levantamento nacional de informaÇÕes penitenciÁrias infopen - junho de 2014

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Levantamento Nacional DE INFORMAÇÕES PENITENCIÁRIAS INFOPEN - JUNHO DE 2014

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Relatório do Infopen é umaimportante ferramenta para o conhecimentoda realidade prisional brasileira. O processode revisão e ampliação do escopo dos dadoscoletados e os exercícios de tratamento dos dados,conforme explicações das notas metodológicas,representa grande avanço na política de gestãoda informação do Depen

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  • Levantamento NacionalDE INFORMAESPENITENCIRIASINFOPEN - JUNHO DE 2014

  • 2 Departamento Penitencirio Nacional - Ministrio da Justia

  • 3Departamento Penitencirio Nacional - Ministrio da Justia

    REPBLICA FEDERATIVA DO BRASIL

    Presidenta da RepblicaDILMA ROUSSEFF

    MINISTRIO DA JUSTIA

    Ministro de Estado da JustiaJOS EDUARDO CARDOZOSecretrio ExecutivoMARIVALDO DE CASTRO PEREIRA

    DEPARTAMENTO PENITENCIRIO NACIONAL

    Diretor-GeralRENATO CAMPOS PINTO DE VITTO

  • Departamento Penitencirio Nacional - Ministrio da Justia

    FICHA TCNICA

    Coordenao ExecutivaRenato Campos pinto De Vitto

    Coordenao Tcnicatatiana Whately De mouRa

    Autorestatiana Whately De mouRanatlia CaRuso theoDoRo RibeiRo

    ColaboradoresJoo VitoR RoDRigues louReiRoViCtoR maRtins pimentaClaRiCe Costa CalixtoValDiRene DaufembaCk

    Coleta dos dadosfRum bRasileiRo De seguRana pbliCa

  • Departamento Penitencirio Nacional - Ministrio da Justia

    SUMRIOApresentao 61. Introduo 82. Nota metodolgica 93. Dados gerais 113.1. Contextualizao do sistema prisional brasileiro no mundo 123.2. Populao prisional brasileira 153.2.1. Presos por natureza da priso e tipo de regime 203.3. Vagas 233.3.1. Tipo de estabelecimento 263.3.2. Caractersticas das unidades prisionais 293.3.3. Vagas por gnero 333.3.4. Grupos especficos e acessibilidade 353.4. Ocupao 373.4.1. Ocupao de acordo com a destinao do estabelecimento por gnero 413.4.2. Ocupao das unidades por tipo de regime ou natureza da priso 433.4.3. Movimentao no Sistema Prisional 464. Perfil 484.1. Faixa etria 484.2. Raa, cor ou etnia 504.3. Estado civil 534.4. Pessoas com deficincia 554.5. Escolaridade 574.6. Estrangeiros 604.7. Filhos 634.8. Tipo penal 654.9. Tempo de pena 725. Gesto 755.1. Recursos humanos 755.2. Tipo de gesto 815.3. Servios e assistncias 855.3.1. Terceirizao de servios 855.3.2. Visita social 885.3.3. Servio social 945.3.4. Psicologia 975.3.5. Atendimento jurdico gratuito 1005.3.6. Sade 1035.3.6.1. Mortalidade 1155.3.7. Educao 1165.3.8. Trabalho 1265.4. Espao para construo de novos modulos 1366. Sistema Penitencirio Federal 138Lista de figuras 143Lista de tabelas 146

  • 6 Departamento Penitencirio Nacional - Ministrio da Justia

    A situao carcerria uma das questes mais

    complexas da realidade social brasileira. O

    retrato das prises apresentado neste Relatrio

    do Infopen desafia o sistema de justia penal,

    a poltica criminal e a poltica de segurana

    pblica. O equacionamento de seus problemas

    exige, necessariamente, o envolvimento dos

    trs Poderes da Repblica, em todos os nveis

    da Federao, alm de se relacionar diretamente

    com o que a sociedade espera do Estado como

    ator de pacificao social.

    Diante dessa complexidade, parece acertado

    descartar qualquer soluo que se apresente

    como uma panacia, seja no mbito legislativo,

    administrativo ou judicial. No entanto, isso no

    significa que nada possa ser feito. Do contrrio, a

    magnitude do problema exige que os operadores

    jurdicos, os gestores pblicos e os legisladores

    intensifiquem seus esforos na busca conjunta

    de solues e estratgias inteligentes, e no

    reducionistas, aptas a nos conduzir construo

    de horizontes mais alentadores.

    Como apontado neste Relatrio do Infopen,

    os problemas no sistema penitencirio que se

    concretizam em nosso pas, devem nos conduzir

    a profundas reflexes, sobretudo em uma

    conjuntura em que o perfil das pessoas presas

    majoritariamente de jovens negros, de baixa

    escolaridade e de baixa renda.

    Alm da necessidade de construo de

    vagas para o sistema prisional, em relao

    qual, nos ltimos anos, o Governo Federal

    fez investimento recorde de mais de R$1,1

    bilho, preciso analisar a "qualidade" das

    prises efetuadas e o perfil das pessoas que

    tm sido encarceradas, para que seja possvel

    problematizar a "porta de entrada" e as prticas

    de gesto dos servios penais, desde a baixa

    aplicao de medidas cautelares e de alternativas

    penais at a organizao das diversas rotinas do

    cotidiano das unidades prisionais.

    ApresentaoNesse contexto, o Departamento Penitencirio

    Nacional (Depen) prope uma poltica nacional

    de melhoria dos servios penais, abrangendo

    quatro eixos bastante amplos: alternativas

    penais e gesto de problemas relacionados

    ao hiperencarceramento; apoio gesto dos

    servios penais e reduo do dficit carcerrio;

    humanizao das condies carcerrias e

    integrao social; e modernizao do sistema

    penitencirio nacional.

    Quanto ao primeiro eixo, a necessria busca

    por alternativas penais to ou mais eficazes

    que o encarceramento um desafio de

    alta complexidade que depende de estreita

    articulao com os rgos do sistema de justia

    criminal. Nesse sentido, tm sido extremamente

    interessantes os resultados da implantao das

    audincias de custdia, objeto de acordo de

    cooperao entre o Ministrio da Justia e o

    Conselho Nacional de Justia, que consistem na

    garantia da rpida apresentao da pessoa presa

    a um juiz nos casos de prises em flagrante.

    Na audincia, so ouvidas as manifestaes do

    Ministrio Pblico, da Defensoria Pblica ou

    do advogado da pessoa presa. Alm de analisar

    a legalidade e necessidade da priso, o juiz pode

    verificar eventuais ocorrncias de tortura ou de

    maus-tratos. Nesse projeto, o Depen viabiliza a

    estruturao de centrais de alternativas penais

    e centrais de monitoramento eletrnico, para

    que o juiz possa decidir por alternativas ao

    encarceramento provisrio.

    Quanto ao segundo eixo, a Lei de Execuo

    Penal atribui ao Depen a responsabilidade de

    assistir tecnicamente s unidades federativas

    (art. 72, inciso III). Para exercer essa atribuio,

    cabe ao Depen implementar modelo de

    cooperao federativa que promova o mximo

    de proximidade entre o Governo Federal e os

    gestores estaduais, utilizando os saberes de

    especialistas para disseminar e fortalecer boas

  • 7Departamento Penitencirio Nacional - Ministrio da Justia

    prticas. Assim, alm de buscar a qualificao

    dos estabelecimentos penais, com reduo do

    dficit de vagas, adequao arquitetnica e

    aparelhamento, preciso repensar a macrogesto

    das polticas e a microgesto do cotidiano das

    unidades prisionais.

    Quanto ao terceiro eixo, a humanizao das

    condies carcerrias depende da promoo de

    um modelo intersetorial de polticas pblicas

    de sade, de educao, de trabalho, de cultura,

    de esporte, de assistncia social e de acesso

    justia. Para que esses servios alcancem as 607

    mil pessoas que se encontram nos presdios

    brasileiros, as polticas devem ser implementadas

    pelos gestores estaduais especializados nas

    diferentes temticas sociais governamentais. J

    se sabe que inadequado o modelo de "instituio

    total", que desafia unicamente o gestor prisional a

    improvisar arranjos de servios para o ambiente

    intramuros, de forma frgil e desconectada s

    polticas sociais do Estado. Esse passo parece ser

    decisivo para reconhecermos, de fato, a pessoa

    privada de liberdade e o egresso como sujeitos

    de direitos.

    Quanto ao quarto eixo, a modernizao do

    sistema penitencirio nacional deve ocorrer

    pelo aumento de investimentos em tecnologia,

    para aprimorar procedimentos e garantir a

    segurana, e pelo aprimoramento da gesto de

    informaes, para coletar e tratar dados que

    permitam o monitoramento integrado pelos

    rgos de fiscalizao das condies carcerrias

    de estabelecimentos crticos, o planejamento

    da gesto dos servios penais e at mesmo o

    adequado acompanhamento da execuo da

    pena de cada pessoa privada de liberdade.

    Nesse cenrio, este Relatrio do Infopen uma

    importante ferramenta para o conhecimento

    da realidade prisional brasileira. O processo

    de reviso e ampliao do escopo dos dados

    coletados e os exerccios de tratamento dos dados,

    conforme explicaes das notas metodolgicas,

    representa grande avano na poltica de gesto

    da informao do Depen.

    Em nome de toda a equipe do Ministrio da

    Justia, desejamos a todos uma boa leitura e

    esperamos que deste conjunto de dados derivem

    variadas possibilidades de pesquisa e anlise

    que aprofundem o conhecimento da sociedade

    brasileira acerca da realidade vivenciada

    diariamente por mais de 600 mil pessoas

    privadas de liberdade, milhares de familiares

    dessas pessoas e milhares de trabalhadores dos

    servios penais.

    Renato Campos pinto De VittoDiretor-Geral do Departamento Penitencirio Nacional

    Jos eDuaRDo CaRDoZoMinistro da Justia

  • 8 Departamento Penitencirio Nacional - Ministrio da Justia

    O Infopen um sistema de informaes estatsticas do sistema penitencirio brasileiro. O sistema, atualizado pelos gestores dos estabelecimentos desde 2004, sintetiza informaes sobre os estabelecimentos penais e a populao prisional. Em 2014 foram realizadas diversas alteraes na metodologia e no instrumento de coleta de informaes com vistas a aprimorar o diagnstico do sistema prisional e, assim, possibilitar a elaborao de polticas pblicas cada vez mais adequadas realidade prisional.

    As mudanas realizadas so significativas. Alm da quantidade de novas informaes, como o fluxo de entrada e sada, detalhamento de aspectos relativos infraestrutura de pessoal e de recursos humanos, das assistncias previstas pela Lei de Execuo Penal, e da segurana dos estabelecimentos, o novo estudo diferencia-se dos levantamentos anteriores por agregar a anlise da qualidade da informao, com base no levantamento de registro de fonte primria de informao e no formato de apresentao dos dados. Pela primeira vez, o levantamento recebeu o formato de um relatrio detalhado.

    O tratamento dos dados permitiu amplo diagnstico da realidade estudada. O crescimento acelerado da populao carcerria brasileira, na contramo da trajetria dos demais pases de maior contingente prisional do mundo; a presena de presos condenados na ampla maioria dos estabelecimentos destinados a presos provisrios (84%) e a alarmante taxa de ocupao dessas unidades (1,9 presos por vaga em mdia); a informao de que a maioria dos presos provisrios est detida por prazo superior durao razovel do processo (60% esto custodiados h mais de 90 dias); e a situao de extrema superlotao em dezenas

    de estabelecimentos prisionais, que abrigam quatro pessoas ou mais por vaga disponvel (63 unidades). So todos dados essenciais para a leitura e a problematizao de nosso sistema prisional.

    Os diagnsticos realizados e divulgados nesse relatrio no esgotam, de forma alguma, todas as possibilidades de anlise. A publicao dos dados em formato aberto, pela primeira vez na histria do Departamento Penitencirio Nacional, permitir a livre interpretao dos dados a partir dos mais diversos olhares e perspectivas, com anlises crticas que podero somar compreenso da realidade prisional brasileira. Esse novo formato permitir a democratizao da informao, indicando possveis caminhos de anlise dos dados e fomentando a construo de alternativas para a busca de um horizonte melhor para o sistema prisional brasileiro.

    A alterao na metodologia do Infopen se insere em um conjunto de esforos do Departamento em aliar os avanos tecnolgicos e informacionais ao aprimoramento das polticas de execuo penal. Outro importante passo nesse sentido ser a criao do Sisdepen, sistema com o objetivo de unificar os dados referentes execuo de penas, priso cautelar e medida de segurana. Em seu estgio final de desenvolvimento, essa nova ferramenta permitir o acompanhamento individualizado do cumprimento das penas, por pessoa privada de liberdade, e o gerenciamento das informaes penitencirias, em nvel nacional, por estado e por estabelecimento penal.

    1. Introduo

  • 9Departamento Penitencirio Nacional - Ministrio da Justia

    O Infopen, conforme j ressaltado, um sistema de informaes estatsticas do sistema penitencirio brasileiro, atualizado pelos gestores dos estabelecimentos penais, que sintetiza informaes sobre as unidades e a populao prisional. Antes da existncia programa, os dados disponveis a respeito da realidade prisional do pas eram escassos, com pouca periodicidade e, frequentemente, no abrangiam todo o universo em questo. Com sua criao, esse quadro sofreu sensvel mudana a partir da produo de relatrios que comearam a desvelar a realidade existente no universo intramuros, ainda que muitas e importantes questes ainda permaneam invisveis aos olhos da sociedade.

    Nos dez anos de sua existncia, o Infopen se consolidou como ferramenta imprescindvel para anlise de informaes do sistema penitencirio brasileiro, auxiliando na compreenso do impacto e da eficcia das polticas pblicas desenvolvidas na rea. De 2004 at hoje, contudo, nenhuma alterao havia sido feita em sua base metodolgica. Certo da importncia da gesto da informao e da potencialidade dessa ferramenta, em 2014, o Depen reformulou a metodologia utilizada, com vistas a modernizar o instrumento de coleta e ampliar o leque de informaes coletadas.

    Uma das principais preocupaes que nortearam o processo de reviso do instrumento de coleta de informaes prisionais est relacionada necessidade de padronizao do entendimento sobre as informaes a serem preenchidas. A divergncia de compreenso sobre a informao solicitada resultava em inconsistncias das informaes. No instrumento utilizado para coleta de informaes em junho de 2014, foram includos descritores para auxiliar o preenchimento.

    Alm dos descritores, outras alteraes

    foram efetuadas: adequao de opes de respostas de modo a contemplar todos os cenrios; incluso de questes que possibilitam um diagnstico dos estabelecimentos prisionais, como ferramenta de gesto; incluso de questes sobre o perfil da populao privada de liberdade que possibilitam a elaborao de polticas pblicas para grupos especficos; e incluso de questes sobre a disponibilidade do dado, de modo a prezar pela qualidade da informao.

    A plataforma de preenchimento foi desenvolvida atravs de uma parceria com o Frum Brasileiro de Segurana Pblica (FBSP), cuja misso atuar como um espao nacional de referncia e cooperao tcnica na rea de segurana pblica e sistema prisional para a melhoria no s das estatsticas existentes, mas, sobretudo, das polticas pblicas.

    Foi longo e intenso o processo que antecedeu a publicao final do relatrio. Para que os esforos empregados nessa mudana significassem um avano significativo na coleta de dados, o Depen convidou especialistas e organizaes da sociedade civil que tratam da questo prisional para participar da elaborao da nova metodologia e reviso do formulrio, pactuando esse novo instrumento com os dirigentes do sistema prisional. A partir de ento foi travado intenso dilogo com os gestores prisionais locais para que fosse provida a devida orientao quanto ao preenchimento do formulrio, seguida de uma anlise de inconsistncias potenciais que foram comunicadas administrao prisional local para os necessrios ajustes, e, por fim, de um processo de anlise e interpretao dos dados.

    Apesar de todos os esforos do Depen, com prorrogao de prazos, solicitaes reiteradas1 e adequao do formato de entrega dos dados, o estado de So Paulo no respondeu ao presente levantamento. Como este estado

    2. Nota Metodolgica

  • 10 Departamento Penitencirio Nacional - Ministrio da Justia

    responsvel pela custdia de mais de um tero da populao prisional brasileira, levantamos as informaes sobre tipo de estabelecimento, nmero de vagas e populao prisional no portal da Secretaria de Administrao Penitenciria do estado de So Paulo, em abril de 20152. Outras informaes referentes ao estado de So Paulo no puderam ser obtidas e, apesar da relevncia para o diagnstico prisional nacional, ficaram de fora do presente relatrio.

    As informaes sobre pessoas custodiadas em carceragens de delegacias ou estabelecimentos similares administrados pelas Secretarias de Segurana Pblica eram, at 2014, informadas pelas secretarias responsveis pela administrao prisional. Por se tratarem de secretarias distintas, na maioria dos estados, os dados deixavam de ser informados, em alguns casos. Essa informao passou, a partir do presente levantamento, a ser coletada junto Secretaria Nacional de Segurana Pblica3.

    O lapso de um ano entre o perodo de referncia das informaes e a publicao do relatrio sintoma da complexidade desse percurso, mas revela tambm a necessidade de contnuo aprimoramento dos processos com vistas a disponibilizar, de forma mais atualizada, o diagnstico com os dados prisionais do pas.

    O novo estudo diferencia-se dos levantamentos anteriores, agregando a anlise da qualidade da informao com base no levantamento da existncia de registro da informao na unidade prisional.

    Diversos obstculos encontrados na coleta dos dados deixaram lacunas no

    diagnstico de parcela das informaes que foram solicitadas s Unidades da Federao durante o levantamento em muitos casos, esto presentes apenas informaes de parte dos estabelecimentos de cada ente federado, exigindo projees para se estimar a realidade global de determinado quesito; em outros casos, simplesmente no foi possvel realizar a anlise referente a determinados dados para algumas Unidades da Federao. As dificuldades mencionadas permitem inferir, em grande medida, a ausncia de informaes bsicas nas unidades prisionais, revelando o baixo nvel de conhecimento dos estabelecimentos a respeito dos presos que custodiam, com reflexos na qualidade da gesto prisional. A incluso de campos sobre disponibilidade de dados, contudo, permitir analisar, de agora em diante, a evoluo da qualidade da informao fornecida por cada Unidade da Federao.

    Ao longo do processo, os resultados obtidos e as dificuldades encontradas a partir da mudana na metodologia de coleta das informaes revelou a importncia de se intensificar os esforos para aprimoramento constante das informaes obtidas. Os esforos so contnuos e contamos nesse processo com as secretarias estaduais, os gestores responsveis pelo preenchimento do Infopen e especialistas e demais interessados em analisar, criticar e debater o instrumento e seu resultado, com vistas melhoria da gesto da informao e, assim, da poltica penal brasileira.

    123

    1. Por meio de ofcios, telefonemas e reunies.2. Algumas unidades prisionais de So Paulo realizaram o preenchimento do Infopen, ao menos parcialmente. As informaes sobre nmero de vagas e populao prisional das unidades que responderam foram utilizadas, de modo a minimizar a diferena dos dados entre junho de 2014 (perodo de coleta deste relatrio) e abril de 2015 (perodo de levantamento das informaes no site da SAP-SP). As demais informaes dessas unidades no foram consideradas por no estarem completas e no terem sido validadas pela Secretaria.3. Importante destacar que o levantamento de 2014 desta secretaria refere-se a dados referentes ao ano de 2013. Desse modo, as informaes sobre pessoas custodiadas em estabelecimentos das Secretarias de Segurana Pblica referem-se a dezembro de 2013.

  • 11Departamento Penitencirio Nacional - Ministrio da Justia

    Tabela 1. Pessoas privadas de liberdade no Brasil em junho de 20144

    Brasil - 2014

    Populao prisional 607.731

    Sistema Penitencirio 579.423

    Secretarias de Segurana/ Carceragens de delegacias

    27.950

    Sistema Penitencirio Federal 358

    Vagas 376.669

    Dficit de vagas 231.062

    Taxa de ocupao 161%

    Taxa de aprisionamento 299,7

    Fonte: Infopen, jun/2014; Senasp, dez/2013; IBGE, 2014

    A tabela n 1 apresenta um panorama

    geral da populao prisional brasileira5 . Como

    possvel observar, no primeiro semestre de

    2014, o nmero de pessoas privadas de liberdade

    no Brasil ultrapassou a marca dos seiscentos

    mil6. Atualmente, existem cerca de 300 presos

    para cada cem mil habitantes no pas. O nmero

    de presos consideravelmente superior s

    quase 377 mil vagas do sistema penitencirio,

    totalizando um dficit de 231.062 vagas e uma

    3. Dados Gerais

    12

    4. Dados do sistema prisional referentes a 30 de junho de 2014. 5. No clculo da populao, optou-se por contabilizar as pessoas privadas de liberdade em estabelecimentos penais. Esse critrio o mesmo adotado pelo International Centre for Prison Studies (ICPS), responsvel por realizar o principal levantamento da populao prisional do mundo. Na aferio, no so contabilizadas as pessoas em priso albergue domiciliar, cujas condies de aprisionamento no so administradas diretamente pelo Poder Executivo. 6. Segundo dados do Conselho Nacional de Justia (CNJ), em 2014, havia cerca de 147.937 pessoas em priso domiciliar. Se somarmos esse valor populao prisional brasileira contabilizada pelo Infopen, constata-se que h 775.668 pessoas privadas de liberdade no Brasil. O dado do CNJ est disponvel em: http://www.cnj.jus.br/images/imprensa/diagnostico_de_pessoas_presas_correcao.pdf

    taxa de ocupao mdia dos estabelecimentos

    de 161%. Em outras palavras, em um espao

    concebido para custodiar 10 pessoas, existem

    por volta de 16 indivduos encarcerados.

    Os dados acima, por si s, sinalizam

    a gravidade da situao do sistema prisional

    brasileiro. Contudo, para uma melhor

    compreenso desse quadro, pertinente

    comparar a realidade brasileira com a realidade

    de outros pases.

  • 12 Departamento Penitencirio Nacional - Ministrio da Justia

    1

    7. Disponvel em www.prisonstudies.org, acessado em maio de 2015 (maioria dos dados de 2013 e 2014).

    3.1. Contextualizao do sistema prisional brasileiro no mundo

    Pas Populao prisional

    Taxa da populao prisional para cada 100.000

    habitantes

    Taxa de ocupao

    Taxa de presos sem condenao

    Estados Unidos 2.228.424 698 102,70% 20,40%

    China 1.657.812 119 - -

    Rssia 673.818 468 94,20% 17,90%

    Brasil 607.731 300 161,00% 41,00%

    ndia 411.992 33 118,40% 67,60%

    Tailndia 308.093 457 133,90% 20,60%

    Mxico 255.638 214 125,80% 42,00%

    Ir 225.624 290 161,20% 25,10%

    Indonsia 167.163 66 153,00% 31,90%

    Turquia 165.033 212 101,20% 13,90%

    frica do Sul 157.824 290 127,70% 26,00%

    Vietn 142.636 154 - 12,80%

    Colmbia 116.760 237 149,90% 35,20%

    Filipinas 110.925 113 316,00% 63,10%

    Etipia 93.044 111 - 14,00%

    Reino Unido 85.704 149 111,60% 14,40%

    Polnia 78.139 203 90,20% 7,70%

    Paquisto 74.944 41 177,40% 66,20%

    Marrocos 72.816 221 157,80% 46,20%

    Peru 71.913 232 223,00% 49,80%

    Figura 1. Informaes prisionais dos vinte pases com maior populao prisional do mundo

    Fonte: elaborao prpria com dados do ICPS, ltimo dado disponvel para cada pas7

  • 13Departamento Penitencirio Nacional - Ministrio da Justia

    12 3

    8. A taxa de aprisionamento indica o nmero de pessoas presas para cada cem mil habitantes. O objetivo de utilizar essa medida permitir a comparao entre locais com diferentes tamanhos de populao e neutralizar o impacto do crescimento populacional, permitindo a comparao a mdio e longo prazo.9. A taxa de ocupao indica a razo entre o nmero de pessoas presas e a quantidade de vagas existentes, servindo como um indicador do dficit de vagas no sistema prisional.10. A taxa de presos sem condenao indica qual porcentagem da populao prisional composta por presos provisrios.

    A figura 1 traz um panorama geral da

    situao prisional dos vinte pases com maior

    nmero de presos no mundo. Em nmeros

    absolutos, o Brasil tem a quarta maior populao

    prisional, ficando atrs apenas dos Estados

    Unidos, da China e da Rssia. Cotejada a taxa

    de aprisionamento8 desses pases, constata-se

    que, em termos relativos, a populao prisional

    brasileira tambm a quarta maior: somente os

    Estados Unidos, a Rssia e a Tailndia tm um

    contingente prisional mais elevado.

    A taxa de ocupao9 dos estabelecimentos

    prisionais brasileiros (161%) a quinta maior

    entre pases em questo. As Filipinas (316%),

    o Peru (223%) e o Paquisto (177%) tm a

    maior taxa de ocupao prisional. Apesar de

    os Estados Unidos contarem com a maior

    populao prisional do mundo, e a Rssia

    com a terceira maior, a taxa de ocupao

    desses pases relativamente pequena.

    Enquanto os estabelecimentos prisionais

    russos operam, em mdia, aqum de sua

    capacidade, com cerca de 94% de ocupao,

    os estabelecimentos dos Estados Unidos

    operam somente um pouco acima (102%).

    O Brasil exibe, entre os pases

    comparados, a quinta maior taxa de presos sem

    condenao10. Do total de pessoas privadas de

    liberdade no Brasil, aproximadamente quatro

    entre dez (41%), estavam presas sem ainda

    terem sido julgadas. Na ndia, no Paquisto e nas

    Filipinas, mais de 60% da populao prisional

    encontra-se nessa condio. Em nmeros

    absolutos, o Brasil tem a quarta maior populao

    de presos provisrios, com 222.190 pessoas.

    Os Estados Unidos (480.000) so o pas com

    o maior nmero de presos sem condenao,

    seguidos da ndia (255.000) e da estimativa em

    relao China (250.000).

    Segundo relatrio do ICPS (2014),

    cerca de 3 milhes de pessoas no mundo esto

    presas provisoriamente e, em mais da metade

    dos pases, observa-se que h uma tendncia

    crescente no uso dessa medida. Essa tendncia,

    alm de contribuir para a superlotao dos

    estabelecimentos prisionais e de elevar os

    custos do sistema, expe um grande nmero de

    indivduos s consequncias do aprisionamento.

  • 14 Departamento Penitencirio Nacional - Ministrio da Justia

    12

    11. A anlise utiliza o perodo de 1995 a 2010 na comparao, e no um recorte temporal mais recente, pois somente at 2010 possvel obter dados em srie histrica dos 50 pases que mais encarceram no mundo. 12. A variao da taxa de aprisionamento mede a proporo em que a populao prisional cresceu em relao populao total, em dado perodo.

    -40%

    Uzb

    equi

    sto

    Tanz

    nia

    Rom

    nia

    Nig

    ria

    Co

    reia

    do

    No

    rte

    Caz

    aqui

    sto

    Paq

    uist

    o

    Ucr

    nia

    Bie

    lorr

    ssi

    a

    Qu

    nia

    Can

    ad

    Rs

    sia

    Ale

    man

    ha

    fr

    ica

    do S

    ul

    Fran

    a

    Chi

    na

    Mal

    sia

    Mar

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    s

    Taiw

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    Esta

    dos

    Uni

    dos

    Ban

    glad

    esh

    Egit

    o

    Pol

    nia

    Arg

    lia

    Itl

    ia

    Aus

    trl

    ia

    Espa

    nha

    Jap

    o

    Rei

    no U

    nido

    Tail

    ndia

    Ven

    ezue

    la

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    u

    Mx

    ico

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    Chi

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    Arg

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    na

    Turq

    uia

    Vie

    tn

    Bra

    sil

    Indo

    nsi

    a

    -34%-34%-33%-27%-25%-23%-20%-18%-16%-12%-2%9%10%10%

    13%14%15%23%23%

    29%30%31%32%35%

    41%44%50%53%

    61%67%

    78%

    92%101%105%

    107%

    122%125%

    136%145%

    frica

    Amrica

    Europa

    sia

    Oceania

    -50%

    0%

    50%

    100%

    150%

    200%

    Figura 2. Variao da taxa de aprisionamento entre os anos de 1995 a 201011

    Fonte: Internacional Center for Prison Studies, 2014 elaborao prpria.

    -8% -9%

    -24%

    33%

    -30%

    -20%

    -10%

    0%

    10%

    20%

    30%

    40%

    Estados Unidos China Rssia Brasil

    Figura 3. Variao da taxa de aprisionamento entre 2008 e 2014 nos 4 pases com maior populao prisional do mundo

    * Comparao entre 2008 e 2013 (ltimo dado disponvel)

    Fonte: elaborao prpria, com dados do ICPS

    No perodo analisado, o Brasil registrou,

    entre os cinquenta pases com maior populao

    prisional, a segunda maior variao na taxa

    de aprisionamento12, com um crescimento na

    ordem de 136%. Apenas na Indonsia o ritmo

    de crescimento relativo da populao prisional

    foi maior do que no Brasil. No entanto, cumpre

    ressaltar que, apesar de a Indonsia apresentar

    a maior variao nessa taxa, esse pas tem uma

    taxa de aprisionamento de 66 presos para cada

    cem mil habitantes, e uma populao prisional

    de 167.163 pessoas, cifras consideravelmente

    inferiores s brasileiras.

  • 15Departamento Penitencirio Nacional - Ministrio da Justia

    A figura 3 mostra a variao, nos ltimos

    cinco anos, da taxa de aprisionamento dos

    quatro pases com a maior populao prisional

    do mundo. Observando o grfico, nota-se que

    a variao da taxa de aprisionamento brasileira

    apresenta tendncia contrria aos demais pases.

    Desde 2008, os Estados Unidos, a China e,

    principalmente, a Rssia, esto reduzindo seu

    ritmo de encarceramento, ao passo que o Brasil

    vem acelerando o ritmo.

    Entre 2008 e 2013, os Estados Unidos

    reduziram a taxa de pessoas presas de 755 para

    698 presos para cada cem mil habitantes, uma

    reduo de 8%. A China, por sua vez, reduziu, no

    mesmo perodo, de 131 para 119 a taxa (-9%). O

    caso russo o que mais se destaca: o pas reduziu

    em, aproximadamente, um quarto (-24%) a taxa

    de pessoas presas para cada cem mil habitantes.

    Mantida essa tendncia, pode-se projetar que

    a populao privada de liberdade do Brasil

    ultrapassar a da Rssia em 2018.

    Em seguida, sero analisados os dados

    brasileiros referentes a pessoas presas, vagas e

    ocupao.

    90,0114,3 126,2 129,2

    148,8 170,6194,1

    232,8 233,9 239,3

    308,3336,4

    361,4401,2

    422,4 429,4473,6

    496,3 514,6549,8

    581,5607,7

    0,0

    100,0

    200,0

    300,0

    400,0

    500,0

    600,0

    700,0

    1990 1992 1993 1994 1995 1997 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014

    aumentode 575%

    3.2. POPULAO PRISIONAL BRASILEIRA13

    Figura 4. Evoluo das pessoas privadas de liberdade (em mil)

    Fonte: Ministrio da Justia a partir de 2005, dados do Infopen/MJ

    1

    13. At 2010, o Depen produzia apenas relatrios anuais do Infopen. exceo do ano de 2002, em que o relatrio pro-duzido apresentou os quantitativos do primeiro semestre do referido ano, os relatrios at 2010 fazem referencia ao ms de dezembro do referido ano.

    De acordo com os ltimos dados

    coletados, a populao prisional brasileira

    chegou a 607.731 pessoas. Pela primeira vez, o

    nmero de presos no pas ultrapassou a marca

    de 600 mil. O nmero de pessoas privadas de

    liberdade em 2014 6,7 vezes maior do que

    em 1990. Desde 2000, a populao prisional

    cresceu, em mdia, 7% ao ano, totalizando um

    crescimento de 161%, valor dez vezes maior que

    o crescimento do total da populao brasileira,

    que apresentou aumento de apenas 16% no

    perodo, em uma mdia de 1,1% ao ano.

  • 16 Departamento Penitencirio Nacional - Ministrio da Justia

    2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014

    Taxa 137,1 135,7 137,1 174,3 185,2 196,2 214,8 229,6 226,5 247,3 260,2 267,5 283,5 289,3 299,7

    0,00

    50,0

    100,0

    150,0

    200,0

    250,0

    300,0

    350,0

    Figura 5. Evoluo da taxa de aprisionamento no Brasil

    Fonte: Infopen, junho/2014

    Entre 2000 e 2014, a taxa de

    aprisionamento aumentou 119%. Em 2000,

    havia 137 presos para cada 100 mil habitantes.

    Em 2014, essa taxa chegou a 299,7 pessoas. Caso

    mantenha-se esse ritmo de encarceramento, em

    2022, a populao prisional do Brasil ultrapassar

    a marca de um milho de indivduos. Em 2075,

    uma em cada dez pessoas estar em situao de

    privao de liberdade.

    Cabe destacar que, no ano 2000, 25%

    da populao privada de liberdade encontrava-

    se custodiada em carceragens de delegacia

    ou estabelecimentos similares, administrados

    pelos rgos de Segurana Pblica. Em 2014,

    esse percentual caiu para 5%. Essa reduo

    de significativa importncia, pois esses

    estabelecimentos no se mostram adequados

    para o cumprimento de pena nos termos da lei

    de execuo penal14.

    1

    14. No 3 Encontro Nacional do Judicirio, em 2010, o Conselho Nacional de Justia (CNJ) recomendou a desativao das carceragens de polcia de todo o pas.

  • 17Departamento Penitencirio Nacional - Ministrio da Justia

    1.610 2.654 3.224 3.233 3.486 4.307 5.785 6.098 7.081 7.455 7.631 9.596 10.357 13.244 13.268 14.171 14.904 15.399 16.234 17.914

    21.789 28.059 28.70231.510

    39.32161.286

    219.053SPMG

    RJ

    PE

    PR

    RS

    CE

    SC

    ES

    BA

    MS

    DF

    PA

    GO

    MT

    PB

    RO

    AM

    RN

    MA

    AL

    SE

    AC

    TO

    PI

    AP

    RR

    - 50.000 100.000 150.000 200.000 250.000

    Pessoas privadas de liberdade

    Acima de 219.000

    30.000 a 219.000

    15.000 a 30.000

    10.000 a 15.000

    5.000 a 10.000

    1.000 a 5.000

    Figura 6. Populao prisional no Brasil por Unidade da Federao

    Fonte: Infopen, jun/2014

    Como possvel notar, o nmero de

    pessoas presas nas Unidades da Federao

    bastante distinto, conforme a figura 6. So Paulo,

    estado com o maior nmero de presos, tem

    219.053 pessoas privadas de liberdade, montante

    que corresponde a cerca de 36% da populao

    prisional do pas. Minas Gerais, com 61.286

    presos, e Rio de Janeiro, com 39.321, ocupam,

    respectivamente, o segundo e terceiro lugares no

    ranking. Roraima, que tem 1.610 pessoas presas,

    o estado com a menor populao carcerria em

    nmeros absolutos.

    Em parte, a diferena entre a quantidade

    de pessoas presas nas Unidades da Federao

    uma consequncia das diferenas demogrficas

    entre os entes. Sendo So Paulo o estado

    mais populoso do pas, e Roraima o menos,

    de se esperar que tenham, nessa ordem, a

    maior e a menor populao prisional entre as

    Unidades da Federao. Por essa razo, para

    uma compreenso mais aprofundada, alm de

    comparar a populao prisional desses entes em

    nmeros absolutos, necessrio realizar uma

    anlise relativa desses quantitativos.

  • 18 Departamento Penitencirio Nacional - Ministrio da Justia

    89,0

    100,9

    101,8

    164,3

    174,2

    192,4

    194,0

    203,0

    207,7

    216,0

    238,9

    243,3

    246,4

    250,4

    259,0

    266,3

    295,6

    321,2

    324,0

    339,6

    353,4

    417,9

    436,4

    441,2

    496,8

    497,4

    568,9MS

    SP

    DF

    AC

    RO

    ES

    AP

    PE

    RR

    MT

    MG

    SC

    PR

    RS

    CE

    PB

    RJ

    TO

    RN

    GO

    SE

    AM

    AL

    PA

    BA

    PI

    MA

    Brasil:299,7

    Taxa de pessoas privadas de liberdadepara cada 100.000 habitantes

    450 a 569

    300 a 450

    220 a 300

    110 a 220

    50 a 110

    Figura 7. Taxa de aprisionamento por Unidade da Federao

    Fonte: Infopen, junho/2014

    A anlise da taxa de aprisionamento

    possibilita traar a dimenso da populao

    prisional das Unidades da Federao. Em mdia,

    a taxa brasileira de 300 presos para cada cem

    mil habitantes aproximadamente. Como mostra

    a figura 7, apesar de Mato Grosso do Sul ter a

    stima maior populao prisional do pas, em

    termos proporcionais, o estado com o maior

    nmero de presos: 568,9 para cada cem mil

    habitantes. O Maranho, por sua vez, o estado

    com o menor nmero de presos em termos

    proporcionais, 89 para cada cem mil habitantes.

    So Paulo, cuja populao prisional a

    maior em nmeros absolutos, o segundo da lista,

    com 497,4 presos para cada cem mil habitantes.

    Esse dado evidencia que o elevado nmero de

    pessoas privadas de liberdade no estado no se

    justifica apenas em razo de seu contingente

    populacional: enquanto a populao do estado

    equivale a cerca de 20% da populao total do

    pas, sua populao prisional corresponde a 36%

    do total. A taxa de aprisionamento do Distrito

    Federal (496,8), Unidade da Federao com

    o maior ndice de Desenvolvimento Humano

    (IDH)15, aproxima-se da taxa de So Paulo,

    figurando como a terceira maior do pas.

    115. O IDH uma medida comparativa usada para classificar, pases ou regies, de acordo com seu desenvolvimento, com base em trs componentes: expectativa de vida, educao e Produto Interno Bruto per capita. De acordo com anlise mais recente, o Distrito Federal a nica Unidade da Federao brasileira cujo IDH classificado como muito alto.

  • 19Departamento Penitencirio Nacional - Ministrio da Justia

    A figura 8 mostra a evoluo da taxa de

    aprisionamento nas Unidades da Federao no

    perodo entre 2005 e 2014. exceo de sete

    estados Acre, Amazonas, Bahia, Maranho,

    Piau, Sergipe e Rio Grande do Norte , a taxa de

    pessoas presas de todas as Unidades da Federao

    encontra-se em uma faixa mais elevada que no

    incio do perodo analisado. Esse dado evidencia

    a tendncia crescente de encarceramento em

    quase todo o pas. Em alguns estados, esse

    movimento ainda mais pronunciado. No

    perodo em questo, as taxas do Esprito Santo

    e de Pernambuco subiram mais de um patamar,

    saltando da faixa de 110 a 220 presos para cada

    cem mil habitantes para a faixa de 300 a 450.

    Em todas as Unidades da Federao

    houve um crescimento da populao prisional

    em relao a cada cem mil habitantes. Contudo,

    em alguns entes, o ritmo de encarceramento

    foi mais pronunciado. Entre 2005 e 2014, a

    populao prisional brasileira aumentou, em

    mdia, 66%, enquanto, em alguns estados, mais

    do que dobrou: em Tocantins, aumentou 174%;

    em Minas Gerais, 163%; no Esprito Santo,

    130%; em Alagoas, 117%; na Bahia, 116%; no

    Amazonas, 103%.

    Taxa de pessoas privadas de liberdadepara cada 100.000 habitantes

    450 a 569

    300 a 450

    220 a 300

    110 a 220

    50 a 110

    Figura 8. Taxa de aprisionamento em 2005 e 2014 por Unidade da Federao

    Fonte: Infopen, dezembro/2005 e junho/2014

    2005 2014

  • 20 Departamento Penitencirio Nacional - Ministrio da Justia

    3.2.1. Presos por natureza da priso e tipo de regime16

    A figura 9 apresenta o nmero de presos

    quanto natureza da priso e ao tipo de regime.

    Observando o grfico, constata-se que cerca de

    41% das pessoas privadas de liberdade so presos

    sem condenao, a mesma proporo de pessoas

    em regime fechado.

    Apenas 3% das pessoas privadas de

    liberdade esto em regime aberto e 15% em

    semiaberto. Para cada pessoa no regime aberto,

    h cerca de 14 pessoas no regime fechado;

    para cada pessoa do regime semiaberto, h

    aproximadamente trs no fechado.

    250.213 - 41%

    250.094 - 41%

    89.639 - 15%

    15.036 - 3% 2.497 - 0% 360 - 0%Sem condenao

    Sentenciados regime fechado

    Sentenciados regime semiaberto

    Sentenciados regime aberto

    Medida de Segurana internao

    Medida de Segurana tratamento ambulatorial

    Figura 9. Pessoas privadas de liberdade por natureza da priso e tipo de regime17

    Fonte: Infopen, junho/2014

    12

    16. O levantamento identificou o nmero de pessoas privadas de liberdade por tipo de regime a que estavam submetidas no dia 30 de junho de 2014. Para os fins do presente relatrio, para as pessoas simultaneamente condenadas e sem condenao, prevalece a situao de condenao, desde que vigente regime de cumprimento de pena fechado ou semiaberto. Por preso sem condenao entende-se a pessoa privada sem ter sido julgada, no tendo recebido condenao definitiva. 17. Os dados de presos sem condenao inclui tanto pessoas custodiadas nas unidades das Secretarias de Segurana Pblica quanto os presos provisrios em estabelecimentos do sistema prisional.

  • 21Departamento Penitencirio Nacional - Ministrio da Justia

    No Brasil, cerca de 41% das pessoas

    privadas de liberdade so presos sem condenao.

    Significa dizer que quatro a cada dez presos

    esto encarcerados sem terem sido julgados e

    condenados. A figura 10 mostra que, entre as

    Unidades da Federao, a varincia dessa taxa

    ampla: enquanto apenas 16% das pessoas privadas

    de liberdade em Roraima so presos provisrios,

    em Sergipe 7 em cada 10 presos encontram-se

    nessa situao. Alm deste estado, outras sete

    Unidades da Federao tm uma quantidade

    maior de presos provisrios do que condenados:

    Maranho, Bahia, Piau, Pernambuco, Amazonas,

    Minas Gerais e Mato Grosso.

    Alm da porcentagem de presos sem

    condenao, releva aferir o tempo mdio que o

    preso sem condenao fica recolhido. Para uma

    constatao exata desse dado, seria necessria

    a anlise individual dos processos judiciais das

    pessoas privadas de liberdade, o que foge do escopo

    de investigao do Infopen. No entanto, a fim de

    aferir esse dado a partir da metodologia do Infopen,

    incluiu-se no levantamento um questionamento

    sobre o contingente de presos sem condenao

    retidos h mais de 90 dias18. Cerca de 37% das

    unidades prisionais informaram deter o controle

    da informao. O grfico da figura 11, a seguir,

    sistematiza essas respostas.

    1

    18. Prazo previsto para encerramento das instruo preliminar do procedimento do Jri e pouco superior soma dos prazos do procedimento ordinrio para encerramento da instruo e prolao da sentena. De uma forma geral, e desconsiderando as peculiaridades do caso concreto, lcito concluir que esse um prazo razovel para encerramento da instruo.

    Porcentagens depresos provisrios

    60% a 73%

    50% a 59%

    40% a 49%

    30% a 39%

    16% a 29%

    73%

    16%19%

    25%29%

    31%32%32%

    33%35%

    37%42%

    44%44%

    46%49%49%49%

    50%50%

    53%53%

    57%59%

    64%65%

    66%

    0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80%

    SE

    MA

    BA

    PI

    PE

    AM

    MG

    MT

    RR

    CE

    PR

    GO

    PA

    RJ

    TO

    ES

    AL

    PB

    RS

    RN

    DF

    SP

    AP

    MS

    SC

    AC

    RO

    Figura 10. Taxa de presos sem condenao nas Unidades da Federao

    Fonte: Infopen, junho/2014

  • 22 Departamento Penitencirio Nacional - Ministrio da Justia

    3%14%

    27%32%33%33%

    36%38%

    42%45%47%

    51%51%53%

    61%62%64%65%66%68%70%

    73%80%

    93%99%

    0 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100%

    CE

    AL

    MT

    RS

    MS

    RN

    PB

    AM

    BA

    PE

    ES

    AC

    TO

    AP

    SC

    PA

    MG

    SE

    MA

    GO

    RR

    PI

    RO

    DF

    RJ

    SP*

    PR*

    Figura 11. Porcentagem de presos sem condenao com mais de 90 dias de aprisionamento19

    *Sem informaoFonte: Infopen, junho/2014

    1

    19. Considera apenas as unidades que tinham controle dessa informao.

    Nas unidades prisionais que informaram

    o dado, cerca de 60% dos presos provisrios

    esto custodiados h mais de noventa dias

    aguardando julgamento. As unidades do Cear

    que responderam questo apresentam a

    situao mais alarmante: quase a totalidade dos

    presos provisrios, 99%, est h mais de noventa

    dias encarcerados sem ainda terem passado por

    julgamento. Em Alagoas (93%) e Mato Grosso

    (80%), a situao anloga. Cabe ressaltar que,

    dada a pequena parcela de estabelecimentos que

    responderam questo, no possvel, a partir

    dessa amostra, generalizar a situao apontada.

    Contudo, a informao inicial apresentada pelo

    grfico aponta a relevncia de uma apurao

    mais aprofundada da questo.

    A seguir sero analisadas as vagas

    disponibilizadas pelo sistema prisional.

  • 23Departamento Penitencirio Nacional - Ministrio da Justia

    3.3. Vagas

    A figura 12 indica que, apesar de

    o nmero de vagas ter quase triplicado no

    perodo, o dficit de vagas mais do que dobrou.

    Essa constatao se justifica pela tendncia de

    crescimento exponencial da populao prisional.

    No Brasil, existem, ao todo, 1.424 unidades

    prisionais. Quatro desses estabelecimentos so

    penitencirias federais, as demais unidades so

    estabelecimentos estaduais. Dada a natureza

    especfica dos estabelecimentos federais, cujo

    principal objetivo possibilitar o isolamento de

    lideranas do crime organizado, no pertinente

    analisar as 1.424 de modo agregado. Por essa

    razo, as Penitencirias Federais sero analisadas

    em uma seo especfica deste relatrio.

    700.000

    600.000

    500.000

    400.000

    300.000

    200.000

    100.000

    -

    2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014

    Presos 232.755 233.859 239.345 308.304 336.358 361.402 401.236 422.373 429.390 473.626 496.251 514.582 549.786 581.507 607.731

    Vagas 135.710 141.297 156.432 179.489 200.417 206.559 236.148 249.515 266.946 278.726 281.520 295.413 311.793 340.421 376.669

    97.045 92.562 82.913 128.815 135.941 154.843 165.088 172.858 162.444 194.900 214.731 219.169 237.993 241.086 231.062

    Figura 12. Evoluo histrica da populao prisional, das vagas e do dficit de vagas

    Fonte: Infopen

    43162

    846

    965

    5032

    5035

    137778

    4159

    44184

    3295

    356

    15822

    820

    912

    0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200

    AC

    AL

    AM

    AP

    BA

    CE

    DF

    ES

    GO

    MA

    MG

    MS

    MT

    PA

    PB

    PE

    PI

    PR

    RJ

    RN

    RO

    RR

    RS

    SC

    SE

    SP

    TO Unidades prisionais

    1 ponto = 1 unidade prisional

    Figura 13. Distribuio das unidades prisionais no Brasil

    Fonte: Infopen, junho/2014

  • 24 Departamento Penitencirio Nacional - Ministrio da Justia

    Figura 14. Capacidade do sistema prisional

    Fonte: Infopen, junho/2014

    UF Total de unidades Total de vagasMdia de vagas

    das unidades prisionais

    Capacidade mxima

    observada em unidade da UF

    AC 12 2.258 188 588

    AL 9 2.589 288 762

    AM 20 3.385 169 627

    AP 8 1.898 237 850

    BA 22 8.321 378 1.004

    CE 158 11.790 75 944

    DF 6 6.605 1.101 1.584

    ES 35 12.905 369 886

    GO 95 8.491 89 800

    MA 32 5.049 158 804

    MG 184 37.323 203 1.974

    MS 44 6.902 157 960

    MT 59 8.264 140 1.180

    PA 41 9.021 220 786

    PB 78 6.298 81 612

    PE 77 11.894 154 1.195

    PI 13 1.718 132 324

    PR 35 19.300 551 1.480

    RJ 50 28.230 565 1.699

    RN 32 4.502 141 620

    RO 50 5.996 120 1.000

    RR 5 1.080 216 750

    RS 96 23.165 241 2.069

    SC 46 13.596 296 1.474

    SE 8 2.579 322 800

    SP 162 130.449 805 2.696

    TO 43 2.284 53 432

    Total 1.420 375.892 265 2.696

  • 25Departamento Penitencirio Nacional - Ministrio da Justia

    So 375.892 vagas no sistema prisional

    brasileiro. As unidades prisionais brasileiras

    possuem capacidades muito distintas a mdia

    de 265 vagas por unidade, entretanto a unidade

    com maior capacidade chega a 2.696 vagas.

    Observa-se uma diferena entre as Unidades da

    Federao em relao ao porte das unidades. No

    Tocantins a capacidade mdia das unidades de

    53 vagas, com um mximo de 432 vagas em uma

    unidade, situao muito diversa do estado de

    So Paulo, que apresenta uma capacidade mdia

    de 805 vagas, chegando a uma unidade com o

    mximo de 2.696 vagas.

    possvel observar uma diferena

    significativa no porte das unidades entre as

    regies do Brasil. A regio Sudeste apresenta a

    maior capacidade mdia das unidades prisionais

    (485 vagas), seguida da regio Sul (317 vagas),

    da regio Centro-Oeste (148 vagas), da regio

    Norte (145 vagas), e, por fim, da regio Nordeste

    (128 vagas).

    Cerca de 64% das vagas do sistema

    prisional so destinadas a pessoas condenadas,

    sendo 44% para condenadas em regime fechado,

    18% em regime semiaberto e 2% em regime

    aberto. Quase um tero das vagas destinado a

    presos sem condenao. As vagas para medidas

    de internao chegam a 2.666 e as vagas para

    regime disciplinar diferenciado somam 346. As

    vagas destinadas a outros tipos so, em geral,

    destinadas a vrios tipos de regime ou natureza

    da priso, sem especificao a vaga pode ser

    utilizada por preso com ou sem condenao.

    115.656 - 31%

    164.823 - 44%

    66.596 - 18%

    6.952 - 2%2.666 - 0% 346 - 0% 18.023 - 5%

    Sem condenao

    Condenados regime fechado

    Condenados regime semiaberto

    Condenados regime aberto

    Medida de internao

    Regime Disciplinar Diferenciado (RDD)

    Outros

    Figura 15. Quantidade de vagas por tipo de regime ou natureza da priso

    Fonte: Infopen, junho/2014

  • 26 Departamento Penitencirio Nacional - Ministrio da Justia

    3.3.1 Tipo de estabelecimento

    A anlise do tipo de estabelecimento20

    conforme sua destinao originria permite

    identificar que mais da metade (51%) dos

    estabelecimentos existentes no pas foram

    concebidos com vistas ao recolhimento de

    presos provisrios.

    1

    20. Nesta questo, foi solicitado aos gestores das unidades que selecionassem qual a opo que correspondesse destinao prevista para o estabelecimento no momento de sua construo, independente de criao posterior de alas e anexos destina-dos a outros regimes, ou de alocao circunstancial de pessoas privadas de liberdade que no se enquadravam na destinao original do estabelecimento.

    Recolhimento de presosprovisrios: 725 - 51%

    Destinado realizao de examesgerais e criminolgico: 4 - 0%

    Cumprimento de medidade segurana: 20 - 2%

    Destinado a diversostipos de regime: 125 - 9%

    Patronato: 1 - 0%

    Outro:91 - 6%

    Sem informao:

    76 - 5%

    Cumprimento de penaem regime aberto: 23 - 2%

    Cumprimento de pena em regime

    semiaberto: 95 - 7%

    Cumprimento de pena em regime fechado: 260 - 18%

    Figura 16. Tipo de estabelecimento conforme destinao originria

    Fonte: Infopen, junho/2014

  • 27Departamento Penitencirio Nacional - Ministrio da Justia

    12

    21. Patronato o estabelecimento, pblico ou privado, destinado a oferecer assistncia aos egressos do sistema prisional e as pessoas cumprindo pena em regime aberto.22. Foi perguntado no levantamento se a Unidade da Federao tinha equipamento de ateno ao egresso, seja patronato ou outra nomenclatura.

    A tabela 2 mostra o nmero de

    estabelecimentos conforme o tipo de destinao

    por Unidade da Federao. No Cear, Rio de

    Janeiro, Tocantins, Pernambuco e Mato Grosso

    mais de 80% das unidades so destinadas ao

    recolhimento de presos provisrios. Por outro

    lado, no Acre, Piau, Alagoas e Rio Grande do

    Sul, menos de 15% das unidades so destinadas a

    pessoas presas provisoriamente.

    Apenas um estabelecimento, em

    Rondnia, foi classificado como Patronato21.

    Esse dado, contudo, incompleto. Em um

    levantamento realizado pelo Depen junto

    s Secretarias Estaduais de Administrao

    Penitenciria, em 2014, constatou-se a

    existncia de cerca de 113 estabelecimentos

    deste tipo22. Quatro estados Acre, Amap,

    Paraba e Roraima no informaram e/ou

    UFpresos

    provisriosregime

    fechadoregime

    semiabertoregime aberto

    medida de segurana

    diversos tipos de regime

    patronatorealizao de

    exames gerais e criminolgicos

    outrosem

    informaoTotal

    AC 1 6 2 2 1 12

    AL 1 6 1 1 9

    AM 8 5 2 1 1 3 20

    AP 2 1 1 3 1 8

    BA 4 2 2 1 1 12 22

    CE 147 3 2 4 2 158

    DF 1 2 2 1 6

    ES 13 10 6 1 3 1 1 35

    GO 53 13 5 12 11 1 95

    MA 10 5 2 2 10 2 1 32

    MG 104 17 3 3 1 34 1 21 184

    MS 2 23 12 1 4 2 44

    MT 47 4 1 4 2 1 59

    PA 19 9 4 1 3 5 41

    PB 47 13 5 3 2 4 4 78

    PE 65 5 2 2 3 77

    PI 1 8 1 1 1 1 13

    PR 6 14 8 1 1 1 4 35

    RJ 45 5 50

    RN 24 5 1 1 1 32

    RO 17 8 6 5 1 3 1 7 2 50

    RR 1 1 1 1 1 5

    RS 13 46 10 2 14 11 96

    SC 30 5 1 1 1 3 5 46

    SE 3 3 1 1 8

    SP 24 41 12 1 13 4 67 162

    TO 37 1 3 1 1 43

    Brasil 725 260 95 23 20 125 1 4 91 76 1.420

    Tabela 2. Nmero de estabelecimentos por tipo de destinao originria por Unidade da Federao

    Fonte: Infopen, junho/2014

  • 28 Departamento Penitencirio Nacional - Ministrio da Justia

    souberam informar o que foi perguntado. Neste

    levantamento, Amazonas, Distrito Federal,

    Maranho e Rio Grande do Norte afirmaram

    no ter este tipo de estabelecimento.

    1

    23. A Lei de Execuo Penal afirma que o estabelecimento destinado ao cumprimento a pena privativa de liberdade em regime aberto a Casa do Albergado. Segundo a Lei, em cada regio dever existir, pelo menos, uma Casa do Albergado, devendo esta estar situada em um centro urbano.

    Nota-se, ademais, que 16 Unidades da

    Federao, mais da metade do total, declarou

    no dispor de estabelecimento destinado ao

    cumprimento de pena em regime aberto23.

    A figura 17 mostra a destinao

    efetivamente dada aos estabelecimentos

    prisionais em comparao a sua destinao de

    origem. Apesar de mais da metade das unidades

    constarem originalmente como destinadas ao

    recolhimento de presos provisrios, 84% delas

    tambm abrigam condenados. O nmero de

    estabelecimentos destinados ao cumprimento

    de pena em regime fechado que abriga pessoas

    de outros regimes tambm igualmente elevado

    (80%). Em menor medida, o mesmo acontece nos

    estabelecimentos destinados originariamente ao

    regime semiaberto (45%) e aberto (65%). Oito

    em cada dez unidades custodiam pessoas de mais

    de um tipo de regime ou natureza da priso.

    Figura 17. Destinao real das vagas nos estabelecimentos por tipo de destinao originria

    Estabelecimento destinado ao cumprimento de pena em regimeaberto ou de limitao de m de semana

    Estabelecimento destinado ao cumprimento de pena em regimefechado

    Estabelecimento destinado ao cumprimento de pena em regimesemiaberto

    Estabelecimento destinado ao recolhimento de presos provisrios

    exclusivo abriga outros regimes0% 10%

    8

    52

    52

    119 606

    43

    208

    15

    20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100%

    Fonte: Infopen, junho/2014

  • 29Departamento Penitencirio Nacional - Ministrio da Justia

    1

    24. Neste grfico constam informaes de 1258 estabelecimentos prisionais do Brasil, no foram considerados os 162 estabel-ecimentos de So Paulo no clculo da porcentagem, pois no houve preenchimento do Infopen pelo estado.

    A figura 18 mostra a distribuio dos

    estabelecimentos penais conforme o tempo

    de funcionamento, contado da data de sua

    inaugurao. Existem 72 unidades prisionais no

    pas com mais de cinquenta anos de existncia.

    Trs dessas unidades operam h mais de cem

    anos. A mais antiga delas foi inaugurada no

    comeo do sculo passado, em 1907. Por outro

    lado, observa-se que quatro em cada dez unidades

    tm menos de uma dcada de existncia.

    3.3.2. Caractersticas das unidades prisionais

    Figura 18. Nmero de unidades por tempo de funcionamento24

    Fonte: Infopen, junho/2014

    267 - 21%At 5 anos

    226 - 18%5 a 9 anos

    249 - 20%10 a 19 anos

    90 - 7% 20 a29 anos

    92 - 7%30 a 39 anos

    62 - 5% 40 e 49 anos

    72 - 6%50 ou mais

    200 - 16%Sem informao

  • 30 Departamento Penitencirio Nacional - Ministrio da Justia

    A tabela 3 registra o tempo de

    funcionamento dos estabelecimentos prisionais

    das Unidades da Federao. O Rio Grande

    do Sul e a Paraba so os estados com o maior

    nmero de unidades mais antigas. Cerca de 27%

    das unidades de Rio Grande do Sul e 23% da

    Paraba tm mais de cinquenta anos. Por outro

    lado, em um tero dos estados Esprito Santo,

    Maranho, Minas Gerais, Rio Grande do Norte,

    Acre, Alagoas, Gois, Rio de Janeiro e Paran

    mais da metade das unidades foram inauguradas

    h menos de dez anos.

    UF At 5 anosEntre 5 e 9

    anosEntre 10 e 19

    anosEntre 20 e

    29 anosEntre 30 e

    39 anos

    Entre 40 e 49

    anos50 ou mais

    Sem informao

    Total Geral

    AC 3 4 3 1 1 12

    AL 4 1 3 1 9

    AM 4 6 2 3 1 1 3 20

    AP 1 1 1 3 2 8

    BA 2 6 4 5 2 3 22

    CE 5 4 4 2 11 3 1 128 158

    DF 1 2 3 6

    ES 14 14 3 1 2 1 35

    GO 23 29 18 4 1 7 7 6 95

    MA 16 7 4 2 1 2 32

    MG 56 72 32 5 4 2 3 10 184

    MS 8 13 13 5 1 2 2 44

    MT 5 6 19 8 11 2 3 5 59

    PA 8 9 20 2 1 1 41

    PB 15 9 10 7 6 6 18 7 78

    PE 17 9 20 10 4 9 2 6 77

    PI 1 7 1 3 1 13

    PR 8 10 10 2 2 2 1 35

    RJ 21 5 10 1 5 4 3 1 50

    RN 18 4 6 1 3 32

    RO 12 6 14 7 5 6 50

    RR 1 2 1 1 5

    RS 10 3 14 5 11 20 26 7 96

    SC 12 7 7 7 6 2 3 2 46

    SE 1 2 1 3 1 8

    SP NI NI NI NI NI NI NI NI NI

    TO 3 3 16 10 6 5 43

    Total Geral

    267 226 249 90 92 62 72 200 1.258

    Tabela 3. Nmero de unidades por ano de existncia por Unidade da Federao

    Fonte: Infopen, junho/2014

  • 31Departamento Penitencirio Nacional - Ministrio da Justia

    Dada a natureza particular de sua funo,

    os estabelecimentos penais so espaos que

    apresentam alta complexidade programtica.

    Com vistas a obedecer o que prev a Lei de

    Execuo Penal25, esses estabelecimentos devem

    ser capazes, por exemplo, de oferecer servios

    de sade, educao e trabalho. Apesar de sua

    finalidade complexa e singular, mais de um tero

    das unidades prisionais no pas (36%) no foram

    concebidas para serem estabelecimentos penais,

    mas adaptadas para este fim.

    Como ser detalhado adiante, em quase

    metade (49%) das unidades concebidas como

    estabelecimento penal h mdulos de sade,

    em 58% delas, h modulo de educao e 30%

    desses estabelecimentos tm oficina de trabalho.

    Entre as unidades adaptadas, esses nmeros so

    consideravelmente menores: apenas 22% tem

    modulo de sade, 40% tem mdulo de educao

    e 17% conta com oficina de trabalho

    1

    25. O Conselho Nacional de Poltica Criminal e Penitenciria (CNPCP), em Resoluo n 9 de 18 de Novembro de 2011, estabelece diretrizes bsicas para a arquitetura penal.

    Concebido como estabelecimento penal

    Adaptado para estabelecimento penal

    Sem informao794 - 63%

    450 - 36%

    14 - 1%

    Figura 19. Estabelecimento originalmente concebido como estabelecimento penal

    Fonte: Infopen, junho/2014

  • 32 Departamento Penitencirio Nacional - Ministrio da Justia

    A tabela 4 mostra a quantidade de estabelecimentos concebidos e adaptados por Unidade da Federao. Observa-se que a maior parte dos estabelecimentos do Cear (65%), do Maranho (59%), do Rio Grande do Norte (59%), de Rondnia (58%), do Mato Grosso do Sul (57%)

    e do Mato Grosso (51%) foram adaptados para servirem como estabelecimentos prisionais. Por outro lado, todas as unidades do Rio de Janeiro e de Roraima foram concebidas originalmente como estabelecimentos penais.

    Tabela 4. Estabelecimentos concebidos ou adaptados para unidades penais por Unidade da Federao

    UFAdaptado para

    estabelecimento penal

    Concebido como estabelecimento

    penalSem informao Total

    AC 3 8 1 12

    AL 2 7 9

    AM 8 12 20

    AP 4 4 8

    BA 1 21 22

    CE 103 55 158

    DF 2 4 6

    ES 2 32 1 35

    GO 46 48 1 95

    MA 19 12 1 32

    MG 66 114 4 184

    MS 25 17 2 44

    MT 30 28 1 59

    PA 9 32 41

    PB 26 52 78

    PE 9 68 77

    PI 4 8 1 13

    PR 7 28 35

    RJ 50 50

    RN 19 13 32

    RO 29 20 1 50

    RR 5 5

    RS 12 84 96

    SC 10 35 1 46

    SE 3 5 8

    SP NI NI NI NI

    TO 11 32 43

    Total Geral 450 794 14 1.258

    Fonte: Infopen, junho/2014

  • 33Departamento Penitencirio Nacional - Ministrio da Justia

    Unidades prisionais masculinas

    1 Ponto = 1 unidade masculina

    Unidades prisionais femininas

    1 Ponto = 1 unidade masculina

    Unidades prisionais mistas

    1 Ponto = 1 unidade masculina

    Figura 20. Destinao do estabelecimento por gnero

    Figura 21. Mapa da distribuio das unidades prisionais por gnero

    3.3.3. Vagas por gnero

    A figura 20 mostra a distribuio dos

    estabelecimentos prisionais de acordo com

    o gnero a que ele se destina. A maior parte

    dos estabelecimentos, trs quartos, voltada

    ao pblico masculino. Cumpre notar que h

    menos unidades prisionais femininas (7%) que

    estabelecimentos mistos (17%)26.

    1

    26. O artigo 5, inciso XLVIII, da Constituio Federal de 1988 impe que a pena dever ser cumprida em estabelecimentos distintos, de acordo com a natureza do delito, a idade e o sexo do apenado.

    Masculino

    Feminino

    Misto

    Sem informao1.070 - 75%

    103 - 7%

    238 - 17%

    9 - 1%

    Fonte: Infopen, junho/2014

    Fonte: Infopen, junho/2014

  • 34 Departamento Penitencirio Nacional - Ministrio da Justia

    Na figura 22 possvel constatar a

    distribuio dos estabelecimentos, segundo

    gnero, pelo pas. Em Roraima, em Sergipe, em

    Pernambuco, no Distrito Federal e no Mato

    Grosso do Sul no se registram a existncia de

    estabelecimentos mistos. Nos estados de Gois,

    de Minas Gerais, do Cear, de Rondnia e do Rio

    Grande do Sul, por sua vez, observa-se que h

    um nmero maior desses estabelecimentos.

    Figura 22. Estabelecimento originalmente destinado a pessoas privadas de liberdade do sexo masculino e/ou feminino.

    AC AL AM AP BA CE DF ES GO MA MG MS MT PA PB PE PI PR RJ RN RO RR RS SC SE SP TO

    Sem informao 1 1 1 1 1 1 1 1

    Misto 1 2 5 1 7 25 2 41 6 83 6 3 2 1 2 1 3 16 17 10 3 2

    Masculino 10 6 12 6 14 132 5 28 51 24 88 31 47 37 73 72 9 29 46 28 27 4 74 25 7 140 35

    Feminino 1 1 3 1 1 1 1 4 2 1 13 12 5 1 3 5 2 4 3 1 6 1 5 1 1 18 6

    100%

    90%

    80%

    70%

    60%

    50%

    40%

    30%

    20%

    10%

    0%

    AC AL AM AP BA CE DF ES GO MA MG MS MT PA PB PE PI PR RJ RN RO RR RS SC SE SP TO

    Sem informao 1 1 1 1 1 1 1 1

    Misto 1 2 5 1 7 25 2 41 6 83 6 3 2 1 2 1 3 16 17 10 3 2

    Masculino 10 6 12 6 14 132 5 28 51 24 88 31 47 37 73 72 9 29 46 28 27 4 74 25 7 140 35

    Feminino 1 1 3 1 1 1 1 4 2 1 13 12 5 1 3 5 2 4 3 1 6 1 5 1 1 18 6

    100%

    90%

    80%

    70%

    60%

    50%

    40%

    30%

    20%

    10%

    0%AC AL AM AP BA CE DF ES GO MA MG MS MT PA PB PE PI PR RJ RN RO RR RS SC SE SP TO

    Sem informao 1 1 1 1 1 1 1 1

    Misto 1 2 5 1 7 25 2 41 6 83 6 3 2 1 2 1 3 16 17 10 3 2

    Masculino 10 6 12 6 14 132 5 28 51 24 88 31 47 37 73 72 9 29 46 28 27 4 74 25 7 140 35

    Feminino 1 1 3 1 1 1 1 4 2 1 13 12 5 1 3 5 2 4 3 1 6 1 5 1 1 18 6

    100%

    90%

    80%

    70%

    60%

    50%

    40%

    30%

    20%

    10%

    0%

    Fonte: Infopen, junho/2014

  • 35Departamento Penitencirio Nacional - Ministrio da Justia

    3.3.4. Grupos especficos e acessibilidade

    De modo geral, observa-se que h

    baixa disponibilidade de vagas destinadas

    exclusivamente aos grupos especficos acima

    apresentados. Apenas 9% das unidades

    dispem de celas especificas para estrangeiros

    e para indgenas, e por volta de 15% dos

    estabelecimentos tm celas especficas para

    idosos e para pessoas lsbicas, gays, bissexuais

    e transgneros LGBT. A preocupao em

    disponibilizar espaos especficos para estes

    pblicos, que se coaduna com uma prtica

    adequada de triagem e classificao dos

    custodiados, registrou-se em algumas unidades

    nos estados de Alagoas, Amazonas, Bahia, Gois,

    Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Paraba,

    Pernambuco, Paran, Piau, Rio de Janeiro e Rio

    Grande do Sul.

    1

    27. Sees ou mdulos autnomos, incorporados ou anexos a estabelecimentos para adultos, ou celas exclusivas destinadas a abrigar grupos especficos.

    Figura 23. Unidades com ala ou cela destinada exclusivamente a grupos especficos 27

    Fonte: Infopen, junho/2014

    1.217 - 86%

    73 - 5%10 - 1%

    120 - 8%

    LGBT Idosos

    1.208 - 85%

    70 - 5%22 - 2%

    120 - 8%

    Indgenas Estrangeiros

    1.293 - 91%

    7 -1%1 - 0%

    119 - 9%

    1.289 - 91%

    11 - 1%1 - 0%

    119 - 8%

    Ala especca Cela especca No h Sem informao

  • 36 Departamento Penitencirio Nacional - Ministrio da Justia

    1

    28. Para os fins do presente levantamento considerou-se pessoa com deficincia aquela que tem impedimentos de longo prazo de natureza fsica, mental, intelectual ou sensorial, os quais, em interao com diversas barreiras, podem obstruir sua participao plena e efetiva na sociedade em igualdade de condies com as demais pessoas. Por acessibilidade, entendeu-se o estabelecimento de condies e possibilidades de alcance para utilizao, com segurana e autonomia, de edificaes, seus espaos, mobilirios e equipamentos, proporcionando s pessoas com deficincia a maior independncia possvel e aumento das condies de realizao das mesmas atividades que as demais pessoas.

    Figura 24. Unidades com acessibilidade para pessoas com deficincia28

    Fonte: Infopen, junho/2014

    Sim, mdulos/alas/celas adaptados em conformidade com a Norma Brasileira ABNT n 9.050, de 2004

    Sim, mdulos/alas/celas adaptados, NO observando todosos requisitos da Norma Brasileira ABNT n 9.050, de 2004

    No

    Sem informao

    1.164 - 82%

    120 - 8%

    87 - 6%

    49 - 4%

    A figura 24 mostra a porcentagem

    de unidades prisionais adaptadas para

    acessibilidade para pessoas com deficincia. Em

    apenas 6% das unidades analisadas registrou-se a

    existncia de mdulos, alas ou clulas acessveis,

    em consonncia com a legislao em vigor.

    Uma vez analisada a populao prisional

    e as vagas disponibilizadas no sistema prisional,

    se faz necessria a avaliao dos padres de

    ocupao dos estabelecimentos.

  • 37Departamento Penitencirio Nacional - Ministrio da Justia

    1229. A taxa de ocupao prisional indica a razo entre o nmero de pessoas presas e a quantidade de vagas existentes, servin-do como um indicador do dficit de vagas no sistema prisional. No clculo da taxa, esto contabilizadas as pessoas presas nas unidades das Secretarias de Segurana Pblica, mas no as vagas, pois, como explicado anteriormente, esses estabeleci-mentos no so adequados para a custdia de pessoas.30. Recentemente, estabelecimentos prisionais de ambos os estados em questo foram cenrios de graves acontecimentos que, em razo de suas dimenses, tiveram grande repercusso nacional e internacional. A constatao de que, assim como o estado com a pior taxa de ocupao prisional do pas, o estado com a melhor taxa tambm est sujeito ecloso de conflitos em seus estabelecimentos nos suscita questionar quais outras variveis esto associadas ao surgimento desses distrbios. Alm da superlotao, aspectos relacionados poltica penitenciria adotada nas Unidades da Federao, bem como mi-crogesto dos estabelecimentos penais, tambm podem explicar a ocorrncia desses eventos.

    3.4. Ocupao

    A taxa de ocupao prisional brasileira

    de 161%29. No Brasil, em um espao concebido

    para custodiar apenas dez indivduos, h, em

    mdia, 16 pessoas encarceradas. Como mostra

    a figura 25, todas as Unidades da Federao

    exibem taxa de ocupao superior a 100%.

    Pernambuco o estado com a maior taxa de

    ocupao prisional, com 265%. O Maranho, em

    contrapartida, o estado com a menor taxa, com

    121%30.

    Alm de averiguar a heterogeneidade dos

    dados estaduais, pertinente focar as diferenas

    dos padres de ocupao entre as unidades

    prisionais.

    Figura 25. Taxa de ocupao do sistema prisional

    Fonte: Infopen, junho/2014

    Taxa de ocupaoProporo de pessoas presas por vagas

    200% a 270%

    165% a 200%

    150% a 164%

    135% a 149%

    120% a 134%121%121%

    125%126%127%

    132%139%140%142%144%

    149%149%

    152%154%156%157%

    164%167%168%

    185%185%188%

    215%216%

    220%223%

    265%PE

    AL

    AM

    MS

    DF

    PI

    BA

    CE

    SP

    SE

    MG

    RN

    GO

    AC

    PB

    RR

    PR

    PA

    TO

    AP

    RJ

    SC

    RO

    ES

    MT

    RS

    MA

    0% 50% 100% 150% 200% 250% 300%

  • 38 Departamento Penitencirio Nacional - Ministrio da Justia

    Apesar de a taxa de ocupao em todas

    as Unidades da Federao ser superior a 100%,

    como mostra a figura 26, um tero das unidades

    prisionais tm ocupao menor que 100%. Ou

    seja, um em cada trs estabelecimentos penais do

    pas no custodia pessoas alm de sua capacidade.

    Ao mesmo tempo, uma quantidade considervel

    de unidades tem superlotao superior mdia

    brasileira. Em aproximadamente um quarto

    das unidades (24%), h mais de dois presos

    para cada vaga. Em 63 unidades, a situao de

    superlotao ainda mais acentuada: h quatro

    pessoas ou mais por vaga. Esse quadro reclama

    uma investigao mais aprofundada dos critrios

    utilizados para a distribuio de pessoas entre os

    estabelecimentos.

    Dado que os estabelecimentos prisionais

    tm capacidades de ocupao distintas, no

    suficiente averiguar apenas o nmero de

    estabelecimentos prisionais com dficit de vagas.

    Para uma anlise da situao da Unidade da

    Federao em relao distribuio de vagas,

    importante constatar, tambm, quantas pessoas

    se encontram em situao de superlotao (ou

    seja, em unidades com dficit de vagas).

    Figura 26. Nmero de unidades prisionais por taxa de ocupao

    Fonte: Infopen, junho/2014

    451 - 32%

    364 - 26%

    244 - 17%

    219 - 15%

    62 - 4% 63 - 5% 17 - 1%

    Menor que 100%

    Entre 101% e 150%

    Entre 151% e 200%

    Entre 201% e 300%

    Entre 301% e 400%

    401% ou maior

    Sem informao

  • 39Departamento Penitencirio Nacional - Ministrio da Justia

    A figura 27 mostra a quantidade

    de estabelecimentos penais com vagas

    remanescentes e dficit por Unidade da

    Federao e o nmero de pessoas privadas de

    liberdade em unidades com e sem dficit. A

    situao do Distrito Federal destaca-se, dado que

    a nica Unidade da Federao na qual todas as

    unidades operam acima de sua capacidade. No

    muito diferente a condio do Rio Grande do

    Norte, no qual em 90% das unidades h dficit de

    vagas. A anlise do grfico direita da figura 27

    permite identificar que, apesar de mais de 60%

    das unidades prisionais do Amap no operarem

    acima de sua capacidade, 80% da populao

    prisional deste estado est em situao de

    superlotao. O mesmo ocorre em Pernambuco,

    onde mais da metade das unidades no apresenta

    problema de dficit de vagas, mas 95% das

    pessoas presas esto em unidades superlotadas.

    J no Paran, 34% do presos esto em unidades

    com at 100% de ocupao e apenas 3%, em

    unidades com mais de 3 pessoas para cada vaga.

    Fonte: Infopen, junho/2014

    Unidades com ou sem dcit de vagas

    0%

    AP

    PE

    RS

    MA

    PR

    AL

    PB

    AC

    RO

    RJ

    SE

    MT

    TO

    PI

    GO

    MS

    MG

    ES

    CE

    PA

    SC

    RR

    AM

    SP

    BA

    RN

    DF

    50% 100%

    Sem dcit Com dcit

    49

    Pessoas privadas de liberdade emunidades com ou sem dcit de vagas

    0

    AP

    PE

    RS

    MA

    PR

    AL

    PB

    AC

    RO

    RJ

    SE

    MT

    TO

    PI

    GO

    MS

    MG

    ES

    CE

    PA

    SC

    RR

    AM

    SP

    BA

    RN

    DF

    20% 40% 60% 80% 100%

    3

    32

    47

    16

    19

    5

    45

    7

    31

    31

    5

    37

    29

    9

    66

    31

    132

    26

    118

    32

    36

    4

    16

    94

    18

    29

    06

    5

    45

    16

    16

    4

    33

    5

    19

    19

    3

    22

    14

    29

    13

    52

    9

    40

    9

    10

    1

    4

    23

    4

    3

    0 0

    0

    4

    520

    1.284

    1.910

    6.996

    1.097

    1.601

    989

    746

    4.306

    289

    3.714

    405

    1.403

    1.444

    10.320

    2.446

    886

    2.358

    3.307

    127

    14.697

    846

    1.118

    484

    8.860 18.077

    2098

    30.139

    2.525

    13.162

    3.422

    8.284

    2.497

    5.078

    34.765

    3.711

    7.809

    2.795

    11.619

    11.347

    47.822

    14.594

    17.093

    10.246

    13.306

    1.371

    6.791

    153.764

    10.954

    5364

    13.269

    2.757

    Figura 27. Pessoas privadas de liberdade em unidades com ou sem dficit de vagas

  • 40 Departamento Penitencirio Nacional - Ministrio da Justia

    A tabela 5 apresenta o nmero de pessoas

    privadas de liberdade por Unidade da Federao.

    Mais de 55 mil pessoas esto em unidades com

    mais de 3 pessoas presas para cada vaga, e mais

    de 195 mil, em unidades com mais de 2 pessoas

    por vaga. Cerca de um tero (32%) da populao

    prisional do Acre est em unidades com mais de

    4 presos por vaga. Esto em igual situao um

    quarto dos presos de Pernambuco, de Alagoas e

    do Piau.

    Fonte: Infopen, junho/2014

    Tabela 5. Nmero de pessoas privadas de liberdade por situao de lotao da unidade

    UF At 1 pessoa Mais de 1 e at 2 pessoas por vaga

    Mais de 2 e at 3 pessoas por vaga

    Mais de 3 e at 4 pessoas por vaga

    Mais de 4 pessoas por vaga

    AC 989 612 781 1.104

    AL 1.097 1.488 536 224 1.174

    AM 127 3.097 2.884 251 559

    AP 520 1.190 908

    BA 846 7.941 3.013

    CE 886 13.846 1.565 1.016 666

    DF 5.412 4.656 3.201

    ES 2.446 13.138 683 773

    GO 1.403 7.087 3.235 549 748

    MA 1.910 1.929 402 194

    MG 10.320 29.888 15.238 2.340 356

    MS 1.444 2.456 5.064 2.308 1.519

    MT 3.714 3.578 4.046 185

    PA 2.358 7.103 1.229 1.034 880

    PB 1.601 3.484 3.228 1.439 133

    PE 1.284 1.732 5.876 13.676 8.855

    PI 484 1.098 849 810

    PR 6.996 12.511 651

    RJ 4.306 30.747 1.256 2.707 55

    RN 1.118 3.784 1.172 325 83

    RO 746 4.075 264 709 30

    RR 1.268 103

    RS 8.860 10.258 6.243 58 1.518

    SC 3.307 11.362 1.698 246

    SE 289 1.151 2.560

    SP 14.697 77.001 71.446 5.317

    TO 405 1.587 1.037 171

    Brasil 72.153 258.823 139.869 36.236 19.731

  • 41Departamento Penitencirio Nacional - Ministrio da Justia

    A figura 28 indica que, nas regies

    Nordeste e Centro-Oeste, cerca de 50% da

    populao prisional encontra-se em unidades

    com taxa de ocupao superiores a dois presos

    por vaga. Das cinco regies, a regio Sul

    que apresenta o melhor quadro, ainda que

    preocupante: mais de dois teros da populao

    prisional da regio est custodiada em unidades

    com lotao acima de sua capacidade.

    Dado que os estabelecimentos penais tm

    destinaes distintas, tanto por gnero como por

    tipo de regime, importante averiguar a ocupao

    das unidades de acordo com seu destino. Essa

    diferenciao permite compreender melhor

    o problema da superlotao nas Unidades da

    Federao.

    3.4.1. Ocupao de acordo com a destinao do estabelecimento por gnero

    Figura 29. Pessoas privadas de liberdade por situao de lotao em unidades femininas, masculinas e mistas

    Fonte: Infopen, junho/2014

    Unidades femininas

    9.373 - 46%

    1.454 - 7%

    0 - 0%

    8.224 - 40%

    1.490 - 7%

    Mais de 4 pessoas por vagas Entre 3 e 4 pessoas por vaga Entre 2 e 3 pessoas por vaga Entre 1 e 2 pessoas por vaga At 1 pessoas por vaga

    Unidades masculinas Unidades mistas

    119.743 - 27%

    15.729 - 3%

    221.284 - 50%

    18.672 - 32%

    32.736 - 7% 2.010 - 4%2.410 - 4%

    56.808 - 13% 7.340;13%

    27.405 - 47%

    Fonte: Infopen, junho/2014

    0%10%20%30%40%50%60%70%80%90%

    100%

    At 1 por vaga 5.145 9.515 6.561 31.769 19.163

    Entre 1 e 2 por vaga 18.932 36.453 18.533 150.774 34.131

    Entre 2 e 3 por vaga 7.103 19.201 17.001 88.623 7.941

    Entre 3 e 4 por vaga 1.994 16.680 6.243 10.364 955

    Mais de 4 por vaga 2.847 11.915 2.267 1.184 1.518

    Norte Nordeste Sudeste SulCentro-este

    Figura 28. Proporo de presos por taxa de ocupao da unidade em que se encontram por regio

  • 42 Departamento Penitencirio Nacional - Ministrio da Justia

    A figura 29 demonstra que a superlotao

    nas unidades masculinas e mistas mais

    pronunciada do que entre as unidades femininas.

    Nota-se que no Amap, Gois, Maranho,

    Par, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Santa

    Catarina no h estabelecimentos femininos

    com problema de superlotao. Em Alagoas e

    no Rio Grande do Norte, por sua vez, todos os

    presdios femininos enfrentam problemas de

    superlotao, enquanto o mesmo no pode ser

    dito das unidades masculinas de ambos estados.

    O Rio de Janeiro a nica Unidade da Federao

    sem problema de superlotao nas unidades

    voltadas s mulheres.

    Nesse contexto, parece tambm relevante

    abordar a questo da superlotao de acordo

    com o tipo de regime ou natureza da priso.

    Figura 30. Proporo de pessoas em unidades femininas, masculinas e mistas, por superlotao

    *Unidades da federao que no apresentam unidades mistas Fonte: Infopen, junho/2014

    0%

    20%

    40%

    60%

    80%

    100%

    AC AL AM AP BA CE DF ES GO MA MG MS MT PA PB PE PI PR RJ RN RO RR RS SC SE SP TO

    0%

    20%

    40%

    60%

    80%

    100%

    AC AL AM AP BA CE DF ES GO MA MG MS MT PA PB PE PI PR RJ RN RO RR RS SC SE SP TO

    0%

    20%

    40%

    60%

    80%

    100%

    AC AL AM AP BA CE DF* ES GO MA MG MS* MT PA PB PE* PI PR RJ* RN RO RR* RS SC SE* SP* TO

    501% ou maior entre 401% e 500% entre 301% e 400% entre 251% e 300% entre 201% e 250%

    entre 151% e 200% entre 126% e 150% entre 111% e 125% entre 101% e 110% at 100%

    Uni

    dade

    s fem

    inin

    asU

    nida

    des m

    ascu

    linas

    Uni

    dade

    s mis

    tas

  • 43Departamento Penitencirio Nacional - Ministrio da Justia

    3.4.2. Ocupao das unidades por tipo de regime ou natureza da priso

    Alm da diferena observada em

    relao ao gnero, observa-se uma diferena

    significativa na taxa de ocupao em relao ao

    tipo de vaga por regime ou natureza da priso. A

    taxa de ocupao das vagas destinadas a presos

    provisrios de 192%, cifra consideravelmente

    superior da taxa referente ao regime fechado,

    de 151%, e referente ao semiaberto, de

    133%. A superlotao do regime semiaberto,

    apesar de menor, merece ateno, pois pode

    acarretar reflexos na taxa de ocupao dos

    estabelecimentos de regime fechado. A depender

    do critrio adotado pela autoridade judicial, a

    ausncia de vagas no regime semiaberto acarreta

    a manuteno do condenado no regime fechado.

    Apenas 38% das unidades prisionais

    informaram quantas pessoas encontram-se

    nessa condio. Nessas unidades, constatou-se

    que h, no total, 7.399 pessoas que deveriam

    ter progredido para o regime semiaberto e no

    foram promovidas ao regime adequado por

    falta de vagas. Esse valor corresponde a 13% das

    pessoas que se encontram em regime fechado

    nessas unidades. Se projetarmos essa proporo

    para o contingente total de pessoas em regime

    fechado no Brasil, poderamos inferir que h

    cerca de 32.460 pessoas que teriam o direito de

    progredir para o regime semiaberto, mas que no

    tiveram tal direito assegurado por falta de vagas.

    Somando esse quantitativo ao dficit de vagas

    evidenciado pela ocupao dos estabelecimentos

    destinados ao regime semiaberto, estima-se um

    dficit de 55 mil vagas de regime semiaberto.

    Figura 31. Vagas e pessoas privadas de liberdade, por natureza da priso ou tipo de regime

    Fonte: Infopen, junho/2014

    provisriosregimefechado

    regimesemiaberto

    regimeaberto

    medida desegurana

    outros/vrios

    vagas 115.656 164.823 67.296 6.952 2.666 18.343

    pessoas privadas de liberdade 222.190 249.701 89.639 15.036 2.497

    300.000

    250.000

    200.000

    150.000

    100.000

    50.000

  • 44 Departamento Penitencirio Nacional - Ministrio da Justia

    1

    31. No esto contabilizadas as vagas indicadas em outros, pois no seria possvel atribuir a relao a determinado tipo de regime.

    Figura 32. Vagas e dficit por natureza da priso ou tipo de regime por Unidade da Federao31

    vaga

    sd

    cit

    /pop

    ula

    o e

    xced

    ente

    prov

    isr

    ios

    sent

    enci

    ados

    em

    regi

    me

    fech

    ado

    sent

    enci

    ados

    em

    regi

    me

    sem

    iabe

    rto

    0

    AC

    AL

    AM

    AP

    BA

    CE

    DF

    ES GO

    MA

    MG

    MS

    MT

    PA PB PE PI

    PR RJ

    RN

    RO

    RR

    RS

    SC SE SP TO

    20

    %4

    0%

    60

    %8

    0%

    10

    0%

    367

    630

    711

    1184

    8339

    1134

    5760

    3085

    2226

    1363

    8

    336

    4002

    1926

    4954

    34

    7

    3756

    8790

    1741

    1195

    60 3627

    6232

    1686

    3334

    2

    1031

    3192

    2365

    181430

    4

    1449 10

    3

    5309

    1247

    2536

    1429

    3355

    257

    1357

    2

    3248

    1465

    1645

    1366

    1

    17

    02

    1224

    9241 58

    6

    57 747

    6146

    1190

    3277

    1

    405

    2591

    0

    AC

    AL

    AM

    AP

    BA

    CE

    DF

    ES GO

    MA

    MG

    MS

    MT

    PA PB PE PI

    PR RJ

    RN

    RO

    RR

    RS

    SC SE SP TO

    20

    %4

    0%

    60

    %8

    0%

    10

    0%

    371

    0 484

    714

    1200

    2163

    2618

    1198

    964

    6617

    2299

    336

    769

    1515

    31

    6

    2852

    5470

    765

    868

    120

    5327

    1900

    1966

    220

    2517

    4

    495

    1212

    329

    551

    1174 17

    6

    1323

    2205

    1159 30

    9

    543

    1219 33

    5

    349

    2203 1

    6

    276

    3143 18

    0

    274 43 938

    530612

    6

    0

    AC

    AL

    AM

    AP

    BA

    CE

    DF

    ES GO

    MA

    MG

    MS

    MT

    PA PB PE PI

    PR RJ

    RN

    RO

    RR

    RS

    SC SE SP TO

    50

    %1

    00

    %

    1197

    1854

    538

    915

    1948

    3226

    4375

    3856

    1623

    1434

    5

    3590

    3847

    2823

    3922

    94

    1

    1193

    5

    6342

    1946

    2676

    786

    1181

    9

    4410

    582

    6998

    1

    748

    3932

    666

    996

    989

    588

    2306

    2673

    2972

    1650 68

    3

    5297

    3591 30

    0

    1447

    5186

    5867

    1182

    725

    373

    4714

    8

    586

    1428

    Fonte: Infopen, junho/2014

  • 45Departamento Penitencirio Nacional - Ministrio da Justia

    A figura 32 mostra o dficit de vagas por

    tipo de regime e situao processual por Unidade

    da Federao. Em relao s vagas destinadas a

    presos provisrios, os estados de Roraima, Mato

    Grosso do Sul, Piau e Bahia apresentam o pior

    dficit. Da situao de Santa Catarina destaca-

    se a inexistncia de dficit de vagas para presos

    provisrios. Roraima, Amap e Maranho, por

    sua vez, tm um dficit abaixo da mdia nacional.

    Quanto s vagas destinadas ao regime

    fechado, existem seis Unidades da Federao

    que no apresentam dficit de vagas destinadas

    a esse regime: Alagoas, Maranho, Piau, Paran,

    Roraima e Rio Grande do Sul.

    A anlise da mdia de vagas e mdia

    de presos no nos permite identificar grandes

    disfunes, ao passo que os padres mximos

    verificados nesses quesitos indicam um

    distanciamento considervel de padres

    adequados de construo e de ocupao. Os

    estabelecimentos destinados ao recolhimento

    de presos provisrios e os estabelecimentos

    destinados ao cumprimento de pena em regime

    semiaberto apresentam maior precariedade

    nesta categoria.

    Adicionalmente, alm de verificar

    a mdia de vagas e seu mximo por tipo de

    estabelecimento, parece relevante entender a

    dinmica de entrada, movimentao e sada no

    sistema como um todo.

    Tabela 6. Mdia e mximo de vagas e presos por tipo de estabelecimento

    Tipo de estabelecimento Mdia de vagasMdia de

    presosMximo de

    vagas Mximo

    presos

    Estabelecimento destinado ao recolhimento de presos provisrios 165,4 277,1 2.069 4.337

    Estabelecimento destinado ao cumprimento de pena em regime fechado

    442,4 664,8 1.997 3.151

    Estabelecimento destinado ao cumprimento de pena em regime semiaberto

    344,5 435 2.500 2.941

    Estabelecimento destinado ao cumprimento de pena em regime aberto ou de limitao de fim de semana

    96,3 316 612 2.132

    Estabelecimento destinado ao cumprimento de medida de segurana de internao ou tratamento ambulatorial

    215 171 808 642

    Estabelecimento destinado a diversos tipos de regime

    203,6 242,4 1.474 1.231

    Estabelecim