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Lição 3- Pedro, o apóstolo impetuoso Texto Bíblico: Lucas 5.1-11; João 21.1-16 Depois de Jesus, Pedro é o personagem mais conhecido e citado nos escritos neotestamentários: é mencionado 154 vezes com o nome de “ Pétros”, tradução grega do nome aramaico que lhe foi dado diretamente por Jesus, cujo significado é pedra ou rocha; como “Kepha” é citado 9 vezes, sobretudo nas cartas de Paulo; também se acrescenta o nome frequente de “Simon” (citado 75 vezes), que é a forma helenizada do seu nome, no original hebraico Simeon” (citado 2 vezes: At 15.14; 2Pd 1.1). Na língua aramaica seu nome era Barjonas, filho de Jonas (Mt 16.17). Era natural de Betsaida (Jo 1.44), uma pequena cidade ao leste do mar da Galileia, da qual provinha também Filipe e, naturalmente, André, irmão de Simão. O seu modo de falar destacava o sotaque galileu. Também ele, como o irmão, era pescador: com a família de Zebedeu, pai de Tiago e de João, dirigia um pequeno negócio de pesca no lago de Genezaré (Lc 5.10). Por isso desfrutava de certo bem-estar econômico e era movido por um sincero interesse religioso, por um desejo de Deus – ele queria que Deus fizesse uma intervenção no mundo – desejo esse que o fez ir como o irmão até a Judeia para acompanhar a pregação de João Batista (Jo 1.35-42). Era um judeu crente e observador, confiante na presença ativa de Deus na história do seu povo, e sofria por não ver a sua ação poderosa nas lutas das quais ele era, naquele momento, testemunha. Era casado, e sua sogra, curada certo dia por Jesus, vivia na cidade de Cafarnaum. (Mt 8.14,15; Mc 1.29-31; Lc 4.38,39). PEDRO, O CONVOCADO O evangelho nos permite compreender a sua jornada espiritual. O ponto inicial é o chamado feito por Jesus, que aconteceu num dia qualquer, quando Pedro estava ocupado com seu trabalho de pescador. Jesus encontra-se junto ao lago de Genesaré e a multidão reúne-se à sua volta para ouvi-lo com atenção. O Mestre viu dois barcos ancorados à margem; os pescadores haviam descido para lavar as redes. Então, Ele pede para entrar no barco (exatamente o de

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Page 1: Lição 3- Pedro, o apóstolo impetuosobatistafluminense.org.br/revista/documentos/palavraevida_1_ano... · Mas Simão, o pescador, confia no Rabi, que não lhe dá respostas, mas

Lição 3- Pedro, o apóstolo impetuoso

Texto Bíblico: Lucas 5.1-11; João 21.1-16

Depois de Jesus, Pedro é o personagem mais conhecido e citado nos escritos

neotestamentários: é mencionado 154 vezes com o nome de “Pétros”, tradução

grega do nome aramaico que lhe foi dado diretamente por Jesus, cujo

significado é pedra ou rocha; como “Kepha” é citado 9 vezes, sobretudo nas

cartas de Paulo; também se acrescenta o nome frequente de “Simon” (citado

75 vezes), que é a forma helenizada do seu nome, no original hebraico

“Simeon” (citado 2 vezes: At 15.14; 2Pd 1.1).

Na língua aramaica seu nome era Barjonas, filho de Jonas (Mt 16.17). Era

natural de Betsaida (Jo 1.44), uma pequena cidade ao leste do mar da Galileia,

da qual provinha também Filipe e, naturalmente, André, irmão de Simão. O seu

modo de falar destacava o sotaque galileu. Também ele, como o irmão, era

pescador: com a família de Zebedeu, pai de Tiago e de João, dirigia um

pequeno negócio de pesca no lago de Genezaré (Lc 5.10). Por isso desfrutava

de certo bem-estar econômico e era movido por um sincero interesse religioso,

por um desejo de Deus – ele queria que Deus fizesse uma intervenção no

mundo – desejo esse que o fez ir como o irmão até a Judeia para acompanhar

a pregação de João Batista (Jo 1.35-42). Era um judeu crente e observador,

confiante na presença ativa de Deus na história do seu povo, e sofria por não

ver a sua ação poderosa nas lutas das quais ele era, naquele momento,

testemunha. Era casado, e sua sogra, curada certo dia por Jesus, vivia na

cidade de Cafarnaum. (Mt 8.14,15; Mc 1.29-31; Lc 4.38,39).

PEDRO, O CONVOCADO

O evangelho nos permite compreender a sua jornada espiritual. O ponto inicial

é o chamado feito por Jesus, que aconteceu num dia qualquer, quando Pedro

estava ocupado com seu trabalho de pescador. Jesus encontra-se junto ao

lago de Genesaré e a multidão reúne-se à sua volta para ouvi-lo com atenção.

O Mestre viu dois barcos ancorados à margem; os pescadores haviam descido

para lavar as redes. Então, Ele pede para entrar no barco (exatamente o de

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Simão) e lhe pede que se afastem um pouco. Sentado no barco, dali mesmo

começa a ensinar à multidão (Lc 5.1-3). Quando termina de falar, diz a Simão:

“Faze-te ao largo e lançai as vossas redes para a pesca”. Simão responde:

“Mestre, trabalhamos durante toda a noite e nada apanhamos; mas, por causa

de tua palavra, lançarei as redes” (Lc 5.4,5). Jesus era carpinteiro, não perito

em pesca. Mas Simão, o pescador, confia no Rabi, que não lhe dá respostas,

mas o chama a ter confiança. A sua reação diante da pesca milagrosa é de

admiração e de espanto: “Afasta-te de mim, Senhor, porque sou um homem

pecador” (Lc 5.8). Jesus responde convidando-o a ter confiança e a abrir-se

para um novo projeto que ultrapassa qualquer expectativa sua: “Não tenhas

receio; daqui por diante, eu te convido para ser pescador de homens” (Lc 5.10).

PEDRO, O IMPULSIVO

Pedro aparece nos evangelhos com um caráter decidido e impulsivo. Ele se

dispõe a fazer valer as próprias razões também pela força (veja sua drástica

atuação no Jardim do Getsêmani, em João 18.10). Ao mesmo tempo, às vezes

é também ingênuo e medroso, contudo, era honesto, chegando ao

arrependimento mais sincero (Mt 26.75).

Um dia, nas proximidades de Cesareia de Filipe, Jesus fez uma pergunta direta

aos discípulos: “Quem dizem os homens que eu sou?” (Mc 8.27). Jesus

aguardava também uma resposta concreta que refletisse uma tomada de

decisão pessoal. Por isso, muda a pergunta: “E vós, quem dizeis que eu sou?”

(Mc 8.29). Pedro toma a frente e, em nome do grupo, responde: “Tu és o

Cristo, o Messias”. Essa resposta de Pedro não veio da carne nem do sangue,

mas foi-lhe concedida pelo Pai, que está no céu (Mt 16.17). Todavia, Pedro não

havia compreendido o conteúdo profundo da missão messiânica de Jesus, o

novo sentido da palavra Messias. Ele demonstrou isso pouco depois, dando a

entender que o Messias que segue nos seus sonhos é muito diferente do

verdadeiro plano de Deus.

Diante do anúncio da Paixão, escandaliza-se e protesta, suscitando uma

resposta enérgica de Jesus (Mc 8.32-33). Pedro quer um Messias “homem

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divino” que cumpra as expectativas do povo, impondo a todos o seu poder.

Pedro, sempre impulsivo, não hesita em repreender Jesus à parte. A resposta

de Jesus abala todas as suas falsas expectativas, quando o chama à

conversão e à renúncia: “Afasta-te de mim, Satanás, porque teus pensamentos

não são de Deus, mas dos homens” (Mc 8.33). É como se o Mestre dissesse:

“Não me aponte o caminho, eu sigo o meu percurso e você deverá seguir atrás

de mim”.

Pedro aprendeu, assim, o que significa verdadeiramente seguir Jesus, quando

ouviu do Mestre: “Se alguém quer me seguir, renuncie a si mesmo, tome a sua

cruz e siga-me. Com efeito, quem quiser salvar a sua vida, a perderá. Mas

quem perder a sua vida por causa de mim e do evangelho, a salvará” (Mc

8.34,35). Seguir Jesus tem um alto preço a pagar: é preciso renunciar tudo,

para salvar os verdadeiros valores, para salvar a alma, para a salvar a

presença de Deus no mundo (Mc 8.36,37). Em tempo, Pedro aceitou o convite

e seguiu fielmente os passos do Mestre.

PEDRO, O APÓSTOLO TRANSFORMADO

Depois da ressurreição, Pedro se encontrou com Jesus mais uma vez e ouviu:

“Segue-me” (Jo 21.19). Pedro não mais abandonou o Mestre, seguindo-o

fielmente, mesmo a despeito da clara consciência da sua própria fragilidade.

Mas isso não o desencorajou. Ele sabia que podia contar com a presença do

Cristo ressurreto. Ele alcançou a confiança naquele Jesus que compreendeu a

sua pobre capacidade de amar.

Um fato peculiar na vida de Pedro foi a sua mudança de nome. No Antigo

Testamento uma mudança do nome geralmente anunciava a designação de

uma missão (Gn 17.3-8; 32.27,28). De fato, a vontade de Cristo em atribuir a

Pedro um papel especial no apostolado é demonstrada por numerosos sinais:

Em Cafarnaum, o Mestre se hospeda na casa de Pedro (Mc 1.29). Quando a

multidão se comprime ao seu redor às margens do lago de Genesaré, entre

dois barcos ali ancorados, Jesus escolhe a de Simão (Lc 5.3). Quando, em

circunstâncias particulares, Jesus se faz acompanhar por apenas três

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discípulos, Pedro é sempre citado primeiro no grupo. Foi assim, no episódio da

ressurreição da filha de Jairo (Mc 5.37; Lc 8.51), na transfiguração (Mc 9.2; Mt

17.1; Lc 9.28) e, por fim, na suprema agonia do Getsêmani (Mc 14.33; Mt

16.37). E mais: Jesus lava primeiro os pés de Pedro (Jo 13.6) e ora por ele

para que não lhe falte a fé e possa, depois, confirmar, nela, os outros discípulos

(Lc 22.30-32). E o ousado Pedro é ainda aquele apóstolo desejoso de

aprender, que toma a palavra para pedir a explicação de uma parábola difícil

(Mt 15.15), ou a promessa formal de uma recompensa (Mt 19.27).

Em particular, é ele quem resolve o embaraço de determinadas situações e

intervém em nome de todos. Assim, quando Jesus, desanimado pela

incompreensão da multidão, depois do discurso sobre o “pão da vida”,

pergunta: “Também vós quereis ir embora?”, a resposta de Pedro é decisiva:

“Senhor, para quem iremos nós? Só tu tens a palavra de vida eterna” (Jo 6.67-

69). Igualmente decidida é a profissão de fé que, ainda em nome dos doze, ele

faz perto de Cesaréia de Filipe, em resposta à pergunta de Jesus: “E vós quem

dizeis que eu sou?”. Pedro responde: “Tu és o Cristo, o Filho do Deus Vivo!”

(Mt 16.15,16).

PARA PENSAR E AGIR

1. Pedro foi um homem de temperamento explosivo, incoerente em suas

afirmações e ousado em suas investidas. Qualquer líder deixaria Pedro

de fora de suas escolhas. Mas acontece que Deus não “olha a

aparência, mas o coração” (1Sm 16.7). E foi isto que Jesus fez. Pedro

foi transformado pelo poder e graça do Senhor Jesus. Além de um

apóstolo eficaz e disposto, ele foi fiel em todo o tempo.

2. Pedro com seu jeito próprio de ser, estava sendo qualificado pelo

Senhor Jesus para enfrentar todas as intempéries. Somente uma

pessoa duramente provada pelo escaldante sol da Palestina e pelas

lutas intensas no mar da Galileia poderia suportar as perseguições e

ainda liderar a igreja que estava surgindo.

3. Pedro poderia ser descartado por qualquer liderança, menos por Jesus.

E essa é uma lição que precisamos aprender: valorizar todas as

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pessoas, de todas as culturas, temperamentos, atitudes, idades e

regiões. Jesus valorizou Pedro, um homem desprovido de cultura, mas

cuja fidelidade ao Senhor era capaz de superar todos os obstáculos. E

ele foi um das colunas da Igreja (Gl 2.9). Imitemos o Senhor!

LEITURAS DIÁRIAS:

segunda-feira: Lucas 5.1-11

terça-feira: Lucas 9.1-6

quarta-feira: Lucas 9.18-22

quinta-feira: Lucas 9. 28-36

sexta-feira: Mateus 26.36-46

sábado: Mateus 26.69-73

domingo: Atos 3.11-20