lina bo bardi - a historia
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8/7/2019 Lina Bo Bardi - A Historia
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A justificativa para a escolha desta arquiteta se deve aos estudos realizados na faculdade e a
admirao por sua obra, que sutilmente lida com as formas geomtricas que possuem.
Lina Bo Bardi encantou a todos ao pisar no Brasil. uma figura para nossa cultura, pela
singularidade capaz de entender a populao, a cultura e histria do local, e produzir
arquitetura a partir destes elementos.
Breve Histrico
Achillina Bo nasceu em Roma perto do Vaticano, Itlia 1914. Aprendeu a desenhar com seu
pai, e antes de se formar arquiteta, em 1940, estudou desenho no Liceu Artstico, se formou
na Faculdade de Arquitetura da Universidade de Roma, que tinha como enfoque as disciplinas
de Histria da Arquitetura, o que elevou seus estudos e tambm a preocupao com os
monumentos, na poca dirigido por Marcello Piacentini (Roma, 1881 1960), conhecido
como o arquiteto do regime fascista. Na poca de sua formao, a arquitetura moderna na
Itlia j consolidava vrias correntes modernistas, mesmo que ainda ideolgica. Por estar
descontente com esse pensamento fascista e nostlgico que havia em Roma, na dcada de
1930 se muda para Milo, que se configura um plo cultural vanguardista, e busca nessa
cidade reformista e industrial abraar de vez o racionalismo e o modernismo, o conhecido
international style, uma arquitetura universal. Trabalhou com o arquiteto Gi Ponti (Milo,
1891 - 1979), fundador da revista Domus e editor da revista Stile, que defende o pensamento
que no se separa arquitetura do mobilirio e o lder do movimento de renovao do
artesanato italiano. Mais tarde, foi editora da revista Domus e Quaderni Domus, publicando
artigos crticos sobre artes em geral.
A Europa estava em um momento de reconstruo de seus ideais: de um lado, os fascistas
propunham uma cidade grandiosa construda como monumentos baseados no movimentofuturista, e do outro lado, as discusses do CIAM, que criticava o estilo monumental e se
baseava na cidade funcionalismo. Lina nesses discursos apoiava Ernesto Nathan Rogers
(Milo, 1909 - 1969) que questionava o radicalismo e utopismo do movimento moderno,
querendo a sua reformulao perante a questo em que arquitetura deveria de comunicar com
a populao entre as pessoas e os espaos.
Em 1943, ingressa no partido comunista clandestino, que aps a guerra, pensa nos novos
fundamentos do movimento moderno, e esse grupo de jovens arquitetos acreditavam que as
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cidades no deveriam ser funcionalistas e universalistas, deveriam se diferenciar e se
identificar conforme o lugar, a populao e os seus valores culturais.
Juntamente com Bruno Zevi (Roma, 1918 - 2000), antifascista, um defensor da arquitetura
orgnica, funda a revista A Cultura della Vita, que trata da reconstruo das cidades
europias.
Aps o final da Segunda Guerra Mundial, em 1947, casa-se com o Pietro Maria Bardi (Itlia,
1900 - 1999), artista e jornalista, um dos grandes personagens para a arte no Brasil; devido
aos traumas da guerra e as desiluses polticas, parte para o Rio de Janeiro, local totalmente
diferente da Europa - o que fascina Lina desde o incio, local onde no havia runas e nem
passado de guerras, um local com espao para criao. O Brasil estava passando pelo perodo
da migrao de mo-de-obra impulsionado pela indstria. O que incentivou a vinda derenomeados arquitetos era a mostra de Arquitetura brasileira no MOMA, em 1942, e tambm
foram atrados pela economia e cultura brasileira. Vieram para So Paulo atrados pelo
programa de expanso da construo da cidade, voltados para indstria, lazer e moradia.
Conheceu figuras importantes como Lcio Costa, Oscar Niemeyer, Burle Marx e Assis
Chateubriand, que mais tarde convida seu marido para ser o diretor do museu de arte, que
Lina projetar futuramente.
No meu pas de escolha me senti cidad de todas as cidades... onde tudo era possvel LinaBo Bardi.
Brasil vivia um perodo histrico poltico democrtico. Entre duas ditaduras militares, foi
impulsionado pela busca da modernidade, e um smbolo da poca foi a construo de Braslia,
aparecimento da Bossa Nova e as vanguardas artsticas modernistas. Um perodo da
concretizao das idias da arquitetura moderna e a insero de arquitetos estrangeiros
imigrantes, onde Lina se insere profundamente com esse pensamento modernista.
Em 1948, funda juntamente com o arquiteto Giancarlo Palanti (Milo, 1906 - 1977) o StudiodArte Palma e mais tarde a Fbrica de Mveis Pau Brasil, voltada a produo de mveis
utilizando matrias nacionais e populares. Nessa produo do desenho industrial, onde mais
tarde cria no pas o primeiro curso de desenho industrial, no Instituto de Arte Contemporneo
e no MASP.
Funda em 1950 a revista Habitat que j no primeiro nmero elogia as obras de Vilanova
Artigas. Possua artigos que podem ser considerados como desabafos das formas de produo
das artes em geral.
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Em 1955, convidada pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade So Paulo
como professora da cadeira de composio decorativa, transformando depois em cadeira de
desenho industrial.
Muitos tericos classificam a produo da arquiteta no Brasil em trs fases: Brasil Moderno
(1948 - 1957), Memria do Brasil Arcaico (1958-1964) e Inveno da Memria Brasileira
(1976-1992).
Em 1958, muda para Salvador, o que ela considera como plo cultural, e convidada para dar
aula de Teoria na Universidade Federal de Salvador e dirigir o Museu de Arte Moderna da
Bahia. Considerado como a fase Memria do Brasil Arcaico, atrada pelo pensamento de
conservao dos edifcios como parte da cultura e o pensamento da arquitetura como
objeto do popular, a simplificao da obra. Desenvolve o seu primeiro projeto de restauro ese insere em mltiplas atividades, uma delas, a arquitetura cnica. Em suas exposies e em
suas aulas, Lina utiliza isso em forma de manifesto e crtica ao governo.
Em 1964, com o incio da Ditadura Militar, as atividades populares e culturais, so impedidas
pelos militares; quando volta a desenvolver as exposies. considerada a fase Inveno da
Memria Brasileira, quando pretende o esquecer o passado e repensar um Brasil Novo. Um
perodo marcado pelos manifestos de exposio e opinio em revista e jornais, e a srie de
projetos desenvolvidos para a populao.Volta para So Paulo em 1964, aps o golpe militar, incorporando nos seus projetos o
pensamento da tradio popular com o desenvolvimento industrial, radicalizando os seus
conceitos da arquitetura moderna.
Mais tarde, podemos perceber nos seus projetos a sua resistncia perante o capitalismo e a
produo de mercado, e a luta pela identidade nacional e tambm a liberdade.
Trabalha at o fim de sua vida, 1992, como arquiteta, designer, curadora...
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Obras
Podemos dizer que as obras de Lina, so voltadas para edifcios intistucionais: museus,
teatros, centro cultural, entre outros. Demonstrando em seus artigos e obras a sua preocupao
social e cultural, obras que resgatam a memria da populao com uma base de manifesto
poltica.
Tanto em suas obras construdas ou as adaptaes a edifcios j existentes, segue a idia do
modernismo - planta livre, flexibilidade, racionalismo e novas tcnicas construtivas - com
uma linguagem brasileira.
Masp - Museu de Arte de So Paulo, Avenida Paulista, So Paulo:
Projetado entre 1957 e 1968, explora a tecnologia dos materiais transformando-o no maior
vo da Amrica Latina (70 m). Pela poca que a obra foi construda, mostra mais uma vez a
ousadia da arquiteta em fazer o vo se preocupando tanto com a vista.
Uma arquitetura que se comunica com o usurio, mesmo sendo monumental, ainda assim,
uma arquitetura pobre. Pensando em utilizar a forma mais simples de solucionar os
problemas, sem acabamentos e com concreto do jeito como sai das formas.
O terreno doado tinha como condio no destruir a ligao ao parque Trianon e o belvedere
com vista da Avenida Nove Julho.
A soluo adotada divide o programa em dois edifcios: o primeiro esta suspenso h 8 metros
do cho, liberando o vo livre, que ao mesmo tempo emoldura a paisagem. De racionalidade
construtiva e tecnolgica caracterizado pelo piso emborrachado industrial, parede
envidraada, concreto aparente e a transparncia. O segundo edifcio est semi-enterrado, e
caracterizado pelo piso com pedra natural, ajardinado nas laterais e formas irregulares.O vazio entre os dois edifcios o nico respiro que a Avenida Paulista, totalmente
verticalizada, possui.
O edifcio estruturado por quatro pilares, duas vigas de concreto protendido na cobertura, e
duas vigas centrais para sustentao do andar de baixo. A estrutura distribui os espaos
interiormente, nas laterais, rea destinada a escritrios, salas de reunies, administrao e o
grande espao entre as vigas destinado ao salo de exposio. O edifcio no subsolo tem seu
programa distribudo entre nveis devido ao declive do terreno: 1 subsolo - restaurante,biblioteca e hall, 2 subsolo - exposies e auditrio.
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Para Lina, a forma de expor tem que ser livre. A obra encarada como algo vivo rompendo
com a noo clssica de museus e um percurso contnuo e linear. O belvedere o espao para
exposies ao ar livre, local de encontro e revolues.