lição 10: deus tem a palavra final ( arrogância e...

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Lição 10 Deus Tem a Palavra Final (Arrogância e Abatimento de Um Rei) Texto Básico: Isaías 36.1 a 37.38 Introdução: Na lição 04, no item 4, fizemos um resumo (esboço) de Ezequias e seu reinado. Seu pai, o rei Acaz, foi ímpio, idólatra, corrompendo o culto (2Cr 28.1-3). Ezequias, seu filho, foi seu oposto. Andou nos caminhos de Deus, promoveu reformas, esforçou-se por restaurar o culto verdadeiro, trazendo o povo de volta ao Senhor (2Cr 29.1 a 31.21; 2RS 18.1-12). Judá prosperou com Ezequias no seu reinado de vinte e nove anos (2Cr 29.1,2). Tudo indica que o profeta Isaías já era bem conhecido do povo e que tinha bom relacionamento com o rei Ezequias (Is 37.1-5). Há possibilidade de que Isaías fosse da linhagem real e conselheiro de Ezequias. Nesse tempo Ezequias já estava no seu 14º ano de governo (Is 36.1; 2Rs 18.13). Há discussões por parte de estudiosos acerca dessas datas. Segundo eles Ezequias subiu ao trono em 724 a.C. e Senaqueribe invadiu Judá em 701 a.C. Assim, Ezequias estaria no 23º/24º ano de seu reinado e não no décimo quarto. Fiquemos com os relatos bíblicos (Is 36.1,2 e 2Rs 18.13), pois o que nos interessa é o fato em si, o que o Senhor fez, o que significou para seu povo então, e que aplicação tem para nós hoje.* Avaliemos os acontecimentos e busquemos neles lições para nosso tempo e nosso contexto. 1- Senaqueribe invade Judá (Is 36. 1; 2Cr 32.1; 2Rs 18.13-16). A Assíria era, então, a grande potência regional. Israel dividido e enfraquecido já vira o irmão do Norte cair (queda de Samária) sob esse poderio. Tendo conquistado o norte da Palestina, animava-se agora em conquistar o Sul. O texto de Is 36.1 diz que Senaqueribe subiu contra todas as cidades fortificadas de Judá e as tomou. Registros de História Antiga dizem que foram

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Lição 10

Deus Tem a Palavra Final (Arrogância e Abatimento de Um Rei)

Texto Básico: Isaías 36.1 a 37.38

Introdução: Na lição 04, no item 4, fizemos um resumo (esboço) de Ezequias e

seu reinado. Seu pai, o rei Acaz, foi ímpio, idólatra, corrompendo o culto (2Cr

28.1-3).

Ezequias, seu filho, foi seu oposto. Andou nos caminhos de Deus, promoveu

reformas, esforçou-se por restaurar o culto verdadeiro, trazendo o povo de volta

ao Senhor (2Cr 29.1 a 31.21; 2RS 18.1-12).

Judá prosperou com Ezequias no seu reinado de vinte e nove anos (2Cr

29.1,2).

Tudo indica que o profeta Isaías já era bem conhecido do povo e que tinha bom

relacionamento com o rei Ezequias (Is 37.1-5). Há possibilidade de que Isaías

fosse da linhagem real e conselheiro de Ezequias. Nesse tempo Ezequias já

estava no seu 14º ano de governo (Is 36.1; 2Rs 18.13).

Há discussões por parte de estudiosos acerca dessas datas. Segundo eles

Ezequias subiu ao trono em 724 a.C. e Senaqueribe invadiu Judá em 701 a.C.

Assim, Ezequias estaria no 23º/24º ano de seu reinado e não no décimo quarto.

Fiquemos com os relatos bíblicos (Is 36.1,2 e 2Rs 18.13), pois o que nos

interessa é o fato em si, o que o Senhor fez, o que significou para seu povo

então, e que aplicação tem para nós hoje.*

Avaliemos os acontecimentos e busquemos neles lições para nosso tempo e

nosso contexto.

1- Senaqueribe invade Judá (Is 36. 1; 2Cr 32.1; 2Rs 18.13-16).

A Assíria era, então, a grande potência regional. Israel dividido e enfraquecido já

vira o irmão do Norte cair (queda de Samária) sob esse poderio. Tendo

conquistado o norte da Palestina, animava-se agora em conquistar o Sul.

O texto de Is 36.1 diz que Senaqueribe subiu contra todas as cidades

fortificadas de Judá e as tomou. Registros de História Antiga dizem que foram

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conquistadas quarenta e seis cidades. 2Crônicas 32.1 diz que Senaqueribe,

entrando em Judá, acampou-se contra as cidades fortes, a fim de apoderar-se

delas. 2Reis 18.13 diz que Senaqueribe subiu contra todas as cidades

fortificadas de e as tomou.

Porém há um dado em 2Reis 18.14-16, que deixa vir à tona algo interessante.

Parece ter havido um acordo entre Ezequias e Senaqueribe. O texto diz que

Ezequias enviou mensageiros a Senaqueribe, a Laquis pedindo sua retirada e

propondo-se pagar o que ele lhe impusesse. Está narrado que lhe foi efetuado o

pagamento de 300 talentos de prata (13,2 ton) e 30 talentos de ouro (1470 Kg).

Ezequias deve ter percebido que Senaqueribe queria conquistar a capital,

Jerusalém, e levar seus habitantes para outras regiões, como era seu costume.

O pagamento que lhe foi imposto seria um acordo para preservar Jerusalém. Tal

acordo não foi respeitado.

2- Embaixadores de Senaqueribe ameaçam e amedrontam Jerusalém.

Senaqueribe queria conquistar a fortaleza de Jerusalém, o que daria domínio

sobre toda a Palestina. De Laquis envia Tartã, Rabe-Sáris e Rabsaqué (títulos

de oficiais assírios), príncipes, com um grande exército a Ezequias (2Rs 18.17).

Ora, o rei da Assíria enviou de Laquis Rabsaqué a Jerusalém, com um grande

exército (Is 36.2). Senaqueribe era homem experiente na tática bélica.Deveria

saber que Jerusalém estava isolada, sem possibilidade de ajuda ou socorro.

Seria uma conquista fácil, rápida. Não resistiria a um cerco prolongado.

Rabsaqué se dirige a três oficiais de Ezequias entregando a mensagem

ameaçadora do rei, seu senhor, requerendo uma capitulação sem luta. Uma

síntese do ultimato: Isaías 36

Que confiança é essa em que te estribas? (4c);

Teu conselho para a guerra são apenas vãs palavras (5a);

Eis que confias no Egito, aquele bordão de cana quebrada… assim é faraó

para com os que confiam nele (6);

Mas se me disseres: no Senhor, nosso Deus, confiamos… (7).

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Rabsaqué fala aos três oficiais de Ezequias, sendo ouvido também pelo povo,

que assentado sobre o muro o escuta. Suas palavras têm o propósito de

amedrontar e criar pânico.

Ele conhece a fragilidade militar de Ezequias e, ironicamente, oferece dois mil

cavalos, se tiverem soldados para montá-los.

O retorno à possibilidade de ajuda por parte do Egito (36. 6,9) faz pensar que

havia algum acordo com faraó, descoberto por Senaqueribe, daí o desejo de

aproveitar a oportunidade, entes que Jerusalém recebesse socorro. É uma

possibilidade.

Como poderás repelir um só príncipe dos menores servos de meu senhor…?

Por ventura subi eu agora sem o Senhor…? (que terrível absurdo)!

Ora, se Jeová é o guardador de seu povo, de seu servo fiel, Ezequias, como

enviaria um Ímpio para destruí-lo?

3- Um pedido não atendido. Ameaças intensificadas (Is 36.11-21).

Os três oficiais de Ezquias pedem a Rabsaqué que fale em aramaico (siríaco),

uma vez que podiam entender bem aquele idioma (Is 36.11). Com certeza esses

oficiais tinham consciência da fraqueza militar de Jerusalém e o povo assentado

sobre o muro também sabia disso. Isso poderia gerar pânico no povo e até

produzir alguma revolta ou sublevação. Rabsaqué parece ter percebido a

preocupação daqueles oficiais e resolveu aproveitar a ocasião. Intensifica as

ameaças, dirigindo-se ao povo em nome de Senaqueribe, bradando em judaico:

Demonstra a intenção de sitiar a cidade, impedindo abastecimento

subsistencial: alimento e água: “comerão o próprio excremento e beberão a

própria urina” (12);

Ouvi as palavras do grande rei da Assíria (13):

Não vos engane Ezequias; porque não vos poderá livrar (14);

Nem vos faça confiar no Senhor, dizendo: infalivelmente nos livrará o

Senhor... (15);

Não deis ouvidos a Ezequias; assim vos diz o rei da Assíria: fazei as pazes

comigo e saí a mim, e … (16);

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Guardai-vos, para que não vos engane Ezequias, dizendo: o Senhor nos

livrará (18a);

Porventura os deuses das nações livraram, cada um, a sua terra das mãos

do rei da Assíria? (18b; 37.18,19);

Onde estão os deuses de Hamate, Arpade,… Sefarvaim? Porventura

livraram Samária da minha mão? (19);

Poderá o Senhor livrar a Jerusalém das minhas mãos?

Todas estas interrogações além de afrontosas são blasfemas. É muita

arrogância e o preço que será pago mostrará a Senaqueribe e aos seus oficiais

a diferença entre “deuses” e o Senhor.

4- Uma atitude prudente (Is 36.21; 37.7).

Há situações tão delicadas, tão difíceis que requerem procedimentos

cuidadosos, prudentes. São momentos nos quais o melhor é não agir. É o tempo

de refletir, aguardar, de entregar tudo ao Senhor e descansar n’Ele (Sl 37.1-7).

Os oficiais de Ezequias tomaram essa via. Calaram-se, nada responderam,

como lhes ordenara o rei. Foram para ele e lhe relataram as ameaças, as

afrontas e as blasfêmias. O rei, por sua vez, humilhou-se, rasgando as vestes,

cobrindo-se de saco, indo para a casa do Senhor. Não há melhor lugar em horas

angustiantes do que a casa do Senhor (se bem que o Senhor não é restrito a

espaços físicos). Ezequias era judeu e para ele o Templo era símbolo da

presença de Jeová.

Outra atitude prudente: enviou seus oficiais e alguns sacerdotes idosos ao

profeta Isaías, para consultá-lo. Teria o Senhor ouvido as provocações, as

blasfêmias de Rabsaqué? Incluído na consulta ao profeta estava um pedido de

oração. Que bom quando um povo tem um líder piedoso, humilde, que busca ao

Senhor, reconhece, acata, e busca a orientação de seus servos (ministros)! A

resposta do profeta é confortadora. .

- Assim diz o Senhor: não temas à vista das palavras que ouviste (v.6a);

- com as quais me blasfemaram os servos do rei da Assíria (v.6b);

- Eis que meterei nele um espírito, e ele voltará para a sua terra (v.7a);

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- E lá fá-lo-ei cair morto à espada na sua própria terra (v.7b).

Que conforto maravilhoso para aqueles oficiais, para os sacerdotes que os

acompanhavam e para o rei aflito, diante da fraqueza militar de sua nação e do

poderio da Assíria e de Senaqueribe!

Senaqueribe está cheio de orgulho, de arrogância, não sabe que já está

derrotado, humilhado morto. Ele, seus oficiais e seu numeroso exército.

5- Novas ameaças contra Ezequias, blasfêmias contra Deus (Is 37.8-13).

Após seu atrevimento em Jerusalém, Rabsaqué retorna ao rei Senaqueribe e o

encontra combatendo e tentando conquistar Libna. O Senhor havia dito ao

profeta Isaías (37.7) que “ele ouvirá uma nova, e voltará para a sua terra”. Esta

profecia cumpriu-se rapidamente:

“Então ouviu ele dizer a respeito de Tiraca, rei da Etiópia: Saiu para te fazer

guerra” (37.9). Esta notícia fê-lo desejar conquistar Jerusalém imediatamente.

Enviou mensageiros a Ezequias com cartas afrontosas:

- Assim direis a Ezequias, rei de Judá (37.10a);

- Não te engane o teu Deus em quem confias, dizendo: Jerusalém não será

entregue na mão do rei da Assíria (37.10b);

- Eis que já tens ouvido… todas as terras, destruindo... e serás tu livrado? (7.11).

- Porventura as livraram os seus deuses… (37.12)?

- Onde estão os reis de Hamate, Sefarvaim, Hena e Iva ( 37.13 )? Ah!

Senaqueribe, se tu soubesses em que perigo te meteste!!!

6- Epílogo: Ezequias ora no Templo: Senaqueribe perde seu exército; volta para

Nínive e seus próprios filhos o matam (Is 37.14-38).

Ezequias estende as cartas perante o Senhor (37.14);

E orou Ezequias ao Senhor, dizendo: (Por favor, leia cuidadosamente,

refletindo no conteúdo das palavras de Ezequias) Isaías 37.16-20.

Ezequias deve lembrar-se de outra oração feita no mesmo lugar por

Salomão: 2Crônicas 6.12-38. Considere bem: 6.24,25,32,33. Compare bem,

6.32,33 com Isaías 37.20: “para que todos os povos da terra saibam.”. Jeová

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há que ser conhecido como o Deus único e verdadeiro por toda a raça

humana.

A Mensagem de Isaías a Ezequias: tua oração foi ouvida (37. 21). E os

versos 22 a 35 descrevem a resposta de Jeová à blasfêmia de Senaqueribe.

O anjo de Jeová aniquila o exército do arrogante rei da Assíria: 18.5000

combatentes são eliminados numa noite. O homem arrogante e seus

príncipes, humlhados, envergonhados, retornam para casa. Ali os filhos de

Senaqueribe o matam (Is 37.36-38). Jesus ensinou; quem se exaltar será

humilhado e quem se humilhar será exaltado (Mt 23.12; Lc 14.11; 18.14)

Compare Provérbios 15.33; 16.18; 11.2; 17.19; 18.12. Senaqueribe tinha

muitos planos, tinha ótimo exército, bons oficiais, pensava poder fazer o que

pretendia. Fez muitas conquistas. Afrontou Ezequias, escarneceu dele, da

fraqueza militar de Judá, blasfemou de Deus, desafiando-O, comparando-O

aos ídolos das nações. Ele passou, suas palavras foram como palha.

Permaneceu a Palavra do Senhor. Deus sempre teve, tem e terá a palavra

final (Is 55.10,11; 40.8; 1Pe 11.25).

APLICAÇÕES

Nosso Deus é o mesmo. Sua Palavra permanece para sempre porque Deus

é eterno, imutável. Assim:

1- Em face de situações difíceis, desafiadoras, podemos confiar no seu cuidado,

no seu socorro. Todos os atos de justiça e de poder dos tempos passados

podem ser operados hoje. Muitas coisas acontecem hoje. Nós é que não

atentamos para elas.

2- Face a desafios, ameaças, insultos, provocações devemos evitar o revide

com atrito, as reações impróprias. Ezequias e seus oficiais procederam com

prudência: oração, confiança no Senhor, na sua justiça, no seu agir por nós (Sl

37.1-7).

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3- Devemos orar e pedir que Deus nos dê líderes piedosos, que busquem ao

Senhor na sua administração. Líderes que reconheçam, valorizem os servos

(ministros) de Deus e os consultem para tomar decisões na administração

pública. Como seria nosso país se tivéssemos presidentes como Ezequias,

ministros como Daniel, governadores como José e homens de Deus como

Isaías?

GLOSSÁRIO: NOTAS EXPLICATIVAS

* Temos procurado seguir uma linha de estudos visando a sua aplicação prática

para o povo de Deus nas envolventes de sua experiência como cristãos no

mundo, que é nosso lugar de atuação como sal e luz. Há muitas questões de

natureza acadêmica, irrelevantes para o cristão como agente do Senhor Jesus

na comunidade.

Na minha longa experiência pastoral e magisterial tenho percebido que

precisamos conhecer a Bíblia como Palavra inspirada de Deus, saber aplicá-la à

nossa vida diária, para termos relacionamentos adequados com Deus e o

próximo.

Como nas lições anteriores, procuramos no Item APLICACÕES fornecer

orientação prática. Creio que é isto que os estudantes da EBD precisam e

gostariam de ter. Se nisto estiver contribuindo, fico alegre e grato ao Senhor.

LEITURAS DIÁRIAS:

segunda-feira IS 36.1-22

terça-feira IS 37.1-13

quarta-feira IS 37.14-20

quinta- feira IS 37.15 -35

sexta-feira IS 37.36-38

sábado IS 38.1-8

domingo IS 38.9-22