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Claudia de Araújo Prado Stamato Fonseca Linfoma Multicêntrico com Infiltração Renal Relato de Caso São Paulo/SP 2016

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Claudia de Araújo Prado Stamato Fonseca

Linfoma Multicêntrico com Infiltração Renal

Relato de Caso

São Paulo/SP

2016

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Claudia de Araújo Prado Stamato Fonseca

Linfoma Multicêntrico com Infiltração Renal

Relato de Caso

Monografia apresentada como requisito final à

Obtenção do Título de Especialista, no Curso

de Pós-Graduação, em Clínica Médica Felina,

do Centro de Estudos Superiores de Maceió, da

Fundação Educacional Jayme De Altavila,

Orientada pela M.V. Me. Beatriz de Bem

Kerr Martins.

São Paulo/SP

2016

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Claudia de Araújo Prado Stamato Fonseca

Linfoma Multicêntrico com Infiltração Renal

Relato de Caso

Monografia apresentada como requisito final à

Obtenção do Título de Especialista, no Curso

de Pós-Graduação, em Clínica Médica Felina,

do Centro de Estudos Superiores de Maceió, da

Fundação Educacional Jayme De Altavila,

Orientada pela M.V. Me. Beatriz de Bem

Kerr Martins.

São Paulo, 05 de março de 2016.

______________________________________________________________

Orientadora

São Paulo/ SP

2016

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Agradecimento

Agradeço especialmente aos meus clientes, devotados cuidadores de seus

companheiros de estimação, pela confiança que depositam em mim e aos seus estimados

felinos, meus pacientes, por permitirem meu crescimento e aprimoramento profissional, e o

exercício de compaixão por todos, sempre.

Meus sinceros agradecimentos, a minha orientadora, Mestre em Veterinária, Doutoranda em

Oncologia, Dra. Beatriz Kerr, pelo apoio e disponibilidade.

Aos brilhantes e renomados professores, que compuseram o corpo docente da Pós-

graduação, pela excelência e competência das aulas ministradas, que muito contribuiu para

meu aprimoramento.

Não poderia deixar de mencionar, a colaboração especial e o papel importante que

desempenhou no desenvolvimento desta monografia, a minha amiga e colega de graduação

Carla Soares, por ter opinado e colaborado incansavelmente, na leitura e sugerindo

bibliografias, para esta monografia.

Agradeço aos meus 13 gatos, por fazerem parte da minha vida e da minha história.

Por último, e não menos importante, agradeço o amor, a paciência e o apoio de meu marido,

Sálvio Fonseca e de minha filha Flávia Prado Stamato Fonseca, por estarem ao meu lado, me

incentivando, a ir cada vez mais em busca do conhecimento dos temas pertinentes à

Medicina Felina, que é minha grande paixão.

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RESUMO

O presente trabalho, tem como objetivo apresentar o Relato de Caso de um Felino Doméstico,

sem raça definida- SRD, 8 anos de idade, FIV e FeLV negativos. Diagnosticado como portador

de um Linfoma Mediastinal, que progrediu para um linfoma Multicêntrico com infiltração

renal. Em outubro de 2015, foi tratado com quimioterapia combinada de Predinisolona e

Clorambucil, com aparente remissão do quadro, em dezembro de 2015 a massa Mediastinal já

não era mais visualizada. Porém, no final do referido mês, o quadro evolui para apatia,

anorexia e perda de peso. Novos exames foram solicitados, sendo que ao exame

ultrassonográfico observou-se a presença de halo hipoecogênico, sugestivo de Linfoma Renal.

Após ser reavaliado, o paciente foi diagnosticado com a Linfoma Multicêntrico com infiltração

Renal.

Palavras-chave: Linfoma Mediastinal, Linfoma Multicêntrico com Infiltração Renal,

Quimioterapia, Felinos.

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ABSTRACT

This is a case report of a 8 years old Domestic Feline with undefined breed - SRD, FIV and

FeLV negative. Diagnosed with a Mediastinal lymphoma, which has later progressed to an

Multicentric lymphoma with renal infiltration. In October 2015, the patient was treated with

combined chemotherapy prednisolone and chlorambucil, with apparent remission of symptoms,

and, in December 2015, Mediastinal mass was no longer displayed. However, by the end of

that month, the disease progresses to apathy, anorexia and weight loss. New tests were ordered,

and the ultrasound examination revealed the presence of hypoechoic halo, suggestive of renal

lymphoma. After being re-evaluated, the patient was diagnosed with lymphoma Multicenter

with Renal infiltration.

Keywords: Mediastinal lymphoma, Multicentric lymphoma with Renal Infiltration,

Chemotherapy, Felinos.

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Lista de abreviaturas: siglas.

GI Trato Gastrointestinal

SNC Sistema Nervoso Central

SRD Sem raça definida

FIV Vírus da Imunodeficiência Felina

FELV Vírus da Leucemia Felina

HIV/AIDS Síndrome da Imunodeficiência Humana

PAAF Punção aspirativa por agulha fina

RX Exame radiográfico

PCR Proteína C reativa. Teste molecular.

Elisa Imunofluorescência direta. Teste sorológico.

OMS Organização Mundial De Saúde

TCD 4 Linfócitos; Sistema imunológico.

TCD 8 Linfócitos; sistema imunológico, células de defesa.

DNA Ácido desoxirribonucleico

RNA Ácido ribonucleico

NC/WF National Cancer Institute Working Formulation.

REAL/WHO Revisid European-American Lymphoma/World Health Organization.

KIEL Working Formulation

STK Enzima timidina-quinase.

CHOP Ciclofosfamida, hidroxidaunorrubicina, vincristina, predinisona.

COP Ciclofosfamida, vincristina, predinisona.

P Predinisona

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MW Wisconsin Madison, Doxorrubicina, vincristina, ciclofosfamida e predinisona

RT Remissão Total

MOOP Vincristina e predinisona, com mecloretamina, procarbazina

RP Remissão parcial

RECIST Response Evaluation Criteria in Solid Tumors

RC Resposta Completa

RP Resposta Parcial

DE Doença Estável

DP Doença Progressiva

BSA Body Surface Area

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Sumário 1. INTRODUÇÃO. ............................................................................................................................ 8

2. RELATO DE CASO. .................................................................................................................. 17

3. ETIOLOGIA. .............................................................................................................................. 18

4. SINAIS CLÍNICOS. .................................................................................................................... 16

5. DIAGNÓSTICO. ......................................................................................................................... 16

6. CLASSIFICAÇÃO DO LINFOMA........................................................................................... 18

6.1 Classificação anatômica. ....................................................................................................... 27

6.2 Classificação histológica. ...................................................................................................... 28

6.3 Classificação imunoistoquimica. ........................................................................................... 20

7. TRATAMENTO QUIMIOTERÁPICO. ................................................................................... 21

8. TERAPIA DE REINDUÇÃO. .................................................................................................... 35

9. EFEITOS ADVERSOS AO TRATAMENTO QUIMIOTERÁPICO. ................................... 36

10. ESTADIAMENTO. ................................................................................................................. 37

DISCUSSÃO. ....................................................................................................................................... 39

CONCLUSÃO. .................................................................................................................................... 34

BIBLIOGRAFIA

ANEXOS

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1. INTRODUÇÃO.

O Linfoma é uma das neoplasias mais diagnosticada em felinos, tem origem no tecido

linfoide hematopoiético, podendo envolver qualquer órgão ou tecido. A forma anatômica mais

comum do linfoma em felinos é a do trato digestivo ou gastrointestinal (GI), seguido pelas

formas mediastínica, quando acomete o mediastínico e multicêntrica (espleno/hepatomegalia

e linfoadenomegalia generalizada). Com menor incidência desta neoplasia, estão as

localizações em tecido extralinfóide, rins, medula óssea, sistema nervoso central (SNC), pele,

região nasal, olhos, ossos e pulmões. É de 40 a 50% a probabilidade de um gato com linfoma

renal vir a apresentar, envolvimento do SNC. (CRYSTAL, NORSWORTHY e TILLEY,

2004).

Em geral, autores descrevem que em mais da metade dos casos dos pacientes com

linfomas mediastinais e do sistema nervoso central (SNC) são caracteristicamente positivos

para a FeLV e os multicêntricos e renais são negativos para a FeLV, (CRYSTAL,

NORSWORTHY e TILLEY, 2004).Os felinos com Linfoma Renal, tanto primário como

associado com linfoma digestivo, tem idade média de 7,5 anos e a maioria dos animais é FeLV

negativa. O linfoma Renal representa cerca de 5% de todos os linfomas, com possível sequela

em sistema nervoso central. (TOMÉ, 2010).

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2. RELATO DE CASO.

Em outubro de 2015, um felino com 8 anos, SRD, macho, castrado, peso 6.400 kgs,

FIV e FeLV negativo, foi atendido por colega veterinário, apresentando apetite seletivo,

prostração, dificuldade de deglutição, aumento dos linfonodos periféricos de membro

posterior esquerdo. À palpação presença de massa em região Mediastinal. Solicitado

Hemograma, bioquímico e citologia. (ANEXO 1, 2, 3). A análise citológica foi sugestiva de

Neoplasia de Células Redondas de Origem Indeterminada, o que sugere Linfoma. A partir das

informações obtidas e dos achados clínicos, iniciou-se o protocolo quimioterápico com

associação de Predinisolona 5 mg, na dose de 01 comprimido SID e Clorambucil 2mg

ministrados três vezes por semana. Em dezembro de 2015, em acompanhamento clínico o

paciente apresentou aparente remissão do Linfoma Mediastinal, sem massa palpável, porém

com histórico de apatia, perda de peso, letargia, êmese, anorexia, mucosas hipocoradas,

pirexia, e dificuldade de deglutição. Foram solicitados hemograma e bioquímico, (ANEXO 4)

RX de tórax e ultrassom abdominal, (ANEXOS 5 e 6). Ao exame radiográfico, laudo de leve

desvio dorsal da traqueia na porção cervical cranial, sugestivo de linfoadenomegalia

Mediastinal e ao Ultrassom abdominal, rim direito, com irregularidade na superfície de córtex

renal, visibilizada a presença de halo hipoecogênico, com aumento de ecogenicidade, imagem

compatível com Linfoma Renal. Diante dos achados o animal foi diagnosticado com Linfoma

Multicêntrico Renal. Devido ao estado de fragilidade do mesmo, optou-se por manter a

corticoterapia e tratamento suporte, com fluidoterapia três vezes na semana, antiemético, e

anorexígeno mirtazapina, e alimentação forçada via oral a cada 6 horas. Os proprietários,

foram esclarecidos quanto a gravidade do quadro clínico, e decidiram por manter apenas o

tratamento de suporte e corticoideterapia, visando o bem-estar e qualidade de vida do animal,

não autorizaram realizar quimioterapia mais agressiva, face o estado debilitado do animal, e

pelo mesmo motivo também não autorizaram efetuar exames complementares mais invasivos,

como a citologia renal por PAAF guiada por ultrassom, ou imunistoquímico e histopatológico

da massa mediastínica para detectar o tipo celular de linfoma envolvido para definir , o grau

de malignidade e o tratamento quimioterápico adequado, bem como estadiamento e

prognóstico. Por esta razão, a tratamento para Linfoma renal, com o protocolo com

poliquimioterapia não foi utilizado.

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3. ETIOLOGIA.

Linfomas são neoplasias caracterizadas pela proliferação clonal de linfócitos

malignos, com origem em órgão linfoides como medula óssea, timo, baço, fígado e linfonodos,

podendo se desenvolver em qualquer órgão. Os tumores mediastínicos podem ser

componentes de um processo neoplásico multicêntrico, como linfoma, histiocitose maligna,

mastocitose e timoma. (ETTINGER e FELDMAN, 2004).

Tumores hematopoiéticos são responsáveis por 30 % de todos os tumores que

acometem o felino, destes 90% representados por Linfomas malignos, fortemente associados

ao Vírus da Leucemia Felina (FeLV) e da Imunodeficiência Felina (FIV). (FRANCESCA,

CALAM, et al., 2014)

A idade média de felinos com linfoma é de 8 a 10 anos, e em felinos soropositivos

para a FeLV a doença surge mais precocemente, aproximadamente aos 3 anos. (CRYSTAL,

NORSWORTHY e TILLEY, 2004).

Felinos com linfoma renal, geralmente são idosos, FeLV negativos e podem ser

FIV positivo. O envolvimento renal com linfoma, é sempre bilateral, sendo incomum ter

linfoma renal sem outro órgão ou sistema envolvido. São linfomas de células B em sua grande

parte. (MOORE, 2013).

A literatura faz referência a Raça Siamesa e seus cruzamentos como mais

predispostas a desenvolver linfoma (FRANCESCA, CALAM, et al., 2014).No entanto, outros

autores afirmam que não há predileção por raça ou sexo. (CRYSTAL, NORSWORTHY e

TILLEY, 2004).

Em estudo sobre os aspectos do linfoma mediastinal em população felina, os

autores, abordam houve grande representação no estudo, felinos siameses, jovens, em média

3 anos de idade, com resultados negativos para o antígeno de FeLV. (FRANCESCA, CALAM,

et al., 2014)

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Outro trabalho publicado na Holanda, com estudo de protocolo quimioterápico para

tratamento de felinos com linfoma, o autor refere que felinos com tumores mediastinal eram

mais jovens do que felinos com outros tipos anatômicos de linfoma, e muitos representados

por machos siameses. Estudos na Austrália, fizeram a mesma observação quanto á

predisposição genética. (TESKE, STRATWN, et al., 2002).

A apresentação clinica dos linfomas nos felinos dependem da região anatômica

envolvida. (VAIL, 2004).

A região anatômica e o status FeLV influenciam no tipo de linfoma e prognóstico.

A maioria dos linfomas em felinos FeLV positivo são linfomas de célula T, menos agressivo

como é o caso do Linfoma mediastinal. O FIV positivo está relacionado a linfomas de célula

B, mais agressivo, como o linfoma renal. (TESKE, STRATWN, et al., 2002).

3.1 O papel dos retrovírus no desenvolvimento do linfoma.

Tanto o vírus da Leucemia Felina, FeLV, como o vírus da imunodeficiência felina,

FIV, são retrovírus de impacto global sobre a saúde dos felinos domésticos. Os dois vírus

diferem na sua capacidade de provocar doença. FeLV é mais patogênico, e foi considerado

por muito tempo como o maior responsável pelas síndromes clinicas graves em felinos, se

comparado a qualquer outro agente. FeLV pode causar neoplasias principalmente o Linfoma,

além de síndromes de supressão da medula óssea, mielossupressão e anemias, e ainda, facilitar

o desenvolvimento de doenças infecciosas secundárias, por provocar efeitos

imunossupressores do vírus sobre a medula óssea e o sistema imune. O FIV, provoca uma

síndrome de imunodeficiência adquirida que aumenta o risco de desenvolver infecções

oportunistas, doenças neurológicas e tumores. (HARTMANN, 2012)

O vírus da imunodeficiência felina (FIV) é um lentivírus da família Retroviridae.

O vírus é um patógeno dos felinos domésticos, de distribuição mundial associado a uma

variedade de condições mórbidas, como gengivite, estomatite, infecções secundárias

recidivantes, e ou ainda linfomas de células B.O marco da infecção provocada pelo FIV é a

deleção dos linfócitos T CD4. O FIV é um patógeno felino e também serve como modelo

experimental para o vírus da imunodeficiência humana (HIV) - síndrome da imunodeficiência

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humana (AIDS). A prevalência da infecção é altamente variável, é baixa em colônias de

felinos fechadas, em que os animais não têm contato com felinos de rua. As feridas por

mordedura constituem o modo mais frequente de transmissão do vírus. A transmissão de mães

para filhotes pode ocorrer no útero, durante o parto, ou pela ingesta de colostro e de leite. Os

filhotes de gatas soropositivas saudáveis podem se tornar persistentemente infectados. Dados

epidemiológicos indicam que os gatos infectados na primeira fase da doença, transmitem com

maior facilidade o vírus do que os gatos que apresentam a fase terminal da doença. (RECHE,

2010)

Felinos infectados com FIV apresentam cerca de cinco vezes mais probabilidade

de desenvolver Linfomas principalmente de Células B e Leucemias do que os não infectados,

vários outros tumores já foram descritos em associação com a FIV, como carcinoma de células

escamosas, fibrossarcoma e mastocitoma. FIV causa uma imunossupressão crônica e pode

predispor a neoplasias. No entanto, o pró vírus da FIV é apenas ocasionalmente detectado em

células tumorais, age de forma indireta por diminuir a resposta imune. (AHMAD e LEVY,

2010).

O principal alvo da infecção pelo FIV são os linfócitos T CD4, essas células

desenvolvem um papel central na função imune, tanto na resposta humoral, na produção de

anticorpos, quanto na resposta celular. O FIV infecta também os linfócitos T CD8, os

macrófagos, os linfócitos B, os astrócitos e as células microglias. A infecção torna-se latente

quando as células apresentam o provírus integrado no DNA celular, porém não há produção

de partículas virais. Na fase aguda da doença, observa-se uma síndrome similar à do HIV,

incluindo episódios de febre e linfadenopatia generalizada. Apesar da vigorosa resposta imune

do hospedeiro infectado pelo vírus, não há na maioria das vezes, a depuração da infecção,

resultando na persistência viral. No início da infecção os vírus se replicam em células T CD4,

dendríticas e macrófagos, duas semanas após são encontradas no plasma. A diminuição da

carga viral, marca o início da fase assintomática que segue por semanas a anos de duração.

Quando a relação dos linfócitos T CD4 e T CD8 declina, há uma progressão na deficiência do

sistema imune. O curso e prognóstico da doença, são variáveis e dependem da carga viral, das

condições ambientais, da idade do hospedeiro, da cepa envolvida, e das condições clinicas do

felino. O período assintomático pode evoluir para o estágio caracterizado por distúrbios

associados à síndrome da imunodeficiência, que pode resultar na morte dos animais

infectados.

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Nessa última fase há um acentuado aumento da carga viral e declínio do T CD4. Os FIV

positivo ficarão permanentemente infectados. (RECHE, 2010)

Estudos sugerem que há pouco impacto sobre uma população de felinos, a FIV

não diminui o tempo de sobrevida dos felinos infectados em relação aos animais não

infectados desta mesma população, e indivíduos infectados apresentam qualidade de vida

normalmente e alta, durante um período de tempo prolongado. Portanto, a maioria dos felinos

infectados naturalmente pela FIV, não desenvolve síndrome clínica grave, podem viver por

muitos anos, e morrer em idade avançada por outras causas não relacionadas à infecção por

FIV. (HARTMANN, 2012) e (HARTMANN, 2015)

A grande diferença encontrada na proporção entre machos e fêmeas infectados pelo

FIV, na ordem de 4:1 respectivamente, relatado por vários investigadores em diferentes

estudos, poderia ser explicado pelo mecanismo de transmissão do vírus, através de mordida e

saliva, e pelo comportamento dos gatos machos, constantemente lutando com outros machos

pela defesa territorial. (RECHE JR., HAGIWARA, et al., 1997)

Com a finalidade de estudar a magnitude da ocorrência do FeLV e do FIV na

população dos felinos domésticos de São Paulo, em 2007, o Departamento de Clínica Médica

no Hospital Veterinário da FMVZ/USP, testou 401 animais para detectar serem ou não

portadores de retroviroses. Participaram da pesquisa, machos e fêmeas, de idades e raças

variadas. Foram submetidos à pesquisa de anticorpos humorais (FIV) e de antígenos virais,

ELISA (Feline Leukemia Vírus Antigen) que é um teste comercial de imunoenzimático. Do

total de animais testados, 123 eram felinos sadios e 278 doentes, o resultado da pesquisa

encontrou 8 animais (6,5%) reagentes ao FIV entre os indivíduos sadios e 39 (14%) entre os

gatos doentes. Em relação ao FeLV, encontram 2 (1,6%) entre os sadios e 30 (10,8%) entre os

animais doentes, apenas 1 animal foi reagente ao FIV e ao FeLV. Notaram ainda, que a

infecção pelo FIV foi mais frequente entre os machos, na proporção de 4:1 se comparado as

fêmeas, e não observaram diferença de proporção entre sexos em animais infectados com a

FeLV. As infecções oportunistas, (como a Haemobartonellla felis), foram as doenças

associadas mais frequente entre os felinos FeLV positivos. Em relação aos tumores, a forma

Mediastinal do linfoma foi a mais frequentemente associada a FeLV positiva. A idade média

dos animais infectados pelo FIV foi de 4,4 + 3 anos e dos felinos infectados pelo FeLV 2,4 +

1,7 anos. Todos os animais reagentes aos retrovírus e sintomáticos não sobreviveram mais que

2 anos. Não houve óbito entre os animais assintomáticos infectados por qualquer um dos

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retrovírus, demonstrando que o período pré-patente pós infecção pode ser bastante longo.

(RECHE JR., HAGIWARA, et al., 1997).

O Vírus da FeLV, pertence à família Oncornavírus, de transmissão horizontal, e

está associado a doenças malignas, proliferativas e degenerativas do felino doméstico. A

variação genética do vírus ocorre durante a replicação de RNAm, na transcrição reversa, e está

sujeito a erros em suas sequencias de recombinação no genoma do felino doméstico. Tal

variação conduz, a quatro subgrupos de FeLV, designados por A, B, C e T, que se distinguem

por serem portadores de tipos distintos de genes de superfície, de glicoproteínas, e

funcionalmente por se ligarem a receptores específicos celulares na célula hospedeira. A FeLV

de subtipo A é fracamente patogênica, é o agente predominante que se espalha

horizontalmente na natureza, pelo contato direto. Os subtipos B, C e T, surgem por

recombinação genética, mutação ou inserção, são envelopados, e estão associados a evolução

de doenças como o Linfoma, anemia ou imunodeficiência. Embora a FeLV A esteja associada

a infecções assintomáticas no felino, a longo prazo, também pode levar ao desenvolvimento

de doenças como o linfoma de células T do timo. (AHMAD e LEVY, 2010)

O FeLV já foi recuperado na cultura de células de medula óssea de 30% dos felinos

com Linfoma considerados FeLV negativos. O animal exposto ao vírus da FeLV precisa

desenvolver anticorpos e animais imunocompetentes podem se livrar do vírus e da doença.

Ocorre que o animal pode se manter como portador assintomático, nele o vírus fica latente em

vários tecidos, e mesmo na presença de anticorpos para a FeLV, pode ocorrer transformação

antígeno- anticorpo em células de membrana, e neste caso estão sujeitos a desenvolver o

Linfoma. Em animais testados e considerados FeLV negativo, há a possibilidade de que um

contato prévio com o vírus FeLV, (possivelmente quando o animal era jovem), desencadeie o

Linfoma. A sensibilidade do teste empregado afeta a detecção do vírus. Linfoma em felinos

FeLV negativos também são descritos em literatura. (HARTMANN, 2012).

Já a FeLV- B, vírus politrópico, é associado a diversos linfomas. Através de

mutações e recombinação, in vivo, espécies exógenas da FeLV infectam as sequencias de

FeLV endógena, no genoma do felino. Após a recombinação, a FeLV B se liga a glicoproteínas

de superfície que se expressam no DNA da FeLV endógena. Estes elementos recombinados,

fazem com que a FeLV endógena funcione de forma defeituosa e passe a não codificar

partículas infecciosas, assim perdem sua função. Esses elementos modificados conseguem

permanecer ativos e acabam por se expressar, por inclusão, em células leucêmicas e em tecidos

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linfoides. A recombinação entre o FeLV endógeno e exógeno, ocorre de forma análoga à

geração de vírus recombinantes. Esta capacidade de fazer mutação do FeLV B, pode explicar

sua identificação em vários tecidos leucêmicos analisados por PCR, encontrou-se FeLV B em

50% a 85% dos tecidos doentes de animais com linfoma tímico e em 25% de tecidos de

animais com Linfomas multicêntricos, e sempre associado a presença da FeLV A. Já o FeLV

B foi encontrado também em tecido de gatos com Peritonite Infeciosa felina (PIF), outra

doença viral de felinos. Outra variante da FeLV é denominada FeLV-945, está relacionado ao

desenvolvimento do linfoma multicêntrico. Em estudo experimental, o Linfoma multicêntrico

foi induzido por FeLV -945, em infecções naturais e por vírus contendo o gene do envelope

de feLV-945, em infecções experimentais. (AHMAD e LEVY, 2010).

Até a década de 1990, 70% dos gatos com Linfoma Maligno nos Estados Unidos

da América e Europa eram descritos como FeLV positivos. O vírus da Leucemia felina, FeLV,

induz a formação de Linfoma. Atualmente e nas últimas duas décadas, os índices de gatos

FeLV positivos com Linfoma é de 25%. A diminuição deste índice de associação Linfoma e

FeLV, está correlacionada ao aumento dos testes de rotina para identificar indivíduos FIV e

FeLV positivos, e a consequente diminuição de exposição de gatos negativos aos gatos

positivos, atrelado a isso, a disponibilidade de imunização com vacina polivalente, como a

quíntupla, para Panleucopenia, Rinotraqueite, Calicivirose, Clamidiose e Leucemia. Tais

fatores contribuíram para um decréscimo dos casos de Leucemia associados a gatos FeLV

positivos e jovens. (TESKE, STRATWN, et al., 2002) e (CRYSTAL, NORSWORTHY e

TILLEY, 2004).

A identificação e segregação dos gatos infectados, são de fundamental

importância para a prevenção de novas infecções. Todos os gatos devem ser testados para FIV

e FeLV no momento da aquisição, após exposição a um gato infectado ou a um gato

desconhecido não testado, e antes da vacinação; e ainda, antes de entrar em alojamento ou

grupo, quando ficam doentes e convivem com portadores ou enfrentaram o desafio. O

resultado do teste para FIV e FeLV, deve ser interpretado juntamente com achados referentes

a saúde e risco do paciente. Testes retrovirais, podem diagnosticar uma infecção, uma doença

clínica, mas gatos infectados podem viver por muitos anos, sendo a eutanásia indicada para

estados terminais e não tem indicação apenas por conta do felino ser positivo aos testes. A

vacinação contra FeLV é altamente recomendada aos gatinhos. Já para adultos as vacinas

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antirretrovirais são consideradas e devem ser administradas levando-se em consideração a taxa

de risco a qual estão expostos. (LEVY, CRAWFORD e HARTMANN, 2008) .

Os aspectos clínicos da imunossupressão causada pelo FeLV ou FIV são

semelhantes, mas a diferenciação entre as infecções com testes sorológicos adequados, é

bastante relevante para controlar a propagação destas retroviroses. (RECHE JR.,

HAGIWARA, et al., 1997).

4. SINAIS CLÍNICOS.

Os felinos com doença mediastínica, geralmente apresentam dificuldade

respiratória grave, devido ao efeito da massa intratorácica ou presença de efusão pleural

significativa. (VAIL, 2004).

Os felinos com linfoma renal, podem apresentar poliúria e polidipsia, devido a

insuficiência renal secundária. (VAIL, 2004).

Os sinais clínicos mais comuns visto em felinos com linfoma renal, estão

relacionados aos sintomas da insuficiência renal, devido á infiltração cortical por células do

linfoma. Os animais podem apresentar apatia, anorexia, poliúria, polidipsia, perda de peso,

azotemia. (CRYSTAL, NORSWORTHY e TILLEY, 2004).

5. DIAGNÓSTICO.

O exame físico completo, deve incluir palpação de todos os linfonodos palpáveis,

a inspeção de mucosas em busca de palidez ou petéquias, indicativas de anemia ou

trombocitopenia secundárias à mielotísica, bem como a evidência de insuficiência dos

principais órgãos, inspeção para detecção de icterícia ou ulceras urêmicas, á palpação

abdominal pode revelar organomegalia. Nos felinos pode haver suspeita de presença de massa

mediastínica e/ou efusão pleural, após a compressão torácica, após à auscultação. Nos felinos

a análise retroviral para FeLV e FIV, é importante, para diagnóstico e prognóstico (VAIL,

2004).

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O hemograma completo incluindo a contagem plaquetária, é uma etapa

necessária em qualquer avaliação com suspeita de linfoma. As anormalidades hematológicas

ocorrem na maioria dos casos de linfoma multicêntrico. Anemia, quando presente,

normalmente do tipo normocítica normocrômica, arregenerativa, típica de doenças crônicas.

Anemias regenerativas podem refletir perda de sangue ou hemólise. Os gatos com doença

associada ao FeLV podem apresentar anemia macrocítica. Se houver mielotísica, a anemia pode

estar acompanhada de trombocitopenia e leucopenia. Linfócitos atípicos circulantes podem

indicar envolvimento de medula óssea e leucemia. (VAIL, 2004).

Anormalidades bioquímicas séricas refletem a região acometida. Nos casos de

hipercalcêmica de origem desconhecida o linfoma deve fazer parte dos diagnósticos

diferenciais. A hipercalcêmica pode servir de marcador para a resposta a terapia. As elevações

no nitrogênio da uréia sanguínea e na creatinina sérica, podem ocorrer secundariamente a

infiltração renal com tumor, à nefrose hipercalcêmica, à desidratação pré-renal. As elevações

da globulina séricas, raramente ocorrem em linfomas de célula B. (VAIL, 2004).

O diagnóstico por imagem, radiografia, ultrassonografia, tomografia

computadorizada são importantes, para os casos em que não apresentam linfadenopatia

periférica ou que estão limitados a regiões intracavitárias ou extranodais, o diagnóstico por

imagem auxilia na determinação da extensão da doença, o que pode influenciar no prognóstico

final e decisão de prosseguir com a terapia. (VAIL, 2004).

A avaliação radiográfica, em geral, é o primeiro passo para a identificação de lesões

mediastínicas. Das técnicas de imagem o RX é a preferido para localizar a doença mediastínica

e estabelecer diagnósticos diferenciais. Avalia o tamanho, a forma, a opacidade e posição do

mediastino. As doenças mediastínicas podem ser evidenciadas radiograficamente como uma

posição anormal do mediastino, deslocamento mediastínico, pneumomediatínico, ou tamanho

e/ou opacidade aumentados. O deslocamento lateral de estruturas mediastínicas principais,

como silhueta cardíaca ou traqueia, pode ser evidente. (ETTINGER e FELDMAN, 2004).

As principais neoplasias encontradas nos rins, linfoma, adenocarcinoma e

sarcomas, não possuem características ultrassonográficas especificas. Podem ser observadas

massa de aspecto heterogêneo, alterando a arquitetura renal e seu contorno. Nos felinos o

aumento da ecogenicidade cortical renal com perda de definição corticomedular relaciona-se

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a nefrite glomerular e intersticial, ao linfossarcoma renal, ao carcinoma metastático de células

escamosas e ainda a peritonite infecciosa felina. Tumores pobremente vascularizados como os

Linfomas tendem a ser hipoecogênico enquanto os tumores vascularizados, sem hemorragia

ou necrose tendem a ser hiperecogêncios. As lesões com ecogenicidade diminuída podem ser

infiltrativas, neste caso, é recomendada citologia aspirativa para auxiliar no diagnóstico

diferencial de neoplasias renais, peritonite infecciosa felina, infecções fungicas, abscessos ou

cistos. Em lesões com aumento de ecogenicidade, a citologia aspirativa não é indicada, porque

entende-se que indicam alterações fibróticas crônicas, infartos, deposição de minerais ou

nefropatias tóxicas. (SILVA, MAMPRIM e VULCANO, 2008)

A confirmação microscópica de linfoma é a base do diagnóstico, porem para a

espécie felina, a aspiração com agulha fina (PAAF), por sí só, pode não ser suficiente para

definir diagnóstico em alguns casos, pela dificuldade encontrada em diferenciar linfoma de

síndromes hiperplásicas benignas dos linfonodos periféricos. Estudos histoquímico e

imunistoquímico de amostras citológicas e histológicas, determinam imunofenótipo, células

B versus células T, taxa de proliferação tumoral por reação de antígenos nucleares,

organizações nucleolares, e subtipo histológico, tumores de grau alto, médio ou baixo. (VAIL,

2004).

A toracocentese e a avaliação do fluido pleural, são de efeito diagnóstico em felinos

com linfoma mediastínico, bem como a avaliação citológica de rins, para o linfoma renal.

(VAIL, 2004).

6. CLASSIFICAÇÃO DO LINFOMA.

O Linfoma pode ser classificado anatomicamente, histologicamente e

imunofenotipicamente. Os esquemas de classificação para o Linfoma, foram avaliados,

incluindo aqueles que se amparam na região anatômica, no estágio clínico, e segundo a

Organização Mundial de Saúde (OMS), no fenótipo citológico/histológico e imunofenótipo

(VAIL, 2004).

Para o OMS, no ESTÁGIO I, há acometimento de apenas um linfonodo, já no

ESTÁGIO II, múltiplos linfonodos em região bem demarcada, no ESTÁGIO III –

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linfadenopatia generalizada, no ESTÁGIO IV – fígado e/ou baço (com ou sem o Estágio III),

e no ESTÁGIO V – acometimento de medula óssea, ou sangue, ou qualquer órgão não linfoide

(com ou sem estágios anteriores presentes). E relaciona ainda Subestágios: a – animal sem

sinais clínicos da doença e no b- animal com sinais clínicos da doença. (VAIL, 2004).

6.1 Classificação anatômica.

Tradicionalmente são classificados como Mediastinal, Multicêntrico, Extranodal

e Digestório. (MOORE, 2013).

Mediastinal quando há aumento de volume de linfonodos em região de

mediastino, sem comprometimento em outros locais, ocorre geralmente em animais jovens,

média de 2 anos de idade, FeLV Positivos. Diferencial para timona, que acomete animais em

média com 7 anos, citologia negativa para linfócitos, FeLV negativo, não responde ao

tratamento quimioterápico, para este caso o tratamento é cirúrgico. O Linfoma multicêntrico,

muitas vezes chamado de nodal em literatura, é utilizado quando há aumento de volume dos

linfonodos. O extranodal, é assim chamado quando há acometimento em rim, sistema nervoso,

testículos, ocular, nasal, cutâneo. O Linfoma classificado como digestório, envolve

acometimento maligno em estomago, fígado, intestino delgado, intestino grosso, baço,

podendo ocorrer nestes órgãos de forma isolada ou em conjunto. Alguns autores classificam

neoplasia em rim como pertencente ao Linfoma digestório, outros como extranodal. (MOORE,

2013).

Segundo (VAIL, 2004), Linfoma multicêntrico e mediastínico, correspondem a

25% Linfomas que acometem felinos, aproximadamente um terço dos animais com Linfoma

multicêntrico e 80% com linfoma mediastínico, são antigenemicamente positivos para a FeLV

e neste caso podem desenvolver o Linfoma ainda jovens.

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6.2 Classificação histológica.

Diferentes classificações histológicas para o linfoma humano têm sido adaptadas

para o linfoma, em animais. Dos sistemas de classificação do linfoma humano, os propostos

pelo National Cancer Institute Working Formulation (NC/WF), pelo Revisid European-

American Lymphoma/World Health Organization (REAL/WHO) e pelo sistema Kiel, foram

os mais adaptados e utilizados, por serem considerados mais completos quando comparados a

outros sistemas de classificação. A Working Formulation classifica o tumor como difuso ou

folicular, com base no padrão tecidual, e em pequeno, clivado, grande, imunoblástico de

acordo com o tipo celular. Já o sistema Kiel modificado, avalia a morfologia celular

(centroblástico, centrocítico e imunoblástico) e a imunofenotipagem (células B ou T). Os

sistemas NB/WF e REAL/WHO classificam se a neoplasia é de alta, média ou de baixa

malignidade e o Kiel classifica em alto grau de malignidade ou baixo grau de malignidade. O

NC/WF, classifica o linfoma de acordo com sua progressão, baseado na frequência de mitoses,

através de analises imunoistoquimicas quanto morfológicas. Os sistemas de classificação

auxiliam na determinação do prognóstico dos linfomas, e a classificação Working Formulation

tem maior correlação na determinação do tempo de sobrevida do animal, o sistema Kiel

modificado auxilia na determinação do tempo de reincidência de animais tratados, e estimativa

de sobrevida. (LEVY, CRAWFORD e HARTMANN, 2008) e (BARRIGA, 2013).

6.3 Classificação imunoistoquimica.

A imunofenotipagem tem importância prognóstica, através dela os linfomas podem

ser classificados fenotipicamente, de acordo com seu tipo celular em linfoma de células B ou

de células T, ou mistos. (BARRIGA, 2013).

Efetuar a exames imunistoquímico para avaliar os biomarcadores tumorais é

padrão em Medicina Humana, para fins diagnósticos e prognósticos. Diversos marcadores

foram examinados com cães e gatos. As timidina – quinases (STK), são enzimas que

convertem monofosfato de desoxitimidina em uma das etapas de síntese do DNA. Células em

proliferação terão níveis mais elevados de enzima timidina-quinase (STK). A medição em

soro, da atividade da STK, serve como marcador tumoral, muito usado para a espécie humana

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e cães, para fins diagnóstico e prognóstico O biomarcadores STK, em pesquisas com cães

demonstrou que níveis elevados de reatividade é significantemente maior em cães com

linfoma. Em experiência piloto, a medição da atividade de STK foi testada em gatos, para

avaliar sua aplicação clínica e como método auxiliar diagnóstico para doenças inflamatórias,

não hematopoiéticas, neoplasia e linfoma, o referido estudo utilizou a técnica de

imunistoquímico por rádio ensaio. Participaram dessa pesquisa 33 gatos, de raças variadas,

apresentando linfoma em diversas localizações anatômicas, diagnosticados previamente por

exame citológico e histopatológico. A pesquisa conclui que valores de STK acima da

referência são altamente sugestivos de linfoma em felinos. (TAYLOR, DODKIN, et al., 2013)

Imunofenotipagem utiliza anticorpos CD3 para diagnosticar linfomas de células

T, anticorpos CD 79 para identificar linfomas de células B. As células NK não apresentam

marcador específico, geralmente estão associados a tumores de células granulares, de alto grau

de malignidade. A localização anatômica do linfoma tem que ser considerada juntamente com

o estadiamento do animal e seu status retroviral, positivo ou negativo, principalmente para

FeLV, a fim de determinar um melhor prognóstico. Células linfoblásticas, imaturas, são mais

agressivas, indicam linfoma de alto grau e geralmente associadas a tumores de células B, com

pior prognóstico. Células linfocíticas, maduras, associados a tumores menos agressivos,

sugerem menor índice de invasividade, indicam linfomas de baixo grau com melhor

prognóstico, e geralmente associados aos tumores de Células T. (STEIN, MACKENZIE e

STEINBER, 2011)

7. TRATAMENTO QUIMIOTERÁPICO.

Animais que não recebem tratamento após o diagnóstico estabelecido, geralmente

vivem em média 4 a 6 semanas. Em geral, o linfoma é uma doença sistêmica, que requer uma

abordagem terapêutica também sistêmica, ou seja, quimioterapia, exceções ocorrem nos casos

de linfomas extranodais ou em regiões isoladas, em que a terapia local, envolvendo tratamento

cirúrgico e/ou radioterapia, são indicados. Se o acometimento extranodal, for parte de uma

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doença mais generalizada ou multicêntrica, as terapias sistêmicas são indicadas e devem ser

instituídas. (VAIL, 2004).

No entanto, via de regra, protocolos de combinação mais complexos,

poliquimioterapia, resultam em remissão e tempo de sobrevivência mais prolongada, do que

os protocolos com agente único, monoquimioterapia. (VAIL, 2004).

Se o aspecto financeiro ou outras considerações do cliente impedirem o uso de

quimioterapia sistêmica mais rigorosa, a terapia com predinisolona ,2mg/kg/dia por via oral,

isoladamente, com muita frequência resulta em remissões de curta duração, no período de

cerca de um a dois meses. (VAIL, 2004).

Os esquemas mais complexos de tratamento, são baseados no protocolo CHOP,

de uso humano. A sigla CHOP representa a combinação de fármacos (C) ciclofosfamida,

doxirrubicina representada pelo (H, de hidroxidaunorrubicina), vincristina (O, de Oncovin), e

predinisona ou predinisolona (P). (VAIL, 2004)

Inúmeros protocolos para felinos, com quimioterápicos combinados, foram

relatados. A adição de Doxirrubicina aos protocolos COP (C ciclofosfamida, O

Oncovin/vincristina, P predinisona), demonstrou resultados superiores ao esquema COP

utilizado isoladamente em felinos. De modo geral, os felinos não desfrutam de taxa de resposta

ou de remissão e sobrevivência tão alta como os cães com linfoma. (VAIL, 2004)

Outro protocolo citado em artigos publicados, utilizados para gatos com linfoma é

o Madison Wisconsin (MW), Doxorrubicina, vincristina, ciclofosfamida e predinisona.

(FRANCESCA, CALAM, et al., 2014)

O protocolo COP, é muito utilizado como tratamento quimioterápico para felinos,

com vários tipos de linfoma, com boa taxa de resposta clínica, e bem tolerado. Em um artigo

de um Oncologista da Austrália, há referência sobre um estudo de 1990, nos Estados Unidos

da América, com um total de 38 felinos portadores de linfoma, onde 30 (74%) responderam

com resposta completa, ou seja, remissão total (RT), num período que variou de 2 a 42 meses,

utilizando este protocolo, sendo que os portadores de linfoma multicêntrico responderam com

100% de remissão e os portadores de linfoma extranodal com 50%, e em ambos os grupos

alguns animais chegaram a viver mais do que um ano. Nesta mesma publicação, o autor faz

menção da utilização de quimioterapia de combinação, COP modificado, com adição de

Doxorrubicina, que pode ser utilizado em felinos, mas é potencialmente nefrotóxica para a

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Espécie, cita que em 7 meses de tratamento houve Remissão Total (RT) do linfoma renal, de

15 dos 24(62%) dos felinos tratados utilizando protocolo com Doxorrubicina. Por outro lado,

ressalta que para pacientes mais velhos, ou que desenvolvem insuficiência renal, ele indica

apenas a utilização do protocolo COP, e não notou diferença no índice de remissão, entre estes

protocolos. Compara os resultados apurados no estudo da década de 1990, com outros estudos

e faz referência a utilização de uma combinação de vincristina, L-asparaginase, prednisona,

ciclofosfamida e metrotexato, (mais citosina arabinósideo, em alguns casos), tal protocolo

apresentou uma taxa de sucesso na ordem de 61%, com boa resposta clínica, em 4 meses de

tratamento. Comparando resultados de estudos Europeus e Americanos e protocolos, conclui

que não houve diferença, entre as taxas de remissão completa nos gatos com linfoma

extranodal, tratados com COP ou COP mais metrotexato e Doxorrubicina, 72% versus 62%

RT respectivamente. Ainda se refere a Doxorrubicina, testada como agente único de indução

ou de resgate, apresentou índice menor que 30% em estudo experimental, concluindo assim

que a Doxirrubicina foi mais eficaz nos casos em que esteve associado ao Protocolo COP.

(MOORE, 2013).

L- Ásparaginase, foi avaliada como agente único no tratamento de gatos com

linfoma multicêntrico. Apenas 30% dos gatos responderam ao tratamento ,15% com completa

remissão e portadores de linfoma de células T. A desvantagem é o custo do medicamento.

Deve ser armazenada em baixa temperatura e utilizada em 7 dias. A vantagem principal

relatada é que não é mielossupressora e pode ser utilizada em combinação com outras drogas.

(MOORE, 2013)

Protocolo MOOP, combina dois agentes alquilantes, vincristina e predinisona,

com mecloretamina, vincristina, procarbazina.Publicado apenas em forma de resumo, este

protocolo mostrou 52% de resposta completa, remissão total ( RT) , num estudo com 35 gatos

com linfoma, onde 15 apresentavam a forma multicêntrica, 12 a forma extranodal, 6 a forma

Digestório, e 1 mediastinal, concluíram que gatos tratados com procarbazina responderam

bem a este medicamento, e ressaltaram que a mecloretamina ainda não é uma droga

amplamente disponível. (MOORE, 2013).

Outro estudo, descreve a utilização do Protocolo COP para uma população de 61

gatos tratados com linfoma mediastínico e outros tipos de linfomas, onde houve boa tolerância,

o efeito colateral descrito foi a perda de vibrissas em um terço dos gatos. Com taxa de resposta

estimada em 61%, sendo que 46 desses gatos (75,4%) obtiveram remissão completa. Taxa de

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sobrevivência de um ano para 48,7% dos gatos e de dois anos para 39,9% deles, sobrevida

média foi de 266 dias. (TESKE, STRATWN, et al., 2002).

Em um estudo do Reino Unido com 110 felinos tratados com linfoma extranodal,

comparando protocolos de tratamento, taxa de sobrevida, e outros fatores prognósticos,

descrevem que a Doxorrubicina se mostrou benéfica como agente único de manutenção, para

alguns tipos de linfoma, como alimentar e mediastínico. A Doxorrubicina é potencialmente

mielossupressora, nefrotóxica e cardiotoxica, porém ressaltam que, sua inclusão no tratamento

do linfoma extranodal pode ser avaliada. Este estudo descreve a resposta ao tratamento de

felinos com linfoma extranodal, divididos em grupos, e sendo tratados somente com corticoide

terapia – predinisolona sozinha (P), outro grupo com protocolo COP modificado, um terceiro

grupo com o protocolo Wisconsin-Madison (WM).Felinos com linfoma renal receberam

tratamento com WM. Refere que os que receberam predinisolona sozinha responderam em

70% dos casos, mas apenas 30% alcançaram remissão total (RT).Dos 100 animais tratados

com os protocolos WM , COP e outros, 87% alcançaram a remissão total (RT) e 18%

apresentaram remissão parcial (RP), A taxa de resposta ao COP foi de 92,4% (com 48% em

RT) ; a taxa de resposta ao WM foi de 72% ( com 64% de RT) ; e refere que felinos tratados

com protocolo WM foram significativamente menos propensos a responder a remissão

parcial(RP) ou RT, se comparados com os tratados com o protocolo COP. (TAYLOR,

GOODFELLOW e BROWNE, 2009)

O uso de quimioterapia combinada, Clorambucil e predinisolona, já está bem

estabelecido para o tratamento do linfoma GI, de pequenas células, linfociticas, células B,

levando a boa taxa de remissão do linfoma, e pode ser utilizado como tratamento de outros

linfomas linfocíticos. No caso de linfomas com critério histológico linfoblástico de células T,

o protocolo quimioterápico com multiagentes foi mais efetivo, mesmo que tenha sido apurado

apenas a remissão mediana. Em um estudo publicado, ao testarem 28 felinos com este

protocolo, concluíram que é efetivo para linfomas de células B, onde 26 animais (96%)

apresentaram boa resposta clínica em um período de 786 dias. Dos 28 animais tratados, 9

apresentaram remissão total e 7 apresentaram recidiva e foram resgatados com ciclosfosfamida

e predinisolona, com sobrevida de mais de um ano. (STEIN, MACKENZIE e STEINBER,

2011)

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Em seu artigo sobre o uso de quimioterápicos para felinos, Kent faz orientações

gerais. São elas: antes de prescrever um quimioterápico, ou agente alvo, é importante estar

familiarizado com a droga, analisar toxicidade, metabolização e dosagem deste agente. Toda

a informação de dosagem, neste artigo, é baseada em uso como agente único em gatos que são

sistemicamente saudáveis. Se o medicamento for utilizado em combinação ou como parte de

protocolo multi-agente, doses podem ter que ser ajustadas. Se o paciente apresentar doença

renal ou hepática, dependendo da droga, ela pode não ser segura, ou deve ser usada com ajuste

em conformidade com o quadro do paciente. (KENT, 2013)

Ainda se tratando do artigo acima citado, o autor descreve alguns agentes,

utilizados para tratamento quimioterápico em gatos, ainda que estudando seus efeitos adversos

como agentes únicos de quimioterapia. Clorambucil, agente alquilante, tem sido utilizado para

tratar malignidades linfoide como leucemia linfocítica crônica, e linfomas de células

pequenas. Considerado suavemente mielossupressora, geralmente causa efeitos adversos

gastrintestinais. Ciclofosfamida, usado em gatos, geralmente associado em combinação, para

tratamento de uma variedade de tumores, incluindo o linfoma, massas mamárias, e terapia

local nos casos de sarcomas de aplicação. Apresenta toxicidade dose dependente, e um de seus

efeitos mais tóxicos é supressão da medula óssea. Em cães é bem descrito a presença de cistite

hemorrágica, não tão relatado em gatos. No entanto, mediante sinais de polaquiúria, disúria

ou hematúria, o uso da ciclosfosfamida deve ser interrompido. Se utilizar a forma de

apresentação em comprimidos, o mesmo não deve ser cortado. Lomustina, é uma agente

alquilante, que é utilizado no tratamento de tumores linfomas/ mastócitos; sozinho ou em

protocolos de combinação. Seus efeitos colaterais são de ordem hematológica, como

neutropenia e leucopenia, para os gatos. Enquanto é descrita uma incidência relativamente alta

de hepatotoxidade em cães, esse efeito parece ser muito menos comum em felinos. Existe

relatos de desenvolvimento de fibrose pulmonar em felinos que fizeram uso de lomustina, em

doses altas e por longo tempo. Quanto aos antibióticos antitumorais, descreve: Doxorrubicina

é comumente utilizada, para o tratamento de tumores linfoide, carcinomas e sarcomas. Onde

a toxicidade é dose dependente e pode induzir a neutropenia, anorexia pode ser comum e dano

renal, levando à insuficiência é comum com altas doses. A toxidade cardíaca não foi relatada

para a espécie felina. Devido aos danos renais a maioria dos médicos veterinários limitam a

dose de Doxorrubicina a 180-240 mg/m². Mitoxantrona, é um antibiótico antitumoral, que

tem sido utilizado em protocolos de felinos com linfoma, tumores mamários, e carcinomas de

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células escamosas. Embora este medicamento seja mais mielossupressor que a Doxorrubicina,

ao que parece ocasiona menos lesões renais, seus efeitos secundários são de ordem

gastrointestinais, incluindo vômitos, diarreia e anorexia. (KENT, 2013).

Os agentes platinados, tem ação segura como aplicação intra-lesional, o uso da

cisplatina sistêmico é contraindicado para a espécie felina. Em cães o sistema de interesse a

ser tratado é o sistema renal, em gatos é o sistema respiratório em doses baixas de 40mg/m2,

mesmo assim há descrição de gatos que desenvolveram derrame pleural, edema de pulmão,

dispneia, levando ao óbito, possivelmente por lesão inflamatória, achados de necropsia, por

tanto não é recomendado seu uso para os felinos. Carboplatina, embora pertença a mesma

classe de fármacos, pode ser administrada com segurança em felinos, e foi utilizada para

tratamento de uma variedade de carcinomas e sarcomas. A dose segura é menor que a utilizada

para cães. A neutropenia é o efeito secundário limitante para essa droga, e pode ocorrer de 7 a

21 dias após administração. Nefrotoxicidade tem sido relatada, e deve ser usada com cuidados

em gatos com insuficiência renal. (KENT, 2013).

Alcalóides de vinca, como vincristina, tem sido usada em protocolos de

combinação para linfoma felino. Embora considerado relativamente como fraco

mielossupressor, pode causar anorexia, gastroenterite e neuropatia periférica em gatos.

Vimblastina, como a vincristina, é utilizada no tratamento de linfoma e de tumores de grandes

células. Embora mais mielossupressora que a vincristina, apresenta menos risco de efeitos

secundários gastrointestinais.

Diversos outros agentes, entre eles a enzima L-asparaginase, derivada da

Escherichia coli, tem sido utilizado em felinos para o tratamento de tumores linfoides. Seu uso

faz com que haja diminuição de células tumorais, pois esta enzima inibe a síntese do

aminoácido Asparagina, que é altamente exigido para a manutenção e crescimento das células

tumorais linfoides, por este mecanismo de inibição de aminoácido, a L-asparaginase elimina

seletivamente as células tumorais. Um estudo que avaliou os efeitos da L-asparaginase no

tratamento do linfoma felino, mostraram níveis reduzidos de asparagina em gatos por 2 dias

após a administração, esses efeitos foram perdidos em tempo médio de 7 dias, o que é uma

duração de efeito considerado muito curto em relação ao cão, que pode ter o efeito durando

semanas. Isso pode ser devido ao gato ser um carnívoro estrito, consumindo dietas de elevado

teor de proteínas, juntamente com uma elevada taxa de síntese de aminoácidos. Não ficou

demostrado o benefício clínico na utilização de l-asparaginase para o tratamento de linfoma

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felino. A taxa de resposta global e parcial é estimada em 30%. Os efeitos colaterais relatados

são mínimos, embora possa ocorrer uma reação anafilática por se tratar de uma proteína

exógena. A resistência a esta droga é comum, devido à regulação positiva de síntese de

asparagina nas células sobreviventes do tumor. Embora não investigadas, este seja um

provável mecanismo de resistência dos tumores nesta espécie. (KENT, 2013)

Ainda citando o trabalho de Kent, quanto aos corticosteroides o autor diz, que

predinisona e predinisolona são os corticosteroides mais utilizados em gatos, e fazem parte de

múltiplos protocolos para o tratamento de diversos tumores, entre eles o linfoma. Predinisona

deve ser convertido no fígado, par ser ativado disponibilidade para a espécie felina, e que a

biotransformação hepática, nesta espécie não é tão eficiente, portanto o uso de predinisolona

é mais eficaz. A utilização de corticosteroides de longo prazo é associada ao risco de

desenvolver diabetes melittus, com resistência insulínica, mas no felino isto ocorre mais

quando é utilizado a forma injetável de longa duração. (KENT, 2013)

8. TERAPIA DE REINDUÇÃO.

Na primeira recidiva do linfoma, é recomendada que a reindução seja tentada por

meio da reintrodução do protocolo de indução que se mostrou eficaz. A probabilidade de

resposta e sua duração correspondem à metade daquelas vistas na terapia inicial, porém uma

parcela dos pacientes passará por reindução duradoura. (VAIL, 2004)

Se a reindução falhar, o emprego de protocolo de salvamento, ou de resgate, pode

ser tentado. Estes protocolos constituem de combinações de fármacos, encontrados no CHOP

padrão, podem incluir esquemas de um só agente ou terapia combinada. Em geral, são

relatados taxa de resposta à terapia pós-recidivante de 40% a 50%, mas normalmente essas

respostas não são duradouras, sendo comum valores médios de um mês e meio a dois meses

de duração. Um pequeno número de animais terá sobrevida mais prolongada.

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A lomustina é um fármaco, que faz parte dos agentes classificados como alquilantes,

e tem como forte característica ser um dos poucos a atravessar a barreira hematoencefálica.

Utilizada com sucesso para tratamento quimioterápico de tumores cerebrais, melanomas

metastáticos e linfomas em humanos. Em cães tem sido usada tanto como agente único

quimioterápico, como em protocolos combinados, para tratamento de alguns tumores entre

eles tumores cerebrais e linfomas. Em um estudo, avaliando a Lomustina como agente de

resgate para o linfoma felino resistente, foi utilizado em protocolo, em 25 gatos portadores de

tumores malignos, dos 39 gatos avaliados no estudo, sendo 17 portadores de linfomas e os

demais com mastocitoma, fibrossarcoma, entre outros. O resultado foi de que cinco dos 17

gatos com linfoma e 01 gatos com mastocitoma apresentaram boa resposta ao protocolo, o

restante apresentou resposta parcial. Concluíram que o tipo de linfoma, classificação

imunoistoquimica e a localização anatômica, são fatores significativos que determinam o

prognóstico e o risco de progressão em gatos com linfoma recidivante, e ainda que, o uso da

lomustina deve ser considerado, como agente de resgate para tumores de diversos locais

anatômicos, de células pequenas e de células intermediárias, para a espécie felina.

(DUTELLE, FLEMING, et al., 2012)

9. EFEITOS ADVERSOS AO TRATAMENTO QUIMIOTERÁPICO.

Os efeitos adversos comumente relatados, inclui neutropenia, perda de vibrissas,

vomito, diarreia, anorexia, relacionados a utilização de protocolos COP e MW, choque

anafilático e cistite relacionado ao uso da ciclosfosfamida, (TAYLOR, GOODFELLOW e

BROWNE, 2009)

Toxicidade hematológica, trombocitopenia, neutropenia, relacionados ao uso de

Clorambucil, e resolvidos com a aumento de intervalo entre doses, ou recalculo de doses ou

retirada do fármaco. (STEIN, MACKENZIE e STEINBER, 2011)

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Em estudo sobre o uso da Lomustina como agente de resgate, há referências de

trombocitopenia, e efeitos não hematológicos incluem, reações adversas gastrointestinais,

como êmese, diarreia, diminuição do apetite, engasgos. Houve registro também de derrame

pleural, febre, derrame retroperitoneal, inchaço de face, tosse e ulceração ocular. (DUTELLE,

FLEMING, et al., 2012).

Considerações sobre os efeitos colaterais da quimioterapia para gatos com

tumores, são de extrema importância. O efeito colateral mais comum, e pode ser dose limitante

para muitas drogas é a neutropenia, o nadir, ou seja, a menor contagem de neutrófilos ocorre

cerca de 01 semana após a quimioterapia, mas varia conforme o agente utilizado. A fim de

evitar sepse ou outras infecções graves, é importante monitorar as contagens de células branca

do sangue, antes de uma nova dose de quimioterapia. Sinais gastrointestinais são efeitos

colaterais comuns. Os gatos são mais suscetíveis a perda de peso e inapetência do que cães,

antiemético e anoréxicos devem ser dados a qualquer gato que receba quimioterapia.

Combinações de antiemético que agem através de diferentes mecanismos de ação, pode ser

mais eficaz do que um único agente sozinho. Combinações eficazes incluem metroclopramida

juntamente com um antagonista de 5-HT3 tais como ondasentrona, ou com um inibidor da

substância P como maropitant. Estimuladores de apetite como mirtazapina ou ciproeptadina,

podem ser úteis. Perda de bigodes, geralmente é revrtida após o término da quimioterapia, e

alopecia generalizada também pode ocorrer, apesar de ser mais rara, é mais comum que

percam alguns pelos ou estes fiquem mais ralos. (KENT, 2013).

10. ESTADIAMENTO.

Estadiamento da doença é que permite estabelecer o tratamento apropriado,

e prognóstico. Estadiamento clinico refere-se a detectar a extensão total da doença, o que é

difícil de definir em um felino, devido as diversas formas anatômicas do linfoma. (MOORE,

2013).

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A avaliação da alteração da carga tumoral é uma importante característica da

avaliação clínica terapêutica do câncer. A diminuição do tumor (resposta objetiva), o tempo

para o desenvolvimento da progressão da doença, são parâmetros importantes para o estudo

clinico de tumores malignos. (EISENHAUR, THERASE, et al., 2008)

Na Medicina Veterinária, a normatização, a medição, a nomenclatura utilizada

para o acompanhamento do tratamento tumoral e a avaliação da resposta frente ao protocolo

proposto, foram adaptados de uma base de dados da Medicina Humana, que reúne esses

critérios e tem uma extensa base de dados sobre diversos tipos de tumores malignos, deste

guia conhecido como RECIST, é que surgem termos e critérios de avaliação, como por

exemplo, em seu item 4.3.1,onde aborda os critérios utilizados para avaliar a resposta ao

tratamento, são eles: Resposta Completa (RC) , quando há desaparecimento de todas as lesões

alvo, remissão de 100%; Resposta Parcial (RP) quando há pelo menos 30% de redução no

diâmetro da lesão ou diminuição do tumor em 50% ; Doença Estável (DE) quando não ocorre

aumento para se qualificar a doença como progressiva, nem diminuição do tumor para se

qualificar como progressiva ; Doença Progressiva (DP) quando há aumento em lesão alvo de

20%.Em outro item do RECIST , o 4.3.3 faz as avaliações para classificação das lesões não

alvo, a seção fornece critérios utilizados para determinar a resposta do tumor para grupos de

lesões não-alvo, que devem ser avaliados qualitativamente respeitando os períodos de tempo

especificados no protocolo de tratamento, são eles: Resposta Completa (RC) quando há

desaparecimento de todas as lesões não-alvo e normalização do nível do marcador tumoral,

sem aumento em gânglios linfáticos; Resposta parcial ou persistente (RP) quando há

persistência de uma ou mais lesão não-alvo, e/ou manutenção do nível do marcador tumoral

acima do limite normal; Doença progressiva (DP) quando ocorre progressão inequívoca das

lesões-alvo existentes, ou aparecimento de novas lesões. (EISENHAUR, THERASE, et al.,

2008).

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DISCUSSÃO.

Devido ao número de protocolos quimioterápicos disponíveis para uso, vários

fatores devem ser considerados e discutidos antes de se escolher um protocolo. Esses fatores

incluem custos, compromisso com a duração do tratamento, eficácia e toxicidade dos

protocolos, experiência do clínico com o mesmo. Em geral os protocolos complexos são mais

onerosos, consomem mais tempo, requerem retorno e monitoração, e provavelmente resultam

em toxicidade maior do que os protocolos mais simples, que utilizam apenas um agente

quimioterápico. No entanto, via de regra, protocolos de combinação mais complexos,

poliquimioterapia, resultam em remissão e tempo de sobrevivência mais prolongada, do que

os protocolos com agente único, monoquimioterapia. (VAIL, 2004).

Remissão total ou parcial, progressão da doença, sobrevida global, protocolos de

acompanhamento, avaliação da recaída, duração da remissão livre de progressão, protocolos

de resgate, índice de mortalidade, nem sempre estão descritos em todos os artigos publicados.

A abrangência dos critérios de análise em cada estudo e os dados sobre a população de felinos

estudados, devem ser ponderados e influir na decisão do melhor protocolo a ser usado, antes

de se iniciar a quimioterapia. (TAYLOR, GOODFELLOW e BROWNE, 2009)

Informação sobre tratamento de resgate no linfoma felino é limitada e requer mais

estudos aprofundados. (TAYLOR, GOODFELLOW e BROWNE, 2009).

Em artigo sobre o uso da Lomustina, como agente de resgate em gatos com linfoma,

o autor deixa claro que faltam estudos e informações adicionais sobre o perfil da toxicidade

da lomustina em terapia de combinação, sobre a dose ideal, bem como quanto a um

cronograma de tratamento apropriado para a espécie felina. (DUTELLE, FLEMING, et al.,

2012)

Outro autor que compartilha da opinião de que faltam estudos sobre a toxicidade de

drogas alvo no tratamento de tumores de felinos, diz em um de seus artigos que terapias

direcionadas foram recentemente desenvolvidas, mas maiores investigações são necessárias

para averiguar dose segura dos agentes quimioterápicos para a espécie felina, e que são

necessários mais estudos para identificar a frequência e a presença de mutações dos fármacos

alvo nos tumores de felinos. (KENT, 2013)

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Em outro estudo, os autores referem que a resposta ao tratamento COP, para o

linfoma extranodal se mostrou apropriado, o autor sugere que a terapia com corticosteroides

não seja utilizada previamente para aqueles pacientes que seguirão com o tratamento

quimioterápico, se baseiam em estudos prévios que referem que os gatos que utilizaram

previamente corticoterapia apresentaram menor sobrevida. (TAYLOR, GOODFELLOW e

BROWNE, 2009)

Estadiamento da doença é que permite estabelecer o tratamento apropriado e

prognóstico. Estadiamento clinico refere-se a detectar a extensão total da doença, segundo o

autor, é difícil de definir em um felino, devido as diversas formas anatômicas do linfoma.

(MOORE, 2013).

Embora os tumores malignos em muitos aspectos sejam semelhantes em todas as

espécies, diferenças ocorrem. Isto é particularmente verdadeiro para o gato, no que diz respeito

ao amplo espectro de locais onde esses tumores ocorrem, o comportamento biológico desses

tumores, e a maneira como os gatos respondem ao tratamento quimioterápico. Preocupações

específicas para espécie incluem diferenças de dosagens, perfis de toxicidade, e deve-se ter

claro, que os gatos não são cães de pequeno porte e, para atender aos gatos deve-se ter um

bom planejamento para realizar o tratamento de forma segura e eficaz. O tamanho e peso de

um gato pode tornar difícil o ajuste de dosagem de drogas quimioterápicas. Como não há

nenhuma quimioterapia ou agentes aprovados direcionados para uso em gatos, tamanhos dos

comprimidos não são produzidos em dosagens apropriadas para seu peso, isto é mais um

problema ao compararmos o tratamento de um gato com o de um cão, que mesmo que seja de

pequeno porte, muitas vezes pesam mais que a média de peso dos gatos. Muitos fármacos

quimioterápicos são dosados tendo como base a área superficial corporal (BSA – Body Surface

Area), em oposição ao peso do corpo. BSA é uma fórmula, usado para seres humanos e

pacientes veterinários, para ajuste de dose de medicamentos que possuem intervalo terapêutico

estreito. Por meio da fórmula BSA, os ajustes de dosagem de medicamentos são feitos, com

base em processos fisiológicos incluindo função renal e energia metabolizável, conversão de

peso corporal em área superficial corporal. A fórmula BSA é mais precisa para os indivíduos

que diferem em tamanho, mas não em forma. Na fórmula BSA, existe uma constante

denominada K. Para felinos, o valor mais comumente utilizado é a constante K de 10,2. Esse

valor difere do valor de constante utilizada para cães que é de 10,1. O número 10 como um

valor K em gatos é a base de estudo do artigo, onde o autor argumenta, que o valor foi admitido

e é utilizado, mas deriva de um estudo anterior envolvendo cadáveres de gatinhos, do qual o

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conteúdo intestinal foi removido. Concluindo que os pesos obtidos nesta configuração

experimental podem não se correlacionar adequadamente com os pesos derivados de gatos

adultos que não estejam em jejum. Além disso, os métodos relacionados para determinar a

BSA, estão sujeitos a um erro na ordem de 10%. Somando-se a esses fatores, existem fatores

adicionais que são limitações para o uso da fórmula BSA para calcular doses de fármacos para

felinos, pois estes podem ter variações individuais de metabolismo, distribuição e excreção.

Pode haver diferenças em proteínas de ligação, absorção, metabolismo e excreção, entre

indivíduos felinos, levando a variação de níveis atingidos pelo metabolismo dessas drogas no

organismo individual. O exponente para peso corporal de 2/3, que é utilizado no cálculo BSA,

para cães e felinos, também tem sido questionada, uma vez que gatos obesos tem um valor de

taxa de referência inferior se comparado a indivíduos gatos de peso normal. Isto pode explicar

porque várias das drogas quimioterápicas que são dosadas em BSA para cães, são dosadas em

mg/kg para gatos. (KENT, 2013).

Antony Moore, em seu artigo sobre Linfoma Extranodal no Gato, prognóstico e

opções de tratamento, já citado anteriormente neste trabalho é categórico em afirmar que

utilizar o termo Extranodal é complicado em se tratando da espécie felina. Justifica sua

afirmação, ao relatar que a maioria dos linfomas em felinos afeta vários locais anatômicos e

não somente gânglios linfáticos, diz que a nomenclatura extranodal não engloba os subtipos

de linfomas com vários locais anatômicos afetados e não infere sobre os impactos que o

comportamento desta doença provoca e como seria a melhor forma de gerir essa doença no

gato. O tipo extranodal mais comum que acomete felinos é o gastrointestinal (GI), este foi

mais profundamente revisto. A abordagem para outros tipos de linfoma, prognóstico e

tratamento ele faz em seu artigo, mas exclui o linfoma mediastínico, GI, e cutâneo, bem como

os linfomas que afetam o pulmão, e completa que assim o faz porque há pouca informação

específica publicada. Reitera em seu texto que Extranodal é uma nomenclatura difícil para ser

usada em felinos, já que o envolvimento nodal com o linfoma é relativamente incomum, e a

maioria dos pacientes tem envolvimento em diversos locais extranodais, quer isoladamente,

quer em combinação com os locais nodais .Isso enfatiza o que ele crê ser o aspecto mais difícil

de ser analisado nos linfomas felinos, isto é, a natureza heterogênea desta doença que desafia

a ampla categorização, e que portanto dificulta o desenvolvimento de perfis de prognósticos

para pacientes individuais. Segundo opinião do autor, as tentativas de categorizar o linfoma

felino por local anatômico têm sido inconsistentes, por normalmente atingirem sítios variados,

multicêntricos, o que causa confusão na classificação, como no caso do extranodal misto e o

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extranodal não classificado, cita como exemplo a classificação do linfoma renal, alguns

grupos de estudo o incluem como linfoma alimentar, outros autores o incluem no grupo de

linfoma multicêntrico, e outros ainda o classificam como tumor abdominal localizado.

(MOORE, 2013)

CONCLUSÃO.

A decisão do melhor protocolo, a ser usado para a espécie felina no tratamento do

Linfoma, como monoquimioterapia ou poliquimioterapia, depende da avaliação clínica do

animal, condição retroviral, critérios histológicos do linfoma, (células B ou T, ou misto) e

localização anatômica. A partir do que foi exposto, podemos concluir que o tratamento

instituído para este felino de que trata o Relato de Caso, apresentando Linfoma Multicêntrico

com infiltração Renal, está de acordo com o descrito em literatura, mediante o estado

debilitado do animal, optou-se por protocolo com monoquimioterapia paliativa utilizando

corticoideterapia e tratamento suporte, fluidoterapia três vezes na semana, entre outros. A

decisão por este tratamento também foi pautada no prognóstico desfavorável associado ao

linfoma renal, cujo tempo médio de sobrevida é considerado baixo, tomando-se por base

trabalhos publicados. Assim faz-se necessários mais estudos, uma vez que são limitados os

trabalhos publicados referentes exclusivamente ao Linfoma Multicêntrico Renal para a espécie

felina.

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