limites sem controle

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Artigo do diretor geral da Rae,MP, Marcelo Ponzoni, para a revista "Gestão & Negócios"

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Page 1: Limites sem controle

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* MARCELO PONZONI É PUBLICITÁRIO E DIRETOR EXECUTIVO DA AGÊNCIA RAE,MP, QUE ATUA HÁ 25 ANOS NO MERCADO; E AUTOR DO LIVRO “EU SÓ QUERIA UMA MESA”, DA EDITORA SARAIVA. E-MAIL: [email protected] - WWW.RAEMP.COM.BR

TEXTO DE MARCELO PONZONI

CONVERSA AFINADA ARTIGO

É muito normal acharmos que temos o controle sobre as coisas que estão a nossa volta, em nossas vidas. Temos a utopia de acreditar que somos donos de nossas pos-ses e razões, mas pobre de quem acredita nessas ilusões. A cada dia, e após alguns períodos de alegrias e dores, amores e dis-sabores, passamos a observar a vida com um olhar mais experiente, criamos calos, desenvolvemos uma espécie de couraça, mas quando nos achamos convictos de nossos controles, a vida, sem muita expli-cação, simplesmente vira de ponta cabeça e sem o mínimo aviso nos toma de manei-ra abrupta, nos desorienta e nos mostra que não sabemos nada sobre nada. O que parecia impossível acontece, um sentimen-to de total descontrole e aí nos pergunta-mos: O que é isso? O que está acontecen-do? De onde veio? Para onde vai?Somos incapazes de reagir, não existe for-ça su�ciente capaz de acalmar a reviravol-ta. Quanto mais tentamos correr parece que o efeito é contrário, como uma areia movediça: quanto mais você reage mais rápido afunda. A vida sempre mostrou que o tempo é sábio, mas continuamos a não acreditar. Mas, queiramos ou não, a vida continua e precisamos enfrentar quaisquer que sejam as consequências que ela nos apresenta. As decisões e as escolhas cons-cientes podem ajudar o melhor resultado futuro. Nesses tempos revoltos, a cons-ciência é questionada e testada ao extre-mo, as decisões impõem medos superio-

res, os riscos contemplam longo alcance, o efeito, para os envolvidos, pode ser irreversí-vel e, por esse motivo, muitos se paralisam diante da decisão, mas, sem prestar atenção, protelam suas escolhas, causando à frente estragos muito mais profundos, às vezes, somente a nós mesmos.Até onde suportamos a pressão, aquelas que vivenciamos conscientemente por uma con-quista maior ou aquelas em que não temos chance de escolha? Como retomar o controle daquilo que era estável e perene? Com o tempo, passamos por inúmeras situações de pressão e acaba-mos por adquirir a sábia paciência e entendi-mento sobre tempo vs. conquista. Percebe-se que nada se concretiza no momento que gostaríamos, e isso mostra a necessidade frequente de muito planejamento para que alcance um �nal satisfatório. Sim, ter atitudes é realmente um verdadeiro ato de coragem e nos momentos de pressão elas precisam ser muito mais estratégicas, pois o erro pode levar a graves penas, assim como a paralisação. A diferença está na pos-sibilidade do acerto. Na atitude, as chances aparecem e a transformação cria o movimen-to. Na paralisação, a situação se comprova e os desdobramentos passam a não estar mais sob o seu controle. Quando pulamos na frente, chamamos a responsabilidade da di-reção, assim temos mais autonomia e somos conhecedores dos eventos.A vida nos prega peças mesmo e isto não é novidade, seja em nosso cotidiano seja ao

nosso redor, ninguém está livre ou imune aos caprichos da vida. Muitas vezes, acha-mos que os nossos problemas são maiores que dos outros. Isso não existe, pois a vida prova a todos nós por caminhos diferentes, mas com igual intensidade, do mais pobre ao mais rico, do mais novo ao mais velho, do mais feio ao mais lindo. Não existe escolha nem esconderijo: o que existe é o livre-arbí-trio. Mas é dentro do nosso “eu” que as dores e sentimentos mais fazem seus estragos e só cada indivíduo consegue mensurar isso.Abordar esses assuntos e mexer na caixa de pandora pessoal é algo delicado em nossas vidas, pois provoca reencontros pouco de-sejados, assuntos mal digeridos e decisões não tomadas. Muitos acumulam assuntos importantes que com o tempo passam a pesar e queira ou não, um dia terão de ser enfrentados.Somos seres sensíveis, reativos, rimos e choramos, amamos e odiamos a partir dos movimentos que nos rodeiam. Pouco sabe-mos lidar com esta avalanche de reações que muitas vezes nos tomam sem pedir a míni-ma permissão. Sendo assim é preciso muita calma e ao mesmo tempo muita atitude a �m de, no mínimo chamar o pseudocontrole para suas mãos. Pense, re�ita e haja!

Limites sem controle

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