liberalism o

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Introdução Com este trabalho, proponho-me a abordar este assunto de uma forma aprofundada, de modo a melhor elucidar os meus conhecimentos referentes ao mesmo. Também pretendo com que este trabalho contribua para a minha nota do final do 2º período. A metodologia utilizada na realização deste trabalho foi, essencialmente, a pesquisa bibliográfica, com utilização de suporte digital online. Antecedentes e conjuntura (1807-1820) Nos inícios do século XIX, Portugal era um país típico do Antigo Regime; Governado pelo príncipe D. João (futuro D. João VI), a agricultura era a principal atividade económica e a sociedade continuava com os antigos privilégios da nobreza e clero; A Inquisição, a Real Mesa Censória e a Intendência-Geral da Polícia continuavam a sua ação repressiva sobre todos aqueles que pretendiam alguma mudança. Nos centros urbanos, uma burguesia comercial, ligada ao comércio ao comércio com o Brasil e alguns intelectuais esperavam uma mudança; Os ideais da Revolução Francesa (Liberdade, Igualdade e Fraternidade), pouco a pouco, espalhavam-se, sobretudo entre a burguesia; Surgem lojas maçónicas; A maçonaria é uma sociedade secreta, cujos membros cultivam os princípios da liberdade, igualdade, fraternidade e aperfeiçoamento intelectual, sendo assim uma associação iniciática e filosófica. Os maçons estruturam-se e reúnem-se em células autónomas, designadas por Lojas, todas iguais em direitos e honras e independentes entre si. No início do século XIX, as Invasões Francesas vão proporcionar grandes transformações em Portugal:

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historia 11.ºano

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Page 1: Liberalism o

Introdução 

Com este trabalho, proponho-me a abordar este assunto de uma forma aprofundada, de modo a

melhor elucidar os meus conhecimentos referentes ao mesmo. Também pretendo com que este

trabalho contribua para a minha nota do final do 2º período.

A metodologia utilizada na realização deste trabalho foi, essencialmente, a pesquisa bibliográfica,

com utilização de suporte digital online.

Antecedentes e conjuntura (1807-1820) 

Nos inícios do século XIX, Portugal era um país típico do Antigo Regime; Governado pelo príncipe D.

João (futuro D. João VI), a agricultura era a principal atividade económica e a sociedade continuava

com os antigos privilégios da nobreza e clero; A Inquisição, a Real Mesa Censória e a Intendência-

Geral da Polícia continuavam a sua ação repressiva sobre todos aqueles que pretendiam alguma

mudança.

 Nos centros urbanos, uma burguesia comercial, ligada ao comércio ao comércio com o Brasil e

alguns intelectuais esperavam uma mudança; Os ideais da Revolução Francesa (Liberdade,

Igualdade e Fraternidade), pouco a pouco, espalhavam-se, sobretudo entre a burguesia; Surgem

lojas maçónicas; A maçonaria é uma sociedade secreta, cujos membros cultivam os princípios da

liberdade, igualdade, fraternidade e aperfeiçoamento intelectual, sendo assim uma associação

iniciática e filosófica. Os maçons estruturam-se e reúnem-se em células autónomas, designadas por

Lojas, todas iguais em direitos e honras e independentes entre si.

No início do século XIX, as Invasões Francesas vão proporcionar grandes transformações em

Portugal:

 

Page 2: Liberalism o

As invasões francesas e a dominação inglesa em Portugal 

Em 1806, Napoleão Bonaparte decreta o Bloqueio Continental (impedimento dos países europeus

comerciarem com a Inglaterra; Portugal, após hesitar, não aceitou o bloqueio; Entre 1807 a 1811, a

França invadiu, por três vezes, Portugal, comandadas sucessivamente pelo general Junot, marechal

Soult e pelo marechal Massena. A família real portuguesa refugiou-se no Brasil, e a colónia passou a

ser sede de governo. 

 Invasões francesas: 

1ª - Liderada pelo general Junot, 1807-1808, chega até Lisboa;

2ª - Liderada pelo marechal Soult, 1809, chega até ao Porto;

3ª - Liderada pelo marechal Massena, 1810-1811, chega até às linhas de Torres Vedras; 

 As invasões devastaram o país, e a fuga da família real para o Brasil implicou o domínio político e

económico que a Inglaterra passou a exercer no nosso país;

As invasões destruíram o país, sobretudo a região Norte, afetada pela violência dos combates mas

também pela excessiva crueldade do exército francês: As atividades económicas (agricultura,

comércio e indústria) foram profundamente afetadas;

Os mosteiros, palácios e igrejas foram saqueados; D. João VI, prolongou até 1821, a sua permanência

no Brasil; Em 1815, o Brasil é proclamado reino;

 

 

 

O marechal Beresford (inglês), incumbido de reorganizar o exército, tornou-se o comandante do

exército português, os mais altos cargos militares foram ocupados por ingleses; Beresford exerceu

um rigoroso controlo sobre o Estado e a economia; Reativou a Inquisição e encheu as prisões de

suspeitos de serem jacobinos; Em 1817, o general Gomes Freire de Andrade, e mais 11 oficiais do

exército português foram executados, por serem suspeitos de estrem envolvidos numa conspiração.

Page 3: Liberalism o

A situação económica e financeira do país tornava-se deplorável. As despesas ultrapassavam as

receitas, a economia definhava; Em 1808, os portos do Brasil, são abertos ao comércio internacional,

(fim do monopólio colonial).

A perda do exclusivo comercial com o Brasil foi dramática para a economia portuguesa, a burguesia

sofreu prejuízos avultados; Em 1810, é assinado um tratado com a Grã-Bretanha, é uma espécie de

reedição do Tratado de Methuen, as mercadorias britânicas tinham grandes facilidades para serem

comercializadas em Portugal;

A rebelião em marcha 

A burguesia começa a agitar-se.

No Porto, em 1817, Manuel Fernandes Tomás, funda uma associação secreta, o Sinédrio, que

defendia os princípios do Liberalismo.

A maior parte dos seus membros pertencia à Maçonaria; Em janeiro de 1820, em Espanha, uma

revolução liberal , restaurou a Constituição de 1812 (liberal) que deixara de vigorar por causa da

reação absolutista de 1814.

A Espanha tornou-se um centro de agitação e de propaganda política liberal.

Em março de 1820, Beresford, embarcou para o Brasil, para solicitar ao rei dinheiro para o

pagamento de despesas militares e mais poderes para reprimir a agitação que grassava em Portugal;

Os membros do Sinédrio aproveitaram a ausência de Beresford, e a revolução liberal desencadeou-se

a 24 de agosto de 1820;

 

 

Page 4: Liberalism o

Consequências das invasões francesas:

. A família real fugiu para o Brasil;

. Na ausência do rei os ingleses dominam o governo português. Perseguição aos suspeitos de

jacobinismo;

. As invasões francesas contribuíram para a divulgação das ideias liberais;  - As invasões são

responsáveis pela destruição e desorganização da produção económica;

. A abertura dos portos brasileiros ao comércio internacional;

. Tratado de comércio com a Inglaterra que abria o mercado nacional aos têxteis ingleses;

. A burguesia foi muito afetada economicamente; 

A Revolução de 1820 e as dificuldades de implantação da ordem liberal (1820-1834) 

No dia 24 de agosto de 1820, no Porto, deu-se um levantamento militar com o apoio da burguesia

comercial e até de alguns proprietários rurais de origem aristocrática. Militares, burguesia comercial

e proprietários rurais estavam unidos contra a dominação inglesa porque todos se sentiam

prejudicados. Os revoltosos constituíram uma “Junta Provisional do Supremo Governo do Reino”;

Manuel Fernandes Tomás redigiu o “Manifesto aos Portugueses” para dar a conhecer os objetivos do

movimento.

 

Objetivos do movimento de 1820: 

- Respeito pela monarquia e pelo catolicismo;

- Apelam à aliança com o rei;

- Pretendiam convocar novas Cortes para redigirem uma Constituição para Portugal;

- Defesa dos direitos dos portugueses;

- A implementação de um governo justo e eficaz.

 

Page 5: Liberalism o

 

A revolução encontrou por todo o país uma forte adesão. Em 15 de setembro, em Lisboa, um grupo

de oficiais do exército, expulsaram os regentes e constituíram um governo interino. A 28 de

setembro, os governo do Porto e Lisboa fundiram-se numa nova “Junta Provisional do Supremo

Governo do Reino”; Freire de Andrade, presidente; Manuel Fernandes Tomás, encarregado dos

negócios do Reino e da Fazenda; O governo exerceu funções durante 4 meses, e organizou eleições

para as Cortes Constituintes que iniciaram os seus trabalhos em 24 de janeiro de 1821; A revolução

tinha triunfado sem violência;  

 A Constituição de 1822 

As Cortes Gerais Extraordinárias e Constituintes da Nação Portuguesa, redigiram a primeira

Constituição de Portugal, assinada no dia 23 de setembro de 1822, e jurada pelo rei, D. João VI, a 1

de outubro de 1822;

  Constituição de 1822 A Constituição de 1822 é baseada na Constituição Espanhola de

1812 nas francesas de 1791, 1793 e 1795. 

 . Reconhece os direitos individuais;

. Garante a liberdade, a segurança, a propriedade privada e a igualdade perante a lei;

. Afirma a soberania da nação;

. O direito de voto é concedido a todos os homens, maiores de 25 anos que soubessem ler e

escrever;

Page 6: Liberalism o

. Introduz a independência dos poderes do estado: legislativo, judicial e executivo;

. Os deputados são eleitos em sufrágio direto;

. Não reconhece privilégios à nobreza e ao clero;

. O poder real é submetido à supremacia das Cortes;

 Foi uma Constituição progressista, fruto da determinação dos deputados mais radicais, cuja a ação

se projetou no chamado vintismo; Nas Cortes Constituintes defrontaram-se duas fações, a do

vintismo, mais radical e democrática e a dos moderados, que pretendiam uma constituição mais

moderada; As questões mais polémicas desenrolaram-se em torno da questão religiosa, da estrutura

das câmaras e da natureza do veto régio;

 Precariedade da legislação vintista de carácter socioeconómico

 As Cortes legislaram em muitos domínios no sentido de erradicarem as estruturas do Antigo Regime:

Estabelece uma Monarquia Constitucional; Extinção da Inquisição e da censura prévia; Separação dos

três poderes políticos do Estado. Poderes do rei limitados pela Constituição (o rei tem o poder

executivo). Garante aos portugueses a liberdade, segurança e propriedade. Sufrágio não universal

(homens, mais de 25 anos e que sejam alfabetizados);

 É realizada a reforma dos forais (Lei dos Forais) que procuraram libertar os camponeses dos

pagamentos a que eram obrigados; Esta reforma não atingiu totalmente os seus objetivos, pois as

terras que não estavam regulamentadas por forais mantiveram as prestações antigas, criaram uma

situação de desigualdade que fomentou a instabilidade social e muitas rendas pagas até então em

géneros foram convertidas em pagamento em dinheiro;

 A ação do vintismo foi contraditória:

 Adotou medidas claramente liberais. Mas numas Cortes constituídas maioritariamente por burgueses

proprietários rurais, protegeu os seus interesses, mantendo privilégios para a Companhia da

Agricultura das Vinhas do Alto douro e proibiu a importação de cereais, azeite, vinho, porcos e de

licores; Provocou o descontentamento das classes populares que pretendiam uma reforma

socioeconómica mais profunda que eliminasse completamente as estruturas do Antigo Regime; O

vintismo contou com a oposição das classes privilegiadas que não queriam perder os seus direitos, e

eram apoiados pela rainha, D. Carlota Joaquina, e pelo filho D. Miguel;

 A Desagregação do Império Atlântico: A Independência do Brasil

  D. João VI, e a Corte, residiram no Brasil entre 1807 a 1821; O Brasil foi transformado em sede da

monarquia portuguesa e elevado a reino em 1815; A colónia conheceu um grande progresso

económico, político e cultural; Os seus portos foram abertos aos navios estrangeiros; Foi revogada a

lei que proibia a existência de indústrias; Foi criado um banco, tribunais, instituições de ensino e

culturais; No início do século XIX, o Brasil conta com quase um milhão de habitantes;

 

Page 7: Liberalism o

A atuação das Cortes 

Constituintes A Revolução liberal de 1820 levou o monarca português, D. João VI, a regressar a

Portugal a 3 de julho de 1821; Antes de partir, disse ao seu filho primogénito que ficou no Brasil

como regente: Se o Brasil se separar (de Portugal), antes seja para ti que me hás de respeitar, do

que para algum desses aventureiros”; O Brasil declarou a independência no dia 7 de setembro de

1822;

 

 

 

Uma das causas da declaração de independência do Brasil foi a política antibrasileira das Cortes

Constituintes portuguesas; A maioria dos deputados (que dependia do comércio colonial) queria

restituir o Brasil à condição de colónia e pretendiam rejeitar o estatuto de “Reino Unido”, que

usufruía com a presença de D. João VI; As Cortes legislaram no sentido de tornar o Brasil dependente

de Portugal em matérias judiciais e administrativas. Foi retirada a liberdade comércio (retornava o

monopólio comercial português sobre a sua colónia); O príncipe regente foi chamado a Portugal,

sobre o pretexto de terminar a sua educação na Europa;

A independência foi proclamada por D. Pedro, nas margens do rio Ipiranga, São Paulo, 7 de setembro

de 1822; A independência do Brasil só foi reconhecida por Portugal em 1825; A independência do

Brasil foi um grande fracasso para a politica vintista, colocou em causa os interesses económicos da

burguesia portuguesa e comprometeu a recuperação económica do Brasil; Cresceu o

descontentamento da oposição; Entre 1823 e 1824, o vintismo entra em declínio e desaparece em

1826;

 

Page 8: Liberalism o

A Resistência ao Liberalismo 

A Revolução de 1820 desenrola-se no seio de uma conjuntura externa desfavorável; Em 1825,

constitui-se a Santa Aliança, entre a Rússia, Áustria e Prússia, com a entrada da Inglaterra, surge a

Quádrupla Aliança, mais tarde a França também adere; Destinava-se a manter a ordem política

estabelecida na Europa após o Congresso de Viena, ou seja, tentar impedir o desenvolvimento das

ideias liberais na Europa; O desenvolvimento em Portugal dos ideais vintistas levou a várias

tentativas de estabelecer um bloqueio comercial e no apoio fornecido à oposição absolutista

portuguesa;

 A contrarrevolução absolutista conspira contra o liberalismo, são apoiados pelas fações mais

conservadoras do clero e da nobreza (que viram alguns dos seus privilégios abolidos) e contam com

a liderança da rainha, D. Carlota Joaquina e o infante D. Miguel; Em 1823, animados pela restauração

do absolutismo em Espanha, estala uma revolta em Vila Franca de Xira (Vilafrancada); A revolta é

liderada por D. Miguel; A tentativa de insurreição termina quando D. João VI toma o comando da

situação e obriga o filho a ceder; D. João VI, remodela o governo, afasta os elementos mais radicais e

propõe-se alterar a Constituição;

Apesar dos esforços de D. João VI para moderar o governo liberal, surge uma nova tentativa de impor

o absolutismo em Portugal; No dia 30 de abril de 1824 (Abrilada), os opositores absolutistas prendem

os membros do governo, e pretendem que o rei abdique em favor da rainha; D. João VI conseguiu

dominar a situação, e D. Miguel foi obrigado a partir para o estrangeiro (exilado);

 A Carta Constitucional e a tentativa de apaziguamento políticosocial D. João VI morre em março de

1826; Reativam-se as tensões político-sociais; O filho mais velho, D. Pedro, era imperador do Brasil;

O filho mais novo, exilado na Áustria, era adepto do Absolutismo; O país é governado por um

Conselho de Regência provisório presidido pela filha do

A Carta Constitucional e a tentativa de apaziguamento políticosocial D. João VI morre em março de

1826; Reativam-se as tensões político-sociais; O filho mais velho, D. Pedro, era imperador do Brasil;

O filho mais novo, exilado na Áustria, era adepto do Absolutismo; O país é governado por um

Conselho de Regência provisório presidido pela filha do monarca falecido, D. Isabel Maria; Este

Conselho enviou ao Brasil uma delegação para resolver o problema da sucessão;

D. Pedro foi considerado o legítimo herdeiro da Coroa Portuguesa; Em abril confirmou a regência da

sua irmã, D. Isabel Maria; No final do mês outorgou um novo documento constitucional, mais

Page 9: Liberalism o

conservador e moderado que a Constituição de 1822, a Carta Constitucional; Este documento foi

outorgado e não aprovado pelo representantes do povo (parlamento);

 A Carta Constitucional introduz inovações antidemocráticas: As Cortes são constituídas por duas

câmaras: A Câmara dos Deputados é eleita através de sufrágio indireto, homens, com mais de

100$00 réis de renda anual líquida; A Câmara dos Pares (Nobreza e Clero) eram nomeados pelo rei a

título vitalício; Ao rei era atribuído um quarto poder, o poder moderador; O rei nomeava os Pares,

convocava as Cortes, podia dissolver a Câmara dos deputados, podia nomear e demitir o Governo,

suspender os magistrados, conceder amnistias e vetar, a título definitivo, as decisões das Cortes; Os

direitos individuais eram relegados para o fim do documento;

 D. Pedro abdicou dos seus direitos ao trono em favor da sua filha mais velha, D. Maria (7 anos de

idade); Ela deveria celebrar os esponsais com o seu tio D. Miguel, que deveria jurar cumprir a Carta

Constitucional e assumir a regência imediata de Portugal; Apesar dos poderes do rei serem

manifestamente ampliados isso não foi suficiente para os adeptos do absolutismo;

 A guerra Civil

 D. Miguel regressou a Portugal em 1828; Convocou umas cortes ao modo do Antigo Regime (ordens)

e nelas foi proclamado rei; Inicia uma perseguição e repressão sobre os simpatizantes do liberalismo;

Muitos fogem para o estrangeiro e começam a organizar a resistência; Em 1831, D. Pedro abdica do

trono brasileiro, e assume a liderança dos liberais; Estes organizam-se na ilha Terceira (Açores) que

entretanto se tinha revoltado contra o absolutismo;

Na ilha Terceira constituem um exército de 7500 homens que em 1832, desembarca no Mindelo

(Matosinhos); Dirigem-se para o Porto que praticamente não ofereceu resistência; No entanto aí

foram cercados pelo exército absolutista; A guerra durou 2 anos; Os liberais organizaram uma

expedição ao Algarve, e a partir daí conseguiram conquistar Lisboa; Após ser derrotado em duas

batalhas (Almoster e Asseiceira), D. Miguel, assina a Convenção de Évora-Monte e parte

definitivamente para o exílio;

 O novo ordenamento político e socioeconómico (1832/34-1851)

 A ação reformadora da regência de D. Pedro O ministro de D. Pedro, José Mouzinho da Silveira,

ministro da Fazenda e da Justiça (1832/1833), realizou um enorme trabalho legislativo (publicação de

leis) que tinham como objetivo criar em Portugal um Estado Liberal;

 Legislação de Mouzinho da Silveira:

 Agricultura: Aboliu a dízima, morgadios e forais (liberta os camponeses das dependências

tradicionais);

Comércio: Acabou com as alfândegas internas e reduziu os impostos das exportações;

Indústria: Acabou com os monopólios;

Page 10: Liberalism o

Territórios: Criou o Registo Civil, dividiu o território em províncias, comarcas e concelhos; criou

circunscrições judiciais e o Supremo Tribunal de Justiça;

Finanças: Criou os impostos a nível nacional;

Educação e Cultura: Criou novas escolas e a Biblioteca Pública do Porto;

 O objetivo da legislação promulgada por Mouzinho da Silveira foi criar um Estado moderno e liberal.

O setembrismo (1836/1842)

 Em setembro de 1836 dá-se uma revolução civil que obrigou a rainha D. Maria (1826/1853) a

revogar a Carta Constitucional e a jurar a Constituição de 1822 e a convocar eleições. O setembrismo

foi um movimento da pequena e média burguesia, apoiada pelo povo que reagiam contra o domínio

da alta burguesia que levara o país à miséria e o governo era acusado de corrupção.

 Os líderes setembristas eram o visconde Sá da Bandeira e Passos Manuel; O novo governo procurou

desenvolve rum país mais democrático; Em 1838, foi promulgada uma nova constituição

(Constituição de 1838) que procurava um compromisso entre o conservadorismo da Carta

Constitucional e o radicalismo da Constituição de 1822.

 Constituição de 1838:

 O rei perde o poder moderador mas continua com a possibilidade de vetar definitivamente as leis; O

voto é censitário; Dá relevo aos direitos individuais; Existem duas Câmaras: Deputados e Senadores;

 Em termos económicos o governo setembrista tomou medidas protecionistas, aumentando as taxas

alfandegárias para as importações ; Fomentou o associativismo comercial; Desenvolveram a

exploração colonial em África, o tráfico de escravos foi proibido a sul do equador, para fomentar o

desenvolvimento de outras áreas económicas (não baseadas na mão de obra escrava); Não aboliram

as taxas fiscais aplicadas aos pequenos agricultores; Em termos económicos a política setembrista

saldou-se por um relativo fracasso;

 Ao nível do ensino promoveu a reforma do ensino primário, secundário e universitário; Reformaram-

se as universidades; Foram criados os liceus, onde se lecionava um ensino moderno que preparasse

os filhos da burguesia para seguirem para estudos superiores; A criação dos liceus não teve efeitos

imediatos, devido à falta de professores com preparação;

 O setembrismo falhou por não ter abolido os pesados impostos que recaíam sobre os pequenos

agricultores e pelo facto de não ter aumentado as taxas dos grandes proprietários; Em termos de

desenvolvimento industrial também se pode dizer que foi um relativo fracasso; A falta de capitais

para investir e o seu desvio para fins especulativos e de usura dificultou o desenvolvimento

económico; No entanto pode-se dizer que o governo setembrista permitiu algum desenvolvimento à

burguesia;

 O cabralismo (1842/1851)

Page 11: Liberalism o

 O governo setembrista enfrentou a oposição dos liberais mais radicais, como dos mais

conservadores (cartistas); Em fevereiro de 1842, o ministro da Justiça, António Costa Cabral, através

de um golpe de Estado pacífico, pôs termo à Constituição de 1838, com o apoio da rainha; O novo

governo será conhecido por cabralismo, caracteriza-se por: poder autoritário, restauração da Carta

Constitucional e representa o regresso ao poder da grande burguesia sob a bandeira da ordem

pública e do desenvolvimento económico;

 Principais medidas do cabralismo:

Fomento industrial (difusão do vapor); Desenvolvimento das obras públicas (Companhia das Obras

Públicas de Portugal(1844) (reparação e construção de estradas), construíram-se pontes, entre essas

a ponte sobre o rio Douro; Realizou-se uma reforma fiscal (Código Administrativo de 1842), criação

do Tribunal de Contas para fiscalizar as despesas do estado;

A Lei da Saúde Pública (1846) proibia o enterramento nas Igrejas; Esta lei e o excesso de

autoritarismo e burocracia do governo cabralista desencadearam duas movimentações de cariz

popular; A revolta da Maria da Fonte e a Patuleia. Entre 1846 e 1847 vive-se num clima de guerra

civil; Em abril/maio de 1846, no Minho, desencadeia-se a revolta da Maria da Fonte; A Patuleia

decorre de outubro de 1846 a junho de 1847. Começa no Porto e alastra a todo o país. O pretexto foi

o facto do não cumprimento da promessa da rainha de realizar eleições por sufrágio direto para a

Câmara dos Deputados;

 Alguns falam a depor a rainha e falam na implantação de uma República; Perante a gravidade da

situação o governo pediu a intervenção da Espanha e da Inglaterra; Na Convenção do Gramido

(Valbom, Gondomar, junho de 1847) foi assinada a paz entre as fações em disputa (setembrista e

cabralistas); Costa Cabral foi demitido mas voltaria ao governo em 1849; Foi afastado do poder em

1851, pelo golpe militar do marechal Duque de Saldanha, que instituiu a Regeneração (cartismo

moderado).