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1 LIÇÃO 6 – A VIÚVA DE SAREPTA Subsídio elaborado por Inacio de Carvalho Neto. E-mail do autor: inaciocarvalho@inaciocarvalho .com.br . Texto áureo: LUCAS 4 25 Em verdade vos digo que muitas viúvas existiam em Israel nos dias de Elias, quando o céu se cerrou por três anos e seis meses, de sorte que em toda a terra houve grande fome; - Depois de ler na sinagoga o texto de Isaías que referia a Si próprio, Jesus, vendo o ceticismo do povo, cita o provérbio “Médico, cura-te a ti mesmo”, antecipando aquilo que os judeus viriam a falar dEle mais tarde, para concluir que “nenhum profeta é bem recebido na sua pátria” (Lc. 4.24). - É neste contexto que Jesus cita Elias e Eliseu, para demonstrar que os judeus sempre rejeitaram os profetas que Deus lhes enviara, o que também fariam com Ele próprio. - Ele acabara de desafiar o povo de sua cidade natal para o honrar como profeta ungido (Lc. 4.22), e agora Ele usa estes profetas para avisá-los contra rejeitar Deus. - Elias e Eliseu ministraram a não-judeus (1Rs. 17-18; 2Rs. 5.1-4). Nos dias desses profetas, quando a idolatria e a infidelidade abundavam em todo canto da nação e a rejeição de Deus tornara-se excessiva, as bênçãos de Deus saíam da nação de Israel para áreas gentias. Por exemplo, muitas viúvas moravam em Israel, mas durante o período de fome extrema Deus enviou somente a uma viúva da região de Sidom. Muitos em Israel tinham lepra, mas durante o tempo de Eliseu só o sírio Naamã foi curado. - Dessa forma, Jesus adverte os seus conterrâneos que, se eles O rejeitarem, Ele – como fizeram seus predecessores proféticos – se voltará para os gentios. Pode ser arriscado rejeitar o favor de Deus. Deus pode retirar Seu favor e oferecer Sua graça a outros. - Os adoradores na sinagoga têm uma oportunidade de receber as bênçãos ricas de Deus, mas o aviso de Jesus enche-os de ira durante o culto de adoração. Eles não apreciam Suas palavras e as recebem com rejeição, fazendo séria tentativa de matá-lO. Eles recusam o evangelho e sofrem trágicas consequências. 26 e a nenhuma delas foi enviado Elias, senão a Sarepta de Sidom, a uma mulher viúva. - A verdade aqui expressa é que, para socorrer e sustentar os seus filhos, Deus usa os meios mais inesperados, os menos usuais, os que menos esperamos.

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LIÇÃO 6 – A VIÚVA DE SAREPTA

Subsídio elaborado por Inacio de

Carvalho Neto. E-mail do autor: inaciocarvalho@inaciocarvalho

.com.br. Texto áureo: LUCAS 4 25 Em verdade vos digo que muitas viúvas existiam em Israel nos dias de Elias, quando o céu se cerrou por três anos e seis meses, de sorte que em toda a terra houve grande fome; - Depois de ler na sinagoga o texto de Isaías que referia a Si próprio, Jesus, vendo o ceticismo do povo, cita o provérbio “Médico, cura-te a ti mesmo”, antecipando aquilo que os judeus viriam a falar dEle mais tarde, para concluir que “nenhum profeta é bem recebido na sua pátria” (Lc. 4.24). - É neste contexto que Jesus cita Elias e Eliseu, para demonstrar que os judeus sempre rejeitaram os profetas que Deus lhes enviara, o que também fariam com Ele próprio. - Ele acabara de desafiar o povo de sua cidade natal para o honrar como profeta ungido (Lc. 4.22), e agora Ele usa estes profetas para avisá-los contra rejeitar Deus. - Elias e Eliseu ministraram a não-judeus (1Rs. 17-18; 2Rs. 5.1-4). Nos dias desses profetas, quando a idolatria e a infidelidade abundavam em todo canto da nação e a rejeição de Deus tornara-se excessiva, as bênçãos de Deus saíam da nação de Israel para áreas gentias. Por exemplo, muitas viúvas moravam em Israel, mas durante o período de fome extrema Deus enviou somente a uma viúva da região de Sidom. Muitos em Israel tinham lepra, mas durante o tempo de Eliseu só o sírio Naamã foi curado. - Dessa forma, Jesus adverte os seus conterrâneos que, se eles O rejeitarem, Ele – como fizeram seus predecessores proféticos – se voltará para os gentios. Pode ser arriscado rejeitar o favor de Deus. Deus pode retirar Seu favor e oferecer Sua graça a outros. - Os adoradores na sinagoga têm uma oportunidade de receber as bênçãos ricas de Deus, mas o aviso de Jesus enche-os de ira durante o culto de adoração. Eles não apreciam Suas palavras e as recebem com rejeição, fazendo séria tentativa de matá-lO. Eles recusam o evangelho e sofrem trágicas consequências. 26 e a nenhuma delas foi enviado Elias, senão a Sarepta de Sidom, a uma mulher viúva. - A verdade aqui expressa é que, para socorrer e sustentar os seus filhos, Deus usa os meios mais inesperados, os menos usuais, os que menos esperamos.

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- Jesus aqui se aproveita do exemplo de Elias para alfinetar os judeus. Se eles não O recebessem, como de fato não O receberam, Deus O enviaria aos estrangeiros, como de fato aconteceu. Os judeus estavam muito confiados em sua condição de povo de Deus, esquecendo do próprio Deus. Texto da leitura bíblica em classe: 1REIS 17 8 Então, veio a ele a palavra do SENHOR, dizendo: - É de se notar, mais uma vez, que Elias era guiado sempre pela palavra do Senhor. Como profeta obediente, como regra, ele só se movia pela palavra direta do Senhor. - Depois que Elias profetizou a falta de chuva perante Acabe (1Rs. 17.1), Deus mandou que ele se escondesse junto à fonte de Querite, bebendo a água do ribeiro e sendo alimentado por corvos. Entretanto, a fonte secou, dada a falta de chuva, razão pela qual novamente Deus fala com o profeta, dando-lhe uma nova fonte de provisão. 9 Levanta-te, e vai a Sarepta, que é de Sidom, e habita ali; eis que eu ordenei ali a uma mulher viúva que te sustente. - Sarepta ficava na Fenícia, à margem do Mar Mediterrâneo, ao lado de Sidom e ao norte de Samaria. Distava cerca de 13 a 15 km de Sidom, que era a terra de Jezabel (1Rs. 16.31). É também chamada de Zarefate (Ob. 20). Jerônimo diz que Sarepta ficava em uma estrada que corria ao longo da costa marítma, de Tiro a Sidom. Ela é mencionada em textos ugaríticos do século XIV a.C. e em papiros egípcios do século XIII a.C. junto com Biblos, Beirute, Sidom e Tiro, como uma das principais cidades da costa. Tanto Senaqueribe quanto Esar-Hadom reivindicam ter tomado Sarepta, de acordo com as inscrições assírias, onde ela foi chamada Zaribtu. Modernamente é a chamada Sarafand. - Pode parecer ilógico que Elias fosse se esconder de Acabe e Jezabel justamente tão próximo da terra de Jezabel, mas Deus tem seus meios de cuidar do Seu povo, e Elias ficou efetivamente protegido em Sarepta, mesmo Acabe o tendo buscado em todo canto (1Rs. 18.10). - Acrescente-se que Deus fez referência a uma mulher viúva, que, como sabia Elias, normalmente não tinha condições nem mesmo de se sustentar e aos seus filhos. Isso denota a fé extraordinária de Elias em Deus, confiando que, se Ele estava ordenando, tudo ficaria bem, em que pese não fossem favoráveis as condições, pelo olhar humano. - Em uma nação onde era exigido por lei cuidar de seus profetas, é irônico que Deus tenha mandado Elias a Sarepta, uma terra estrangeira, e recorrido a corvos (pássaros imundos) e a uma viúva estrangeira para cuidar de Elias. Como escreveu Paulo, “Deus escolheu as coisas loucas deste mundo para confundir as sábias; e Deus escolheu as coisas fracas deste mundo para confundir as fortes” (1Co. 1.27). - O Senhor traz o auxílio de onde menos esperamos. Ele provê o que necessitamos de uma forma que ultrapassa nossas restritas definições ou expectativas. Não importa quão amargas sejam as nossas tribulações, ou quão sem esperança a nossa situação possa parecer; devemos buscar o

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cuidado de Deus. Podemos encontrar sua providência em lugares ou situações que nos pareçam estranhos. - Indo a Sarepta, Elias se tornou, podemos dizer, o primeiro profeta dos gentios, já que Sarepta ficava fora dos termos de Israel. Curiosamente, essa região de Sidom foi a única terra fora de Israel visitada por Cristo durante o seu ministério terreno (Mt. 15.21). - É de se notar que a viúva não tem o seu nome revelado em parte alguma das Escrituras. Deus usa pessoas anônimas para ajudar os Seus servos. 10 Então, ele se levantou e se foi a Sarepta; e, chegando à porta da cidade, eis que estava ali uma mulher viúva apanhando lenha; e ele a chamou e lhe disse: Traze-me, peço-te, numa vasilha um pouco de água que beba. - Elias, obedecendo à palavra do Senhor, foi a Sarepta. Ao encontrar a mulher viúva de que o Senhor lhe falara, pediu a ela, sem rodeios, a água de que precisava para seu sustento. - Elias contrariou a tradição dos judeus, que dizem que um homem não deve falar com uma mulher, quanto mais estrangeira (Jo. 4.27). Mas Elias sabia que mais importava obedecer a Deus do que à tradição (Mt. 15.6). - Convém observar que não foi coincidência o fato de a mulher estar à porta da cidade no exato instante em que Elias chegou. Não existem coincidências ou sorte. Deus governa tudo. Ele já havia preparado a viúva que sustentaria Elias, e ela estava lá em razão da vontade diretiva de Deus. 11 E, indo ela a buscá-la, ele a chamou e lhe disse: Traze-me, agora, também um bocado de pão na tua mão. - Elias certamente estava testando a mulher, para ter certeza de que ela efetivamente era a mulher viúva de que Deus lhe falara, à semelhança do que fez Eliezer, mordomo de Abraão, quando foi procurar a futura esposa (Rebeca) de seu filho Isaque (Gn. 24.12-21). - Assim, depois que ela aceitou trazer-lhe a água que havia pedido, ele a chamou novamente e pediu também um bocado de pão. 12 Porém ela disse: Vive o SENHOR, teu Deus, que nem um bolo tenho, senão somente um punhado de farinha numa panela e um pouco de azeite numa botija; e, vês aqui, apanhei dois cavacos e vou prepará-lo para mim e para o meu filho, para que o comamos e morramos. - É de se notar, em primeiro lugar, que a mulher viúva reconheceu em Elias um autêntico servo do Senhor. Mesmo sem o conhecer, ela pode exclamar “Vive o Senhor, teu Deus”, deixando claro que Elias aparentava visivelmente ser um servo de Deus. Fica aqui o exemplo de Elias para todos os cristãos de hoje. - Ao falar em “Senhor, teu Deus”, a viúva refere-se a Yahweh-Eloihm, ou seja, o Deus eterno e todo poderoso, não um deus qualquer. Alguns pensam que ela, sendo fenícia, seguia a fé dos

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hebreus, mas isso parece um exagero de interpretação, já que o texto não fornece amparo para tal tese. De qualquer forma, é certo que ela ao menos conhecia o Deus verdadeiro. - A viúva não tinha nada além de um punhado de farinha e um pouco de azeite, com o que pretendia preparar a última refeição para ela e para seu filho. Mas o profeta de Deus veio para abençoar a sua casa, de nada tendo ela falta daí em diante. O pouco nas mãos de Deus se torna muito. Vide, por exemplo, os poucos pães e peixes que Jesus multiplicou, servindo para alimentar multidões. - É bem provável que a fome decorrente da falta de chuva em Israel tenha chegado até a Sarepta, razão pela qual a viúva estava passando por tão extrema pobreza. 13 E Elias lhe disse: Não temas; vai e faze conforme a tua palavra; porém faze disso primeiro para mim um bolo pequeno e traze-mo para fora; depois, farás para ti e para teu filho. - Quando a viúva de Sarepta conheceu Elias, pensou que iria preparar sua última refeição. Mas um simples ato de fé produziu o milagre. Ela confiou na mensagem do profeta e deu-lhe tudo o que tinha para comer. A fé é o passo entre a promessa e a garantia. Os milagres podem parecer fora do alcance de nossa frágil fé. Mas todo prodígio, grande ou pequeno, começa com um ato de obediência. Não veremos a solução até darmos o primeiro passo de fé. - Note-se que uma grande fé foi exigida dessa pobre viúva. Ela não tinha quase nada, o suficiente para apenas uma refeição, e ainda isso lhe foi tomado, para cuidar primeiro do servo de Deus, para só depois cuidar de si e de seu filho. Poucas pessoas se disporiam a obedecer a tal palavra. - O profeta era um agente de Deus; atendê-lo primeiro significava colocar Deus em primeiro lugar. Tivesse ela dado ouvidos à sua razão e não obedecido às diretrizes do profeta, certamente teria perdido a bênção. O segredo, portanto, é colocar Deus sempre em primeiro lugar (Mt. 6.33). 14 Porque assim diz o SENHOR, Deus de Israel: A farinha da panela não se acabará, e o azeite da botija não faltará, até ao dia em que o SENHOR dê chuva sobre a terra. - O Senhor havia ordenado à viúva que sustentasse Elias (1Rs. 17.9), e isso naturalmente incluía provisão para ela e seu filho também. Portanto, ainda que houvesse extrema fome na terra, em razão da falta de chuva, para essa viúva, seu filho e Elias, não faltaria nenhuma provisão. 15 E foi ela e fez conforme a palavra de Elias; e assim comeu ela, e ele, e a sua casa muitos dias. - Deus estava atento às necessidades e aflições de uma viúva pobre. Ele enviou Elias para fortalecer-lhe a fé e trazer-lhe bênçãos materiais no momento em que ela julgava que tudo estava perdido. - A fé que essa viúva tinha em Deus e na sua palavra, através do profeta Elias, levou-a a permutar o certo pelo incerto, o visível pelo invisível (ver Hb. 11.27). A viúva crente recebeu do profeta de Deus não somente uma bênção material, mas também uma bênção espiritual.

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- Toda essa história é contrária à natureza, pois, se não fosse a fé em Deus e na palavra do Seu profeta, a mulher teria sido egoísta o suficiente para proteger da fome a si mesma e ao seu filho, o máximo possível. A fé a capacitou a agir de acordo com a palavra do profeta, e pela fé ela continuou a ter suprimento durante o período de fome; e, assim, quando o período de fome terminou, a farinha acabou e o azeite faltou. 16 Da panela a farinha se não acabou, e da botija o azeite não faltou, conforme a palavra do SENHOR, que falara pelo ministério de Elias. - Deus cumpriu a sua promessa: a farinha e o azeite não acabaram, como dissera Elias. Deus sempre cumpre as suas promessas. - Essa panela não tinha cabo ou argolas como as que conhecemos, mas era um vaso de barro. Esta é a palavra hebraica kad, traduzida como panela neste texto e também em 1Rs. 18.33, e como cântaro em Jz. 7.16-20. Este recipiente era comum no Oriente para armazena grãos e farinha. Referências bibliográficas: - ARRINGTON, French L. Comentário bíblico pentecostal – Novo Testamento, v. 1. 4ª. edição. Editora CPAD, 2009. - Bíblia Apologética de Estudo. 2ª. edição. Editora ICP, 2006. - CHAMPLIN, Russell Norman, Ph.D. O Velho Testamento interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos, 2002. - DAKE, Finis Jennings. Bíblia de Estudo Dake. Editoras CPAD e Atos, 2009. - FRANCISCO, Caramuru Afonso. A viúva de Sarepta. Subsídio publicado no site http://www.portalebd.org.br/. - GONÇALVES, José. Lições bíblicas: Elias e Eliseu – um ministério de poder para toda a igreja. Editora CPAD, 2013. - GONÇALVES, José. Porção dobrada. Editora CPAD, 2012. - NANTES, Elisa. A viúva de Sarepta. Subsídio em vídeo publicado no site http://www.adlondrina.com.br. - NEVES, Natalino das. A viúva de Sarepta. Subsídio em vídeo publicado no site http://www.natalinodasneves.blogspot.com.br. - Novo Testamento trilíngue: grego, português e inglês. Editora Vida Nova. - STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. Editora CPAD, 2005.