liberalismo clássico e contemporâneo
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Liberalismo Clássico e Contemporâneo
O advento do Liberalismo:
Para o contexto histórico de ascensão do Liberalismo épreciso considerar o surgimento da racionalidade (o poder darazão) como medida de regramento da vida pública e socialprecedido pelo desenvolvimento do Iluminismo. É precisoconsiderar também, a defesa da liberdade como expressão políticae jurídica que se deu no contexto das monarquias e regimesabsolutistas, por isso, os chamados “liberais” se organizaram paraproteger a liberdade dos indivíduos contra a tirania, refletindo asaspirações da classe média em ascensão (burguesia), cujosinteresses entravam em conflito com o poder estabelecido dosmonarcas absolutistas e da aristocracia rural.
No lugar das monarquias absolutistas baseadas no “direitodivino” dos reis, os liberais defendiam um governo constitucionalinfluenciando, dessa forma, movimentos revolucionários como aRevolução Puritana, a Revolução Gloriosa, a Revolução Liberal doPorto, a Revolução Americana e a Revolução Francesa.
O ponto central do Liberalismo Clássico é a ênfase naliberdade dos indivíduos, com igualdade de direitos jurídicos epolíticos, mas cujas ações devem ser recompensadas de acordocom os talentos individuais e disposição para o trabalho, ou seja,com o uso que cada indivíduo faz de sua liberdade, comopodemos perceber a palavra “liberal”, que deriva do latim “liber”,referia-se a uma classe de homens livres; em outras palavras,homens que não eram nem servos nem escravos e passou a sercada vez mais associado a ideias de liberdade de escolha.
Autores Clássicos e suas principais contribuições:
John Locke (1632 – 1704)
Autor contratualista – identifica o ‘EU’ na coletividade.Para Locke todos os homens ao nascer possuem direitosnaturais (propriedade, vida, liberdade). Os homens criamgovernos para garantir esses direitos naturais (‘serem maisfortes’). Se o governo não garantir esses direitos os povosteriam o direito de contestar e não aceitar suas decisões(princípios do direito à Desobediência Civil). Forte opositor doabsolutismo, suas ideias foram em grande medida aspercursoras do parlamentarismo inglês e doconstitucionalismo.Principal Obra: Dois Tratados Sobre o Governo (1689)
Charles-Louis de Secondat, o Barão de Montesquieu (1689 – 1755)
Monstesquieu foi um aristocrata forte opositor do absolutismo e do poderclerical. Viajou por toda a Europa para conhecer os costumes e os regramentos e as leisdos povos. Identifica características particulares e peculiares a cada povo, sua intenção nãoera conhecer as leis como tais, mas sim entender o espírito por detrás que governa aassunção de leis e regramentos sociais.Estudando a Inglaterra, Mostesquieu elabora sua teoria sobre a separação dos poderes erepresentação.Principal Obra: O Espírito das Leis (1748)
Separação dos Poderes
Poder Executivo Monarca ou regente que administra o(s) território (s).
Poder Legislativo
Responsável pela elaboração de leis e dividido em duas câmaras: a dos Lordes,
representantes da aristocracia e indicados pelo rei e; a dos Comuns eleitos pelo povo
Montesquieu também elabora uma tipologia das formas de governo:
Regime Republicano Monárquico Despótico
Natureza O povo é soberano. O rei é soberano e governa
segundo leis fixas. Apoia-se
sobre poderes
intermediários.
O déspota governa sem leis,
sem regras ou poderes
intermediários.
Princípio Virtude Honra Temor
Outras Variações:
Formas de Governo: Formas Puras: Formas Impuras:
República - Democracia
(Princípio–Patriotismo)
Aristocracia- (Princípio–
Moderação)
Monarquia - (Princípio-Honra)
Despotismo - (Princípio – Terror)
Monarquia: Governo de um só
Aristocracia: Governo de vários
Democracia: Governo do povo
Tirania: Corrupção da Monarquia
Oligarquia: Corrupção da
Aristocracia
Demagogia: Corrupção da
Democracia
Alexis de Toqueville (1805 – 1859)
Toqueville era também um aristocrata francês que procuravaencontrar maneiras de regular o poder centralizador do Estado e asconvulsões políticas sistemáticas que abalavam a França de seu tempo.Dedicou-se a diversos estudos sobre seu país, contudo é em uma viagemaos EUA que ele encontra uma realidade que o permite teorizar sobre ademocracia sobre uma perspectiva liberal. O autor estava convencido deque a democracia era uma realidade inescapável ao desenvolvimento detodas as nações e, ao contrário do antigo regime mantido pela hierarquiae o privilégio, a democracia se basearia sobre o princípio da igualdade.Toqueville não ignora a fragilidade da democracia, contudo, vê indícios nodesenvolvimento da democracia liberal norte-americana melhoresperspectivas de êxito. Esses indícios podem ser resumidos na ausência deuma aristocracia latifundiária, o associativismo que fomentaria asoberania popular e o federalismo que conformaria um grande Estadonacional formado por pequenos Estados mais próximos da realidadecultural de cada cidadão.Principal Obra: A Democracia na América (1835)
A associação entre o Liberalismo Político e Liberalismo Econômico:
Inicialmente os liberais deram ênfase à liberdade individual, a negaçãodo controle do governo e o associativismo voluntário, posteriormente estesprincípios passaram a ser defendidos também na esfera econômica, criando aideia de uma economia de mercado “livre” da influência do governo. Do pontode vista econômico, o liberalismo vem da teoria do laissez-faire: comércio livre,livre iniciativa e não-intervenção estatal na economia (A. Smith). O liberalismoesteve intimamente relacionado com o capitalismo e foi a base dodesenvolvimento econômico industrial do século XIX, especialmente daexpansão econômica da Inglaterra em todo o mundo. Contudo, a livreconcorrência e a total falta de regulamentação gerou um acúmulo muito restritode riquezas, a pauperização da classe trabalhadora, o conflito social, a luta declasses, o colonialismo e o imperialismo das nações ocidentais que acabarampor deflagrar a I Guerra Mundial, a Grande Depressão da década de 1930 e asegunda Guerra Mundial. Com os impactos sociais destes acontecimentos (maisa pressão do socialismo, da social democracia e da democracia cristã) oliberalismo teve de se reformular teórica e praticamente dando origem aoliberalismo social tendo como consequência a adesão às politicas de bem estarsocial.
Liberalismo Contemporâneo
A partir da crise do liberalismo clássico, o liberalismocontemporâneo é fundado sob novas preocupações epressupostos teóricos. Enquanto o liberalismo clássico sepreocupava basicamente em impedir qualquer tipo de coerção àlivre relação entre os indivíduos, o liberalismo contemporâneoacredita que a falta de oportunidades de emprego, educação,saúde etc. podem ser tão prejudiciais para a liberdade como acoerção pura e simples. Para os autores contemporâneos liberaiso Estado deve cumprir um mínimo papel regulador com o intuitode equalizar as discrepâncias de oportunidades e darrepresentatividade ao pluralismo social, representado porexemplo nas lutas por direitos civis nos EUA, as pautas feministas,ambientais e de orientação sexual.
Autores contemporâneos e suas principais contribuições:
John Rawls (1921 – 2002)
Rawls é um dos primeiros liberais políticoscontemporâneos a atentar para a questão da justiça comoequidade. Nesse sentido, para o autor, uma sociedade bemordenada compartilha de uma concepção pública de justiça queregula a estrutura básica da sociedade e se assenta sobre doisprincípios: o de liberdade (acesso equânime) e igualdade (partidoem princípio da diferença consentida e o principio da igualdade deoportunidades posições sociais) mediados por uma razão pública;Principais obras: Uma Teoria da Justiça 1971; Liberalismo Político1993.
Ronald Dworkin (1931 – 2013)Jurista e filósofo político liberal norte-americano que
procurou também teoricamente estabelecer os direitos como uma questão de equidade, justiça e processo legal compatível à sociedade real em suas idiossincrasias e contradições; Principal Obra: O Império do Direito 1986.
Amartya Sen (1933 - )
Sen é um economista liberal social indiano que temcomo sua maior contribuição teórica a ideia de que odesenvolvimento das nações está ligado às oportunidadesque estas oferecem à sua população no que concerne afazer escolhas individuais melhores para si, potencializandoo exercício da cidadania a partir da inclusão. Para tanto, énecessário não apenas a garantia da liberdade e a garantiade direitos sociais básicos como saúde e educação, comotambém segurança, saneamento, moradia e cultura.Principal Obra: Desenvolvimento como Liberdade 2000.