na direo das
consonncias,mas tambmdasmultissonnciasedasdissonncias.Nasdinmicasdas
relaesdialgicaspodesurgirtantoaconvergnciaquantoadivergncia.Dessaforma,
Bakhtinentendeasrelaesdialgicascomoespaosdetensoentreenunciados.
Dentrodessaperspectivaa lnguasexisteemfunodousoqueos locutorese
interlocutores fazem dela em situaes de comunicao. O ensinar, o aprender e o
empregar a linguagem passam necessariamente pelo sujeito, o agente das relaes
sociaisoresponsvelpelacomposioepeloestilodosdiscursos.Assim,essesujeitose
valedosconhecimentosdeenunciadosanterioresparaformularsuasfalasouredigirseus
textos.A
linguagem,
portanto,
na
abordagem
de
Bakhtin,
contribui
significativamente
paraaconstituiodosujeitoenquantoumsersocialeindividual.
Poroutrolado,importantefrisarqueBakhtin,conformeoqueapresentaFaraco
(2009),materializa sua crenanaspossibilidadesde verbalizarmosnossasexperincias
vividas a partir de seu interior,mas nos chama a ateno para o fato de que nunca
conseguiremosexpresslasemsuatotalidade.Bakhtinalertaquedarsentidoaovivido
verbalmenteumprocessopossvel,masnuncaacabado,sempreaberto,algoqueest
presentecomoaquiloqueestporseralcanado.
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ParaBakhtin (1997), a vidahumanapor suaprprianaturezadialgica.Nesse
sentidodestaca:
Viver significa tomar parte do dilogo: fazer perguntas, dar respostas,dar ateno, responder, estar de acordo e assim por diante. Dessedilogo,umapessoaparticipa integralmenteenodecorrerde todasuavida:comseusolhos,lbios,mos,alma,esprito,comseucorpotodoecomtodososseus feitos.Ela investeseuser inteironodiscursoeessediscurso penetra no tecido dialgico da vida humana, o simpsiouniversal.(1997,p.293).
Ento, para o autor o sujeito se constitui e se move nesse denso simpsio
universal,sendo
a
alteridade
e
a
intersubjetividade
constitutivas
do
processo
de
individuao, domovimento de tornarse indivduo.Nas palavras do autor: Eu no
possomearranjarsemooutro;eunopossometornareumesmosemumoutro;eu
tenhodemeencontrarnumoutroparaencontrarumoutroemmim.(BAKHTIN,1997,
p.287).
Para o autor, portanto, o agir humano no se d independentemente da
interaoenemosdiscursospodemsercompreendidosforadessesdoismbitos.
SegundoBakhtin(2011),aexperinciadiscursiva individualdequalquerpessoase
forma e se desenvolve em uma interao constante e contnua com os enunciados
individuaisdosoutros.Paraele,nossodiscurso,ouseja,todososnossosenunciadosso
repletosdaspalavrasdosoutros.Aspalavrasdosoutrostrazemconsigoasuaexpresso,
oseutomvalorativoqueassimilamos,reelaboramosereacentuamos.
Nopode
haver
enunciado
isolado.
Ele
sempre
pressupe
enunciados
queoantecedemeosucedem.Nenhumenunciadopodeseroprimeiroouoltimo.Eleapenasoelonacadeiaeforadessacadeianopodeserestudado. Entre os enunciados existem relaes que no podem serdefinidasem categoriasnemmecnicasnem lingusticas.Elesno tmanalogiasconsigo. (BAKHTIN,2011,p.371).
Acompreensono,portanto,umasimplesexperinciapsicolgicadaaodos
outros,mas antes de tudo uma atividade dialgica, que, diante de um texto, gera
outro(s) texto(s).EntoparaBakhtin,compreendernoumatopassivo,ouseja,um
simplesreconhecimento,umarplicaativa,umaresposta,umatomadadeposio,um
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mododeosujeitosesituarnolugardoqualparticipa,ummododeestarcomosoutros,
deestabeleceroseulugarnasociedade.
2O papel da linguagem e da comunicao na formao do indivduo: ascontribuiesdeMead
Mead (1968) considera que, na gnese social de formao de personalidade, a
refernciaaumasegundapessoa fundamentalparaqualquerautorreferncia.Parao
autor, j com os gestos comeam a surgir os sinais, os smbolos e mais tarde as
convenessemnticasvlidasintersubjetivamente,inaugurandoalinguagemcomoalgo
quepartedacondutasocial.
Mead destaca que a individuao no resulta de um procedimento solitrio do
sujeito,masdeumprocessosocializadomediado linguisticamente.Dessa forma,parao
autor, a autoconscinciano algogerado imediatamenteno interiordo sujeito,mas
provenientedasubjetividadeemrelaolinguagem.
Nesse sentido,Mead atribui primazia linguagem como uma possibilidade de
entendimento, de cooperao social e como elemento constitutivo da conscincia. A
linguagem usada na vida cotidiana fornece ao sujeito continuamente as necessrias
objetivaes e determina a ordem em que estas adquirem sentido e na qual a vida
cotidianatambmganhasentido.
Dessa forma,podemosafirmaresse consideroua linguagem comoomdium
fundamental que possibilita a formao do self no processo de interao entre o
indivduoe
a
sociedade.
Ele
prope,
portanto,
a
compreenso
do
processo
de
individuao atravs da socializao. O sujeito se torna indivduo no processo de
interao social e, nesse processo de formao, a linguagem constituise como um
recursoextremamenteimportante.
ParaMead,asbasesdopensamentoedapersonalidadesosociais,sendoquea
essnciadopensamentocognitiva.
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Laesenciadelapersona,comohemosdicho,escognoscitiva:resideenlaconversacindegestossubjetivadaqueconstituyeelpensamiento,oentrminosdelacualel operaelpensamientoolareflexin.Ydeahque el
origenylas
bases
de
la
persona,
como
los
del
pensamiento,
sean
sociales.(1968,p.201).
Paraoautor,a formaodapersonalidadeumprocesso socialqueenvolvea
interao dos indivduos de um determinado grupo, implicando tambm atividades
cooperativas entre os diferentes indivduos desse grupo. Nisso, tem um valor muito
importanteacomunicaoentreossujeitos,poiselanosedirigeapenasparaosoutros,
mastambmparasimesmo.
Nessa relao de comunicao, os indivduos convertemse em objetos de si
mesmo. Por isso, para o autor, impossvel a formao da personalidade fora da
experinciasocial.Noentanto,destacaquecadaumadaspessoasdistintadetodasas
demais; porm, preciso que exista uma estrutura comum para que possamos fazer
partedeumadeterminadacomunidadeougruposocial.
Para Mead, adotar atitudes do grupo social organizado do qual o indivduo
pertence
base
para
o
desenvolvimento
da
personalidade
do
indivduo.
Na
verdade,
considera que a comunidade exerce o controle sobre o comportamento de seus
membrosindividuaisequesomenteadotandoaatitudedooutropossvelpensar.
...labaseesencialyprerrequisitoparaeldesarrollodelapersonadeeseindividuo; soloen lamedidaenque seadopte lasactitudesdelgruposocialorganizado al cualpertenece,hacia actividade socialorganizada,cooperativa, o hacia la serie de actividades en la cual ese grupo estocupado, slo en esa medida desarrollar una persona completa o
poseerla
clase
de
persona
completa
que
ha
desarrollado.
(MEAD,
1968,
p.185).
Aspessoas, segundoMead, spodem existir em relaesdefinidas comoutras
pessoas. O indivduo possui uma personalidade somente em relao com outros
membrosde seugrupo social.Para ele,por exemplo, o indivduo spode terdireitos
medianteatitudescomuns.
Segundo oque afirmaCasagrande (2012),na teoria deMead, aorganizao da
mente,aemergnciadoselfeaevoluodasociedadehumanapautamsenalinguagem
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enacapacidadedecomunicao.Omecanismodacomunicaooprincpioeabase
estruturaldessesprocessos.Oprocessodeevoluodasociedadehumana,bemcomo
dosindivduos
humanos,
fundamenta
se
no
desenvolvimento
e
na
utilizao
comunicativa da linguagem. Portanto, conforme destaca Casagrande (2012), uma das
grandes contribuies de Mead, consiste na afirmao de que a subjetividade e a
conscinciasoprodutosdaintersubjetividadeedainteraosocial.
AindaconformeCasagrande(2012),amenteeoselfnaperspectiva interacionista
deMeadsedesenvolvemapartirdasrelaessociaisquesomediadaspelalinguagem.
Ditodeoutra forma,a linguagem,em formadegestovocalomecanismoparaasua
emergncia.Assim,apossibilidadedeestruturaodoselfedasociedadepautasepelo
papel mediador da linguagem, pela prtica comunicativa concreta, mediante a qual
somoscapazesdefalar,denosouvirfalarederesponderaosoutroseansmesmos.
SegundoCasagrande (2012),a linguagem,emMead, temumpapel fundamental
porqueatravsdelaqueo indivduoestabelece interaessimblicascomosdemais
membrosdogrupo,criandoassimpossibilidadedeosujeitocolocarsenolugardooutro.
Portanto,ao
tratar
da
linguagem
e
da
comunicao
dessa
forma,
o
modelo
de
abordagem deMead o da interao simblica ou comunicativa,mediante a qual ao
menosdoisorganismosreagemumaooutro.
ParaMead(1968),alinguagemsempreumprocessosocial,noqualatingimosos
outros e a nsmesmos atravs do que expressamos.No entanto, salienta que, para
existir a comunicao, em qualquer atuao lingustica, necessrio um processo de
compreenso. fundamental que cada indivduo entenda o que disse e, ao mesmo
tempo,sintaseatingidopelamensagemproferiadomesmomodoqueessamensagem
afetaosreceptores.
NaspalavrasdeMead:
A caracterstica destacada da comunicao humana que algumformula uma declarao, assinalando algo que comum em seusignificado tantoparaogrupo inteirocomoparao indivduo,demodo
que
o
indivduo
est
adotando
a
atitude
do
grupo
inteiro
na
medida
em
queexistealgumsignificadodado.Quandoumhomemgritafogo,no
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estimulasomenteasoutraspessoas,mas,deigualmaneira,seestimulaasi mesmo. Sabe o que est fazendo. Isso, como vemos, constituibiologicamente o que denominamos um universo discursivo. um
significadocomum
que
comunicado
a
todos
e,
ao
mesmo
tempo,
comunicadoasimesmo.(1984,p.38).
Portanto,apossibilidadedeestruturaodeumaconscinciade simesmoest
ligada diretamente aos processos de interao simblica e de comunicao que se
desenvolvemnomeiosocial.Ento,paraMead,apalavracarregadadesentidotambm
a responsvel pela estruturao da mente, da conscincia e da personalidade. A
sociedade humana para a sua forma de organizao distintiva depende do
desenvolvimentoda
linguagem.
Nesse
sentido,
para
ele,
a
linguagem
e
a
capacidade
de
comunicao diferenciam os seres humanos dos animais. A diferena fundamental
encontrasenacapacidadedecomunicaosimblicae,segundoMead,departicipao
intencionalemprojetossociais.
Esseaspecto tambmdestacadoporCasagrande (2102)paraquem a abordagem
psicossocialdeMeadsedistingueporconceberofatodequeatravsdacomunicaoque
oshomensadquiremacapacidadedeorganizarsimbolicamenteasmaisdistintascondutas
possveis.Ouseja,medianteacomunicaopossvelqueosdiversossereshumanos,tanto
individualmente,quantoemcomunidade,articulemasprpriasaese,aomesmo tempo,
levantempretensesemrelaoscondutasrecprocas.
Na abordagem a respeito da formao da personalidade do indivduo, Mead
defendequeavidaseorganizaesedesenvolvesobumfundamentosocial.Isso implica
no reconhecimento,segundoCasagrande (2012),docartersocialdavidahumanaeda
interioridade
da
sociedade
em
relao
ao
indivduo,
bem
como
da
indissociabilidade
entre
osujeitoeasociedade.
ParaMead,aevoluodasociedadeeaestruturaodaconscincia,damentee
do selfocorremmediante a comunicao, a cooperao e aparticipao social.O self
emerge atravs de um processo social que pressupe a internalizao das estruturas
comunicativasdomundonoqualoindivduoestinserido.
Conforme o que apresenta Casagrande (2012), paraMead, a internalizao do
gesto ou a atitude do outro o primeiro passo para a estruturao simblica da
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comunicao,da interaosocial,bemcomododesenvolvimentodamenteedoself.A
conscincia de si se desenvolvemediante um processo no qual um indivduo reage
atitudeou
ao
do
outro,
sendo
a
linguagem
e
a
comunicao
elementos
centrais
no
processodeformaodoeu.
Dessa forma, destacase que uma das importantes contribuies da teoria
psicossocialdeMeaddizrespeitoaoreconhecimentodequenssomos inscritosnuma
matriz intersubjetiva,ou seja,numa redede relaes ede interaes, apartirdaqual
surge a conscincia, a identidade individual e um mundo de sentidos, resultados da
interaosocial.(Casagrande,2012).
ConsideraesFinais
Toda educao verdadeiramente comprometida com a formao do sujeito
precisa criar condies para o desenvolvimento da capacidade do uso eficaz da
linguagemquesatisfaanecessidadespessoaisesociais,quepodemestarrelacionadass
aes efetivas do cotidiano, transmisso e busca de informao, ao exerccio da
reflexo.
Assim, no decorrer deste texto, verificouse a importncia das abordagens
tericasdeBakhtinedeMeadnoqueserefereaopapelcentralquea linguagemocupa
naconstituio,nodesenvolvimentoenaformaodosujeitoenquantoumsersociale
individual.Emambos,o sujeito se tornaum indivduonoprocessode interao social,
mediadofundamentalmentepelalinguagem.
TantoMead
quanto
Bakhtin
destacam
que
o
desenvolvimento
da
linguagem
e
o
processode comunicao no so atividades individuais,mas simum legado histrico
cultural da humanidade. Para eles, a experincia discursiva de qualquer pessoa se
desenvolve atravs de uma interao constante e contnua com os enunciados ou
discursosindividuaisdosoutros.Aatividadediscursiva,portanto,temrazessociais.
Nessecontexto,paraMead,apossibilidadedaestruturaodoselfedasociedade
como um todo, pautase no papelmediador da linguagem e na prtica comunicativa
concreta.Assim, impossvelpensara formaohumana foradaexperincia social.A
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comunicaoentreossujeitos temumvalorsignificativo,poiselanosedirigeapenas
paraosoutros,mastambmparasimesmo.Portanto,umprocessoautorreflexivo,que
criapossibilidades
de
pensar
sobre
si
mesmo,
suas
aes
e
atitudes
no
contexto
social
e
cultural.
Bakhtin,porsuavez,consideraodilogocomoumadasformasmaisimportantes
da interao verbal, e, por consequncia, da interao social. Para este autor, a vida
humanapornaturezadialgica.Destacaqueasrelaesdereciprocidadecomapalavra
do outro em todas as formas da atividade humana, sejam elas sociais, culturais ou
polticas,completamavidadohomem.
Ambos ressaltam em suas abordagens que pela comunicao que criamos
condiesde articular nossas aes, desenvolvendo, portanto, possiblidadesde agir e
interagirnocontextosocial.Assim,alinguagem,naperspectivadeMeadedeBakhtin,
um recurso fundamental de que dispem os indivduos com vistas a contribuir no
entendimento, na cooperao social e, fundamentalmente, na constituio da
conscincia.
Considerandoas contribuiesdasperspectivas tericasdeBakhtin edeMead,
poderamos esboar aqui alguns desdobramentos pedaggicos importantes para a
constituiodosujeito,dasestruturasdoeu,e,portanto,daformaohumana.
Seconcordarmoscomas ideiasdefendidasporBakhtineMeaddequeosujeito
humanoseconstituiatravsdasrelaessociais,dainteraocomooutro,dodilogoe
dasatividadesdiscursivas,poderamos inferirquea instituioescolarseriaumespao
privilegiadopara
auxiliar
na
formao
desse
sujeito,
tanto
como
no
seu
aspecto
individual
comosocial.Dessaforma,pensaraescolacomoumespaode interaosimblicaedo
desenvolvimentodaconscinciareflexivacontribuirnaformaodaidentidade.
EmbasadonasconcepesdeMead,Casagrande(2012)afirmaquedasrelaese
interaessociaisoriginaseomaterialparaaformaodeconceitosesignificados,tarefa
fundamental da educao.Nessa perspectiva, segundo Casagrande (2102) a educao
consiste num processo de criao ou de transformao de significados mediante a
interaocomunicativadeseusmembros.Ento,sobessepontodevista,aescoladeve
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ser uma instituio pautada na interao, no dilogo, no desenvolvimento das
capacidades discursivas em diferentes contextos e na construo de sentidos
coletivamente.
Outrodesdobramentoimportanteaserconsiderado,apartirdascontribuiesde
Bakhtin edeMeaddiz respeito ao compromisso quedeve ter a escola no sentido de
garantira integraosocial, instalandoprocessosdesocializaoquevisem formao
dacidadaniaeparticipaodemocrtica.
Nessesentido,aescolapoderiaserumespaoprivilegiadoderelaesdialgicas, de
posicionamentos
com
respeito
a
valores,
como
nos
mostra
Bakhtin
quando
afirma
que
viver
assumirumaposioavaliativaacadamomento.Por isso,aescoladeveriadarcondiesao
sujeito de viver, de posicionarse, de expressarse nas mais variadas circunstncias
comunicativas e com o maior nmero possveis de interlocutores, recriando e/ou
reproduzindo,dentrodela,espaosdedilogosede representaodediscursospresentes
nomeiosocial.
ParaBakhtin,como jfoiditoanteriormente,aconscincia individualseconstrina
interaoe
o
universo
da
cultura
tem
primazia
sobre
a
conscincia
individual.
Ento,
aqui
poderamos apontarmais um compromisso na escola: o desenvolvimento da conscincia
individualmediadopelasrelaessociaisqueseestabelecementreossujeitos.
Casagrande (2012)afirmaqueaescolaumdosmais importantes instrumentosde
que dispe uma comunidade se ela realmente quiser possibilitar a seus jovens o
desenvolvimento de competncias cognitivas e morais necessrias para o exerccio
esclarecidodacidadania,assimcomo tambma instituio responsvelemaproximaros
alunosdos
bens
culturais
construdos
pela
humanidade.
Por isso,asprticasdereflexonosespaosescolaresdevemseefetivarapartirde
textosediscursos,namedidaemquesefaamnecessriosesignificativosparaaconstruo
ereconstruodesentidosqueessesdiscursosrepresentamnomeiosocial.Dessepontode
vista,aprioridadedaescolaadecriaroportunidadesdiriasparaqueascrianaseosjovens
possamconstruir,analisar,discutir,levantarhipteses,refletirapartirdediferentesgneros
dodiscurso,pois assimos alunospodero compreenderno s funcionamentoda lngua,
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mas, fundamentalmente, o valor que ela representa na elaborao de sentidos, nosmais
variadoscontextoscomunicativos.
Cabe,portanto,
escola
viabilizar
o
acesso
do
aluno
ao
universo
dos
textos,
dos
diferentesdiscursosque circulam socialmente, ensinar aproduzilos e interpretlos.
preciso que a escola assuma o compromisso de ampliar o uso da linguagem em
diferentessituaescomunicativas,possibilitandoaosalunosacapacidadede assumira
palavra, tanto namodalidade oral como escrita, produzindo, assim textos coerentes,
coesos,adequadosaseusdestinatrios,aosobjetivosaquesepropemeaosassuntos
tratados.
SegundoosParmetrosCurricularesNacionais (BRASIL, 1997),a importnciaeo
valordosusosdalinguagemsodeterminadoshistoricamentesegundoasdemandasde
cadamomento. Inseridaemuma sociedade complexa,queexigenveisde leituraede
escritadiferentesemuito superioresaosque satisfaziamasdemandas sociaisatbem
pouco tempo atrs, a escola no pode se eximir da tarefa de oferecer aos alunos
condiesdemelhoriaeampliaonacapacidadediscursivadosujeito,paraquepossa
desempenharas
atribuies
que
lhe
so
impostas
na
contemporaneidade.
Se a escola assim o fizer, estar certamente oferecendo recursos para que os
alunos aprofundem a experincia de socializao, capacitandose a interagir numa
sociedadecomplexaepluralista,queexigecadavezmaisodomnioefetivodousoda
linguagememdiferentesespaossociais.
RefernciasBibliogrficas
BAKHTIN,Michael.Marxismoefilosofiadalinguagem.10.ed.SoPaulo:Huditec,1997.
BAKHTIN,Michael. Esttica da Criao Verbal. 6 ed. So Paulo: EditoraWMFMartinsFonte,2011.
BRASIL, Secretaria de Educao Fundamental.Parmetros CurricularesNacionais: lnguaportuguesa.Braslia,1997.
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CASAGRANDE,CledesAntonio.AformaodoeuemMeadeemHabermas[manuscrito]:desafioseimplicaeseducao.Tese(DoutoradoemEducao).PontficeUniversidadeCatlicadoRioGrandedoSul, PortoAlegre, 2012.
DICKEL, Adriana.(orgs). Processos Educativos e linguagem: teorias e prticas. Ed.UniversidadedePassoFundo;Iju:Ed.Uniju,2010.
FARACO,CarlosAlberto.Linguagem&Dilogo:as ideias lingusticasdocrculodeBakhtin.SoPaulo:ParbolaEditorial,2009.
MEAD,G.H.Espritu,personaysociedade.BuenosAires:Paids,1968.
___________.Espritu,
persona
y
sociedad:desde
el
punto
de
vista
del
conductismo
social.
Barcelona:Paids,1973.