levantamento nacional de informaÇÕes penitenciÁrias infopen - junho de 2014
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Relatório do Infopen é umaimportante ferramenta para o conhecimentoda realidade prisional brasileira. O processode revisão e ampliação do escopo dos dadoscoletados e os exercícios de tratamento dos dados,conforme explicações das notas metodológicas,representa grande avanço na política de gestãoda informação do DepenTRANSCRIPT
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Levantamento NacionalDE INFORMAESPENITENCIRIASINFOPEN - JUNHO DE 2014
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2 Departamento Penitencirio Nacional - Ministrio da Justia
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3Departamento Penitencirio Nacional - Ministrio da Justia
REPBLICA FEDERATIVA DO BRASIL
Presidenta da RepblicaDILMA ROUSSEFF
MINISTRIO DA JUSTIA
Ministro de Estado da JustiaJOS EDUARDO CARDOZOSecretrio ExecutivoMARIVALDO DE CASTRO PEREIRA
DEPARTAMENTO PENITENCIRIO NACIONAL
Diretor-GeralRENATO CAMPOS PINTO DE VITTO
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Departamento Penitencirio Nacional - Ministrio da Justia
FICHA TCNICA
Coordenao ExecutivaRenato Campos pinto De Vitto
Coordenao Tcnicatatiana Whately De mouRa
Autorestatiana Whately De mouRanatlia CaRuso theoDoRo RibeiRo
ColaboradoresJoo VitoR RoDRigues louReiRoViCtoR maRtins pimentaClaRiCe Costa CalixtoValDiRene DaufembaCk
Coleta dos dadosfRum bRasileiRo De seguRana pbliCa
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Departamento Penitencirio Nacional - Ministrio da Justia
SUMRIOApresentao 61. Introduo 82. Nota metodolgica 93. Dados gerais 113.1. Contextualizao do sistema prisional brasileiro no mundo 123.2. Populao prisional brasileira 153.2.1. Presos por natureza da priso e tipo de regime 203.3. Vagas 233.3.1. Tipo de estabelecimento 263.3.2. Caractersticas das unidades prisionais 293.3.3. Vagas por gnero 333.3.4. Grupos especficos e acessibilidade 353.4. Ocupao 373.4.1. Ocupao de acordo com a destinao do estabelecimento por gnero 413.4.2. Ocupao das unidades por tipo de regime ou natureza da priso 433.4.3. Movimentao no Sistema Prisional 464. Perfil 484.1. Faixa etria 484.2. Raa, cor ou etnia 504.3. Estado civil 534.4. Pessoas com deficincia 554.5. Escolaridade 574.6. Estrangeiros 604.7. Filhos 634.8. Tipo penal 654.9. Tempo de pena 725. Gesto 755.1. Recursos humanos 755.2. Tipo de gesto 815.3. Servios e assistncias 855.3.1. Terceirizao de servios 855.3.2. Visita social 885.3.3. Servio social 945.3.4. Psicologia 975.3.5. Atendimento jurdico gratuito 1005.3.6. Sade 1035.3.6.1. Mortalidade 1155.3.7. Educao 1165.3.8. Trabalho 1265.4. Espao para construo de novos modulos 1366. Sistema Penitencirio Federal 138Lista de figuras 143Lista de tabelas 146
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6 Departamento Penitencirio Nacional - Ministrio da Justia
A situao carcerria uma das questes mais
complexas da realidade social brasileira. O
retrato das prises apresentado neste Relatrio
do Infopen desafia o sistema de justia penal,
a poltica criminal e a poltica de segurana
pblica. O equacionamento de seus problemas
exige, necessariamente, o envolvimento dos
trs Poderes da Repblica, em todos os nveis
da Federao, alm de se relacionar diretamente
com o que a sociedade espera do Estado como
ator de pacificao social.
Diante dessa complexidade, parece acertado
descartar qualquer soluo que se apresente
como uma panacia, seja no mbito legislativo,
administrativo ou judicial. No entanto, isso no
significa que nada possa ser feito. Do contrrio, a
magnitude do problema exige que os operadores
jurdicos, os gestores pblicos e os legisladores
intensifiquem seus esforos na busca conjunta
de solues e estratgias inteligentes, e no
reducionistas, aptas a nos conduzir construo
de horizontes mais alentadores.
Como apontado neste Relatrio do Infopen,
os problemas no sistema penitencirio que se
concretizam em nosso pas, devem nos conduzir
a profundas reflexes, sobretudo em uma
conjuntura em que o perfil das pessoas presas
majoritariamente de jovens negros, de baixa
escolaridade e de baixa renda.
Alm da necessidade de construo de
vagas para o sistema prisional, em relao
qual, nos ltimos anos, o Governo Federal
fez investimento recorde de mais de R$1,1
bilho, preciso analisar a "qualidade" das
prises efetuadas e o perfil das pessoas que
tm sido encarceradas, para que seja possvel
problematizar a "porta de entrada" e as prticas
de gesto dos servios penais, desde a baixa
aplicao de medidas cautelares e de alternativas
penais at a organizao das diversas rotinas do
cotidiano das unidades prisionais.
ApresentaoNesse contexto, o Departamento Penitencirio
Nacional (Depen) prope uma poltica nacional
de melhoria dos servios penais, abrangendo
quatro eixos bastante amplos: alternativas
penais e gesto de problemas relacionados
ao hiperencarceramento; apoio gesto dos
servios penais e reduo do dficit carcerrio;
humanizao das condies carcerrias e
integrao social; e modernizao do sistema
penitencirio nacional.
Quanto ao primeiro eixo, a necessria busca
por alternativas penais to ou mais eficazes
que o encarceramento um desafio de
alta complexidade que depende de estreita
articulao com os rgos do sistema de justia
criminal. Nesse sentido, tm sido extremamente
interessantes os resultados da implantao das
audincias de custdia, objeto de acordo de
cooperao entre o Ministrio da Justia e o
Conselho Nacional de Justia, que consistem na
garantia da rpida apresentao da pessoa presa
a um juiz nos casos de prises em flagrante.
Na audincia, so ouvidas as manifestaes do
Ministrio Pblico, da Defensoria Pblica ou
do advogado da pessoa presa. Alm de analisar
a legalidade e necessidade da priso, o juiz pode
verificar eventuais ocorrncias de tortura ou de
maus-tratos. Nesse projeto, o Depen viabiliza a
estruturao de centrais de alternativas penais
e centrais de monitoramento eletrnico, para
que o juiz possa decidir por alternativas ao
encarceramento provisrio.
Quanto ao segundo eixo, a Lei de Execuo
Penal atribui ao Depen a responsabilidade de
assistir tecnicamente s unidades federativas
(art. 72, inciso III). Para exercer essa atribuio,
cabe ao Depen implementar modelo de
cooperao federativa que promova o mximo
de proximidade entre o Governo Federal e os
gestores estaduais, utilizando os saberes de
especialistas para disseminar e fortalecer boas
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7Departamento Penitencirio Nacional - Ministrio da Justia
prticas. Assim, alm de buscar a qualificao
dos estabelecimentos penais, com reduo do
dficit de vagas, adequao arquitetnica e
aparelhamento, preciso repensar a macrogesto
das polticas e a microgesto do cotidiano das
unidades prisionais.
Quanto ao terceiro eixo, a humanizao das
condies carcerrias depende da promoo de
um modelo intersetorial de polticas pblicas
de sade, de educao, de trabalho, de cultura,
de esporte, de assistncia social e de acesso
justia. Para que esses servios alcancem as 607
mil pessoas que se encontram nos presdios
brasileiros, as polticas devem ser implementadas
pelos gestores estaduais especializados nas
diferentes temticas sociais governamentais. J
se sabe que inadequado o modelo de "instituio
total", que desafia unicamente o gestor prisional a
improvisar arranjos de servios para o ambiente
intramuros, de forma frgil e desconectada s
polticas sociais do Estado. Esse passo parece ser
decisivo para reconhecermos, de fato, a pessoa
privada de liberdade e o egresso como sujeitos
de direitos.
Quanto ao quarto eixo, a modernizao do
sistema penitencirio nacional deve ocorrer
pelo aumento de investimentos em tecnologia,
para aprimorar procedimentos e garantir a
segurana, e pelo aprimoramento da gesto de
informaes, para coletar e tratar dados que
permitam o monitoramento integrado pelos
rgos de fiscalizao das condies carcerrias
de estabelecimentos crticos, o planejamento
da gesto dos servios penais e at mesmo o
adequado acompanhamento da execuo da
pena de cada pessoa privada de liberdade.
Nesse cenrio, este Relatrio do Infopen uma
importante ferramenta para o conhecimento
da realidade prisional brasileira. O processo
de reviso e ampliao do escopo dos dados
coletados e os exerccios de tratamento dos dados,
conforme explicaes das notas metodolgicas,
representa grande avano na poltica de gesto
da informao do Depen.
Em nome de toda a equipe do Ministrio da
Justia, desejamos a todos uma boa leitura e
esperamos que deste conjunto de dados derivem
variadas possibilidades de pesquisa e anlise
que aprofundem o conhecimento da sociedade
brasileira acerca da realidade vivenciada
diariamente por mais de 600 mil pessoas
privadas de liberdade, milhares de familiares
dessas pessoas e milhares de trabalhadores dos
servios penais.
Renato Campos pinto De VittoDiretor-Geral do Departamento Penitencirio Nacional
Jos eDuaRDo CaRDoZoMinistro da Justia
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8 Departamento Penitencirio Nacional - Ministrio da Justia
O Infopen um sistema de informaes estatsticas do sistema penitencirio brasileiro. O sistema, atualizado pelos gestores dos estabelecimentos desde 2004, sintetiza informaes sobre os estabelecimentos penais e a populao prisional. Em 2014 foram realizadas diversas alteraes na metodologia e no instrumento de coleta de informaes com vistas a aprimorar o diagnstico do sistema prisional e, assim, possibilitar a elaborao de polticas pblicas cada vez mais adequadas realidade prisional.
As mudanas realizadas so significativas. Alm da quantidade de novas informaes, como o fluxo de entrada e sada, detalhamento de aspectos relativos infraestrutura de pessoal e de recursos humanos, das assistncias previstas pela Lei de Execuo Penal, e da segurana dos estabelecimentos, o novo estudo diferencia-se dos levantamentos anteriores por agregar a anlise da qualidade da informao, com base no levantamento de registro de fonte primria de informao e no formato de apresentao dos dados. Pela primeira vez, o levantamento recebeu o formato de um relatrio detalhado.
O tratamento dos dados permitiu amplo diagnstico da realidade estudada. O crescimento acelerado da populao carcerria brasileira, na contramo da trajetria dos demais pases de maior contingente prisional do mundo; a presena de presos condenados na ampla maioria dos estabelecimentos destinados a presos provisrios (84%) e a alarmante taxa de ocupao dessas unidades (1,9 presos por vaga em mdia); a informao de que a maioria dos presos provisrios est detida por prazo superior durao razovel do processo (60% esto custodiados h mais de 90 dias); e a situao de extrema superlotao em dezenas
de estabelecimentos prisionais, que abrigam quatro pessoas ou mais por vaga disponvel (63 unidades). So todos dados essenciais para a leitura e a problematizao de nosso sistema prisional.
Os diagnsticos realizados e divulgados nesse relatrio no esgotam, de forma alguma, todas as possibilidades de anlise. A publicao dos dados em formato aberto, pela primeira vez na histria do Departamento Penitencirio Nacional, permitir a livre interpretao dos dados a partir dos mais diversos olhares e perspectivas, com anlises crticas que podero somar compreenso da realidade prisional brasileira. Esse novo formato permitir a democratizao da informao, indicando possveis caminhos de anlise dos dados e fomentando a construo de alternativas para a busca de um horizonte melhor para o sistema prisional brasileiro.
A alterao na metodologia do Infopen se insere em um conjunto de esforos do Departamento em aliar os avanos tecnolgicos e informacionais ao aprimoramento das polticas de execuo penal. Outro importante passo nesse sentido ser a criao do Sisdepen, sistema com o objetivo de unificar os dados referentes execuo de penas, priso cautelar e medida de segurana. Em seu estgio final de desenvolvimento, essa nova ferramenta permitir o acompanhamento individualizado do cumprimento das penas, por pessoa privada de liberdade, e o gerenciamento das informaes penitencirias, em nvel nacional, por estado e por estabelecimento penal.
1. Introduo
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9Departamento Penitencirio Nacional - Ministrio da Justia
O Infopen, conforme j ressaltado, um sistema de informaes estatsticas do sistema penitencirio brasileiro, atualizado pelos gestores dos estabelecimentos penais, que sintetiza informaes sobre as unidades e a populao prisional. Antes da existncia programa, os dados disponveis a respeito da realidade prisional do pas eram escassos, com pouca periodicidade e, frequentemente, no abrangiam todo o universo em questo. Com sua criao, esse quadro sofreu sensvel mudana a partir da produo de relatrios que comearam a desvelar a realidade existente no universo intramuros, ainda que muitas e importantes questes ainda permaneam invisveis aos olhos da sociedade.
Nos dez anos de sua existncia, o Infopen se consolidou como ferramenta imprescindvel para anlise de informaes do sistema penitencirio brasileiro, auxiliando na compreenso do impacto e da eficcia das polticas pblicas desenvolvidas na rea. De 2004 at hoje, contudo, nenhuma alterao havia sido feita em sua base metodolgica. Certo da importncia da gesto da informao e da potencialidade dessa ferramenta, em 2014, o Depen reformulou a metodologia utilizada, com vistas a modernizar o instrumento de coleta e ampliar o leque de informaes coletadas.
Uma das principais preocupaes que nortearam o processo de reviso do instrumento de coleta de informaes prisionais est relacionada necessidade de padronizao do entendimento sobre as informaes a serem preenchidas. A divergncia de compreenso sobre a informao solicitada resultava em inconsistncias das informaes. No instrumento utilizado para coleta de informaes em junho de 2014, foram includos descritores para auxiliar o preenchimento.
Alm dos descritores, outras alteraes
foram efetuadas: adequao de opes de respostas de modo a contemplar todos os cenrios; incluso de questes que possibilitam um diagnstico dos estabelecimentos prisionais, como ferramenta de gesto; incluso de questes sobre o perfil da populao privada de liberdade que possibilitam a elaborao de polticas pblicas para grupos especficos; e incluso de questes sobre a disponibilidade do dado, de modo a prezar pela qualidade da informao.
A plataforma de preenchimento foi desenvolvida atravs de uma parceria com o Frum Brasileiro de Segurana Pblica (FBSP), cuja misso atuar como um espao nacional de referncia e cooperao tcnica na rea de segurana pblica e sistema prisional para a melhoria no s das estatsticas existentes, mas, sobretudo, das polticas pblicas.
Foi longo e intenso o processo que antecedeu a publicao final do relatrio. Para que os esforos empregados nessa mudana significassem um avano significativo na coleta de dados, o Depen convidou especialistas e organizaes da sociedade civil que tratam da questo prisional para participar da elaborao da nova metodologia e reviso do formulrio, pactuando esse novo instrumento com os dirigentes do sistema prisional. A partir de ento foi travado intenso dilogo com os gestores prisionais locais para que fosse provida a devida orientao quanto ao preenchimento do formulrio, seguida de uma anlise de inconsistncias potenciais que foram comunicadas administrao prisional local para os necessrios ajustes, e, por fim, de um processo de anlise e interpretao dos dados.
Apesar de todos os esforos do Depen, com prorrogao de prazos, solicitaes reiteradas1 e adequao do formato de entrega dos dados, o estado de So Paulo no respondeu ao presente levantamento. Como este estado
2. Nota Metodolgica
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10 Departamento Penitencirio Nacional - Ministrio da Justia
responsvel pela custdia de mais de um tero da populao prisional brasileira, levantamos as informaes sobre tipo de estabelecimento, nmero de vagas e populao prisional no portal da Secretaria de Administrao Penitenciria do estado de So Paulo, em abril de 20152. Outras informaes referentes ao estado de So Paulo no puderam ser obtidas e, apesar da relevncia para o diagnstico prisional nacional, ficaram de fora do presente relatrio.
As informaes sobre pessoas custodiadas em carceragens de delegacias ou estabelecimentos similares administrados pelas Secretarias de Segurana Pblica eram, at 2014, informadas pelas secretarias responsveis pela administrao prisional. Por se tratarem de secretarias distintas, na maioria dos estados, os dados deixavam de ser informados, em alguns casos. Essa informao passou, a partir do presente levantamento, a ser coletada junto Secretaria Nacional de Segurana Pblica3.
O lapso de um ano entre o perodo de referncia das informaes e a publicao do relatrio sintoma da complexidade desse percurso, mas revela tambm a necessidade de contnuo aprimoramento dos processos com vistas a disponibilizar, de forma mais atualizada, o diagnstico com os dados prisionais do pas.
O novo estudo diferencia-se dos levantamentos anteriores, agregando a anlise da qualidade da informao com base no levantamento da existncia de registro da informao na unidade prisional.
Diversos obstculos encontrados na coleta dos dados deixaram lacunas no
diagnstico de parcela das informaes que foram solicitadas s Unidades da Federao durante o levantamento em muitos casos, esto presentes apenas informaes de parte dos estabelecimentos de cada ente federado, exigindo projees para se estimar a realidade global de determinado quesito; em outros casos, simplesmente no foi possvel realizar a anlise referente a determinados dados para algumas Unidades da Federao. As dificuldades mencionadas permitem inferir, em grande medida, a ausncia de informaes bsicas nas unidades prisionais, revelando o baixo nvel de conhecimento dos estabelecimentos a respeito dos presos que custodiam, com reflexos na qualidade da gesto prisional. A incluso de campos sobre disponibilidade de dados, contudo, permitir analisar, de agora em diante, a evoluo da qualidade da informao fornecida por cada Unidade da Federao.
Ao longo do processo, os resultados obtidos e as dificuldades encontradas a partir da mudana na metodologia de coleta das informaes revelou a importncia de se intensificar os esforos para aprimoramento constante das informaes obtidas. Os esforos so contnuos e contamos nesse processo com as secretarias estaduais, os gestores responsveis pelo preenchimento do Infopen e especialistas e demais interessados em analisar, criticar e debater o instrumento e seu resultado, com vistas melhoria da gesto da informao e, assim, da poltica penal brasileira.
123
1. Por meio de ofcios, telefonemas e reunies.2. Algumas unidades prisionais de So Paulo realizaram o preenchimento do Infopen, ao menos parcialmente. As informaes sobre nmero de vagas e populao prisional das unidades que responderam foram utilizadas, de modo a minimizar a diferena dos dados entre junho de 2014 (perodo de coleta deste relatrio) e abril de 2015 (perodo de levantamento das informaes no site da SAP-SP). As demais informaes dessas unidades no foram consideradas por no estarem completas e no terem sido validadas pela Secretaria.3. Importante destacar que o levantamento de 2014 desta secretaria refere-se a dados referentes ao ano de 2013. Desse modo, as informaes sobre pessoas custodiadas em estabelecimentos das Secretarias de Segurana Pblica referem-se a dezembro de 2013.
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11Departamento Penitencirio Nacional - Ministrio da Justia
Tabela 1. Pessoas privadas de liberdade no Brasil em junho de 20144
Brasil - 2014
Populao prisional 607.731
Sistema Penitencirio 579.423
Secretarias de Segurana/ Carceragens de delegacias
27.950
Sistema Penitencirio Federal 358
Vagas 376.669
Dficit de vagas 231.062
Taxa de ocupao 161%
Taxa de aprisionamento 299,7
Fonte: Infopen, jun/2014; Senasp, dez/2013; IBGE, 2014
A tabela n 1 apresenta um panorama
geral da populao prisional brasileira5 . Como
possvel observar, no primeiro semestre de
2014, o nmero de pessoas privadas de liberdade
no Brasil ultrapassou a marca dos seiscentos
mil6. Atualmente, existem cerca de 300 presos
para cada cem mil habitantes no pas. O nmero
de presos consideravelmente superior s
quase 377 mil vagas do sistema penitencirio,
totalizando um dficit de 231.062 vagas e uma
3. Dados Gerais
12
4. Dados do sistema prisional referentes a 30 de junho de 2014. 5. No clculo da populao, optou-se por contabilizar as pessoas privadas de liberdade em estabelecimentos penais. Esse critrio o mesmo adotado pelo International Centre for Prison Studies (ICPS), responsvel por realizar o principal levantamento da populao prisional do mundo. Na aferio, no so contabilizadas as pessoas em priso albergue domiciliar, cujas condies de aprisionamento no so administradas diretamente pelo Poder Executivo. 6. Segundo dados do Conselho Nacional de Justia (CNJ), em 2014, havia cerca de 147.937 pessoas em priso domiciliar. Se somarmos esse valor populao prisional brasileira contabilizada pelo Infopen, constata-se que h 775.668 pessoas privadas de liberdade no Brasil. O dado do CNJ est disponvel em: http://www.cnj.jus.br/images/imprensa/diagnostico_de_pessoas_presas_correcao.pdf
taxa de ocupao mdia dos estabelecimentos
de 161%. Em outras palavras, em um espao
concebido para custodiar 10 pessoas, existem
por volta de 16 indivduos encarcerados.
Os dados acima, por si s, sinalizam
a gravidade da situao do sistema prisional
brasileiro. Contudo, para uma melhor
compreenso desse quadro, pertinente
comparar a realidade brasileira com a realidade
de outros pases.
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12 Departamento Penitencirio Nacional - Ministrio da Justia
1
7. Disponvel em www.prisonstudies.org, acessado em maio de 2015 (maioria dos dados de 2013 e 2014).
3.1. Contextualizao do sistema prisional brasileiro no mundo
Pas Populao prisional
Taxa da populao prisional para cada 100.000
habitantes
Taxa de ocupao
Taxa de presos sem condenao
Estados Unidos 2.228.424 698 102,70% 20,40%
China 1.657.812 119 - -
Rssia 673.818 468 94,20% 17,90%
Brasil 607.731 300 161,00% 41,00%
ndia 411.992 33 118,40% 67,60%
Tailndia 308.093 457 133,90% 20,60%
Mxico 255.638 214 125,80% 42,00%
Ir 225.624 290 161,20% 25,10%
Indonsia 167.163 66 153,00% 31,90%
Turquia 165.033 212 101,20% 13,90%
frica do Sul 157.824 290 127,70% 26,00%
Vietn 142.636 154 - 12,80%
Colmbia 116.760 237 149,90% 35,20%
Filipinas 110.925 113 316,00% 63,10%
Etipia 93.044 111 - 14,00%
Reino Unido 85.704 149 111,60% 14,40%
Polnia 78.139 203 90,20% 7,70%
Paquisto 74.944 41 177,40% 66,20%
Marrocos 72.816 221 157,80% 46,20%
Peru 71.913 232 223,00% 49,80%
Figura 1. Informaes prisionais dos vinte pases com maior populao prisional do mundo
Fonte: elaborao prpria com dados do ICPS, ltimo dado disponvel para cada pas7
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13Departamento Penitencirio Nacional - Ministrio da Justia
12 3
8. A taxa de aprisionamento indica o nmero de pessoas presas para cada cem mil habitantes. O objetivo de utilizar essa medida permitir a comparao entre locais com diferentes tamanhos de populao e neutralizar o impacto do crescimento populacional, permitindo a comparao a mdio e longo prazo.9. A taxa de ocupao indica a razo entre o nmero de pessoas presas e a quantidade de vagas existentes, servindo como um indicador do dficit de vagas no sistema prisional.10. A taxa de presos sem condenao indica qual porcentagem da populao prisional composta por presos provisrios.
A figura 1 traz um panorama geral da
situao prisional dos vinte pases com maior
nmero de presos no mundo. Em nmeros
absolutos, o Brasil tem a quarta maior populao
prisional, ficando atrs apenas dos Estados
Unidos, da China e da Rssia. Cotejada a taxa
de aprisionamento8 desses pases, constata-se
que, em termos relativos, a populao prisional
brasileira tambm a quarta maior: somente os
Estados Unidos, a Rssia e a Tailndia tm um
contingente prisional mais elevado.
A taxa de ocupao9 dos estabelecimentos
prisionais brasileiros (161%) a quinta maior
entre pases em questo. As Filipinas (316%),
o Peru (223%) e o Paquisto (177%) tm a
maior taxa de ocupao prisional. Apesar de
os Estados Unidos contarem com a maior
populao prisional do mundo, e a Rssia
com a terceira maior, a taxa de ocupao
desses pases relativamente pequena.
Enquanto os estabelecimentos prisionais
russos operam, em mdia, aqum de sua
capacidade, com cerca de 94% de ocupao,
os estabelecimentos dos Estados Unidos
operam somente um pouco acima (102%).
O Brasil exibe, entre os pases
comparados, a quinta maior taxa de presos sem
condenao10. Do total de pessoas privadas de
liberdade no Brasil, aproximadamente quatro
entre dez (41%), estavam presas sem ainda
terem sido julgadas. Na ndia, no Paquisto e nas
Filipinas, mais de 60% da populao prisional
encontra-se nessa condio. Em nmeros
absolutos, o Brasil tem a quarta maior populao
de presos provisrios, com 222.190 pessoas.
Os Estados Unidos (480.000) so o pas com
o maior nmero de presos sem condenao,
seguidos da ndia (255.000) e da estimativa em
relao China (250.000).
Segundo relatrio do ICPS (2014),
cerca de 3 milhes de pessoas no mundo esto
presas provisoriamente e, em mais da metade
dos pases, observa-se que h uma tendncia
crescente no uso dessa medida. Essa tendncia,
alm de contribuir para a superlotao dos
estabelecimentos prisionais e de elevar os
custos do sistema, expe um grande nmero de
indivduos s consequncias do aprisionamento.
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14 Departamento Penitencirio Nacional - Ministrio da Justia
12
11. A anlise utiliza o perodo de 1995 a 2010 na comparao, e no um recorte temporal mais recente, pois somente at 2010 possvel obter dados em srie histrica dos 50 pases que mais encarceram no mundo. 12. A variao da taxa de aprisionamento mede a proporo em que a populao prisional cresceu em relao populao total, em dado perodo.
-40%
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13%14%15%23%23%
29%30%31%32%35%
41%44%50%53%
61%67%
78%
92%101%105%
107%
122%125%
136%145%
frica
Amrica
Europa
sia
Oceania
-50%
0%
50%
100%
150%
200%
Figura 2. Variao da taxa de aprisionamento entre os anos de 1995 a 201011
Fonte: Internacional Center for Prison Studies, 2014 elaborao prpria.
-8% -9%
-24%
33%
-30%
-20%
-10%
0%
10%
20%
30%
40%
Estados Unidos China Rssia Brasil
Figura 3. Variao da taxa de aprisionamento entre 2008 e 2014 nos 4 pases com maior populao prisional do mundo
* Comparao entre 2008 e 2013 (ltimo dado disponvel)
Fonte: elaborao prpria, com dados do ICPS
No perodo analisado, o Brasil registrou,
entre os cinquenta pases com maior populao
prisional, a segunda maior variao na taxa
de aprisionamento12, com um crescimento na
ordem de 136%. Apenas na Indonsia o ritmo
de crescimento relativo da populao prisional
foi maior do que no Brasil. No entanto, cumpre
ressaltar que, apesar de a Indonsia apresentar
a maior variao nessa taxa, esse pas tem uma
taxa de aprisionamento de 66 presos para cada
cem mil habitantes, e uma populao prisional
de 167.163 pessoas, cifras consideravelmente
inferiores s brasileiras.
-
15Departamento Penitencirio Nacional - Ministrio da Justia
A figura 3 mostra a variao, nos ltimos
cinco anos, da taxa de aprisionamento dos
quatro pases com a maior populao prisional
do mundo. Observando o grfico, nota-se que
a variao da taxa de aprisionamento brasileira
apresenta tendncia contrria aos demais pases.
Desde 2008, os Estados Unidos, a China e,
principalmente, a Rssia, esto reduzindo seu
ritmo de encarceramento, ao passo que o Brasil
vem acelerando o ritmo.
Entre 2008 e 2013, os Estados Unidos
reduziram a taxa de pessoas presas de 755 para
698 presos para cada cem mil habitantes, uma
reduo de 8%. A China, por sua vez, reduziu, no
mesmo perodo, de 131 para 119 a taxa (-9%). O
caso russo o que mais se destaca: o pas reduziu
em, aproximadamente, um quarto (-24%) a taxa
de pessoas presas para cada cem mil habitantes.
Mantida essa tendncia, pode-se projetar que
a populao privada de liberdade do Brasil
ultrapassar a da Rssia em 2018.
Em seguida, sero analisados os dados
brasileiros referentes a pessoas presas, vagas e
ocupao.
90,0114,3 126,2 129,2
148,8 170,6194,1
232,8 233,9 239,3
308,3336,4
361,4401,2
422,4 429,4473,6
496,3 514,6549,8
581,5607,7
0,0
100,0
200,0
300,0
400,0
500,0
600,0
700,0
1990 1992 1993 1994 1995 1997 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014
aumentode 575%
3.2. POPULAO PRISIONAL BRASILEIRA13
Figura 4. Evoluo das pessoas privadas de liberdade (em mil)
Fonte: Ministrio da Justia a partir de 2005, dados do Infopen/MJ
1
13. At 2010, o Depen produzia apenas relatrios anuais do Infopen. exceo do ano de 2002, em que o relatrio pro-duzido apresentou os quantitativos do primeiro semestre do referido ano, os relatrios at 2010 fazem referencia ao ms de dezembro do referido ano.
De acordo com os ltimos dados
coletados, a populao prisional brasileira
chegou a 607.731 pessoas. Pela primeira vez, o
nmero de presos no pas ultrapassou a marca
de 600 mil. O nmero de pessoas privadas de
liberdade em 2014 6,7 vezes maior do que
em 1990. Desde 2000, a populao prisional
cresceu, em mdia, 7% ao ano, totalizando um
crescimento de 161%, valor dez vezes maior que
o crescimento do total da populao brasileira,
que apresentou aumento de apenas 16% no
perodo, em uma mdia de 1,1% ao ano.
-
16 Departamento Penitencirio Nacional - Ministrio da Justia
2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014
Taxa 137,1 135,7 137,1 174,3 185,2 196,2 214,8 229,6 226,5 247,3 260,2 267,5 283,5 289,3 299,7
0,00
50,0
100,0
150,0
200,0
250,0
300,0
350,0
Figura 5. Evoluo da taxa de aprisionamento no Brasil
Fonte: Infopen, junho/2014
Entre 2000 e 2014, a taxa de
aprisionamento aumentou 119%. Em 2000,
havia 137 presos para cada 100 mil habitantes.
Em 2014, essa taxa chegou a 299,7 pessoas. Caso
mantenha-se esse ritmo de encarceramento, em
2022, a populao prisional do Brasil ultrapassar
a marca de um milho de indivduos. Em 2075,
uma em cada dez pessoas estar em situao de
privao de liberdade.
Cabe destacar que, no ano 2000, 25%
da populao privada de liberdade encontrava-
se custodiada em carceragens de delegacia
ou estabelecimentos similares, administrados
pelos rgos de Segurana Pblica. Em 2014,
esse percentual caiu para 5%. Essa reduo
de significativa importncia, pois esses
estabelecimentos no se mostram adequados
para o cumprimento de pena nos termos da lei
de execuo penal14.
1
14. No 3 Encontro Nacional do Judicirio, em 2010, o Conselho Nacional de Justia (CNJ) recomendou a desativao das carceragens de polcia de todo o pas.
-
17Departamento Penitencirio Nacional - Ministrio da Justia
1.610 2.654 3.224 3.233 3.486 4.307 5.785 6.098 7.081 7.455 7.631 9.596 10.357 13.244 13.268 14.171 14.904 15.399 16.234 17.914
21.789 28.059 28.70231.510
39.32161.286
219.053SPMG
RJ
PE
PR
RS
CE
SC
ES
BA
MS
DF
PA
GO
MT
PB
RO
AM
RN
MA
AL
SE
AC
TO
PI
AP
RR
- 50.000 100.000 150.000 200.000 250.000
Pessoas privadas de liberdade
Acima de 219.000
30.000 a 219.000
15.000 a 30.000
10.000 a 15.000
5.000 a 10.000
1.000 a 5.000
Figura 6. Populao prisional no Brasil por Unidade da Federao
Fonte: Infopen, jun/2014
Como possvel notar, o nmero de
pessoas presas nas Unidades da Federao
bastante distinto, conforme a figura 6. So Paulo,
estado com o maior nmero de presos, tem
219.053 pessoas privadas de liberdade, montante
que corresponde a cerca de 36% da populao
prisional do pas. Minas Gerais, com 61.286
presos, e Rio de Janeiro, com 39.321, ocupam,
respectivamente, o segundo e terceiro lugares no
ranking. Roraima, que tem 1.610 pessoas presas,
o estado com a menor populao carcerria em
nmeros absolutos.
Em parte, a diferena entre a quantidade
de pessoas presas nas Unidades da Federao
uma consequncia das diferenas demogrficas
entre os entes. Sendo So Paulo o estado
mais populoso do pas, e Roraima o menos,
de se esperar que tenham, nessa ordem, a
maior e a menor populao prisional entre as
Unidades da Federao. Por essa razo, para
uma compreenso mais aprofundada, alm de
comparar a populao prisional desses entes em
nmeros absolutos, necessrio realizar uma
anlise relativa desses quantitativos.
-
18 Departamento Penitencirio Nacional - Ministrio da Justia
89,0
100,9
101,8
164,3
174,2
192,4
194,0
203,0
207,7
216,0
238,9
243,3
246,4
250,4
259,0
266,3
295,6
321,2
324,0
339,6
353,4
417,9
436,4
441,2
496,8
497,4
568,9MS
SP
DF
AC
RO
ES
AP
PE
RR
MT
MG
SC
PR
RS
CE
PB
RJ
TO
RN
GO
SE
AM
AL
PA
BA
PI
MA
Brasil:299,7
Taxa de pessoas privadas de liberdadepara cada 100.000 habitantes
450 a 569
300 a 450
220 a 300
110 a 220
50 a 110
Figura 7. Taxa de aprisionamento por Unidade da Federao
Fonte: Infopen, junho/2014
A anlise da taxa de aprisionamento
possibilita traar a dimenso da populao
prisional das Unidades da Federao. Em mdia,
a taxa brasileira de 300 presos para cada cem
mil habitantes aproximadamente. Como mostra
a figura 7, apesar de Mato Grosso do Sul ter a
stima maior populao prisional do pas, em
termos proporcionais, o estado com o maior
nmero de presos: 568,9 para cada cem mil
habitantes. O Maranho, por sua vez, o estado
com o menor nmero de presos em termos
proporcionais, 89 para cada cem mil habitantes.
So Paulo, cuja populao prisional a
maior em nmeros absolutos, o segundo da lista,
com 497,4 presos para cada cem mil habitantes.
Esse dado evidencia que o elevado nmero de
pessoas privadas de liberdade no estado no se
justifica apenas em razo de seu contingente
populacional: enquanto a populao do estado
equivale a cerca de 20% da populao total do
pas, sua populao prisional corresponde a 36%
do total. A taxa de aprisionamento do Distrito
Federal (496,8), Unidade da Federao com
o maior ndice de Desenvolvimento Humano
(IDH)15, aproxima-se da taxa de So Paulo,
figurando como a terceira maior do pas.
115. O IDH uma medida comparativa usada para classificar, pases ou regies, de acordo com seu desenvolvimento, com base em trs componentes: expectativa de vida, educao e Produto Interno Bruto per capita. De acordo com anlise mais recente, o Distrito Federal a nica Unidade da Federao brasileira cujo IDH classificado como muito alto.
-
19Departamento Penitencirio Nacional - Ministrio da Justia
A figura 8 mostra a evoluo da taxa de
aprisionamento nas Unidades da Federao no
perodo entre 2005 e 2014. exceo de sete
estados Acre, Amazonas, Bahia, Maranho,
Piau, Sergipe e Rio Grande do Norte , a taxa de
pessoas presas de todas as Unidades da Federao
encontra-se em uma faixa mais elevada que no
incio do perodo analisado. Esse dado evidencia
a tendncia crescente de encarceramento em
quase todo o pas. Em alguns estados, esse
movimento ainda mais pronunciado. No
perodo em questo, as taxas do Esprito Santo
e de Pernambuco subiram mais de um patamar,
saltando da faixa de 110 a 220 presos para cada
cem mil habitantes para a faixa de 300 a 450.
Em todas as Unidades da Federao
houve um crescimento da populao prisional
em relao a cada cem mil habitantes. Contudo,
em alguns entes, o ritmo de encarceramento
foi mais pronunciado. Entre 2005 e 2014, a
populao prisional brasileira aumentou, em
mdia, 66%, enquanto, em alguns estados, mais
do que dobrou: em Tocantins, aumentou 174%;
em Minas Gerais, 163%; no Esprito Santo,
130%; em Alagoas, 117%; na Bahia, 116%; no
Amazonas, 103%.
Taxa de pessoas privadas de liberdadepara cada 100.000 habitantes
450 a 569
300 a 450
220 a 300
110 a 220
50 a 110
Figura 8. Taxa de aprisionamento em 2005 e 2014 por Unidade da Federao
Fonte: Infopen, dezembro/2005 e junho/2014
2005 2014
-
20 Departamento Penitencirio Nacional - Ministrio da Justia
3.2.1. Presos por natureza da priso e tipo de regime16
A figura 9 apresenta o nmero de presos
quanto natureza da priso e ao tipo de regime.
Observando o grfico, constata-se que cerca de
41% das pessoas privadas de liberdade so presos
sem condenao, a mesma proporo de pessoas
em regime fechado.
Apenas 3% das pessoas privadas de
liberdade esto em regime aberto e 15% em
semiaberto. Para cada pessoa no regime aberto,
h cerca de 14 pessoas no regime fechado;
para cada pessoa do regime semiaberto, h
aproximadamente trs no fechado.
250.213 - 41%
250.094 - 41%
89.639 - 15%
15.036 - 3% 2.497 - 0% 360 - 0%Sem condenao
Sentenciados regime fechado
Sentenciados regime semiaberto
Sentenciados regime aberto
Medida de Segurana internao
Medida de Segurana tratamento ambulatorial
Figura 9. Pessoas privadas de liberdade por natureza da priso e tipo de regime17
Fonte: Infopen, junho/2014
12
16. O levantamento identificou o nmero de pessoas privadas de liberdade por tipo de regime a que estavam submetidas no dia 30 de junho de 2014. Para os fins do presente relatrio, para as pessoas simultaneamente condenadas e sem condenao, prevalece a situao de condenao, desde que vigente regime de cumprimento de pena fechado ou semiaberto. Por preso sem condenao entende-se a pessoa privada sem ter sido julgada, no tendo recebido condenao definitiva. 17. Os dados de presos sem condenao inclui tanto pessoas custodiadas nas unidades das Secretarias de Segurana Pblica quanto os presos provisrios em estabelecimentos do sistema prisional.
-
21Departamento Penitencirio Nacional - Ministrio da Justia
No Brasil, cerca de 41% das pessoas
privadas de liberdade so presos sem condenao.
Significa dizer que quatro a cada dez presos
esto encarcerados sem terem sido julgados e
condenados. A figura 10 mostra que, entre as
Unidades da Federao, a varincia dessa taxa
ampla: enquanto apenas 16% das pessoas privadas
de liberdade em Roraima so presos provisrios,
em Sergipe 7 em cada 10 presos encontram-se
nessa situao. Alm deste estado, outras sete
Unidades da Federao tm uma quantidade
maior de presos provisrios do que condenados:
Maranho, Bahia, Piau, Pernambuco, Amazonas,
Minas Gerais e Mato Grosso.
Alm da porcentagem de presos sem
condenao, releva aferir o tempo mdio que o
preso sem condenao fica recolhido. Para uma
constatao exata desse dado, seria necessria
a anlise individual dos processos judiciais das
pessoas privadas de liberdade, o que foge do escopo
de investigao do Infopen. No entanto, a fim de
aferir esse dado a partir da metodologia do Infopen,
incluiu-se no levantamento um questionamento
sobre o contingente de presos sem condenao
retidos h mais de 90 dias18. Cerca de 37% das
unidades prisionais informaram deter o controle
da informao. O grfico da figura 11, a seguir,
sistematiza essas respostas.
1
18. Prazo previsto para encerramento das instruo preliminar do procedimento do Jri e pouco superior soma dos prazos do procedimento ordinrio para encerramento da instruo e prolao da sentena. De uma forma geral, e desconsiderando as peculiaridades do caso concreto, lcito concluir que esse um prazo razovel para encerramento da instruo.
Porcentagens depresos provisrios
60% a 73%
50% a 59%
40% a 49%
30% a 39%
16% a 29%
73%
16%19%
25%29%
31%32%32%
33%35%
37%42%
44%44%
46%49%49%49%
50%50%
53%53%
57%59%
64%65%
66%
0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80%
SE
MA
BA
PI
PE
AM
MG
MT
RR
CE
PR
GO
PA
RJ
TO
ES
AL
PB
RS
RN
DF
SP
AP
MS
SC
AC
RO
Figura 10. Taxa de presos sem condenao nas Unidades da Federao
Fonte: Infopen, junho/2014
-
22 Departamento Penitencirio Nacional - Ministrio da Justia
3%14%
27%32%33%33%
36%38%
42%45%47%
51%51%53%
61%62%64%65%66%68%70%
73%80%
93%99%
0 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100%
CE
AL
MT
RS
MS
RN
PB
AM
BA
PE
ES
AC
TO
AP
SC
PA
MG
SE
MA
GO
RR
PI
RO
DF
RJ
SP*
PR*
Figura 11. Porcentagem de presos sem condenao com mais de 90 dias de aprisionamento19
*Sem informaoFonte: Infopen, junho/2014
1
19. Considera apenas as unidades que tinham controle dessa informao.
Nas unidades prisionais que informaram
o dado, cerca de 60% dos presos provisrios
esto custodiados h mais de noventa dias
aguardando julgamento. As unidades do Cear
que responderam questo apresentam a
situao mais alarmante: quase a totalidade dos
presos provisrios, 99%, est h mais de noventa
dias encarcerados sem ainda terem passado por
julgamento. Em Alagoas (93%) e Mato Grosso
(80%), a situao anloga. Cabe ressaltar que,
dada a pequena parcela de estabelecimentos que
responderam questo, no possvel, a partir
dessa amostra, generalizar a situao apontada.
Contudo, a informao inicial apresentada pelo
grfico aponta a relevncia de uma apurao
mais aprofundada da questo.
A seguir sero analisadas as vagas
disponibilizadas pelo sistema prisional.
-
23Departamento Penitencirio Nacional - Ministrio da Justia
3.3. Vagas
A figura 12 indica que, apesar de
o nmero de vagas ter quase triplicado no
perodo, o dficit de vagas mais do que dobrou.
Essa constatao se justifica pela tendncia de
crescimento exponencial da populao prisional.
No Brasil, existem, ao todo, 1.424 unidades
prisionais. Quatro desses estabelecimentos so
penitencirias federais, as demais unidades so
estabelecimentos estaduais. Dada a natureza
especfica dos estabelecimentos federais, cujo
principal objetivo possibilitar o isolamento de
lideranas do crime organizado, no pertinente
analisar as 1.424 de modo agregado. Por essa
razo, as Penitencirias Federais sero analisadas
em uma seo especfica deste relatrio.
700.000
600.000
500.000
400.000
300.000
200.000
100.000
-
2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014
Presos 232.755 233.859 239.345 308.304 336.358 361.402 401.236 422.373 429.390 473.626 496.251 514.582 549.786 581.507 607.731
Vagas 135.710 141.297 156.432 179.489 200.417 206.559 236.148 249.515 266.946 278.726 281.520 295.413 311.793 340.421 376.669
97.045 92.562 82.913 128.815 135.941 154.843 165.088 172.858 162.444 194.900 214.731 219.169 237.993 241.086 231.062
Figura 12. Evoluo histrica da populao prisional, das vagas e do dficit de vagas
Fonte: Infopen
43162
846
965
5032
5035
137778
4159
44184
3295
356
15822
820
912
0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200
AC
AL
AM
AP
BA
CE
DF
ES
GO
MA
MG
MS
MT
PA
PB
PE
PI
PR
RJ
RN
RO
RR
RS
SC
SE
SP
TO Unidades prisionais
1 ponto = 1 unidade prisional
Figura 13. Distribuio das unidades prisionais no Brasil
Fonte: Infopen, junho/2014
-
24 Departamento Penitencirio Nacional - Ministrio da Justia
Figura 14. Capacidade do sistema prisional
Fonte: Infopen, junho/2014
UF Total de unidades Total de vagasMdia de vagas
das unidades prisionais
Capacidade mxima
observada em unidade da UF
AC 12 2.258 188 588
AL 9 2.589 288 762
AM 20 3.385 169 627
AP 8 1.898 237 850
BA 22 8.321 378 1.004
CE 158 11.790 75 944
DF 6 6.605 1.101 1.584
ES 35 12.905 369 886
GO 95 8.491 89 800
MA 32 5.049 158 804
MG 184 37.323 203 1.974
MS 44 6.902 157 960
MT 59 8.264 140 1.180
PA 41 9.021 220 786
PB 78 6.298 81 612
PE 77 11.894 154 1.195
PI 13 1.718 132 324
PR 35 19.300 551 1.480
RJ 50 28.230 565 1.699
RN 32 4.502 141 620
RO 50 5.996 120 1.000
RR 5 1.080 216 750
RS 96 23.165 241 2.069
SC 46 13.596 296 1.474
SE 8 2.579 322 800
SP 162 130.449 805 2.696
TO 43 2.284 53 432
Total 1.420 375.892 265 2.696
-
25Departamento Penitencirio Nacional - Ministrio da Justia
So 375.892 vagas no sistema prisional
brasileiro. As unidades prisionais brasileiras
possuem capacidades muito distintas a mdia
de 265 vagas por unidade, entretanto a unidade
com maior capacidade chega a 2.696 vagas.
Observa-se uma diferena entre as Unidades da
Federao em relao ao porte das unidades. No
Tocantins a capacidade mdia das unidades de
53 vagas, com um mximo de 432 vagas em uma
unidade, situao muito diversa do estado de
So Paulo, que apresenta uma capacidade mdia
de 805 vagas, chegando a uma unidade com o
mximo de 2.696 vagas.
possvel observar uma diferena
significativa no porte das unidades entre as
regies do Brasil. A regio Sudeste apresenta a
maior capacidade mdia das unidades prisionais
(485 vagas), seguida da regio Sul (317 vagas),
da regio Centro-Oeste (148 vagas), da regio
Norte (145 vagas), e, por fim, da regio Nordeste
(128 vagas).
Cerca de 64% das vagas do sistema
prisional so destinadas a pessoas condenadas,
sendo 44% para condenadas em regime fechado,
18% em regime semiaberto e 2% em regime
aberto. Quase um tero das vagas destinado a
presos sem condenao. As vagas para medidas
de internao chegam a 2.666 e as vagas para
regime disciplinar diferenciado somam 346. As
vagas destinadas a outros tipos so, em geral,
destinadas a vrios tipos de regime ou natureza
da priso, sem especificao a vaga pode ser
utilizada por preso com ou sem condenao.
115.656 - 31%
164.823 - 44%
66.596 - 18%
6.952 - 2%2.666 - 0% 346 - 0% 18.023 - 5%
Sem condenao
Condenados regime fechado
Condenados regime semiaberto
Condenados regime aberto
Medida de internao
Regime Disciplinar Diferenciado (RDD)
Outros
Figura 15. Quantidade de vagas por tipo de regime ou natureza da priso
Fonte: Infopen, junho/2014
-
26 Departamento Penitencirio Nacional - Ministrio da Justia
3.3.1 Tipo de estabelecimento
A anlise do tipo de estabelecimento20
conforme sua destinao originria permite
identificar que mais da metade (51%) dos
estabelecimentos existentes no pas foram
concebidos com vistas ao recolhimento de
presos provisrios.
1
20. Nesta questo, foi solicitado aos gestores das unidades que selecionassem qual a opo que correspondesse destinao prevista para o estabelecimento no momento de sua construo, independente de criao posterior de alas e anexos destina-dos a outros regimes, ou de alocao circunstancial de pessoas privadas de liberdade que no se enquadravam na destinao original do estabelecimento.
Recolhimento de presosprovisrios: 725 - 51%
Destinado realizao de examesgerais e criminolgico: 4 - 0%
Cumprimento de medidade segurana: 20 - 2%
Destinado a diversostipos de regime: 125 - 9%
Patronato: 1 - 0%
Outro:91 - 6%
Sem informao:
76 - 5%
Cumprimento de penaem regime aberto: 23 - 2%
Cumprimento de pena em regime
semiaberto: 95 - 7%
Cumprimento de pena em regime fechado: 260 - 18%
Figura 16. Tipo de estabelecimento conforme destinao originria
Fonte: Infopen, junho/2014
-
27Departamento Penitencirio Nacional - Ministrio da Justia
12
21. Patronato o estabelecimento, pblico ou privado, destinado a oferecer assistncia aos egressos do sistema prisional e as pessoas cumprindo pena em regime aberto.22. Foi perguntado no levantamento se a Unidade da Federao tinha equipamento de ateno ao egresso, seja patronato ou outra nomenclatura.
A tabela 2 mostra o nmero de
estabelecimentos conforme o tipo de destinao
por Unidade da Federao. No Cear, Rio de
Janeiro, Tocantins, Pernambuco e Mato Grosso
mais de 80% das unidades so destinadas ao
recolhimento de presos provisrios. Por outro
lado, no Acre, Piau, Alagoas e Rio Grande do
Sul, menos de 15% das unidades so destinadas a
pessoas presas provisoriamente.
Apenas um estabelecimento, em
Rondnia, foi classificado como Patronato21.
Esse dado, contudo, incompleto. Em um
levantamento realizado pelo Depen junto
s Secretarias Estaduais de Administrao
Penitenciria, em 2014, constatou-se a
existncia de cerca de 113 estabelecimentos
deste tipo22. Quatro estados Acre, Amap,
Paraba e Roraima no informaram e/ou
UFpresos
provisriosregime
fechadoregime
semiabertoregime aberto
medida de segurana
diversos tipos de regime
patronatorealizao de
exames gerais e criminolgicos
outrosem
informaoTotal
AC 1 6 2 2 1 12
AL 1 6 1 1 9
AM 8 5 2 1 1 3 20
AP 2 1 1 3 1 8
BA 4 2 2 1 1 12 22
CE 147 3 2 4 2 158
DF 1 2 2 1 6
ES 13 10 6 1 3 1 1 35
GO 53 13 5 12 11 1 95
MA 10 5 2 2 10 2 1 32
MG 104 17 3 3 1 34 1 21 184
MS 2 23 12 1 4 2 44
MT 47 4 1 4 2 1 59
PA 19 9 4 1 3 5 41
PB 47 13 5 3 2 4 4 78
PE 65 5 2 2 3 77
PI 1 8 1 1 1 1 13
PR 6 14 8 1 1 1 4 35
RJ 45 5 50
RN 24 5 1 1 1 32
RO 17 8 6 5 1 3 1 7 2 50
RR 1 1 1 1 1 5
RS 13 46 10 2 14 11 96
SC 30 5 1 1 1 3 5 46
SE 3 3 1 1 8
SP 24 41 12 1 13 4 67 162
TO 37 1 3 1 1 43
Brasil 725 260 95 23 20 125 1 4 91 76 1.420
Tabela 2. Nmero de estabelecimentos por tipo de destinao originria por Unidade da Federao
Fonte: Infopen, junho/2014
-
28 Departamento Penitencirio Nacional - Ministrio da Justia
souberam informar o que foi perguntado. Neste
levantamento, Amazonas, Distrito Federal,
Maranho e Rio Grande do Norte afirmaram
no ter este tipo de estabelecimento.
1
23. A Lei de Execuo Penal afirma que o estabelecimento destinado ao cumprimento a pena privativa de liberdade em regime aberto a Casa do Albergado. Segundo a Lei, em cada regio dever existir, pelo menos, uma Casa do Albergado, devendo esta estar situada em um centro urbano.
Nota-se, ademais, que 16 Unidades da
Federao, mais da metade do total, declarou
no dispor de estabelecimento destinado ao
cumprimento de pena em regime aberto23.
A figura 17 mostra a destinao
efetivamente dada aos estabelecimentos
prisionais em comparao a sua destinao de
origem. Apesar de mais da metade das unidades
constarem originalmente como destinadas ao
recolhimento de presos provisrios, 84% delas
tambm abrigam condenados. O nmero de
estabelecimentos destinados ao cumprimento
de pena em regime fechado que abriga pessoas
de outros regimes tambm igualmente elevado
(80%). Em menor medida, o mesmo acontece nos
estabelecimentos destinados originariamente ao
regime semiaberto (45%) e aberto (65%). Oito
em cada dez unidades custodiam pessoas de mais
de um tipo de regime ou natureza da priso.
Figura 17. Destinao real das vagas nos estabelecimentos por tipo de destinao originria
Estabelecimento destinado ao cumprimento de pena em regimeaberto ou de limitao de m de semana
Estabelecimento destinado ao cumprimento de pena em regimefechado
Estabelecimento destinado ao cumprimento de pena em regimesemiaberto
Estabelecimento destinado ao recolhimento de presos provisrios
exclusivo abriga outros regimes0% 10%
8
52
52
119 606
43
208
15
20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100%
Fonte: Infopen, junho/2014
-
29Departamento Penitencirio Nacional - Ministrio da Justia
1
24. Neste grfico constam informaes de 1258 estabelecimentos prisionais do Brasil, no foram considerados os 162 estabel-ecimentos de So Paulo no clculo da porcentagem, pois no houve preenchimento do Infopen pelo estado.
A figura 18 mostra a distribuio dos
estabelecimentos penais conforme o tempo
de funcionamento, contado da data de sua
inaugurao. Existem 72 unidades prisionais no
pas com mais de cinquenta anos de existncia.
Trs dessas unidades operam h mais de cem
anos. A mais antiga delas foi inaugurada no
comeo do sculo passado, em 1907. Por outro
lado, observa-se que quatro em cada dez unidades
tm menos de uma dcada de existncia.
3.3.2. Caractersticas das unidades prisionais
Figura 18. Nmero de unidades por tempo de funcionamento24
Fonte: Infopen, junho/2014
267 - 21%At 5 anos
226 - 18%5 a 9 anos
249 - 20%10 a 19 anos
90 - 7% 20 a29 anos
92 - 7%30 a 39 anos
62 - 5% 40 e 49 anos
72 - 6%50 ou mais
200 - 16%Sem informao
-
30 Departamento Penitencirio Nacional - Ministrio da Justia
A tabela 3 registra o tempo de
funcionamento dos estabelecimentos prisionais
das Unidades da Federao. O Rio Grande
do Sul e a Paraba so os estados com o maior
nmero de unidades mais antigas. Cerca de 27%
das unidades de Rio Grande do Sul e 23% da
Paraba tm mais de cinquenta anos. Por outro
lado, em um tero dos estados Esprito Santo,
Maranho, Minas Gerais, Rio Grande do Norte,
Acre, Alagoas, Gois, Rio de Janeiro e Paran
mais da metade das unidades foram inauguradas
h menos de dez anos.
UF At 5 anosEntre 5 e 9
anosEntre 10 e 19
anosEntre 20 e
29 anosEntre 30 e
39 anos
Entre 40 e 49
anos50 ou mais
Sem informao
Total Geral
AC 3 4 3 1 1 12
AL 4 1 3 1 9
AM 4 6 2 3 1 1 3 20
AP 1 1 1 3 2 8
BA 2 6 4 5 2 3 22
CE 5 4 4 2 11 3 1 128 158
DF 1 2 3 6
ES 14 14 3 1 2 1 35
GO 23 29 18 4 1 7 7 6 95
MA 16 7 4 2 1 2 32
MG 56 72 32 5 4 2 3 10 184
MS 8 13 13 5 1 2 2 44
MT 5 6 19 8 11 2 3 5 59
PA 8 9 20 2 1 1 41
PB 15 9 10 7 6 6 18 7 78
PE 17 9 20 10 4 9 2 6 77
PI 1 7 1 3 1 13
PR 8 10 10 2 2 2 1 35
RJ 21 5 10 1 5 4 3 1 50
RN 18 4 6 1 3 32
RO 12 6 14 7 5 6 50
RR 1 2 1 1 5
RS 10 3 14 5 11 20 26 7 96
SC 12 7 7 7 6 2 3 2 46
SE 1 2 1 3 1 8
SP NI NI NI NI NI NI NI NI NI
TO 3 3 16 10 6 5 43
Total Geral
267 226 249 90 92 62 72 200 1.258
Tabela 3. Nmero de unidades por ano de existncia por Unidade da Federao
Fonte: Infopen, junho/2014
-
31Departamento Penitencirio Nacional - Ministrio da Justia
Dada a natureza particular de sua funo,
os estabelecimentos penais so espaos que
apresentam alta complexidade programtica.
Com vistas a obedecer o que prev a Lei de
Execuo Penal25, esses estabelecimentos devem
ser capazes, por exemplo, de oferecer servios
de sade, educao e trabalho. Apesar de sua
finalidade complexa e singular, mais de um tero
das unidades prisionais no pas (36%) no foram
concebidas para serem estabelecimentos penais,
mas adaptadas para este fim.
Como ser detalhado adiante, em quase
metade (49%) das unidades concebidas como
estabelecimento penal h mdulos de sade,
em 58% delas, h modulo de educao e 30%
desses estabelecimentos tm oficina de trabalho.
Entre as unidades adaptadas, esses nmeros so
consideravelmente menores: apenas 22% tem
modulo de sade, 40% tem mdulo de educao
e 17% conta com oficina de trabalho
1
25. O Conselho Nacional de Poltica Criminal e Penitenciria (CNPCP), em Resoluo n 9 de 18 de Novembro de 2011, estabelece diretrizes bsicas para a arquitetura penal.
Concebido como estabelecimento penal
Adaptado para estabelecimento penal
Sem informao794 - 63%
450 - 36%
14 - 1%
Figura 19. Estabelecimento originalmente concebido como estabelecimento penal
Fonte: Infopen, junho/2014
-
32 Departamento Penitencirio Nacional - Ministrio da Justia
A tabela 4 mostra a quantidade de estabelecimentos concebidos e adaptados por Unidade da Federao. Observa-se que a maior parte dos estabelecimentos do Cear (65%), do Maranho (59%), do Rio Grande do Norte (59%), de Rondnia (58%), do Mato Grosso do Sul (57%)
e do Mato Grosso (51%) foram adaptados para servirem como estabelecimentos prisionais. Por outro lado, todas as unidades do Rio de Janeiro e de Roraima foram concebidas originalmente como estabelecimentos penais.
Tabela 4. Estabelecimentos concebidos ou adaptados para unidades penais por Unidade da Federao
UFAdaptado para
estabelecimento penal
Concebido como estabelecimento
penalSem informao Total
AC 3 8 1 12
AL 2 7 9
AM 8 12 20
AP 4 4 8
BA 1 21 22
CE 103 55 158
DF 2 4 6
ES 2 32 1 35
GO 46 48 1 95
MA 19 12 1 32
MG 66 114 4 184
MS 25 17 2 44
MT 30 28 1 59
PA 9 32 41
PB 26 52 78
PE 9 68 77
PI 4 8 1 13
PR 7 28 35
RJ 50 50
RN 19 13 32
RO 29 20 1 50
RR 5 5
RS 12 84 96
SC 10 35 1 46
SE 3 5 8
SP NI NI NI NI
TO 11 32 43
Total Geral 450 794 14 1.258
Fonte: Infopen, junho/2014
-
33Departamento Penitencirio Nacional - Ministrio da Justia
Unidades prisionais masculinas
1 Ponto = 1 unidade masculina
Unidades prisionais femininas
1 Ponto = 1 unidade masculina
Unidades prisionais mistas
1 Ponto = 1 unidade masculina
Figura 20. Destinao do estabelecimento por gnero
Figura 21. Mapa da distribuio das unidades prisionais por gnero
3.3.3. Vagas por gnero
A figura 20 mostra a distribuio dos
estabelecimentos prisionais de acordo com
o gnero a que ele se destina. A maior parte
dos estabelecimentos, trs quartos, voltada
ao pblico masculino. Cumpre notar que h
menos unidades prisionais femininas (7%) que
estabelecimentos mistos (17%)26.
1
26. O artigo 5, inciso XLVIII, da Constituio Federal de 1988 impe que a pena dever ser cumprida em estabelecimentos distintos, de acordo com a natureza do delito, a idade e o sexo do apenado.
Masculino
Feminino
Misto
Sem informao1.070 - 75%
103 - 7%
238 - 17%
9 - 1%
Fonte: Infopen, junho/2014
Fonte: Infopen, junho/2014
-
34 Departamento Penitencirio Nacional - Ministrio da Justia
Na figura 22 possvel constatar a
distribuio dos estabelecimentos, segundo
gnero, pelo pas. Em Roraima, em Sergipe, em
Pernambuco, no Distrito Federal e no Mato
Grosso do Sul no se registram a existncia de
estabelecimentos mistos. Nos estados de Gois,
de Minas Gerais, do Cear, de Rondnia e do Rio
Grande do Sul, por sua vez, observa-se que h
um nmero maior desses estabelecimentos.
Figura 22. Estabelecimento originalmente destinado a pessoas privadas de liberdade do sexo masculino e/ou feminino.
AC AL AM AP BA CE DF ES GO MA MG MS MT PA PB PE PI PR RJ RN RO RR RS SC SE SP TO
Sem informao 1 1 1 1 1 1 1 1
Misto 1 2 5 1 7 25 2 41 6 83 6 3 2 1 2 1 3 16 17 10 3 2
Masculino 10 6 12 6 14 132 5 28 51 24 88 31 47 37 73 72 9 29 46 28 27 4 74 25 7 140 35
Feminino 1 1 3 1 1 1 1 4 2 1 13 12 5 1 3 5 2 4 3 1 6 1 5 1 1 18 6
100%
90%
80%
70%
60%
50%
40%
30%
20%
10%
0%
AC AL AM AP BA CE DF ES GO MA MG MS MT PA PB PE PI PR RJ RN RO RR RS SC SE SP TO
Sem informao 1 1 1 1 1 1 1 1
Misto 1 2 5 1 7 25 2 41 6 83 6 3 2 1 2 1 3 16 17 10 3 2
Masculino 10 6 12 6 14 132 5 28 51 24 88 31 47 37 73 72 9 29 46 28 27 4 74 25 7 140 35
Feminino 1 1 3 1 1 1 1 4 2 1 13 12 5 1 3 5 2 4 3 1 6 1 5 1 1 18 6
100%
90%
80%
70%
60%
50%
40%
30%
20%
10%
0%AC AL AM AP BA CE DF ES GO MA MG MS MT PA PB PE PI PR RJ RN RO RR RS SC SE SP TO
Sem informao 1 1 1 1 1 1 1 1
Misto 1 2 5 1 7 25 2 41 6 83 6 3 2 1 2 1 3 16 17 10 3 2
Masculino 10 6 12 6 14 132 5 28 51 24 88 31 47 37 73 72 9 29 46 28 27 4 74 25 7 140 35
Feminino 1 1 3 1 1 1 1 4 2 1 13 12 5 1 3 5 2 4 3 1 6 1 5 1 1 18 6
100%
90%
80%
70%
60%
50%
40%
30%
20%
10%
0%
Fonte: Infopen, junho/2014
-
35Departamento Penitencirio Nacional - Ministrio da Justia
3.3.4. Grupos especficos e acessibilidade
De modo geral, observa-se que h
baixa disponibilidade de vagas destinadas
exclusivamente aos grupos especficos acima
apresentados. Apenas 9% das unidades
dispem de celas especificas para estrangeiros
e para indgenas, e por volta de 15% dos
estabelecimentos tm celas especficas para
idosos e para pessoas lsbicas, gays, bissexuais
e transgneros LGBT. A preocupao em
disponibilizar espaos especficos para estes
pblicos, que se coaduna com uma prtica
adequada de triagem e classificao dos
custodiados, registrou-se em algumas unidades
nos estados de Alagoas, Amazonas, Bahia, Gois,
Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Paraba,
Pernambuco, Paran, Piau, Rio de Janeiro e Rio
Grande do Sul.
1
27. Sees ou mdulos autnomos, incorporados ou anexos a estabelecimentos para adultos, ou celas exclusivas destinadas a abrigar grupos especficos.
Figura 23. Unidades com ala ou cela destinada exclusivamente a grupos especficos 27
Fonte: Infopen, junho/2014
1.217 - 86%
73 - 5%10 - 1%
120 - 8%
LGBT Idosos
1.208 - 85%
70 - 5%22 - 2%
120 - 8%
Indgenas Estrangeiros
1.293 - 91%
7 -1%1 - 0%
119 - 9%
1.289 - 91%
11 - 1%1 - 0%
119 - 8%
Ala especca Cela especca No h Sem informao
-
36 Departamento Penitencirio Nacional - Ministrio da Justia
1
28. Para os fins do presente levantamento considerou-se pessoa com deficincia aquela que tem impedimentos de longo prazo de natureza fsica, mental, intelectual ou sensorial, os quais, em interao com diversas barreiras, podem obstruir sua participao plena e efetiva na sociedade em igualdade de condies com as demais pessoas. Por acessibilidade, entendeu-se o estabelecimento de condies e possibilidades de alcance para utilizao, com segurana e autonomia, de edificaes, seus espaos, mobilirios e equipamentos, proporcionando s pessoas com deficincia a maior independncia possvel e aumento das condies de realizao das mesmas atividades que as demais pessoas.
Figura 24. Unidades com acessibilidade para pessoas com deficincia28
Fonte: Infopen, junho/2014
Sim, mdulos/alas/celas adaptados em conformidade com a Norma Brasileira ABNT n 9.050, de 2004
Sim, mdulos/alas/celas adaptados, NO observando todosos requisitos da Norma Brasileira ABNT n 9.050, de 2004
No
Sem informao
1.164 - 82%
120 - 8%
87 - 6%
49 - 4%
A figura 24 mostra a porcentagem
de unidades prisionais adaptadas para
acessibilidade para pessoas com deficincia. Em
apenas 6% das unidades analisadas registrou-se a
existncia de mdulos, alas ou clulas acessveis,
em consonncia com a legislao em vigor.
Uma vez analisada a populao prisional
e as vagas disponibilizadas no sistema prisional,
se faz necessria a avaliao dos padres de
ocupao dos estabelecimentos.
-
37Departamento Penitencirio Nacional - Ministrio da Justia
1229. A taxa de ocupao prisional indica a razo entre o nmero de pessoas presas e a quantidade de vagas existentes, servin-do como um indicador do dficit de vagas no sistema prisional. No clculo da taxa, esto contabilizadas as pessoas presas nas unidades das Secretarias de Segurana Pblica, mas no as vagas, pois, como explicado anteriormente, esses estabeleci-mentos no so adequados para a custdia de pessoas.30. Recentemente, estabelecimentos prisionais de ambos os estados em questo foram cenrios de graves acontecimentos que, em razo de suas dimenses, tiveram grande repercusso nacional e internacional. A constatao de que, assim como o estado com a pior taxa de ocupao prisional do pas, o estado com a melhor taxa tambm est sujeito ecloso de conflitos em seus estabelecimentos nos suscita questionar quais outras variveis esto associadas ao surgimento desses distrbios. Alm da superlotao, aspectos relacionados poltica penitenciria adotada nas Unidades da Federao, bem como mi-crogesto dos estabelecimentos penais, tambm podem explicar a ocorrncia desses eventos.
3.4. Ocupao
A taxa de ocupao prisional brasileira
de 161%29. No Brasil, em um espao concebido
para custodiar apenas dez indivduos, h, em
mdia, 16 pessoas encarceradas. Como mostra
a figura 25, todas as Unidades da Federao
exibem taxa de ocupao superior a 100%.
Pernambuco o estado com a maior taxa de
ocupao prisional, com 265%. O Maranho, em
contrapartida, o estado com a menor taxa, com
121%30.
Alm de averiguar a heterogeneidade dos
dados estaduais, pertinente focar as diferenas
dos padres de ocupao entre as unidades
prisionais.
Figura 25. Taxa de ocupao do sistema prisional
Fonte: Infopen, junho/2014
Taxa de ocupaoProporo de pessoas presas por vagas
200% a 270%
165% a 200%
150% a 164%
135% a 149%
120% a 134%121%121%
125%126%127%
132%139%140%142%144%
149%149%
152%154%156%157%
164%167%168%
185%185%188%
215%216%
220%223%
265%PE
AL
AM
MS
DF
PI
BA
CE
SP
SE
MG
RN
GO
AC
PB
RR
PR
PA
TO
AP
RJ
SC
RO
ES
MT
RS
MA
0% 50% 100% 150% 200% 250% 300%
-
38 Departamento Penitencirio Nacional - Ministrio da Justia
Apesar de a taxa de ocupao em todas
as Unidades da Federao ser superior a 100%,
como mostra a figura 26, um tero das unidades
prisionais tm ocupao menor que 100%. Ou
seja, um em cada trs estabelecimentos penais do
pas no custodia pessoas alm de sua capacidade.
Ao mesmo tempo, uma quantidade considervel
de unidades tem superlotao superior mdia
brasileira. Em aproximadamente um quarto
das unidades (24%), h mais de dois presos
para cada vaga. Em 63 unidades, a situao de
superlotao ainda mais acentuada: h quatro
pessoas ou mais por vaga. Esse quadro reclama
uma investigao mais aprofundada dos critrios
utilizados para a distribuio de pessoas entre os
estabelecimentos.
Dado que os estabelecimentos prisionais
tm capacidades de ocupao distintas, no
suficiente averiguar apenas o nmero de
estabelecimentos prisionais com dficit de vagas.
Para uma anlise da situao da Unidade da
Federao em relao distribuio de vagas,
importante constatar, tambm, quantas pessoas
se encontram em situao de superlotao (ou
seja, em unidades com dficit de vagas).
Figura 26. Nmero de unidades prisionais por taxa de ocupao
Fonte: Infopen, junho/2014
451 - 32%
364 - 26%
244 - 17%
219 - 15%
62 - 4% 63 - 5% 17 - 1%
Menor que 100%
Entre 101% e 150%
Entre 151% e 200%
Entre 201% e 300%
Entre 301% e 400%
401% ou maior
Sem informao
-
39Departamento Penitencirio Nacional - Ministrio da Justia
A figura 27 mostra a quantidade
de estabelecimentos penais com vagas
remanescentes e dficit por Unidade da
Federao e o nmero de pessoas privadas de
liberdade em unidades com e sem dficit. A
situao do Distrito Federal destaca-se, dado que
a nica Unidade da Federao na qual todas as
unidades operam acima de sua capacidade. No
muito diferente a condio do Rio Grande do
Norte, no qual em 90% das unidades h dficit de
vagas. A anlise do grfico direita da figura 27
permite identificar que, apesar de mais de 60%
das unidades prisionais do Amap no operarem
acima de sua capacidade, 80% da populao
prisional deste estado est em situao de
superlotao. O mesmo ocorre em Pernambuco,
onde mais da metade das unidades no apresenta
problema de dficit de vagas, mas 95% das
pessoas presas esto em unidades superlotadas.
J no Paran, 34% do presos esto em unidades
com at 100% de ocupao e apenas 3%, em
unidades com mais de 3 pessoas para cada vaga.
Fonte: Infopen, junho/2014
Unidades com ou sem dcit de vagas
0%
AP
PE
RS
MA
PR
AL
PB
AC
RO
RJ
SE
MT
TO
PI
GO
MS
MG
ES
CE
PA
SC
RR
AM
SP
BA
RN
DF
50% 100%
Sem dcit Com dcit
49
Pessoas privadas de liberdade emunidades com ou sem dcit de vagas
0
AP
PE
RS
MA
PR
AL
PB
AC
RO
RJ
SE
MT
TO
PI
GO
MS
MG
ES
CE
PA
SC
RR
AM
SP
BA
RN
DF
20% 40% 60% 80% 100%
3
32
47
16
19
5
45
7
31
31
5
37
29
9
66
31
132
26
118
32
36
4
16
94
18
29
06
5
45
16
16
4
33
5
19
19
3
22
14
29
13
52
9
40
9
10
1
4
23
4
3
0 0
0
4
520
1.284
1.910
6.996
1.097
1.601
989
746
4.306
289
3.714
405
1.403
1.444
10.320
2.446
886
2.358
3.307
127
14.697
846
1.118
484
8.860 18.077
2098
30.139
2.525
13.162
3.422
8.284
2.497
5.078
34.765
3.711
7.809
2.795
11.619
11.347
47.822
14.594
17.093
10.246
13.306
1.371
6.791
153.764
10.954
5364
13.269
2.757
Figura 27. Pessoas privadas de liberdade em unidades com ou sem dficit de vagas
-
40 Departamento Penitencirio Nacional - Ministrio da Justia
A tabela 5 apresenta o nmero de pessoas
privadas de liberdade por Unidade da Federao.
Mais de 55 mil pessoas esto em unidades com
mais de 3 pessoas presas para cada vaga, e mais
de 195 mil, em unidades com mais de 2 pessoas
por vaga. Cerca de um tero (32%) da populao
prisional do Acre est em unidades com mais de
4 presos por vaga. Esto em igual situao um
quarto dos presos de Pernambuco, de Alagoas e
do Piau.
Fonte: Infopen, junho/2014
Tabela 5. Nmero de pessoas privadas de liberdade por situao de lotao da unidade
UF At 1 pessoa Mais de 1 e at 2 pessoas por vaga
Mais de 2 e at 3 pessoas por vaga
Mais de 3 e at 4 pessoas por vaga
Mais de 4 pessoas por vaga
AC 989 612 781 1.104
AL 1.097 1.488 536 224 1.174
AM 127 3.097 2.884 251 559
AP 520 1.190 908
BA 846 7.941 3.013
CE 886 13.846 1.565 1.016 666
DF 5.412 4.656 3.201
ES 2.446 13.138 683 773
GO 1.403 7.087 3.235 549 748
MA 1.910 1.929 402 194
MG 10.320 29.888 15.238 2.340 356
MS 1.444 2.456 5.064 2.308 1.519
MT 3.714 3.578 4.046 185
PA 2.358 7.103 1.229 1.034 880
PB 1.601 3.484 3.228 1.439 133
PE 1.284 1.732 5.876 13.676 8.855
PI 484 1.098 849 810
PR 6.996 12.511 651
RJ 4.306 30.747 1.256 2.707 55
RN 1.118 3.784 1.172 325 83
RO 746 4.075 264 709 30
RR 1.268 103
RS 8.860 10.258 6.243 58 1.518
SC 3.307 11.362 1.698 246
SE 289 1.151 2.560
SP 14.697 77.001 71.446 5.317
TO 405 1.587 1.037 171
Brasil 72.153 258.823 139.869 36.236 19.731
-
41Departamento Penitencirio Nacional - Ministrio da Justia
A figura 28 indica que, nas regies
Nordeste e Centro-Oeste, cerca de 50% da
populao prisional encontra-se em unidades
com taxa de ocupao superiores a dois presos
por vaga. Das cinco regies, a regio Sul
que apresenta o melhor quadro, ainda que
preocupante: mais de dois teros da populao
prisional da regio est custodiada em unidades
com lotao acima de sua capacidade.
Dado que os estabelecimentos penais tm
destinaes distintas, tanto por gnero como por
tipo de regime, importante averiguar a ocupao
das unidades de acordo com seu destino. Essa
diferenciao permite compreender melhor
o problema da superlotao nas Unidades da
Federao.
3.4.1. Ocupao de acordo com a destinao do estabelecimento por gnero
Figura 29. Pessoas privadas de liberdade por situao de lotao em unidades femininas, masculinas e mistas
Fonte: Infopen, junho/2014
Unidades femininas
9.373 - 46%
1.454 - 7%
0 - 0%
8.224 - 40%
1.490 - 7%
Mais de 4 pessoas por vagas Entre 3 e 4 pessoas por vaga Entre 2 e 3 pessoas por vaga Entre 1 e 2 pessoas por vaga At 1 pessoas por vaga
Unidades masculinas Unidades mistas
119.743 - 27%
15.729 - 3%
221.284 - 50%
18.672 - 32%
32.736 - 7% 2.010 - 4%2.410 - 4%
56.808 - 13% 7.340;13%
27.405 - 47%
Fonte: Infopen, junho/2014
0%10%20%30%40%50%60%70%80%90%
100%
At 1 por vaga 5.145 9.515 6.561 31.769 19.163
Entre 1 e 2 por vaga 18.932 36.453 18.533 150.774 34.131
Entre 2 e 3 por vaga 7.103 19.201 17.001 88.623 7.941
Entre 3 e 4 por vaga 1.994 16.680 6.243 10.364 955
Mais de 4 por vaga 2.847 11.915 2.267 1.184 1.518
Norte Nordeste Sudeste SulCentro-este
Figura 28. Proporo de presos por taxa de ocupao da unidade em que se encontram por regio
-
42 Departamento Penitencirio Nacional - Ministrio da Justia
A figura 29 demonstra que a superlotao
nas unidades masculinas e mistas mais
pronunciada do que entre as unidades femininas.
Nota-se que no Amap, Gois, Maranho,
Par, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Santa
Catarina no h estabelecimentos femininos
com problema de superlotao. Em Alagoas e
no Rio Grande do Norte, por sua vez, todos os
presdios femininos enfrentam problemas de
superlotao, enquanto o mesmo no pode ser
dito das unidades masculinas de ambos estados.
O Rio de Janeiro a nica Unidade da Federao
sem problema de superlotao nas unidades
voltadas s mulheres.
Nesse contexto, parece tambm relevante
abordar a questo da superlotao de acordo
com o tipo de regime ou natureza da priso.
Figura 30. Proporo de pessoas em unidades femininas, masculinas e mistas, por superlotao
*Unidades da federao que no apresentam unidades mistas Fonte: Infopen, junho/2014
0%
20%
40%
60%
80%
100%
AC AL AM AP BA CE DF ES GO MA MG MS MT PA PB PE PI PR RJ RN RO RR RS SC SE SP TO
0%
20%
40%
60%
80%
100%
AC AL AM AP BA CE DF ES GO MA MG MS MT PA PB PE PI PR RJ RN RO RR RS SC SE SP TO
0%
20%
40%
60%
80%
100%
AC AL AM AP BA CE DF* ES GO MA MG MS* MT PA PB PE* PI PR RJ* RN RO RR* RS SC SE* SP* TO
501% ou maior entre 401% e 500% entre 301% e 400% entre 251% e 300% entre 201% e 250%
entre 151% e 200% entre 126% e 150% entre 111% e 125% entre 101% e 110% at 100%
Uni
dade
s fem
inin
asU
nida
des m
ascu
linas
Uni
dade
s mis
tas
-
43Departamento Penitencirio Nacional - Ministrio da Justia
3.4.2. Ocupao das unidades por tipo de regime ou natureza da priso
Alm da diferena observada em
relao ao gnero, observa-se uma diferena
significativa na taxa de ocupao em relao ao
tipo de vaga por regime ou natureza da priso. A
taxa de ocupao das vagas destinadas a presos
provisrios de 192%, cifra consideravelmente
superior da taxa referente ao regime fechado,
de 151%, e referente ao semiaberto, de
133%. A superlotao do regime semiaberto,
apesar de menor, merece ateno, pois pode
acarretar reflexos na taxa de ocupao dos
estabelecimentos de regime fechado. A depender
do critrio adotado pela autoridade judicial, a
ausncia de vagas no regime semiaberto acarreta
a manuteno do condenado no regime fechado.
Apenas 38% das unidades prisionais
informaram quantas pessoas encontram-se
nessa condio. Nessas unidades, constatou-se
que h, no total, 7.399 pessoas que deveriam
ter progredido para o regime semiaberto e no
foram promovidas ao regime adequado por
falta de vagas. Esse valor corresponde a 13% das
pessoas que se encontram em regime fechado
nessas unidades. Se projetarmos essa proporo
para o contingente total de pessoas em regime
fechado no Brasil, poderamos inferir que h
cerca de 32.460 pessoas que teriam o direito de
progredir para o regime semiaberto, mas que no
tiveram tal direito assegurado por falta de vagas.
Somando esse quantitativo ao dficit de vagas
evidenciado pela ocupao dos estabelecimentos
destinados ao regime semiaberto, estima-se um
dficit de 55 mil vagas de regime semiaberto.
Figura 31. Vagas e pessoas privadas de liberdade, por natureza da priso ou tipo de regime
Fonte: Infopen, junho/2014
provisriosregimefechado
regimesemiaberto
regimeaberto
medida desegurana
outros/vrios
vagas 115.656 164.823 67.296 6.952 2.666 18.343
pessoas privadas de liberdade 222.190 249.701 89.639 15.036 2.497
300.000
250.000
200.000
150.000
100.000
50.000
-
44 Departamento Penitencirio Nacional - Ministrio da Justia
1
31. No esto contabilizadas as vagas indicadas em outros, pois no seria possvel atribuir a relao a determinado tipo de regime.
Figura 32. Vagas e dficit por natureza da priso ou tipo de regime por Unidade da Federao31
vaga
sd
cit
/pop
ula
o e
xced
ente
prov
isr
ios
sent
enci
ados
em
regi
me
fech
ado
sent
enci
ados
em
regi
me
sem
iabe
rto
0
AC
AL
AM
AP
BA
CE
DF
ES GO
MA
MG
MS
MT
PA PB PE PI
PR RJ
RN
RO
RR
RS
SC SE SP TO
20
%4
0%
60
%8
0%
10
0%
367
630
711
1184
8339
1134
5760
3085
2226
1363
8
336
4002
1926
4954
34
7
3756
8790
1741
1195
60 3627
6232
1686
3334
2
1031
3192
2365
181430
4
1449 10
3
5309
1247
2536
1429
3355
257
1357
2
3248
1465
1645
1366
1
17
02
1224
9241 58
6
57 747
6146
1190
3277
1
405
2591
0
AC
AL
AM
AP
BA
CE
DF
ES GO
MA
MG
MS
MT
PA PB PE PI
PR RJ
RN
RO
RR
RS
SC SE SP TO
20
%4
0%
60
%8
0%
10
0%
371
0 484
714
1200
2163
2618
1198
964
6617
2299
336
769
1515
31
6
2852
5470
765
868
120
5327
1900
1966
220
2517
4
495
1212
329
551
1174 17
6
1323
2205
1159 30
9
543
1219 33
5
349
2203 1
6
276
3143 18
0
274 43 938
530612
6
0
AC
AL
AM
AP
BA
CE
DF
ES GO
MA
MG
MS
MT
PA PB PE PI
PR RJ
RN
RO
RR
RS
SC SE SP TO
50
%1
00
%
1197
1854
538
915
1948
3226
4375
3856
1623
1434
5
3590
3847
2823
3922
94
1
1193
5
6342
1946
2676
786
1181
9
4410
582
6998
1
748
3932
666
996
989
588
2306
2673
2972
1650 68
3
5297
3591 30
0
1447
5186
5867
1182
725
373
4714
8
586
1428
Fonte: Infopen, junho/2014
-
45Departamento Penitencirio Nacional - Ministrio da Justia
A figura 32 mostra o dficit de vagas por
tipo de regime e situao processual por Unidade
da Federao. Em relao s vagas destinadas a
presos provisrios, os estados de Roraima, Mato
Grosso do Sul, Piau e Bahia apresentam o pior
dficit. Da situao de Santa Catarina destaca-
se a inexistncia de dficit de vagas para presos
provisrios. Roraima, Amap e Maranho, por
sua vez, tm um dficit abaixo da mdia nacional.
Quanto s vagas destinadas ao regime
fechado, existem seis Unidades da Federao
que no apresentam dficit de vagas destinadas
a esse regime: Alagoas, Maranho, Piau, Paran,
Roraima e Rio Grande do Sul.
A anlise da mdia de vagas e mdia
de presos no nos permite identificar grandes
disfunes, ao passo que os padres mximos
verificados nesses quesitos indicam um
distanciamento considervel de padres
adequados de construo e de ocupao. Os
estabelecimentos destinados ao recolhimento
de presos provisrios e os estabelecimentos
destinados ao cumprimento de pena em regime
semiaberto apresentam maior precariedade
nesta categoria.
Adicionalmente, alm de verificar
a mdia de vagas e seu mximo por tipo de
estabelecimento, parece relevante entender a
dinmica de entrada, movimentao e sada no
sistema como um todo.
Tabela 6. Mdia e mximo de vagas e presos por tipo de estabelecimento
Tipo de estabelecimento Mdia de vagasMdia de
presosMximo de
vagas Mximo
presos
Estabelecimento destinado ao recolhimento de presos provisrios 165,4 277,1 2.069 4.337
Estabelecimento destinado ao cumprimento de pena em regime fechado
442,4 664,8 1.997 3.151
Estabelecimento destinado ao cumprimento de pena em regime semiaberto
344,5 435 2.500 2.941
Estabelecimento destinado ao cumprimento de pena em regime aberto ou de limitao de fim de semana
96,3 316 612 2.132
Estabelecimento destinado ao cumprimento de medida de segurana de internao ou tratamento ambulatorial
215 171 808 642
Estabelecimento destinado a diversos tipos de regime
203,6 242,4 1.474 1.231
Estabelecim