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04 - Editorial Paulo Rocha06 - Foto da semana07 - Citações08 - Nacional14 - Internacional20 - Semana de... Lígia Silveira22 - Dossier Novo bispo em Santarém

24 - Entrevista D. José Traquina56 - Multimédia58 - Estante60 - Agenda62 - Vaticano II64 - Programação Religiosa65 - Minuto Positivo66 - Liturgia68 - Fundação AIS70 - LusoFonias

Foto de capa: Patriarcado de LisboaFoto da contracapa: DR

AGÊNCIA ECCLESIA Diretor: Paulo Rocha | Chefe de Redação: Octávio CarmoRedação: Henrique Matos, José Carlos Patrício, Lígia Silveira,Luís Filipe Santos, Sónia NevesGrafismo: Manuel Costa | Secretariado: Ana GomesPropriedade: Secretariado Nacional das Comunicações Sociais Diretor: Padre Américo AguiarPessoa Coletiva nº 500966575, NIB: 0018 0000 10124457001 82.Redação e Administração:Quinta do Bom PastorEstrada da Buraca, 8-121549-025 LISBOATel.: 218855472; Fax: [email protected]; www.agencia.ecclesia.pt;

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Opinião

«PortugalCatólico», umaenciclopediacontemporânea[ver+]

I Dia Mundial dospobres[ver+]

D. José Traquina,bispo de Santarém[ver+] D. José Traquina | D. Manuel Pelino| Paulo Rocha | Lígia Silveira |Fernando Cassola Marques |Manuel Barbosa | Tony Neves |Paulo Aido

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Lideranças

Paulo Rocha Agência ECCLESIA

As instituições surgem no debate público comfrequentes marcas de fragilidade diante davalorização progressiva de determinadasindividualidades, mulheres e homens que seafirmam mais pelo que são e fazem do que pelamoldura histórica que possam ocupar. No mundoassociativo, nas estruturas religiosas e de formageral nas hierarquias que continuam a organizara sociedade, é comum encontrar referênciasrelevantes em torno de personalidades queconquistam espaço nos vários palcos sociais e,por isso, transformam-se em referências dasinstituições a que estão ligados, mesmo que asintervenções realizadas raramente se distanciemda opinião pessoal e só com esforço possamconquistar outros vínculos.A procura de uma voz que represente ainstituição mostra que a sua propaladafragilidade nem sempre corresponde à realidade,o que ainda mais se verifica quando se escolhemas respetivas lideranças. É assim nos partidospolíticos, nas associações representativas dosdiferentes setores da sociedade, também oreligioso.

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Basta acompanhar os tempos queantecedem eleições ou nomeações,os jogos de bastidores que omarcam, as tentativas de conquistade votos e o esforço por tornaragradáveis perfis e ideias pessoais.Assim, as instituições continuam,por um lado, a ser requisitadascomo referências essenciais dasociedade e persegue-as anecessidade de oferecer, em cadatempo e em todos os contextos, umcontributo relevante para a coisapública e o bem comum; por outro,as lideranças institucionaisencontram no valor da pessoa queas assumem o ambiente indicadopara lutar contra a irrelevância aque podem estar sujeitas naorganização que representam.É comum dizer-se que a Europa temfalta de líderes, que escasseiamvozes de comando,

com ideias e programas quepersigam o bem comum e consigamcontagiar grupos, comunidades,países… Um problema que secoloca em todos os setores sociais,também o religioso. E, nasalvaguarda do princípio dasubsidiariedade, também a estenível, torna-se cada vez maisurgente trabalhar pela relevânciadas instituições e das suaslideranças, tanto a nível global,como nacional ou local.No que diz respeito especificamenteà Igreja Católica, sabemos eacreditamos que todos osacontecimentos, nomeadamente asescolhas de lideranças, devem serlidos do fim para o princípio, a partirdo dinamismo da ressurreição. Defacto, o que acontece não tem nascapacidades e habilidades humanaso fator decisivo, mas na forçacriadora de Deus, pelo EspíritoSanto. Mas essa certeza nãodispensa cada um da parte que lhetoca.

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Buscas pela tripulação do submarino desaparecido na Patagónia,Argentina.

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“Portugal está no bom caminho. É isso mesmo. Temosde continuar este caminho tendo presente que é oúnico caminho que serve os portugueses"Marcelo Rebelo de Sousa, presidente da RepúblicaPortuguesa - Lisboa, 22.11.2017 “Cada um terá os seus planos muito bem feitos, muitodetalhados. Mas falo de tendências gerais: penso quea ideia que preside à ação do Presidente da Repúblicaé a ideia de um Bloco Central”Mariana Mortágua, deputada do Bloco de Esquerda,em entrevista à Renascença/Público - 23.11.2017 “A data fixada para a mudança é 1 de janeiro de 2019.Temos um ano para em conjunto com o Infarmed e aCâmara do Porto encontrar as melhores soluções quepermitam que o Infarmed mantenha a sua atividadesem nenhum tipo de desarticulação”Adalberto Campos Fernandes, ministro da Saúde -Lisboa, 21.11.2017 "É uma matéria em que nós, mais uma vez, vemos umadecisão isolada e um pouco errática por parte doGoverno"Assunção Cristas, presidente do CDS-PP, comentandomudança do Infarmed para o Porto - Lisboa,22.11.2017 “O Partido Socialista quis alimentar o equívoco decomo o tempo de congelamento das progressões seriacontado para futuro, apenas para não ter de clarificarque foi o próprio Governo socialista em 2010 quedeterminou no Orçamento do Estado que esse temponão contaria para futuro, quando as progressõesfossem retomadas”Pedro Passos Coelho, presidente do PSD - Lisboa,21.11.2017

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A enciclopédia do catolicismocontemporâneo em PortugalO presidente da Repúblicaapresentou em Lisboa a obra‘Portugal Católico – A beleza nadiversidade’, realçando o papel doCristianismo na construção do paíse na resposta às crises maisriquezas. Marcelo Rebelo Sousaafirmou que o “Estado e a naçãoque devem muitíssimo ao Portugalcristão, ao Portugal católica”.A intervenção decorreu diante decentenas de pessoas reunidas naapresentação do livro, na AulaMagna da Reitoria da Universidadede Lisboa.O chefe de Estado sublinhou apresença dos católicos “nosmomentos mais difíceis” das crisesmais recentes, em particular nocampo social, evocando 900 anosde história nos quais se “confundiutantas e tantas vezes” com a históriado Cristianismo na sociedadeportuguesa. Rebelo de Sousaconvidou a superar “complexos” emrelação a estas histórias,valorizando sobretudo os momentospositivos.O livro é apresentado pelosresponsáveis por esta edição comouma ‘enciclopédia’ que retrata ocatolicismo no país contemporâneo,ao longo de 14 capítulos e 800

páginas, com diversos temas eautores.O cardeal-patriarca de Lisboainterveio na apresentação da obra‘Portugal Católico’, falando de umtítulo que só “aparentemente” édifícil, em particular na sua“conjugação”. D. Manuel Clementesublinhou a “tensão criativa” entrecatolicismo e sociedade na históriaportuguesa.“Toda a tradição católica vive destatensão, conhecendo sucessivosmovimentos de reforma que lhelembram um Reino que não é destemundo, como o próprio Cristoacentuou, mas que nem por issoquis fora do mundo”, referiu,retomando a reflexão apresentadano prelúdio da obra.José Carlos Seabra Pereira, um dosdiretores da publicação, disse porsua vez que a obra que é agoralançada surge sem “atitudedefensiva” ou pretensões“triunfalistas”.O livro ‘Portugal Católico’, que contacom o apoio da ConferênciaEpiscopal Portuguesa, apresenta204 textos-síntese, de 190 autores,com uma “forte componenteimagética”, fotos (aéreas eterrestres), gravuras,

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e poemas de diversos autoresportugueses.A publicação tem 14 capítulos que,simbolicamente, representam as 14estações da Via-Sacra e as 14Obras de Misericórdia.O historiador José Eduardo Franco,codiretor da obra, declarou que háo risco de conhecer religiões epovos “superficialmente”, sem“compreender a complexidade dasrealidades”.A sessão contou com a atuação dosartistas Rão Kyao, Cuca Roseta eTeresa Salgueiro, além deintervenções de Paulo Oliveira,

presidente do Conselho deAdministração do Círculo deLeitores, e Paulo Dias, reitor daUniversidade Aberta.O prefácio é da autoria dopresidente da RepúblicaPortuguesa; o cardeal-patriarca deLisboa, D. Manuel Clemente,escreveu um prelúdio e é publicadoum limiar do secretário-geral daOrganização das Nações Unidas,António Guterres.Novas sessões de apresentaçãovão decorrer a 28 de novembro, noPorto, no Palacete Araújo Porto,pelas 17h30, e em Braga no dia 30,no Museu Pio XII, a partir das21h15.

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Instituições católicas juntas porpolítica global de solidariedadeA Cáritas Portuguesa associou-se avárias instituições para assinalarhoje, em Lisboa, o primeiro DiaMundial dos Pobres, instituído peloPapa Francisco.O bispo emérito de Beja, D. AntónioVitalino, apelou, durante acelebração, a um compromissocomum pelos pobres e de luta pela“justiça social”. “Lembremos aospoderosos deste mundo que façamuma política global de solidariedade,sobretudo a partir dos mais pobres,pensando na casa comum, noplaneta terra”, disse o vogal daComissão Episcopal da PastoralSocial e Mobilidade Humana, nahomilia da Missa que assinalou acelebração do I Dia Mundial dosPobres, na igreja de São Roque.A Eucaristia reuniu representantes epessoas apoiadas por organizaçõescatólicas de solidariedade, bemcomo figuras da sociedadeportuguesa que se quiseramassociar à iniciativa, como oselecionador nacional, FernandoSantos.O bispo emérito de Beja convidouos participantes a alterar “estilos devida”, para que todos sejam “maissóbrios e solidários”. “Não

abandonemos a esperança, ajustiça, o amor aos maisnecessitados”, apelou D. AntónioVitalino, que assinalou ainda oencerramento da Semana dosSeminários, em Portugal.Eugénio Fonseca, presidente daCáritas Portuguesa, interveio noinício da Missa para sublinhar aimportância de promover, na Igreja ena sociedade, os ideais de “partilha,comparticipação e responsabilidadecomum”. “Estamos aqui para dizeraos nossos irmãos e irmãs maispobres e excluídos que queremospartilhar a viagem da vida,caminhando simbolicamente comeles por algumas ruas de Lisboa,partilhando alimentos e afetos”,assinalou o responsável.Depois da Missa, os participantesseguiram em cortejo até à Ribeiradas Naus, vestindo a camisola dainiciativa ‘Partilhar a Viagem’,também associada aos maisnecessitados.

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O tempo dos leigosO IV Encontro Nacional de Leigos,que decorreu este sábado emViseu, deixou propostas decontemplação do universo,descoberta da beleza e encontrocom a esperança. Paolo Galardi,artista e conselheiro espiritual doatelier de Teologia do Centro Aletti,em Roma, disse que esperança“não é otimismo” e não consiste em“ter sucesso”.“Na Igreja continuamos a esperar osucesso, os números, o fruto dasnossas obras. Esperamos que asnossas associações cresçam,esperamos que o nome de Cristoseja reconhecido nos nossosambientes de trabalho”, alertou.A cosmologista Marisa CristinaMarch propôs uma redescoberta douniverso a partir do significado queDeus lhe dá. “Nós não vivemos numuniverso estéril, vazio, solitário,vivemos num universo em que Deusentrou, em que Deus montou a Suatenda connosco”.Para Cristina March, o universo“encontra o seu significado só emDeus” e cada pessoa encontra oseu “verdadeiro sentido eidentidade em Deus”.O IV Encontro Nacional de Leigosdecorreu em torno do tema “Este éo tempo”. O historiador e ensaísta

francês François Huguenin afirmouno IV Encontro Nacional de Leigos,que decorreu em Viseu, que ocristão “não deve idolatrar nemdesertar da política”, mas afirmar apossibilidade da dignidade humanapara todos.François Huguenin participou numpainel sobre o tema “O trabalho pelajustiça e pela paz”, analisando ocompromisso político que é pedido atodos os cristãos. Para o historiador,o cristianismo “inverte as posturaspolíticas de dominação” e não seafirma “contra a política no sentidoem que reconhece o benefício davida social e a necessidade deprocurar um bem comum”.O ensaísta francês referiu-setambém à "opção preferencial pelospobres”, como definidora da daspolíticas do estado e dos“comportamentos dos cidadãos”, àdefesa da vida, “quaisquer quesejam as condições da conceção”.

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A Agência ECCLESIA escolhe sete acontecimentos que marcaram aatualidade eclesial portuguesa nos últimos dias, sempre atualizadosem www.agencia.ecclesia.pt

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Aveiro: Bispo pede à diocese que reze pelo «dom da chuva»

Escola católica foi pioneira na «democratização» do ensino

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Indiferença é o grande pecadocontra os pobres

O Papa Francisco denunciou noVaticano a “indiferença” perante osproblemas dos mais necessitados,considerando que esta omissão é “ogrande pecado contra os pobres”.“É dizer: ‘Não me diz respeito, não éproblema meu, é culpa dasociedade’. É passar ao largoquando o irmão está emnecessidade, é mudar de canal,logo que um problema sério nos

indispõe, é também indignar-se como mal mas sem fazer nada. Deus,porém, não nos perguntará sesentimos justa indignação, mas sefizemos o bem”, advertiu, na homiliada Missa a que preside na Basílicade São Pedro, com milhares depessoas necessitadas.Assinalando o I Dia Mundial dosPobres, o Papa apelou à açãoconcreta em favor dos “irmãos mais

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pequeninos”, dos que têm fome, osdoentes, os estrangeiros, os presos,os necessitados e abandonados.“Nos seus rostos, podemos imaginarimpresso o Seu rosto [de Jesus];nos seus lábios, mesmo sefechados pela dor, as Suaspalavras: «Isto é o meu corpo»”,acrescentou.Francisco começou por sublinhar adimensão espiritual destacelebração, realçando que todostêm algo para dar e para receber.“Todos somos mendigos doessencial, do amor de Deus, quenos dá o sentido da vida e uma vidasem fim”, observou.O Papa desafiou os católicos a viverà imagem de Jesus Cristo, que“arrisca por amor, joga a vida pelosoutros, não aceita deixar tudo comoestá”.A intervenção apresentou como“dever evangélico” cuidar dospobres, o que significa “lutar contratodas as pobrezas, espirituais emateriais”. “Abeirar-nos de quem émais pobre do que nós, tocará anossa vida. Lembrar-nos-á aquiloque conta verdadeiramente: amar aDeus e ao próximo. Só isto durapara sempre, tudo o resto passa;por isso, o que investimos em amorpermanece, o

resto desaparece”, disse Francisco.O Papa afirmou ainda que, para oCéu, “não vale o que se tem, mas oque se dá”. “Que o Senhor, que temcompaixão das nossas pobrezas enos reveste dos seus talentos, nosconceda a sabedoria de procurar oque conta e a coragem de amar,não com palavras, mas com obras”,concluiu.Na Basílica de São Pedro estiveram4 mil pessoas pobres de Roma e deoutras dioceses do mundo. Após arecitação do ângelus, pelo meio-diada capital italiana, 1500 pessoasalmoçaram com o Papa na salaPaulo VI e as outras 2500 foramacolhidas por refeitórios sociais,seminários e colégios da IgrejaCatólica de Roma para uma “almoçofestivo”.

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Papa aborda crise dos rohingya noBangladesh e Mianmar O Papa Francisco vai reunir-se emprivado com o comandante doExército de Mianmar e comrefugiados rohingya, noBangladesh, anunciou o porta-vozdo Vaticano. Greg Burke, diretor dasala de imprensa da Santa Sé,apresentou aos jornalistas oprograma atualizado da viagem, quevai decorrer entre 26 de novembroe 2 de dezembro.Francisco vai reunir-se a 30 denovembro com o comandante doExército, general Min Aung Hlaing,em Rangum. Um "pequeno grupo"de refugiados rohingya vai estarpresente num encontro inter-religioso pela paz na capital deBangladesh, Daca, na tarde de 1 dedezembro.O porta-voz do Vaticano adiantouque o Papa vai deslocar-se emcarro fechado, não-blindado, nassuas deslocações nestes países,onde os cristãos são uma minoria(1,27% da população em Mianmar,0,24% no Bangladesh).De acordo com o Alto Comissariadoda ONU para os refugiados, cercade 650 mil refugiados rohingya doEstado Rakhine, em Mianmar,fugiram para Bangladesh nosúltimos meses.As duas nações estão no centro da

crise humana que atinge a minoriarohingya, vistos pela populaçãomaioritariamente budista deMianmar como imigrantes ilegais doBangladesh, não lhes sendoreconhecida a cidadania.Francisco será o primeiro Pontífice avisitar o Mianmar e o segundo noBangladesh, num regresso à Ásia,quase três anos depois.O Papa vai percorrer mais de 17 milquilómetros, numa agenda que incluiencontros com a antiga PrémioNobel da Paz Aung San Suu Kyi,responsáveis políticos, líderescatólicos e com o ConselhoSupremo dos Monges Budistas deMianmar.No Bangladesh, o Papa Franciscovai visitar o memorial nacional aosmártires de Savar, falando aautoridades políticas e religiosas. Oprograma inclui um momento inter-religioso de oração pela paz.O Papa fez até hoje 20 viagensinternacionais.

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Oração pela paz no Sudão do Sul ena República Democrática do CongoO Papa Francisco presidiu noVaticano a uma oração pela paz noSudão do Sul e na RepúblicaDemocrática do Congo, durante aqual denunciou os “massacres” demulheres e crianças por causa daguerra. “[Deus] Salve as criançasque sofrem por causa de conflitos, aque são alheias mas que roubam asua infância e, às vezes, a própriavida. Que grande hipocrisia é negaros massacres de mulheres ecrianças! Nisto se mostra o rostomais horrível da guerra”, declarou,na homilia que proferiu na Basílicade São Pedro.A oração quis ser um momento delançar “sementes de paz” no Sudãodo Sul, República Democrática doCongo e “todas as terras feridaspela guerra”. Quanto ao Sudão doSul, o Papa revelou que tinha“decidido fazer-lhe uma visita”, oque acabou por não ser possívelface ao clima de violência e à crisehumana no país africano.Francisco apontou o dedo aos“pecados que geram e fomentam asguerras”, como “o orgulho, aavareza, a ganância do poder, amentira”. “Que o SenhorRessuscitado derrube os muros dainimizade que hoje dividem osirmãos, especialmente no Sudão

do Sul e na República Democráticado Congo. Socorra as mulheresvítimas de violência, nas zonas deguerra e em todas as partes domundo”, rezou.O Papa apelou ao diálogo enegociação, pedindo àscomunidades em causa quepromovam “gestos e palavras defraternidade, respeito, encontro,solidariedade”.No mês de setembro, os bispos doSudão do Sul afirmam que a guerracivil que prossegue no país mostraum “total desprezo pela vidahumana”. Na mesma altura, a“deterioração da situação humana”e as “violações aos direitoshumanos” em curso na RepúblicaDemocrática do Congo motivaramum pronunciamento do observadorpermanente da Santa Sé nasNações Unidas, durante uma sessãodo Conselho de Direitos Humanosda ONU.

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1500 pobres almoçaram com o Papa

Celebração do I Dia Mundial dos Pobres no Vaticano

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Ainda os pobres

Lígia Silveira Agência ECCLESIA

Retrocedo a 19 de novembro para que este dianão cesse. As 24 horas passaram, a data foiassinalada com diferentes iniciativas e palavrase, encerrado o dia, espera-se a próximaefeméride a marcar o ritmo da vida eclesial.O I Dia Mundial dos Pobres, não da pobreza oupela pobreza, foi assim designado como umconvite a identificar rostos, histórias e percursosque a estatística ou a análise socialtendencialmente esconde. E eu regresso a estedia pelos rostos marcados que me mostram oque é a pobreza. Escrevo a pensar em alguns,concretos, que me deixaram tocar as suas vidasna esperança de que o seu testemunho possaajudar outros, deixando a mensagem de queforam ajudados quando se deixaram ajudar.Escrevo a pensar em alguns que escolhemcaminhar lado a lado, fazendo deste percursotambém o seu trajeto de transformação. Escrevoa pensar no que encontrei no Centro Social SãoFrancisco Xavier, ligado à Cáritas diocesana deSetúbal.Numa sala do Centro monta-se um órgão eajeitam-se cadeiras em círculo. Aos poucos oslugares vão sendo ocupados ao ritmo do somque o professor Carlos Xavier vai soltando doteclado. Não se procuram talentos ou vozesespecialmente afinadas – ali resgatam-sehistórias de vida, inicialmente partilhadas emforma de memórias musicais. E assim acontecehá dois anos num projeto inédito que convida,indiretamente, à inserção e à validação de cadahistória de vida.

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Mas como se isto não bastasse, hámais. Ali o discurso técnico tem aprática de um abraço que se dá, deuma dança partilhada onde utentese funcionários se confundem eainda bem. Ali a conversão aguardao tempo que for preciso para que acabeça se levante e a certeza dadignidade adquirida peça paratomar banho ou para cortar ocabelo. Neste espaço o resgate nãose mede pelo contributo que cadapessoa passa a dar para o ProdutoInterno Bruto mas quando se olhaao espelho e se acredita «eu valhomais e quero mais».E ali o desafio do Papa Franciscoconcretiza-se: “Não pensemos nos

pobres apenas como destinatáriosduma boa obra de voluntariado, quese pratica uma vez por semana, ou,menos ainda, de gestosimprovisados de boa vontade parapôr a consciência em paz. Estasexperiências, embora válidas e úteisa fim de sensibilizar para asnecessidades de tantos irmãos epara as injustiças quefrequentemente são a sua causa,deveriam abrir a um verdadeiroencontro com os pobres e dar lugara uma partilha que se torne estilo devida”.«Uma partilha que se torne estilo devida». Não são os gestos queconvertem?

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D. José Traquina, até agora auxiliar do Patriarcado de Lisboa, é onovo bispo de Santarém, sucedendo a D. Manuel Pelino. OSemanário ECCLESIA apresenta um dossier dedicado a esta novafase na vida da diocese escalabitana, que acolhe solenemente o seubispo, este domingo, pelas 16h00, na Igreja de Santa Clara.D. José Augusto Traquina Maria, de 63 anos, nasceu a 21 de janeirode 1954 em Évora de Alcobaça, (Patriarcado de Lisboa), e foiordenado padre a 30 de junho de 1985; a 17 de abril de 2014 foinomeado bispo auxiliar de Lisboa, pelo Papa Francisco, e ordenadobispo a 1 de junho desse mesmo ano, numa celebração presididapelo cardeal-patriarca, D. Manuel Clemente.Mestre em Teologia Pastoral pela Universidade Católica Portuguesa,em Lisboa, o terceiro bispo da Diocese de Santarém esteve váriosanos ligado à preparação dos candidatos ao sacerdócio, tendo feitoparte da equipa formadora do Seminário de Almada e do Pré-Seminário de Lisboa.O novo bispo foi responsável máximo da Vigararia Cadaval-Bombarral, em três mandatos diferentes (1993,1996 e 2001), no anoseguinte integrou o Secretariado de Ação Pastoral do Patriarcado deLisboa, e em 2003 foi nomeado Assistente do Núcleo do Oeste doCorpo Nacional de Escutas e mais tarde Cónego da Sé Patriarcal deLisboaApós ter assumido a sua missão pastoral à frente da comunidadecatólica de Nossa Senhora do Amparo, em Benfica, D. José AugustoTraquina foi designado Vigário da Vara da Vigararia III da cidade deLisboa, em 2011, cargo que acumulou com o trabalho de diretorespiritual do Seminário Maior de Cristo Rei do Olivais e com acoordenação do Conselho Presbiteral de Lisboa.Na Conferência Episcopal Portuguesa, D. José Traquina é o novopresidente da Comissão da Pastoral Social e da Mobilidade Humana.

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D. José Traquina, um bispo que tocaviola e gosta de rezar o terço na rua O novo bispo da Diocese de Santarém conversou longamente com aAgência ECCLESIA, numa entrevista em que se fala da infância, da família,da descoberta da vocação, do seu percurso sacerdotal e episcopal, bemcomo desafios que se colocam à Igreja Católica num mundo em mudança.Uma espécie “retrato” de D. José Traquina, que se apresta a suceder a D.Manuel Pelino.

Entrevista conduzida por José Carlos Patrício Agência ECCLESIA (AE) – De ondecomeçou por beber a fé cristã.Quem é que, desde pequeno, maiso introduziu nesta caminhada da féque o trouxe até aqui hoje?D. José Traquina (JT) – Fiz umaexperiência infantil na família e naParóquia de Évora de Alcobaça(Patriarcado de Lisboa) como outrascrianças fiz um percurso normaldaquilo, catequese, escola primária,Primeira Comunhão, Profissão de fé.Aos 12 anos já estava a trabalharno comércio e fui estudar à noiteaos 14 anos em pós-laboral. Fizessa experiência de trabalhar eestudar ao mesmo tempo e fui-meinteressando, mantendo sempre nodinamismo da fé, ia à Missa aodomingo, confessar-me. Preparei-me na paróquia para

o Crisma. Fiz o Crisma aos 16 anos,o meu professor primário foi o meupadrinho de Crisma, ainda recordo.Pelos 18 anos aparece umsacerdote do seminário em Alcobaçae pede aos padres da vigararia quelhes indiquem dois jovens de cadaparóquia para se reunir. Começa aíum momento curioso da minhahistória: o meu prior convidou-me, ea outro rapaz, para irmos a esseencontro. Esse padre (JoaquimDuarte, do Seminário de Almada)passou a encontrar-se connoscotodos os meses.Começa uma reflexão adulta, umajuventude mais madura, com aPalavra de Deus, com o Evangelhona mão e a ler a realidade da vida, arealidade da sociedade, do mundo,das famílias, com tudo o que tinhade desafiante.

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O meio ambiente em que vivíamos edepois iluminar, interpretar, segundoo texto que íamos lendo.É muito curioso a pedagogia que opadre tinha de nos desafiar acomentar a realidade, mas com oEvangelho. Isso foi criandomaturidade cristã, fui assumindouma experiência cristã que não eraapenas a tradição popular do ritmodas festas, das coisas bonitas quefazíamos.Agora era uma fé cristã queinterpelava uma leitura da realidadee isso fez a diferença. Cresci com18, 19, 20 anos, com a luz nova queé a nossa existência cristã é parafazer este mundo mais belo, comsentido, mais justo, onde hajaverdade, dê gosto viver. Onde seconstrua e edifique fraternidade.E, portanto, não podia ser umacoisa para entreter. Isso já erapreocupação. Era um dosinteressados e o padre convidou-mepara ir para o seminário. Achavaque devia aprofundar a minhavocação. Na altura disse-lhe quenão porque projetava a minha vidade outra maneira, projetavaconstituir família. JT - Passou um ano e o assuntonão desapareceu da minha mente.

Quando vou cumprir o serviçomilitar, em Santarém, não tinha aminha família, amigos, e fui àprocura de pessoas cristã nacidade. Depois do tempo do quartelmilitar, ia conviver com os padresque estavam naquele seminário,numa paróquia ia à Missa ao final datarde, a um grupo de oração nasIrmãs Servas de Fátima, onde haviaum grupo de oração doRenovamento Carismático.E por ali andava, um jovem naoração e o assunto da vocaçãomantinha-se. Nessa altura, com 22anos, em abril de 1976, procurei opadre do seminário: “Lembra-se daconversa que me fez há dois anos?Agora estou disposto a retomaresse assunto para o aprofundar”.Entrei para o Seminário de Almadaem outubro de 1976.Então fiz um percurso normalíssimo,tive de terminar o liceu, porque ocurso comercial da noite nãocorrespondia, e depois fazer opercurso de Teologia e Filosofia naUniversidade Católica até chegar àordenação de Diácono e Presbítero. AE – Há uma história curiosaporque no serviço militar foidesafiado também para fazercarreira militar?JT – Sim, estava a cumprir oServiço

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Militar na Escola Prática deCavalaria em Santarém e o meucomandante de Esquadrãoconvidou-me para ir para aacademia. Simpatizou comigo, nãotinha muita confiança, mas lá tinhareferências.Já tinha decidido ir para o seminárioe ele ficou muito escandalizado coma minha opção e ainda tentoudesviar-me dessa ideia. Depois tiveoutro capitão, noutro serviço, quetambém insistiu para ir para aacademia. Quando fui ordenado,mandei-lhe um cartão a informarque a minha opção se tinhaconfirmado e ia ser mesmo padre.Posso dizer que tenho tido algumafelicidade por onde tenho passado.Estava no quartel militar e a casaonde trabalhava continuava à minhaespera quando acabasse o serviçomilitar. Também tive de dizer quenão voltava e ia para o seminário.Fiz uma aventura, porqueobviamente entrar no seminário épara aprofundar, custou no princípioestar a pegar nos estudos com aprofundidade que se pedia. Paraquem não está habituado, é maisexigente. É preciso fazer umaginástica intelectual maior, mas aofim de três anos e meio fiz umaconclusão de percurso. Não tinha acerteza do que os padresavaliavam, mas

a minha experiência de caminhadade seminário tinha sido muito boa eestava decidido a uma consagraçãoao Senhor.Ou seja, era a descoberta que avida cristã tinha uma beleza de talmaneira que me dispunha a umaconsagração mesmo que nãoservisse para ser padre, podiaacontecer, mas uma vidaconsagrada é possível. Estavanessa disposição porque adescoberta tinha sido muito boa nosprimeiros três anos.

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AE – Foi ordenado sacerdote com31 anos. De que forma aexperiência que no mercado detrabalho e no serviço militar marcouo homem e o sacerdote que é? Oque trouxe dessas experiências ecomo o têm ajudado?JT – Marcou pelo conhecimento quetive de pessoas, e pela influênciaque os ritmos de trabalho têm. Sei oque é ter um horário de trabalho,obedecer a uma equipa de trabalho.Aprendi o que é respeitar umaformatura militar, o que é umcompromisso que têm

decisões que não dependem de mimmas estou comprometido a estaratento para quando é necessáriocorresponder.Há um conjunto de aprendizagensque nos amadurecem na caminhadaque a sociedade, o mundo nooferece e ficamos a saber. Quandofalo com pessoas que trabalham,que têm um emprego, que têm defazer um percurso para a escola-emprego, sei o que é isso.Há dias visitei uma sede da UGT

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numa visita pastoral e com o diretordos serviços lembrei-me de dizerque com 12 anos tinha o cartão decomércio da caixa sindical. Hoje éproibidíssimo. Essas experiênciascontam na nossa vida: o que é omundo do trabalho; o que é a lutapelos direitos, discutirem-sehorários.Tudo isso faz parte da nossahistória e enriquece-nos,obviamente, e quando as coisaspassam no mundo não souindiferente a essa realidade.No que diz respeito ao serviçomilitar, honra seja feita à arma decavalaria que estava em Santarém,aprendi imenso com os militares.Havia, sobretudo entre os oficiais,um nível elevado, era mesmo muitodigno a postura daqueles com quemconvívio a quem gostava de ouvir.Estava ainda na fase de instruendo,fui como furriel miliciano, e o tratoera de uma elevação que ficavaespantado; depois no percurso daspessoas com quem convivi naclasse de oficiais era de umaelevação muito grande. Ainda bemque fiz ali aquela experiência. AE – Essa disciplina, esse trato,essa elevação é algo que trazconsigo mesmo com os seuscolegas bispos? A nível pessoal éisso que traz?JT – Na cavalaria dizia-se “trabalho

é trabalho, conhaque é conhaque”.Nós precisamos de momentos debrincar, diversão, convívio, demomentos de passeio, masprecisamos de momentos em que épara trabalhar, decorresponsabilidade. É paraassegurar o trabalho, fazer e acabá-lo. E pôr a maior perfeição no quese está a fazer.Isto aprende-se na Igreja, mastambém se aprende lá. Há aspetosde uma profissão que nem na Igrejase ensina mas o mundo também temisso. A perfeição profissional, o fazerbem-feito não é só uma exigência deuma empresa, mas mexe tambémcom a qualidade humana de umapessoas. A pessoa valoriza-se sefizer bem feito o que tem para fazer,todo e qualquer profissional. Maisapto ficará para fazer mais coisasque lhe sejam pedidas no percursoda vida.Nesse aspeto o serviço militar foipara mim uma boa experiência,embora tivesse alguns serviços apessoa estar em serviço pleno 24horas, quatro dias seguidos,chegou-me a acontecer. Quando fuipromovido éramos só seis furriéis daminha especialidade e tínhamos naescala de serviço muitas vezes estar24h00.

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AE – Ir para a Diocese de Santarémé um momento especial nestepercurso?JT – É e direi à luz da fé como Deusé surpreendente. Em Santarém,quando o senhor bispo D. AntónioFrancisco Marques tomou contadaquela diocese, como primeirobispo, fui cumprimentá-lo nassemanas a seguir.Era impensável, não podia imaginarque alguma vez iria para aqueladiocese como terceiro bispo, nãopodia imaginar tal coisa. Como Deusé surpreendente! Ao mesmo tempofamiliar, porque me fez bemconhecer aquele senhor, terconhecido os padres que mereceberam quando fiz 20 anos eestão lá ainda. Eles e eu com maisidade, mas estão lá ainda, a maioriadesses padres que me receberamquando ia lá ao final do dia.Vou para uma casa, para umadiocese, que me é familiar, nestesentido, que me tocou nummomento juvenil. Vou com agrado. Édiferente de ir para um sítio ondenão se conhece absolutamentenada. Sinto essa descontração, istoem relação a algumas pessoas e umespaço.Em relação à diocese toda vamosmais devagar.

Conheço Santarém, mas há maiscidade que hei de conhecer,paróquias, sacerdotes que ireiconviver, aproximar-me e estar deperto. A estima que temos pelaspessoas cresce quando nosaproximamos. Temos de nosaproximar para conhecer aspessoas e criar relação. AE – A seguir à ordenação até hojeteve experiências na cidade e emmeio rural. Que desafios ediferenças encontrou que vai levarpara a Diocese de Santarém?JT – Há diferenças, embora apostura de um sacerdote tenhaaspetos semelhantes porque o quese pede a um padre é que sejapadre, um pai, um irmão, um amigo.Que esteja ali - mas se estamosresponsáveis por três paróquias nãoé mesma que estar numa. Apresença não é a mesma.Estando na província, como estivena zona do Bombarral, cheguei a tertrês paróquias, tinha um coadjutor ehouve um momento em que tive desocorrer a mais três paróquiasporque faleceu o sacerdote. Osenhor patriarca chamou-me: “Tensde dar ali uma ajuda porque não hásolução. Vamos tentar darassistência às pessoas para quepossam ter Eucaristia, uma

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resposta pontual”.A experiência foi muito boa, tinhaleigos muito compreensivos quederam muito bons testemunhos.Bombarral, Vale Covo, Roliça sãoparóquias de referência na minhahistória onde tive gente muito boa.Leigos que me deram testemunho

notável do que é estar na Igreja, nomundo pacientemente à procura dasmelhores soluções, dispostos areunir e a trocar impressões. Dão oseu parecer respeitando o pároco.Eles compreendiam que não podiaestar sempre no mesmo sítio.

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AE – Agora como bispo deSantarém, depois da experiência emLisboa, que estilo vai querer adotarenquanto pastor daquelacomunidade?JT – Fez-me muito bem estes trêsanos como bispo auxiliar de Lisboapara entender da minhapossibilidade de exercer esteministério. Já percebi que a primeiraatenção que é preciso ter é aproximidade com os padres. Fi-losem dificuldade com os padres comquem estive. Só eles é que poderãodizer da utilidade que teve ou nãoa minha presença. Não vou avaliarda parte deles se foi muitovantajosa ou não.

Senti-me bem na proximidade comos colegas padres nas vigarariasque acompanhei, na zona Oeste.Sentia-me corresponsável namissão que era deles e que eraminha também. Ao colaborar comeles, senti que estava a cumprir aminha missão e que estava acorroborar a missão que era deles.Essa proximidade com os padresfez-me sentir bem, porqueprecisamos sentir uma real econcreta fraternidade sacerdotal,precisamos sentir isso, viver.Celebrar juntos, rezar juntos, comerjuntos, brincar, estarmos juntos. Issofaz-nos falta. O ser consagrado emritmo diocesano

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tem de ter isso. Se não fazemosisso uns com os outros, nãosabemos estar com o povo de Deus.Faz-nos falta essa alegria, essamaneira de estar.Há momentos para rezar, claro.Estamos em retiro, numa recoleção,fazemos oração antes de tratar dosassuntos pastorais e depoisconvivemos. Tratamos dos assuntoscom seriedade e depois vamosalmoçar juntos, vamos conviver.Essa experiência na zona Oeste,nas quatro vigararias que estive aacompanhar, foi muito boa.Esta experiência para Santarémconta. Enquanto padre, senti-mebem com a presença do bispo.Penso que todo o padre emconsciência da sua missão sesentirá bem quando o bispo seaproxima, não como fiscal mas comopastor, para estar com ele namissão. Essa proximidade não tenhodificuldade em estabelecer, doponto de vista humano não tenhodificuldade e vai acontecer comrelativa facilidade.

AE – Tem a mais-valia de ter estadono seminário como formador,inserido numa equipa. É para sinatural esta necessidade deproximidade, de falar e entender osproblemas, as alegrias?JT – A experiência do seminário foiboa também. Foram sete anos comopadre no Seminário Vocacional deAlmada, só sai de lá porque houveuma reforma no seminário. O anoacadémico que acompanhava, o12.º ano, mudou-se para outroseminário. O senhor patriarca nãome mudou, deixou-me ficar, houveali um vazio de um ano, e mandou-me para o Bombarral que foi omelhor.Sobre essa experiência, ajudou-meo trabalhar em equipa. No meu casofoi uma boa experiência, tive padresmuito bons, com muita seriedade, efoi uma grande aprendizagem emtrabalho em equipa. Não estávamosa brincar, mas a acompanharcandidatos ao sacerdócio queestavam a aprofundar a suavocação.

Penso que todo o padre em consciência da sua missãose sentirá bem quando o bispo se aproxima, não comofiscal mas como pastor, para estar com ele na missão.

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AE –Muitas vezes a realidade numaparóquia é de um padre só com osseus problemas, desafios, trabalho.Sente que é importante ossacerdotes sejam cada vez maisacompanhados?JT – É verdade que oacompanhamento e convívio énecessário, mas não é suficiente.Pede-se que cada padre seja muitocolaborador de si mesmo se queredificar-se com muita harmonia, nãotenha medo de arranjar um amigofiel, um padre, um colega mais velhocom quem possa conversar sobre asua vida.A sensação que tenho é que a certaaltura o padre convive, mas cultiva oisolamento, e qualquer pessoa podefazer, mas é a história dos doismundos: a pessoa parece umacoisa mas no núcleo interior é outrapessoa. Num padre não deveacontece, aquilo que transparece,é. A história de “quem vê caras, nãovê corações” não pode ser.Aquilo que é a vivência do padre, acara que é, o que faz haverharmonia na pessoa. E sabemosque há padres que vivem sozinhos econseguem essa harmonia e padresque vivem acompanhados e nãoconseguem. Significa que é umcuidado do

próprio padre que é formador de simesmo neste cuidado.Um padre pode viver sozinho numacasa, mas convive, encontra-se,fala, reza, gera harmonia, equilíbrioe a sua afetividade passa. Aafetividade é partilhada de formaalargada. Está com crianças,adolescentes, jovens, adultos,idosos, com doentes, entrega-se,doa-se.Se vive numa casa com outros, mastem uma afetividade reservada, malresolvida, porque não está adistribuir capazmente, pode gerarproblemas. É um assunto quecomeça cedo em termos deexperiência e pede-se a umseminarista ou padre jovem que sejamuito íntegro e muito harmonioso, efaça a experiência do que é essaharmonia. Aquilo que pensa, aquiloque faz, aquilo que diz, tudo façaharmonia em si.É isto que vemos na pessoa deJesus Cristo, de quem as pessoasdiziam ‘Aquele fala como quem temautoridade’. Autoridade é isto, aquiloque diz, vemos a realidade napessoa, condiz com a pessoa.Há uma vigilância que a pessoa temde ter de si mesmo. A vigilânciaevangélica não é só para fora: estoua fazer bem, a edificar-me bem,

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a deixar-me atingir por alguma coisaque me faça estremecer.Ter outra pessoa com quemconversa da sua via, da suaconfiança. Um padre quecompreende o que é o ministério, oque é este desafio pastoral, é bom efaz muito bem. AE – Em que medida no seminário épreciso trabalhar mais essaconsciência do compromisso, aquiloque se assume, e não ter duasfaces?JT – O seminário pode se estiveratento a cada um dos rapazes e secada um, é uma coisa que se pede,estiver nesse desafio de verdade desi mesmo. Pode acontecer quealguém

no próprio seminário faça umaopção estranha, que não fica bem aninguém, que é estar a fazer umpercurso para se adaptar a umasituação que não é a que quer.Uma pessoa que faz um curso dehabilitação mas no fundo não queraquilo. É estranho uma pessoa estara fazer um caminho para umdeterminado compromisso que nãoquer. Quando a pessoa falha entãovamos conversar e pede-se queassuma uma coerência.Sabemos quais são as regras dojogo. Não faz sentido que umjogador seja selecionado para umjogo de futebol, entra no campo ediz “não estou disposto a aceitar asregras”.

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AE - D. Manuel Pelino, seuantecessor, falou na importância detentar chamar mais os leigos àparticipação, dos jovens, fazer comque a Igreja seja cada vez menospiramidal…JT - Estamos em perfeita sintonia.Os leigos, de facto, são chamados aparticipar, na Igreja. É o princípio dasinodalidade.Quando nós participamos nasdecisões e nas execuções, issoenvolve-nos, crescemos,testemunhamos porque estamos

envolvidos. O sentido dasinodalidade é o sentido daparticipação que gera maiorenvolvência e maior testemunho,porque a pessoa fica mais motivadae disposta a uma missão.Além disso, ajuda o bispo, o padre,a estrutura eclesial, a conhecermelhor, a reconhecer como Deusfala do outro lado. Vemos pessoasque têm fogo dentro delas, deentusiasmo pelas coisas, mesmoquando não era expectável e issomotiva-nos.Em termos juvenis, isso ajuda

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os jovens a crescer, a integrá-los navida adulta. A comunidade cristãdeve dar lugar aos jovens para queeles se pronunciem, também, comescutas de parte a parte, a nível dafamília, da pastoral juvenil, dosleigos.É uma metodologia exigente,sobretudo para os padres, porquelhes pede tempo e, às vezes, nósqueremos decidir depressa. Épreciso tempo para ouvir aspessoas, paciência, promover essasinodalidade.D. Manuel Pelino começou porafirmar o princípio do “encontro comCristo”, uma chave que o PapaFrancisco nos deixou, para a Igreja.É um testemunho que resulta deuma experiência de fé, não éfolclore religioso: de facto, Cristoressuscitou, nós entramo-nos comEle e Ele encontrou-se connosco. Apartir desse encontro de fé, que éexplosivo, é que o Espírito Santoatua. AE - O seu lema episcopal é«Alegrai-vos sempre no Senhor». AIgreja precisa de pessoas capazesde transmitir essa alegria de sercristão?JT - Há duas dimensões destaalegria, digamos assim: a alegriaque se expressa em convívio, emgosto de estar uns com os outros,do sorriso; e outra dimensão,necessária para que

esta exista, que é uma vidaconfiante. Podemos andar sérios,até preocupados, mas há umaalegria que nos amina, que vai pordentro, que é o facto deacreditarmos. Essa é que nossustenta, por dentro.À luz da fé, quando a gente acreditanuma amizade que não desaparece,que é fiel, isso alegra-nos pordentro. Portanto, o lema ‘Alegrai-vossempre no Senhor’ é sobre umaalegria que não desaparece. Se foruma alegria só de ir beber um copo,passa depressa. Isso tem de serintegrado numa outra disposição dealegria na vida, que é o resultado doEspírito Santo na nossa existência.Toda a pastoral deve encaminhar-nos para a dimensão da alegria, istoé, para a dimensão da festa, queDeus quer, que acontece quando háfraternidade, trabalho, perdão,justiça, verdade. Este é o ideal. Toda a pastoral deveencaminhar-nos para adimensão da alegria, istoé, para a dimensão dafesta, que Deus quer, queacontece quando háfraternidade, trabalho,perdão, justiça, verdade.Este é o ideal.

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AE - A Diocese de Santarém convivecom a realidade de falta devocações sacerdotais. Que tipo desoluções imagina para ascomunidades católicas?JT - É uma área a que vamos estaratentos e eu estou muito sensível aessa preocupação, porque é umapreocupação da Igreja. Estouconvencido de que Deus continua achamar, os jovens é que nãosabem: eu, se não me tivessem ditoque deveria pensar nesta vocação,não seria padre. Mas isso tocou-mee eu resolvi aprofundar, isso poderiaacontecer a qualquer um a queDeus queira chamar.Como é que Deus chama? Chamaatravés de alguém, não é umaluzinha que aparece na cabeça decada um. Numa diocese é precisorezar e é preciso quem observe eproponha. Quem é que pode olhar epropor? Pode olhar um padre, umcatequista. Para olhar e propor, épreciso acreditar que ser padre éuma coisa boa, feliz, realizadora. Épreciso promover uma culturavocacional, acreditar que aquele aquem tratamos por padre é umhomem realizado.Nós precisamos de testemunhos e

desejo que, na diocese, se cultiveisto, o mais possível, porque serábom para todos: os jovens, ospadres, os catequistas, ascomunidades. AE - É um tema a que vai ser dadaparticular atenção no Sínodo dosBispos de 2018.JT - O Sínodo da Juventude vainesta perspetiva, é uma juventudeque tem vocação, que é chamada. Aprópria vocação matrimonial pode edeve ser interpretada nesta chave.Para quem casou, do ponto de vistada fé, significa que é com aquelapessoa que Deus quer ele alguémesteja casado.Isso vai iluminar muitas situações,temos testemunhos de muitos casaisque resolveram problemas na suavida porque assumiram que avontade de Deus estava ali. Então,pararam para aprofundar a suasituação, recomeçaram e são casaisfelizes.Isso também pode acontecer na vidade um padre, estar num momentodifícil, de crise, e perceber que nãoestá ali apenas por iniciativa própria,mas porque Deus o chamou e há deajudar a resolver o problema. É a luzda fé.É bom ter uma cultura vocacionalalargada.

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AE - E em relação à organizaçãodas comunidades católicas, prevêapostar nas unidades pastorais?JT - As unidades pastorais - já háoutros nomes e há aspetoscanónicos por resolver - são umaideia que não surge apenas pararesolver o problema da falta depadres. É um dinamismo que sepode criar entre 3, 4 paróquias, oumais, em que os leigos envolvidosinteragem em colaboração. Em deestar uma paróquia sozinha a

resolver a sua dinâmica pastoral deevangelização e de formação,juntam-se as pessoas, os agentespastorais, e fazem missão. Amplia-seo dinamismo das pessoasenvolvidas e há um enriquecimentomútuo.Há soluções e há umenriquecimento que se pode fazer.Mas isto entra em choque com oque se chama o bairrismo: hápessoas que não querem sair dasua terra. Temos de ajudar a pôr umponto final nesta situação.

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JT - A ajuda mútua não fragiliza oamor à terra, pelo contrário, oisolamento não desenvolvenenhuma terra, só uns com osoutros. Com todo o respeito pelatradição local, não podemosdefender que o isolamento seja umacoisa aconselhável.A Unidade Pastoral prevê estacultura de interajuda: porque é queum padre não pode juntar numareunião os catequistas de quatroparóquias, em vez de estar a fazerquatro reuniões? É muitointeressante, sobretudo em terrasonde há menos pessoas, isto é maisnecessário, é bom que haja estadinâmica.Na cidade é diferente, apreocupação é conseguir que hajaforma, dentro da própria paróquia,de conseguir juntar os agentespastorais, porque a certa A paróquia amiga dasfamílias é uma paróquiaque apoia, defende,valoriza a dimensãofamiliar. É necessárioreafirmá-lo e concretizá-lo.

altura a dimensão é de tal ordemque os próprios organismos não seconhecem. As pessoas não seencontram. AE - Como é que a Igreja devetrabalhar para estar cada vez maispróxima das famílias, incluindo asque têm mais problemas, como oPapa pede?JT - A paróquia amiga das famíliasé Hoje é necessário começar logoaí, com a ajuda de casais maisexperientes, ajudar os mais novos apôr essa hipótese e como é queesse sonho se pode concretizar.O que é hoje oferecido pode nãoser compaginável com a constituiçãode uma família feliz, há ajudas etestemunhos que podem ser dadosaos mais novos.Na preparação próxima para oMatrimónio, depois, já existempropostas, mas é óbvio queninguém está a pensar que se tratade preparar a celebração litúrgica. Anossa preocupação não é uma horana vida do casal. O importante avida, a vida toda que têm para viver,isso é que está em jogo.

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Então, é preciso que haja umaproposta para os casais novos.Ajudar a formar equipas, aencontrar-se. É necessário. E comos pais da catequese, não épossível fazer mais? E os pais dosescuteiros, não seria possívelpromover em paralelo umaformação para os pais,uma participação nalgum evento deque eles gostassem?Também é necessária uma estruturade atendimento para os casais comproblemas, de tal modo que quandoum pároco souber destas situações,tenha uma equipa especializada.

Uma coisa é certa: a sociedade nãofica melhor sem a família. A família éum grande bem para a sociedade,para que a pessoa seja harmoniosa,para que possa crescer no amorpuro, sendo tratada com dignidade.É uma referência fundamental.Uma família que toma conta dassuas crianças, que as ajuda acrescer em amor e harmonia, nãoestá apenas a tratar dos seus filhos,está a formar um cidadão dasociedade e do seu país. É umgrande bem para a sociedadetermos famílias estáveis. Merecemmaior consideração, um maiorapoio.

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AE - E como é que considera que aIgreja se deve colocar perante osurgimento de novos modelosfamiliares?JT - A Igreja tem um modelo defamília que resulta da SagradaEscritura, resulta do que Deus nosdiz pela sua Palavra. Estamosconvencidos de que issocorresponde à natureza, éharmonioso. Uma família parte docasal, um homem e uma mulher.Quando surgem outras situações eestá em causa uma criança, o quepudermos fazer para o seuacolhimento é outra história, não sedeixa de atender. Ela não tem culpadas opções dos adultos. Estamosneste momento, do ponto de vistado atendimento, ainda a refletirsobre como agir nos nossospróprios registos, que não preveemque uma criança tenha duas mãesou dois pais. AE - Há alguma coisa que levesempre consigo, de que nunca sesepare? O que é gosta de ler?JT - Levo sempre comigo, paraqualquer lado, a minha Liturgia dasHoras. E tenho uma Bíblia que meacompanha desde a juventude.Tenho várias, claro, mas há umaque está comigo há 40 e tal anos,com

Há um instrumento quetenho em Alcobaça, maisdo que um até, porque fazparte dos meus afetos: aviola. sublinhados daquele tempo. É uminstrumento, através do qual Deusme falou.Há um instrumento que tenho emAlcobaça, mais do que um até,porque faz parte dos meus afetos: aviola. Agora não utilizo tanto, masfaz parte das minhas memórias etem um efeito libertador, nummomento de cansaço. A músicaserena, ajuda.Ao final do dia também faço semprea oração com Nossa Senhora. Oterço, é a oração que faço à noite eaté gosto de a fazer na rua, quandoo tempo está bom. Quando estavaem Benfica, cheguei a convidarcolegas a ir para a rua, porque aparóquia era serena, à noite.Aqui [Santarém] tenho jardim, háespaço. É uma experiência quefaço, para ter serenidade. A oraçãodá-nos descanso. Quando, a certaaltura,

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há um cansaço exagerado,interrogo-me sobre se estou a rezarbem, a oração permite umadescontração especial.Gostei sempre também de ler e deaprender com os documentos daIgreja, as encíclicas. Alguns estãoesquecidos, porventura, ao longodos anos não tem sidosuficientemente aproveitado oensinamento da Igreja em relação amuitos temas. Também

gostei de ler livros do G. K.Chesterton, que é uma pessoamuito inteligente, muito bemdisposto no que escreve, que abreperspetivas.Não posso deixar de sublinhar osescritos do Papa Bento XVI, que éluminoso naquilo que escreveu.Penso que é mesmo um doutor daIgreja, digamos assim, em termos deensinamento, de sabedoria.

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Saudação à Diocese de SantarémAo tornar-se pública a minhanomeação para Bispo da Diocesede Santarém, no dia de NossaSenhora do Rosário, saúdo-vos comfé e esperança.Saúdo o Senhor Bispo D. ManuelPelino, a quem agradeço otestemunho e a dedicação e agora,por estes dias, todo o acolhimentomanifestado. Saúdo os Sacerdotese Diáconos, membros da hierarquiade serviço do Povo de Deus, dequem espero a melhor vontade parajuntos trilharmos caminhos defidelidade vocacional. Saúdo osIrmãos e Irmãs Religiosas de vidaConsagrada, os Seminaristas, osque se dedicam à causa daevangelização na Catequese, naPastoral Juvenil, no Escutismo, naPastoral da Família, nos diversosserviços da Liturgia, na PastoralSocial e ainda os que assumemespeciais responsabilidades nasParóquias e outras Instituiçõeseclesiais. Saúdo as ComunidadesParoquiais, os Movimentos deapostolado, os jovens, os adultos,os mais idosos, os doentes e osirmãos com deficiência. A todossugiro que nos unamos em oração,pedindo a Cristo Bom Pastor quenos faça crescer no seu amorgeneroso, perdoe as nossas faltas enos renove na alegria da Fé, demodo a

podermos testemunhar, comverdade, como é bom pertencer àsua Família.Saúdo os autarcas dos Municípios eFreguesias da área geográfica daDiocese, as autoridades académicase de segurança. A minha saudaçãoé extensiva a toda a sociedade civilonde as comunidades cristãs daDiocese existem e onde todossomos chamados a ser promotoresdo bem comum.Preparando-me agora para deixar aDiocese mãe onde nasci como filhode Deus e fiz toda a minhacaminhada de Fé, o Patriarcado deLisboa, quero manifestar a minhaprofunda gratidão ao SenhorCardeal Patriarca, D. ManuelClemente, aos Senhores BisposAuxiliares, D. Joaquim Mendes e D.Nuno Brás, e extensivamente atodos os Sacerdotes da Diocese,Diáconos e todos os cristãos que aolongo de tantos anos foram umagraça de Deus para me ajudarem aser melhor pastor. Uma referênciaparticular para os SemináriosDiocesanos e para a zona pastoraldo Oeste do Patriarcado onde nosúltimos três anos fiz a felizexperiência de dedicação comobispo auxiliar. Muito obrigado.Quanto à nova missão, tenhopresente a necessária atenção aospastores

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presbíteros, à pastoral vocacional,os jovens, os casais novos, asfamílias, os pobres e os que andammais afastados ou indiferentes,desconhecendo que são muitoamados por Deus.Num tempo com tantas mudançassocioculturais em toda a Europa, osmeios tradicionais para atransmissão da Fé, em família, sãoinsuficientes. É necessário propor oEvangelho com testemunho ecriatividade pastoral. Assim, nasequência do caminho percorrido,será em união com Cristo e noEspírito Santo, alma da Igrejaapostólica e missionária, quehavemos de discernir o caminho aseguir, “com Maria, missão de paz”,em amor, dedicação, alegria e emcomunhão com o Papa e com asoutras Igrejas

Diocesanas, particularmente as quesão do nosso país.Caros Diocesanos de Santarém,“Alegrai-vos sempre no Senhor” (Fil4,4), foi o lema que escolhi há trêsanos aquando da minha Ordenaçãoepiscopal. Não nos falte este bomfruto do Espírito Santo. Peço-vosagora a vossa oração pelossacerdotes, especialmente poraqueles que nesta altura assumemnovas responsabilidades pastorais;nessa prece, incluí este vosso bispoagora nomeado.Com afeto, contando com aintercessão de Nossa Senhora doSim e de São José, para todos rogoa Bênção de Deus.

D. José Traquina,bispo eleito de Santarém

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Saudação ao novo bispo de SantarémDamos graças a Deus pelanomeação do novo bispo deSantarém, Dom José AugustoTraquina Maria. Recebemo-lo commuita alegria pois vem em nome doSenhor e com a força do EspíritoSanto para servir o povo de Deusque forma a diocese. Agradecemosao Papa Francisco por nos enviarum continuador da missão dosApóstolos, depois de consultar opovo de Deus.Dom José Augusto é conhecido pormuitos féis desta diocese e muitoestimado pela proximidade, relaçãocordial e humildade. Possui umaexperiência pastoral muito vasta erica e espírito de serviço dedicado àIgreja. Recebemo-lo comorepresentante de Cristo Bom Pastorque vem congregar os fiéis nacomunhão eclesial e promover acorresponsabilidade pela missão.Acreditamos verdadeiramente que éo próprio Jesus Cristo, que, atravésda Igreja, o coloca à frente desterebanho para que cuide das suasovelhas conhecendo e amandocada uma com amor de pai. Damos-lhe as boas vindas e desejamos quese sinta na diocese como em casade família.Recebemos a notícia da suanomeação na memória de NossaSenhora do Rosário que nos ajudaa

contemplar os mistérios de Cristo nacompanhia e inspiração da VirgemNossa Mãe do Céu. É um convite aentregarmos à graça do Senhor e àproteção da Senhora da ConceiçãoImaculada, padroeira desta Igrejalocal, o ministério do novo bispo deSantarém. Acompanhamo-lo com anossa oração e declaramos tambéma nossa colaboração leal. Que Deuso proteja e faça frutificar a sua obrade evangelização. Entrarásolenemente na Diocese a 26 denovembro de 2017, festa de CristoRei, pelas 16.00, na Igreja de SantaClara. Convidamos todos os fiéis,presbíteros, diáconos permanentes,religiosos (as) e leigos paraparticiparem na celebração soleneda sua entrada.

D. Manuel Pelino Domingues

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Saudação ao novo bispo de Santarém Damos graças a Deus pela nomeação do novo bispo de Santarém, Dom José AugustoTraquina Maria. Recebemo-lo com muita alegria pois vem em nome do Senhor e com aforça do Espírito Santo para servir o povo de Deus que forma a diocese. Agradecemosao Papa Francisco por nos enviar um continuador da missão dos Apóstolos, depois deconsultar o povo de Deus.Dom José Augusto é conhecido por muitos féis desta diocese e muito estimado pelaproximidade, relação cordial e humildade. Possui uma experiência pastoral muito vasta erica e espírito de serviço dedicado à Igreja. Recebemo-lo como representante de CristoBom Pastor que vem congregar os fiéis na comunhão eclesial e promover acorresponsabilidade pela missão. Acreditamos verdadeiramente que é o próprio JesusCristo, que, através da Igreja, o coloca à frente deste rebanho para que cuide das suasovelhas conhecendo e amando cada uma com amor de pai. Damos-lhe as boas vindas edesejamos que se sinta na diocese como em casa de família.Recebemos a notícia da sua nomeação na memória de Nossa Senhora do Rosário quenos ajuda a contemplar os mistérios de Cristo na companhia e inspiração da VirgemNossa Mãe do Céu. É um convite a entregarmos à graça do Senhor e à proteção daSenhora da Conceição Imaculada, padroeira desta Igreja local, o ministério do novobispo de Santarém. Acompanhamo-lo com a nossa oração e declaramos também anossa colaboração leal. Que Deus o proteja e faça frutificar a sua obra deevangelização. Entrará solenemente na Diocese a 26 de novembro de 2017, festa deCristo Rei, pelas 16.00, na Igreja de Santa Clara. Convidamos todos os fiéis,presbíteros, diáconos permanentes, religiosos (as) e leigos para participarem nacelebração solene da sua entrada.D. Manuel Pelino Domingues

Adeus a D. Manuel Pelino

A 7 de outubro, o Papa Franciscoaceitou a renúncia de D. ManuelPelino, de 76 anos, bispo deSantarém desde janeiro de 1998 esegundo responsável por esteterritório diocesano, criado em 1975pelo Papa Paulo VI.Manuel Pelino Domingues nasceu a7 de outubro de 1941, naLentisqueira (Diocese de Coimbra),e foi ordenado padre a 15 deagosto de 1965. João Paulo IInomeou-o bispo auxiliar do Porto emdezembro de 1987; a ordenaçãoepiscopal aconteceu a 13 de marçode 1988.

A 5 de novembro, a comunidadediocesano reuniu-se para agradecero percurso do bispo.“Sinto-me em Acão de Graças. Degraças por vós, assembleia, querepresentas para mim muitas dasassembleias congregadas ao longodos anos, à volta do altar doSenhor, e agradeço-vos a amizade eapoio que sempre me tendes dado”,disse D. Manuel Pelino, durante acelebração, na qual pediu“compreensão e desculpa” pelassuas fragilidades.O responsável agradeceu aoportunidade de “ter aprofundado

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a teologia do Vaticano II”, queclassificou como “uma riqueza tãoantiga, mas sempre nova”, e falouda responsabilidade de ser bispo,“ao encontro das comunidades”.A esse respeito, falou das visitaspastorais como momentos de“grande importância e riquezaespiritual”. “Sempre encontrei umacolhimento familiar e em todas asparóquias encontrei pessoasdedicadas”.

A cerimónia contou ainda com aedição das cartas pastorais de D.Manuel Pelino. “Senti que aspessoas agradeciam as cartas.Depois da primeira, veio a segundae teve o mesmo acolhimento, sendoincentivado a escrever a próxima”,recordou.A carta anual correspondia à visãodo bispo e tornou-se um meio dechegar às pessoas.

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Diocese à espera do novo BispoO território que constitui a diocese escalabitana foi separado do Patriarcadode Lisboa, onde formava, desde 29 de maio de 1966, a Região Pastoral deSantarém. Esta diocese foi criada a 16 de julho de 1975, pela Bula‘Apostolicae Sedis Consuetudinem’ do Papa Paulo VI, que, no mesmo dia,nomeou para seu primeiro bispo D. António Francisco Marques, falecido em28 de agosto de 1997, antecessor de D. Manuel Pelino.A Diocese de Santarém tem cerca de 3 mil quilómetros quadrados, eabrange 13 dos 21 concelhos do distrito, num total de 7 vigararias e 113paróquias.

Padre Joaquim Ganhão - Chefe de gabinete de D Manuel Pelino

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Padre Francisco Ruivo - Vigário da Pastoral da Diocese de Santarém

João Ramalho - Seminarista

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"Toda a pastoral deve encaminhar-nos para a dimensão da alegria"D. José Traquina, novo bispo de Santarém João Ramalho - SeminaristaILxMVlZnEbk

Padre Joaquim Ganhão - Chefe de gabinete de D Manuel Pelino

https://www.youtube.com/watch?v=seENmssY9Ig https://www.youtube.com/watch?v=D_3-OwRHDKM

Padre Francisco Ruivo - Vigário da Pastoral da Diocese de

Santarém

Lisboa agradeceu serviço de D. JoséTraquina

O Seminário dos Olivais acolheuuma celebração de “agradecimentopela nomeação” de D. JoséTraquina como bispo de Santarém,que depois de várias décadas demissão no Patriarcado de Lisboa.Em entrevista à Agência ECCLESIA,D. José Traquina começou pordevolver esse “reconhecimento” atodos quantos partilharam consigouma história de vida np Patriarcadode Lisboa.D. José Traquina integrou a equipado Pré-Seminário de Lisboa, entre1995 e 1997, e foi também diretorespiritual

do Seminário dos Olivais, entre2012 e 2014.A Missa foi presidida pelo cardeal-patriarca, que falou de D. JoséTraquina como "um homem de Deuspara o povo". "Vai ser muito bom emSantarém como tem sido muito bomem Lisboa”, salientou D. ManuelClemente, que destacou asqualidades humanas e espirituais donovo bispo de Santarém, “umgrande dom de Deus à Igreja”.D. Manuel Clemente realçou aindaque a ida de D. José Traquina paraa

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“diocese irmã” de Santarém é umaexpressão da “fecundidade” quetem caraterizado a comunidadecatólica de Lisboa, de onde “nosúltimos 10 anos saíram quatrobispos” em missão para outrosterritórios do país. “É um sinal deque a graça de Deus aqui tambémtrabalha e que assim comorecebemos também damos. É a vidada Igreja”, completou.Aquando do anúncio da nomeação,o cardeal-patriarca manifestou“ação de graças a Deus pela vida eministério do Senhor D. JoséTraquina” no Patriarcado, “ondenasceu e cresceu, onde foiSacerdote e Bispo, com tantagenerosidade, piedade e acertopastoral”.Para o cardeal-patriarca, “asqualidades sempre demonstradas”

por D. José Traquina “fazem deleum autêntico sacramento de CristoPastor no meio do seu povo”. “Muitoaproveitámos nós no Patriarcado emuito aproveitarão os seus novosdiocesanos”, refere D. ManuelClemente.“Na continuidade do fecundotrabalho dos Senhores D. AntónioFrancisco Marques e D. ManuelPelino Domingues, D. José Traquinasaberá corresponder inteiramenteàs necessidades e expetativas dosseus novos diocesanos”,acrescentou.“Rezemos por ele e rezemos portodos, confiantes em Cristo e naMãe da Igreja!”, conclui amensagem publicada na página dainternet do Patriarcado de Lisboa.

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Para o cardeal-patriarca, “as qualidades sempre demonstradas” por D. José Traquina“fazem dele um autêntico sacramento de Cristo Pastor no meio do seu povo”. “Muitoaproveitámos nós no Patriarcado e muito aproveitarão os seus novos diocesanos”,refere D. Manuel Clemente.“Na continuidade do fecundo trabalho dos Senhores D. António Francisco Marques e D.Manuel Pelino Domingues, D. José Traquina saberá corresponder inteiramente àsnecessidades e expetativas dos seus novos diocesanos”, acrescentou.“Rezemos por ele e rezemos por todos, confiantes em Cristo e na Mãe da Igreja!”,conclui a mensagem publicada na página da internet do Patriarcado de Lisboa.

Comunhão e obediência filiaisO Colégio dos Consultores deSantarém enviou uma mensagem desaudação ao novo bispo diocesano,D. José Traquina, em nome do cleroe das comunidades católicas locais.“As terras da beira Tejo, desejamser o terreno fértil onde o seuministério pastoral pode agoracontinuar a mesma missão iniciadapelo nosso primeiro Bispo, D.António Francisco Marques, econtinuada nos últimos dezanoveanos por D. Manuel Pelino”, refere otexto.“Asseguramos-lhe a nossacomunhão e obediência filiais bemcomo a nossa oraçãoperseverante”, acrescenta o Colégiodos Consultores da Diocese deSantarém.O organismo consultivo manifesta aintenção de, com o novo bispo,crescer “como Igreja viva, abertosaos tempos novos”, com “ousadiaevangélica e criatividade pastoral”.“Recebemos o nosso Bispo naalegria e na esperança, de coraçãodisponível para a necessáriaconversão que nos permitirá sonhare construir a Igreja que Deus quer eo mundo precisa”, acrescenta otexto da saudação.

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Conferência Episcopal PortuguesaOnlinewww.conferenciaepiscopal.pt A Conferência EpiscopalPortuguesa (CEP) inaugurou napassada semana as suas novasinstalações dos serviços ligados aoepiscopado católico, situadas naQuinta do Bom Pastor, em Lisboa.Fruto dessa abertura esta semanadecidi olhar para o seu sítio nainternet.Ao digitarmos o endereçowww.conferenciaepiscopal.ptpercebemos rapidamente queentramos num espaçoeminentemente informativo onde,além do habitual menu,encontramos as mais recentesnotícias da Igreja que de algumaforma se relacionam com oepiscopado. Além disso temostambém presente quatroimportantes ligações paraferramentas externas (AnuárioCatólico, Catecismo, Enciclopédiacatólica e Doutrina Social da Igreja)que por si só merecem especial ecuidada atenção.A opção Conferência Episcopalencerra tudo aquilo que serelaciona com esta “entidaderepresentativa da Igreja Católica emPortugal” (art.1º, n.º 2 dosestatutos).Em estrutura e funcionamentopodemos perceber como funciona

este organismo que é “umadas conferências mais antigas,atuando regularmente como taldesde os anos 30 do século XX,embora só em 1967 tivesse osprimeiros estatutos”.Caso pretenda saber quem são osmembros que compõem aconferência, basta que aceda aoitem “membros”. Aí encontra a listacompleta dos bispos diocesanos,auxiliares, eméritos e do ordináriocastrense. Na opção “órgãos”somos informados acerca de quemsão os membros que compõem osórgãos que compõem a assembleiaplenária para o triénio 2017/2020.Temos também uma lista completade todas as comissões episcopaiscom os respetivos presidentes,vogais e secretários. Ao nível dossecretariados nacionais dispomosde um espaço próprio com aindicação de quem é a pessoaresponsável, quais os serviços queengloba e ainda ligação para a suapresença na internet. Se o seuobjetivo passa por saber quem sãoos delegados da CEP basta queclique na opção com o mesmonome.Existe uma área inteiramentededicada a uma componente maishistórica. Em “presidência ao longoda história” poderemos descobrircomo foram

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compostos os órgãos daconferência episcopal desde 2005até aos dias de hoje.No item “documentos” poderemosconsultar todos os comunicados,discursos, mensagens, cartas edemais textos que foram emitidospela CEP.Como sabemos a “a Igreja emPortugal abrange 20 diocesesagrupadas em três provínciaseclesiásticas e o Ordinariato

Castrense (Diocese das ForçasArmadas e de Segurança)” assimem dioceses somos convidados aconhecer melhor cada uma,nomeadamente a morada e claro oendereço eletrónico e o sítio quenos remete para a presença nainternet.

Fernando Cassola [email protected]

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«Communio» dedica número aoCentenário das Aparições de Fátima

A Revista Internacional Católica‘Communio’ dedica o seu maisrecente número ao Centenário dasAparições em Fátima, para refletirsobre o seu “significado, alcance eatualidade”. Na revista enviada àAgência ECCLESIA, osresponsáveis

pela publicação internacionalcomeçam por explicar que esta “nãopodia deixar de se associar àcelebração” e reflexão dos 100 anosdas aparições de Nossa Senhora naCova da Iria.O bispo de Leiria-Fátima, D.António

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Marto, escreve um artigo sobreatualidade e mensagem em ‘Fátimahoje’ onde enumera característicasque interpelam a Igreja e o mundo.O cardeal-patriarca de Lisboa, D.Manuel Clemente assina o estudode Teologia Histórica sobre ‘Fátimano contexto do catolicismocontemporâneo’.O número tem também dois artigosdo então diretor da revista, padreHenrique de Noronha Galvão, quefaleceu no passado dia 24 deoutubro: ‘Para uma teologia deFátima. Cem anos depois’ analisaas “grandes linhas do apelo à fé”; ‘ORosário Revisitado’ propõe uma“nova maneira de distribuir emeditar os mistérios de Jesus Cristo.Já D. Carlos Azevedo, delegado doConselho Pontifício da Cultura(Santa Sé), escreve sobre ocontexto histórico, nacional einternacional em ‘as condiçõeshistóricas das visões de Fátima e aafirmação da religiosidade popular(1917-1942)’.‘Os media geradores de santuários.Amplificação de Fátima pelacomunicação social?’ é o artigo dosacerdote e jornalista António Rego,enquanto o jornalista Paulo Rocha,diretor da Agência ECCLESIA,

apresenta o santuário da Cova daIria como ‘um lugar para quem temsaudades de Deus’.Em ‘Depoimentos’ sãoapresentados quatro textos que sãotestemunhos a partir de diferentesexperiências: o servita FranciscoNoronha de Andrade; a professorauniversitária jubilada Maria Manuelade Carvalho; o economista JoséMiguel Moser e a encenadoraMatilde Trocato.A Revista Internacional Católica‘Communio’, na seção final‘Perspectivas’, publica um artigo dopadre e teólogo Réal Tremblay queapresenta natividade de Jesusatravés da música sacra deSebastian Bach, maisconcretamente a “Cantata BWV40”que “foi escrita para o segundo diadepois do Natal”.No contexto do centenário dasaparições, que o Santuário deFátima vai promover este domingo,dia 26 de novembro, a jornada deencerramento do Ano Jubilar, entreas 10h00 e as 17h30.

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novembro 201725 de novembro. Setúbal - Lançamento do livrosobre o cardeal Cardijn . Évora - Jornada diocesana deLiturgia . Leiria - Seminário de Leiria -Encontro de namorados para refletirsobre as "novas tecnologias e aforma como elas definemlargamente a nossa comunicação" epromovido pela Equipa 3XSim daPastoral Pré-Matrimonial da Diocesede Leiria-Fátima. . Braga – Fafe - «Hi-God um diacom Deus» realiza-se em Fafe e épromovido pelo «Grupo Peregrinos».. Lisboa - Colégio São João de Brito- Primeiras Jornadas da EscolaCatólica com o tema «Um presentecom futuro». . Lisboa - Externato Marista, 09h15 -II Encontro Ecuménico domovimento Fraternitas (núcleo deLisboa) que aborda o tema«Solidariedade para com ospobres» e «Libertação da pobreza». . Lisboa - Centro CulturalFranciscano, 10h00 - A ComissãoNacional Justiça e Paz (CNPJ) vaipromover a sua

conferência anual subordinada aotema «Muros e pontes: Europa,Migrações e Diálogo de Culturas»,no Centro Cultural Franciscano, emLisboa. . Fátima - Hotel Essence InnMarianos, 10h00 - Encontro dosresponsáveis diocesanos daPastoral Juvenil e apresentação donovo diretor nacional da PastoralJuvenil, padre Filipe José Diniz. . Lisboa - El Corte Inglés, 10h00 - Cáritas Diocesana deLisboa promove «luz que brilhasobre a cidade». . Porto - Fundação Eng. António deAlmeida, 11h30 - Lançamento daobra «Reanimar? - Histórias deBioética em Cuidados Intensivos» daautoria do médico António MaiaGonçalves . Lisboa - Igreja de São João deDeus, 17h00 - Lançamento da obra«Acompanhar, discernir, integrar»da autoria de José Granados e comapresentação de D. Nuno Brás,bispo auxiliar de Lisboa. . Porto - Igreja de Nossa Senhorado Carmo, 21h30 - Concerto naIgreja de Nossa Senhora do Carmo(Porto)

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26 de novembro. Évora – Sé - Entrega da luz da pazna catedral . Fátima - Santuário deFátima encerra Ano Jubilar doCentenário das Aparições . Santarém - Igreja de Santa Clara,16h00 - Entrada solene de D. JoséTraquina na diocese de Santarém . Bragança – Sé, 18h00 - Noencerramento do ano pastoral, obispo da Diocese de Bragança-Miranda, D. José Cordeiro, vaiordenar cinco diáconospermanentes. 27 de novembro. Myanmar e Bangladesh - O PapaFrancisco vai realizar ainda esteano uma visita apostólica aMyanmar, a antiga Birmânia, e aoBangladesh, entre os dias 27 denovembro e 02 de dezembro. . Fátima - Espectáculos do grupo«Gen Rosso». . Lisboa - UCP (Auditório padreJosé Bacelar e Oliveira), 17h00 - Workshop sobre «Ainstrumentalidade sócio-política deFátima» com Luís Salgado deMatos e Sérgio Ribeiro Pinto.

28 de novembro. Coimbra - Convento de SãoFrancisco - No dia 28 de novembrovai realizar-se o 5º congresso regionalsobre «Envelhecimento Ativo eSaudável» promovido pelo consórcioAgeing@Coimbra, do qual a CáritasDiocesana de Coimbra é parceira.. Porto - Palacete Araújo Porto,17h30 - Apresentação da obra«Portugal Católico» no Porto. 29 de novembro. Costa Rica - Congresso internacional sobre abiodiversidade centrado na encíclica«Laudato Si» e promovidopela Fundação «Joseph Ratzinger-Bento XVI». (Até 01 de dezembro) . Évora - Reunião dos responsáveisdos departamentos da pastoral daDiocese de Évora 30 de novembro. Fátima - Domus Carmeli - Semináriosobre «Envelhecimento eespiritualidade» promovido pelascapelanias hospitalares. (termina a 01de dezembro) . Braga - Museu Pio XII - Apresentação da obra «PortugalCatólico» em Braga.

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II Concílio do Vaticano: João XXIIIsacudiu a poeira do trono de SãoPedro

Já se completaram 50 anos da morte do Papa queconvocou o II Concílio do Vaticano, João XXIII. Éoportuno recordar alguns pensamentos/frases dosúltimos dias de vida terrena do Papa Roncalli. A 31 demaio de 1963 (3 dias antes de falecer), João XXIIIconfessa que nas suas vigílias noturnas tem “sempre”diante dele “Jesus crucificado, com os braçosestendidos para abarcar o mundo inteiro” eacrescenta: “Estou pronto a ir onde o Senhor mechamar. Desejo desaparecer e encontrar-me emCristo” (Cf. Fesquet, Henri – Fioretti do Bom PapaJoão. Lisboa: Livraria Morais Editora, 1964).No primeiro dia de junho do mesmo ano, João XXIIIsolicita que lhe recitem o Magnificat. Aos maispróximos, o Papa diz-lhes: “Então, coragem! Não émomento de chorar, é um momento de alegria eglória”. Depois, de recitado o Magnificat, o Papa queconvocou o II Concílio do Vaticano pede ao cardealGustavo Testa que “fique um pouco mais” e aoprofessor Gasparrini roga para que não fique inquietoporque “as malas estão sempre feitas. Quando soar omomento da partida”, não perderá tempo.Estas palavras significativas e vivenciais de João XXIIImostram que sentia os últimos momentos da sua vidaterrena. No dia de Pentecostes de 1963 (02 de junho),o Papa Roncalli dá a última bênção ao mundo e, às19h45 do dia seguinte, depois de dizer «Mater mea,fiducia mea» (Minha mãe, minha confiança) João XXIIIfechou os olhos. (Cf. Fesquet, Henri – Fioretti do BomPapa João. Lisboa: Livraria Morais Editora, 1964, Pág164).Nascido no dia 25 de novembro de 1881 em Sotto ilMonte, diocese e província de Bérgamo (Itália),

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e nesse mesmo dia foi batizado como nome de Angelo Giuseppe; foi oquarto de treze irmãos, nascidosnuma família de camponeses e detipo patriarcal. Ao seu tio Xavier, elemesmo atribuirá a sua primeira efundamental formação religiosa. Oclima religioso da família e afervorosa vida paroquial foram aprimeira escola de vida cristã, quemarcou a sua fisionomia espiritual.Depois da morte de Pio XII, foi eleitoPapa a 28 de outubro de 1958 eassumiu o nome de João XXIII. Oseu pontificado, que durou menosde cinco anos, apresentou-o aomundo como uma autêntica imagemde bom Pastor. Manso e atento,empreendedor e corajoso, simples ecordial, praticou cristãmente asobras de misericórdia corporais eespirituais, visitando osencarcerados e os doentes,recebendo homens de todas asnações e crenças e cultivando

um extraordinário sentimento depaternidade para com todos. O seumagistério foi muito apreciado,sobretudo com as Encíclicas«Pacem in terris» e «Mater etmagistra».Convocou o Sínodo romano,instituiu uma Comissão para arevisão do Código de DireitoCanónico e convocou o ConcílioEcuménico Vaticano II.A ideia do concílio não amadureceunele como “o fruto de umademorada meditação, mas como aflor espontânea de uma inesperadaPrimavera”, referiu um dia. Numaconversa com um embaixador, oPapa João XXIII disse-lhe o queesperava desta assembleia magnaque teve o seu início em outubro de1962: “Espero que traga um poucode ar puro… Há que sacudir apoeira que, desde Constantino, sevem acumulando no trono de SãoPedro”.

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Este sábado em Lisboa, no Colégio de São João deBrito, têm lugar as primeiras Jornadas da EscolaCatólica. ‘Um presente com futuro’ é o tema queenquadra esta iniciativa que pretende promover aidentidade da escola católica no seio da sociedade eda própria Igreja. «Muros e pontes: Europa, Migrações e Diálogo deCulturas» é o tema da Conferência anual da ComissãoNacional Justiça e Paz que este sábado, leva aoCentro Cultural Franciscano, em Lisboa, diversosoradores em torno da problemática do diálogo entreculturas e do fenómeno migratório. Domingo dia 26, entrada solene de D. José Traquinana Diocese de Santarém. Será pelas 16h00, na Igrejade Santa Clara.D. José Traquina, até agora auxiliar do Patriarcado deLisboa, é o novo bispo de Santarém, sucedendo a D.Manuel Pelino. Neste dia, o Santuário de Fátima, encerra o AnoJubilar do Centenário das Aparições. O programa teminicio às 10h00 com a oração do rosário, na Capelinhadas Aparições, seguida de Missa, na Basílica daSantíssima Trindade pelas 11h00, com a presidênciade D. António Marto, bispo de Leiria-Fátima; no finalda Missa há uma procissão até à Capelinha, ondeserá feita uma consagração a Nossa Senhora.

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Programação religiosa nos media

Antena 1, 8h00RTP1, 10h30Transmissão damissa dominical

11h00 -Transmissão missa

Domingo:10h00 - Porta Aberta;11h00 - Eucaristia; Segunda-feira:12h00 - Informaçãoreligiosa Diariamente18h30 - Terço

RTP2, 13h00Domingo, 26 de novembro- D. José Traquina, novobispo de Santarém Segunda-feira, dia27 novembro, 15h00 -Entrevista ao novo diretor doDepartamento Nacional daPastoral Juvenil, padre FilipeDiniz. Terça-feira, dia 28 novembro, 15h00 - Informação eentrevista a Adré Costa Jorge sobre a visita do Papa aMianmar e Bangladesh Quarta-feira, dia 29 novembro, 15h00 - Informaçãoe entrevista a Emanuel Soeiro sobre a campanha"Presentes Solidários. Quinta-feira, dia 30 novembro, 15h00 - Informaçãoe comentário à atualidade Sexta-feira, dia 01 de dezembro, 15h00 - Entrevista. Comentário à liturgia do domingo. Antena 1Domingo, 26 de novembro, 06h00 - Perfil do novobispo de Santarém, D. José Traquina Segunda a sexta, 27 de novembro a 01dezembro, 22h45 - Diocese de Bragança:Juventude, Departamento de Conservação eRestauro, Turismo regilioso, Monjas Trapistas eProjeto Pastoral para a diocese.

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Ano A – 34.º Domingo Do Tempo Comum

Solenidade de Nosso Senhor JesusCristo, Rei do Universo Entrar naternura do Reide Amor

Neste 34.º Domingo do Tempo Comum, que termina oAno A da liturgia, celebramos a Solenidade de NossoSenhor Jesus Cristo, Rei do Universo.Este rei não é como os outros: o seu Reino não édeste mundo, a sua coroa é de espinhos, o seu tronoé uma cruz, o seu poder é diferente do poder domundo, o seu exército é composto por homensdesarmados, a sua lei são as bem-aventuranças e oamor, o seu Reino é um mundo de paz.A primeira leitura de Ezequiel utiliza a imagem do BomPastor para apresentar Deus e para definir a suarelação de carinho, ternura e amor pelo seu povo. Umbelíssimo texto sobre o cuidado extremo de Deus paraconnosco, que importa reler com toda a atenção.Na segunda leitura, Paulo lembra aos cristãos que ofim último da caminhada do crente é a participaçãonesse Reino de Deus de vida plena, para o qual Cristonos conduz.A parábola do juízo final no Evangelho impressionapela sua simplicidade e provocação: apresenta o Filhodo Homem sentado no seu trono, a separar aspessoas umas das outras “como o pastor separa asovelhas dos cabritos”.No primeiro diálogo, o rei acolhe as ovelhas e convida-as a tomar posse da herança do Reino. No segundo, orei afasta os cabritos e impede-os de tomar possedessa herança.Qual é o critério que o rei utiliza para acolher uns erejeitar outros?A questão decisiva está na atitude de amor ou deindiferença para com os irmãos que se encontram

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em situações dramáticas denecessidade, os que têm fome, osque têm sede, os peregrinos, osque não têm que vestir, os queestão doentes, os que estão naprisão. Jesus identifica-Se com ospequenos, os pobres, os débeis, osmarginalizados, os descartados dasociedade. Manifestar amor esolidariedade para com o pobre éfazê-lo ao próprio Jesus; manifestaregoísmo e indiferença para com opobre é fazê-lo também ao próprioJesus.À luz da cena apresentada porMateus, as parábolas dos domingosanteriores ganham nova força.“Estar vigilantes e preparados”consiste, principalmente, em viver oamor e a solidariedade para com ospobres, os pequenos, osdesprotegidos, os marginalizados.Os egoístas e os

indiferentes não têm lugar no Reinode Deus.Não esqueçamos nunca este factoessencial: o Reino de Deus está nomeio de nós. Depende de nós fazercom que esse Reino deixe de seruma miragem, para passar a seruma realidade a crescer e atransformar o mundo e a vida daspessoas.Empenhemo-nos nesta semana emdar, em nome do Senhor, ternura ereconforto aos pequenos até aquiignorados e tão próximos de nós, nonosso prédio, bairro e cidade e,quem sabe, até na nossa casa, nacomunidade cristã, na comunidadereligiosa. Entremos na ternura doRei de Amor.

Manuel Barbosa, scjwww.dehonianos.org

A questão decisiva está na atitude de amor ou de indiferença para com os irmãos quese encontram em situações dramáticas de necessidade, os que têm fome, os que têm

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se encontram em situações dramáticas de necessidade, os que têm fome, os que têmsede, os peregrinos, os que não têm que vestir, os que estão doentes, os que estão naprisão. Jesus identifica-Se com os pequenos, os pobres, os débeis, os marginalizados,os descartados da sociedade. Manifestar amor e solidariedade para com o pobre é fazê-lo ao próprio Jesus; manifestar egoísmo e indiferença para com o pobre é fazê-lotambém ao próprio Jesus.À luz da cena apresentada por Mateus, as parábolas dos domingos anteriores ganhamnova força. “Estar vigilantes e preparados” consiste, principalmente, em viver o amor e asolidariedade para com os pobres, os pequenos, os desprotegidos, os marginalizados.Os egoístas e os indiferentes não têm lugar no Reino de Deus.Não esqueçamos nunca este facto essencial: o Reino de Deus está no meio de nós.Depende de nós fazer com que esse Reino deixe de ser uma miragem, para passar aser uma realidade a crescer e a transformar o mundo e a vida das pessoas.Empenhemo-nos nesta semana em dar, em nome do Senhor, ternura e reconforto aospequenos até aqui ignorados e tão próximos de nós, no nosso prédio, bairro e cidade e,quem sabe, até na nossa casa, na comunidade cristã, na comunidade religiosa.Entremos na ternura do Rei de Amor.

Manuel Barbosa, scjwww.dehonianos.org

Iraque: campanha regresso dos cristãos à planície deNínive

Uma prenda de NatalFoi com lágrimas, mas tambémcom alegria, que a Irmã Ilhamregressou ao convento deTeleskuf. Não é possívelesquecer o passado, os dias defuga, o medo. Mas, para a irmã, oimportante, agora, é o futuro.Como ela, muitos começam aregressar a casa. É por isso queas obras no convento são tãoimportantes. O convento é ocoração da aldeia. É o porto deabrigo dos Cristãos Quando foi obrigada a fugir deTeleskuf, a irmã Ilham não ousouolhar para trás. De qualquer forma,se o tentasse fazer, muitoprovavelmente as lágrimas toldar-lhe-iam o olhar. Foi em Agosto de2014 que a irmã dominicana teve departir, deixando o convento,largando tudo, perante umatempestade que se anunciava. Ali,naquela aldeia e em toda a Planíciede Nínive, a tempestade veio sob aforma de colunas de homensvestidos de negro, com bandeirasondulantes e ódio na ponta dasmetralhadoras. Ninguém tevealternativa. “Tivemos de salvar asnossas vidas e fugir.” Tinha 57anos. Entretanto, os jihadistas foramderrotados, mas a memória dessesmeses de

desassossego ficou bem presentenas ruínas das casas, nas igrejasprofanadas, nos escombros de umtempo que nunca mais voltará a sero mesmo. Quando regressou, estairmã dominicana trazia já os olhosenevoados de lágrimas. O conventolá estava, mas era impossível nãoreparar na destruição, não escutarainda os ruídos das botas dosjihadistas, as gargalhadas dedesprezo, a violência com que asimagens foram destruídas, oescárnio das ofensas escritas nasparedes. Era impossível não repararnas portas arrombadas e em tudo oque fora roubado. Era preciso limpara casa. Era preciso, mais do quetudo, voltar a abrir as portas doconvento para que a comunidadesentisse o abraço fraterno, o sorrisogratuito das irmãs. O aconchego doamor. Principalmente isso: oaconchego do amor. Salvar as criançasPor ali, em Teleskuf, as pessoascomeçam já a regressar, aospoucos, e todos trazem o rostocarregado de medo e de incerteza.Ninguém sabe

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como vai ser o dia de amanhã.Todos têm receio que a tempestaderegresse ainda mais violenta, aindamais impiedosa. Por isso, o sorriso ea ternura das irmãs são um confortoúnico que não se traduz sequer porpalavras. Que não tem preço. Épreciso dar atenção a todos. Atodos os que vão regressando. “Nósvisitamos as pessoas em suascasas e damos catequese”, diz airmã. Parece estranho falar emcatequese quando a maior partedas pessoas está mais preocupadaem arranjar telhados, reerguerparedes, consertar portas e janelas.Mas se apenas houver apreocupação com os edifícios, seninguém se inquietar com aspessoas, que vai ser dacomunidade cristã?

Antes da tempestade jihadista, oconvento de Teleskuf tinha cincoirmãs. Agora, são apenas duas. Masisso não preocupa a irmã Ilham. AIrmã Ilham não tem medo do futuro.Tem apenas receio de nãoconseguir acolher todas as pessoasda aldeia, de não conseguir apagardas suas memórias os dias, osmeses, em que viveram tolhidos demedo, sem compreenderem comopoderia havera tanto ódio, tantamaldade nos homens. A Irmã Ilhamsó pede a nossa ajuda para que oconvento seja reparado. Não é porela. É pelas crianças e pelos seuspais. Pelos Cristãos de Teleskuf.Vamos dar-lhe esta prenda deNatal?

Paulo Aido | www.fundacao-ais.pt

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Pobreza? Só a evangélica!

Tony Neves Espiritano

Combater a miséria, com todos os meiosdisponíveis, é proposta do Papa Francisco quenão se tem cansado de chamar a atenção paraas periferias e margens da nossa história.O Dia Mundial dos Pobres não pode ser apenasmais um que se celebra e se põe na gaveta nodia seguinte. O Jubileu da Misericórdia ‘obrigou’o Papa a prolongar o que se reflectiu, rezou eviveu nesse ano tão marcante para a história daIgreja. A criação deste Dia Mundial, celebrado a19 de Novembro, traz responsabilidadesacrescidas à Igreja. É urgente arregaçar asmangas e fazer tudo o que se puder para quehaja mais justiça e paz. É imperioso reconhecerque há economias que matam e que aindiferença – disse o Papa neste dia em Roma –é a arma mais letal que as pessoas dispõem eusam diariamente. O almoço de Francisco commuitas centenas de pobres no Vaticano é maisum gesto profético que mostra quanto os maispobres devem ter lugar no coração da Igreja enas preocupações dos governantes do mundointeiro.As voltas que tenho dado ao mundo provam-meque a pobreza é geral e não há razões para nosorgulharmos do estado a que as vidas de muitaspessoas foram condenadas. É duro ver tantascrianças de rua a deambular pelo mercadoabastecedor de Assunção, no Paraguai, como éduríssimo conhecer as vidas sofridas dos maisde cinco mil reclusos na prisão de Palmasola, emSanta Cruz de la Sierra, na Bolívia. E falo apenasde pessoas com quem os MissionáriosEspiritanos partilham vida e preocupaçãopastoral.

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Volto à primeira mensagem que oPapa Francisco escreveu para esteDia Mundial: ‘Nestes dois mil anos,quantas páginas de história foramescritas por cristãos que, com todaa simplicidade e humildade, serviramos seus irmãos mais pobres,animados por uma generosafantasia da caridade!’; ‘Somoschamados a estender a mão aospobres, a encontrá-los, fixá-los nosolhos, abraça-los, para lhes fazersentir o calor do amor que rompe ocírculo da solidão’; ‘a pobreza tem orosto de mulheres, homens ecrianças explorados para visinteresses, espezinhados pelaslógicas perversas do poder e dodinheiro’; ‘benditas as mãos que seabrem sem pedir nada em troca,sem ‘se’ nem ‘mas’ nem ‘talvez’: sãomãos que fazer descer sobre osirmãos a bênção de Deus’.O mundo tem de mudar. Comopermitir que se deite fora comida e

haja milhões com fome? Comoaceitar que haja tanta terra semgente e tanta gente sem terra?Como se explica que haja tantaescola vazia e tanta criança semescola? E há ainda a urgência decombater a falta de esperança nofuturo que vitima milhões depessoas que não esperam nada doamanhã.A pobreza miserável faz razias poresse mundo além. Há que acombater com todas as forças.Salvemos a pobreza evangélica quepropõe vidas simples, orantes,despojadas e dedicadas aos outros.Trabalhemos para erradicar todasas formas de pobreza queesmagam, humilham e matam. EsteDia Mundial dos Pobres vai abriruma brecha nas nossas muralhasde cristãos que pouco fazemos paraque o Evangelho rasgue caminhosde justiça, paz e fraternidade.Dêmo-nos as mãos e os coraçõespara que o Evangelho tome contade nós e transforme o mundo.

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