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I

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO INSTITUTO DE BIOLOGIA

DEPARTAMENTO DE ZOOLOGIA MUSEU NACIONAL, UNIVERSIDADE LABORATÓRIO DE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO ARACNOLOGIA

Levantamento da Araneofauna (Arachnida: Araneae)

do Parque Nacional da Tijuca

Thiago da Silva Moreira

Monografia apresentada ao Departamento de Zoologia, Instituto de Biologia, UFRJ, para a obtenção do título de Bacharel em Ciências Biológicas – Modalidade Zoologia

Orientadores:

Prof. Dr. Adriano Brilhante Kury

Prof. Dr. Renner Luiz Cerqueira Baptista

Abril, 2006

II

FICHA CATALOGRÁFICA

Moreira, Thiago da Silva Levantamento da Araneofauna (Arachnida Araneae) do Parque Nacional da Tijuca/ Thiago da Silva Moreira – Rio de Janeiro: UFRJ/ Instituto de Biologia, 2006. (pp. I-VII, 1-120, il 1-15... xxx cm) Orientadores: Adriano Brilhante Kury, Renner Luiz Cerqueira Baptista. Monografia (Bacharelado modalidade Zoologia) - UFRJ/ Instituto de Biologia, 2006 1. Zoologia 2. Aracnologia 3. Inventário de Fauna – Monografia I. Kury, Adriano Brilhante. II. Baptista, Renner Luiz Cerqueira. III. Universidade Federal do Rio de Janeiro, Instituto de Biologia, Bacharelado em Ciências Biológicas. IV. Museu Nacional do Rio de Janeiro. V. Título - Bacharel em Zoologia.

III

AGRADECIMENTOS

• A minha mãe e meu pai Vera Lúcia da Silva Moreira e Jair Borges Moreira

respectivamente pelo carinho, apoio e incentivo constantes pelo exemplo de

persistência, dedicação ao trabalho e de moral que me passaram não só durante meu

curso, mas durante a vida. E também a minha avó, Jacyra Milagre da Silva, por ser

uma segunda mãe.

• Aos meus amigos (e orientadores): Adriano “adrik” Kury e Renner “Madjimboo”

Baptista, por me acolherem, me passarem não só seu conhecimento científico, mas

também por me ensinar através de palavras e atos, como é, como age e como se porta

um cientista.

• Aos professores do Laboratório de Entomologia, Jorge Luiz “Oráculo” Nessimian e

Nelson “Nelsonlilson” Ferreira Junior, e do Laboratório de Carcinologia, as “tias”

Maria Cristina Ostrowski de Matos e Tereza Cristina Gonçalves Silva-Ferreira, com

quem tive o privilégio de conviver durante o tempo de monitoria, por me aturarem em

seus respectivos laboratórios e pelo interesse demonstrado através dos bons conselhos

e dos inúmeros puxões de orelha.

• Aos amigos da turma que galgaram comigo o árduo caminho da graduação e, embora

por caminhos diferentes, chegaram ao topo, em especial Aline dos Anjos, Amanda

Ferreira, Anderson “Velho Malandro” Ferreira, Daniela Lourenço, Emile Barrias,

Graziela “Grazi” Pacheco, Hélcio “Mineiro” Neto, Juliana “Madame Dedinho” Spitz,

Juliana “Juju” Rego, Leandro “Seguinho” Dumas, Marcos Livio “Marcolilson”

Coelho, Maria Clara Telhado, Thiago “Albuca” Albuquerque e Thiago “Pão de

Queijo” Guimarães, por saberem perdoar as faltas desse amigo desnaturado e estarem

sempre presentes.

• Aos colegas e amigos do Bacharelado de Zoologia e monitorias de Zôo III, Felipe

“Moicano” Moreira, Francisco Nilson “Chicãozinho” Costa e Silva, Isabel “Bebel”

Sbragia, Márcia “Macinha” de Souza, Pedro Henrique Souza, Rafael “Rato” Curcio,

Rafael “Presuntinho” Braga, Tarso “Frodo” Macedo e as irmãs Vanini e Viviani

Alecrim, por todas as histórias dentro e fora da Biologia.

• A “família” do Laboratório de Aracnologia do Museu Nacional, tanto pela ajuda e

apoio, quanto pela amizade e carinho dispensados mesmo nos momentos mais negros

da minha ainda curta estada nele: Abel “Cubanildo” Pérez, Alessandro “Sukrilhos”

IV

Giuponni, Aline “Biscoitinho” Melo, Amazonas “Amazing” Chagas Junior, Amanda

“Amandinha” Mendes, Ana Lúcia “Anitas” Tourinho, Cláudio “Jason” Ferreira,

Cristiano “Cowboy” Costa, Deives “Deivinho” Almeida, Denis “Rafa” Pedroso,

Eduardo “Skull” Wienskoski, Eduardo “Guma” Vasconcelos e Luis “Shakespeare”

Vaz.

• Aos amigos do Museu Nacional, futuros companheiros de mestrado(assim espero!))

pelo café Gustavo “Bob” Oliveira;Juliana “Juju” Sayão; Maurílio “Po, Cadê meu

dragão chines?” Oliveira e Pedro “Neo” Romano e Ronaldo “Zé Pequeno”

(Paleontologia de Vertebrados) Francisco “Chiquinho” (Antropologia) Roberta

“Robertinha” (Herpetologia)

• Ao amigo Wallace Garradini, pelos conselhos, conversas, brigas e, principalmente,

pela amizade, que mudaram muito minha visão do mundo.

• Aos inúmeros amigos que fiz ao longo da minha estada na Biologia, não só na UFRJ

mas por todo o Brasil que são muitos aqui para serem citados, mas que são muito

importantes pra mim.

• Ao Mayr, Eliana e Marcelinho, do Camping Caracol de Picinguaba, por manterem

aquele paraíso sempre com cerveja gelada.

• Aqueles que criaram as músicas que embalaram, não só minha graduação, como a

minha vida (e continuarão embalando): Angra; Aerosmith; Bad Religion; Bee Gees;

Black Sabbath; Blind Guardian; Bezerra da Silva; Deep Purple; Dire Straits, Dudu

Nobre; Eric Clapton; Green Day; Helloween; Iron Maiden; Joe Satriani; Jorge Aragão;

Led Zepelin; Manowar; Metallica; Midnigth Oil; Offspring; Pearl Jam; Pennywise;

Pink Floyd; Queen; Sonata Arctica; Stevie Ray Vaughn; Zeca Pagodinho e inúmeros

outros.

• E aos meus bichinhos, simplesmente por existirem!

V

SUMÁRIO 1- Resumo ____________________________________________________________ 01

2- Abstract ____________________________________________________________ 02

3- Introdução __________________________________________________________ 03

3.1- Ordem Araneae _______________________________________________ 03

3.2- Área de Estudo _______________________________________________ 04

3.2.1- Localização __________________________________________ 04

3.2.2- Geologia ____________________________________________ 05

3.2.3- Clima _______________________________________________ 05

3.2.4- Flora ________________________________________________ 05

3.2.5- Fauna _______________________________________________ 06

3.2.6- Histórico _____________________________________________ 07

3.2.7- Estudos biológicos na área do PNT ________________________ 08

4- Objetivos ___________________________________________________________ 12

5- Materiais e Métodos __________________________________________________ 13

5.1- Obtenção de Dados ____________________________________________ 13

5.2- Áreas de Coleta _______________________________________________ 14

5.3- Coleta e Conservação __________________________________________ 14

5.4 – Identificação ________________________________________________ 15

6- Resultados & Discussão _______________________________________________ 17

7 - Conclusões ________________________________________________________ xx

8- Referências Bibliográficas _____________________________________________ xx

Anexos ______________________________________________________________ xx

1

1- RESUMO

O Parque Nacional da Tijuca (PNT) é uma das maiores florestas urbanas do mundo, situado na

cidade do Rio de Janeiro. Ele é uma área de grande interesse histórico e turístico, bem como

localidade-tipo de dezenas de espécies de aracnídeos. Contudo, nenhum levantamento das espécies de

aranhas do PNT foi realizado até o momento. Como parte desse trabalho, foi feita uma coleta intensiva

(Avaliação Ecológica Rápida), durante uma semana em Janeiro de 2005, dentro das atividades de

elaboração do novo Plano de Manejo do PNT. Foram usados diferentes métodos de coleta (armadilhas

de queda, batida de vegetação, peneiramento de folhiço, exame de habitats específicos e coletas

visuais livres), tanto em período noturno, quanto diurno, visando amostrar o maior espectro possível

da araneofauna. O material foi identificado e depositado na coleção do Laboratório de Aracnologia,

MNRJ. Além dessas coletas, os dados de todos os espécimes do MNRJ provenientes do PNT,

juntamente com as citações encontradas durante uma revisão completa da literatura, foram adicionados

a uma base de dados sobre aranhas do estado do Rio de Janeiro, previamente elaborada por R. Baptista

(UFRJ) e colaboradores. Já foram identificadas para a área do PNT 308 espécies, distribuídas em 193

gêneros, incluídos em 51 famílias. O número de espécies constitui cerca de 65 % das 471 espécies

registradas para o município do Rio de Janeiro na citada base de dados. Foram encontradas 173

espécies a mais do que as 135 espécies registradas previamente para o PNT, representando um

incremento de 128 % em relação ao número de espécies previamente conhecidas para a área. Destaca-

se a presença de um gênero e 16 espécies não descritas e machos ou fêmeas de várias espécies ainda

inéditos, além da ampliação da distribuição de 116 espécies, através de novos registros para o PNT, o

município, o estado, o Brasil, ou, mesmo, América do Sul.

2

2- ABSTRACT

The Tijuca National Park (Parque Nacional da Tijuca, PNT) is one of the largest urban forests in the

world, placed at the city of Rio de Janeiro, Brazil. It is an area of great historical and touristic interest.

Besides it is type locality of dozens of arachnid species. However, no inventory of its araneofauna has

ever been made. As part of this study, a Rapid Ecological Assessment was performed during a whole

week in January 2005, as a component of the elaboration of the PNT´s new management plan. Several

collecting methods were used (pitfall traps, vegetation beating, litter sifting; specific-habitats

searching and free-hand searching) in both night and day periods. This method was chosen in an

attempt to achieve the most representative sample possible. All material was sorted, identified and

deposited in the collection of the Laboratory of Arachnology, MNRJ. Besides those samples, the data

of all specimens belonging to MNRJ collection from PNT and citations to all specimens from PNT

found during a comprehensive literature survey were included in a database, which was already

elaborated by R. Baptista (UFRJ) and co-workers. At the present time, 308 species were identified for

the PNT area distributed in 193 genera, included in 51 families. The number of species represents

circa 65 % of the 471 species registered for the city of Rio de Janeiro on our database. Those numbers

represent 173 species beyond the 135 ones previously registered for the PNT, which amounts to an

increase of 128 % on the number of known species for the area. A striking result is the presence of one

genus and 16 non-described species and the finding of the hitherto unknown males and females of

many species, besides the increase on the distributional range of 116 species, represented by new

records for the PNT, Rio de Janeiro city and state, Brazil and even South America.

3

3- INTRODUÇÃO

3.1- Ordem Araneae

As aranhas são animais megadiversos, que distribuem-se por todas as regiões zoogeográficas

conhecidas, com exceção da Ártica e Antártica (FOELIX, 1992). Devido a sua imensa capacidade

adaptativa, a ordem Araneae é uma das mais abundantes do Reino Animal. Elas podem ser

encontradas desde os interstícios do solo até o dossel das árvores, vivendo mesmo em ambientes

aquáticos dulcícolas ou litorâneos. As aranhas são um dos mais importantes grupos de predadores em

todos os ecossistemas terrestres, sendo agentes reconhecidamente eficientes no controle biológico

natural em ecossistemas agrícolas (DIPENAAR-SCHOEMAN & JOCQUÉ, 1997).

A ordem Araneae constitui um dos primeiros grupos a conquistar o ambiente terrestre, sendo o

seu fóssil mais antigo proveniente do período Devoniano médio (circa 380 milhões de anos atrás)

(SELDEN, 1990; SELDEN, SHEAR & BONAMO, 1991). Segundo LEVI (1982), a Ordem Araneae é

considerada o sétimo maior grupo em número de espécies do filo Arthropoda, superado em número de

espécies somente pela ordem Acari (Arachnida) e cinco ordens de insetos. Atualmente, pouco mais de

39.000 espécies são conhecidas, distribuídas em 110 famílias (PLATNICK, 2006).

Apesar da maior partes da diversidade de aranhas estar concentrada nas regiões tropical e

subtropical, essa área são ainda pouco estudadas. Atualmente, as regiões com araneofauna mais

conhecida são Japão, países do oeste europeu e Região Neártica, onde estima-se que cerca de 80 % das

aranhas já foram descritas. Na Nova Zelândia, a estimativa é de que 60 % do total de espécies de

aranhas já são conhecidos (CODDINGTON & LEVI, 1991; PLATNICK, 1999).

Por outro lado, apenas 50 % da araneofauna é conhecida atualmente do Continente Africano e

na Região Neotropical segundo as estimativas. O relativo desconhecimento da araneofauna só é maior

na Austrália, onde estima-se que somente 20 % do total é conhecido (PLATNICK, 1999),onde mesmo

muitas das espécies descritas são conhecidas por apenas um sexo (PLATNICK, 1994; LEVI 1996;

RAMIREZ & GRISMADO, 1996). As pesquisas para o levantamento da araneofauna da América do

Sul foram iniciadas apenas em período mais recente. Uma outra estimativa é a de que entre 60 e 70 %

do material originário da América do Sul depositado em coleções consiste em novas espécies

(CODDINGTON & LEVI, 1991).

O primeiro e mais completo catálogo taxonômico da Ordem Araneae é o catálogo de BONNET,

intitulado Bibliographia Araneorum, dividido em 3 tomos, publicados de 1939 a 1961, abrangendo

toda a literatura aracnológica desde as primeiras citações de autores gregos do período clássico.

Posteriormente, foram publicados catálogos exclusivamente taxonômicos por ROEWER (1955),

BRIGNOLI (1983) e PLATNICK (1989, 1993, 1998). Atualmente, a principal fonte de informações

sobre a taxonomia de aranhas é o catálogo eletrônico de PLATNICK, o qual vem sendo atualizado

constantemente e encontra-se atualmente na versão 6.5 (2006).

4

No Brasil, poucas publicações tratando de inventários da araneofauna foram feitas, como

MELLO-LEITÃO (1923), BÜCHERL (1949, 1959), SOARES (1944), SOARES & SOARES (1946) e

SOARES & CAMARGO (1948). Esses trabalhos, freqüentemente, incluem descrições imprecisas de

novos gêneros e espécies, o que representa um problema para a prática taxonômica, pois não permitem

a identificação precisa das espécies. Recentemente, durante a década de 1990, foram iniciadas novas

tentativas para inventariar a araneofauna brasileira. As mais recentes e significativas publicações estão

ligadas à Região Amazônica, mas, atualmente, outras áreas brasileiras vem sendo exploradas.

Importantes estudos estão sendo realizados no estado de São Paulo em áreas como as de Mata

Atlântica (FOWLER & VENTICINQUE 1995, BRESCOVIT et al. 2003) e em ambientes restritos

como cavernas (PINTO-DA-ROCHA 1993, 1995; TRAJANO 1987, TRAJANO & GNASPINI 1991,

TRAJANO & MOREIRA 1991).

A araneofauna do estado do Rio de Janeiro é considerada uma das mais bem conhecidas do país,

tendo em vista que nosso estado tem uma ocupação bem antiga, uma grande população e o fato de a

cidade do Rio de Janeiro ter sido a capital do Brasil durante a maior parte da nossa história. Segundo a

base de dados de R. Baptista e colaboradores, cerca de 904 espécies válidas foram registradas para o

Estado, distribuídas em 365 gêneros, pertencentes a 55 famílias, que correspondem a

aproximadamente 81 % das famílias ocorrentes no Brasil.

3.2.- Área de Estudo

3.2.1- Localização

O Parque Nacional da Tijuca (PNT) localiza-se em meio à cidade do Rio de Janeiro,

dividindo-a em Zona Norte e Zona Sul (Anexo 1). Ele abrange a maior parte da área florestada

conhecida como Floresta da Tijuca, que é uma das maiores florestas urbanas do mundo.

Geograficamente, o PNT situa-se entre os paralelos 22º 55' e 23º 01' Sul e os meridianos 43º 12' e 43º

19' Oeste, na região Centro-Sul do estado do Rio de Janeiro.

O PNT é dividido em quatro grandes conjuntos ou setores (Anexo 2), separados pelos eixos

rodoviários que hoje permitem fácil e rápido acesso: Setor 1 – Floresta da Tijuca (14,73 km2); Setor 2

– Serra da Carioca/ Corcovado/ Parque Lage (17,28 km2); Setor 3 – Pedra da Gávea e Pedra Bonita

(2,5 km2); Setor 4 – Covanca / Pretos Forros (5 km2). O PNT tem limites com os bairros de Botafogo,

Jardim Botânico, Gávea, São Conrado, Barra da Tijuca, Jacarepaguá, Grajaú, Vila Isabel, Tijuca, Rio

Comprido e Laranjeiras. O Parque pode ser alcançado através de sete acessos principais que

correspondem aos seus portões de entrada: Sumaré (Estrada do Sumaré), Caixa d'Água dos Caboclos

(Rua Almirante Alexandrino), Macacos (Estrada Dona Castorina), Passo das Pedras (Estrada da Vista

Chinesa), Sapucaias (Estrada do Redentor), Solidão (Estrada do Açude da Solidão) e Cascatinha

(Estrada da Cascatinha).

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3.2.2- Geologia

As rochas que formam as montanhas do PNT tiveram sua origem durante o período Pré-

Cambriano, com idades em torno de 1,7 bilhão de anos. Predominam as rochas compostas de gnaisse,

com presença eventual de massas graníticas. O imenso maciço se apresenta interrompido por diques de

diabásio, que sofreram maior desgaste pelo intemperismo, originando gargantas e vales entre as

montanhas, como o Vale dos Macacos, Mesa do Imperador, Garganta do Mateus etc. Também são

numerosos os veios de pegmatito. O PNT inclui 67 montanhas, com altitude média superior a 500 m, e

22 vales. Seu ponto culminante é o Pico da Tijuca, com 1.022 m. O relevo do Parque apresenta ainda

43 rios ou córregos, dentre eles o Rio Maracanã, o Rio Comprido e o Rio Carioca (BANDEIRA,

1993).

3.2.3- Clima

De acordo com a classificação de Köppen, o clima do PNT é caracterizado como Tropical

Sempre Úmido. A temperatura média varia entre 18 ºC e 22 ºC e a pluviosidade atinge números

superiores a 2000 mm por ano (MATTOS et al. 1976). A Floresta da Tijuca ocupa uma área central no

sentido NE-SW do maciço da Tijuca, cuja altitude é superior a 500 metros. Isto torna o maciço da

Tijuca um anteparo natural aos ventos úmidos do litoral, levando à ocorrência de grande quantidade de

chuva orogênica, a qual é abundante mesmo durante o inverno (MATTOS et al. 1976; BANDEIRA,

1993).

3.2.4- Flora

A cobertura vegetal original do PNT era tipicamente formada por Mata Atlântica (Floresta

Perenifólia Latifoliada Higrófila Costeira, segundo ANDRADE-LIMA, 1966). Essa formação florestal

é constituída por uma mata densa, apresentando sub-bosque e vegetação herbácea abundantes. Existe

uma predominância de vegetais lenhosos de grande porte, palmeiras samambaias e outras plantas

características de florestas tropicais pluviais (BANDEIRA, 1993)

A mata tropical pluvial original da região foi quase totalmente eliminada nos primeiros séculos

da história da cidade. As mudas de árvores plantadas aos milhares foram trazidas de áreas vizinhas

(como Pedra Branca e Guaratiba). A natureza foi gradualmente retomando seu curso e hoje existe uma

floresta diversificada de grande porte. A fitopaisagem atual é extremamente variada, indo de

resquícios da mata atlântica original a diversos espécimes exóticos introduzidos e hoje aclimatados

(dracenas, bambus, beijos, jaqueiras, mangueiras, fruta-pão, jambeiros, jabuticabeiras, cafeeiros,

eucaliptos, dentre outros). Esse mistura resultou em uma estrutura de mata bastante complexa, com

estratos cuja definição e riqueza variam imensamente de acordo com o local amostrado (BANDEIRA,

1993; MAYA, 1966).

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3.2.5- Fauna

A fauna do PNT não é muito distinta das regiões florestadas circunvizinhas do município do

Rio de Janeiro, possuindo também uma grande variedade de espécies de mamíferos, répteis, aves,

anfíbios e artrópodes (MAYA, 1966). Ela é surpreendentemente rica, apresentando, por exemplo, mais

de duas centenas de aves (SICK, 1983; GAGLIARDI & PACHECO, 2005). Contudo, como

conseqüência do impacto antrópico durante os últimos 400 anos, muitos animais que caracterizam

sítios similares da encosta atlântica da Serra do Mar não são mais encontrados no PNT.

A fauna de vertebrados do PNT é mais bem conhecida do que a de invertebrados, como é

praxe em todas as unidades de conservação do Brasil. Além das 208 espécies de aves registradas para

a área, a diversidade de mamíferos, répteis e anfíbios também é considerável. Existem 38 espécies de

anfíbios registradas para o PNT, segundo comunicação pessoal de Sergio Potsch Carvalho e Silva

(Dept. Zoologia, UFRJ, 2006). Contudo, embora exista uma listagem atualizada com 127 espécies de

répteis e 185 de mamíferos já registradas para o estado do Rio (ROCHA et al. 2004), não há ainda

publicações específicas sobre essas ordens para a área do PNT. Abaixo citamos algumas das espécies

registradas para o PNT, à guisa de representação da diversidade da fauna local de vertebrados.

Répteis: cobras como Caninanas, Corais, Jararaca, Jararacuçus; lagartos como Calangos, Iguanas,

Teiús. Aves: Saíras, Rendeira, Tangará, Araponga, Beija-flores, Juritis, Gaviões, Urubus, Urus,

Jacupemba, Inhambu-chintã. Mamíferos: Sagüis, Macacos-prego, Cachorros-do-mato, Quatis,

Guaxinins, Gatos-do-mato, Pacas, Ouriços, Caxinguelês, Tapitis, Tatus, Tamanduás-mirins, Gambás

(MAYA, 1966).

3.2.6- Histórico

A área de preservação da Floresta da Tijuca foi criada no dia 11 de Dezembro de 1861, por

meio de decreto do então imperador D. Pedro II, fazendo parte de uma série de reformas urbanas e

sociais que modificaram a fisionomia da cidade do Rio de Janeiro na época do Império. Porém, ao

contrário do que se poderia pensar, a Floresta da Tijuca não teve em sua origem a função de

preservação, pesquisa e lazer que hoje atribuímos aos parques Nacionais.

A concepção de criação da Floresta da Tijuca está ligada à solução de um problema que

assolava a capital do séc XIX: o deficiente abastecimento de água da cidade do Rio de Janeiro. Como

sabemos, esse problema vem nos acompanhando desde os tempos do Brasil Colônia (MAYA, 1966).

Durante os anos de 1824, 1829, 1833 e 1843, a cidade foi sucessivamente assolada pela seca. Os rios

que abasteciam a cidade, principalmente os rios Carioca Cachoeira e Maracanã não conseguiam

acompanhar o ritmo de crescimento da cidade. A produção diária dos mananciais chegou a menos de

10 % da quantidade necessária para atender os 400.000 habitantes do Rio de Janeiro Imperial (MAYA,

1966).

As encostas da floresta no início do século XIX eram um grande mosaico de plantações de

café, cultura que por muito tempo dominou nossas economia e que iniciou-se no Rio por volta de

1760. As matas da Serra da Tijuca, uma das áreas prediletas para a cultura, foram rapidamente

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depauperadas, com a mata original dando lugar a extensas plantações de café. Com a chegada da

família real portuguesa, a situação piorou consideravelmente, aumentando em cerca de 25 % a

população da cidade. De fato, a mata não foi completamente destruída, mas seu estado era bastante

precário na segunda metade do século passado (MAYA, 1966).

Em 1844, começaram a ser feitos trabalhos florestais na Tijuca e nas Paineiras, registrando um

aumento no volume nas águas do rio Carioca. Em 1850, o governo sancionou uma lei sobre a

desapropriação dos terrenos “generativos de fontes”, principalmente os da Serra da Tijuca, de onde

nasciam o rio Maracanã e seus afluentes. Em 1856, começaram efetivamente as desapropriações de

terrenos na Tijuca, graças aos esforços do Visconde do Bom Retiro. O reflorestamento prosseguia,

juntamente com as obras de encanamento, porém de forma um tanto caótica, pois careciam de um

corpo de regulamentos que regesse os trabalhos na Floresta.

A situação mudou com a constituição do Ministério da Agricultura, o qual teria jurisdição

sobre a Floresta da Tijuca e as Paineiras, e, principalmente, com o decreto de criação da Floresta da

Tijuca em 1861. O reflorestamento seguiu sob a administração do “major” Manuel Gomes Archer,

administrador da Floresta da Tijuca desde sua criação até 1874 e considerado o pai da silvicultura no

Brasil. Porém, desde seus primórdios, jamais houve cuidado em se utilizar plantas nativas da flora

carioca nesses reflorestamentos, fato apontado por alguns cronistas da história do Rio, como CRULS

(1949). Desfigurava-se assim o sentido que deveria ter a Floresta da Tijuca: conter exemplares apenas

da flora carioca (MAYA, 1966).

Durante algum tempo, a área permaneceu esquecida. Em 1943, a Floresta da Tijuca passou à

tutela da Prefeitura, condição mantida até a criação do Parque Nacional da Tijuca (PNT) em 1961. Em

1991, o PNT foi, juntamente com o Jardim Botânico e o Parque Lage, declarado Reserva da Biosfera

pela UNESCO como e pleiteia a condição de Patrimônio da Humanidade desde 2000 (SILVA et al.,

2006). Todo esse hitórico do parque torna correto afirmar que o Parque Nacional da Tijuca nasceu de

uma série de medidas políticas de longo prazo aliado a um trabalho pioneiro de reflorestamento no

pais (DRUMMOND 1998)

3.2.7- Estudos biológicos na área do PNT

Desde a abertura dos portos por D. João VI em 1808, a Floresta da Tijuca recebeu muitas das

mais importantes expedições zoológicas ao país. A cidade do Rio de Janeiro, então capital imperial,

serviu durante muito tempo como porta de entrada das expedições de pesquisa, as quais necessitavam

de autorizações expedidas pela burocracia imperial. Muitos pesquisadores aproveitavam a estadia na

cidade para coletar espécimes em seus “arredores”. Embora a Floresta da Tijuca não seja muitas vezes

mencionada nos rótulos incompletos de espécimes depositados em museus, é muito provável que a

maior parte dos espécimes provenientes desses “arredores” tenha sido coletada dentro de seus limites.

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O primeiro registro de coletas zoológicas na área da cidade do Rio de Janeiro refere-se à

viagem do navio “Endeavour”, sob o comando do famoso capitão James Cook. Dois naturalistas

participaram dessa viagem, John Banks (1743-1820) e Daniel Solander (1733-1782). O “Endeavour”

chegou ao Rio em 13 de Novembro de 1768, mas somente o desembarque do capitão Cook foi

permitido, devido a problemas com o Vice-rei da época. Banks e Solander só puderam coletar na

região após iludir a vigilância e desembarcar escondidos (PAPAVERO, 1971). Embora não haja

citação do coletor na descrição original, como era de praxe em trabalhos mais antigos, é possível que o

holótipo de Nephylengis cruentata (Fabricius, 1775) (Tetragnathidae) tenha sido proveniente dessa

expedição. Essa é a primeira espécie de aranha descrita do Rio de Janeiro e seu holótipo foi depositado

no Museu Britânico de História Natural (British Museum of Natural History - BMNH).

Outro dos naturalistas pioneiros na época do Brasil Imperial foi o Barão Georg Heinrich von

Langsdorff (1774-1863). Ele coletou no Corcovado e arredores, permanecendo no Rio entre 1813 e

1820. Coletou também na Fazenda da Mandioca, no sopé da serra da Estrela (atualmente Inhomirim,

Magé) e em Cabo Frio. Ele também recepcionou e abrigou várias expedições posteriores de

naturalistas estrangeiros.

Dentre as muitas expedições que resultaram em coletas na cidade do Rio de Janeiro, iremos

citar abaixo algumas das mais relevantes e que obtiveram um maior número de espécimes zoológicos,

especialmente aracnídeos. A maioria das informações abaixo foi retirada de PAPAVERO, 1971.

Informações de outras procedências serão devidamente especificadas.

Friedrich Sellow (ou Sello) (1789-1831), naturalista alemão, chegou ao Rio em 1813, aqui

permanecendo durante um ano. Coletou principalmente no Morro do corcovado e suas florestas

circundantes. Também fez excursões a Petrópolis, Fazenda da Mandioca, Serra dos Órgãos,

Sumidouro, Angra dos Reis, Cabo Frio e Macaé. Em 1815, juntamente com os naturalistas Georg

Wilhelm Freyreiss (1789- falecimento?) e Lorentz Westin, Sellow juntou-se à famosa expedição do

príncipe Maximilian zu Wied-Neuwied (1782-1867), que, durante 3 anos, coletou por Rio de Janeiro,

Espírito Santo e Bahia.

Entre 1815 e 1820, os naturalistas franceses Augustin François César Provençal de Saint-

Hilaire (1779-1853) e Pierre Antoine Delalande (1787-1828) coletaram espécimes nos arredores do

Rio e em diversas outras localidades (Benfica, Serra da Viúva, Pau Grande proximidades do Rio

Paraíba.), antes de seguirem para Minas Gerais. Na mesma época, vários naturalistas austríacos

também realizaram estudos na cidade do Rio de Janeiro. Johann Emmanuel Pohl (1782-1834) coletou

nos arredores da cidade e em outros pontos do estado (Ilha da Madeira, Itaguaí, Piraí, Angra dos Reis,

Mangaratiba, Sepetiba, Fazenda da Mandioca e na Serra dos Órgãos. Johann Christian Mikán (1769–

1844) coligiu espécimes na cidade do Rio de Janeiro (Boa Vista, Corcovado, Laranjeiras), Saquarema

e Cabo Frio. Já Johann Natterer (1787-1843) aqui esteve em 1821, coletando nas vizinhanças da

cidade (especialmente no Morro do Corcovado), Sepetiba, Restinga de Marambaia, Itacurussá, Itaguaí,

9

dentre outras localidades. No mesmo ano de 1821, o inglês William Swainson (1786-1855) também

realizou coletas em vários pontos dos arredores da cidade, especialmente no morro do Corcovado.

Os naturalistas bávaros Johann Baptist von Spix (1781 – 1826) e Karl Friedrich Phillip von

Martius (1794 – 1834) coletaram amplamente na cidade do Rio de Janeiro, onde foram hóspedes do

Barão Langsdorff. Eles estiveram em Laranjeiras, Corcovado, Aqueduto, Fonte da Carioca, Tijuca

Botafogo, Jardim Botânico e também fizeram coletas na Fazenda da Mandioca, a convite do barão,

antes de seguirem para São Paulo. Parte do material aracnológico coletado por eles foi descrito por

PERTY (1833).

Em 1826, enquanto esperava o embarque para Buenos Aires e atrasado pelos conflitos na região da

Província Cisplatina, Alcides Dessalines d’Orbigny (1802-1857) realizou coletas nas áreas do

Corcovado, São Cristóvão e arredores.

Francis Louis Nompar de Caumont de Laporte de Castelnau (1810-1880) foi um famoso

naturalista francês e um dos fundadores da Sociedade Entomológica Francesa. Chegou ao Rio de

Janeiro em 1843, hospedando-se na antiga casa do Barão de Langsdorff durante sua estadia na cidade.

Muitos pontos da cidade do Rio e arredores foram explorados com suas excursões, incluindo Niterói.

Pierre Émile Gounelle (1850-1914) foi um naturalista francês que realizou sete viagens ao

Brasil. Durante sua primeira viagem, em 1844, coletou bastante no estado da Guanabara (atual Grande

Rio), principalmente na Floresta da Tijuca. Posteriormente, prosseguiu pela Serra dos Órgãos,

cruzando o rio Paraibuna e adentrando o estado de Minas Gerais. Muitos exemplares da araneofauna

por ele coligidos no Rio foram descritos em vários trabalhos de Eugène Simon, tendo sido usados

como material-tipo de 21 espécies. Podemos citar, por exemplo, Tariona gounellei Simon, 1902

(Salticidae) e Eutichurus ravidus Simon, 1897 (Miturgidae).

Philbert Germain (1827-1913), francês de nascimento, trabalhou durante décadas no Chile,

tendo publicado diversas obras sobre Coleoptera daquele país. Embora não existam registros de sua

passagem pelo Rio, rótulos de espécimes de coleópteros do Museu de História Natural de Paris

mostram que ele coletou por aqui. Além disso, várias espécies de aranhas do Rio de Janeiro foram

descritas por Simon, como Ceraarachne germaini Simon, 1886 (Thomisidae) e Idiops germaini

Simon, 1892 (Idiopidae), baseada em material coligido por ele na cidade do Rio de Janeiro.

O biólogo alemão Hermann Burmeister (1807-1892) esteve no Rio em 1850, onde coletou em

diversos locais. Foi, inclusive, recebido pelo Imperador Pedro II antes de deixar a cidade e partir para

o interior do estado (Nova Friburgo, Petrópolis). Após coletar por outros estados, retornou à capital,

navegando pelos rios Paraíba e Paraibuna.

Talvez a mais famosa expedição a passar por aqui tenha sido a do naturalista inglês Charles

Robert Darwin (1809-1882). Ele esteve a bordo do navio “Beagle” capitaneado por Robert FitzRoy

(1805-18650), também naturalista. Chegando ao Rio em 1832, Darwin coletou em vários locais do

estado, como “Praia Grande” (atualmente Niterói), Lagoa de Maricá, Baía de Botafogo, Jardim

Botânico, Gávea e muitos outros distritos da cidade, antes de partir para Montevidéu no mesmo ano.

10

Um relato das aranhas coligidas por ele foi publicado por WHITE (1841), incluindo o holótipo de

Alpaida leucogramma White, 1841 (Araneidae).

O suíço Emil August Göldi (1859-1917) trabalhou durante muito tempo no Museu Nacional

do Rio de Janeiro até a proclamação da república, quando retirou-se para a Serra dos Órgãos e,

posteriormente, para Belém, onde ajudou a fundar e dirigiu, até sua morte, o Museu de História

Natural que leva seu nome. Ele coletou muitos exemplares de aracnídeos em todo o estado do Rio de

Janeiro, especialmente na capital e no noroeste fluminense. GÖLDI também publicou alguns dos

primeiros trabalhos sobre o comportamento de aracnídeos brasileiros (ex. 1886, 1887, 1892). Muitos

dos espécimes coletados por Göldi foram descritos pelo conde Eugen von KEYSERLING em vários

trabalhos (por exemplo, 1884, 1886, 1891). Dentre as 145 espécies de aranhas do estado do Rio

baseadas em material-tipo coletado por Göldi (segundo base de dados de Baptista e colaboradores),

podemos citar Odo pulcher Keyserling, 1891 (Zoridae), Corinna nitens (Keyserling, 1891)

(Corinnidae) e Sillus imbecillus (Keyserling, 1891) (Anyphaenidae), todas provenientes do PNT.

Dentre os coletores mais recentes, destacamos Roger Arlé (entomólogo), Johann Becker

(entomólogo) e Helmut Sick (ornitólogo), todos do MNRJ, que realizaram várias coleções de

aracnídeos do parque. Como exemplo de espécies coletadas por eles, podemos citar, em ordem,

Onocolus intermedius (Mello-Leitão, 1929) (Thomisidae), Faiditus sicki (Exline & Levi, 1962) e

Faiditus solidao (Levi, 1967) (Theridiidae). Além desses, o aracnólogo Herbert Levi (MCZ,

Cambridge, EUA) também realizou diversas coletas no parque em várias oportunidades durante as

décadas de 1960 e 1980. Algumas das espécies descritas a partir de material coletado por ele são

Araneus pico Levi, 1991 (Araneidae), Chrysometa sumare Levi, 1986 (Tetragnathidae), Episinus rio

Levi, 1967 e Wirada tijuca Levi, 1967 (ambos Theridiidae).

11

4- OBJETIVOS

O objetivo mais imediato deste estudo é fazer um levantamento das espécies de aranhas

(Arachnida, Araneae) ocorrentes no Parque Nacional da Tijuca, contribuindo para o conhecimento da

diversidade e distribuição de aranhas brasileiras. Como mencionado acima, há uma grande carência de

investigações aracnológicas na América do Sul. O presente levantamento vem preencher parcialmente

essa lacuna existente no conhecimento da araneofauna do Estado do Rio de Janeiro.

Os resultados deste levantamento serão utilizados como base para comparação com outras áreas

do Estado, como o Parque Municipal de Nova Iguaçu (no qual trabalho semelhante já está sendo

realizado) e o Parque Estadual da Pedra Branca. Informações mais detalhadas sobre a biodiversidade

do local também poderão ser usadas para estudos ecológicos, como a discriminação entre áreas a

serem incluídas em diferentes categorias de uso no novo plano de manejo do PNT.

12

5- MATERIAIS E MÉTODOS

5.1- Obtenção de dados

Os dados utilizados neste trabalho vieram de três fontes principais. A primeira foi o

levantamento da informação histórica disponível em centenas de artigos especializados sobre

taxonomia de aranhas, realizada por Renner Baptista e colaboradores (base de dados em preparação, a

ser disponibilizada na Internet). A segunda fonte foi a análise da coleção aracnológica do Museu

Nacional (MNRJ), cujos espécimes foram incluídos na base de dados citada acima, inclusive aqueles

provenientes de coleções particulares incorporadas, como a coleção particular Renner Baptista.

Também foram considerados como registros para a área do PNT, e incluídos na base de dados citada,

espécimes de áreas recentemente incorporadas ao complexo do parque (como a Pedra da Gávea e

Pretos Forros/ Covanca) e de áreas limítrofes, cujas porções florestadas são contíguas à reserva (como

Andaraí, Grajaú, Jardim Botânico e Gávea).

A terceira fonte de dados é formada pelos espécimes recolhidos durante a Avaliação Ecológica

Rápida (AER) realizada como parte da elaboração do novo Plano de Manejo do PNT. Essa AER foi

um trabalho conjunto entre a equipe do Laboratório de Aracnologia do MNRJ, sob coordenação de R.

Baptista, de outras equipes de várias instituições e de biólogos do IBAMA. O material da AER é

especialmente relevante, pois foi coletado segundo uma metodologia específica, utilizando métodos de

coleta variados, em uma ampla gama de habitats, de acordo com o protocolo desenvolvido por

CODDINGTON et al. (1991).

Em comparação com o material já depositado na coleção MNRJ e aos registros citados em

literatura, o material da AER permite a elaboração de um panorama mais acurado da araneofauna

atual. A combinação e a análise dos dados provenientes dessas fontes variadas permite um esboço de

comparação diacrônica entre a araneofauna atual e as informações disponíveis sobre as espécies que

outrora habitavam o PNT.

O material da AER foi reunido, processado e comparado com os dados previamente existentes

na literatura e na coleção MNRJ, levantados por GÓES E SILVA, 2002 e segundo base de dados de

Baptista e colaboradores. A listagem final foi analisada com o objetivo de detectar nomina dubia e

possíveis erros de identificação de espécies exóticas, mas que foram citadas para o parque.

5.2- Áreas de Coleta

A seleção das áreas de coleta para a AER seguiu critérios logísticos definidos pela equipe

responsável pela elaboração do novo plano de manejo do PNT. Devido à grande extensão do parque e

outros problemas de logística, as coletas se restringiram praticamente aos setores A (Floresta da

Tijuca) e C (Pedra Bonita e Pedra da Gávea). O setor B (Serra da Carioca, o maior em extensão)

13

carece de dados recentes (possuindo apenas coletas esparsas já previamente registradas na coleção) e o

Setor D (Covanca, Pretos Forros) foi ignorado. Foram selecionadas cinco grandes áreas do PNT,

abrangendo unicamente os setores A (Floresta da Tijuca) e C (Pedra da Gávea-Pedra Bonita). As áreas

definidas foram: 1- Morro do Archer; 2- Mata do Pai Ricardo; 3- Vale entre a Pedra da Gávea e Pedra

Bonita; 4- Fazenda do Moke/ Morro do Cochrane; e 5- Sumaré. Essas áreas foram selecionadas de

modo a abranger setores do PNT com diferentes aspectos fisionômicos e estágios de recuperação

florestal, de modo a proporcionar um maior número de informações para a discriminação entre as

áreas de uso do plano de manejo.

5.3- Coleta e Conservação

As coletas da AER ocorreram durante o período compreendido entre 18 e 22 de Janeiro de

2005. Cabe ressaltar que, durante o período citado, o Rio de Janeiro sofreu com fortíssimas chuvas, o

que prejudicou muito os trabalhos de coleta.

Devido aos muitos e diferentes habitats freqüentados pelas aranhas, é necessário utilizar

diversos métodos de coleta, visando a obtenção de uma amostragem representativa. Contudo, também

é necessário que esse número não seja muito grande e a classificação dos microhabitats relativamente

simples, a fim de minimizar a complexidade do protocolo de coleta (CODDINGTON et al. 1991).

Os métodos utilizados foram selecionados segundo o protocolo desenvolvido por

CODDINGTON et al., 1991, aplicado com sucesso em outros levantamentos faunísticos (SILVA,

1996; SØRENSEN et al. 2002). Eles são listados a seguir, com uma pequena explicação sobre as

técnicas e o tipo de fauna amostrado por cada uma.

• Armadilhas de queda (“pitfall traps”): esse método consiste no uso de recipientes plásticos

enterrados no solo (abertura 18 cm diâmetro), contendo líquido conservante de impacto ambiental

reduzido (solução salina hiper-concentrada, com algumas gotas de detergente), cobertos por uma

proteção contra a chuva (prato plástico). Ideal para aranhas errantes e tubícolas (especialmente

machos) que deslocam-se por sobre o folhiço.

As armadilhas de queda foram instaladas nas áreas 1- Morro Archer, 2 – Mata do Pai Ricardo,

3- Vale entre a Pedra da Gávea e Pedra Bonita, e 4- Fazenda do Moke/ Morro do Cochrane. Cada uma

dessas quatro áreas foi subdividida em 2 sub-áreas. Em cada sub-área, foram instaladas 20 armadilhas,

totalizando 160 armadilhas. Armadilhas também foram instaladas na Gruta do Belmiro (quatro

armadilhas) e Gruta dos Morcegos (quatro armadilhas), a fim de amostrar a fauna específica desse tipo

de habitat. As armadilhas permaneceram nos locais por um período de cerca de um mês, ao final do

qual os espécimes foram recolhidos. Elas foram, então, reinstaladas, permanecendo no solo por mais

um mês, até sua retirada definitiva.

• Peneiração do folhiço: amostras do folhiço da mata ou de outros tipos de vegetação foram

colocadas em peneiras de malha média (0,5 mm), a fim de realizar a separação das folhas e galhos

maiores do material mais fragmentado. Este foi colocado sobre retângulos de napa branca e, então,

14

examinado cuidadosamente para a coleta das aranhas existentes. Este método permite a concentração

da fauna existente no folhiço, sendo ideal para a coleta de aranhas de pequeno porte, principalmente as

telícolas, que não são bem representadas em armadilhas de solo.

• Batida de Vegetação: consiste na amostragem da fauna de arbustos de pequeno e médio porte

(de 0,5 à 2,5 m), com a utilização de um retângulo de napa branco. Os arbustos são chacoalhados

sobre o tecido e o material depositado é analisado. Ideal para aranhas de pequeno porte, com hábitos

exclusivamente arborícolas.

• Coleta livre visual: esse método consiste no exame do ambiente pelo pesquisador, a fim de

coletar as espécies visíveis, seja em teias, túneis ou errando sobre a vegetação ou solo. As espécies

maiores e aquelas que constroem teias aéreas sobre a vegetação são o alvo principal aqui.

• Coletas em ambientes especiais: com esse método foram investigados alguns dos micro-habitats

preferenciais de aranhas de hábitos crípticos ou mais reservados. Ele consiste no exame sob cascas de

árvores, troncos caídos, pedras, dentro de buracos, dentre outros.

Os espécimes recolhidos foram imediatamente fixados em álcool 70 %. A seguir, ainda em

campo, sofreram uma pré-triagem, onde foram separadas as diferentes ordens de aracnídeos.

Posteriormente, já no laboratório, as aranhas foram triadas, separadas em morfoespécies e

acondicionadas em frascos a parte. A separação em lotes levou em conta a procedência, a data, o tipo

de coletor e o método de coleta.

5.4- Identificação

Cada lote com espécimes morfotipados foi identificado até o nível mais detalhado possível (na

maioria dos casos, até espécie). Em seguida, os lotes foram tombados e incorporados à coleção do

laboratório de Aracnologia, Museu Nacional, Universidade Federal do Rio de Janeiro (MNRJ). Os

espécimes imaturos foram conservados junto com os adultos, pois podem ser úteis em estudos mais

detalhados sobre o desenvolvimento de cada espécie.

A identificação foi realizada pela equipe do laboratório de Aracnologia do MNRJ, com o

auxílio de mais de uma centena de trabalhos científicos, incluindo chaves, descrições e revisões

taxonômicas. A citação individualizada dos trabalhos utilizados seria muito extensa, além de

desnecessária, pois a lista de trabalhos utilizados para identificação pode ser facilmente encontrada nos

catálogos taxonômicos de aranhas citados anteriormente, especialmente PLATNICK (2006).

15

6- RESULTADOS & DISCUSSÃO

A análise dos dados obtidos com a identificação dos espécimes analisados revelou a existência

de 308 espécies, distribuídas em 193 gêneros, pertencentes a 51 famílias para o PNT. A lista

comentada das espécies de aranhas do PNT pode ser observada no Anexo 3. Além da citação de cada

espécie, essa lista contém notas sobre a distribuição das espécies (incluindo o uso de negrito para

indicar espécies com material-tipo proveniente da área do parque) e observações sobre novos registros

e táxons ou machos e fêmeas não descritos.

Além das 308 espécies incluídas no anexo 3, foram ainda citadas em literatura para a área da

Floresta da Tijuca nove espécies adicionais, que não foram incluídas por representarem nomina dubia

ou citações provavelmente errôneas.

As quatro espécies que representam nomina dubia pertencem a Salticidae (Acragas

phasianinus Simon, 1900, Salticus gervaisi Lucas, 1857 e Salticus splendens Lucas, 1857) e

Uloboridae (Uloborus festivus Mello-Leitão, 1817). Os tipos das espécies de salticídeos foram

perdidos e U. festivus é baseado em um jovem não identificável. As respectivas descrições também

não permitem a identificação segura de cada uma das espécies, que foram, por isso, consideradas

como nomina dubia pelos revisores de cada grupo.

Quatro outras espécies citadas em trabalhos antigos para a área do PNT foram excluídas da

listagem, pois representam, provavelmente, identificações errôneas. Em cada um dos casos, a área de

distribuição conhecida para o táxon não abrange nem mesmo o Brasil, na maioria dos casos:

- Araneidae: Cyclosa caroli (Hentz, 1850). Eua a Bolívia;

- Cybaeidae: Cybaeus sp. Gênero holártico;

- Theraphosidae: Grammostola mollicoma (Ausserer, 1875). Argentina, Sul do Brasil;

- Thomisidae: Misumenops celer (Hentz, 1847). Américas do Norte e Central.

Além das espécies citadas acima, Diplura annectens (Bertkau, 1880), uma caranguejeira da

família Dipluridae, também foi excluída na listagem. Essa espécie é característica das regiões mais

altas da Serra dos Órgãos e nunca foi capturada no município do Rio e áreas baixas próximas. Além

disso, o único espécime de D. annectens citado para a área do PNT por Mello-Leitão não foi

encontrado no MNRJ.

Para fins comparativos, foram utilizados os dados das espécies citadas para a cidade do Rio de

Janeiro, bem como para o estado, segundo GÓES E SILVA (2002) e o dados posteriores da base de

dados de R. Baptista e colaboradores. Recentemente, foi realizado no Parque Municipal de Nova

Iguaçu (PMNI) um inventário faunístico preliminar, utilizando metodologia similar ao do presente

trabalho (LIMA, 2005). Esse trabalho foi realizado como a monografia de conclusão do curso de

Ciências Biológicas da Universidade Iguaçu do referido aluno, sob a orientação de R. Baptista. Essa

monografia, juntamente com a base de dados anexa, apresenta dados que podem ser comparados aos

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obtidos no presente trabalho. Contudo, devemos levar em conta que o esforço de coleta e os registros

em literatura para o PMNI são bem mais limitados do que aqueles obtidos para o PNT.

Além do PMNI, comparações foram feitas entre os resultados desta monografia e os dados

existentes sobre registros de espécies de aranhas para a cidade e o estado do Rio de Janeiro. Os dados

comparativos e porcentagens obtidas figuram na Tabela 1 abaixo.

Tabela 1. Quadro comparativo entre as espécies encontradas no PNT, no PMNI, na cidade e no Estado do Rio de Janeiro

Localidade Famílias Gêneros Espécies PN Tijuca 51 193 308

PMNI 33 91 139

Cidade do Rio de Janeiro 51 258 471

Estado do Rio de Janeiro 55 365 904

PNT/Cidade 100 % 74,8 % 65,4 %

PNT/Estado 92,7 % 52,9 % 34,1 %

Podemos notar que foram registrados para o PNT uma grande parcela dos táxons de aranhas

citados para o município do Rio de Janeiro (100 % das famílias, cerca de 3/4 dos gêneros e pouco

menos de 2/3 das espécies). Já em relação a araneofauna de nosso estado, o PNT apresenta uma

parcela considerável, mas significativamente menor, dos táxons registrados (mais de 90 % das

famílias, pouco mais da metade dos gêneros e de 1/3 das espécies). Já em relação ao Parque

Municipal de Nova Iguaçu (PMNI), podemos constatar que a diversidade apresentada no PNT é muito

superior, representando mais do que o dobro do total de espécies daquela unidade. Esse fato deve-se,

provavelmente, a uma série de razões, dentre as quais podemos destacar que o PMNI apresenta uma

menor área, um estado de maior degradação de seus habitats e foi submetido a um menor esforço de

coleta total ao longo da história.

Como citado na introdução, a cidade do Rio de Janeiro é uma área relativamente bem

estudada, o que acarretou um conhecimento mais detalhado de sua araneofauna em relação a outras

partes do Estado. Até o momento, foram encontradas em nossa cidade 471 espécies, distribuídas em

258 gêneros, pertencentes a 51 famílias. Já para todo o estado do Rio de Janeiro, foram citadas, até o

momento, 904 espécies de aranhas, incluídas em 365 gêneros, de 55 famílias diferentes. Logo, a

cidade do Rio detém, sozinha, 52,1 % das espécies e 70,7 % dos gêneros conhecidos para o Estado.

Isso denota o parco conhecimento sobre a biodiversidade da maioria das localidades do Rio.

Como resultado da AER, foram coletados 960 espécimes de aranhas, incluindo representantes

de 194 diferentes espécies, pertencentes a 134 gêneros, distribuídos em 46 famílias. É importante

notar que durante a AER foram coletados cerca de 63 % do número total de espécies registrado para o

PNT, embora o tempo de coleta tenha sido relativamente curto. Vale lembrar ainda que durante o

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período em que ocorreu a AER, a área do PNT foi castigada com fortíssimas chuvas, principalmente

nos dias 18, 20 e 22 de Janeiro de 2005. Isso prejudicou bastante as coletas, afetando muito o número

de táxons encontrados. Um bom exemplo do efeito deletério da alta pluviosidade é a ausência de

Aranhas-armadeiras, pertencentes ao gênero Phoneutria Perty, 1833, nas coletas da AER.

Representantes desse táxon, sabidamente comum na área, não foram capturados durante o

levantamento. Um maior esforço de coleta, aliado a condições meteorológicas mais adequadas,

certamente resultaria na captura de uma maior porcentagem da fauna já registrada para o PNT e no

incremento do número total de espécies registradas para a área.

A análise dos espécimes coletados durante a AER revelou que os métodos mais eficientes de

coleta diurna foram batida de vegetação, com 216 indivíduos (22,5 %), e coleta visual livre, que

forneceu 180 indivíduos (18,75 %). A batida de vegetação permite a obtenção de um grande número

de aranhas que habitam folhas e galhos de arbustos e arvoretas. O grande número de aranhas obtido

com o método de coleta visual livre deve-se à sua facilidade de utilização e versatilidade, permitindo

a captura de aranhas avistadas na vegetação, em qualquer lugar onde fazem suas teias, ou ainda

caminhando no chão, árvores ou pedras. Os outros métodos utilizados foram a coleta críptica (83

indivíduos), o peneiramento de folhiço (59 indivíduos) e as armadilhas de queda (89 indivíduos).

Coletas realizadas sem especificação de método resultaram em 113 indivíduos adicionais. O

peneiramento do folhiço foi o método mais prejudicado, devido às fortes chuvas, pois não era possível

separar o material grudado devido à umidade em excesso. Além desses métodos, foram coletados 220

espécimes durante a noite, através do uso de técnicas variadas. Isso evidencia a importância da coleta

noturna para a realização de inventários de aracnídeos.

Como comumente ocorre, parte significativa do material coletado foi constituída por

indivíduos jovens. Isto torna-se muitas vezes um problema, tendo em vista que estes ainda não

apresentam as estruturas genitais indispensáveis para a identificação em nível de espécie. Portanto,

em alguns casos, somente foi possível a identificação da família ou, no máximo, do gênero a que a

aranha pertencia. Grande parte dos jovens foi desconsiderada, não entrando na contagem total (pois

não foi possível identificar a morfoespécie a que cada um deles pertencia). Apenas os jovens que

puderam ser seguramente associados a adultos do mesmo lote ou que claramente pertenciam a

morfoespécies não incluídas na listagem geral foram incluídos na contagem de indivíduos. Os demais

jovens foram conservados em lotes coletivos, pois podem ser úteis para estudos futuros.

A investigação da araneofauna do PNT proporcionou uma série de novos dados interessantes.

Dentre esses, destacam-se a presença de um gênero e 16 espécies inéditas, bem como a captura de

machos ou fêmeas ainda não descritos pertencentes a mais de uma dezena de espécies. Como exemplo

de resultados importantes, podemos citar:

• a presença de uma espécie inédita de um gênero não descrito de Pholcidae, próximo a

Metagonia Simon, 1893, representado por uma espécie inédita, que constrói teias revestindo

paredões rochosos;

18

• três espécies inéditas de Ochyrocera Simon, 1891 (Ochyroceratidae), incluindo uma espécie

troglomórfica da Gruta dos Morcegos e duas outras espécies do folhiço (Anexo 10);

• uma espécie inédita do gênero Calodipoena Gertsch & Davis, 1936 (Mysmenidae), que

representa o primeiro registro do gênero para a América do Sul (Anexo 8);

• uma espécie inédita do gênero Aebutina Simon, 1892 (Dictynidae), que representa o

primeiro registro do gênero para o Brasil (Anexo 7);

• uma espécie não descrita do gênero Orinomana Strand, 1934 (Uloboridae), gênero

conhecido apenas da região andina até o presente trabalho (Anexo 11);

• uma espécie não descrita de Gnolus Simon, 1879 (Mimetidae), representando o registro

mais meridional para o gênero no Brasil (Anexo 9);

• uma espécie inédita de Symphytognatha Hickman, 1931 (Symphytognathidae),

representando um dos registros mais meridionais para o gênero (Anexo 12);

• a descoberta de exemplares do sexo não descrito de várias espécies, como, por exemplo, a

fêmea de Neodiplothele fluminensis Mello-Leitão, 1924 (Barychelidae) e os machos de

Caponina tijuca Platnick 1994 (Anexo 13) (Caponiidae) e Hypognatha alho Levi 1996

(Anexo 14) (Araneidae).

É interessante notar que 51 das 55 famílias registradas para o estado do Rio de Janeiro foram

encontradas também na área do PNT. As exceções aparentes são as famílias Agelenidae, Filistatidae,

Titanoecidae e Tengellidae. Os agelenídeos são representados no estado pela espécie sinantrópica

exótica Tegenaria domestica (Clerck 1757), introduzida a partir da região Holártica, que foi registrada

somente para Itatiaia. Representantes das espécies fluminenses de Titanoecidae, Goeldia luteipes

(Keyserling, 1891) e G. nigra Mello-Leitão 1917, vivem em áreas degradadas ou naturalmente com

pouca vegetação, ambientes esses que não foram bem explorados durante as coletas realizadas. Essas

espécies poderiam, provavelmente, ser encontradas através de coletas complementares em áreas

abertas do parque. Já o filistatídeo Misionella mendensis (Mello-Leitão, 1919) é uma espécie

sinantrópica comum. Ele certamente habita as construções do parque (como, por exemplo, Centro de

visitantes, Restaurante dos Esquilos etc.) e será provavelmente coletado caso elas sejam devidamente

investigadas. Quanto aos tengelídeos, a única espécie registrada é Titiotus brasiliensis Mello-Leitão

1915, a qual trata-se de um nomen dubium, pois o holótipo da espécie foi perdido e a descrição não

permite a identificação da espécie. A julgar pela descrição, trata-se de uma espécie de Ctenidae ou

Zoridae, e não de Tengellidae, família na qual o gênero foi incluído provisoriamente (R. Baptista,

com. pess.).

Uma análise mais detalhada dos dados revela resultados interessantes sobre a composição da

araneofauna do parque. No anexo 4, um gráfico relacionando o número de gêneros por cada família é

apresentado. Já o anexo 5 é um gráfico representando o número de espécies por família. Abaixo, serão

discutidos apenas os resultados para as famílias mais bem representadas no PNT. As cinco famílias

19

com maior número de gêneros também mantiveram sua posição relativa também no tocante ao número

de espécies.

A família com maior diversidade em nível de gênero e espécies é Theridiidae Sundevall, 1833.

Foram encontradas 56 espécies em 25 gêneros, o que representa cerca de 47 % das 120 espécies e

cerca de 75 % dos 33 gêneros já citados para o município. A maioria dos representantes dessa família

apresenta pequeno porte, construindo teias irregulares diminutas entre a vegetação, rochas ou solo.

Assim, eles não chamam tanto a atenção como representantes de outras famílias de maior porte e com

comportamento que os tornam mais perceptíveis ao observador. Contudo, sua capacidade de ocupar os

diversos estratos vegetacionais e os mais variados habitats permite uma grande diversificação de

nichos e uma maior estratificação das espécies que vivem em uma mesma área.

Em segundo lugar, encontramos a família Araneidae Simon, 1895, com 48 das 131

(aproximadamente 37 %) espécies e 20 dos 31 gêneros (aproximadamente 64 %) registrados para o

município. Essa família é composta, em sua maioria, por espécies telícolas de porte bem maior e muito

mais conspícuas que os teridiídeos. Contudo, o grande número de espécies de araneídeos em relação

aos representantes de outras famílias também pode ser devido ao fato dessas aranhas serem de fácil

coleta e viverem em teias bem visíveis, que atraem a atenção de coletores.

As aranhas papa-moscas pertencem à família Salticidae Blackwall, 1841, a terceira mais bem

representada dentre o material analisado. Foram registradas 27 espécies, o que equivale a

aproximadamente 30 % das 91 espécies, e 18 dos 58 gêneros (ca. 31 %) citados para o município.

Essas caçadoras ativas, de hábitos diurnos, são facilmente observáveis durante seus constantes

deslocamentos sobre a vegetação, o folhiço ou troncos de árvores.

As aranhas pertencentes à família Thomisidae Sundevall,1833, chamadas popularmente de

aranhas-caranguejo, estão na quarta colocação entre as mais abundantes no PNT, com 18 espécies e 10

gêneros, que corresponde, respectivamente, a 52,9 % das 34 espécies e a 62,5 % dos 16 gêneros

listados para o município. As aranhas-caranguejo são caçadoras noturnas ativas, não sendo facilmente

percebidas pelo observador. A maioria das espécies é coletada durante batida de vegetação ou

amostragem de habitats especiais.

A quinta família mais diversa na área do PNT é Corinnidae Karsch, 1880, com 17 espécies

identificadas, incluídas em 9 gêneros, o que equivale a aproximadamente 74 % das 23 espécies e 75 %

dos 12 gêneros listados para a cidade do Rio. Essas aranhas são caçadoras noturnas, podendo ser

encontradas tanto no substrato, quanto em arbustos. Muitas espécies vivem em tubos, frestas ou sob

casca de árvores. Seus hábitos reclusos fazem com que não sejam comumente observadas.

As aranhas da família Pholcidae Koch, 1851, correspondem à sexta colocação em diversidade,

com 15 espécies (ca. 83 % das 18 registrados para o Rio) distribuídas em 8 gêneros (cerca de 89 %

dos 9 registrados para o Rio). Essas aranhas telícolas habitam tanto áreas urbanas e habitações

20

humanas, quanto áreas florestadas. Suas teias em domo são construídas em vários estratos e habitats

na área do PNT.

Um outro tipo de análise revela os gêneros representados por maior número de espécies na área

do PNT. O gênero mais diverso foi Achaearanea Strand, 1929 (Theridiidae), com 11 espécies, ou seja,

a totalidade das espécies registradas para o município. Esse gênero apresenta uma grande diversidade

nos tipos de teias e habitats ocupados por suas espécies. Por exemplo, A. hirta instalam suas pequenas

teias globulares junto a troncos ou galhos de árvores, enquanto A. pallipera Levi, 1963 utiliza um

refúgio de seda e resíduos em sua teia irregular junto ao solo, sob rochas e troncos. Já A. eramus Levi,

1963 estabelece suas teias irregulares em frestas de paredões rochosos úmidos. Algumas espécies são

sinantrópicas e cosmopolitas, como A. tepidariora (C. L. Koch, 1841) e A. tesselata (Keyserling,

1884), ou possuem ampla distribuição, como A. hirta (Taczanowski, 1873) e A. nigrovittata

(Keyserling, 1884).

O segundo gênero mais diverso é Araneus Clerck, 1758 (Araneidae), com 9 espécies, o que

representa cerca de 82 % das 11 espécies registradas para o município. Algumas espécies de Araneus

estão entre as aranhas mais conspícuas do PNT, devido ao hábito de erigirem grandes teias

geométricas (também chamadas de orbiculares) ao longo de trilhas e áreas abertas, como A. venator

(C. L. Koch, 1838) e A. workmani (Keyserling, 1884). Algumas espécies são de pequeno porte, como

A. iguacu Levi, 1991, que constrói suas teias geométricas paralelamente e bem junto a troncos de

árvores na floresta. Outras, como A. unanimus (Keyserling, 1893) e A. vincibilis (Keyserling, 1893),

formam suas teias geométricas apenas durante a noite, sobre arbustos e arvoretas em áreas abertas nas

margens da floresta ou em campos artificiais.

Outro gênero muito rico é Theridion Walckenaer, 1805 (Theridiidae), com 7 espécies,

totalizando cerca de 64 % das 11 espécies conhecidas do município. As aranhas desse gênero tecem

delicadas estruturas irregulares nos mais diversos ambientes. Podemos citar, por exemplo, T.

calcynatum Holmberg, 1876, de ampla distribuição cisandina, cujas teias são abundantes em ervas e

arbustos em áreas mais abertas. Por outro lado, T. hispidum O. Pickard-Cambridge e T. nesticum Levi,

1963 são espécies que colocam suas pequenas teias irregulares sobre diferentes estratos da vegetação

arbustiva em trechos florestados. Uma aranha notável é a espécie inédita de Theridion próxima a T.

biezankoi Levi, 1963. Ela possui uma cor verde e o corpo translúcido, apresentando um criptismo

marcante em relação às folhas verdes onde constrói sua teia durante a noite.

As aranhas-caranguejo do gênero Tmarus Simon, 1875 (Thomisidae) vêm em seguida, com 7

espécies, cerca de 78 % das 9 espécies cariocas. Essas aranhas errantes são comumente avistadas

durante a noite, movendo-se rapidamente entre galhos e folhas de arbustos e árvores. Entretanto, a

maioria dos espécimes capturados durante o dia provem de batida de vegetação, pois Tmarus

permanece em repouso sobre os galhos das plantas, com as pernas estendidas em notável postura

críptica. A coloração e a forma do corpo também contribuem para dificultar a percepção da silhueta do

21

animal. Contudo, é difícil entender a alta diversidade do gênero, já que muitas espécies são

encontradas lado a lado, sem apresentar uma diversificação de nicho aparente.

As teias geométricas de Micrathena Sundevall, 1833 (Araneidae) comumente avistadas no PNT

pertencem a 6 espécies, perfazendo 60 % das 10 espécies do município. As teias das diferentes

espécies ocupam alturas e ambientes variados. M. nigrichelis Strand, 1908 estabelece suas teias junto

ao solo, por entre ervas e galhos. Já M. horrida (Taczanowski, 1873) prefere a proximidade de troncos

e rochas, a meia altura. Existem espécies que constroem teias de maior porte em meio à vegetação,

como M. guanabara Levi, 1985 e M. jundiai Levi, 1985, que estabelecem-se a meia altura, e M.

digitata (C. L. Koch, 1839), cujas teias localizam-se geralmente acima de 1,5 metros de altura.

As pequenas aranhas do gênero Dipoena Thorell, 1869 (Theridiidae) também são representadas

por 6 espécies, ou seja, dois terços das 9 espécies cariocas. Essas aranhas não constroem teias, mas

saem de seus refúgios durante a noite para montar guarda a espera de suas presas, constituídas, em sua

maioria, por formigas. As diferentes espécies são encontradas em ambientes diferentes, como troncos,

pedras, folhagem ou folhiço.

Outro gênero rico em espécies é Faiditus Keyserling, 1884 (Theridiidae), com 6 espécies,

aproximadamente 86 % das 7 espécies registradas para o município. Essas aranhas diminutas são, em

sua maioria, cleptoparasitas em teias de outras aranhas. As espécies cleptoparasitas não constroem

teias próprias, mas vivem sobre as teias de suas hospedeiras, pilhando pequenas presas ou, até mesmo,

ovos e jovens. A riqueza de espécies reflete, provavelmente, a especialização em relação a diferentes

hospedeiros. Umas poucas espécies, como F. sicki (Exline & Levi, 1962), são de vida livre,

construindo teias irregulares por entre galhos e folhas de arbustos.

As 6 espécies de Mesabolivar González-Sponga, 1998 (Pholcidae) também representam cerca

de 86 % das 7 espécies registradas para o Rio de Janeiro. Essas aranhas constroem suas teias em forma

de domo em diferentes ambientes florestados. A espécie mais comum, M. togatus (Keyserling, 1891),

constrói grandes teias-domo junto a troncos, encostas ou rochedos. Outra espécie comum é M.

cyaneotaeniatus (Keyserling, 1891), cujas teias de grande porte são facilmente avistadas entre a

folhagem de diferentes arbustos. A pequena espécie M. difficilis (Mello-Leitão, 1918), por outro lado,

forma suas pequenas teias junto ao solo, por entre galhos e ervas. O tipo de habitat mais diferenciado é

o de M. brasiliensis (Moenkhaus, 1891), cujas teias-domo são sempre ligadas ao verso de uma grande

folha verde, formando uma plataforma onde a aranha se instala. A postura com as pernas dobradas e

retraídas e a coloração verde tornam muito difícil avistar essas aranhas.

Outro importante resultado é a ampliação da distribuição de 33 gêneros e 116 espécies,

mediante novos registros para o parque (7 gêneros, 41 espécies), o município (6 gêneros, 36 espécies),

o estado (16 gêneros, 33 espécies), o país (3 gêneros, 5 espécies) e, até mesmo, a América do Sul (1

gênero, 1 espécie). Os novos registros de distribuição podem ser conferidos no campo “Observações”,

no anexo 3. A maioria dos novos registros é para o parque, pois muitas espécies foram citadas na

literatura apenas para a cidade do Rio sem especificação de uma localidade. Esses novos registros

22

representam tanto a inclusão de espécies de ampla distribuição, por exemplo, Miturgidae:

Cheiracantium inclusum (Hentz, 1847) para o município e Pholcidae: Micropholcus fauroti (Simon,

1887) para o estado, como a expansão da distribuição de espécies até então conhecidas apenas de uma

área próxima, por exemplo, Amaurobiidae: Auximella spinosa (Mello-Leitão, 1926) (descrita de

Petrópolis), e, até mesmo, a inclusão do Brasil na área de distribuição de um táxon, como Theridiidae:

Theridion nesticum Levi, 1963 (até então conhecido apenas de Trinidad).

Com relação às aranhas de importância médica, podemos destacar a presença de uma espécie de

Aranha-armadeira, Phoneutria nigriventer (Keyserling, 1891), pertencente à família Ctenidae, e de

uma espécie de Aranha-marrom, Loxosceles adelaida Gertsch, 1967, (Sicariidae). As aranhas-

armadeiras são comuns, principalmente na vertente oceânica do PNT. Apesar de seu grande porte, no

entanto, elas não são facilmente avistadas, pois apresentam hábitos noturnos e refugiam-se em buracos

de árvores ou do solo durante o dia. Contudo, durante a época de reprodução (verão), elas podem

invadir residências, pois as fêmeas procuram refúgios em barrancos, pedras e outras superfícies

verticais, onde montam guarda ao saco de ovos, enquanto os machos vagueiam por toda parte a

procura de fêmeas. L. adelaida, por outro lado, felizmente não apresenta comportamento sinantrópico,

diferentemente de outras espécies de aranhas-marrom. Essa espécie vive em fendas em barrancos, sob

troncos caídos ou em buracos ou sobre a casca de árvores, sendo dificilmente avistada e não entrando

normalmente em contato com o ser humano.

Podemos citar ainda a presença de 18 espécies de caranguejeiras (Infraordem Mygalomorphae),

pertencentes a 5 famílias (Actinopodidae, Barychelidae, Dipluridae, Nemesiidae e Theraphosidae). As

aranhas dessa última família chamam muito a atenção, devido ao seu grande porte e aparência

amedrontadora, os quais lhes granjearam injusta fama de peçonhentas. A maior espécie de aranha do

PNT é Lasiodora fallax (Bertkau, 1880), um terafosídeo comum que pode até mesmo ser encontrado

em habitações humanas ou outras construções. Outra caranguejeira interessante e de grande porte é

Trechona venosa Latreille, 1832 (Dipluridae), cujas tocas localizam-se em barrancos ou no solo da

mata. A peçonha dessa espécie é bem ativa, mas seus hábitos reclusos previnem o contato com o

homem.

Como dito na Introdução, o Parque Nacional da Tijuca e áreas limítrofes tiveram um longo

histórico de ocupação humana e de pesquisas biológicas. As alterações vegetacionais, o tipo de

reflorestamento realizado e o impacto da utilização humana da área, dentre outros fatores, certamente

contribuiram de maneira significativa para a alteração da comunidade de aranhas da Floresta da

Tijuca. Visto que o replantio das áreas de cafezais não foi realizado apenas com espécies nativas, um

grande número de espécies vegetais provavelmente foi introduzido no local. Isso, provavelmente,

acarretou também o estabelecimento de espécies exóticas de animais, que se mesclaram com a fauna

original residente nos escassos pontos remanescentes de mata nativa original.

A análise dos registros históricos de aranhas para o PNT pode fornecer pistas quanto a

alterações da comunidade local. Contudo, devemos levar em consideração que muito pouco ainda é

23

conhecido sobre os padrões de distribuição de aracnídeos brasileiros. Assim, somente podemos indicar

algumas aparentes modificações na composição da araneofauna local, que podem servir para estudos

posteriores. O exame atento da Tabela do anexo 3 revela que existem 81 espécies descritas cujo

material-tipo foi coligido em parte ou no todo na área atualmente abrangida pelo PNT e áreas

florestadas limítrofes. Essa cifra inclui material-tipo de espécies consideradas como sinônimo da

espécie válida citada no anexo. Contudo, 27 dessas espécies são conhecidas apenas pelos exemplares-

tipos (ou por outros exemplares citados na descrição original da espécie), não tendo sido encontradas

novamente. Essas espécies são listadas abaixo:

• Amaurobiidae: Retiro lanceolatus (Vellard, 1924)

• Anyphaenidae: Sillus imbecillus (Keyserling, 1891)

• Anyphaenidae: Teudis formosus (Keyserling, 1891)

• Araneidae: Alpaida sumare Levi,1988

• Araneidae: Araneus pico Levi, 1991

• Araneidae: Metazygia floresta Levi, 1995

• Corinnidae: Castianeira maculata Keyserling, 1891

• Corinnidae: Castianeira onerosa (Keyserling, 1891)

• Corinnidae: Castianeira rutilans Simon, 1896

• Corinnidae: Corinna inermis (Bertkau, 1880)

• Corinnidae: Myrmecium latreillei Lucas, 1857

• Corinnidae: Paradiestus egregius (Simon, 1896)

• Lycosidae: Molitorosa molitor (Bertkau, 1880)

• Nemesiidae: Chaco melloleitaoi (Bücherl, Timotheo da Costa & Lucas, 1971)

• Oxyopidae: Schaenicoscelis elegans Simon, 1898

• Salticidae: Breda flavostriata Simon, 1901

• Salticidae: Pensacola castanea Simon, 1902

• Sparassidae: Stasina americana Simon, 1887

• Tetragnathidae: Chrysometa sumare Levi, 1986

• Theridiidae: Faiditus solidao (Levi, 1967)

• Theridiidae: Wirada tijuca Levi, 1967

• Thomisidae: Ceraarachne germaini Simon , 1886

• Thomisidae: Epicadinus gavensis H. Soares, 1946

• Thomisidae: Misumenops callinurus Mello-Leitão, 1929

• Thomisidae: Tmarus elongatus Mello-Leitão, 1929

• Thomisidae: Tmarus nigrescens Mello-Leitão, 1929

• Zoridae: Odo similis Keyserling, 1891

24

Além das espécies acima, existem apenas exemplares antigos de 12 outras espécies, das quais

não foram obtidas coletas recentes. Para fins deste trabalho, definimos como “recentes” as coletas

realizadas a partir de 1961 (data do estabelecimento do PNT). Abaixo, essas espécies são listadas:

• Actinopodidae: Actinopus princeps Chamberlin, 1917

• Corinnidae: Castianeira cylindracea Simon, 1896

• Deinopidae: Deinopis biaculeata Simon, 1906

• Dipluridae: Diplura nigridorsi (Mello-Leitão, 1924)

• Mimetidae: Gelanor altithorax Keyserling, 1893

• Salticidae: Phiale quadrimaculata (Walckenaer, 1837)

• Sparassidae: Olios attractus Petrunkevitch, 1911

• Theraphosidae: Homoeomma familiare Bertkau, 1880

• Theridiidae: Faiditus sicki (Exline & Levi, 1962)

• Thomisidae: Epicadinus albimaculatus Mello-Leitão, 1929

• Thomisidae: Strophius mendax Mello-Leitão, 1929

• Trechaleidae: Trechalea biocellata Mello-Leitão, 1926

Uma análise das listas acima revela que o fato de muitas dessas espécies não terem sido

reencontradas pode ser resultado da ausência de revisões recentes, o que acarreta dificuldades de

identificação e a possível existência de sinônimos, como, por exemplo, no caso da maioria dos

corinídeos e tomisídeos citados. Outro exemplo é Trechalea biocellata, que trata-se, provavelmente,

de um sinônimo de T. keyserlingi.

Por outro lado, a ausência de outras espécies pode ser explicada por uma conjugação de fatores.

Por exemplo, Odo similis não foi encontrada no PNT, embora a espécie relacionada Odo pulcher

Keyserling, 1891 seja comum sobre o folhiço da mata. É possível que essa espécie não seja realmente

proveniente do parque, pois não se conhecem outros casos de duas espécies desse gênero

proximamente relacionadas habitando uma mesma área. Já Paradiestus egregius e Ceraarachne

germaini, espécies relativamente grande, além de Wirada tijuca e Stasina americana, que também não

foram reencontradas recentemente, podem ter se extinguido localmente, apresentar baixa densidade

demográfica ou hábitos que dificultem a coleta, por exemplo. É interessante notar que mesmo espécies

que foram descritas recentemente e baseadas em material também coletado a pouco tempo também

não foram reencontradas, como Alpaida sumare, Araneus pico e Metazygia floresta. Novamente, isso

pode significar que essas espécies possam ser relativamente “raras” ou estarem extintas, já que a

localidade parece ser correta, pois há, atualmente, um maior cuidado no registro das localidades de

coleta. O prosseguimento dos estudos de distribuição de aranhas no PNT e outras áreas do estado pode

esclarecer o status dessas espécies.

25

Cabe lembrar que este trabalho não representa um inventário completo e definitivo sobre a área.

Futuramente serão necessários mais estudos, incluindo dados dos setores B e D do PNT, para termos

uma visão mais clara da araneofauna do PNT. No entanto, este trabalho representa uma atualização

válida do estado do conhecimento sobre a araneofauna do parque, podendo servir de base para muitos

outros estudos no local, incluindo análises sobre a biodiversidade das áreas amostradas.

26

7- CONCLUSÃO

- Como resultado deste trabalho, foram registradas para o PNT 308 espécies de aranhas,

distribuídas em 193 gêneros e em 51 famílias, o que representou um incremento de 128 % sobre as

135 espécies previamente conhecidas. O número de espécies atual representa 65,3 % do total de

espécies citadas para a cidade e 34 % do estado do Rio de Janeiro.

- Além das 308 espécies válidas, foram citadas ainda para a área do parque, mas excluídas da

lista, quatro espécies consideradas como nomina dubia por diversos autores e cinco outras espécies,

cujas citações tratam-se, provavelmente, de identificações errôneas.

- Os trabalhos de campo durante a Avaliação Ecológica Rápida (AER) resultaram na coleta de

960 espécimes de aranhas, incluindo representantes de 194 diferentes espécies, pertencentes a 134

gêneros, distribuídos em 46 famílias.

- Dentre os resultados mais importantes, podemos citar a descoberta de vários táxons não

descritos, incluindo um gênero e 16 espécies novas, dentre os quais destacamos:

• um gênero inédito de Pholcidae próximo a Metagonia;

• três espécies inéditas de Ochyrocera (Ochyroceratidae), incluindo uma espécie

troglomórfica;

• uma espécie inédita de Calodipoena Gertsch & Davis, 1936 (Mysmenidae) , que representa

o primeiro registro do gênero para a América do Sul;

• uma espécie inédita do gênero Aebutina (Dictynidae), que representa o primeiro registro do

gênero para o Brasil

• uma espécie inédita de Orinomana Strand, 1934 (Uloboridae), gênero conhecido apenas da

região andina até o presente trabalho;

• uma espécie inédita de Gnolus (Mimetidae), representando o registro mais meridional para

o gênero no Brasil;

• uma espécie inédita de Symphytognatha (Symphytognathidae), representando um dos

registros mais meridionais para o gênero; e

• representante do sexo ainda não descrito para várias espécies, como a fêmea de

Neodiplothele fluminensis (Barychelidae) e os machos de Caponina tijuca (Caponiidae) e de

Hypognatha alho (Araneidae).

- Destaca-se também a ampliação da distribuição de 116 espécies e 33 gêneros, mediante novos

registros para o parque (7 gêneros, 41 espécies), o município (6 gêneros, 36 espécies), o estado (16

gêneros, 33 espécies), o país (3 gêneros, 5 espécies) e, até mesmo, a América do Sul (1 gênero, 1

espécie).

- Quanto às aranhas de interesse médico, destacamos a presença no PNT de uma espécie de

Aranha-armadeira, Phoneutria nigriventer (Ctenidae), e de uma espécie de Aranha-marrom,

Loxosceles adelaida (Sicariidae).

27

- Dentre as espécies registradas para o parque, 27 são conhecidas apenas através dos

exemplares-tipos e 12 apenas por espécimes coletados antes de 1961, data da criação do PNT.

28

8- REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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33

ANEXOS

Anexo 1: Localização do PNT no Brasil.

34

Anexo 2: Mapa do PNT com seus setores demarcados.

35

Anexo 3. Lista comentada de espécies de aranhas do Parque Nacional da Tijuca (PNT)

Observação: As espécies cujas notas de distribuição estão em negrito foram descritas a partir de material-tipo coletado no PNT.

Família Gênero espécie Autor, data Distribuição Observações 1 Actinopodidae Actinopus crassipes (Keyserling, 1891) Brasil, Paraguai, Argentina PNT Novo registro 2 Actinopodidae Actinopus princeps Chamberlin, 1917 RJ: Rio de Janeiro PNT Novo registro 3 Amaurobiidae Auximella spinosa (Mello-Leitão, 1926) RJ: Petrópolis Município Novo registro 4 Amaurobiidae Retiro lanceolatus (Vellard, 1924) RJ: Rio de Janeiro, Gávea 5 Anapidae Anapis sp. n. RJ Novo registro para o gênero 6 Anapidae Pseudanapis sp. n. RJ Novo registro para o gênero 7 Anyphaenidae Aysha affinis (Blackwall, 1862) RJ PNT Novo registro 8 Anyphaenidae Aysha diversicolor (Keyserling, 1891) RJ: Rio de Janeiro, PNT e Nova

Friburgo

9 Anyphaenidae Hibana melloleitaoi (Caporiacco, 1947) México ao Brasil PNT Novo registro 10 Anyphaenidae Osoriella domingos Brescovit, 1998 Nordeste ao Sul 11 Anyphaenidae Patrera cita (Keyserling, 1891) Sudeste e Sul do Brasil 12 Anyphaenidae Sillus imbecillus (Keyserling, 1891) RJ: Rio de Janeiro, Corcovado 13 Anyphaenidae Teudis angusticeps (Keyserling, 1891) Brasil 14 Anyphaenidae Teudis formosus (Keyserling, 1891) RJ: Rio de Janeiro, Corcovado 15 Anyphaenidae Wulfilopsis frenata (Keyserling, 1891) RJ: Rio de Janeiro, PNT e Nova

Friburgo

16 Anyphaenidae Gen. sp. 1 17 Araneidae Acacesia sp. 1 18 Araneidae Alpaida alticeps (Keyserling, 1879) Brasil, Paraguai PNT Novo registro 19 Araneidae Alpaida atomaria Simon, 1895 RJ e ES 20 Araneidae Alpaida canoa Levi,1988 RJ e RS 21 Araneidae Alpaida sumare Levi,1988 RJ: Rio de Janeiro, Sumaré 22 Araneidae Alpaida tijuca Levi, 1988 RJ 23 Araneidae Araneus iguacu Levi, 1991 Sudeste e Sul do Brasil 24 Araneidae Araneus omnicolor (Keyserling, 1893) Brasil, Argentina, Paraguai 25 Araneidae Araneus pico Levi, 1991 Sudeste e Sul do Brasil 26 Araneidae Araneus stabilis (Keyserling, 1892) Nordeste ao Sul do Brasil, Argentina 27 Araneidae Araneus tijuca Levi, 1991 RJ e ES 28 Araneidae Araneus unanimus (Keyserling, 1879) Nordeste ao Sul do Brasil, Argentina 29 Araneidae Araneus venator (C. L. Koch, 1838) Panamá ao Paraguai 30 Araneidae Araneus vincibilis (Keyserling, 1893) RJ ao Sul do Brasil, Argentina,

Paraguai

31 Araneidae Araneus workmani (Keyserling, 1884) Brasil, Argentina

36

Família Gênero espécie Autor, data Distribuição Observações 32 Araneidae Argiope argentata (Fabricius, 1775) Eua à Argentina PNT Novo registro 33 Araneidae Cyclosa bifurcata (Walckenaer, 1842) Costa Rica à Argentina 34 Araneidae Cyclosa caroli (Hentz, 1850) EUA ao sudeste do Brasil RJ Novo registro 35 Araneidae Cyclosa diversa (O. P.-Cambridge, 1894) México à Argentina 36 Araneidae Cyclosa fililineata Hingston, 1932 Panamá à Argentina 37 Araneidae Cyclosa morretes Levi, 1999 Brasil, Argentina 38 Araneidae Eustala sp. 1 39 Araneidae Eustala sp. 2 40 Araneidae Eustala sp. 3 41 Araneidae Gasteracantha cancriformis (Linnaeus, 1758) Neotropical PNT Novo registro 42 Araneidae Hypognatha alho Levi, 1996 Sudeste do Brasil PNT Novo registro, macho não descrito 43 Araneidae Kaira gibberosa O. P.-Cambridge, 1890 México ao Brasil 44 Araneidae Mangora strenua (Keyserling, 1893) Sudeste e Sul do Brasil Município Novo registro 45 Araneidae Mangora sp. 1 46 Araneidae Mecynogea bigibba Simon, 1903 Centro-Oeste ao Sul do Brasil 47 Araneidae Metazygia floresta Levi, 1995 RJ: Rio de Janeiro e Nova Iguaçu 48 Araneidae Metazygia laticeps (O .P.-Cambridge, 1889) Panamá ao Sudeste do Brasil 49 Araneidae Metepeira sp. 50 Araneidae Micrathena digitata (C. L. Koch, 1839) Guiana Francesa ao Sul do Brasil 51 Araneidae Micrathena guanabara Levi, 1985 RJ: Rio de Janeiro e Ilha Grande 52 Araneidae Micrathena horrida (Taczanowski, 1873) México ao Paraguai PNT Novo registro 53 Araneidae Micrathena jundiai Levi, 1985 Sudeste e Sul do Brasil 54 Araneidae Micrathena macfarlanei Chickering, 1961 Panamá ao Brasil RJ Novo registro 55 Araneidae Micrathena nigrichelis Strand, 1908 Sudeste e Sul do Brasil, Argentina,

Paraguai

56 Araneidae Ocrepeira gnomo (Mello-Leitão, 1943g) Sudeste e Sul do Brasil RJ Novo registro 57 Araneidae Ocrepeira malleri Levi, 1993 Sudeste e Sul do Brasil Município Novo registro 58 Araneidae Parawixia audax (Blackwall, 1863) Colômbia à Argentina 59 Araneidae Parawixia monticola (Keyserling, 1892) Bahia ao Sul do Brasil 60 Araneidae Scoloderus sp. 1 RJ Novo registro para o gênero 61 Araneidae Spilasma duodecimguttata (Keyserling, 1880) Honduras ao Brasil PNT Novo registro 62 Araneidae Verrucosa meridionalis (Keyserling, 1892) Brasil, Paraguai PNT Novo registro 63 Araneidae Wagneriana gavensis (Camargo, 1950) RJ e SP 64 Araneidae Wagneriana janeiro Levi, 1991 RJ e SP PNT Novo registro 65 Barychelidae Neodiplothele fluminensis Mello-Leitão, 1924b RJ PNT Novo registro, fêmea não descrita 66 Caponiidae Caponina tijuca Platnick, 1994 RJ: Rio de Janeiro, PNT Macho não descrito 67 Clubionidae Elaver brevipes (Keyserling, 1891) Brasil, Argentina Município Novo registro

37

Família Gênero espécie Autor, data Distribuição Observações 68 Clubionidae Gen. 1 sp. 1 69 Clubionidae Gen. 2 sp. 1 70 Corinnidae Castianeira cylindracea Simon, 1896 RJ: Rio de Janeiro, PNT 71 Corinnidae Castianeira maculata Keyserling, 1891 RJ: Rio de Janeiro, PNT e Nova

Friburgo

72 Corinnidae Castianeira onerosa (Keyserling, 1891) RJ: Rio de Janeiro, PNT e Santo Antônio de Pádua 73 Corinnidae Castianeira rutilans Simon, 1896 RJ: Rio de Janeiro, PNT 74 Corinnidae Corinna capito (Lucas, 1857c) Centro-Oeste ao Sudeste do Brasil 75 Corinnidae Corinna inermis (Bertkau, 1880) RJ: Rio de Janeiro, PNT 76 Corinnidae Corinna nitens (Keyserling, 1891) Sudeste e Sul do Brasil, Argentina,

Paraguai

77 Corinnidae Corinna phalerata Simon, 1896 RJ: Rio de Janeiro, PNT 78 Corinnidae Creugas lisei Bonaldo, 2001 Paraíba, Sudeste e Sul do Brasil,

Uruguai, Argentina RJ Novo registro

79 Corinnidae Falconina gracilis (Keyserling, 1891) Sudoeste dos EUA à Argentina PNT novo registro 80 Corinnidae Ianduba varia (Keyserling, 1891) Brasil, Argentina 81 Corinnidae Myrmecium latreillei Lucas, 1857 RJ: Rio de Janeiro, cercanias 82 Corinnidae Myrmecium rufum Latreille, 1824 RJ: Rio de Janeiro, Corcovado 83 Corinnidae Myrmecium vertebratum (Walckenaer, 1837) RJ 84 Corinnidae Parachemmis sp. 1 Sudeste do Brasil Novo registro para o gênero 85 Corinnidae Paradiestus egregius (Simon, 1896) RJ 86 Corinnidae Trachelas rugosus Keyserling, 1891 RJ Município Novo registro 87 Ctenidae Ctenus sp. 1 88 Ctenidae Enoploctenus cf. maculipes Strand, 1909 Sudeste do Brasil RJ Novo registro 89 Ctenidae Enoploctenus cyclothorax (Bertkau, 1880) Sudeste e Sul do Brasil 90 Ctenidae Isoctenus janeirus (Walckenaer, 1837) RJ: Rio de Janeiro PNT Novo registro, macho não descrito 91 Ctenidae Oligoctenus medius (Keyserling, 1891) Brasil, Panamá 92 Ctenidae Oligoctenus ornatus (Keyserling, 1876) Brasil 93 Ctenidae Phoneutria nigriventer (Keyserling, 1891) Brasil, Argentina, Paraguai, Uruguai 94 Deinopidae Deinopis biaculeata Simon, 1906 RJ 95 Dictynidae Aebutina sp. n. Brasil Novo registro para o gênero 96 Dictynidae Dictyna sp. 1 97 Dipluridae Diplura lineata (Lucas, 1857) RJ: Rio de Janeiro 98 Dipluridae Diplura nigridorsi (Mello-Leitão, 1924b) RJ: Rio de Janeiro 99 Dipluridae Linothele gymnognatha (Bertkau, 1880) RJ PNT Novo registro

100 Dipluridae Trechona venosa Latreille, 1832 RJ & ES 101 Gnaphosidae Zimiromus medius (Keyserling, 1891) Sudeste e Sul do Brasil Município Novo registro 102 Hahniidae Hahnia sp. 1 Município Novo registro para o gênero

38

Família Gênero espécie Autor, data Distribuição Observações 103 Hahniidae Neohahnia sp. 1 Município Novo registro para o gênero 104 Hersiliidae Ypypuera crucifera (Vellard, 1924) Nordeste ao Sudeste do Brasil 105 Idiopidae Idiops germaini Simon, 1892 RJ PNT Novo registro para o gênero 106 Linyphiidae Eurymorion insigne (Millidge, 1991) RJ: Rio de Janeiro, PNT e

Mangaratiba

107 Linyphiidae Meioneta sp. 1 RJ Novo registro para o gênero 108 Linyphiidae Sphecozone sp. 1 PNT Novo registro para o gênero 109 Linyphiidae Sphecozone sp. 2 PNT Novo registro para o gênero 110 Linyphiidae Tutaibo sp. n. PNT Novo registro para o gênero 111 Linyphiidae Gen. sp. 1 112 Lycosidae Agalenocosa sp. 1 PNT Novo registro 113 Lycosidae Hogna sp. 1 114 Lycosidae Lycosa erythrognatha Lucas, 1836 Brasil, Argentina, Paraguai, Uruguai 115 Lycosidae Molitorosa molitor (Bertkau, 1880) RJ e PR 116 Mimetidae Ero catharinae Keyserling, 1886 Sudeste e Sul do Brasil PNT Novo registro 117 Mimetidae Gelanor altithorax Keyserling, 1893 RJ PNT Novo registro 118 Mimetidae Gelanor latus (Keyserling, 1881) Brasil, Peru, Chile RJ Novo registro 119 Mimetidae Gelanor zonatus (C. L. Koch, 1845) Panamá ao Paraguai PNT Novo registro 120 Mimetidae Gnolus (Arcidius) sp. n. RJ Novo registro para o gênero 121 Mimetidae Mimetus sp. 1 122 Miturgidae Cheiracantium inclusum (Hentz, 1847) Américas, África e Ilha Reunião PNT Novo registro 123 Miturgidae Eutichurus ravidus Simon, 1897b Brasil, Argentina, Paraguai 124 Miturgidae Radulphius cf. baiaxaba Minas Gerais e Bahia Provável nova espécie 125 Miturgidae Gen. sp. 1 126 Mysmenidae Calodipoena sp. n. Novo registro para América do Sul 127 Mysmenidae Mysmenopsis archeri Platnick & Shadab, 1978 RJ: Rio de Janeiro 128 Mysmenidae Gen. 1 sp. 1 129 Nemesiidae Chaco melloleitaoi (Bücherl, Timotheo da Costa

& Lucas, 1971) RJ: Rio de Janeiro, PNT

130 Nemesiidae Prorachias sp. 1 131 Nemesiidae Rachias sp. 1 132 Nemesiidae Stenoterommata maculata (Bertkau, 1880) Sudeste e Sul do Brasil 133 Nemesiidae Stenoterommata melloleitaoi Guadanucci & Indicatti, 2004 RJ e SP 134 Nemesiidae Stenoterommata sp. 1 135 Nesticidae Nesticus sp. n. RJ Novo registro para o gênero 136 Ochyroceratidae Ochyrocera sp. n. 1 RJ Novo registro para o gênero 137 Ochyroceratidae Ochyrocera sp. n. 2 RJ Novo registro para o gênero 138 Ochyroceratidae Ochyrocera sp. n. 3 RJ Novo registro, espécie troglomórfica

39

Família Gênero espécie Autor, data Distribuição Observações 139 Ochyroceratidae Theotima minutissima (Petrunkevitch, 1929) América Tropical, Ásia, Ilhas do

Pacífico RJ Novo registro para o gênero

140 Oecobiidae Oecobius navus Blackwall, 1859 Cosmopolita 141 Oonopidae Dysderina keyserlingi Simon,1907d RJ: Rio de Janeiro, Teresópolis Município Novo registro 142 Oonopidae Gamasomorpha humilis Mello-Leitão, 1919b RJ Município Novo registro 143 Oonopidae Oonops sp. 1 144 Oonopidae Gen. sp. 1 145 Oxyopidae Hamataliwa marmorata Simon, 1898b Brasil, Paraguai 146 Oxyopidae Oxyopes salticus Hentz,1845 EUA ao Brasil PNT Novo registro 147 Oxyopidae Schaenicoscelis elegans Simon, 1898b RJ: Rio de Janeiro, PNT 148 Palpimanidae Fernandezina tijuca Ramírez & Grismado, 1996 RJ: Rio de Janeiro 149 Palpimanidae Otiothops sp. n. PNT Novo registro para o gênero 150 Philodromidae Cleocnemis sp. 1 PNT Novo registro para o gênero 151 Pholcidae Mecolaesthus sp. 1 RJ Novo registro para o gênero 152 Pholcidae Mesabolivar brasiliensis (Moenkhaus, 1898) RJ, PR, SP 153 Pholcidae Mesabolivar cyaneomaculatus (Keyserling, 1891) RJ & ES 154 Pholcidae Mesabolivar cyaneotaeniatus (Keyserling, 1891) Sudeste do Brasil 155 Pholcidae Mesabolivar difficilis (Mello-Leitão, 1918) RJ: Barra do Piraí Município Novo registro 156 Pholcidae Mesabolivar togatus (Keyserling, 1891) Sudeste do Brasil 157 Pholcidae Mesabolivar sp. n. 1 158 Pholcidae Metagonia sp. 1 Município Novo registro para o gênero 159 Pholcidae Micropholcus fauroti (Simon, 1887) Pantropical RJ Novo registro 160 Pholcidae Smeringopus pallidus (Blackwall, 1858) Cosmopolita PNT Novo registro 161 Pholcidae Tupigea nadleri Huber, 2000 RJ & ES 162 Pholcidae Tupigea sp. 1 163 Pholcidae Tupigea sp. n. 164 Pholcidae Gen. sp. 1 165 Pholcidae Gen. n. aff.

Metagonia sp. 1

166 Pisauridae "Pisaurina" brasiliensis Mello-Leitão, 1940g RJ & ES RJ Novo registro 167 Prodidomidae Lygromma sp. n. RJ Novo registro para o gênero 168 Salticidae Arnoliseus calcarifer (Simon, 1902) Sudeste e Sul do Brasil Município Novo registro 169 Salticidae Breda flavostriata Simon, 1901 RJ: Rio de Janeiro, PNT 170 Salticidae Chira lucina Simon, 1902 Brasil, Guiana 171 Salticidae Consingis semicana Simon, 1900 Brasil, Argentina 172 Salticidae Coryphasia albibarbis Simon, 1902 RJ: Rio de Janeiro, PNT 173 Salticidae Corythalia sp. 1 174 Salticidae Cotinusa vittata Simon, 1900 RJ: Rio de Janeiro, PNT e MG

40

Família Gênero espécie Autor, data Distribuição Observações 175 Salticidae Cotinusa sp. 1 176 Salticidae Lyssomanes austerus Peckham, Peckham &

Wheeler, 1889 Brasil, Argentina

177 Salticidae Lyssomanes miniaceus Peckham & Wheeler, 1889 Brasil, Argentina 178 Salticidae Lyssomanes penicillatus Mello-Leitão, 1927b Brasil, Argentina 179 Salticidae Noegus bidens Simon, 1900 Brasil, Argentina 180 Salticidae Noegus niveogularis Simon, 1900 RJ: Rio de Janeiro, PNT 181 Salticidae Noegus Vulpio Simon, 1900 Brasil, Guiana 182 Salticidae Pensacola castanea Simon, 1902 RJ: Rio de Janeiro, PNT 183 Salticidae Phiale cruentata (Walckenaer, 1837) Brasil, Guiana Francesa 184 Salticidae Phiale mimica C. L. Koch, 1846 Sudeste do Brasil 185 Salticidae Phiale quadrimaculata (Walckenaer, 1837) RJ: Rio de Janeiro, PNT 186 Salticidae Psecas sp. 187 Salticidae Rhetenor sp. n. 1 RJ novo registro para o gênero 188 Salticidae Sarinda sp. 189 Salticidae Tariona gounellei Simon, 1902 RJ: Rio de Janeiro, PNT 190 Salticidae Vinnius uncatus Simon, 1902 Sudeste e Sul do Brasil Município Novo registro 191 Salticidae Gen. sp. 1 192 Salticidae Gen. sp. 2 193 Salticidae Gen. sp. 3 194 Salticidae Gen. sp. 4 195 Scytodidae Scytodes fusca Walckenaer, 1837 Pantropical PNT Novo registro 196 Scytodidae Scytodes lineatipes Taczanowski, 1874 Venezuela ao Paraguai PNT Novo registro 197 Segestriidae Ariadna crassipalpa (Blackwall, 1863) RJ, SP Município Novo registro 198 Selenopidae Selenops rapax Mello-Leitão, 1929a RJ Município Novo registro 199 Selenopidae Selenops sp. 1 200 Senoculidae Senoculus sp. 1 PNT Novo registro para o gênero 201 Sicariidae Loxosceles adelaida Gertsch, 1967 RJ 202 Sparassidae Olios albus Mello-Leitão, 1919c RJ e ES Município Novo registro 203 Sparassidae Olios attractus Petrunkevitch, 1911 RJ 204 Sparassidae Olios caprinus Mello-Leitão, 1919c RJ Município Novo registro 205 Sparassidae Stasina americana Simon, 1887 RJ: Rio de Janeiro, PNT 206 Symphytognathidae Symphytognatha sp. n. RJ Novo registro para o gênero 207 Synotaxidae Synotaxus longicaudatus (Keyserling, 1891) RJ e SC PNT Novo registro 208 Tetragnathidae Azilia boudeti Simon, 1895 RJ e ES PNT Novo registro 209 Tetragnathidae Chrysometa boraceia Levi, 1986 RJ, SP, RS 210 Tetragnathidae Chrysometa ludibunda (Keyserling, 1893) RJ e SP

41

Família Gênero espécie Autor, data Distribuição Observações 211 Tetragnathidae Chrysometa sumare Levi, 1986 RJ, SP 212 Tetragnathidae Leucauge argyra (Walckenaer, 1842) EUA ao Brasil 213 Tetragnathidae Leucauge formosa (Blackwall, 1863) Nordeste ao Sul do Brasil 214 Tetragnathidae Leucauge turbida (Keyserling, 1893) RJ 215 Tetragnathidae Nephila clavipes (Linnaeus, 1767) Eua a Argentina, São Tomé 216 Tetragnathidae Nephilengys cruentata (Fabricius, 1775) América Tropical e África Tropical 217 Theraphosidae Homoeomma familiare Bertkau, 1880 RJ 218 Theraphosidae Lasiodora fallax (Bertkau, 1880) RJ 219 Theraphosidae Proshapalopus anomalus Mello-Leitão, 1923a RJ e ES Município Novo registro 220 Theraphosidae Vitalius sp. 1 Município Novo registro para o gênero 221 Theridiidae Achaearanea eramus Levi, 1963 RJ: Rio de Janeiro e Teresópolis 222 Theridiidae Achaearanea hirta (Taczanowski, 1873) Panamá a Argentina 223 Theridiidae Achaearanea jequirituba Levi, 1963 Brasil, Argentina, Paraguai 224 Theridiidae Achaearanea nigrovittata (Keyserling, 1884) México ao Paraguai Município Novo registro 225 Theridiidae Achaearanea pallipera Levi, 1963 RJ: Itaocara e Rio de Janeiro PNT Novo registro 226 Theridiidae Achaearanea passiva (Keyserling, 1891) RJ, SP, SC Município Novo registro 227 Theridiidae Achaearanea rioensis Levi, 1963 RJ: Teresópolis e Rio de Janeiro 228 Theridiidae Achaearanea tepidariora (C. L. Koch, 1841) Cosmopolita 229 Theridiidae Achaearanea tesselata (Keyserling, 1884) Cosmopolita 230 Theridiidae Achaearanea triguttata (Keyserling, 1891) Sudeste e Sul do Brasil 231 Theridiidae Achaearanea sp. 1 232 Theridiidae Anelosimus ethicus (Keyserling, 1884) Brasil, exceto Amazônia Município Novo registro 233 Theridiidae Anelosimus jucundus (O. P.-Cambridge, 1896) México a Argentina Município Novo registro 234 Theridiidae Argyrodes elevatus Taczanowski, 1873 Eua à Argentina, Galápagos 235 Theridiidae Ariamnes longissimus (Keyserling, 1891) Brasil, Peru 236 Theridiidae Chrysso sp. 1 237 Theridiidae Coleosoma floridanum Banks, 1900 Pantropical Município Novo registro 238 Theridiidae Craspedisia cornuta (Keyserling, 1891) RJ, SP, SC Município Novo registro 239 Theridiidae Dipoena atlantica Chickering, 1943 Panamá ao Paraguai 240 Theridiidae Dipoena pumicata (Keyserling, 1886) Nordeste ao Sul do Brasil 241 Theridiidae Dipoena santacatarinae Levi, 1963 SC, MG RJ Novo registro 242 Theridiidae Dipoena variabilis (Keyserling, 1886) SC, MG, RJ Município Novo registro 243 Theridiidae Dipoena sp. 1 244 Theridiidae Dipoena sp. 2 245 Theridiidae Echinotheridion cartum Levi, 1963 Brasil, Argentina, Paraguai 246 Theridiidae Emertonella taczanowskii (Keyserling, 1886) Eua a Argentina, sudeste da Ásia RJ Novo registro 247 Theridiidae Episinus bicorniger (Simon, 1894) RJ Município Novo registro

42

Família Gênero espécie Autor, data Distribuição Observações 248 Theridiidae Episinus cognatus O. P.-Cambridge, 1893 EUA ao Brasil 249 Theridiidae Episinus rio Levi, 1967 RJ: Rio de Janeiro, PNT 250 Theridiidae Faiditus americanus (Taczanowski, 1874) EUA ao Brasil PNT Novo registro 251 Theridiidae Faiditus amplifrons (O. P.-Cambridge, 1880) Panamá à Argentina PNT Novo registro 252 Theridiidae Faiditus sicki (Exline & Levi, 1962) RJ: Rio de Janeiro e Teresópolis 253 Theridiidae Faiditus solidao (Levi, 1967) RJ: Rio de Janeiro, PNT 254 Theridiidae Faiditus striatus (Keyserling, 1891) RJ, ES, MG, SP, SC Município Novo registro 255 Theridiidae Faiditus sp. 1 256 Theridiidae Hetschkia gracilis Keyserling, 1886 SC, SP RJ Novo registro 257 Theridiidae Keijia mneon (Bösenberg & Strand, 1906) Pantropical 258 Theridiidae Neospintharus rioensis (Exline & Levi, 1962) Brasil, Argentina Município Novo registro 259 Theridiidae Nesticodes rufipes (Lucas, 1846) Pantropical 260 Theridiidae Phoroncidia rubromaculata (Keyserling, 1886) RJ: Nova Friburgo Município Novo registro 261 Theridiidae Phoroncidia tricuspidata (Blackwall, 1863) RJ PNT Novo registro 262 Theridiidae Rhomphaea fictilium (Hentz, 1850) Canadá à Argentina Brasil Novo registro 263 Theridiidae Rhomphaea metaltissimum Soares & Camargo, 1948 Brasil ao Panamá RJ Novo registro 264 Theridiidae Spintharus gracilis Keyserling, 1886 Sudeste e Sul do Brasil 265 Theridiidae Stemmops sp. n. RJ Novo registro para o gênero 266 Theridiidae Theridion calcynatum Holmberg, 1876 Venezuela a Argentina 267 Theridiidae Theridion hispidum O. P.-Cambridge, 1898 México ao Paraguai 268 Theridiidae Theridion nesticum Levi, 1963 Trinidad Brasil Novo registro 269 Theridiidae Theridion teresae Levi, 1963 ES RJ Novo registro 270 Theridiidae Theridion sp. n. aff. biezankoi 271 Theridiidae Theridion sp. aff. topo 272 Theridiidae Theridion sp. 1 273 Theridiidae Thwaitesia affinis O. P.-Cambridge, 1882 Panamá ao Paraguai 274 Theridiidae Thymoites sp. n. aff. melloleitaoni Município Novo registro 275 Theridiidae Tidarren haemorrhoidale (Bertkau, 1880) EUA a Argentina PNT Novo registro 276 Theridiidae Wirada tijuca Levi, 1967 RJ: Rio de Janeiro, PNT 277 Theridiosomatidae Baalzebub sp. n. Brasil Novo registro para o gênero 278 Theridiosomatidae Chthonos sp. 1 RJ Novo registro para o gênero 279 Theridiosomatidae Epilineutes globosus (O. P.-Cambridge, 1896) México ao Brasil Município Novo registro 280 Theridiosomatidae Plato sp. n. RJ Novo registro para o gênero 281 Thomisidae Acentroscelus sp. 1 Município Novo registro para o gênero 282 Thomisidae Aphantochilus rogersi O. P.-Cambridge, 1870 Panamá ao Paraguai 283 Thomisidae Ceraarachne germaini Simon , 1886 RJ, MG 284 Thomisidae Epicadinus albimaculatus Mello-Leitão, 1929b BA e RJ: Rio de Janeiro

43

Família Gênero espécie Autor, data Distribuição Observações 285 Thomisidae Epicadinus gavensis H. Soares, 1946 RJ: Rio de Janeiro, PNT 286 Thomisidae Epicadus heterogaster (Guérin, 1829) Brasil, Argentina, Uruguai PNT Novo registro 287 Thomisidae Epicadus planus Mello-Leitão, 1932c BA RJ Novo registro 288 Thomisidae Misumenops callinurus Mello-Leitão, 1929b RJ: Rio de Janeiro, PNT 289 Thomisidae Onocolus intermedius (Mello-Leitão, 1929b) Brasil, Paraguai 290 Thomisidae Strophius mendax Mello-Leitão, 1929b RJ e MG 291 Thomisidae Tmarus elongatus Mello-Leitão, 1929b RJ: Rio de Janeiro, PNT 292 Thomisidae Tmarus nigrescens Mello-Leitão, 1929b RJ: Rio de Janeiro, PNT 293 Thomisidae Tmarus pugnax Mello-Leitão, 1929b RS RJ Novo registro 294 Thomisidae Tmarus sp. 1 295 Thomisidae Tmarus sp. 2 296 Thomisidae Tmarus sp. 3 297 Thomisidae Tmarus sp. 4 298 Thomisidae Tobias caudatus Mello-Leitão, 1929b RJ: Rio de Janeiro 299 Trechaleidae Trechalea biocellata Mello-Leitão, 1926 RJ 300 Trechaleidae Trechalea keyserlingi F. P.-Cambridge, 1903 Sudeste do Brasil 301 Uloboridae Miagrammopes sp. 1 Município Novo registro para o gênero 302 Uloboridae Orinomana sp. n. Brasil Novo registro para o gênero 303 Uloboridae Philoponella fasciata (Mello-Leitão, 1917b) Brasil, Argentina, Paraguai Município Novo registro 304 Uloboridae Zosis geniculata (Olivier, 1789) Pantropical 305 Zodariidae Tenedos eduardoi (Mello-Leitão, 1925a) RJ: Rio de Janeiro, PNT 306 Zodariidae Tenedos sp. 1 307 Zoridae Odo pulcher Keyserling, 1891 RJ: Rio de Janeiro, PNT 308 Zoridae Odo similis Keyserling, 1891 RJ: Rio de Janeiro, PNT

44

Anexo 4. Gráfico representando o número de gêneros por família.

0

5

10

15

20

25

30A

ctin

opod

idae

Am

auro

biid

aeA

napi

dae

Any

phae

nida

eA

rane

idae

Bar

yche

lidae

Cap

oniid

aeC

lubi

onid

aeC

orin

nida

eC

teni

dae

Dei

nopi

dae

Dic

tyni

dae

Dip

lurid

aeG

naph

osid

aeH

ahni

idae

Her

siliid

aeId

iopi

dae

Liny

phiid

aeLy

cosi

dae

Mim

etid

aeM

iturg

idae

Mys

men

idae

Nem

esiid

aeN

estic

idae

Och

yroc

erat

idae

Oec

obiid

aeO

onop

idae

Oxy

opid

aeP

alpi

man

idae

Phi

lodr

omid

aeP

holc

idae

Pis

aurid

aeP

rodi

dom

idae

Sal

ticid

aeS

cyto

dida

eS

eges

triid

aeS

elen

opid

ae

Sen

ocul

idae

Sic

ariid

aeS

para

ssid

aeSy

mph

ytog

nath

idae

Syn

otax

idae

Tetra

gnat

hida

eTh

erap

hosi

dae

Ther

idiid

aeTh

erid

ioso

mat

idae

Thom

isid

aeTr

echa

leid

aeU

lobo

ridae

Zoda

riida

eZo

ridae

45

Anexo 5. Gráfico representando o número de espécies por família.

0

10

20

30

40

50

60A

ctin

opod

idae

Am

auro

biid

aeA

napi

dae

Any

phae

nida

eA

rane

idae

Bar

yche

lidae

Cap

oniid

aeC

lubi

onid

aeC

orin

nida

eC

teni

dae

Dei

nopi

dae

Dic

tyni

dae

Dip

lurid

aeG

naph

osid

aeH

ahni

idae

Her

siliid

aeId

iopi

dae

Liny

phiid

aeLy

cosi

dae

Mim

etid

aeM

iturg

idae

Mys

men

idae

Nem

esiid

aeN

estic

idae

Och

yroc

erat

idae

Oec

obiid

aeO

onop

idae

Oxy

opid

aeP

alpi

man

idae

Phi

lodr

omid

aeP

holc

idae

Pis

aurid

aeP

rodi

dom

idae

Sal

ticid

aeS

cyto

dida

eS

eges

triid

aeS

elen

opid

ae

Sen

ocul

idae

Sic

ariid

aeS

para

ssid

aeSy

mph

ytog

nath

idae

Syn

otax

idae

Tetra

gnat

hida

eTh

erap

hosi

dae

Ther

idiid

aeTh

erid

ioso

mat

idae

Thom

isid

aeTr

echa

leid

aeU

lobo

ridae

Zoda

riida

eZo

ridae

46

Anexo 6. Gráfico representando o número de espécies por gênero (excluindo gêneros com apenas uma espécie).

0

2

4

6

8

10

12A

chae

aran

eaA

ctin

opus

Alp

aida

Ane

losi

mus

Ara

neus

Ays

haC

astia

neira

Chr

ysom

eta

Cor

inna

Cot

inus

aC

yclo

saD

iplu

raD

ipoe

naE

nopl

octe

nus

Epi

cadi

nus

Epi

cadu

sE

pisi

nus

Eus

tala

Faid

itus

Gel

anor

Leuc

auge

Lyss

oman

esM

ango

raM

esab

oliv

arM

etaz

ygia

Mic

rath

ena

Myr

mec

ium

Noe

gus

Och

yroc

era

Ocr

epei

raO

doO

ligoc

tenu

sO

lios

Par

awix

iaP

hial

eP

horo

ncid

iaR

hom

phae

aS

cyto

des

Sel

enop

sS

phec

ozon

eSt

enot

erom

mat

aTe

nedo

sTe

udis

Ther

idio

nTm

arus

Trec

hale

aTu

pige

aW

agne

riana

47

Anexo 7: Espécie inédita de Aebutina

48

Anexo 8: Espécie inédita de Calodipoena

49

Anexo 9: Espécie inédita de Gnolus

50

Anexo 10: Espécie inédita de Ochyrocera

51

Anexo 11: Espécie inédita de Orinomana

52

Anexo 12: Espécie inédita de Symptognata

53

Anexo 13: Macho não descrito de Caponina tijuca

54

Anexo 14: Macho não descrito de Hypognata alho