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LINGUAGEM E ARGUMENTAÇÃO JURÍDICA
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LINGUAGEM E ARGUMENTAÇÃO JURÍDICA
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LINGUAGEM E ARGUMENTAÇÃO JURÍDICA
Sumário
AULA 05 • INTRODUÇÃO...............................................................................................................4 Tipos de argumentação...............................................................................................................4 Argumento de autoridade ............................................................................................................5 Argumento por analogia ..............................................................................................................6 Argumento ad hominem ..............................................................................................................6 Argumento a fortiori ou argumento com maior razão ...................................................................7
BIBLIOGRAFIA ...............................................................................................................................8
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AULA 05 • INTRODUÇÃO
Vimos na aula passada que o texto argumentativo precisa ser planejado. O plano do texto
argumentativo, como qualquer produção textual, de modo geral passa, primeiramente, pela
reflexão, pela escolha criteriosa e reflexiva do tema do texto.
A segunda etapa consiste na seleção das fontes de informação para a coleta de
argumentos e na própria coleta de dados. A terceira etapa, na redação do texto e a quarta na sua
revisão.
1ª Etapa: Identificação da tese. Introdução: Apresentação da tese de forma clara e bem definida.
3ª Etapa: Conclusão. Demonstração da verdade da tese.
2ª Etapa: Construção dos argumentos e estratégias argumentativas.
Desenvolvimento: Justificação da posição adotada na tese. Uso dos tipos de argumentação.
Tipos de argumentação
Já sabemos que argumentar consiste em apresentar razões justificadoras de uma
proposição, de uma ideia que se pretende demonstrar verdadeira ou válida.
Lembrese do exemplo do advogado que pretende ajuizar ação de separação com
fundamento na conduta desonrosa do outro cônjuge. Pois bem, nosso colega advogado quer
demonstrar que uma pessoa casada não deve apresentarse como solteira perante a sociedade,
especialmente, nas comunidades virtuais como o orkut, pois essa conduta é atentatória contra a dignidade do outro cônjuge, autorizando o pedido de separação judicial.
Nesta aula veremos a argumentação de autoridade, por analogia, ad hominem e suas modalidades, o argumento a fortiori, como sendo os tipos de argumentação mais comuns nos textos jurídicos.
Iremos rever, ainda, as fases de produção do texto argumentativo, desde a reflexão e
pesquisa do tema e da tese até a conclusão.
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Vejam que nós, juntamente ao nosso colega advogado, cumprimos a primeira etapa do
processo de argumentação.
Percebam que a argumentação é um processo, no qual precisamos cumprir uma série de
etapas. Passamos pela primeira, conforme o quadro anterior, refletimos com o nosso colega
advogado acerca do tema, que foi extraído de sua conversa com o cliente – o cônjuge que se
sentiu desprestigiado com o comportamento da esposa, que se dizia solteira na sua página
pessoal do orkut.
Nesta segunda etapa, vamos, acompanhando nosso colega advogado, começar a
construir os argumentos, isto é, vamos apresentar as razões que justificam a tese de que é
conduta desonrosa, uma pessoa casada apresentarse como solteira e para essa etapa da
argumentação, precisamos conhecer os vários tipos de argumento que existem.
Argumento de autoridade
Comecemos pelo argumento de autoridade, que consiste em trazer em abono da
proposição inicial a opinião de especialistas e doutores no tema sobre o qual vamos argumentar.
São as citações de doutrina, de artigos especializados e orientações sumuladas pelos Tribunais
Superiores.
Cuidado ao usar o argumento de autoridade. Não se esqueça de transcrever fielmente o
trecho que dá sustentação à tese e de inserilo entre aspas, colocando o trecho em fonte
diferente, em negrito ou em itálico ou numa paragrafação diversa, ou seja, em recuo.
Jamais alterem o conteúdo da citação e nem mesmo promova eventuais correções no
texto original, se acaso o texto encontrado e eleito como argumento de autoridade estiver escrito
em português que não se usa mais, por conta das reformas ortográficas ocorridas na língua
portuguesa. E não se esqueçam, finalmente, de transcrever as referências bibliográficas que foi
extraída a citação. O método costuma ser o da ABNT.
Para o nosso exemplo, precisaríamos encontrar um texto doutrinário ou uma decisão
judicial emanada de um Tribunal Superior que tratasse dessa questão para que a elegêssemos
como nosso argumento de autoridade.
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Argumento por analogia
É o argumento segundo se os fatos são semelhantes, a decisão devem ser a mesma. É,
na verdade, aplicação do princípio de que as situações iguais devem ser tratadas igualmente. O
argumento por analogia se constrói a partir da citação de jurisprudência. Assim, o recurso a esse
tipo de argumento depende da localização de uma decisão de algum Tribunal que tenha
examinado uma tese semelhante àquela que se pretende demonstrar.
No argumento por analogia também é preciso tomar uma série de cuidados com a
transcrição de trechos de acórdãos e para isso remetemos vocês à leitura do tópico anterior.
É importante observar, ainda, que não basta apenas citar o trecho do acórdão que justifica
a tese. É preciso mostrar, na argumentação, como o trecho selecionado se aplica à tese a ser
defendida.
É preciso, portanto, mostrar a relação que se estabelece entre a situação decidida e a
situação a se decidir. Aliás, existe um tipo de recurso na sistemática processual em vigor, que se
constrói basicamente com o argumento por analogia.
Tratase do Recurso Especial na hipótese de divergência jurisprudencial, em que o
advogado deve cotejar analiticamente dois acórdãos que retratam situações assemelhadas, mas
que deram solução divergente para o caso.
Esses são os dois tipos de argumentação mais usados no texto jurídico, mas existem
outros que recorrentemente podemos perceber. Vejamos mais alguns.
Argumento ad hominem
Esse tipo de argumento é direcionado contra a pessoa. Tratase de uma falácia, isto é, de
um erro de raciocínio, pois ao invés de dar sustentação à tese, o argumentante acaba por atacar a
pessoa, colocando em dúvida a sua credibilidade.
A argumentação ad hominem costuma ser muito comum nos debates políticos à época de pleitos eleitorais. Basta assistir a um debate político pela televisão para que se possa perceber o
argumento ad hominem sendo usado.
O argumento ad hominem pode ser abusivo ou circunstancial. É abusivo o argumento quando ele ataca o caráter da pessoa. Nos debates políticos, as argumentações em torno dos
programas de governo cedem seu lugar para críticas aos adversários por suas alianças políticas.
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É circunstancial o argumento ad hominem, quando o argumentante se vale de uma especial situação em que o outro se encontra ou se encontrou em algum momento para atacálo.
Na verdade o que ocorre é a demonstração da incompatibilidade entre a ação e o discurso do
adversário.
Argumento a fortiori ou argumento com maior razão
É também um argumento jurídico e, via de regra, é usado para buscar a supressão de
omissões da lei e, com isso, tornar o seu sentido mais abrangente. Tratase de autorizar quem
pode fazer o mais, fazer o menos.
Deixamos para esta parte final da nossa aula a indicação de um acórdão disponível em: <
http://www.tex.pro.br/wwwroot/00/060413adocao.pdf> que representa um texto argumentativo de
uma tese bastante atual e interessante. Procurem identificar na leitura as fases de elaboração do
texto argumentativo, bem como as estratégias argumentativas e os tipos de argumento. Boa
leitura!
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BIBLIOGRAFIA
GARCIA, Othon M. Comunicação em prosa moderna. 13 a ed. Rio de Janeiro: FGV Editora, 1986. p. 253287