linguagem corporal

Download Linguagem Corporal

If you can't read please download the document

Upload: lucas-bernardo

Post on 18-Aug-2015

3 views

Category:

Documents


1 download

DESCRIPTION

Nenhum dos nossos entrevistados, exceto vinte e três, tinha visto filmes,televisão ou fotografias. Eles não falavam ou entendiam inglês ou pidgin,nunca tinham vivido em nenhum povoamento ocidental ou cidade comgoverno e nunca tinham trabalhado para um caucasiano. As vinte e três exce-ções tinham visto filmes, falavam inglês e tinham freqüentado uma escolamissionária por mais de um ano. Não existiam diferenças entre os entrevista-dos que tinham pouco contato com o mundo exterior e os que tinham, nementre homens e mulheres.Fizemos mais uma experiência, que não foi tão fácil para nossos entrevis-tados. Um dos pesquisadores, fluente em pidgin, leu para os entrevistados umadas histórias e pediu para que eles mostrassem sua fisionomia se fossem a pessoana história. Eu filmei em vídeo nove homens fazendo isso; nenhum deles haviaparticipado do primeiro estudo. Os vídeos, sem edição, foram apresentados a* Apesar de nosso cuidado, um desses estudiosos comprometidos com a concepção de que asexpressões são aprendidas em vez de inatas afirmou, quinze anos depois, que, de alguma forma,prevenimos aos nossos entrevistados a respeito de qual retrato

TRANSCRIPT

EMOES POR MEIO DAS CULTURASnenhuma faca, machado ou arco. Um porco-do-mato est parado na portada casa e o homem(mulher) est olhando para o animal e sente muito medo.O porco-do-mato j est parado na entrada h alguns minutos e a pessoa oobserva com muito temor, e o animal no se afasta da porta e ele(a) receiaque o porco v mord-lo(a)".Criei conjuntos de trs retratos, que seriam mostrados durante a leiturade uma das histrias (exemplo abaixo). O entrevistado s teria de indicar oretrato. Criei diversos conjuntos de retratos; no queria que nenhum apare-cesse mais de uma vez, para que a escolha da pessoa no fosse feita por exclu-so: "Ah, essa foi quando a criana morreu e essa foi quando eu disse que elaestava a ponto de lutar; ento, essa deve ser a respeito do porco-do-mato".No final de 1968, voltei para Nova Guin com minhas histrias e retratose uma equipe de colegas para ajudar na coleta de dados9 (dessa vez, tambmlevei comida enlatada). Suponho que nosso retorno foi anunciado, pois, almde Gajdusek e seu cineasta, Richard Sorenson, que me ajudara muito no anoanterior, pouqussimas pessoas de fora visitavam os fore. Viajamos para algu-mas aldeias, mas, assim que se espalhou a notcia de que o que estvamospedindo era muito fcil de fazer, pessoas de aldeias mais distantes comearama aparecer. Elas gostavam da tarefa e ficaram encantadas tambm com o saboe os cigarros.Tomei especial cuidado para assegurar que ningum em nosso gruposugerisse involuntariamente o retrato correto aos entrevistados. Os conjuntosde retratos foram montados sobre pginas transparentes, com um cdigo A LINGUAGEM DAS EMOESescrito no verso de cada um, que podia ser visto na face posterior da pgina.No sabamos e fazamos questo de no descobrir os cdigos referentes acada expresso. Em vez disso, a pgina seria virada na direo do entrevistado,arranjada de modo que o coletor de dados no fosse capaz de ver o que haviana frente. A histria seria lida, o entrevistado indicaria o retrato e um de nsanotaria o nmero do retrato escolhido pelo entrevistado*.Em poucas semanas, entrevistamos mais de trezentas pessoas, cerca de 3%de indivduos pertencentes a essa cultura, um nmero mais que suficiente parauma anlise estatstica. Os resultados foram muito bem definidos para felici-dade, raiva, averso e tristeza. Medo e surpresa no se distinguiram um dooutro. Quando as pessoas escutavam a histria a respeito do medo, escolhiammuitas vezes a surpresa como uma expresso de medo, e vice-versa. Mas essessentimentos eram diferenciados com relao raiva, averso, tristeza e felici-dade. At hoje, no sei por que medo e surpresa no eram diferenciados entre si.Pode ter sido um problema com as histrias, ou talvez essas duas emoes semisturem to freqentemente na vida dessas pessoas que no so diferenciadas.Nas culturas letradas, medo e surpresa so diferenciados um do outro10.Nenhum dos nossos entrevistados, exceto vinte e trs, tinha visto filmes,televiso ou fotografias. Eles no falavam ou entendiam ingls ou pidgin,nunca tinham vivido em nenhum povoamento ocidental ou cidade comgoverno e nunca tinham trabalhado para um caucasiano. As vinte e trs exce-es tinham visto filmes, falavam ingls e tinham freqentado uma escolamissionria por mais de um ano. No existiam diferenas entre os entrevista-dos que tinham pouco contato com o mundo exterior e os que tinham, nementre homens e mulheres.Fizemos mais uma experincia, que no foi to fcil para nossos entrevis-tados. Um dos pesquisadores, fluente em pidgin, leu para os entrevistados umadas histrias e pediu para que eles mostrassem sua fisionomia se fossem a pessoana histria. Eu filmei em vdeo nove homens fazendo isso; nenhum deles haviaparticipado do primeiro estudo. Os vdeos, sem edio, foram apresentados a* Apesar de nosso cuidado, um desses estudiosos comprometidos com a concepo de que asexpresses so aprendidas em vez de inatas afirmou, quinze anos depois, que, de alguma forma,prevenimos aos nossos entrevistados a respeito de qual retrato escolher. Ele no sabia como,apenas achava que fizemos isso, pois no conseguia renunciar ao seu compromisso de acreditarque as expresses so especficas cultura. EMOES POR MEIO DAS CULTURASuniversitrios nos Estados Unidos. Se as expresses fossem especficas cultura,esses estudantes no seriam capazes de interpretar corretamente as expresses.Mas eles identificaram corretamente a emoo, exceto as poses de medo e sur-presa, que tambm tendiam a denominar medo ou surpresa, da mesma formaque os