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Leptospirose Urbana: Dinâmica de Transmissão e
Impacto na Saúde Pública
Seminário Internacional
Ciências Florestais, Medicina Preventiva e Saúde Pública
São Paulo, 14 de Outubro de 2010
Guilherme de S. RibeiroProfessor Adjunto de Epidemiologia
Instituto de Saúde Coletiva, Universidade Federal da Bahia
Pesquisador Colaborador
Fundação Oswaldo Cruz, Ministério da Saúde
Leptospirose
• Doença causada por espiroqueta:
8 espécies patogênicas
>200 sorovares
• Zoonose de maior distribuição mundial
• Transmissão:
Contato direto com animal reservatório
Ambiente contaminado
por urina de reservatório
• Amplo espectro clínico:
Doença leve inespecífica
Doença de Weil
Letalidade: >10-50%
Epidemias anuais de leptospirose grave em Salvador
Vigilância populacional em Salvador-BA, 1996-2009 (N=2.711)
Impacto das formas graves da
doença em Salvador
Quatorze anos de vigilância para leptospirose
grave em Salvador-BA, 1996-2009
Número de casos 2.711
Incidência anual 6,1 por 100.000 pop.
Idade média (anos) 35
Sexo masculino 85%
Admissão em UTI 30%
Diálise 25%
Ventilação mecânica 12%
Letalidade 13%
Letalidade na hemorragia pulmonar 77%
Hemorragia conjuntival
Hemorragia Pulmonar Grave
• Qual é a verdadeira carga da doença?
Confusão diagnóstica e sub-registro.
Casos graves são a ponta do iceberg.
• Que intervenções de prevenção e controle podem ser feitas
na comunidade?
Controle químico de roedores possui alto custo e
ineficiente
A transmissão ocorre na residência ou no trabalho?
Fontes ambientais?
Leptospirose Urbana: Questões Críticas para Saúde Pública
• Estudos de coorte e de vigilância de base populacional
• Mesma comunidade: Pau da Lima
• Equipe multidisciplinar
• Objetivos:
Medir a carga da doença nas suas diferentes formas
clínicas
Identificar determinantes para o desenvolvimento de
desfechos graves após infecção
Identificar intervenções que possam ser feitas a nível de
comunidade
História Natural da Leptospirose Urbana:
Investigações na Comunidade de Pau da Lima
Seguimento da coorte de Pau da Lima
N=2.003
100%
N=1.585
79%
N=1.371
68%
N=1.264
63%
2003
Recrutamento
2004
1º ano
2005
2º ano
2006
3º ano
Perda
418
Perda
214
Perda
107
Perda de Seguimento: 739 (37%)
N=9.863
No. de casos de
leptospirose grave: 7
Incidência anual: 24
casos por 100.000 hab.
Seguimento de coorte para identificação de leptospirose grave
Seguimento de sub-coorte para identificação de soro-infecção
No. de casos de soro-
infecção: 102
Incidência anual: 2.690
casos por 100.000 hab.
Infec. primária: 2.510
casos por 100.000 hab.
Infec. secundária: 8.475
casos por 100.000 hab.
Vigilância populacional para síndrome febril aguda e formas leves
da leptospirose em Pau da Lima, Salvador, 2009
• População: 62.952 (IBGE 2000) ; Área: 3,75 Km²
• Identificação de casos de síndrome febril aguda em unidade de
pronto-atendimento e teste para leptospirose
Centro de Emergência de São Marcos
Casos de síndrome febril aguda e leptospirose leve na área
sob vigilância populacional em Pau da Lima, 2009
Casos de síndrome febril aguda (SFA) Número (%)
Total de atendimentos por SFA no período 6.491
Pacientes recrutados pelo estudo 1.500 (23%)
Pacientes com amostra pareada 1.239 (83%)
No. de casos de leptospirose leve confirmados 13 (1,0%)
Total de atendimentos no período 6.491
No. estimado de casos de leptospirose leve 68 (1,0%)
População da comunidade sob vigilância: 62.952 hab.
No. estimado de casos de leptospirose leve no período: 68
Incidência anual: 108 casos por 100.000 hab.
• Incidências anuais: Infecção: 2.690 (IC 95%: 1.870-3.739) casos por 100.000 hab.
Leptospirose leve: 108 (84-137) casos por 100.000 hab.
Leptospirose grave: 24 (3-73) casos por 100.000 hab.
• Número de infecções e casos leves para cada caso grave:
Infecção : Doença grave = 112:1
Doença leve : Doença grave = 5:1
Para cada caso de leptospirose grave deve existir cerca de 5
casos de leptospirose leve e 112 infecções
Carga da Doença por Leptospirose:
Estudo de Coorte em Pau da Lima
Estimativa da carga da doença
População
Óbito
Leptospirose grave
Doença leve
Infecção
3
24
108
2.690
100.000
13% de letalidade
Risco Específico de
Leptospirose por Idade e
Gênero
• Homens adultos possuem
maior risco para infecção.
• Mulheres e crianças são
expostas.
• Homens adultos possuem
>10 vezes o risco para
leptospirose grave do que
mulheres adultas.
• O risco de mortalidade
aumenta com a idade.
Estudo de coorte prospectiva para investigar fatores de risco
associados à infecção
N=2.003
100%
N=1.585
79%
N=1.371
68%
N=1.264
63%
2003
Recrutamento
2004
1º ano
2005
2º ano
2006
3º ano
Perda
418
Perda
214
Perda
107
Perda de Seguimento: 703 (35%)
No. de casos de soro-
infecção: 102
Incidência anual: 2.690
casos por 100.000 hab.
Seguimento de sub-coorte para identificação de soro-infecção
Coleta anual de dados sobre exposições de risco: Entrevista (dados demográficos e contatos de risco)Inspeção do ambiente domiciliarAnálise por SIG para fontes ambientais
Infecção Topografia
Esgotos abertos Deposito de lixo
Reis RB, et al. PLoS Negl Trop Dis. 2008; 2:e228
Modelos Aditivos Generalizados (GAM) de Fatores de Risco para Infecção
US$/dia Metros
No. de ratosMetros
f (in
fecçã
o)
f (in
fecçã
o)
f (in
fecçã
o)
f (in
fecçã
o)
Renda domiciliar per capita (US$/dia) Nível do domicílio para o ponto mais baixo no vale
Distância do domicílio para um esgoto aberto Relato do número de ratos vistos perto do domicílio
Reis RB, et al. PLoS NTD. 2008; 2:e228
Característica OR ajustada
Idade 05-14 anos 1.00
15-24 anos 2.30 (1.23 - 4.30)
25-34 anos 3.50 (1.85 - 6.60)
35-44 anos 1.80 (0.84 - 3.86)
≥45 anos 1.79 (0.83 - 3.84)
Gênero maculino 1.99 (1.32 - 3.02)
Renda domiciliar per capita (US$/dia) 0.83 (0.71 - 0.97)
Distância do domicílio ao ponto mais
baixo no vale (m)
0.98 (0.97 - 1.00)
Avaliação Prospectiva dos Fatores de Risco para a Infecção por Leptospira
Sumário: Estudos prospectivos em Pau da Lima, Salvador
• Carga de doença é bem maior do que se acreditava
2,7% da população se infecta por ano
Para cada caso grave deve existir 5 casos leves e 112 infecções
• Mulheres e crianças são infectadas
Fatores de susceptibilidade do hospedeiro devem influenciar risco
de progressão para formas graves da doença
• Re-infecção é um fenômeno freqüente
Grupos de alto risco para exposição
Imunidade naturalmente adquirida?
• Gradiente social para leptospirose em populações pobres
Papel dos determinantes sociais em saúde
• Deficiências de infra-estrutura nos peri-domicílios como
fonte de transmissão
Prioridades para redução do impacto da doença
• Avaliação da efetividade de
intervenções de base
comunitária: saneamento,
drenagem e desratização
• Diagnóstico precoce:
Avaliação multicêntrica de um
teste rápido
• Equidade social na alocação
de recursos e serviços
Colaboradores
Fundação Oswaldo Cruz-BAMitermayer ReisPaula RistowFederico CostaElsio WunderClaudio FigueiraRenato ReisRidalva FelzemburghHelena LimaAndreia SantosNilzelene SilvaJúlio CrodaEdilane BoaventuraDeborah FragaJuan CalcagnoNivison Júnior
Conselho de Saúde Urbana de Pau da Lima-São Marcos
Fundação Oswaldo Cruz-RJMarília Sá CarvalhoWagner Tassinari
Yale School of Public HealthAlbert Ko
Weill Medical College, Cornell Univ.Warren Johnson, Jr.
University of California, BerkeleyLee Riley
ApoioFundação Oswaldo Cruz , MSUniversidade Federal da BahiaNIAID, NIHFogarty International Center, NIH