lima, tania. arqueologia histórica no brasil. balanço bibliográfico

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Arqueologia

Histrica no Brasil:)*

balano 5ibliogrfico (1960-1991

Tania Andrade Lima Universidade Estcio de S Bolsista/CNPq

As primeiras manifestaes de interessei no Brasil{ pela aplicao de tcnicas arqueolgicas a contextos derivados dos colonizadores europeus e seus descendentes{ ou de seus contatos com as populaes nativas, surgiram no segundo quartel deste sculo. Ao final da dcada de 30, empenhado na localizao das

*

Agradecimentos:

chamadas 11casas fortes11construdasno sculo XVI por Gabriel Soares de ,Souza em suas penetraes no serto baiano{ Hermann Kruse empreendeu escavaes em dois desses fortins{ erigidos com finalidades defensivas contra os ndios da regio. Os resultados dessas pesquisas nunca foram publicados e dela existem apenas relatrios{ arquivados no Instituto Brasileiro do Patrimnio Cultural (IBPC). A essa mesma altura{ no estado do Paran, Loureiro Fernandes desenvolveu um trabalho pioneiro nos nichos existentes nos ngremes paredes da Serra Negra{ em Guaraqueaba{ contendo ossadas humanas e vestgios de selos de argila destinados a vedar as aberturas na rocha. Essestmulost muito perturbados{ foram interpretados como possivelmente pertencentes a negros qUilombolas{ porm nenhum reduto passvel de Ihes ser atribudo foi encontrado nas proximidades. Esta pesquisa no chegou a ser publicada, tendo sido apenas comunicado pessoalmente a Igor Chmyz{ que a registrou em um levantamento sobre-a arqueologia histrica no estado do Paran{ em 1985 (Ddalo 24: 171-97). Nos anos 40, uma arqueloga norte-americana{ Virgnia Drew Watson{ promoveu uma abordagem arqueo-histrica a Ciudad Real do Guair{ antiga vila espanhola quinhentista no oeste do Paran{ publicando seus resultados na American Antiquity(1947 13(2):163). Coletando os cacos cermicosAnais do Museu Paulista Nova Srie NQ 1 1993

A todos os colegas que gentilmente colaboraram na localizao e remessa de muitos dos textos analisados, em particular aos Profs. Alfredo Mendona de Souza, Igor Chmyz, Klaus Hilbert, Marcos Albuquerque, Maria da Conceio Beltro, Margarida Davina Andreatta, Paulo Eduardo Zanettini e Pedro Augusto Mentz Ribeiro. A Regina oeli Pinheiro da Silva, que no mediu esforos na busca de publicaes mais antigas ou de circulao restrita, toda a minha gratido.

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a ocorrentes{ filiou culturalmente o material recolhido e abriu caminho para futuros trabalhos nesse povoado. J na dcada de 50{ foram feitas escavaes na capela do antigo Colgio dos Jesutas{ em Paranagu{ onde atualmente est instalado o Museu de Arqueologia e Artes Populares{ sob a orientao de Loureiro Fernandes{ visando fornecer subsdios para trabalhos de restaurao no prdio{ tombado pelo Patrimnio Histrico e Artstico Nacional. Tampouco essas pesquisas foram publicadas{ tendo sido igualmente registradas por Chmyz (op.dt.){ que delas tomou conhecimento atravs de informao pessoal daquele pesquisador. No Rio Grande do Sul{ em 1959{ o Padre Lus Gonzaga Jaeger{ SJ{ abriu trincheiras nas misses de So Nicolau{ So LusGonzaga e So Borja{ porm de forma totalmente assistemtica{ sem jamais ter publicado seus resultados. De fato{ foi apenas no incio dos anos 60 que a Arqueologia Histrica emergiu formalmente reconhecida como um campo de pesquisa{ atravs de investigaes conduzidas por arquelogos pr-historiadores em stios histricos. A disciplina a esta poca{ fortalecida pelos dispositivos da recmcriada lei n. 3.924{ entrava em uma fase de grande dinamismo{ com a implementao de pesquisas por todo o pas. Fortemente impregnada da ideologia ento vigente nas esferas patrimoniais{ cuja concepo elitista e eminentemente arquitetnica de bem cultural privilegiava{ sobretudo{ os {{monumentosde pedra e cal{{{ elegeu{ como objeto principal de seu interesseI a produo material dos segmentos dominantes. Uma acentuada atrao por exemplares da arquitetura colonial determinou{ por um considervel intervalo de tempo{ os rumos da Arqueologia Histrica no Brasil{ que se voltou para a investigao de igrejas{ conventos{ misses{ fortificaes{ solares{ etc. . Profundamente comprometida com os trabalhos de restaurao desses monumentos{ em geral empreendidos pelos rgos encarregados da preservao do patrimnio histrico e cultural da nao{ enveredou por um caminho bastante atraente e sedutor{ mas que acabou por desvi-Ia{ muitas vezes{ de seu compromisso maior: a explanao da emergncia{ da manuteno e da transformao das configuraes culturais atravs dos tempos. Reduzida{ na maioria dos casos{ a uma tcnica a servio de outras reas do conhecimento{ como a Histria e a Arquitetura foi destituda de todo o seu vigor enquanto cincia social{ ao exercer{ muitas vezes{ apenas a sua feio mais empobrecida. Operando em um nvel meramente arqueogrfico{ no obstante a excelncia de vrios desses trabalhos{ deixou de lado o seu potencial interpretativo{ o que a colocou em um plano de relativa marginal idade{ entendida por diversos profissionais em atividade no pas como um campo menor. Negada{ por muitos{ como uma modalidade da Arqueologia{ e desta forma vivendo uma {{crise de identidade{{{ viu-se relegada a um papel meramente coadjuvante. Na dcada de 60{ os primeiros trabalhos efetivamente sistemticos surgiram no sul do pas{ nas reas interioranas dos estados mais meridionais{ e no litoral do nordeste. No sul{ particularmente no estado do Paran{ o repovoamento do interior{ no sculo XXI determinado pela procura de terras frteis para{ .

o cultivo do caf, trouxe luz as runas de antigos povoados. Erigidos por espanhis, nos primeiros tempos da ocupao, e posteriormente abandonados em decorrncia das investidos dos bandeirantes, acabaram despertando a ateno dos pesquisadores, uma vez redescobertos. No Rio Gande do Sul, em meados da dcada e no mbito do Programa Nacional de PesquisasArqueolgicas (PRONAPA), comearam a ser investigados as misses jesuticas, criando-se, de acordo com a metodologia proposta, a primeira fase cultural referente ao perodo histrico, a Fase Misses. No nordeste, a essa mesma poca, surgiram pesquisas em fortificaes e igrejas de Pernambuco, igualmente relacionadas aos primeiros momentos de ocupao do territrio pelos europeus. No decorrer dos anos 70, uma outra linha de investiga~o viria a se tornar bastante significativa, no s no nordeste, mas sobretudo no sul, em decorrncia dos trabalhos conduzidos nas misses: o estudo dos contatos intertnicos e os conseqentes fenmenos de aculturao, posteriormente aprofundados na dcada de 80. A prtica da Arqueologia Histrica no pas ficou assim circunscrita, em sua etapa inicial, a esses dois polos: sul e nordeste. O sudeste, apesar do considervel potencial de alguns estados, como_Minas Gerais, no se incorporou, em um primeiro momento, a esse campo emergente, salvo alguns registros, feitos por pesquisadores do Rio de Janeiro, de situaes de contato entre indgenas e europeus. Nesse estado foram ainda conduzidos numerosas escavaes em antigas fazendas de caf no Parque Nacional da Tijuca, ao longo de mais de vinte anos, por um grupo da Fundao Brasileira para a Conservao da Natureza. Esses traba1hos, no entanto, nunca chegaram etapa conclusiva e seus resultados, at o momento, no foram publicados. No de todo improvvel que o desprestgio e a dificuldade da disciplina de construir a prpria imagem, em um complexo processo de autodefinio, aliados ao pequeno nmero de profissionais em ao, tenham sido responsveis por esses vazios nos estados do norte, centro-oeste e no prprio sudeste. Em um quadro de total disperso, os resultados desses trabalhos apareciam pulverizados, em diversos veculos. Alvos de preconceitos e discriminaes, recebiam um tratamento diferenciado em reunies cientficas, ora indulgente e paternalista, ora francamente depreciativo. Ao final de mais de duas dcadas, a iniciativa de um rgo estatal reverteria em parte este panorama. Em outubro de 1985, com os objetivos de reunir os profissionais atuantes na rea em todo o pas, discutir conceitos, mtodos, tcnicas e apresentar pesquisas em andamento, o ento Ncleo de Arqueologia da Secretaria do Patrimnio Histrico e Artstico Nacional/Fundao Nacional Pr-Memria organizou o Seminrio de Arqueologia Histrica, realizado no Pao Imperial, no Rio de Janeiro. Primeiro e nico, at o momento, este evento conseguiu reunir a esmagadora maioria dos arquelogos brasileiros, tendo a Arqueologia Histrica como objeto nico de reflexo e discusso. Com cerca de 340 pessoas inscritas, oriundas basicamente de centros de pesquisa arqueolgica, rgos

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1. Escavaes r~as Redues jesuftkas do Rio Grande do Sul (repassadas Universidade); no Pao Imperial, no Rio de Janeiro; na Casa da Fundio do Ouro de Gois; no antigo cais da Praa XV, no Rio de Janeiro (repassada ao municpio); na Casa dos Piles, no Jardim Bo.tnicodo Rio de Janeiro (executada pela 6a DR); em Vila Flor, no Rio Grande do Norte (repassada Universidade); na Praa do Pelourinho, no centro histrico de Salvador; nas fortificaes de Santa Catarina. Prospeces na Casa de Banho de D. Joo VI, no Rio de Janeiro; em Tiradentes, Minas Gerais; no centro histrico de Alcntara, Maranho; nas dependncias do Museu Histrico Nacional, no Rio de Janeiro. 2. Realizao do I Encontro de Arqueologia do Estado do Rio de Janeiro, em julho de 1988, nas dependncias da SPHAN/FNpM, em colaborao com a Sociedade de Arqueologia Brasileira; destinado discusso de aspectos conceituais da Arqueologia Histrica, para fins

ligados preservao do patrimnio e rea de Arquitetura e Urbanismo, com 40 comunicaes apresentadas e diversas mesas-redondas, resgatou parcialmente a disciplina da inferioridade a que se encontrava reduzida em relao ao campo da pr-histria, marcando para ela uma nova etapa. Este Seminrio exps com crueza a situao da Arqueologia Histrica no pas: uma expressiva e at ento insuspeita quantidade de trabalhos em andamento, inadequaes metodolgicas e tcnicas, pesquisadores perplexos e emaranhados em suas prprias dificuldades, solues improvisadas a partir de tentativas e erros, bem como o total (e literal) isolamento dos profissionais em suas trincheiras. Buscando contornar essas deficincias, alguns especialistas presentes se conscientizaram da necessidade de se tentar transformar a disperso inicial em uma maior coeso, visando o fortalecimento da rea, propondo-se, para tanto, a uma troca mais intensa de informaes, promoo de novos encontros, formao de grupos de trabalho, e assim por diante. Os resultados desse evento

nunca chegaram

Q

ser publicados e apenas trs comunicaesforam transfor-

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madas em artigos, posteriormente divulgados por revistasespecializadas no pas. A prpria SPHAN/FNpM, profundamente envolvida na questo em decorrncia das contnuas intervenes por ela promovidas em monumentos tombados, em processo de restauro e exigindo a participao de arquelogos1, tomou a iniciativa de dar continuidade ao processo deflagrado com a realizao do Seminrio. Visando clarificar aspectos bastante nebulosos na prtica ainda incipiente da disciplina no Brasil, empenhou-se na promoo de encontros, reunies e criao de comisses2 destinados a debater aspectos conceituais, legais e normativos da pesquisa arqueolgica histrica e, em particular, as espinhosas questes relacionadas Arqueologia Subaqutica. Esta conduta, respaldada pela Sociedade de Arqueologia Brasileira, marcaria a atuao do rgo na segunda metade dos anos 80, at o seu total desmantelamento e extino, pelo Governo Collor, em 1990. Como conseqncia desse fortalecimento, as reunies cientficas da Sociedade de Arqueologia Brasileira, a partir de 1987, viram-se na circunstncia de ter que abrir, forosamente, um espao para a apresentao de trabalhos de Arqueologia Histrica, tal a sua expresso quantitativa. Do ponto de vista qualitativo, a disciplina, embora ainda fortemente atrelada a monumentos, subsidiando trabalhos de restaurao ou estudos de tombamento de rgos patrimoniais, abriu-se para novas perspectivas. Vislumbrou-seo seu potencial para dar voz a minorias tnicas e a segmentos subalternos, oprimidos, desfavorecidos, ou marginais, que no puderam registrar sua prpria histria; recuperar memrias sociais, reinterpretar a Histria Oficial, resgatar elementos e prticas da vida cotidiana, sobre os quais normalmente no se escreve, e assim por diante. Campos de batalha, quilombos, simples unidades domsticas, becos urbanos, quintais, caminhos, povoados, fozen-. das, senzalas, tecnologias de processamento de determinados materiais, entre outros, passaram a ser valorizados como objetos de investigao. _ Acompanhando essas novas perspectivas, alguns pesquisadores retomaram antigos trabalhos, na dcada de 80, redimensionando-os para a dis-

cusso de questes de mbito mais processual, para a ao de fatores psdeposicionais sobre os stios, e assim por diante. . Quanto literatura produzida a partir desses trabalhos, os textos reproduzem, em grande parte, o carter arqueogrfico das pesquisas, com oucas excees. Estudosdescritivos e particularistas, de cunho histrico-cultura em sua grande maioria, acompanhando a tendncia da Arqueologia Brasileira poca em que foram escritos, apresentam um perfil que obedece, em geral, a um mesmo padro: so fornecidos os referenciais histricos nos quais se enquadra o. objeto da pesquisa, assim como os geogrficos e topogrficos. Seguem-se normalmente informaes quanto aos mtodos e tcnicas utilizados em campo e estratigrafia, bem como dados referentes funcionalidade, tcnicas construtivas e aspectos formais dos stios. A nfase da anlise recai, quase sempre, sobre o material cermico, que via de regra predomina sobre as demais categorias, como metais, vidros, pedras, ossos, entre outros menos freqentes, e restos alimentares. Consideraes finais, de natureza interpretativa,

de proteo legaldo patrimnio. Organizao de comisses mistas, interministeriais (Ministrio da Cultura/Ministrio da Marinha), com a finalidade de debater questes ligadas possibilidade de comercializao de bens arqueolgicos submersos e normatizao da pesquisa subaqutica; reunies e comisses internas, no mbito da SPHAN, para os mesmos fins, e ainda para a discusso de critrios visando a preservao de bens arqueolgicos histricos de grande porte e difcil remoo.

r

do fechamentoaos textos.

.

Trabalhos que apresentam um comprometimento maior com teoria e mtodo, abordagens processuais, perspectivas mais generalistas, aspectos polticos, ideolgicos, estruturais e simblicos dos fenmenos analisados, ou que encaminham problemas especficos, com uma metodologia direcionada para a testagem de proposies tericas (Cleland, 1988) so mais recentes e, embora pouco num~rosos, escapam a esse padro, conseguindo transcender o nvel meramente informativo e abrindo caminhos para a produo efetiva de conhecimentos. Cumpre assinalar, entretanto, que grande parte do produto obtido com as pesquisas de Arqueologia Histrica no pas encontra-se, atualmente, sob forma de relatrios,constituindo um farto material no publicado. Por fora de restriescontratuais, no caso de trabalhos executados para empresas, por desinteresse dos prprios pesquisadores, pela indisponibilidade de espao nas publicaes especializadas, entre outras razes, esses resultados no so divulgados, privando a comunidade cientfica e o pblico em geral das informaes obtidas. Este fato torna-se particularmente grave quando essas pesquisas so financiadas por agncias governamentais, subtraindo-se comunidade cientfica e populao o devido retorno do investimento por elas feito, com a intermediao do Estado. Por outro lado, h no momento uma expressiva quantidade de artigos no prelo, assim como dissertaes de mestrado e teses de doutorado em andamento, mostrando que este quadro tende reverso e atestando que o campo se encontra em franca expanso. Em termos de perspectivas futuras, a linha arqueogrfica, e por conseguinte eminentemente tcnica, dever se manter, subsidiando, como o seu papel em muitos casos, a restaurao de bens tomados. Entretando, alguns trabalhos j demonstram que as possibilidades da disciplina transcendem, e muito, essa "Arqueologia de Restaurao", que inclusive pode ser enriquecido com a formulao de questes relacionadas a problemas previamente levantados. Os arquelogos histricos tm em mos uma potente ferramenta, com um considervel poder transformador, na medida em que ela capaz de

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gerar novos conhecimentos que as fontes escritas, por si s, no permitem produzir, desde que se proponha a uma leitura verdadeiramente interpretativa da cultura material. Seu raio de ao inclusive pode ser ampliado, passando a envolver a evoluo de sociedades complexas, sua configurao atual e trajetria futura, levantando sempre questes social e politicamente relevantes (Mrozowski 1988). Freqentemente acusada de no trazer contribuies, por nada acrescentar ao que j se sabe atravs dos registros escritos (seno ilustr-Ios)e de subsistir s custas de um potencial que nunca se realiza de fato (Leone 1987L chegou a hora da disciplina finalmente justificara sua existncia. Cria de filiao incerta, ora atribuda Histria, ora Antropologia, vive ainda a ambigidade de um processo de individuao que no se consuma e no se consumar nunca, enquanto a comunidade no se conscientizar de que esta uma disputa sem vencedores (ver Deagan 1982). No se trata de saber qual a orientao terica mais adequada, entre as duas, mas sim de conseguir utilizar combinadamente, de ambas, os princpios que devem nortear um campo que apresenta objetivos hbridos, buscando a integrao da pers-

pectiva histrica antropolgica.

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O seu aspecto mais notvel, mpar, e o nico capaz de livr-Iado dilema em que se encontra, a sua capacidade de, ao dispor simultaneamente do registro documental (subjetivo)e do registro arqueolgico (objetivoL ou seja, daquilo que foi escrito e daquilo que realmente foi feito, tazer brotar um terceiro nvel de informao, extrado do confronto entre os dois. O primeiro, de natureza mica, e o segundo, essencialmente tico, se utilizados de modo simultneo e combinado, permitem atingir os domnios cognitivos do comportamento cultural. Esta pode ser considerada atualmente como a linha mais avanada da disciplina e a que rene condies para torn-Ia de fato cientfica. A reside precisamente a sua fora, tendo em vista que dificilmenteesse universo cognitivo observvel no registro arqueolgico pr-histrico. O forte apelo das pesquisas em stios histricos junto opinio pblica, que se identifica profundamente com os traos europeus e africanos recuperados, sentindo que ali esto de fato os seus antepassados, um importante fator de incremento a esse campo. Nesse aspecto se contrape rejeio ostensiva que, inegavelmente, existe em relao ancestralidade indgena que a Arqueologia Pr-Histrica traz tona. Bastante distanciado, aquele "outro" pertence a um universo longnqo e extico, com o qual a sociedade nacional no consegue se vincular. J o elo de identidade estabelecido com os colonizadores, potencialmente pode vir a se traduzir, no futuro, em diversas formas de apoio para um tipo de pesquisa que em geral padece cronicamente da falta de estmulos, se limitada s populaes autctones. A preferncia que uma expressiva parcela das novas geraes de arquelogos vm demonstrando pela Arqueologia Histrica, o reconhecimento do potencial da disciplina para a produo de conhecimentos, o nmero crescente de pesquisas em andamento, o comprometimento dos profissionais com bases terico-metodolgicas mais slidas, um maior engajamento poltico e ideolgico dos trabalhos, somados aos fatores acima mencionados, permitem

prever uma notvel expanso para o campo da Arqueologia Histrica nos prximos anos{ a exemplo do que vem ocorrendo em outros pases. Fortalecido

diante da comunidadecientficae do pblico em geral ela certamentehaver{

de cumprir o seu papel. (Entregue para publicao em dezembro de 1991.) RefernciasCitadas: CLELAND, harles E. Questions of Substance, Questions that Count. HistoricalArchaeoC 1988 logy,22(1):13-17.DEAGAN, Kathleen. Avenues of lnquiry in Historical Archaeology. ln: M.B. Schijfer 1982 (ed.). Advances in Archaeological Method and Theory, 5. New York, Academic Press, pp. 151-177. LEONE, Mark P. & Constance A. Crosby. Middle-Range Theory in Historical Archaeo1987 logy. ln: S. Spencer-Wood (ed.). Consumer Choice in Historical Archaeology. New York, Plenum Press, pp. 397-410.

MROZOWSKI,Stephen A. Historical Archaeology as Anthropology. Historical Archaeo1988 logy, 22(1):18-24.

BIBLIOGRAFIADA ARQUEOLOGIA HISTRICA BRASILEIRAALBUQUERQUE, Marcos. O stio arqueolgico PE 13-Ln. Um stio de contato interjni1969 co: nota prvia. ln: Anais do III Simpsio de Arqueologia da Area do Prata. Pesquisas, Antropologia, n. 20:79-89. Em carter preliminar, o A. informa sobre as escavaes realizadas na margem continental do Canal de Santa Cruz, em frente ao extremo sul da Ilha de Itamarac, em Pernambuco. Este local provavelmente corresponde ao ponto onde foi instalada uma feitoria, em 1516, por Critvo ]acques, e trata-se de um stio de contato intertnico. Em funo de uma expressiva concentrao de material arqueolgico em superfcie (loua europia, cermica indgena, cachimbos), disperso ao longo da praia durante a mar baixa, foi selecionado o trecho para os cortes estratigrficos. A foi recuperado abundante material cermico, pertencente a dois complexos culturais: o europeu e o indgena, com predomnio do primeiro, considerando ser este stio um local de fixao europia. Nos nveis superiores o material indgena mais abundante, porm decresce quantitativamente em direo superfcie, ocorrendo o inverso com o material europeu, conforme demonstra a seriao feita. apresentada ainda uma tipologia da cermica indgena. ALBUQUERQUE, Marcos. Nota sobre a ocorrncia de sambaquis histricos e de con1970 tato intertnico no litoral de Pernambuco. Revista do Instituto de Filosofia e Cincias Humanas, voI. I: 153-158. O artigo reporta a ocorrncia, no nordeste, de sambaquis construdos durante o perodo histrico, assinalando serem praticamente inexistentes os pr-histricos nessa regio, exceo do Sambaqui da Pedra Oca, registrado por Valentin Caldern. Seu contedo, alm das carapaas de moluscos, ossos de peixes e restos de crustceos, em geral constitudo por materiais atribudos a portugueses ou luso-brasileiros: objetos de metal (talheres, balas, pesos de rede, etc.), cermica (louas, panelas de barro, moringas, tijolos, cachimbQs, etc.), e lticos (afiadores para facas, pederneiras, etc.). Suas dimenses so discretas, apresentando uma

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altura que no excede 2,50m. Os moluscos consumidos tanto podem corresponder a um mero complemento da dieta, representando uma variao no cardpio, quanto podem constituir o alimento bsico de determinados grupos, como por exemplo, militares em campanhas pelo litoral. O texto chama a ateno para a explorao econmica desses stios, tal como ocorre em relao aos sambaquis pr-histricos, defendendo a necessidade de preserv-Ios, por representarem aspectos ainda pouco estudados da nossa histria. ALBUQUERQUE, Marcos. O stio arqueolgicoPE 16-Cp (um stio de contato intertni1971 co). Instituto de Filosofia e Cincias Humanas, Universidade Federal de Pemambuco. 28p. il. Nesse artigo o A. relata os trabalhos de localizao do chamado Arraial Velho do Bom Jesus, atualmente situado a 6 km da cidade do Recife, e da fortaleza a construda, por ocasio da invaso holandesa a Pernambuco. A julgar pela planta recuperada no Arquivo Geral do Reino, em Haia, um fosso seco circundava todo b arraial, de tal modo que a sua descoberta poderia indicar o permetro exato da fortificao, da qual no restaram vestgios. Escavaes realizadas em 1968 e 1969 localizaram o fosso, onde foram reconhecidos 4 nveis estratigrficos: Ia. camada, hmica, seguiu-se um acmulo de sedimentos argilosos, resultantes do desabamento das muralhas da fortaleza, erigidas em taipa de pilo. Na 3a. camada, provavelmente correspondente ocupao, foi recuperado abundante material arqueolgico (loua portuguesa do sculo XVII, cermica indgena, objetos de metal, como pregos, balas de mosquete e canho, facas, alm de ossos de animais), a acumulado com o progressivo entulhamento do fosso por desabamentos, despejo de dejetos, etc. Este material foi depositado sobre um sedimento estril, que compe a 4a. e ltima camada, sobre a qual foi construda a fortaleza. s cermicas, analisadas e interpretadas, foi concedido um maior destaque, prevendo-se, poca, a execuo de novas campanhas, capazes de fornecer mais subsdios compreenso do stio. Esses trabalhos foram efetivamente retomados na dcada de 80 (d. Albuquerque & Lucena, 1988). H um estudo histrico sobre esta fortificao, feito por Ulysses Pernambucano de Mello Neto em 1975 (O Arraial Velho do Bom Jesus - crtica de uma fortificao, in Revista do Inst. Arq. Hist.Geogr. Pernamb., 47; 155-196), onde ela minuciosamente descrita, em todos os seus aspectos, a partir de registros documentais, e onde so apontadas as deficincias tcnicas e as falhas no projeto para o seu traado. Quanto ao fosso propriamente dito, as interpretaes de ambos os autores so divergentes. ALBUQUERQUE, Marcos. Escavaes arqueolgicas realizadas na Igreja Quinhentista 1980 de N.S. da Divina Graa, em Olinda (nota prvia). Clio, n. III:89-90. Nessa nota, o A. prope-se a divulgar as escavaes arqueolgicas conduzidas na Igreja de N.S. da Divina Graa, erigida no sculo XVI, na cidade de Olinda (PE). Empreendidas com a finalidade de incorporar novos dados s pesquisas histricas e arquitetnicas, e assim fornecer maiores subsdios aos trabalhos de restaurao a efetuados, as escavaes resgataram diversos elementos da cultura material, provenientes de diferentes momentos da trajetria de vida da igreja. Foram identificados seis pisos de ocupao, correspondentes a seis etapas distintas, sendo o stimo pertencente poca atual. Quanto aos restos recuperados, foram exumados 110 esqueletos, com diferentes padres de sepultamento. Fragmentos de colunas e capitis; imagens de pedra medindo em torno de 1,20m; cachimbos portugueses e holandeses; balas de mosquete (uma delas alojada em um crnio); medalhas em cobre ou prata, algumas contendo relquias; rosrios ou teros em madeira, osso ou vidro, foram ainda encontrados, estando este material, no momento da publicao, em fase de anlise.

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ALBUQUERQUE,Marcos. Subsdios ao estudo arqueolgico dos primei1982 ros contatos entre os portugueses e os indgenas da Tradio Tupiguarani no nordeste do Brasil. Clio, n. 5:105-116. Retomando as pesquisas da dcada de 60, o A., empenhado em localizar a Feitoria de CristvoJacques, base comercial-militarportuguesa instalada em 1516 no litoral

norte do estado de pernambuco, para a qual no se dispunha de vestgios em superfcie, prospectou a rea em frente parte sul da Ilha de Itamarac, com base em informaes documentais. Uma srie de cortes-testes, executados ao longo de uma extenso de 4 km, permitiram a recuperao dos restos de um stio de contato euro-indgena, interpretado como sendo efetivamente a referida feitoria. Escavaes sistemticas a empreendidas resgataram vestgios, tanto europeus (louas, cermicas utilitrias, tijolos, telhas, cachimbos), quanto pertencentes Tradio Tupiguarani (cermica da fase Itapacur, sub-tradio Pintada). Com base na seriao da cermica foram identificados quatro perodos, que possivelmente refletem diferentes modalidades de contato, relacionadas a aspectos econmicos da fixao dos portugueses na regio. Neles, o material indgena foi sendo progressivamente substitudo pelo colonial, com um decrscimo no s da quantidade, mas tambm da qualidade, at o seu completo desaparecimento . A cermica utilitria colonial, por seu lado, decresceu com a introduo da faiana e da porcelana, substituda, com vantagem, pelas ltimas. ALBUQUERQUE, Marcos. Contato euro-indgena no nordeste do Brasl- um estudo 1984 arqueolgico. Dissertao de mestrado em Histria apresentada UFPe, Recife, 154p. Em dissertao apresentada ao Curso de Mestrado em Histria da UFPe, o A. discute o contato intertnico entre portugueses e indgenas que ocupavam o litoral norte do estado de Pernambuco, nas primeiras dcadas do sculo XVI, a partir dos provveis vestgios da Feitoria de Cristvo Jacques, uma base comercial-militar portuguesa instalada em 1516 na Ilha de Itamarac. fornecido um levantamento ambiental da rea, ocupada por diferentes grupos nativos, enfatizando-se especialmente os Tupi-Guarani, com os quais os portugueses teriam tido os primeiros e os mais significativos contatos. Dados histricos justificam a necessidade de instalao de feitorias, com o objetivo de guarnecer a costa e garantir o comrcio de escravos e pau-brasil. apresentado o trabalho de campo e o material a recuperado: cermica tupiguarani e europia (vasilhames utilitrios, louas, tijolos, telhas, cachimbos), vidros, metais (balas de mosquete, aros de barril, pregos, facas), ossos animais, entre outros. A anlise privilegiou o material cermico, por considerar que as suas caractersticas plsticas refletem mais facilmente variaes de carter espao-temporal, utilizando o mtodo quantitativo Ford. O A. conclui que o stio estudado teve incio com o contato entre portugueses e indgenas, distinguindo, atravs das seriaes, quatro etapas de contato. Na ltima delas constatada a fixao dos portugueses e o desaparecimento dos indgenas. ALBUQUERQUE, Marcos & LUCENA, Veleda. Arqueologia Histrica e Restaurao de 1976 Monumentos (uma experincia interdisciplinar). Boletim do Departamento de Histria da UFPe, 10):58-61. Os autores reivindicam, nesse artigo, uma efetiva interdisciplinaridade nos trabalhos de restaurao de monumentos, considerando a responsabilidade dos profissionais para com as geraes futuras, no sentido de diminuir cada vez mais a margem de erro nesse tipo de interveno. Paralelamente s pesquisas histricas e arquitetnicas, deve ser desenvolvida a pesquisa arqueolgica, pelos subsdios que ela capaz de fornecer. Entendendo a Arqueologia Histrica como a tcnica arqueolgica aplicada ao perodo histrico, destacam a sua condio de recuperar eventos no registrados historicamente, de resgatar particularidades em situaes abordadas genericamente pela Histria, bem como elementos do cotidiano e peas soterradas h sculos. Os autores ilustram com suas prprias pesquisas a necessidade da arqueologia acompanhar a restaurao de monumentos, destacando os seguintes trabalhos: a recuperao da Feitoria de Cristvo Jacques, a localizao exata do Arraial Velho do Bom Jesus, o estudo estratigrfico da Fortaleza de Orange, as pesquisas nos Montes Guararapes para a implantao do Parque Histrico Nacional dos Guararapes, a localizao e reconstituio do Reduto do Tejucupapo, as escavaes na Igreja quinhentista de N.S. da Divina Graa, enfatizando a

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necessidade do ento Instituto do Patrimnio Histrico e Artstico Nacional (IPHAN) de incentivar o desenvolvimento da Arqueologia Histrica, de modo a ter condies de exigir pesquisas arqueolgicas prvias e integradas Histria da Arte, Arquitetura e Histria, nos projetos de restaurao.

ALBUQUERQUE,Marcos & LUCENA,Veleda. Forte Real do Bomjesus1988

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resgate arqueo-

lgico de um stio histrico. Recife, 72 p. il. Retomando as pesquisas desenvolvidas no Arraial (Velho) de Bom Jesus, realizadas em 1968 e 1969, os autores expem os resultados da terceira etapa do trabalho, executada na dcada de 80. Sua finalidade foi a de avaliar os efeitos da eroso e das atividades antrpicas sobre o fosso do Forte Real do Bom Jesus, que permaneceu a descoberto, ao longo de quase 20 anos. Diante da alterao da estrutura original, visaram sobretudo recuperar a sua primitiva feio e gerar conhecimentos destinados preservao de monumentos feitos de terra. No artigo fornecido um histrico da fortificao, que integrava a linha de defesa criada em tomo de Olinda e Recife, para dificultar o abastecimento dos invasores holandeses e impedir o seu acesso s unidades produtivas localizadas no interior, os engenhos de acar. Ativado por apenas cillco anos, foi totalmente destrudo aps a rendio. So discutidos os mtodos e tcnicas utilizados na pesquisa, a estratigrafia e as estruturas evidenciadas (fosso, muralha, berma, reparo, contra-muralha, fogueira e fomo), os artefatos recuperados (material blico, construtivo, equipamento domstico e de uso pessoal), bem como os fatores responsveis pelos danos provocados ao monumento, entre 1969 e 1988, que determinaram a sua descaracterizao (efeitos de desgaste e acumulao), sendo sugeridas algumas medidas visando a sua preservao. ALBUQUERQUE, Paulo Tadeu de Sousa. Escavaes arqueolgicas na Misso de N.S. 1990 do Desterro de Gramaci - Vila Flor, RN. In: Anais da Va. Reunio Cientfica da Sociedade de Arqueologia Brasileira. Revista do CEPA, voI. 17, n. 20:305-318. Resultante de um convnio entre a Fundao Nacional pr-Memria e o Ncleo de Estudos Arqueolgicos da UFPe, o Projeto Vila Flor dedicou-se ao estudo da Misso Carmelita de N.S. do Desterro de Gramaci, instalada no Rio Grande do Norte ao final do sculo XVII, para catequese dos ndios. Parte de um complexo de misses instaladas na costa por diversas ordens religiosas, como jesutas, capuchinhos e carmelitas, este aldeamento foi desativado em meados do sculo XVIII, com a expulso dos jesutas e o conseqente enfraquecimento das demais ordens, transformando-se em Vila Flor em 1768. Tendo como base de sustentao econmica a produo de sal, tomou-se um centro de importncia, poca, a julgar pela sua rpida ascenso categoria de municpio, pela existncia de uma milcia e pela implantao da Casa de Cmara e Cadeia e do pelourinho, com uma grande demanda de mo-de-obra escrava. Os prdios da antiga Misso foram reocupados pelos proprietrios das salinas, que, em funo da natureza desse sistema produtivo, se estabeleciam em ncleos urbanos. A riqueza do material encontrado, que inclui porcelanas orientais, d mostras da prosperidade da Vila, a qual, em virtude de querelas locais, teve sua sede transferida em meados do sculo XIX. O projeto, alm de se propor identificao de estruturas arqueolgicas na rea trabalhada, com a finalidade de dar um tratamento urbanstico grande praa existente em Vila Flor,. tem como objetivo estudar a histria da cidade e da regio. O espao da praa foi dividido, para fins de prospeco, em duas grandes reas (A e B), onde foram recuperadas diversas estruturas arquitetnicas (alicerces de antigas construes, pisos de habitaes, caladas ete.) que permitiram refazer o seu plano original. O A. descreve os procedimentos tcnicos e metodolgicos utilizados na escavao, a par do material a resgatado: igaabas indgenas, cermica neobrasileira, lascas lticas, faianas e porcelanas, vidros, moedas, ossos de animais, cachimbos, fusos de tear, entre outros.

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ALBUQUERQUE, Paulo Tadeu de Souza. A Faiana portuguesa dos sculos XVI a XIX 1991 em Vila Flor, RN. Dissertao de mestrado em Histria, apresentada Universidade Federal de Pernambuco, 200p. Em dissertao apresentada ao Curso de Mestrado em Histria da UFPe, o A. analisa a faiana portuguesa recuperada no Stio Vila Flor, em sua origem um aldeamento carmelita denominado N.S. do Desterro de Gramaci, construdo no sculo XVII para catequese dos ndios da regio. feito um histrico das pesquisas no local, seguindo-se uma exposio dos mtodos e tcnicas adotados em campo que possibilitaram evidenciar, alm de diversos alicerces de estruturas arquitetnicas, os seguintes materiais: cermica indgena e cabocla, lascas lticas, ossos humanos e de animais, faianas e porcelanas de origem europia e oriental, moedas, utenslios de metal, etc. apresentada a metodologia empregada no estudo da faiana e um breve histrico expe as condies do seu aparecimento na Europa e em Portugal, bem como a influncia oriental na sua decorao. So reconhecidas duas categorias para a faiana portuguesa: a de uso interno, em Portugal e nas colnias, mais simples, destinada utilizao diria; e a de tipo exportao, de melhor qualidade tcnica e maior riqueza na decorao. So descritas as tcnicas de confeco, bem como os principais motivos decorativos, fartamente ilustrados, para os quais foi construda uma tipologia. Para as faianas de tipo exportao proposta uma periodizao, definindo-se cinco perodos compreendidos entre a segunda metade do sculo XVI e o incio do sculo XIX. Foram reconhecidos 114 motivos, sendo 75 do tipo exportao e 39 de uso interno, com base na bibliografia especializada e no prprio registro arqueolgico. As principais formas dessa faiana encontram-se reproduzidas no texto. Enquanto um estudo de caso, analisada a faiana portuguesa recuperada em Vila Flor, luz dessas categorias, apresentando-se em planilhas as associaes dos motivos decorativos entre si e com as formas ocorrentes. Ao final constatada uma maior freqncia de louas de uso cotidiano na amostra, basicamente pratos e tigelas. As de tipo exportao ostentam uma considervel diversidade de motivos elaborados, ocorrendo porm as mesmas formas, pouco diversificadas. O A. mantm em aberto outras linhas de investigao que podero, de futuro, trazer maiores contribuies pesquisa. ALBUQUERQUE, Veleda Lucena de. Participao da Geografia na interpretao ar1989 queolgica. Dissertao apresentada ao Curso de Mestrado em Geografia da UFPe, Recife, 233p. Em dissertao apresentada ao Curso de Mestrado em Geografia da UFPe, a A. se prope a abordar as questes, os mtodos e as tcnicas utilizadas pela Geografia e a Arqueologia, em uma perspectiva interdisciplinar. So enfocados dois aspectos: a contribuio da Geografia como suporte aos modelos de ocupao do espao e dinmica cultural nos estudos pr-histricos; e a estratigrafia de stios arqueolgicos, vista sob uma tica processual. Neste ltimo, discutido um stio histrico do perodo correspondente ao domnio holands em Pernambuco: o Forte do Arraial Velho do Bom Jesus ou Forte Real do Bom Jesus, sem evidncias em superfcie, tendo sido seus vestgios localizados com base em dados documentais (histricos), cartogrficos, do conhecimento comum e arqueolgicos (estratigrficos). No texto so colocados os objetivos da pesquisa neste stio, os mtodos e tnicas utilizados, a natureza do registro arqueolgico, sua insero na topografia e a estratigrafia reconhecida. Como o trabalho se prope a enfatizar a estratgia estabelecida para a interpretao estratigrfica, so minuciosamente descritas e interpretadas as camadas identificadas atravs das escavaes, ao lado de consideraes feitas em maior profundidade sobre esta questo. ANDRADE LIMA, Tania. Arqueologia Histrica: algumas consideraes tericas. Clio, 1989 Srie Arqueolgica, 5:87-99. Em trabalho originalmente apresentado ao Seminrio de Arqueologia Histrica (985), a A. procura conceituar o tema proposto para o encontro, discutindo em primeiro lugar a Arqueologia, na sua perspectiva mais ampla, e em seguida a Arqueologia Histrica,

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enquanto uma das suas possveis especializaes. So analisados os diferentes rtulos atribudos a este campo de investigao, discutindo-se expresses como "Arqueologia de Stios Histricos", "Arqueologia Industrial" e "Arqueologia Urbana", que merecem um exame crtico antes de serem sumariamente adotadas, no caso brasileiro. Mais que um mtodo ou uma tcnica a servio da Histria, a disciplina, enquanto cincia social, deve ser exercida em toda a sua plenitude, sob pena de ser reduzida aos seus aspectos menos significativos. So expostos diversos mtodos e tcnicas que vm sendo empregados com sucesso em outros pases, discutindo-se a complexidade da formao dos registros arqueolgicos histricos e a necessidade da sua interpretao adequada. apresentado o potencial informativo de materiais como louas, vidros e restos alimentares, alm de depsitos, como lixeiras, capazes de revelar importantes aspectos das sociedades que os utilizam ou acumulam. Para encerrar, a A. delimita o campo de estudos da Arqueologia Histrica Brasileira, propondo o seu desdobramento em dois subcampos; Arqueologia Colonial (etapa escravista) e Arqueologia Ps-Colonial (etapa de transio para o modo capitalista de produo e a instalao propriamente dita da etapa capitalista e do sistema industrial), tendo como elemento diferenciador entre eles as relaes de produo, considerando que elas determinam as estruturas econmicas, sociais, polticas e jurdicas de uma sociedade. Defende uma arqueologia no apenas de monumentos, mas sobretudo do cotidiano rotineiro, de modo a reunir elementos que permitam reinterpretar a Histria do Brasil, entendendo ser esta a funo primordial da Arqueologia Histrica Brasileira. ANDRADE LIMA, Tania; FONSECA, Marta Pereira Reis da; SAMPAIO, Ana Cristina de 1989a O.; FENZL-NEPOMUCENO, Andrea e MARTINS, Antonio Henrique D. A tralha domstica em meados do sculo XIX: reflexos da emergncia da pequena burguesia do Rio de Janeiro. In: Anais da IVa. Reunio da Sociedade de Arqueologia Brasileira. Ddalo, Publ. Av. n. 1:205-230. Nesse artigo os autores desenvolvem um estudo comparado entre amostras provenientes de unidades domsticas datadas de meados do sculo XIX, visando investigar arqueologicamente uma das peculiaridades da formao social brasileira: o surgimento de um modo de vida burgus, antecedendo a instalao de uma ordem burguesa propriamente dita no pas. traado o panorama econmico e social das primeiras dcadas do sculo XIX, seguindo-se uma descrio dos usos e costumes adotados no Rio de Janeiro a essa poca. So apresentados os stios analisados (Casa dos Piles, no Jardim Botnico; Stio do Major, em Angra dos Reis; Pao Imperial e o antigo Cais da Praa XV), as respectivas tralhas recuperadas e o exame comparado entre elas, que revelou. uma notvel recorrncia em praticamente todos os tipos de materiais estudados, quer de uso pessoal, quer de uso domstico. A uniformidade que est sendo constatada sugere uma difuso ampla e rpida de alguns traos culturais, em contextos aproximadamente contemporneos, o que caracteriza um horizonte. Este fenmeno parece corresponder ao surgimento de uma classe social que se toma numericamente expressiva em meados do sculo XIX, no detentora dos meios de produo, e que paulatinamente vai se impondo e ocupando um novo espao. Outros contextos devero ser examinados luz dessa possibilidade, de modo a confirmar este hipottico horizonte. ANDRADE LIMA,Tania; FONSECA, Marta Pereira Reis da; SAMPAIO, Ana Cristina de 1989b O.; FENZL-NEPOMUCENO, Andrea e MARTINS, Antonio Henrique D. Aplicao da Frmula South a stios histricos do sculo XIX. Ddalo, 27:83"97. Nesse estudo, os autores apresentam um mtodo quantitativo desenvolvido por S. South (1972) para datar assentamentos anglo-americanos do sculo XVIII nos Estados Unidos, baseado em freqncias de cacos de louas,. que vem sendo empregado com grande sucesso na arqueologia norte-americana. Atravs de uma expresso matemtica, denominada "frmula para datao mdia de louas" ("The Mean Ceramic Date Formula"), vem sendo demonstrada a existncia de uma alta correlao entre as datas de manufatura das louas recuperadas em stios histricos e o seu perodo de ocupao.

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o mtodo exposto e explicado no texto, propondo-se um outro critrio para aumentar a sua confiabilidade: o estabelecimento de frequncias a partir do nmero de peas, em lugar do nmero de cacos, evitando-se assim possveis distores, o que sem dvida lhe confere uma maior acurcia. Esta ferramenta foi testada pelos autores em amostras de louas recuperadas em dois stios arqueolgicos do sculo XIX, no Rio de Janeiro: Casa dos Piles, no Jardim Botnico, e Stio do Major, em Angra dos Reis. So apresentados e comparados os resultados obtidos, utilizando-se em primeiro lugar o critrio de freqncia de cacos e, em seguida, o de freqncia de peas. A tentativa foi considerada como bem sucedida, j que as datas obtidas combinam com os dados histricos e estratigrficos, sendo desejveis novos testes que comprovem de fato a eficcia da frmula, enquanto um possvel mtodo de datao para stios histricos brasileiros do sculo XIX. ANDREATIA, Margarida Davina. Arqueologia Histrica no municpio de So Paulo. 1981/2 Revista do Museu Paulista, vol. XXVIII: 174-176. A A. destaca o pioneirismo do Programa de Arqueologia Histrica no municpio de So Paulo, desenvolvido pelo Museu Paulista da USP, em colaborao com o Departamento do Patrimnio Histrico da Secretaria Municipal de Cultura. De carter interdisciplinar, est voltado para prospeces e escavaes sistemticas em "Casas Bandeiristas" e em locais pblicos e privados do municpio (becos, ruas, praas, quintais etc.). Entre 1979 e 1981 foram empreendidas prospeces no Stio Mirim, em Ermelino Matarazzo, e no Stio Morrinhos, no Jardim So Bento; escavaes na Casa do Grito, no Parque da Independncia, Ipiranga; no Stio Morrinhos, no Jardim So Bento (Ia. etapa de pesquisa); no Beco do Pinto, S, antiga Rua do Carmo; na Casa n. 1 do Ptio do Colgio, antiga Rua do Carmo e na Casa do Tatuap, no bairro de mesmo nome. Esta ltima, construda em taipa de pilo, entre 1668 e 1698, serviu como moradia por mais de um sculo e meio, passando a sede de uma olaria, no sculo XIX. A escavao de vrios cmodos, e ainda da parte externa, permitiu distinguir uma rea de atividade familiar-social e outra de trabalho , de onde foram resgatados vestgios de diversas naturezas (louas, cermicas, evidncias de estacas, fogueiras e indcios de uma forja: pesos, cravos e escria). ANDREATIA, 1986 Margarida Davina. Arqueologia Histrica - cidade de So Paulo. Arqueologia, Revista do Centro de Estudos e Pesquisas Arqueolgicas, vol.5: 113-115. A A. descreve os objetivos do "Programa. de Arqueologia Histrica no municpio de So Paulo", voltado para a realizao de escavaes e prospeces sistemticas em locais de interesse histrico, visando interpretar diacronicamente a ocupao desse espao e analisar as atividades desenvolvidas pelos seus habitantes entre os sculos XVII e XIX. De carter interdisciplinar, prev a reconstituio desses locais, que incluem casas bandeiristas, quintais, lixes, praas, ruas, logradouros e becos.

ANDREATIA, Margarida Davina (coord.). Casa do Grito - Ipiranga. Programa de Ar1986 queologia Histrica no municpio de So Paulo. In: Revista do Arquivo Municipal, n. 197:153-172. O texto expe a pesquisa arqueolgica desenvolvida na Casa do Grito, detalhando os mtodos e as tcnicas empregadas nos trabalhos de escavao. descrita a evidenciao de pisos, soleiras e vos de portas, bem como a abertura de trincheiras externas e internas. O material recuperado consistiu basicamente em louas, vidros, moedas, tecidos, lticos, ossos, sementes, valvas de moluscos, entre outros. BANDEIRA, Carlos Manes; GONALVES, Sergio Barbosa; RAMOS, Renato Rodriguez 1987 Cabral. A classificao da loua antiga no Brasil. In: IQ Simpsio Brasileiro de Pesquisas e Arqueologia Histrica, Rio de Janeiro. Relao de diferentes tipos de louas, com base na composio da pasta e tratamento de superfcie, suas denominaes e possveis periodizaes cronolgicas. apresentada uma classificao de acordo com a sua procedncia e cronologia (chinesa, japonesa, co-

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reana, portuguesa, inglesa, etc.), bem como a relao das marcas presentes em peas coleta das em stios histricos (inglesas, francesas, holandesas, portuguesas, belgas, alems), estando algumas reproduzidas no texto. BANDEIRA, Carlos Manes & GONALVES Sergio Barbosa Gonalves. Arqueologia. 1989 In: Catlogo da exposio "Natureza - Trinta anos da Fundao Brasileira para a Conservao da Natureza: 1958-1988". Relao das peas do acervo arqueolgico da Fundao Brasileira para a Conservao da Natureza, apresentadas durante exposio comemorativa dos 30 anos da FBCN, no Jardim Botnico do Rio de Janeiro. Recuperadas em escavaes arqueolgicas, realizadas ao longo de 20 anos nos stios histricos do Parque Nacional da Tijuca, algumas dessas peas esto dispostas em 47 fotos em P&B, com legendas explicativas quanto sua procedncia, cronologia, possvel funo e local de ocorrncia (louas, azulejos, garrafas de vidro, potes de produtos de toucador,' frascos de remdios, penas e canetas, dedais, fivelas, cabo de sabre, cabo de espada, cinto em metal, cachimbos, estribo, ferradura, adornos femininos, ferros de engomar, etc.). BECKER, Itala Irene Basile & SCHMITZ, Pedra Incio Schmitz. Cachimbos do Rio 1969 Grande do Sul. In: Anais do 30. Simpsio de Arqueologia da rea do Prata. Pesquisas, Antropologia n. 20:139-162. Nesse estudo so analisados cachimbos de cermica que integram o acervo de material indgena do Rio Grande do Sul, provenientes de coletas ou pesquisas de campo, de doaes ou de colees particulares. Alm dos cachimbos presumidamente indgenas, modelados a mo e associados aos Tupi-Guarani, h outros que so atribudos aos europeus: feitos em forma, em duas bandas, apresentam em raros casos uma decorao antropomorfa. A um terceiro conjunto se atribui uma origem duvidosa, pelas suas caractersticas tecnolgicas (pasta mal amassada, superfcie brunida, decorao incisa com figuras ~eomtricas), podendo corresponder produo de colonos. Os autores procedem classificao e comparao desses objetos, com base na morfologia e na matria-prima utilizada, construindo uma tipologia fundamentada em trabalho anterior, de Antonio Serrano (1937), onde so reconhecidas trs categorias classificatrias: tipo, subtipo e variedade. Quatro tipos principais esto presentes na amostra analisada: cachimbos tubulares, fomilhos, monitores e angulares. apresentado, no texto, um esboo da rea de expanso dessas peas, discutindo-se possveis filiaes' culturais. Os cachimbos provavelmente europeus assemelham-se muito quanto forma, no obstante pequenas diferenas na confeco e esto distribudos por reas bastante distanciadas, o que sugere produes regionais atendendo a modelos mais ou menos universais. BELTRo, Maria da Conceio de Moraes Coutinho. Os Tupinamb no Rio de janeiro 1972 (1200 anos de ocupao). Braslia, Ed. Grfica Alvorada, 7p. A A. discute, nesse artigo, a perda cultural dos Tupinamb aps um sculo de contato com o europeu, analisando, atravs da cermica, a destruio de um acervo cultural acumulado em mais de 1000 anos de ocupao no Rio de Janeiro. So feitas consideraes sobre a origem e disperso do tronco lingstico Tupi-Guarani, sua chegada ao Rio de Janeiro e a fase inicial de sua instalao, calculada em cerca de 300 anos e caracterizada por grupos pouco numerosos, portadores de uma cermica simples ou com decorao plstica, estando ausente a pintura. . Um segundo perodo reconhecido entre 700 DC e 1000 DC, correspondendo a um aumento populacional e a uma maior estabilidade das aldeias, que no aparentam grandes preocupaes defensivas. A cermica ganha uma pintura exuberante, embora seja tecnicamente muito grosseira. A etapa seguinte, entre 1000 DC e 1300 DC, sugere uma poca de relativa instabilidade, a julgar pela implantao dos stios, estrategicamente colocados em elevaes. Comparada fase anterior, a cermica menos rudimentar. O contato com o europeu no sculo XVI deixou vestgios nas aldeias, como novos arranjos espaciais, cacos de louas,

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pregos, ferramentas, etc., que aparecem associados ao material Tupinamb. A cermica empobrece nesse perodo, perdendo algumas formas e diminuindo de tamanho. Por volta de 1600, a sua produo decresce sensivelmente, sendo que a decorao plstica e pintada quase desaparece, predominando o tipo simples. A partir da, ao lado da loua europia aparece a cermica neobrasileira. Com o crescente domnio dos novos ocupantes, alguns grupos se submetem, aniquilando sua unidade tribal; outros reagem, retirando-se para as reas montanhosas, deixando evidncias dessa fase de disperso em stios-acampamentos. BELTRO, Maria da Conceio de Moraes Coutinho. Pr-Histria do Estado do Rio de 1978 janeiro. Rio de Janeiro, Forense Universitria, 276p. No captulo 14 de seu livro "A pr-histria do Estado do Rio de Janeiro" (pp. 139-143), a A. refere-se aos stios Tupinamb da cidade do Rio de Janeiro, mencionando os que apresentam evidncias de contatos intertnicos: os stios Estao da Rdio e Pixunas, na Ilha do Governador. A forma retangular deste ltimo interpretada como uma tentativa de reproduzir os modelos de fortificaes europias. BELTRO, Maria da Conceio de M.C. & LARAIA, Roque de Barros. O mtodo ar1969 queolgico e a interpretao etnolgica. In: Revista do Patrimnio Histrico e Artstico Nacional, 17:203-217. Nesse artigo os autores procuram demonstrar as possibilidades de cooperao entre a Arqueologia e a Etnologia, atravs das pesquisas desenvolvidas por uma arqueloga em stios atribudos a grupos Tupi-Guarani, e por um antroplogo dedicado ao estudo das populaes Tupi contemporneas. Ao conjugarem seus esforos, buscam compreender uma sociedade extinta h quase quatro sculos, mas ainda ligada, por razes culturais e lingsticas, aos Tupi viventes. Colocados diante de dois tipos de documentos, o arqueolgico e o histrico, este ltimo constitudo por registros feitos pelos primeiros cronistas que, em seguida ao contato, descreveram essas populaes, assinalam as limitaes do registro arqueolgico. A Etnologia no deve, em funo disso, esperar uma expressiva contribuio da Arqueologia com referncia aos grupos indgenas brasileiros, pela pouca durabilidade das matrias- primas utilizadas nas suas expresses culturais, o que dificulta a sua preservao. Ao arrolarem os stios Tupi-Guarani do Rio de Janeiro, destacam as seguintes aldeias, na Ilha do Governador, que apresentam evidncias de contato com os europeus: Pixunas, de forma retangular, que apresenta material europeu at a base, associado a cermica pintada; Centro de Instruo, Jequi e Estao de Rdio da Marinha, com cermica de diversos tipos e material europeu, todas circulares. A aldeia Morro da Viva apresenta exclusivamente material europeu. No continente, no muito distante delas, h ainda um outro stio que apresenta cermica no-pintada e material europeu, localizado em Manguinhos, correspondendo provavelmente a um momento em que a introduo de grande quantidade de material manufaturado diminuiu o estmulo para a fabricao de cermica indgena. BELTRO, Maria da Conceio de M.C.;ANDRADE, Carlos Octavio L.c. de ; NEME, 1988 Salete Maria N. Arqueologia e Histria. Um binmio para a sistematizao da transdisciplinaridade. Anurio do Staden, Estudos brasileiros, n. 36:206-211. Os autores, atravs de uma proposta no apenas de reflexo mas tambm de anlise do equilbrio que consideram existir entre as pesquisas arqueolgicas e histricas que vm desenvolvendo, expem algumas observaes feitas quanto s possveis vias de penetrao pr-histricas em territrio brasileiro, a partir da hiptese defendida por um deles (M.Beltro). Tais vias (partindo da regio amaznica, uma em direo ao Atlntico, outra no sentido Juru/sudeste e a ltima, do sudeste para o nordeste, pela costa) teriam sido reutilizadas pel,os europeus, em movimentos de refluxo, no processo de colonizao do interior. Este fenmeno foi verificado por Capistrano de Abreu e reiterado por Jaime Corteso nas rotas de interiorizao dos europeus, que acompanhavam os caminhos indgenas "peabirs", Entendendo a regio sudeste como o polo terminal de uma dessas rotas migratrias pr-histricas, os autores seguem um modelo de inverso, tomando como exemplo o Caminho de Garcia Rodrigues Paes, no estado do Rio de Janeiro, que seguia em direo

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a Minas Gerais. A foram registradas superposies de ocupaes humanas que revelam reutilizaes dos assentamentos, alm do fato de que os pontos iniciais do processo de fluxo e refluxo localizam-se em reas elevadas. Nesse caminho, evidncias recuperadas (buril e raspador) comprovam que o homem pleistocnico ocupou reas s quais a megafauna no teria acesso, descamando esses animais nos seus arredores; o Tupi-Guarani a colocou seus aldeamentos em pontos mais elevados e os escravos negros buscaram igualmente regies de difcil acesso para sobreviver em liberdade, conforme atestam elementos da cultura material encontrados. Outras evidncias desse tipo de superposio foram ainda encontradas na Chapada Diamantina, na Bahia, regio terminal do deslocamento sudeste/nordeste. Um terceiro polo desembocaria no litoral (Juru/Costa Atlntica), precisamente no estado de Pemambuco, na Serra da Barriga, onde teria existido a maior expresso quilombola em tempos coloniais: Palmares. O fato de se verificar, nos trs polos terminais, a incidncia do fenmeno do aquilombamento, justificou, para os autores, a necessidade de ser criado um projeto especfico para assentamentos negros, como extenso natural do projeto de pr-histria. BELTRO, Maria da Conceio de M.C.; DORIA, Margareth R. P. ;DORIA, Francisco 1988 Antonio. Sobre o mtodo da Arqueologia e o mtodo da Histria. Clio, srie Histria do Nordeste, 10:15-51. Os autores introduzem esse artigo conceituando a Arqueologia Histrica como o estudo do fato histrico pelo mtodo da Arqueologia, entendendo-a no como um suplemento que se acrescenta informao advinda da Histria, mas como algo que faz surgir a forma e os contornos exatos do fato histrico. Atravs de alguns exemplos, tomados prpria Arqueologia, Lingstica e s Cincias Exatas, procuram estabelecer a distino entre o mtodo arqueolgico e o mtodo histrico, sugerindo que a natureza dessa diferena a mesma que a existente entre as chamadas "tcnicas digitais" e as "tcnicas analgicas", em Teoria da Comunicao. O primeiro tido como um procedimento analgico de investigao, enquanto o ltimo entendido como um procedimento digital, e desta forma a Arqueologia Histrica no pode ser vista como uma disciplina subsidiria Histria, mas sim como Arqueologia. Modelos analgicos aplicveis, segundo os autores, Arqueologia Histrica, so propostos no texto. Em um pequeno apndice, entendem a Arqueologia de Stios Histricos e a Arqueologia Urbana como subordinadas Arqueologia Histrica; a Arqueologia Industrial, por seu lado, na acepo original, ou seja, centrada no desenvolvimento da grande indstria ocidental (sculo XVIII!XIX) seria dificilmente aplicvel ao caso brasileiro. Afirmam ainda serem poucos os trabalhos que no Brasil podem ser enquadrados na rea de Arqueologia Histrica, reconhecendo apenas o pioneirismo de Blasi (963), seguindo-se Beltro na identificao de aldeamentos Tupi no Rio de Janeiro. Sugerem algumas linhas de pesquisa a serem seguidas no pas, como a investigao dos caminhos Peabiru, a influncia indgena na tecnologia dos engenhos, a implantao das primeiras tcnicas de construo naval, entre outras. BELTRO, Maria da Conceio de M.C.; NEME, Salete Maria N; ANDRADE, Carlos 1991 Octavio L. C. de ;DORIA, Francisco Antonio de. Projeto Central: primeiros resultados. In Anais do 10. Simpsio de Pr-Histria do Nordeste Brasileiro. Clio, Srie Arqueologia, n. 4:39-47. Ao comunicarem os resultados preliminares do Projeto Central, desenvolvido em uma vasta regio do estado da Bahia que tem como epicentro o municpio de Central, os autores mencionam a existncia de quilombos na Serra do Orob, propondo-se investigao dos seus restos materiais. Registram ainda a ocorrncia de pinturas rupestres na localidade de Santo Incio, municpio de Gentio do Ouro, antigo centro de minerao. Em estilo peculiar e feitas com pigmentos azuis, essas pinturas so atribudas aos escravos. Da mesma forma, algumas letras existentes em rochedos com pinturas rupestres foram tentativamente identificadas como marcas de escravos, com base em desenhos contidos nos relatrios do historiador H. Kruse, recentemente descobertos nos arquivos do IBPC.

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BLASI, Oldemar. Aplicao do mtodo arqueolgico no estudo da estrutura agrria 1963 de Vila Rica do Esprito Santo - Fnix,Paran. Boletim da Universidade do Paran, n. 4:1-13.

Nessa publicao, de carter pioneiro na Arqueologia Histrica Brasileira, junto com a de Igor Chmyz (963), o A. expe a aplicao, pela primeira vez no pas, do mtodo arqueolgico para areconstituio de evidncias histricas, assinalando tratar-se de uma prtica j desenvolvida com sucesso em inmeros outros pases. Apontando as vantagens dessa abordagem para o conhecimento de mltiplos aspectos da vida social, econmica, poltica e cultural de um ncleo populacional, registra o seu emprego nas runas de Vila Rica do Esprito Santo, uma das 16 comunidades fundadas na regio do Guair, Alto do Rio Paran, por espanhis e jesutas, na segunda metade do sculo XVI e incio do sculo XVII. fornecido um histrico da ocupao da rea, bem como uma descrio do ambiente, das runas do povoado e das informaes disponveis para a regio, antes habitada por grupos guaranis. Com esses ndios sob o seu domnio, os espanhis fundaram e desenvolveram Vila Rica, dentro do sistema de encomendas. A interao cultural resultante "desse contato est expressa no registro arqueolgico: atravs do levantamento das evidncias de superfcie e de escavaes sistemticas foram recuperados elementos da cultura material indgena (cermicas, lticos) e europia (artefatos de ferro, evidncias de fundio no prprio povoado, recipientes cermicos, telhas, ete), descritos no texto. BLASI, Oldemar. Investigaes arqueolgicas nas runas da reduo jesutica de Santo 1966 Incio do Ipaumbucu ou Mini, Paran, Brasil - Nota prvia. In Anais do XXVI Congresso Internacional de Americanistas, Sevilha, 1:473-480. O artigo expe os resultados das investigaes arqueolgicas efetuadas na Reduo Jesutica de Santo Incio Mini, localizada na margem esquerda do Rio Paranapanema, norte do estado do Paran. O A. promoveu um levantamento da planta das runas, que apresentam uma disposio semelhante de Vila Rica do Esprito Santo: ruas bem alinhadas e dispostas em retngulos, com uma grande praa na sua parte central. Em uma das extremidades esto os restos da igreja e, junto a ela, o colgio. Pequenas habitaes compartimentadas enfileiram-se ao longo das ruas. H indcios de uma fortificao, cercada por um fosso, possivelmente com finalidade defensiva contra os ndios Coroados, inimigos dos Guaranis, semicircundando o aldeamento. Foram promovidas prospeces e escavaes em diferentes pontos da Reduo, tendo sido recuperado abundante material cermico, em contraposio aos materiais ltico, sseo e metlico, pouco numerosos, registrando-se ainda a ocorrncia de restos alimentares, particularmente ossos de mamferos e valvas de moluscos. BLASI, Oldemar. Investigaes arqueolgicas nas runas da Reduo Jesuta de Santo 1971 Incio Mini ou do Ipaumbucu, Paran, Brasil. Revista do Instituto de Biologia e Pesquisas Tecnolgicas, Curitiba, 16:4-10. Nessa publicao o A. volta a se reportar s pesquisas desenvolvidas na Reduo de Santo Incio Mini. Aps tecer um breve histrico sobre a ocupao da regio e da prpria reduo, descreve suas principais estruturas arquitetnicas em planta baixa e em uma maquete do povoado, reproduzida no texto, a par da estratigrafia obtida com as escavaes. Nesse artigo so descritos em maior detalhe os elementos da cultura material recuperada, como vasilhames e diversos objetos em cermica, artefatos lticos, sseos e metlicos. nfase especial foi dada anlise da cermica, do ponto de vista da sua morfologia, funo e decorao. BROCHADO, Jos Proenza. Dados parciais sobre a arqueologia do Vale do Iju. 1969 Publicaes Avulsas do Museu Paraense Emlio Coeldi, 10:11-32. No segundo relatrio de atividades do Programa Nacional de Pesquisas Arqueolgicas (PRONAPA), o A. expe os resultados das investigaes efetuadas no Vale do rio Iju, no noroeste do RS, entre 1966 e 1967. Ao descrever a seqncia arqueolgica construda para a rea, menciona, ao lado de uma fase ltica e da Fase Iju, a Fase Misses, do perodo histrico, representada quele momento por trs dos denominados Sete Povos das Misses Orientais do Uruguai (So Miguel Arcanjo, So Loureno Mrtir e So Joo Batista) e por cinco stios cermicos superficiais, localizados nas proximidades do antigo povo de Santo Anjo Custdio.

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So descritas as caractersticas mais gerais dos Povos das Misses (1682-1756), as runas que deles restaram e a cermica a recuperada, atravs de coletas de superfcie e cortes estratigrficos. Foi registrada a presena de duas tradies ceramistas distintas: uma indgena, prolongamento da fase anterior detectada na rea (Fase ljuO e outra europia, introduzida pelos missionrios, cujas formas so bastante diferenciadas (pratos rasos, tigelas, alguidares, bilhas, ete., com 15asesplanas, em pedestal e anulares, asas, alas e agarradeiras). Feita em tomo e queimada em fornos, quase sem decorao, apresenta em grande parte uma pintura em vermelho, externa e/ou interna. Gradativamente essa cermica foi substituindo a indgena, e ao lado dela aparece uma cermica europia de importao, esmaltada, loua vidrada e artefatos lascados. A linha divisria entre a Fase lju e a Fase Misses representa o incio de um processo de aculturao com a cultura veiculada pelos missionrios europeus. O texto discute a seqncia da Fase Misses, construda a partir da seriao de nove colees cermicas. Como elementos de correlao com os Povos e outros stios da fase, o A. menciona a presena de um plano urbanstico formal, com visvel influncia europia e de grandes acmulos de telhas; o achado de ferro e escrias de fundio e a presena de artefatos indigenas associados a material de influncia europia. Comparaes feitas com os povoados hispano-indgenas (Ciudad Real do Guair e Vila Rica do Esprito Santo), assinalando as diferenas e semelhanas existentes, demonstram que o processo de aculturao nas Misses encontrava-se bem mais adiantado. Jos Proenza. Pesquisas arqueolgicas nos vales do Iju e Jacu. Publicaes Avulsas do Museu Paraense Emilio Coeldi, 13:31-62. Em prosseguimento s suas atividades dentro do Programa Nacional de Pesquisas Arqueolgicas (PRONAPA), o A. expe no terceiro relatrio, referente aos trabalhos executados entre 1967 e 1968, os resultados das pesquisas desenvolvidas nos vales dos rios lju e Jacu. Entre outras, discutida a Fase Misses, mencionada no relatrio anterior, tendo sido atribudos a ela mais dois stios, bem como diversas estruturas arquitetnicas. Atravs do material recuperado em coletas superficiais e em cortes estratigrficos, foram detectados e seriados 16 tipos cermicos para o estabelecimento de uma seqncia cronolgica, discutida no texto, que teve uma durao aproximada de 150 anos. A sua interpretao aponta uma substituio progressiva da cermica indgena pela europia, ocorrendo ao final uma reverso dessa tendncia. So distinguidos dois perodos nessa seqncia, tendo como linha divisria esta reverso. O primeiro comea em 1660, logo aps a fundao de So Loureno Mrtir, e termina em tomo de 1763/68. Corresponde ao perodo que vai desde o estabelecimento, florescimento e auge dos Sete Povos, at a sua ocupao ao final da Guerra Guarantica (1756), a expulso dos missionrios jesutas e a mudana de administrao (1768), que determinaram a sua decadncia. O segundo comea em 1763/68 e vai at o abandono dos Sete Povos, em 1828, em funo dos saques e escravizao dos ndios, com o conseqente refgio da populao remanescente nas matas prximas. No dispondo mais de instrumentos de trabalho, como fornos, tomos, e nem da orientao dos padres, os indgenas retomaram suas tcnicas tradicionais de manufatura, o que explica as tendncias expostas pela seqncia seriada. BROCHADO, Jos Proenza. Contatos entre europeus e indgenas: um estudo de acul1974 turao atravs das mudanas na cultura material. Revista do IFCH, UFRGS, n. 2:11-47. Nesse artigo o A. investiga, atravs das mudanas na cultura material, os processos de aculturao ocorridos entre indgenas e europeus no leste da Amrica do Sul, do sculo XVI ao incio do sculo XX. Em estudo de natureza comparativa, apresenta o universo selecionado para a pesquisa, agrupado em diferentes categorias de stios, segundo sua origem, objetivos, intensidade dos contatos, posio ou durao cronolgica (fundaes religiosas, militares, pscontato), mencionando as fases s quais foram filiados e. a bibliogtafia pertinente. Tomando como base a cermica, para a anlise do fenmeno, assinala a ocorrncia de uma sincretizao das diversas tradies ceramistas aqui existentes antes do contato, BROCHADO, 1969

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com a europia, trazida pelos colonizadores, resultando na transio para a chamada Tradio Neobrasileira. As diversas fases diagnosticadas para as as situaes de contato ao longo de toda a faixa costeira so comparadas, analisadas e correlacionadas a fatos historicamente conhecidos, a par de uma tentativa de vincul-Ias a grupos lingsticas. estabelecida uma tipologia das situaes de contato, a partir de uma classificao proposta por Lathrap e colaboradores, com base no conceito de intruso, reconhecendo-se diferenas entre as que resultaram da missionarizao e as decorrentes da colonizao. A cultura material recuperada nas. fundaes religiosas comparada com as das fundaes militares (cermicas, lticos, louas, objetos de metal, ossos de animais, arquitetura) e os resultados apontam para diferenas substanciais, tanto de ordem qualitativa quanto quantitativa, atribuindo-se aos seus objetivos distintos a causa dessa diversidade. So analisadas as transformaes sofridas pelas sociedades indgenas nos nveis econmico, poltico, religioso, artstico, que determinaram mudanas fundamentais na sua organizao social e na prpria cultura. BROCHADO, Jos Proenza; LAZZAROTIO, Danilo ;STEINMETZ,Rolf . A cermica das 1969 Misses Orientais do Uruguai. Um estudo de aculturao indgena atravs da mudana na cermica. In Anais do 30. Simpsio de Arqueologia da rea do Prata. Pesquisas, Antropologia, n. 20:169201. Em seguida a um breve histrico sobre a trajetria dos Sete Povos das Misses, os autores procedem a uma anlise do material cermica recolhido em nove stios da Fase Misses, atravs de coletas superficiais e cortes estratigrficos em reas perifricas. Foram reconhecidas duas sries diferentes para esta fase: Iju, de tradio indgena tupiguarani, e Misses, de tradio europia, sendo suas caractersticas municiosamente descritas. Foi registrada ainda a presena de loua europia, vidro, minrio, objetos de ferro e instrumentos lticos. Utilizando o mtodo de anlise quantitativa para derivar cronologias culturais, foram estabelecidas seqncias seriadas que revelaram um desenvolvimento inicial das tcnicas de tradio europia, um posterior declnio e o retomo a tecnologias indgenas de menor complexidade. Essa reverso pode ser explicada pela desorganizao e disperso que se seguiram expulso dos jesutas e as conseqentes mudanas administrativas, levando os indgenas a se refugiarem nas matas e a retomarem tcnicas tradicionais de confeco da cermica, uma vez privados da orientao dos padres e dos instrumentos de trabalho por eles introduzidos. As variaes de popularidade dos tipos identificados, analisados luz de datas e fatos historicamente conhecidos, permitiram reconstituir o processo de aculturao e posterior "desaculturao", vivido pelos indgenas Tupi-Guarani do noroeste do atual estado do Rio Grande do Sul, ao longo de 142 anos (1626-1768), que acabou por desembocar na sua caboclizao. CHMYZ, Igor. Contribuio arqueolgica e histrica ao estudo da comunidade espa1963 nhola de Ciudad Real do Guair. Revista de Histria, n. 2:77-114. Em trabalho pioneiro, assim como o de O. Blasi (1963), o A. investiga, a partir de 1958, a comunidade espanhola de Ciudad Real do Guair, fundada entre 1556 e 1557 no oeste do estado do Paran. Nessa publicao so fornecidos dados gerais sobre o stio, o ambiente no qual ele se insere, sua estratigrafia e as evidncias arqueolgicas a recolhidas em superfcie, com nfase especial na cermica. Analisada em detalhe, foi agrupada em diversas categorias tipolgicas, construdas com base na decorao de superfcie, e atribuda em parte ao Guarani e em parte ao europeu. Dois apndices fornecem dados complementares: o primeiro discorre sobre aspectos histricas das comunidades espanholas do Guair, em particular Ontiveros, Vila Rica do Esprito Santo e Ciudad Real, enfatizando os aspectos estratgicos e econmicos desses assentamentos. O segundo enfoca exclusivamente as redues jesuticas da mesma regio, fornecendo dados geogrficos, histricos e demogrficos sobre doze desses estabelecimentos, implantados com uma finalidade defensiva ante o avano dos bandeirantes paulistas.

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CHMYZ, 19or. Pesquisas arqueolgicas na jazida histrica de Ciudad Real de Guair 1964 - Paran. Revista do Centro de Estudos Cientificos, n. 7-8:105-107. Nesse artigo fornecido um breve histrico da regio do Guair e da comunidade espanhola de Ciudad Real, desde a sua fundao, em 1557, at a sua destruio pelas bandeiras de 1631-32. A vila e as atividades econmicas nela desempenhadas so descritas, empenhando-se o A. em deixar bem marcadas as diferenas entre as comunidades espanholas e as redues jesuticas posteriormente estabelecidas na regio (N.S. do Loreto e Santo Incio, fundadas em 1610): as primeiras destinavam-se a explorar as possibilidades econmicas da rea e a assegurar a posse das terras pertencentes Coroa Espanhola, enquanto as ltimas voltavam-se para a catequese e converso dos ndios. Redescobertas um sculo aps seu abandono, revisitadas algumas e reocupadas outras, foram transformadas em reservas no sculo :XX,ao serem ameaadas pelo avano das frentes pioneiras nas suas primeiras dcadas. pesquisada a partir de 1958, Ciudad Real teve recuperada uma expressiva amostra de cermicas e lticos, destinada 'a compor o acervo de um pequeno museu local, com vistas integrao da antiga vila s rotas tursticas do estado do Paran. A questo da destruio de Cuidad Real e de outros povoados contemporneos em decorrncia da posterior abertura de estradas de rodagem, de derrubadas e plantios, foi tratada pelo A. em outro artigo, dataqo de 1968 ("Algumas consideraes sobre um programa de preveno e salvament de locais arqueolgicos e histricos" (Revista do CEPA, 1:65-71). Medidas de proteo foram solicitadas aos rgos patrimoniais em outra publicao ("Algumas consideraes sobre a arqueologia no estado do Paran", In Anais do IIo. Encontro de Governadores para a preservao do patrimnio histrico, artstico, arqueolgico e natural do Brasil. Publ. do IPHAN, n. 26;322-331, 1973). CHMYZ, 19or. Arqueologia e Histria da Vila Espanhola de Ciudad Real do Guair. 1976' Cadernos deArqueologia, ano l, n. 1:7-103. O artigo em questo, dividido pelo A. em duas partes, refere-se s pesquisas desenvolvidas na comunidade espanhola de Ciudad Real de Guair, estabelecida entre 1556 e 1557 na margem esquerda do Rio Paran, pouco abaixo da foz do rio Piquiri. A primeira delas diz respeito s investigaes arqueolgicas a conduzidas e nela fornecido o traado geral do povoado, com a descrio das suas principais estruturas arquitetnicas, a par da estratigrafia exposta com as escavaes. Com referncia aos restos recuperados, minuciosamente descrita a cermica, para a qual foi construda uma tipologia, bem como montada e interpretada uma seqncia seriada. Idntico procedimentotipolgico foi adotado em relao ao materialltico. Os vestgios so interpretados e comparados aos de outros povoados contemporneos, pesquisados na regio. Na segunda parte so fornecidos dados histricos sobre as comunidades espanholas e as redues jesuticas que surgiram na regio do Guair, nos sculos XVI e XVII. So apresentadas as condies que permitiram o estabelecimento e a expanso desses assentamentos, bem como os fatores que determinaram o seu abandono, destruio, e o xodo dos remanescentes para a regio do Tape, onde foram fundados os Sete Povos das Misses, que se dispersaram com a expulso dos jesutas na segunda metade do sculo XVIII. O A. fornece ainda um apndice com a descrio de objetos provenientes de Ciudad Real do Guair, em poder de particulares e tambm nas colees do Museu Paranaense. CHMYZ, 19or. lnvestigaciones arqueologicas en Ia margen izquierda deI Rio Paran. 1979 Prmer Seminaro de Ia Itapu Binacional sobre Media Ambiente, pp.193-207. Referindo-se aos trabalhos de salvamento arqueolgico realizados em reas atingidas por grandes obras de engenharia, suas especificidades, limitaes e exigncias, o A. expe os resultados do Projeto Arqueolgico Itaipu, iniciado em 1975 e no seu quarto ano de execuo. So apresentadas as evidncias no-cermicas e cermicas encontradas na regio, incluindo~se entre estas ltimas as que resultaram de contatos com elementos europeus. A Sub-Tradio Escovada, que a mais recente da Tradio Tupi-guarani, coincide com o estabelecimento de europeus na rea de Itaipu, e est presente nas redues de

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N. S. do Loreto, Santo Incio Menor e, em etapa transicional da Sub-Tradio Corrugada para a Escovada, em Ciudad Real deI Guair. Ontiveros, o primeiro estabelecimento espanhol na regio do Guair, at agora no localizado, pode corresponder a um dos stios pesquisados, tendo em vista os elementos de contato que apresenta, bastante prximos tipologicamente dos de Ciudad Real. Da Tradio Neobrasileira, que se caracteriza por uma cermica confeccionada por grupos neobrasileiros ou caboclos, foram detectada duas fases: Assuna, que corresponde na rea primeira manifestao da tradio (meados do sculo XIX), e Sarandi, apresentando ambas o escovado como um de seus traos diagnsticos. CHMYZ, Igor. Pesquisas de Arqueologia Histrica no Paran. Ddalo, n. 24, pp.1711985 197. Em trabalho apresentado originalmente ao Seminrio de Arqueologia Histrica (1985), o A. relaciona os stios histricos paranaenses a duas correntes povoadoras distintas: a portuguesa, a quem coube pelo Tratado de Tordesilhas a faixa litornea, e a espanhola, a quem foi destinada toda a extenso dos planaltos do atual Estado do Paran, tendo sido fundamental o papel dos jesutas em ambas as frentes de expanso. Foram estabelecidos povoados, vilas militares, redues, centros de minerao, portos, feitorias, resultando em um intenso contato entre europeus e indgenas e desencadeando um expressivo processo de aculturao. Esses ncleos povoadores transformaram-se, no sculo XX, em fontes de pesquisa arqueolgica histrica, tendo sido investigados os seguintes estabelecimentos: Ciudad Real do Guair, por Virgnia D. Watson, em 1947, e pelo A., a partir de 1958; Vila Rica do Esprito Santo, por O. Blasi, em 1959; o antigo Colgio dos jesutas, em Paranagu, por ]. Loureiro Fernandes, ao final dos anos 50; a Reduo jesutica de Santo Incio Menor, por O. Blasi, na dcada de 60; a Reduo jesutica de N. S. do Loreto, pelo A., durante o Programa Nacional de Pesquisas Arqueolgicas; stios indgenas, com sinais de aculturao e peas de origem europia, pelo A., durante o Projeto Arqueolgico ltaipu (um deles correspondendo possivelmente a Ontiveros, a primeira vila espanhola), bem como a localizao dos restos da Reduo de N. S. da Natividade do Acara, de uma possvel fortificao ou porto fluvial espanhol, de um trecho de um caminho indgena talvez relacionado ao sistema Peabiru, de runas de construes e estruturas, entre elas, fornos.' Devem ser ainda mencionados vestgios de assentamentos da populao neobrasileira ou cabocla com indcios de aculturao entre ndios, europeus e negros, tanto no planalto, quanto na faixa litornea. O A. refere-se ainda aos vestgios de outros colonizadores, como os franceses (Colnia Thereza, 1847) e suos (Colnia do Superagi, 1852).Concluio artigo denunciando caso a caso a dilapidaoprogressiva de todo esse patrimnio, invocando os dispositivos legais vigentes e clamando pela sua proteo. CHMYZ, Igor. A formao de sambaquis em perodo histrico no estado do Paran. 1986 Arqueologia, Revista do CEPA, n. 5:103-111. O A. descreve a ocorrncia de acmulos de carapaas de moluscos, formando pequenos montes, no litoral do Paran, cuja formao atribuda ao perodo histrico. Dois esto situados na Baa de Paranagu, tendo sido observado um terceiro na Baa dos Pinheiros, em Guaraqueaba, aparecendo sempre nos arredores das runas de antigas construes de pedras e de engenhos de farinha de mandioca. A ocorrncia de valvas de moluscos, ossos de peixes e de pequenos animais terrestres, que aparecem associados a fragmentos de cermicas (acordeladas e torneadas, com variados padres decorativos), faianas europias, vidros e implementos agrcolas em ferro, levaram o A. a interpretar esses montculos como sambaquis, produzidos em perodo histrico. A presena de tecnologia indgena tupiguarani nas cermicas, e portuguesa nas faianas, embasam a suposio, sendo estas ltimas utilizadas como marcadores cronolgicos para os stios. Os acumuladores desses montculos seriam grupos neobrasileiros ou caboclos, que progressivamente ocuparam o litoral paranaense e tais registros so considerados pelo A. como importantes documentos para a compreenso desse processo. CHMYZ, Igor. Pesquisas arqueolgicas na rea brasileira de Itaipu. II~ Seminrio 1987 Itaipu Binacional sobre Meio-Ambiente, pp. 81-87. da

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Ao divulgar os resultados das pesquisas arqueolgicas desenvolvidas entre 1975 e 1983, na regio atingida pelo reservatrio da Usina Hidreltrica de Itaipu, dentro das atividades do Projeto Arqueolgico Itaipu, o A. apresenta testemunhos da ocupao da rea por um amplo perodo, compreendido entre 6.000 Ae. e 1920 De. Aps fornecer um histrico da regio, a partir das primeiras dcadas do sculo XVI, so relacionadas as diversas fases a reconhecidas, sempre que possvel filiadas a tradies. De 237 stios arqueolgicos localizados e pesquisados, 89 foram classificados como pr-cermicos e 148 como cermicos, estes ltimos compreendendo tanto pr-histricos, quanto histricos. Das 11 fases identificadas, duas inserem-se no perodo histrico: Sarandi e Assuna. Na fase Sarandi, alguns stios apresentam indcios de contato com os espanhis, nos sculos XVI e XVII: em ocupaes de estrutura tipicamente indgena aparecem artefatos com influncia europia, alm de peas metlicas. Segundo o A., um deles pode corresponder Vila de Ontiveros, fundada em 1554 sobre uma aldeia indgena, abandonada dois anos depois e nunca localizada. Em outro stio foram detectados dois longos muros paralelos, com mais de 200m de extenso e 1m de altura, que tanto podem ter pertencido a uma fortificao, quanto a um porto fluvial espanhol. Os stios da Fase A'Ssuna so mais recentes e correspondem ocupao de pequenos grupos familiares neobrasileiros ou caboclos, em meados do' sculo XIX e incio do sculo XX. A fuso entre elementos indgenas e europeus mais intensa entre eles do que nas vilas espanholas e redues jesuticls e correspondem a uma poca de penetrao e estabelecimento dos portugueses, quando a regio sofreu profundas mudanas sociais e econmicas. CHMYZ, Igor & SGANZERLA, Eliane Maria. Consideraes sobre os stios histricos 1990 especiais das reas paranaenses influenciadas pelas usinas hidreltricas Rosana e Taquaruu e sugestes para o seu aproveitamento mltiplo. Arqueologia, Revista do CEPA, voi. 6;55-74. O projeto arqueolgico Rosana-Taquaruu, desenvolvido na rea de influncia dessas usinas hidreltricas, est voltado para a reconstituio da ocupao humana no baixo e mdio Paranapanema, abrangendo um perodo que se estende desde 6.165 AC at o sculo atual. Os stios pr-histricos, em geral simples e de pequenas dimensGes, vm sendo regularmente trabalhados. Os stios histricos, no entanto, extensos e complexos, vm tendo suas pesquisas limitadas s partes mais impactadas, tendo em vista o carter de salvamento dos trabalhos, o que restringe as possibilidades para o seu conhecimento e posterior aproveitamento. Trs stios histricos apresentam, nesta rea, caractersticas especiais: duas redues jesuticas (N. S. de Loreto e Santo Incio Menor ou do Ipaumbucu) e uma colnia indgena (Santo Incio do Paranapanema). Aps fornecer os antecedentes histricos desses assentamentos, ameaados pelo avano da frente de expanso agrcola, os autores relatam a sua situao atual, invadidos por posseiros, em grande parte descaracterizados, e comunicam os resultados parciais das pesquisas a desenvolvidas. Ao final, aps considerar que apenas o espao da Reduo de Santo Tncio Menor apresenta ainda condies para um aproveitamento mltiplo, propem um programa educativo e turstico, associado intensificao das pesquisas na rea. A criao do Museu da Reduo de Santo Incio Menor poderia viabilizar a centralizao de todo o acervo arqueolgico do vale do rio Paranapanema, tornando-se um centro de referncia. CHMYZ, Igor; SGANZERLA, Eliane Maria; VOLCOV, Jonas Elias. O Projeto Arqueo1990 lgico Rosana-Taquaruu e a evidenciao de estruturas arquitetnicas na Reduo de Santo Incio Menor. Arqueologia, Revista do CEPA, voi. 6:1-54. A construo das usinas hidreltricas Rosana e Taquaruu, no rio Paranapanema, pela Cia. Energtica de So Paulo (CESP), determinou a implantao de um programa de salvamento arqueolgico na rea impactada, conduzido pelos autores. Neste artigo feito um histrico do projeto, no qual so relacionados 41 stios levantados (16 pr-cermicos, 21 cermicos e 4 histricos), destacando-se os resultados parciais das pesquisas que vm sendo

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desenvolvidas na Reduo Jesutica de Santo Incio Menor ou do Ipaumbucu, anteriormente estudada por o. Blasi 0966, 1971). So levantados dados etno-histricos referentes regio do Guair e prpria Reduo. So descritos o plano geral do povoado e suas principais estruturas arquitetnicas, mencionando-se outras pesquisas efetuadas em stios relacionados ao movimento de colonizao espanhol-portugus nos estado do Paran e Rio Grande do Sul. Bastante perturbada por prticas agrcolas desenvolvidas em carter intensivo h dcadas, a rea da Reduo foi inclusive reocupada por posseiros em tempos mais recentes, razo pela qual as escavaes concentraram-se no trecho preservado. Evidncias arquitetnicas, manchas pretas e cortes experimentais determinaram a seleo dos pontos para escavao: uma casa a oeste da igreja, alguns trechos da parte interna e externa da igreja, o forno, alm das "casas de ndios" situadas fora do espao preservado da Reduo. So descritos os resultados obtidos em cada uma dessas estruturas. CUNHA, Lus Fernando de Castro. De volta ao passado, mergulhando sobre o Galeo 1990 Sacramento. Revista Martima Brasileira, v. 110, ns. 4/6:31~40. O A. expe as condies da arqueologia subaqutica no Brasil, considerada por uns como uma atividade desportiva, e, por outros, como pretexto para pilhagens, denunciando a devastao promovida por caadores de tesouros em stios submersos. Retoma a questo da descoberta do Galeo Sacramento, naufragado em 1668 no litoral da Bahia, j abordada anteriormente por Ulysses Pernambucano de Mello Neto, em 1976. So relatados os achados dessa primeira campanha, porm o A. d maior nfase segunda pesquisa, por ele empreendida na condio de arquelogo do Servio de Documentao Geral da Marinha, dez anos depois, com o objetivo de elaborar um quadro atualizado do naufrgio. Os novos objetos resgatados so descritos, bem como avaliados os impactos sofridos pelos destroos, em decorrncia de processos de aoreamento, atividade de mars, etc. DIAS ]UNIOR, Ondemar Ferreira. Resumo das atividades de campo do Instituto de 1964 Arqueologia Brasileira na Fazenda Calundu. Boletim do Instituto de Arqueologia Brasileira, n. 4. Descrio de trs jazidas prospectadas na Fazenda da Jacutinga do Calundu, no municpio de Nova Iguau, estado do Rio de Janeiro, datadas do perodo colonial. Em uma delas foi recuperada uma cermica tipicamente cabocla; nas demais, cermica associada a grande quantidade de louas europias, basicamente holandesas e inglesas, e outros objetos, como uma moeda datada de 1865. DIAS ]UNIOR, Ondemar Ferreira. A Fase Para ti: apontamentos sobre uma fase cer1971 mica neobrasileira. Universitas, nos. 8/9:117-133. O A. apresenta no artigo uma nova fase arqueolgica, neobrasileira, identificada no Rio de Janeiro e pertencente ao periodo colonial. Estabelecida a partir de observaes feitas em 22 stios arqueolgicos, situados em abrigos ou "tocas", pennsulas, praias e ilhas da regio de parati, bem como na prpria cidade de Parati, apresenta os seguintes traos diagnsticos: cermica produzida com tecnologia indgena e elementos europeus, como asas e alas, associada a artefatos de origem europia. Distingue-se da outra fase neobrasileira registrada no Rio de Janeiro, designada como Calundu, pelas seguintes caractersticas: surgimento de novas e variadas formas na cermica, apresentando tcnicas decorativas mais simples e uniformes; menor quantidade de artefatos de origem europia, como louas e implementos de ferro, associados cermica. Cronologicamente ambas as fases so consideradas como contemporneas, iniciando-se no sculo XVII. DIAS ]UNIOR, Ondemar Ferreira. A cermica neo-brasileira. Arqueo-IAB, Textos 1988 Avulsos n. 1, 30p. il. Neste artigo o A. se prope a esclarecer as caractersticas diagnsticas da Tradio Neobrasileira, no muito bem absorvidas ou compreendidas por outros pes-

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quisadores, sumarizando seus elementos gerais. Sua cermica apresenta uma pasta bem constituda, coesa, com argilas e temperos finos, sendo em geral confeccionada por roletes em espiral ou pela tcnica do anelado. Peas pequenas podem ser modeladas, mas o torno nunca empregado, j que se trata de uma produo domstica, no comercial. No obstante, a cermica torneada ocorre em associao, contribuindo para caracterizar a tradio. A queima quase sempre redutora, o que confere uma colorao escura s peas, e o tratamento de superfcie resume-se em geral a um simples alisamento, com esptuIa ou seixos que deixam marcas caractersticas. Banhos, engobos e vidrados so raros. A decorao sobretudo plstica, aplicada s faces externas, e normalmente limitada parte superior das peas; ocorrem sobrevivncias de tipos decorativos indgenas, como o corrugado, ungulado, escovado e o polido-estriado. O inciso bem mais elaborado e variado, sugerindo uma possvel influncia do elemento africano, e aparece combinado a outros tipos. considerado, com suas variaes, como o elemento caracterstico desta cermica no litoral do pas. O polimento e a pintura so pouco freqentes e esta ltima, quando presente, extremamente pobre. Apliques e asas, muitas vezes mltiplas em uma mesma pea, so predominantemente horizontais e as verticais ocorrem com pouca popularidade. Outros traos europeus, como fundos planos, alas, pedestais e ps tambm aparecem. As formas so simples, de dimenses medianas, globulares, sendo comuns os pratos e alguidares, bem como as tampas, indicando aculturao entre elementos indgenas, europeus e africanos. Este material aparece geralmente acompanhado por cachimbos, discos perfurados em cermica, lminas de machado, lascas de quartzo, pederneiras, objetos de ferro e vidro. GAMA, Ruy. Aspectos da Arqueologia Industrial no Brasil. In: Anais do P Seminrio 1986 Nacional de Histria e Energia, vol. 2. Departamento do Patrimnio Histrico, Eletropaulo, So Paulo, pp.252-259. Em uma reunio de