Óleos essenciais de plantas medicinais e aromÁticas … · Óleos essenciais de plantas...

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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM AGROECOSSISTEMAS ÓLEOS ESSENCIAIS DE PLANTAS MEDICINAIS E AROMÁTICAS NO MANEJO DE CARRAPATOS (ACARI: IXODIDAE) ROSEANE NUNES DE SANTANA CAMPOS 2013

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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM AGROECOSSISTEMAS

ÓLEOS ESSENCIAIS DE PLANTAS MEDICINAIS E AROMÁTICAS NO MANEJO DE CARRAPATOS (ACARI:

IXODIDAE)

ROSEANE NUNES DE SANTANA CAMPOS

2013

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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM AGROECOSSISTEMAS

ROSEANE NUNES DE SANTANA CAMPOS

ÓLEOS ESSENCIAIS DE PLANTAS MEDICINAIS E AROMÁTICAS NO MANEJO DE CARRAPATOS (ACARI: IXODIDAE)

Dissertação apresentada à Universidade Federal de Sergipe, como parte das exigências do Curso de Mestrado em Agroecossistemas, área de concentração em Produção em Agroecossistemas, para obtenção do título de “Mestre em Ciências”. Orientador

Prof. Dr. Leandro Bacci

SÃO CRISTÓVÃO SERGIPE – BRASIL

2013

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FICHA CATALOGRÁFICA ELABORADA PELA BIBLIOTECA CENTRAL

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE

Campos, Roseane Nunes de Santana

C198o Óleos essenciais de plantas medicinais e aromáticas no manejo de carrapatos (Acari : Ixodidae) / Roseane Nunes de Santana Campos ; orientador Leandro Bacci. – São Cristóvão, 2013. 81 f. : il. Dissertação (Mestrado em Agroecossistemas) –Universidade Federal de Sergipe, 2013.

O 1. Rhipicephalus microplus. 2. Controle biológico. 3.

Acaricidas. 4. Amblyomma cajennense. 5. Óleos essenciais. 6. Plantas medicinais. 7. Carrapatos. I. Bacci, Leandro, orient. II. Título

CDU: 632.951:665.52

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A minha filha Clarice e aos meus cães Bob e

Prince pela demonstração da mais pura

inocência e por tanto amor.

Dedico

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AGRADECIMENTOS

Agradeço em primeiro lugar a Deus por me dar força e coragem de seguir em frente e

não desistir dos meus sonhos nunca. Apesar das dificuldades, dos problemas, dos stress, das

noites sem dormir, da falta de lazer, das alergias, das coceiras causadas pelas larvas, cheguei

até aqui e hoje me sinto forte. Obrigada Senhor, sem a tua força não teria conseguido.

A meu orientador Leandro Bacci que mesmo sem me conhecer confiou em mim e me

ajudou bastante nessa minha decisão de ser mestre. Obrigada pelos conselhos, conversas e por

toda atenção. Parabéns por ser essa pessoa tão dedicada no que faz. Mesmo com pouca

experiência em carrapatos conseguimos desenvolver uma bela pesquisa. Apesar dos

obstáculos, eu sabia que com o Bacci como orientador tudo daria certo no final. Agradeço a

professora Ana por todo apoio e pelo exemplo de honestidade e profissionalismo. Obrigada

por me ajudar muito. Vocês são um casal muito especial para mim!!!

A professora Fatima e professor Arie pela parceria na pesquisa e por sempre estarem

dispostos a ajudar. Muito obrigada!!!

Aos membros da banca examinadora pela disponibilidade e proporem as devidas

alterações quando necessárias.

À CAPES, CNPq, FAPITEC/SE e UFS pelo apoio material e financeiro e a RAROS

pelos óleos essenciais.

Aos meus grandes amigos do laboratório de Manejo Agroecológico de Pragas sem

vocês essa dissertação não estaria pronta, vocês foram essenciais neste trabalho. Obrigada em

especial a Felipe, Ane, Morgana, Bia, Alexandre, Abrãao e Fabiana. Agradeço pela

convivência, conversas, desbafos, choros, risadas e muitas coceiras, lembra Ane, do banho de

larvas que você tomou?? Vocês são muito especiais para mim!! Agradeço também aos

novatos Lázara, Tamiris, Diego, Thales, Lenoah, Jõao Paulo, Alisson. Obrigada pela ajuda de

vocês!!! E ao pessoal da biotecnologia Flávio, Elânia, Janaína, Álvaro e Patrícia.

Aos meus amigos do mestrado Edilma, Karen, Tiago, João Paulo, Diana e Rogena

pelos bons momentos juntos, pelas palavras de incetivo. Obrigada!!.

Agradeço aos colegas professores da UFS: Márcia Roner, Maíra, Eduardo, Jodnes e

Gladston e em especial ao Professor Hermínio da Faculdade Pio Décimo obrigada pelas

orientações na minha vida profissional.

Aos funcionários da Fazenda Santa Maria e ao meu pai por me ajudar a coletar os

carrapatos dos bovinos, aos funcionários do Haras Barrinha e a Fabrício por me ajudar na

coleta dos carrapatos dos equinos. Sem a ajuda de vocês esse trabalho não seria realizado.

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A meus amores Fabrício e Clarice obrigada por suportarem minha ausência nessa fase

da minha vida. E por me proporcionarem tanto amor e carinho. Sou apaixonada por essa

pequena família!! Vocês são tudo para mim!!!

A minha mãe Rutelma, por sua demonstração de amor, paciência, bondade, por me dar

bons conselhos e por ir comigo no dia da entrevista com o professor, mesmo sendo um dos

piores dias da sua vida...Obrigada por tudo!! Ao meu pai Enaldo pela atenção e dedicação

constante. Saiba que você é muito especial para mim!!! Vocês são os avós mais lindos do

mundo!!!

Aos meus irmãos Edinho e Élder obrigada pelo apoio sempre!!! Vocês são

maravilhosos!! As minhas cunhadinhas queridas, Patrícia e Thássia, agradeço pela atenção

que me concedem, cada uma com seu modo de ser.

A Clese obrigada pela ajuda diária, sem você estar presente não iria conseguir concluir

esse mestrado. Obrigada pela atenção, companheirismo, pelas comidinhas e por cuidar tanto

de Clarice.

A meu sogro Wellington pelas conversas, conselhos e almoços nos domingos. A

minha amigona Elisdete pelo exemplo de simplicidade e bondade, uma pessoa que não tenho

palavras para descrever o quanto gosto. Adoro esta família!!

A vó Clarice e a vovó Terezinha pelos exemplos de humildade, compaixão e carinho.

Aos meus animais Bob e Mary que me divertiam e me distraíam nos momentos de

tensão. Vocês são meus xodó!!. Prince, meu lindo vira-lata, esse mestrado é em sua

homenagem, quando pensava em desistir, lembrava do quanto você sofreu e lutou para ficar

vivo, meu guerreiro, sei que nada é por acaso. Obrigada por aqueles olhares que me

acalentavam tanto.

A minha grande amiga e terapeuta Margarido Machado não sei viver sem as nossas

conversas, os florais e seus abraços. Obrigada por ser essa pessoa iluminada em minha vida!!!

A Edna e a Nilza esse mestrado seria muito mais difícil sem vocês me ajudando a

cuidar de Clarice.

As minhas amigas Marcélia, Cyntia, Gardênia, Bárbara,Fabiana e Karla. Obrigada

pelas conversas calorosas e por sempre estarem presente em minha vida, mesmo muitas vezes

estando tão ocupada com o mestrado. Agradeço tambémm as minhas colegas de Lagarto:

Andréa Propheta, Rosângela e Daiane. Adoro vocês!!!

A minhas tias, tios, primos, primas, colegas e a todos que direta ou indiretamente me

ajudaram nesta grande etapa da minha vida

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BIOGRAFIA

Roseane Nunes de Santana Campos, filha de Enaldo Manoel de Santana e Maria

Rutelma Nunes de Santana, nasceu em Aracaju, em 15 de julho de 1982.

Em 2006, graduou-se em Medicina veterinária pela Faculdade Pio Décimo, Aracaju-

SE. Durante o período de graduação foi estagiária do Hospital veterinário Dr. Vicente Borelli

e do centro de reabilitação, fitness e bem estar animal Vet Spa. Após conclusão do curso fez

especialização em clinica médica de pequenos animais pela Universidade Federal Rural do

Semi-árido (UFERSA) e trabalhou como médica veterinária na Clínica Pro Pet em Aracaju-

SE.

Em 2011, iniciou o curso de Mestrado em Agroeocossistemas, na Universidade

Federal de Sergipe (UFS) trabalhando com óleos essenciais e ectoparasitas.

Aprovada em primeiro lugar no concurso para Médica Veterinária em saúde pública

na cidade de Lagarto-SE (Janeiro/ 2012). Aprovada em primeiro lugar para professor

substituto, da disciplina Epidemiologia Veterinária, no curso de Medicina Veterinária da

UFS-SE (Outubro/2012).

Apresentou a dissertação do mestrado em 28 de Fevereiro de 2013.

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SUMÁRIO

Página LISTA DE FIGURAS ......................................................................................................... i

LISTA DE TABELAS ........................................................................................................ ii

RESUMO ............................................................................................................................ iv

ABSTRACT ........................................................................................................................ v

1. INTRODUÇÃO GERAL ................................................................................................ 1

2. REFERENCIAL TEÓRICO ........................................................................................... 3

2.1 Carrapatos ................................................................................................................. 3

2.2 Métodos de controle dos carrapatos .......................................................................... 8

2.3 Plantas carrapaticidas ................................................................................................ 10

2.4 Óleos essenciais ........................................................................................................ 11

2.5 Possibilidades de geração de patentes ...................................................................... 15

3. ARTIGO 1: Óleos essenciais de plantas medicinais e aromáticas no controle do carrapato Rhipicephalus microplus ..................................................................................... 16

Resumo ........................................................................................................................... 17

Introdução ....................................................................................................................... 18

Revisão de literatura ........................................................................................................ 19

Consideracões finais......................................................................................................... 24

Referências bibliográficas ............................................................................................... 25

4. ARTIGO 2: Propriedades acaricidas do óleo essencial de vetiver Chrysopogon zizanioides (Poaceae) sobre os carrapatos Amblyomma cajennense e Rhipicephalus (Boophilus) microplus (Acari: Ixodidae) ............................................................................ 30

Resumo ........................................................................................................................... 31

Abstract ........................................................................................................................... 32

Introdução ....................................................................................................................... 33

Materiais e métodos ........................................................................................................ 34

Resultados ....................................................................................................................... 38

Discussão ........................................................................................................................ 40

Conclusão ........................................................................................................................ 42

Referências bibliográficas ............................................................................................... 43

5. ARTIGO 3: Alternativas ao controle de Rhipicephalus (Boophilus) microplus (Acari: Ixodidae): óleos essenciais de plantas e emulsão ................................................................ 51

Resumo ........................................................................................................................... 52

Abstract ........................................................................................................................... 53

Introdução ....................................................................................................................... 54

Materiais e métodos ........................................................................................................ 55

Resultados e discussão .................................................................................................... 59

Conclusão ........................................................................................................................ 62

Referências bibliográficas ............................................................................................... 72

6. CONCLUSÕES GERAIS ............................................................................................... 75

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................ 76

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i

LISTA DE FIGURAS

ARTIGO 3: Alternativas ao controle de Rhipicephalus (Boophilus) microplus (Acari:

Ixodidae): óleos essenciais de plantas e emulsão.

FIGURA 1. Fotomicrografia da emulsão O/A através da micoscopia óptica com 2% (A e B) e

10% (C e D) de óleo essencial de P. cablin com 50.000x e 100.000x de aumento,

respectivamente.

FIGURA 2. Atividade carrapaticida da emulsão de P. cablin (2%) sobre larvas de

Rhipicephalus microplus após 48 horas de exposição. N=número de larvas; CL: concentração

letal (µl do óleo essencial de P. cablin/ ml da emulsão); IC: interval de confiança a 95%.

FIGURA 3. Atividade da emulsão de P. cablin a 10% sobre os parâmetros reprodutivos de

fêmeas ingurgitadas de Rhipicephalus microplus. Médias com “*” indicam diferenças entre o

óleo essencial de P. cablin e a emulsão de P. cablin a 10%.

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ii

LISTA DE TABELAS

ARTIGO 1: Óleos essenciais de plantas medicinais e aromáticas no controle do carrapato

Rhipicephalus microplus.

TABELA 1. Principais óleos essenciais e os constituintes destes utilizados no controle do

carrapato R. microplus.

ARTIGO 2: Propriedades acaricidas do óleo essencial de vetiver Chrysopogon zizanioides

(Poaceae) sobre os carrapatos Amblyomma cajennense e Rhipicephalus (Boophilus) microplus

(Acari: Ixodidae).

TABELA 1. Composição química dos óleos essenciais de Chrysopogon zizanioides com alto

(VAA) e baixo (VAB) valor de acidez caracterizados por GC/MS e GC/FID.

TABELA 2. Valor médio (±EPM) da produção de ovos por fêmea (g), índice de postura e

inibição de oviposição (%) de fêmeas ingurgitadas de Amblyomma cajennense e

Rhipicephalus microplus tratadas com o óleo essencial Chrysopogon zizanioides com alto

(VAA) e baixo (VAB) valor de acidez.

TABELA 3. Valor médio (±EPM) da eclosão de ovos (%), eficiência reprodutiva (%) e

controle da reprodução (%) de fêmeas ingurgitadas de Amblyomma cajennense e

Rhipicephalus microplus tratadas com o óleo essencial de Chrysopogon zizanioides com alto

(VAA) e baixo (VAB) valor de acidez.

TABELA 4. Atividade carrapaticida (CL01, CL50 e CL99) do oleo essencial de Chrysopogon

zizanioides com alto (VAA) e baixo (VAB) valor de acidez sobre larvas de Amblyomma

cajennense e Rhipicephalus microplus após 48 horas de exposição.

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iii

ARTIGO 3: Alternativas ao controle de Rhipicephalus (Boophilus) microplus (Acari:

Ixodidae): óleos essenciais de plantas e emulsão.

TABELA 1. Composição química dos óleos essenciais estudados caracterizados por GC/MS e

GC/FID.

TABELA 2. Valor médio (±EPM) da produção de ovos por fêmea (g), do índice de postura e

da inibição de oviposição (%) de fêmeas ingurgitadas de Rhipicephalus microplus tratadas

com cinco concentrações de quarto óleos essenciais e o óleo de Azadirachta indica

(Natuneem).

TABELA 3. Valor médio (±EPM) da eclosão de ovos (%), da eficiência reprodutiva (%) e do

controle da reprodução (%) de fêmeas ingurgitadas de Rhipicephalus microplus tratadas com

cinco concentrações de quarto óleos essenciais e o óleo de Azadirachta indica (Natuneem).

TABELA 4. Atividade carrapaticida (CL50 e CL90) de quarto óleos essenciais e do oleo de

Azadirachta indica (Natuneem) sobre larvas de Rhipicephalus microplus após 48 horas de

exposição.

TABELA 5. Valor médio (±EPM) da produção de ovos por fêmea (g), do índice de postura,

da inibição de oviposição (%), da eclosão (%), da eficiência reprodutiva (%) e do controle da

reprodução (%) de fêmeas ingurgitadas de Rhipicephalus microplus tratadas com a emulsão

de P. cablin a 10%.

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iv

RESUMO

CAMPOS, Roseane Nunes de Santana. Óleos essenciais de plantas medicinais e aromáticas no controle de carrapatos (Acari: Ixodidae). São Cristóvão: UFS, 2013. 81p. (Dissertação – Mestrado em Agroecossistemas).*

Os carrapaticidas botânicos são produtos naturais derivados do metabolismo secundário das plantas. Esse metabolismo produz uma grande diversidade de compostos com ação acaricida que podem ser explorados através do uso de óleos essenciais ou como modelo para síntese de carrapaticidas sintéticos. A necessidade de métodos mais seguros, menos agressivos ao homem e ao meio ambiente, tem estimulado a busca de novos pesticidas a partir de produtos vegetais. Assim, objetivou-se com este trabalho i) selecionar plantas medicinais e aromáticas com atividade biológica sobre os carrapatos Rhipicephalus microplus e Amblyomma cajennense; ii) testar os efeitos subletais do óleo essencial de Chrysopogon zizanioides (Poaceae) valor de acidez alta e valor de acidez baixa sobre os estádios de ovo, larva e adulto de A. cajennense e R. microplus; iii) testar os efeitos letais dos óleos essenciais de C. zizanioides valor de acidez alta e valor de acidez baixa sobre larvas de A. cajennense e R. microplus; iv) testar os efeitos subletais dos óleos essenciais de Pogostemon cablin (Lamiaceae), Croton sonderianus (Euphorbiaceae), Pelargonium graveolens (Geraniaceae) e Zingiber officinale (Zingiberaceae), sobre os estádios de ovo, larva e adulto de R. microplus; v) testar os efeitos letais dos óleos essenciais de P. cablin; C. sonderianus; P. graveolens sobre larvas de R. microplus; iv) A partir do óleo mais tóxico para o carrapato R. microplus, produzir uma formulação e testar os efeitos subletais e letais dessa emulsão nos carrapatos R. microplus. Os óleos essenciais foram adquiridos através da empresa Raros, sendo apenas o Z. officinale obtido por hidrodestilação da biomassa seca em um aparelho do tipo Clevenger na Universidade Federal de Sergipe. Estes óleos foram analisados por cromatografia gasosa acoplada à espectrometria de massa (GC-MS). O estudo foi realizado na Universidade Federal de Sergipe, São Cristóvão-SE, Brasil. Os óleos essenciais foram emulsionados com Triton X-100, como agente surfactante, no bioensaio com os adultos e diluídos em acetona para o bioensaio de mortalidade com as larvas. No bioensaio com os adultos as fêmeas foram imersas em uma solução final (óleo com Triton X-100) por 2 minutos, calculado a oviposição depois de 14 dias. Para o bioensaio com as larvas uma solução (óleo com acetona) foi aplicada em envelopes de papel filtro fechados com clipes tipo “buldogue”, no qual estas larvas permaneceram por 48 horas. A formulação nos dois bioensaios foi diluída em água A dissertação foi dividida em três artigos. No primeiro artigo foi feito uma revisão de literatura sobre o uso de óleos essenciais de plantas medicinais e aromáticas no controle do R.microplus, no segundo foi demonstrado que os óleos essenciais de C. zizanioides valor de acidez alta e valor de acidez baixa apresentaram atividade carrapaticida sobre as espécies A. cajannense e R. microplus e no terceiro artigo foi observado que o óleo essencial de P. cablin (Lamiaceae) e a formulação feita através deste óleo apresentam atividade carrapaticida sobre o carrapato R. microplus.

Palavras-chave: Controle alternativo; Rhipicephalus microplus; Amblyomma cajennense; acaricidas. ___________________

* Comitê Orientador: Leandro Baccii – UFS (Orientador), Ana Paula Albano Araújo- co-orientadora – UFS.

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v

ABSTRACT

CAMPOS, Roseane Nunes de Santana Campos. Essential oils of medicinal and aromatic plants in the control of ticks (Acari: Ixodidae). São Cristóvão: UFS, 2013. 81p. (Dissertation – Master Program in Agroecosystem).*

The botanical acaricides are natural products derived from plant secondary metabolism. This metabolism produces a large variety of compounds with acaricidal action that can be exploited through the use of essential oils or as a template for synthesis of synthetic acaricides. The need for safer methods, less harmful to humans and the environment, has stimulated the search for new pesticides from plant products. Thus, the aim of this study was to i) select medicinal and aromatic plants with biological activity on the tick Rhipicephalus microplus and Amblyomma cajennense ii) test the sublethal effects of essential oil of Chrysopogon zizanioides (Poaceae) value of high acidity and acid value low on the stages of egg, larva and adult of A. cajennense and R. microplus iii) test the lethal effects of essential oils of C. zizanioides high acid value and amount of low acidity on larvae of A. cajennense and R. microplus iv) test the sublethal effects of essential oils from Pogostemon cablin (Lamiaceae), Croton sonderianus (Euphorbiaceae), Pelargonium graveolens (Geraniaceae) and Zingiber officinale (Zingiberaceae), on the stages of egg, larva and adult of R. microplus v) test the lethal effects of essential oils of P. cablin; C. sonderianus; P. graveolens on larvae of R. microplus iv) From the oil more toxic for the tick R. microplus, producing a formulation and testing the lethal and sublethal effects of this emulsion in ticks R. microplus. Essential oils were purchased through the company Raros, only the Z. officinale obtained by hydrodistillation of dry biomass in a Clevenger type apparatus at the Federal University of Sergipe. These oils were analyzed by gas chromatography coupled to mass spectrometry (GC-MS). The study was conducted at the Federal University of Sergipe, Saint Kitts-SE, Brazil. The essential oils were emulsified with Triton X-100 as surfactant agent, in the bioassay with adults and diluted in acetone to bioassay with larvae mortality. In bioassay with adult females were immersed in a final solution (oil with Triton X-100) for 2 minutes, oviposition calculated after 14 days. For the bioassay the larvae a solution (oil in acetone) was applied on filter paper envelopes closed with clips type "bulldog" in which these larvae were maintained for 48 hours. The formulation in both bioassays was diluted with water The paper was divided into three items. In the first article was made a literature review on the use of essential oils of medicinal and aromatic plants in controlling R.microplus, in the second it was demonstrated that the essential oils of C. zizanioides acid value and high value low acidity showed activity ticks on species A. cajannense and R. microplus and third article was observed that the essential oil P. cablin (Lamiaceae) and formulation made from this oil exhibit activity ticks on the tick R. microplus.

Key-words: Alternative control; Rhipicephalus microplus, Amblyomma cajennense; acaricides. ___________________

* Guidance Committee: Leandro Bacci – UFS (Orientador), Ana Paula Albano Araújo co-orientadora – UFS.

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1

1. INTRODUÇÃO GERAL

Os carrapatos constituem um dos grandes problemas enfrentados pelos pecuaristas e

veterinários uma vez que provocam lesões nos animais hospedeiros, tanto no processo de

repasto sanguíneo, como na transmissão de agentes patogênicos. Estes organismos são

danosos também ao bem-estar e a saúde do homem já que transmitem importantes zoonoses

aos seres humanos.

O método de controle comumente empregado consiste na aplicação de carrapaticidas

organo-sintéticos nos hospedeiro. Porém o uso destes produtos pode desencadear reações

adversas como: intoxicação dos animais e dos aplicadores, presença de resíduos de

carrapaticidas nos alimentos e produtos de origem animal, poluição ambiental e resistência

dos carrapatos aos pesticidas químicos utilizados. Assim a utilização em larga escala de

produtos químicos pode resultar em problemas econômicos, sociais, ecológicos e ambientais.

Uma alternativa para diminuir esses problemas é o uso de biocarrapaticidas que sejam

eficientes contra os carrapatos e ao mesmo tempo menos tóxicos a organismos não-alvo e

ambientalmente mais seguros.

Os pesticidas botânicos são produtos derivados do metabolismo secundário das

plantas. Esse metabolismo produz uma diversidade de compostos com ação biológica que

podem ser explorados através do uso de óleos essenciais ou extratos botânicos.

Óleos essenciais de plantas são amplamente utilizados nas indústrias alimentares e de

cosméticos com reconhecida atividade terapêutica, bactericida, fungicida e inseticida, além

disso, está sendo testada sua atividade carrapaticida. Devido ao enorme potencial, a utilização

de extratos e óleos essenciais de plantas no controle de carrapatos tem sido foco de pesquisas

em vários países.

Os óleos essenciais de plantas são misturas complexas de compostos orgânicos

voláteis de baixo peso molecular formados principalmente por monoterpenos, sesquiterpenos

e fenilpropanóides. Algumas vezes o efeito carrapaticida é atribuído aos constituintes isolados

em maior quantidade no óleo essencial que são os componetes majoritários. Porém, é possível

que a atividade do componente principal seja modulada por outros compostos que estão em

menor quantidade. Assim, a necessidade de métodos mais seguros, menos agressivos ao

homem e ao meio ambiente têm estimulado a busca de novos carrapaticidas a partir de

plantas.

Nesta dissertação foram analisadas as atividades biológicas de plantas medicinais e

aromáticas sobre os diferentes estádios de vida das principais espécies dos carrapatos que

ocorrem no Brasil. Sendo assim, esta terá amplo alcance, desde produtores e técnicos até a

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2

comunidade científica. A divulgação dos resultados da presente dissertação apresenta

importante caráter inovador, uma vez que possibilitará o desenvolvimento de alternativas ao

sistema convencional de controle de carrapatos. Os óleos essenciais poderão funcionar ainda

como fontes de moléculas para a síntese de novos carrapaticidas criando uma demanda

estratégica através de geração de patentes.

Esta dissertação teve como objetivo geral selecionar plantas medicinais e aromáticas

com atividade biológica sobre os carrapatos Rhipicephalus microplus e Amblyomma

cajennense e como objetivos específicos: i) testar os efeitos letais dos óleos essenciais de

vetiver Chrysopogon zizanioides (Poaceae) acidez alta e acidez baixa, patchouli Pogostemon

cablin (Lamiaceae), marmeleiro Croton sonderianus (Euphorbiaceae), gerânio Pelargonium

graveolens (Geraniaceae) e gengibre Zingiber officinale (Zingiberaceae), sobre os estádios de

ovo, larva e adulto de Amblyoma cajennense e Rhipicephalus microplus; ii) testar os efeitos

sub-letais dos óleos essenciais C. zizanioides valor de acidez alta e valor de acidez baixa, P.

cablin, C. sonderianus, P. graveolens e Z. officinale sobre adultos de A. cajennense e R.

microplus; iii) selecionar óleos essenciais com atividade carrapaticida sobre os estádios de

ovo, larva e adulto de A. cajennense e R. microplus; e iv) a partir do óleo mais tóxico para o

carrapato R. microplus, produzir uma formulação e testar os efeitos subletais e letais dessa

emulsão nos carrapatos R. microplus.

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3

2. REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 Carrapatos

Os carrapatos são artrópodes ectoparasitas pertencentes a subclasse Acarina. Os ácaros

distinguem-se facilmente dos insetos por não apresentarem separação distinta entre cabeça,

tórax e abodomen e de uma maneira geral, possuírem quatro pares de pernas nos estágios de

ninfas e adultos e apenas três pares de pernas na fase larval (FLETCHMAN, 1990). Os

carrapatos são classificados em três famílias: Ixodidade; Argasidae e Nutelliedae (REY,

2001). Amblyoma cajennense (Fabricius, 1787) e Rhipicephalus (Boophilus) microplus

(Canestrini, 1887) pertecem à ordem Parasitiformes e representam a família Ixodidae,

conhecida como a família dos carrapatos duros, que possuem o corpo recoberto por uma parte

dorsal quitinosa. Na região anterior do corpo não se distingue a cabeça, mas um conjuto de

peças bucais quitinizadas denominado de gnatossoma (REY, 2001). O aparelho bucal destes

carrapatos é constituído por palpos, quelíceras e hipostômio contendo dentes (MONTEIRO,

2010). O ciclo de vida destes carrapatos consiste em: ovo, larva, ninfa e adulto

(FLETCHAMN, 1975; FLETCHMAN, 1990; REY, 2001).

Estes ectoparasitas se alimentam do sangue de mamíferos, aves, répteis e anfíbios em

todas as suas fases pós-embrionárias, sendo importantes pragas zootécnicas (FLETCHMAN,

1975; REY, 2001). Nesta família o dimorfismo sexual é acentuado. Os machos apresentam

um escudo que recobre todo o dorso do animal. Já nas fêmeas, larvas e ninfas o escudo dorsal

não vai além do propodossoma, região do corpo que vai do primeiro ao segundo par de pernas

(FLETCHMAN, 1975; FLETCHMAN, 1990; SONENSHINE et al., 2002; MONTEIRO,

2010). Estas porções não esclerotizadas do corpo das fêmeas permitem uma grande expansão

quando estas são ingurgitadas com sangue (RUPERT & BARNERS, 1996). Tanto o macho

quanto a fêmea possui o aparelho genital, na face ventral do corpo entre o primeiro e segundo

par de pernas. A maioria dos adultos machos e fêmeas copulam sobre o hospedeiro, porém o

macho não apresenta aparelho copulador e transfere os espermatozóides para abertura genital

da fêmea através do aparelho bucal. A cópula acontece por vários dias, sendo comum

encontrar o macho embaixo da fêmea quando esta é removida do hospedeiro (MONTEIRO,

2010).

Espécies de ácaros da família Ixodidae podem viver por longo tempo sem alimento e

são resistentes à dessecação por possuírem o tegumento recoberto por cera (RUPERT &

BARNERS, 1996). O ciclo de vida destes carrapatos consiste em: ovo, larva, ninfa e adulto

(FLETCHMAN, 1975; FLETCHMAN, 1990; REY, 2001). Este ciclo apresenta duas fases:

uma de vida livre quando não está no hospedeiro, durante os quais o carrapato não se

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alimenta, sobrevivendo apenas das reservas, e outra de vida parasitária quando fixa as peças

bucais no tecido do hospedeiro, iniciando o processo de alimentação. Os carrapatos podem ser

classificados em três grupos com base no numero de hospedeiros que necessitam: i)

monoxenos (ciclo de um hospedeiro) - no qual todos os três estádios ocorrem em um único

indivíduo hospedeiro e as fêmeas depois de fecundadas e ingurgitadas caem no solo onde

depositam os ovos; ii) dioxenos (ciclo de dois hospedeiros) - onde a larva faz ecdise no

hospedeiro e a ninfa cai no solo, realiza a muda para o estágio adulto e procura um segundo

hospedeiro e; iii) trioxenos (ciclo de três hospedeiros) - nos quais larvas, ninfas e adultos se

alimentam de diferentes hospedeiros (SONENSHINE et al., 2002; TAYLOR et al., 2010).

De forma geral, o ciclo de vida dos ixodídeos começa quando as fêmeas se destacam

dos hospedeiros, procuram um abrigo quente é úmido para colocar os ovos, o período de

postura dura de 10 a 15 dias e depois disso as fêmeas morrem. O período de incubação desses

ovos varia de 17 a 60 dias dependendo da temperatura e umidade. As larvas eclodidas

esperam a passagem do hospedeiro para o qual se transferem, onde fazem a ecdise para ninfas

e adulto (MONTEIRO, 2010). Durante todos os estádios de vida, os carrapatos exercem

hematofagia diversas vezes. Após a cópula, a fêmea realiza hematofagia por 4 a 6 dias, se

alimentando três vezes mais de sangue do que o habitual, sendo chamada nesta fase de

teleógena (TAYLOR et al., 2010).

Uma vez que provocam lesões no hospedeiro, seja no processo de repasto sanguíneo

ou pela transmissão de agentes patogênicos, os carrapatos são artrópodes importantes do

ponto de vista médico e veterinário. Estes animais hematófagos são vetores de arboviroses,

ricketsioses, espiroquetoses e protozoários tanto para o homem quanto para animais

domésticos (KAUFMAN, 1989; FLETCHMAN, 1990). Este parasitismo compromete todo o

desenvolvimento do hospedeiro pela espoliação direta causada pelo hematofagismo, o que

permite a entrada de organismos responsáveis pelas infecções secundárias como miíase

cutâneas ou intoxicações causadas pela saliva do parasita (ANDREOTTI, 2002). Desta forma,

estes ectoparasitas causam diversas lesões em seus hospedeiros devido às características

biológicas que apresentam, como: fixação profunda nos hospedeiros dificultando sua

remoção; ingurgitamento lento o que facilita a inoculação de patógenos; e injeção de

inibidores da agregação plaquetária para que consigam se alimentar do sangue na forma fluída

(MANS & NEITS, 2003).

Pesquisas com carrapatos têm atraído a atenção científica principalmente por causa do

papel desses artrópodes como vetores de numerosos patógenos, também pelos problemas

clínicos causados e pelos pesticidas químicos utilizados em seu controle (KAUFMAN, 2010).

Os prejuízos econômicos causados pelos carrapatos ocorrem de forma direta por efeito da

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picada e suas conseqüências, tais como: irritabilidade, perda de sangue e veiculação de

patógenos; e de forma indireta como: o elevado custo do controle químico, os resíduos

deixados nos produtos de origem animal e os danos ambientais decorrentes do uso desses

produtos (SONENSHINE et al., 2002).

Os carrapaticidas organossintéticos constituem o principal método de controle de

carrapatos (FURLONG, 2005). O uso indiscriminado e intensivo desses produtos tem

provocado a resistência desses parasitas aos produtos organossintéticos (LABRUNA, 2004), o

que culmina no aumento contínuo da freqüência de aplicações (MENDES et al., 2011). No

Brasil, a resistência da população de carrapatos aos carrapaticidas é generalizada (GRAF et

al., 2004). Segundo Nerio et al.,2010, atualmente o uso de produtos químicos para o controle

de insetos e outros artrópodes levanta várias preocupações relacionadas ao meio ambiente e à

saúde humana. Dessa forma, a busca por métodos alternativos que utilizam táticas de controle

selecionadas em parâmetros técnicos, econômicos, sociais e ecológicos é de grande

importância (BACCI et al., 2007).

2.1.1 Amblyoma cajennense

Os carrapatos membros deste gênero apresentam escudos bastante ornamentados, com

pernas longas e frequentemente listradas. Fêmeas não alimentadas podem ter até 8mm e

quando ingurgitadas chegam a 20mm. Os machos apresentam peças bucais longas capazes de

ocasionar picada dolorosa e profunda que pode tornar-se infectada secundariamente

(TAYLOR et al., 2010). O gênero Amblyoma possui 102 espécies descritas e 33 delas

ocorrem no Brasil (KETTLE, 1996), sendo o carrapato estrela A. cajennense amplamente

difundido no território brasileiro (LABRUNA, 2004). Internacionalmente este é conhecido

como “Cayene tick ou tropical horse tick, no Brasil recebe denominações como “rodoleiro” e

“carrapato estrela” para os estádios adultos, “vermelhinho” para as ninfas e “micuins” para as

larvas (LEITE et al., 1997). A fecundidade da fêmea de A. cajennense é de 5000 a 8000 ovos

ao longo de sua vida. Esta espécie apresenta alta capacidade de resistência ao jejum, baixa

especificidade hospedeira e grande adaptação às condições adversas (FURLONG, 2005).

O carrapato estrela apresenta um ciclo trioxeno, ou seja, necessita de três hospedeiros,

da mesma espécie ou não, para completar seu desenvolvimento (FURLONG, 2005; TAYLOR

et al., 2010). Este artrópode pode infestar várias espécies de animais domésticos e silvestres,

embora os equídeos sejam os hospedeiros preferenciais. Estes ectoparasitas causam irritações,

diminuição no desempenho animal e transmitem doenças para os equinos (FURLONG, 2005).

Em todos os estádios pós-embrionários estes artrópodes atacam intensamente o homem,

podendo transmitir o agente etiológico da febre maculosa, uma importante e conhecida

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zoonose transmitida por carrapatos nas Américas (FLETCHMAN, 1975; LABRUNA, 2004;

GUEDES, 2005). Esta doença no homem pode ser aguda, febril, causando lesões no

miocárdio e lesões cerebrais. Em uma pesquisa realizada em Campinas, estado de São Paulo,

onde era freqüente o diagnóstico e óbitos por febre maculosa, 99% dos carrapatos coletados

pertenciam ao gênero Amblyoma (LIMA et al., 2003).

Segundo a Confederação da Agricultura e Pecuária (CNA), o Brasil possui o terceiro

maior rebanho de equino do mundo com cerca de 5,8 milhões de animais, menor apenas do

que a China e México, porém o controle de carrapatos em eqüinos, na maioria das vezes ainda

é feita de forma empírica, indiscriminada e ineficiente.

O carrapato-estrela ocasiona perdas econômicas importantes em decorrência da queda

da produtividade dos animais, da transmissão de doenças (TAYLOR et al., 2010) e da

elevação dos gastos devido ao uso incorreto de carrapaticidas (FURLONG, 2005).

Os conhecimentos da bioecologia da espécie A. cajennense são de fundamental

importância no controle de suas populações. Labruna et al., (2002) e Oliveira et al., (2003)

caracterizaram a dinâmica populacional do carrapato rodoleiro em vida livre e parasitária,

demonstrando o desenvolvimento de apenas uma geração por ano, sendo a população de

larvas, ninfas e adultos com maior predomínio de estádios imaturos nos meses mais frios e

secos e de adultos nos meses mais quentes e chuvosos. Segundo Leite et al., 1997 esta espécie

de carrapato possui um enorme potencial biótico, sendo que as larvas podem permanecer em

jejum no ambiente por seis meses, as ninfas por um ano e os adultos podem resistir por dois

anos. Szabó et al., 2009 verificaram que o A.cajennense estava associado a locais que

sofreram grandes pressões antrópicas, normamelmente em áreas descampadas e com menor

diversidade de espécies vegetais

De acordo com Bittencourt et al., (1990) o carrapato A. cajennense exige

concentrações mais elevadas de soluções carrapaticidas do que as utilizadas para o controle do

R. microplus.

2.1.2 Rhipicephalus (Boophilus) microplus

O carrapato de boi R. microplus é a única espécie do subgênero Boophilus que ocorre

no Brasil. Este organismo parasita preferencialmente o boi, mas pode esporadicamente

parasitar outros animais (GONZALES, 1975; FLETCHMAN, 1990; PEREIRA et al., 2008).

R. microplus apresenta escudos sem ornamentação, base do gnatossoma hexagonal com rostro

e palpos curtos e achatados (MONTEIRO, 2010). O adulto apresenta corpo oval e o escudo

dorsal que recobre o corpo mais largo na frente (TAYLOR et al., 2010). O macho e fêmea

apresentam dimorfismo sexual acentuado, sendo o macho de coloração castanho-amarelada

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até marrom - avermelhada com 1,5 a 2,5 mm de diâmentro e 1,0 a 1,4 mm de largura, o

escudo recobre quase todo o idiossoma. Já a fêmea tem tamanho de 2,0 a 2,5 mm antes de

ingurgitar, mas atinge 13 mm de comprimento e 8 mm de largura quando ingurgitada, o

escudo se estreita posterioemente aos olhos até a extremidade distal arredondada

(MONTEIRO, 2010).

O R. microplus necessita de apenas um hospedeiro (monoxeno) para completar o ciclo

(FURLONG, 2005). Sendo assim, o ciclo de vida deste artrópode pode ser dividido em fase

parasitária e fase não parasitária. Considera-se que 5% de carrapatos em bovinos estejam em

parasitose e os outros 95% estariam no ambiente (PEREIRA et al., 2008). R.microplus

apresenta um dos maiores potenciais bióticos do filo Arthropoda, podendo cada fêmea

produzir 3.000 larvas (PEREIRA et al., 2008). R. microplus parasita preferencialmente o boi,

mas pode esporadicamente parasitar outros animais (GONZALES, 1975; FLETCHMAN,

1990). Porém para Pereira et al. (2008), em outros animais domésticos como eqüinos, ovinos

e caprinos, poucos carrapatos atingem o estádio de fêmea ingurgitada devido a um conjunto

de fenômenos imunitários que acarretam grande mortalidade dos carrapatos principalmente no

estádio larval. Este carrapato é o principal vetor de dois parasitos, a rickettsia Anaplasma sp. e

o protozoário Babesia sp., responsáveis pelo complexo conhecido como "tristeza parasitária

bovina". Esta enfermidade é responsável por importantes prejuízos ao sistema de produção

bovina (GONZALES, 1975; FURLONG, 1990). Nunes et al., (2005) encontraram em nível

ultra estrutural, a presença de microorganismos nas glândulas salivares de alguns espécimes

de R. micropulus o que evidencia a potencialidade destes carrapatos na transmissão de

patógenos.

As larvas recém-nascidas necessitam de três a quatro dias para que se formem as peças

bucais e então possam procuram e se fixar no couro dos animais hospedeiros. Normalmente

são muito vivazes e sobem rapidamente nas folhas e hastes do pasto aguardando a passagem

de um hospedeiro para se fixarem, preferencialmente onde a pele é mais fina, como: nas

axilas, entre as patas, região genital e sob a cauda. Para isso as peças bucais dos carrapatos

ficam envoltas em material não celular produzido pelas glândulas salivares, denominado de

cemento. O esforço necessário para retirada destes ectoparasitas fixados a epiderme sugere

que o cemento encontra-se firmemente ligado a esta (PEREIRA et al., 2008). As glândulas

salivares desempenham um importante papel na alimentação dos carrapatos, pois produzem

substancias anticoagulantes, enzimas hidrolíticas e proteolíticas (KAUMFAN, 1976;RECKE

JÚNIOR et al., 2009).

Os danos diretos que esse carrapato causa aos bovinos são: diminuição na produção de

leite, emagrecimento com consequente redução da produção de carne, depreciação do couro,

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além de anemia, já que uma única fêmea ingurgitada suga de 0,5 a 2 µl de sangue do animal

por dia (FLETCHMAN, 1990). O Brasil deixa de exportar carnes bovinas decorrentes da má

qualidade do produto devido aos danos produzidos principalmente por ectoparasitas,

incluindo o carrapato. Entre os ectoparasitas de bovinos, a infestação por R. microplus

continua a ser uma das principais causas de perdas econômicas da pecuária brasileira (GRAF

et al., 2004). As perdas econômicas causadas por parasitas externos em rebanhos bovinos no

Brasil superam 2 bilhoes de dólares ao ano, sendo 75% desse montante atribuído ao carrapato

(GRISI et al., 2002).

O controle deste carrapato é realizado principalmente na fase parasitária através do

emprego de carrapaticidas sintéticos. A utilização desses produtos, associado à seleção de

resistência, contaminação do homem e resíduos nos produtos comercializados contribuem

com o aumento dos problemas ocasionados por este ectoparasita (GRISI et al., 2002).

2.2 Métodos de controle dos carrapatos

O uso de métodos alternativos de controle de carrapatos vem crescendo, embora a

utilização destes ainda seja pouco expressiva. Uma alternativa para redução dos danos

ocasionados pelos carrapatos é a imunização através de vacinas baseadas em antígenos dos

carrapatos alvos (De La FUENTE et al., 2004). As vacinas causam diversos efeitos contra os

carrapatos, como: proteção do hospedeiro contra infestação, redução da sobrevivência e

reprodução, degeneração do intestino e glândula salivar. Porém, a maioria das vacinas ainda

está em fase de testes (KOCAN et al., 2007). Nutall e Labuda, (2004) verificaram que em

animais imunizados com extrato de glândulas salivares de fêmeas de A cajennense, as fêmeas

de carrapatos após o ingurgitamento tinham redução do peso corporal e conseqüente mais

baixa postura de ovos, além de queda na eclosão das larvas e nas taxas de ecdise. Pesquisas

feitas com vacinas contra carrapatos de bovinos demonstraram que o uso da Bm86 levou à

redução entre 45% e 60% do índice de infestação natural de R. micropilus (MERINO et al.,

2010). Entretanto Pereira et al., (2008) observaram que em condições climáticas, como no

caso do Brasil, ocorre a multiplicação do carrapato o ano todo, demonstrando que a eficácia

da vacina é insignificante.

Para o controle do A. cajennense pode ser utilizado rotação de pastagens, porém esta

espécie de carrapato cae no solo em diferentes estádios, pode sobreviver por longo período no

ambiente, são resistentes inclusive às queimadas, pois muitas vezes se abrigarem em

rachaduras do solo (LEITE et al., 1997). O controle biológico parece ser promissor, havendo

relatos de eficácia de formulações de Beaveria bassiana e Metarhizium anisopliae no controle

de ninfas de A. cajennense (LOPES et al., 2007).

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Os métodos para o controle do R. microplus são bastantes variados como: seleção de

bovinos resistentes aos carrapatos; cultivo de pastagens que dificultam a sobreveivência das

larvas; rotação de pastagens; manejo de predadores naturais, como a Egretta ibis, garça

vaqueira, formigas, patógenos (ex. fungos Beauveria bassiana) e bactérias (ex. Cedecea

tapagei) (GONZALES, 1995).

Devido aos prejuízos econômicos causados por carrapatos, os produtores têm utilizado

intensivamente o controle químico para combatê-los (KAUFMAN, 2010). Atualmente, o uso

de pesticidas sintéticos para o controle de artrópodes pode comprometer o meio ambiente e a

saúde humana (NERIO et al., 2010). O uso de carrapaticidas causa grande impacto ambiental

(CHING-JONES, 2008). Segundo Pereira et al. (2008), o tratamento com carrapaticidas deve

ser contínuo devido ao ciclo de vida dos carrapatos. No entanto, apesar do surgimento de

produtos com eficácia cada vez maior, estes têm se mostrado insuficientes para evitar o

prejuízo causado por estes ixodídeos. Para Gromboni et al. (2007) o emprego de

carrapaticidas tem propiciado a obtenção de produtividades cada vez maiores na agropecuária.

Contudo, o ônus para atingir tal eficiência reside no problema ambiental originado pelas

elevadas quantidades de resíduos químicos gerados. Nesse contexto, destaca-se a

contaminação de solos e águas por pesticidas empregados no controle de carrapatos.

Habitualmente centenas de litros de solução residual de carrapaticida são aplicados e muitas

vezes descartados indiscriminadamente pelo produtor rural (MARTHE et al., 2010) .

Para Chagas et al. (2004), os carrapaticidas e seus metabólitos são considerados

tóxicos a qualquer animal, inclusive ao homem, havendo ainda possibilidade de contaminação

dos produtos de origem animal. A qualidade do leite pode ser prejudicada pela presença de

carrapaticidas, pois a utilização indiscriminada dessas substâncias pode contaminar este

produto e seus derivados acima do limite máximo de resíduos (LMR) permitido pela

legislação brasileira (MARTHE et al., 2010). Os resíduos de avermectinas no leite têm sido

avaliados dentro do programa de monitoramento do Ministério da Agricultura, Pecuária e

Abastecimento. Resultados desse programa identificaram em 2008 a presença de cerca de 5%

de amostras de leite com resíduos de ivermectina variando de ββ a 60 μg/mL, acima do LMR

deste produto, que é de 10 μg/mL (BASTOS et al., β011).

Além disso, o controle convencional de parasitas baseado na utilização de

carrapaticidas, há anos vem demonstrando sua ineficácia em longo prazo, devido a recorrentes

relatos de populações de ectoparasitas resistentes às formulações comercialmente disponíveis

(BIEGELMEYER et al.,2012). No Brasil, a resistência das populações de carrapatos aos

carrapaticidas é generalizada (GRAF et al., 2004). Há relatos de resistência de populações

deste ectoparasito a maior parte dos pesticidas sintéticos usados no Brasil (KLAFKE et al.,

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2006; MENDES et al., 2010). Em um estudo feito no estado de São Paulo foi encontrado

larvas de carrapatos R. microplus resistentes a cipermetrina e a deltametrina (MENDES et al.,

2010). A continuidade do uso desse produto faz aumentar o número de indivíduos com essa

característica de resistência. Isso ocorre, uma vez que morre a maioria dos indivíduos

sensíveis e os resistentes acasalam entre si, produzindo descendentes cada vez mais resistentes

e em maior número na população. As novas gerações carregam, em maior ou menor

porcentagem, os genes responsáveis pelas alterações fisiológicas, bioquímicas ou

comportamentais, capazes de fazer a população sobreviver aos acaricidas empregados em seu

controle (FURLONG, 2000).

Desta forma, como as abordagens tradicionais de controle de carrapatos não se

mostram bem sucedidas, novas estratégicas alternativas são necessárias.

2.3 Plantas carrapaticidas

Apesar do Brasil apresentar muitas espécies vegetais, estando entre os países com maior

diversidade global, estudos sobre o potencial de utilização química destas plantas ainda são

escassos (Di STASI & HIRUMA-LIMA, 2002).

A utilização de biocarrapaticidas oriundos do metabolismo secundário das plantas

apresenta inúmeras vantagens quando comparado ao emprego de produtos organossintéticos.

Dentre estas podemos citar: i) a obtenção destes a partir de recursos renováveis, ii) a rápida

degradação desses compostos, iii) mais lento processo de desenvolvimento da resistência a

essas substâncias devido à associação de vários princípios ativos, iv) redução de resíduos nos

alimentos e, v) facilidade de acesso e obtenção (ROEL, 2001).

O metabolismo secundário das plantas possui grande diversidade de compostos com

ação pesticida que podem ser explorados através de extratos vegetais. Os pesticidas botânicos

normalmente apresentam baixo custo, diminuem o impacto ambiental e são de pequena

toxicidade ao homem e a organismos não-alvo (MOREIRA et al., 2007; BAGAVAN et al.,

2009). O metabolismo secundário de plantas pode variar consideravelmente dependendo de

vários fatores, como: sazonalidade, índice pluviométrico, radiação UV, composição

atmosférica (CO2, SO2, NO2 e O2), herbivoria e ataque de patógenos, temperatura, entre

outros. Estes fatores provocam variações fisiológicas no desenvolvimento dos órgãos,

alterações morfológicas nas flores e folhas, além de modificações nas estruturas secretoras

(SEPÚLVEDA-JIMENEZ et al., 2003; FIGUEIREDO, 2008). Os metabólitos secundários de

plantas têm sido utilizados como pesticidas ou modelos para pesticidas sintéticos, como é o

caso das piretrinas, nicotina e rotetona (BALANDRIN, 1985).

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O emprego de plantas com atividade inseticida e carrapaticida favorece especialmente o

pequeno produtor, pelo menor custo, facilidade de utilização, não exigindo pessoal

qualificado, e pelo fato de não afetar o meio ambiente. Além disso, as plantas podem ser

cultivadas nas propriedades facilitando a utilização (MAZZONETO & VENDRAMIN, 2003).

As plantas com atividade pesticidas podem causar diversos efeitos sobre os artrópodes,

como: repelência, inibição de oviposição e da alimentação, distúrbios no desenvolvimento,

deformações, infertilidade e mortalidade nas diversas fases de vida. A extensão dos efeitos e o

tempo de ação são dependentes da dosagem utilizada. A utilização de doses subletais também

pode contribuir para redução das populações em longo prazo (ROEL, 2001).

As espécies botânicas mais usadas como plantas pesticidas pertencem às famílias

Meliaceae, Rutaceae, Asteraceae, Annonaceae, Lamiaceae e Canellaceae (JACOBSON,

1989). Várias espécies estão sendo pesquisadas com relação à atividade carrapaticida, tais

como: Azadirachta indica (MARTINEZ, 2002); Cymbopogon nardus (OLIVO et al., 2008),

Lavandula angustifolia (PIRALI-KHEIRABADI & SILVA, 2010), Tetradenia riparia

(GAZIM et al., 2011), Petiveria alliacea (ROSADO-AGUILAR et al., 2011), Piper aduncum

(CASTRO-SILVA et al., 2009), Eucalyptus citriodora (CHAGAS et al., 2002), Ocimum

basilicum (MARTINEZ-VELASQUES et al., 2011), Calea serrata (RIBEIRO et al., 2011),

Nicotiana tabacum (RODRIGUEZ et al., 2010) entre outras.

Assim, a constatação de bioatividade destas plantas contra carrapatos poderá permitir

suas utilizações posteriores em programas de controle, na tentativa de reduzir a utilização de

carrapaticidas organossintéticos.

2 4 Óleos essenciais

Desde a Idade Média, os óleos essenciais têm sido usados como bactericidas,

fungicidas, inseticidas e antiparasitários, além disso, recentemente estes compostos têm sido

empregados nas indústrias farmacêuticas, alimentar, agrícola e de cosméticos (BAKKALI et

al., 2008). Óleos essenciais são oriundos do metabolismo secundário de plantas aromáticas.

Caracterizam-se por misturas complexas de compostos orgânicos voláteis de baixo peso

molecular formados principalmente por monoterpenos, sesquiterpenos e fenilpropanóides.

Podem constituir ainda os óleos essenciais os álcoois, ésteres, éteres, aldeídos, cetonas,

lactonas, fenóis e éteres de fenol (GUENTHER, 1972; BIZZO et al., 2009).

Os óleos essenciais são misturas muito complexas e podem conter cerca de 2-60

componentes em concentrações muito diferentes. Eles são caracterizados por dois ou três

grandes componentes em concentrações bastante elevadas (20-70%) em comparação com os

outros componentes presentes em quantidades vestigiais (BAKKALI et al., 2008). Geralmente

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os componentes principais determinam as propriedades biológicas do óleo essencial

(PICHERSKY et al., 2006). Porém para MENDES et al. (2010), os componentes majoritários

que são isolados em maior quantidade nos óleos essenciais podem refletir as características

biofísicas e biológicas destes, mas na maioria das vezes a amplitude dos efeitos dos óleos

essenciais depende da concentração dos componentes principais modulada por outros

componentes de menor importância, ou seja, os constituintes agindo em sinergia. Para uma

mesma espécie de planta, o número de compostos, suas quantidades relativas e o rendimento

de óleos essenciais variam consideravelmente, isto pode ser atribuído ao método de extração

do óleo essencial, além das diferenças climáticas, localização e tempo de colheita (BAKKALI

et al., 2008).

Segundo Romero 2008, os terpenos e seus derivados, como os monoterpenos e

sesquiterpenos são substâncias encontradas comumente nos óleos essenciais e em conjunto

com os fenilpropanóides formam pesticidas naturais potentes como os piretróides. Além diso,

apresentam importante efeito antiparasitário os óleos essenciais que apresentam compostos

como timol; carvacol; geraniol; citronelal e linalol.

No processo de extração de óleo essencial podem ser aplicados diversos métodos,

como a hidrodestilação, maceração, extração por solvente, gases supercríticos e microondas.

Dentre esses, o método de maior aplicação é o de hidrodestilação (BAKKALI et al., 2008),

porém segundo Martin et al. (2011) o óleo essencial de Artemisia sp. quando extraído através

de fluído super crítico demonstrou melhor rendimento e aumentou a quantidade dos

constituintes em comparação com à extração por técnicas tradicionais. Além disso, extratos

supercríticos foram pesticidas mais ativos do que os óleos extraidos por solvente orgânico e

hidrodestilação. Porém uma desvantagem desse método é o alto custo.

A maioria dos óleos essenciais comercializados é analisada por cromatografia gasosa e

espectometria em massa (BAKKALI et al., 2008). Cada componente é identificado por meio

da comparação de seu espectro de massas com espectros Avaliados pelo banco de dados de

um equipamento, com espectros existentes na literatura e comparação dos índices de retenção

calculados com os que já existem na literatura (ADAMS, 2007).

Para Bueno (2005), o uso de produtos naturais deve ser incentivado, mas antes devem

ser submetidos a todos os procedimentos de segurança da mesma forma que os produtos

sintéticos. Já que alguns óleos essenciais podem apresentar constituintes associados a

hepatoxicidade e mortlaidade dos mamíferos (RIBEIRO et al., 2010).

O uso de produtos químicos sintéticos para o controle de artrópodes levanta várias

preocupações relacionadas ao meio ambiente e a saúde humana. Uma alternativa é usar

produtos naturais que possuam boa eficácia e que sejam ecologicamente seguros. Entre os

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produtos vegetais, os óleos essenciais de plantas medicinais e aromáticas têm sido

extensivamente testados para avaliar suas propriedades pesticidas como um valioso recurso

natural (NERIO et al., 2010).

2.4.1 Óleo essencial de vetiver

O vetiver Chrysopogon zizanioides (Poaceae) é uma gramínea perene originária da

Índia, cresce de forma selvagem ou cultivada. O cultivo do vetiver tem sido utilizado no

controle da erosão dos solos e na melhoria dos solos contaminados com metais pesados.

(WILDE et al., 2005). Esta planta tem grande importância devido à bioativade de seu óleo

essencial, pois este é altamente valorizado na indústria de perfumaria. Devido ao seu alto

poder de fixação das substâncias voláteis, este óleo ainda é empregado em aromaterapia (KIM

et al., 2005;MONTEIRO et al., 2011; SANTOS et al., 2012), além disso, apresenta

características antibacterianas, antifúngicas, inseticidas e antiinflamatórias (DANH, 2010;

BIZZO et al., 2009; MAO et al., 2006), sendo também especialmente utilizado na indústria

de perfumaria como fixador natural de essências voláteis

O óleo de vetiver é bastante complexo, possuindo muitos componentes, dentre estes o

ácido zizanóico responsável pela acidez do óleo, porém este composto apresenta

características olfativas pobre. Os compostos responsáveis pela característica olfativa do óleo

são o α- e -vetivone; -vetiveneno; Isovalencenol e o khusimol sendo utilizados como

indicadores de qualidade do óleo (ISO 4716). Existem disponíveis no mercado duas variações

do óleo essencial de Vetiver que são: de acidez alta e baixa. Uma baixa concentração de ácido

zizanóico (acidez baixa) associado à maior concentração de Khusimol (porção alcoólica)

confere maior qualidade e maior valor de mercado ao óleo de Vetiver para indústria de

perfumaria (MARTINEZ et al. 2004).

2.4.2 Óleo essencial de patchouli

O patchouli Pogostemon cablin é uma planta arbustiva, aromática pertencente à

família Lamiaceae, de ampla importância comercial por produzir um óleo essencial extraído

das folhas secas por destilação a vapor. Tem origem na Malásia, Filipinas e sul da Índia,

sendo os maiores produtores do seu óleo essencial: a Indonésia, Índia, China, Malásia e a

América do Sul (SANT’ANA et al., 2010; ARRIGONI-BLANK et al., 2011b). Possui um

intenso aroma balsâmico amadeirado, e levemente floral (SANT’ANA et al., 2010), estando

entre os dezoito óleos essenciais com maior importância comercial no mundo (BIZZO, 2009 ;

SANT’ANA et al., 2010).

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O patchouli tem sido cultivado em várias partes do mundo para extração do seu óleo

essencial (SANTOS et al., 2010), vastamente utilizado na fabricação de perfumes e como

matéria-prima na produção de cosméticos, produtos de higiene oral e pós-barba, apresentado

propriedades de ação duradoura das fragrâncias (ZHAO et al., 2005; SANT’ANA et al., 2010;

ARRIGONI-BLANK et al., 2011b) devido à sua alta capacidade de fixação na pele. Esta

planta apresenta propriedades medicinais como antifúngica, anti-helmintica, antitripanossoma

(BETTONNI et al., 2010), antieméticas, antibacteriana (ARRIGONI-BLANK et al., 2011b),

sendo também utilizada como aditivo natural em alimentos consumidos por pessoas

(SANTOS et al., 2010).

2.4.3 Óleo essencial de gerânio

O gerânio Pelargonium graveolens (Geraniaceae) é uma planta arbustiva, bem

ramificada de folhas largas e tricomatosas, P.graveolens reserva em suas estruturas altos

teores de compostos voláteis identificados no óleo essencial extraído das partes aéreas da

planta (EIASU et al., 2009).

Esta planta medicinal e aromática, também conhecida como malva-cheirosa é nativa

do sul da África, sendo que o óleo essencial extraído desta, é amplamente empregado nas

indústrias de perfumaria e cosmético, além de ser usado como terapêutico (ARRIGONI-

BLANK et al., 2011a) para inflamações e no controle do câncer (CAVAR; MAKSIMOVIC,

2012). O aroma doce, semelhante ao de pétalas de rosas faz com que esse óleo seja usado em

sabonetes e nas indústrias de perfumaria e cosméticos (SAXENA et al., 2000). É também

muito utilizado na indústria de alimentos (CAVAR; MASKSIMOVIC, 2012).

Existem variações significativas na composição deste óleo dependendo das condições

das culturas das plantas, porém a maioria dos óleos essenciais de gerânio são ricos em

monoterpenos e geranial (CAVAR; MASKSIMOVIC, 2012).

A planta de gerânio adapta-se bem às condições climáticas do nordeste brasileiro

(BLANK et al.,2012). O gerânio apesar de ser pouco exigente com a nutrição dos solos

responde bem ao aporte de matéria orgânica. Muitos estudos comprovam a influência de

adubação sobre o rendimento e teor na composição de óleos essenciais em espécies

medicinais e aromáticas (BLANK et al., 2007). .

2.4.4 Óleo essencial de marmeleiro

O Croton sonderianus (Euphorbiaceae) é conhecido popularmente como marmeleiro,

arbusto comumente encontrado na região Nordeste. Seu óleo essencial apresenta,

principalmente, monoterpenos e sesquiterpenos, tais como: -felandreno, α-pineno, -trans-

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guaieno, trans-cariofileno, que conferem a esta planta atividades larvicida e antimicrobriana

(LIMA, et al., 2006). Segundo Silva et al., (2012) o óleo essencial de marmeleiro (C.

sonderianus) pode ser usado na alimentação de leitões, como agente antimicrobiano e para

controlar a incidência de diarréias. Os índios do Ceará fazem uso do chá de marmeleiro para

dores estomacais (MORAIS et al., 2005).

2.4.5 Óleo essencial de gengibre

O gengibre Zingiber officinale pertencente à família Zingiberaceae, é uma planta

aromática utilizada como condimento e como erva medicinal em diversas partes do mundo,

tendo aplicação nas indústrias alimentícias, de cosméticos e de fitoterápicos (SACCHETTI,

2004). Segundo Silva et al. (2009) o óleo essencial de gengibre apresentou efeito bactericida

para Staphylococcus aureus. Estudos realizados com óleo essencial de gengibre relataram sua

atividade repelente em mosquitos da espécie Culex quinquefasciatus (Diptera: Culicidae)

(NERIO et al., 2010).

2.5. Possibilidade de geração de patentes

Metabólitos secundários de plantas têm sido utilizados como pesticidas ou modelos

para pesticidas sintéticos (BALADRIN et al., 1985). A porcentagem de eficácia para que um

carrapaticida seja lançado no mercado é de 95%. A indústria tem hesitado em investir em

novos produtos químicos, considerando que o tempo de comercializção de um novo produto é

de difícil cálculo, mas certamente limitado em função da rápida aquisição de resistência

(CHAGAS et al., 2002).

O principal entrave à chegada de pesticidas botânicos ao mercado é o registro. Em

geral, estes pesticidas naturais não se tratam de uma única substância de origem vegetal, mas

de complexos de substâncias com distintas estruturas moleculares. Assim, as instituições de

registro solicitam a identificação de todas as substâncias e seus correspondentes testes

toxicológicos. Dessa forma, as dificuldades em se obter pesticidas de origem botânica são

grandes, existindo poucos inseticidas registrados para o controle de pragas (ISMAN, 1997).

A síntese de novos pesticidas cria uma demanda estratégica para geração de patentes.

Produtos naturais provenientes de plantas podem ter sua utilização direcionada como modelos

para a síntese de pesticidas sintéticos com características desejáveis, como maior eficiência,

biodegradação e menor toxicidade a organismos não-alvo (HEDIN et al., 1994).

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3. ARTIGO 1

Publicado na: Archivos de Zootecnia

Óleos essenciais de plantas medicinais e aromáticas no controle do carrapato

Rhipicephalus microplus

Essential oils of medicinal and aromatic plants in the control of tick

Rhipicephalus microplus

Campos, R.N.S.1, Bacci, L. 1, Araújo, A.P.A.2, Blank, A.F.3, Arrigoni-Blank, M.F.1, Santos, G.R.A.4 e Roner, M.N.B.4

1 Programa de Pós graduação em Agroecossistemas (NEREN), Universidade Federal de Sergipe (UFS), Centro de Ciências Biológicas e da Saúde, Departamento de Engenharia Agronômica. Av. Marechal Rondon, s/n, Cidade Universitária, Jardim Rosa Elze 49100-000 – São Cristóvão - SE - Brasil [email protected]*

2 Departamento de Biologia, Universidade Federal da Bahia, Instituto Mutidisciplinar em Saúde - Campus Anísio Teixeira. Rua Rio de Contas, quadra 17, Candeias 45055-090 - Vitoria da Conquista, BA - Brasil 3Programa de pós graduação em Biotecnologia de Recursos Naturais, Universidade Federal de Sergipe (UFS), Departamento de Engenharia Agronômica. Av. Marechal Rondon, s/n, Cidade Universitária, Jardim Rosa Elze 49100-000 – São Cristóvão - SE - Brasil

4 Departamento de Zootecnia, Universidade Federal de Sergipe (UFS). Centro de Ciências Biológicas e da Saúde, Departamento de Engenharia Agronômica. Av. Marechal Rondon, s/n, Cidade Universitária, Jardim Rosa Elze 49100-000 – São Cristóvão - SE - Brasil

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Palavras chave adicionais: Controle alternativo. ectoparasitas. bovinos Additional Keywords: Alternative control. ectoparasites. cattle

Resumo O carrapato bovino Riphicephalus microplus (Acari: Ixodidae) constitui um dos grandes

problemas enfrentado pelos pecuaristas de várias partes do mundo. No Brasil este ectoparasita causa grandes prejuízos à bovinocultura devido ao processo de hematofagia e pela transmissão de agentes patogênicos nos animais hospedeiros. Diante dessa situação os produtores normalmente aplicam carrapaticidas organossintéticos de forma indiscriminada. Este método normalmente resulta em: intoxicação dos animais e dos aplicadores, resíduos de carrapaticidas nos produtos de origem animal, resistência dos carrapatos aos carrapaticidas químicos e poluição ambiental. Uma alternativa para diminuir esses problemas é uso de biocarrapaticidas de origem botânica. Os pesticidas botânicos são produtos naturais derivados do metabolismo secundário das plantas. Esse metabolismo produz uma grande diversidade de compostos com ação carrapaticida que podem ser explorados através do uso de óleos essenciais ou como modelo para síntese de pesticidas sintéticos. A necessidade de métodos mais seguros, menos agressivos ao homem e ao meio ambiente, tem estimulado a busca de novos carrapaticidas a partir de produtos vegetais. Assim, acredita-se que o uso de óleos essenciais de plantas medicinais e aromáticas de uma forma isolada ou associada pode reduzir: a velocidade do desenvolvimento da resistência dos carrapatos aos carrapaticidas, os resíduos nos produtos de origem animal e a toxicidade para os animais, aplicadores e meio ambiente

Summary

The Riphicephalus microplus cattle tick (Acari: Ixodidae) is one of the major problems faced by farmers in various parts of the world. In Brazil this ectoparasite causes great damage to cattle due to the process of blood feeding and the transmission of pathogens in animal hosts. Given this situation, the producers usually apply acaricides organossinteticos indiscriminately. This method usually results in: poisoning of animals and applicators, acaricides residues in products of animal origin, resistance of ticks to acaricides chemicals and environmental pollution. An alternative to reduce these problems is to use biocarrapaticidas of botanical origin. The botanical pesticides are natural products derived from secondary metabolism of plants. This metabolism produces a wide variety of compounds with action ticks that can be exploited through the use of essential oils or as a template for synthesis of synthetic pesticides. The need for more secure, less aggressive to humans and the environment, has stimulated the search for new acaricides from plant products. Thus, it is believed that the use of essential oils of medicinal and aromatic plants in isolation or in combination can reduce: the speed of development of resistance of ticks to acaricides, the waste products of animal origin and toxicity to animals, applicators and the environment.

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1. Introdução O carrapato bovino Rhipicephalus microplus (Acari: Ixodidae) é sem dúvida uma das

pragas zootécnicas mais importantes para a pecuária brasileira. Em muitos casos este ectoparasita compromete a produção de carne e leite devido às injúrias provocadas nos animais. Durante a hematofagia, os carrapatos inoculam toxinas que promovem alterações fisiológicas nos animais infectados. Neste processo pode ainda ocorrer a transmissão de agentes infecciosos, principalmente Anaplasma sp. e Babesia sp., responsáveis pelo complexo Tristeza Parasitaria Bovina (TPB). O carrapato bovino pode ainda reduzir a qualidade do couro do animal devido às cicatrizes ocasionadas na pele do hospedeiro durante a sua alimentação.

Várias pesquisas relacionadas ao controle de R. microplus estão sendo desenvolvidas, tais como: o desenvolvimento de vacinas, rotação de pastagens, cruzamentos com raças bovinas resistentes, controle biológico com alguns tipos de fungos e uso de homeopatia e extratos vegetais. Contudo, a maior parte dos pecuaristas utiliza ou tem acesso, apenas a produtos químicos para fazer o controle desse ectoparasita. Aplicações constantes de pesticidas sintéticos e o descarte indiscriminado da solução residual de carrapaticida têm sido responsáveis pelo aumento da resistência dos carrapatos aos pesticidas utilizados, intoxicação dos animais e dos aplicadores, resíduos de carrapaticidas nos produtos de origem animal e contaminação de solos e águas. Diante deste contexto, existe a necessidade imediata de uma alternativa aos produtos organossintéticos utilizados atualmente.

A utilização de plantas medicinais e aromáticas no controle de carrapatos tem sido foco de pesquisas em vários países. Os óleos essenciais destas plantas são amplamente utilizados nas indústrias alimentares e de cosméticos. Possuem atividade terapêutica, bactericida, fungicida e inseticida e, recentemente também está sendo testada sua atividade carrapaticida. Os óleos essenciais são misturas complexas de compostos orgânicos voláteis de baixo peso molecular formados principalmente por monoterpenos, sesquiterpenos e fenilpropanóides. Algumas vezes o efeito carrapaticida é atribuído aos constituintes isolados em maior quantidade no óleo essencial que são os componentes majoritários. Porém, é possível que a atividade do componente principal seja modulada por outros compostos que estão em menor quantidade.

Dessa forma, a utilização de óleos essenciais de plantas medicinais e aromáticas no controle de R. microplus pode atenuar os problemas causados por esse ectoparasita, reduzindo assim a utilização de produtos organossintéticos que são tóxicos para o animal, homem e meio ambiente. Além disso, os óleos essenciais poderão funcionar como fontes de moléculas para a síntese de novos carrapaticidas, diminuindo a dependência dos pecuaristas aos produtos organossintéticos existentes no mercado.

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2. Revisão de Literatura 2.1 Rhipicephalus microplus O carrapato bovino R. microplus é a única espécie do subgênero Boophilus que ocorre

no Brasil. São carrapatos da família Ixodidae, conhecida como família dos carrapatos duros. Pertencem à ordem Parasitiformes da classe Arachnida e da subordem Metastigmata ou Ixodides. O ciclo de vida destes carrapatos consiste em: ovo, larva, ninfa e adulto (Fletchman, 1990; Rey, 2001).

Nesta família o dimorfismo sexual é acentuado. Os machos apresentam um escudo que recobre todo o dorso do animal e nas fêmeas, larvas e ninfas o escudo dorsal não vai além do propodossoma, região do corpo que vai do primeiro ao segundo par de pernas (Fletchman, 1990; Sonenshine et al., 2002).

Em todas as fases pós-embrionárias R. microplus se alimenta de sangue de mamíferos, aves, répteis e anfíbios (Rey, 2001), sendo que as larvas se alimentam preferencialmente de plasma (Pereira et al., 2008). O carrapato bovino é monóxeno, isto é, necessita de apenas um hospedeiro para completar o ciclo de vida que pode ser dividido em fase parasitária e fase não-parasitária (Furlong, 2005). A fase parasitária tem início com a fixação das larvas no hospedeiro suscetível e termina quando os adultos, incluindo as fêmeas fecundadas e ingurgitadas caem do hospedeiro. A fase não parasitária começa com a teleógina (fêmea ingurgitada) depois que se desprende do hospedeiro e cai no solo para realizar a oviposição. Essa fase termina quando as larvas eclodem dos ovos e acessam o hospedeiro suscetível (Pereira, 1982; Pereira et al 2008).

A fêmea pode colocar de 2000 a 4000 ovos. As larvas recém-nascidas necessitam de três a quatro dias para que se formem as peças bucais e então possam procuram e se fixar no couro dos animais hospedeiros. Normalmente são muito vivazes e sobem rapidamente nas folhas e hastes do pasto aguardando a passagem de um hospedeiro para se fixarem, preferencialmente onde a pele é mais fina, como: nas axilas, entre as patas, região genital e sob a cauda. Para fixarem ao hospedeiro as peças bucais dos carrapatos ficam envoltas em material não celular produzido pelas glândulas salivares, denominado de cemento. O esforço necessário para retirada destes ectoparasitas fixados a epiderme sugere que o cemento encontra-se firmemente ligado a esta (Pereira et al., 2008). As glândulas salivares desempenham um importante papel na alimentação dos carrapatos, pois produzem substancias anticoagulantes, enzimas hidrolíticas e proteolíticas (Kaumfan, 1976; Recke Junior et al., 2009). Assim, o início e o término do ciclo acontecem quase sempre no pasto, onde geralmente interagem o ectoparasita, o hospedeiro e o ambiente (Pereira, 1982; Pereira et al., 2008).

Rhipicephalus microplus parasita preferencialmente o boi, mas pode esporadicamente parasitar outros animais (Gonzales, 1975; Fletchman, 1990). Porém para Pereira et al. (2008), em outros animais domésticos como eqüinos, ovinos e caprinos, poucos carrapatos atingem o estádio de fêmea ingurgitada devido a um conjunto de fenômenos imunitários que acarretam grande mortalidade dos carrapatos principalmente no estádio larval.

Os prejuízos econômicos causados por R. microplus ocorrem de forma direta por efeito da picada e suas conseqüências, tais como: irritabilidade, perda de sangue e veiculação de patógenos; e de forma indireta como: o elevado custo do controle químico, os resíduos deixados nos produtos de origem animal e os danos ambientais decorrentes do uso desses produtos (Sonenshine et al., 2002). Devido a importância econômica o R.microplus representa um dos principais ectoparasitas dos bovinos (Alzate et al., 2008).

O carrapato bovino é o principal vetor de dois parasitos, a rickettsia Anaplasma sp. e o protozoário Babesia sp., responsáveis pelo complexo conhecido como "TPB". Esta enfermidade é responsável por importantes prejuízos ao sistema de produção bovina (Gonzales, 1975; Furlong, 2005; Pereira et al., 2008). Estas hemoparasitoses bovinas causam anemia, diminuição no ganho de peso, redução na produção de leite e podem, em casos mais

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graves levar os animais a morte (Kocan, 2003). Bovinos da subespécie Bos taurus indicus (raças indianas) são menos suscetíveis a infestação por R. microplus quando comparados a subespécie Bos taurus taurus (raças européias) e consequentemente adquirem menos hemoparasitoses (Constatinoiu et al., 2010). Benavides & Sacco (2007) relataram que existem animais da subespécie Bos taurus taurus que são mais resistentes a babesiose quando comparados a outros bovinos da mesma subespécie, sendo que estes quando adquiriam a doença não apresentavam nenhum sinal clínico e os suscetíveis tiveram a necessidade de receber tratamentos para evitar a morte.

O parasitismo pelo carrapato Rhipicephalus (Boophilus) microplus em países tropicais e subtropicais é associado a grandes quedas nos índices de produtividade dos rebanhos. O controle convencional deste ectoparasita vem demonstrando ineficácia como estratégia de controle em longo prazo, além disso, existem relatos recorrentes de populações de carrapatos resistentes às formulações comercialmente disponíveis (Biegelmeyer et al.,2012).

Entre os ectoparasitas de bovinos, a infestação por R. microplus continua a ser uma das principais causas de perda econômicas da pecuária brasileira (Graf et al., 2004; Reck Júnior et al., 2009).

2.2 Carrapaticidas organossintéticos Devido aos prejuízos econômicos causados por carrapatos à pecuária brasileira, os

produtores têm utilizado intensivamente o controle químico para combatê-los (Kaufman, 2010). Atualmente, o uso de pesticidas sintéticos para o controle de artrópodes levanta várias preocupações relacionadas ao meio ambiente e a saúde humana (Nerio, 2010). O uso de carrapaticidas em bovinos causa grande impacto ambiental (Ching-Jones, 2008). Nesse contexto, pode ser citada como exemplo a contaminação de solos e águas por pesticidas empregados no controle de carrapatos em bovinos. Habitualmente centenas de litros de solução residual de carrapaticida são gerados e muitas vezes descartados indiscriminadamente pelo produtor rural (Marthe et al., 2010). Os piretróides correspondem a aproximadamente um terço de todos pesticidas utilizados no mundo e também estão entre os carrapaticidas mais vendidos. A permanência dos piretróides deltametrina, cipermetrina e permetrina na água e no solo úmido protegido da incidência direta da luz solar pode chegar até 80 dias (Vieira et al, 2007). O acúmulo de carrapaticidas no solo reduz consideravelmente a matéria orgânica presente neste, com isso prejudicando o solo (Ching-Jones, 2008).

Para Chagas et al. (2004), os carrapaticidas e seus metabólitos são considerados tóxicos a qualquer animal, inclusive ao homem, havendo ainda possibilidade de contaminação dos produtos de origem animal. A qualidade do leite pode ser prejudicada pela presença de carrapaticidas, pois a utilização indiscriminada dessas substâncias pode contaminar este produto e seus derivados com resíduos acima do limite máximo de resíduos (LMR) permitido pela legislação brasileira (Marthe et al., 2010). Os resíduos de avermectinas no leite têm sido avaliados dentro do programa de monitoramento do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Resultados desse programa identificaram em 2008 a presença de cerca de 5% de amostras de leite com resíduos de ivermectina variando de ββ a 60 μg/mL, acima do LMR que para este produto é de 10 μg/mL (Bastos et al., β011).

Além da contaminação ambiental e dos resíduos nos produtos animais e seus derivados, a utilização dos carrapaticidas organossintéticos têm favorecido o desenvolvimento da resistência dos carrapatos a estes produtos. O controle convencional de parasitas baseado na utilização de carrapaticidas, há anos vem demonstrando sua ineficácia como estratégia de controle a longo prazo, através de recorrentes relatos de populações de ectoparasitas resistentes às formulações comercialmente disponíveis (Biegelmeyer et al.,2012). No Brasil, a resistência das populações de carrapatos aos carrapaticidas é generalizada (Graf et al., 2004). Há relatos de resistência de populações deste ectoparasito a maior parte dos pesticidas sintéticos usados no Brasil (Klafke et al., 2006; Mendes et al., 2011). Em alguns casos, R. microplus apresenta resistência antes de entrar em contato com determinado produto. Isso

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ocorre porque já existiam alguns indivíduos naturalmente resistentes, ou então, como é mais comum, o uso freqüente do produto causou alterações (mutações) em alguns indivíduos da população tornando-os menos suscetível. É o chamado estabelecimento do alelo resistente. A continuidade do uso desse produto faz aumentar o número de indivíduos com essa característica de resistência. Isso ocorre, uma vez que morre a maioria dos indivíduos sensíveis e os resistentes acasalam entre si, produzindo descendentes cada vez mais resistentes e em maior número na população. A predominância do alelo resistente ou o aparecimento da resistência é o momento em que a maior parte da população descende de carrapatos resistentes. Estes carregam, em maior ou menor porcentagem, os genes responsáveis pelas alterações fisiológicas, bioquímicas ou comportamentais, capazes de fazer a população sobreviver aos acaricidas empregados em seu controle (Furlong, 2000).

O uso incorreto de carrapaticidas (subdoses, superdoses, preparos inadequados, aplicações mal realizadas, excesso de aplicações, etc.) faz com que os indivíduos resistentes sejam selecionados. Cada vez que os carrapatos sobrevivem a uma aplicação de carrapaticida eles transmitem às gerações posteriores informações genéticas de como sobreviver àquele produto (Furlong 2005; Pereira et al., 2008). As principais características da resistência apresentadas pelos carrapatos são genéticas e de caráter irreversível, ou seja, filhos de pais resistentes também serão resistentes. A suspensão do uso de um produto por um determinado período de tempo para uma população que tenha exibido resistência não o habilitará a um novo uso eficaz (Gonzáles, 1975).

Castro Janer et al. (2011), verificaram no Uruguai que R. microplus é resistente a carrapaticidas organofosforados e piretróides e, recentemente foi descoberto resistência de algumas populações deste ectoparasita a fipronil e ivermectina. Segundo Klafke et al. (2006), resistência a ivermectina em populações de campo de R. microplus tem sido observada no Brasil desde 2001. Em um estudo feito no estado de São Paulo foi encontrado larvas de carrapatos R. microplus resistentes a cipermetrina e a deltametrina (Mendes et al., 2011).

O desenvolvimento da resistência é uma séria preocupação devido à falta de novas moléculas para controlar R. microplus. Como a abordagem tradicional de controle de carrapatos não está sendo muito bem sucedida, novas estratégicas e buscas alternativas são necessárias para o manejo destes artrópodes.

2.3 Plantas com atividade carrapaticida Apesar de o Brasil possuir muitas espécies vegetais e ser considerado o país com o

maior número de espécies no mundo, estudos sobre os possíveis efeitos terapêuticos dessas plantas são escassos (Di stasi & Hiruma-Lima, 2002).

A utilização de biocarrapaticidas oriundos do metabolismo secundário das plantas apresenta inúmeras vantagens quando comparado ao emprego de produtos organossintéticos. Dentre estas podemos citar: i) são obtidos a partir de recursos renováveis, ii) são rapidamente degradáveis, iii) o desenvolvimento da resistência a essas substâncias compostas da associação de vários princípios ativos é um processo lento, iv) não deixam resíduos nos alimentos e, v) são de fácil acesso e obtenção (Roel, 2001).

O metabolismo secundário das plantas possui grande diversidade de compostos com ação pesticida que podem ser explorados através de extratos vegetais. Os pesticidas botânicos normalmente apresentam baixo custo, diminuem o impacto ambiental e são de pequena toxicidade ao homem e a organismos não-alvo (Moreira et al., 2007; Bagavan et al., 2009). O metabolismo secundário de plantas pode variar consideravelmente dependendo de vários fatores, como: sazonalidade, índice pluviométrico, radiação UV, composição atmosférica (CO2, SO2, NO2 e O2), herbivoria e ataque de patógenos, temperatura, ritmo circadiano, etc. Estes fatores provocam variações fisiológicas no desenvolvimento dos órgãos, alterações morfológicas nas flores e folhas e modificações nas estruturas secretoras (Sepúlveda-Jimenez et al., 2003; Figueiredo, 2008). Métodos mais apurados de pesquisa, de separação e

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quantificação de princípios ativos estão conseguindo encontrar e medir com sucesso essas substâncias presentes em plantas (Taylor et al., 2001).

As plantas com atividade pesticidas podem causar diversos efeitos sobre os artrópodes, como repelência, inibição de oviposição e da alimentação, causar distúrbios no desenvolvimento, deformações, infertilidade e mortalidade nas diversas fases. A extensão dos efeitos e o tempo de ação são dependentes da dosagem utilizada. A utilização de doses subletais pode causar redução das populações a longo prazo (Roel, 2001).

As espécies botânicas mais usadas como plantas pesticidas pertencem às famílias Meliaceae, Rutaceae, Asteraceae, Annonaceae, Lamiaceae e Canellaceae (Jacobson, 1989). Atualmente, com relação à atividade carrapaticida, várias espécies estão sendo pesquisadas, tais como: Azadirachta indica (Martinez, 2002); Cymbopogon nardu (Olivo et al., 2008), Lavandula angustifolia (Pirali-Kheirabadi & Silva, 2010), Tetradenia riparia (Gazim et al., 2011), Petiveria alliacea (Rosado-Aguilar et al., 2011), Piper aduncum (Castro-Silva et al., 2009), Eucalyptus citriodora (Chagas et al., 2002), Ocimum basilicum (Martinez-Velasques et al., 2011), Calea serrata (Ribeiro et al., 2011), Nicotiana tabacum (Rodriguez et al., 2010) entre outras. Assim, estas plantas poderão ser utilizadas posteriormente em programas de controle, na tentativa de reduzir a utilização de carrapaticidas organossintéticos.

O emprego de plantas com atividade inseticida e carrapaticida favorece especialmente o pequeno produtor, pelo menor custo, facilidade de utilização, não exigindo pessoal qualificado, e pelo fato de não afetar o meio ambiente. Além disso, as plantas podem ser cultivadas nas propriedades facilitando a utilização (Mazzoneto & Vendramin, 2003).

A utilização dos pesticidas botânicos pode ser dividida de acordo com a forma do preparo em: produto “in natura”, pó, extração aquosa ou alcoólica, óleos essenciais, formulações concentradas comerciais e semi-comerciais, purificação e isolamento dos compostos puros obtidos de extratos de plantas (Moreira et al., 2004).

Atividade acaricida de cinco plantas como: Brugmasia arborea, Sambucus nigra, Nicotiana tabacum, Bidens pilosa e Ambrosia cumanenses foi testada na forma de extrato puro e diluições e percebeu-se que a medida que o extrato puro era diluído a mortalidade das fêmeas do carrapato bovino R. microplus diminuía, possivelmente devido a relação dose resposta em que a maior concentração de compostos puros causam mais efeito carrapaticida (Rodriguez et al., 2010)

Assim a toxicidade de uma planta contra artrópodes não a qualifica necessariamente como um pesticida. Vários aspectos devem ser levados em consideração, tais como: forma de extração e conservação dos extratos, eficácia em baixas concentrações, ausência de toxicidade para mamíferos e animais superiores, fácil obtenção, manipulação e aplicação e viabilidade econômica (Viegas Junior, 2003).

2.4 Óleos essenciais no controle do Rhipicephalus microplus Desde a Idade Média, os óleos essenciais têm sido usados como bactericidas,

fungicidas, inseticidas e antiparasitários. Recentemente estes compostos têm sido empregados nas indústrias farmacêuticas, alimentares, agrícolas e de cosméticos (Bakkali et al., 2008). Óleos essenciais são oriundos do metabolismo secundário de plantas aromáticas. Caracterizam-se por misturas complexas de compostos orgânicos voláteis de baixo peso molecular formados principalmente por monoterpenos, sesquiterpenos e fenilpropanóides. Podem constituir ainda os óleos essenciais os álcoois, ésteres, éteres, aldeídos, cetonas, lactonas, fenóis e éteres de fenol (Bizzo & Rezende, 2009).

Os óleos essenciais são misturas muito complexas e podem conter cerca de 2-60 componentes em concentrações muito diferentes. Eles são caracterizados por dois ou três grandes componentes em concentrações bastante elevado (20-70%) em comparação com os outros componentes presentes em quantidades vestigiais (Bakkali et al., 2008). Geralmente os componentes principais determinam as propriedades biológicas do óleo essencial (Pichersky et al., 2006). Porém para Mendes et al. (2010), os componentes majoritários que são isolados

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em maior quantidade nos óleos essenciais podem refletir as características biofísicas e biológicas destes, mas na maioria das vezes a amplitude dos efeitos dos óleos essenciais depende da concentração dos componentes principais modulada por outros componentes de menor importância, ou seja, os constituintes agindo em sinergia. Para uma mesma espécie de planta, o número de compostos, suas quantidades relativas e o rendimento de óleos essenciais variam consideravelmente, isto pode ser atribuído ao método de extração do óleo essencial, além das diferenças climáticas, localização e tempo de colheita (Bakkali et al., 2008).

Óleos essenciais pertecentes a várias espécies de plantas têm sido extensivamente testados para avaliar as suas propriedades como um valioso recurso natural no controle de carrapatos (Tabela I). O óleo essencial de Copaifera reticulata , a árvore de copaíba, apresenta atividade carrapaticida sobre larvas de R. microplus (Fernandes et al., 2007). Segundo Gazim et al. (2011), a planta Tetradenia riparia (Lamiaceae) apresenta alta atividade carrapaticida sobre R. microplus. Estes autores observaram alta mortalidade de fêmeas ingurgitadas em baixas concentrações do óleo essencial desta planta, redução do número e peso de ovos, diminuição de eclosão de larvas e mortalidade de larvas (Gazim et al, 2011). Silva et al. (2009) testaram a toxicidade da espécie Piper aduncum (Piperaceae) proveniente da floresta amazônica em fêmeas ingurgitadas e larvas de R. microplus e demonstraram que a mortalidade das larvas desta espécie foi devida a um constituinte do óleo, derivado de um fenilpropanóide. Para Cardona et al, 2007 o uso de óleo essencial de Sapindus saponaria (Sapindaceae) é uma ferramenta promissora para o controle de carrapatos em bovinos, pois causam mortalidade nas fêmeas ingurgitadas e reduzem a eficiência reprodutiva destas. Broglio-Micheletti et al., 2009 observaram que o óleo extraído das sementes de Annona muricata foi eficaz em baixas concentrações no controle do carrapato bovino in vitro.

A atividade carrapaticida de citronela foi comprovada por Olivo et al. (2008), que verificaram que esta ação deve-se aos princípios ativos citronelal e geraniol. Chagas et al. (2002), realizaram um estudo em relação a atividade carrapaticida do Eucalyptus citriodora, E. globulus e E. staigeriana sobre o R. microplus. Os óleos essenciais das três espécies e os concentrados emulsionáveis de E. globulus e E. staigeriana foram testados em cinco concentrações diferentes contra larvas e fêmeas ingurgitadas de R. microplus, foram submetidos à análise por cromatografia gasosa acoplada à espectrometria de massas (CG/EM), a fim de se investigar sua composição. Foi encontrado o citronelal como o principal componente do óleo essencial de E. citriodora , sendo este responsável pela ação carrapaticida. O mesmo ocorreu com o 1,8-cineol em E.globulus, sendo que em E. staigeriana foi demonstrado que várias substâncias agiam sinergicamente contra R. microplus. A mortalidade causada pelos óleos essenciais das espécies de Eucalyptus em larvas e fêmeas de R. microplus já era esperada, em função da presença de substâncias de comprovado efeito carrapaticida nos mesmos.

Segundo Romero 2008, os terpenos e seus derivados, como os monoterpenos e sesquiterpenos são substâncias encontradas comumente nos óleos essenciais e em conjunto com os fenilpropanóides formam inseticidas naturais potentes como os piretróides.

Na maioria das vezes os componentes principais que estão em maior quantidade nos óleos essenciais são testados comprovando que o efeito causado pelo óleo é devido a este composto majoritário, porém em alguns óleos essenciais alguns componentes agem em sinergismo (Leyva et al.,2009).

Apresentam importante efeito antiparasitário os óleos essenciais que apresentam compostos como Timol; carvacol; geraniol; citronelal e linalol (Romero, 2008).

No processo de extração de óleo essencial podem ser aplicados diversos métodos, como a hidrodestilação, maceração, extração por solvente, enfleuragem, gases supercríticos e microondas. Dentre esses, o método de maior aplicação é o de hidrodestilação (Bakkali et al., 2008). Segundo Martin et al. (2011) o óleo essencial de Artemisia sp. quando extraído através de fluído super crítico demonstrou melhor rendimento e aumentou a quantidade dos constituintes em comparação com à extração por técnicas tradicionais. Além disso, extratos

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supercríticos foram pesticidas mais ativos do que os óleos extraidos por solvente orgânico e hidrodestilação. Porém uma desvantagem desse método é o alto custo.

A maioria dos óleos essenciais comercializados são analisados por cromatografia gasosa e espectometria em massa (Bakkali et al., 2008). Cada componente é identificado por meio da comparação de seu espectro de massas com espectros avaliados pelo banco de dados de um equipamento, com espectros existentes na literatura e comparação dos índices de retenção calculados com os que já existem na literatura (Adams, 2007).

Para Bueno (2005), o uso de produtos naturais deve ser incentivado, mas antes devem ser submetidos a todos os procedimentos de segurança da mesma forma que os produtos sintéticos. Em um estudo do óleo essencial de Heperozygis ringen (Lamiaceae) encontrada na região sul do Brasil foi observada atividade carrapaticida nesta espécie, porém um dos constituintes desse óleo esssencial, a pulegona tem sido associada a hepatotoxicidade e morte de mamíferos (Ribeiro et al., 2010).

3. Considerações finais A necessidade de métodos mais seguros, menos agressivos ao homem e ao meio

ambiente tem estimulado a busca de novos pesticidas a partir de extratos vegetais. O controle de ectoparasitas nos bovinos através de produtos químicos convencionais, além dos problemas de resíduos nos alimentos, contaminação ambiental e intoxicação de aplicadores, encontra ainda o entrave do desenvolvimento acelerado da resistência dos carrapatos aos produtos. O uso inadequado e exagerado desses produtos acentua estes problemas tornando o manejo de carrapatos no Brasil uma prática onerosa, ineficiente e prejudicial à saúde humana e ao meio ambiente.

Os biocarrapaticidas obtidos através de espécies vegetais permitirão a redução da utilização dos carrapaticidas organossintéticos no controle de R. microplus e com isso espera-se mitigar os problemas econômicos, sociais, ecológicos e ambientais advindos da utilização destes produtos. A utilização dos óleos essenciais de plantas medicinais e aromáticas no controle de R. microplus deverá, além de reduzir o custo de controle, diminuir: i) a presença de resíduos nos produtos obtidos a partir dos animais (carne e leite), ii) a intoxicação de aplicadores, iii) a toxicidade a organismos não alvos, iv) a resistência dos carrapatos aos carrapaticidas e, v) a contaminação da água/solo.

Contudo, apesar das vantagens da utilização de biocarrapaticidas em relação aos carrapaticidas convencionais, é preciso que se desenvolvam mais pesquisas para comprovar a eficiência destes novos produtos sobre os carrapatos e se esclareçam os reais efeitos destes sobre os organismos não-alvo e ao meio ambiente.

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Tabela I. Principais óleos essenciais e os constituintes destes utilizados no controle do carrapato R. microplus. Table I. Major constituents and essential oils used in these tick control R. microplus.

Óleo essencial

Nome científico da

planta

Constituintes do óleo Modo de uso Referência

Citronela

Cymbopogon

nardus

Citronelal; eugenol; geraniol e limoneno

Imersão das fêmeas

ingurgitadas

Olivo et al.,2007

Eucalipto

Eucalypto citriodora

Citronela; acetato

de citronelila

Imersão das fêmeas

ingurgitadas

Chagas et al., 2002

Lavanda

Lavandula

angustifólia

Limoneno; Óxido

de limoneno; Tymol

Imersão de fêmeas

ingurgitadas

Pirali-Kheirabadi, &

Silva, 2010

Pau-de-incenso

Tetradenia

riparia

Cariophileno; cismuurolol;

limoneno

Imersão de fêmeas ingurgitadas; teste

de pacote com larvas

Gazim et al., 2011

Copaíba

Copaifera reticulata

Terpenos;

sesquiterpenos; diterpenos

Teste de pacote com larvas

Fernandes & Freitas, 2007

Matico

Piper aduncum

Sesquiterpenos; dilapiolle

Imersão de fêmeas ingurgitadas; teste

de pacote com larvas

Silva et al.,

2009

Cominho

Cuminum cyminum

Cuminaldeido; y

terpineno; 2-caren-10-al

Teste de pacote com larvas

Martinez-velazquez et

al., 2011

Neem

Azadirachta

indica

Azadirachitina;

limoneno

Imersão de fêmeas ingurgitadas

Broglio-micheletti et

al., 2009

Hesperozygis ringens

Hesperozygis

ringens

Pulegona; limoneno

Imersão de fêmeas ingurgitadas; teste

de pacote com larvas

Ribeiro et al.,

2010

Graviola

Annona muricata

Alcalóides; tanino

Imersão de fêmeas ingurgitadas

Broglio-micheletti et

al., 2009

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30

4. ARTIGO 2

Submetido para: Experimental Parasitology

Propriedades acaricidas do óleo essencial de vetiver Chrysopogon zizanioides

(Poaceae) sobre os carrapatos Amblyomma cajennense e Rhipicephalus

(Boophilus) microplus (Acari: Ixodidae)

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Resumo

Os carrapatos são artrópodes amplamente distribuídos nas regiões tropicais e subtropicais, os

quais podem transmitir agentes infecciosos e causar zoonoses. O uso excessivo de acaricidas

convencionais tem causado aumento da resistência destes parasitas, o que torna necessário a

descoberta de métodos alternativos para o seu controle. O óleo essencial de vetiver

Chrysopogon zizanioides (Poaceae) possui atividade comprovada como agente bactericida,

fungicida, inseticida e antiinflamatória. Neste trabalho, objetivou-se avaliar a atividade

acaricida do óleo essencial de vetiver C. zizanioides com diferentes concentrações de ácido

zizanóico e khuzimol (acidez alta e baixa) sobre os carrapatos Amblyomma cajennense e

Rhipicephalus microplus (Acari: Ixodidae). Para avaliar este efeito, testes de toxicidade com

diferentes concentrações foram conduzidos utilizando-se fêmeas e indivíduos na fase larval.

Os resultados mostraram que os óleos essenciais de C. zizanioides com acidez alta e baixa

reduziram a oviposição das fêmeas, a eclosão dos ovos e a sobrevivência das larvas dos

carrapatos, sendo mais eficientes do que alguns produtos comerciais amplamente utilizados

no controle destes ectoparasitas. Desta forma, nossos resultados apontam que os óleos

essenciais de C. zizanioides são candidatos promissores como agente acaricida e, ainda,

agrega valor ao óleo de vetiver com acidez alta, o qual é comercialmente pouco valorizado na

indústria cosmética.

Palavras-chave: ISO 1242:1999, reprodução, toxicidade, controle alternativo.

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Abstract

Ticks are arthropods largely distributed in tropical and subtropical regions, which can transmit

infectious agents and cause zoonoses. Excessive use of conventional acaricides has caused

increased resistance of these parasites, which makes it necessary to discover alternative

methods for its control. The essential oil of vetiver Chrysopogon zizanioides (Poaceae) has

demonstrated activity as a bactericide, fungicide, insecticide and anti-inflammatory. This

study aimed to evaluate the acaricidal activity of essential oil of vetiver C. zizanioides with

different concentrations of acid zizanóico and khuzimol (high acidity and low) on

Amblyomma cajennense and Rhipicephalus microplus (Acari: Ixodidae). To assess this effect,

toxicity tests with different concentrations were conducted using subjects and females in the

larval stage. The results showed that the essential oils of C. zizanioides with high acidity and

low reduced oviposition of females, the eggs hatch and larval survival of ticks, being more

efficient than some commercial products widely used to control these ectoparasites. Thus, our

results indicate that the essential oils of C. zizanioides are promising candidates as acaricidal

agent and also adds value to vetiver oil with high acidity, which is commercially not valued in

the cosmetic industry.

Key-words: ISO 1242:1999, reproduction, toxicity, alternative control.

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1. Introdução

Em todo o mundo, principalmente nas regiões tropicais e subtropicais, grandes

prejuízos econômicos são registrados anualmente devido ao hábito de vida hematófago dos

carrapatos, o que confere a tais artrópodes, grande importância médico-veterinária (Grisi et

al., 2002). As perdas econômicas decorrentes do parasitismo por carrapatos no mundo são da

ordem de dezenas de bilhões de dólares por ano (Parizi et al., 2009). No Brasil, os carrapatos

Rhipicephalus microplus e Amblyomma cajennense destacam-se por serem vetores de agentes

etiológicos que causam severas doenças, como a tristeza parasitária em bovinos e a febre

maculosa em humanos (Olivo et al., 2008).

O principal método de controle de carrapatos é o uso de pesticidas organossintéticos,

incluindo os piretróides sintéticos, organofosfatos e amitraz (Furlong et al., 2004; Furlong,

2005; Gazim et al., 2011). O uso indiscriminado e intensivo desses produtos tem causado

resistência desses ectoparasitas (Labruna, 2004), além de contaminação do meio ambiente e

prejuízos à saúde humana (Chagas et al., 2004; Nerio et al., 2010). Dessa forma, a busca por

métodos alternativos que utilizem táticas de controle selecionadas em parâmetros técnicos,

econômicos, sociais e ecológicos é de grande relevância (Bacci et al., 2007).

Os produtos botânicos biologicamente ativos representam uma estratégia viável para o

controle de carrapatos, por terem baixo custo e reduzida toxicidade aos animais/homem e aos

organismos não-alvo (Moreira et al., 2006; Bagavan et al., 2009). O uso de extratos de plantas

com potencial atividade pesticida tem sido o foco de intensas pesquisas, as quais têm

demonstrado capacidade de repelência, inibição da oviposição, redução da alimentação e

diversos distúrbios durante os estágios de desenvolvimento destes artrópodes (Martinez-

Velazquez et al., 2010; Roel, 2010).

O óleo essencial de vetiver Chrysopogon zizanioides (Poaceae) apresenta comprovada

ação bactericida, fungicida, inseticida e antiinflamatória (Mao et al., 2006; Bizzo et al., 2009;

Danh, 2010;). Este óleo essencial é também muito utilizado na indústria cosmética como

fixador natural de essências voláteis (Monteiro et al., 2011; Santos et al.,2012). Existem duas

variações do óleo essencial de C. zizanioides disponíveis no mercado: uma com valor alto de

acidez (VAA) (baixa qualidade) e outra com valor baixo de acidez (VBA) (alta qualidade).

Este teor de acidez e, consequentemente sua qualidade para indústria cosmética, está

relacionado com a concentração de ácidos graxos e dos sesquiterpenos ácido zizanóico e

khusimol (porção alcoólica) (Dantas et al., 2007, ISO 1242:1999). O valor de acidez do óleo

essencial assume valores diretamente proporcionais à concentração de ácidos graxos e do

ácido zizanóico e o inverso ocorre com o khusimol (Martinez et al., 2004).

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Até o momento não existem dados na literatura que comprovem a atividade acaricida

desta planta e apesar do óleo essencial de C. zizanioides VAA possuir menor aceitabilidade na

indústria de perfumaria, não é conhecido se este possui propriedades desejadas para o controle

de artrópodes. Desta forma, neste trabalho objetivou-se avaliar a atividade acaricida dos óleos

essenciais de C. zizanioides sobre os carrapatos A. cajennense e R. microplus. Os parâmetros

reprodutivos e a mortalidade dos carrapatos foram ainda comparados com a atividade de

produtos comerciais amplamente utilizados no controle destas espécies.

2. Material e Métodos

2.1.Óleos essenciais

Óleos essenciais de C. zizanioides VAA e VBA foram obtidos por meio da

hidrodestilação das raízes de C. zizanioides e adquiridos da Empresa Raros Naturals,

localizada em Macaíba, Rio Grande do Norte, Brasil. O valor de acidez do óleo essencial de

C. zizanioides foi mensurado pela quantidade (mg) de hidróxido de potássio necessária para

neutralizar os ácidos graxos livres contidos em 1 grama do óleo essencial (ISO 1242:1999).

Foram utilizadas 45 mg/g de hidróxido de potássio para os óleos essenciais de C. zizanioides

com valor alto de acidez (VAA) e 7,5 mg/g para o óleo com valor baixo de acidez (VBA).

2.2. Análise química dos óleos essenciais

Amostras dos óleos essenciais de C. zizanioides (VAA e VBA) foram analisadas por

cromatografia usando detectores de ionização por chama (CG-FID) e espectrometria de massa

(CG-EM). As condições cromatográficas foram: coluna capilar de sílica fundida (30 m x 0,25

mm) com fase estacionária Zebron ZB-5MS (0,25 µm de espessura de filme); hélio como gás

de arraste com fluxo de 1,8 mL/min emtemperatura programada mantendo 50°C por 2 min,

seguida de um aumento de 4°C/min até atingir 200°C, depois a 15°C até atingir 250°C,

mantendo constante esta temperatura por 15 min.; temperatura do detector (ou interface) de

250°C; volume de injeção de 0,5 µL em diclorometano; taxa de partição do volume a ser

injetado de 1:100 e pressão na coluna de 166 kPa. Condições do espectrômetro de massa:

detector de captura iônica operando por impacto eletrônico e energia de impacto de 70 eV;

velocidade de varredura 1.000; intervalo de varredura de 0,50 fragmentos e fragmentos

detectados de 40 a 500 Da.

Cada componente dos óleos essenciais foi identificado por meio da comparação de seu

espectro de massas com espectros avaliados pelo banco de dados (NIST 21 e NIST 107), além

dos espectros e dos índices de retenção calculados com aqueles existentes na literatura

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35

(Adams, 2007). Os índices de retenção relativos (IRR) foram determinados utilizando-se uma

curva de calibração de uma série de n-alcanos (C8-C18) injetados nas mesmas condições

cromatográficas das amostras. A concentração dos constituintes foi calculada através da área

integral de seus respectivos picos relacionada com a área total de todos os constituintes da

amostra.

2.3. Carrapatos

Um total de 1000 fêmeas ingurgitadas das espécies A. cajennense e R. microplus

foram coletadas com o auxílio de pinças diretamente sobre seus hospedeiros (equinos e

bovinos, respectivamente), os quais foram mantidos isolados sem aplicação de carrapaticidas

por um tempo mínimo de 45 dias. A espécie A. cajennense foi coletada no município de

Umbaúba (11º22'27" S, 37º39'27" O) e R. microplus no município de São Miguel do Aleixo

(10° 23'26" S, 37° 22'42" O), ambas localidades no estado de Sergipe, Brasil. A identificação

dos carrapatos foi feita através de chaves taxonômicas específicas (Fletchman, 1990).

As fêmeas foram mantidas em placas de Petri (9 cm de diâmetro, 2 cm de altura)

forradas com papel filtro em estufa incubadora B.O.D. a 27±1ºC de temperatura e 75±5% de

umidade, no laboratório Clínica Fitossanitária da Universidade Federal de Sergipe (UFS), São

Cristóvão (10°55'35"S, 37°6'14"O), Sergipe, Brasil. Um total de 580 fêmeas foram utilizadas

nos bioensaios de imersão de adultos e o restante foi mantido em B.O.D. para a produção de

larvas, as quais foram usadas nos bioensaios com este estádio.

2.4. Bioensaio de imersão dos adultos

Um total de 580 fêmeas ingurgitadas de carrapato de ambas as espécies (290 de cada

espécie), mantidas no laboratório, foram lavadas com água destilada e secas em papel toalha

para exposição aos tratamentos. O bioensaio utilizado foi adaptado de Drummond (1973) no

qual as fêmeas ingurgitadas de A. cajennense (198,2±9,2 mg/fêmea) e R. microplus

(200,2±4,0 mg/fêmea) foram imersas durante 2 minutos em 3 mL de volume final das

soluções testadas.

Para cada bioensaio, cinco fêmeas ingurgitadas foram acondicionadas em placas de

Petri (4 cm de diâmetro, 2 cm de altura) forradas com papel filtro. O delineamento

experimental foi inteiramente casualizado. Todos os produtos aplicados foram emulsionados

em água destilada e Triton X-100 a 2%, como agente surfactante. Para o controle negativo as

fêmeas foram imersas somente em água destilada e Triton X-100 (2%), sendo realizadas dez

repetições (2 espécies de carrapatos x 5 fêmeas/placa). Os controles positivos foram

realizados utilizando-se os produtos comerciais Natuneem® (óleo de Azadirachta indica) na

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concentração de 10 µl ml-1 e o Butox® P CE25 (deltametrina) nas doses recomendadas 2 e 1

µl ml-1 para A. cajennense e R. microplus, respectivamente. Nestes casos foram realizadas

quatro repetições (2 carrapaticidas x 2 espécies de carrapatos x 5 fêmeas/placa). Para os

tratamentos contendo os óleos essenciais de C. zizanioides VAA e VBA foram utilizadas as

concentrações de 1, 10, 20, 50 e 100 µl ml-1, sendo realizadas quatro repetições (2 óleos

essenciais x 5 concentrações x 2 espécies x 5 fêmeas/placa).

As placas cotendo as fêmeas tratadas foram cobertas com plástico transparente (filme

de PVC) e mantidas em estufa incubadora B.O.D. a 27±1ºC de temperatura e 75±5% de

umidade. Decorridos 14 dias após a oviposição os ovos foram pesados para determinação da

produção de ovos por fêmea (PO) (g).

Uma amostra (30 mg) de cada tratamento foi retirada para a determinação da

porcentagem de eclosão dos ovos. Os ovos foram colocados em tubos de ensaios previamente

identificados, vedados com filme de PVC e mantidos por 60 dias nas mesmas condições de

temperatura e umidade citadas anteriormente. Após este período, o número de ovos

correspondente àquela massa foi contabilizado (número de larvas observado).

Para as duas espécies de carrapatos foram estabelecidas as relações do número de ovos

correspondentes a sua massa. Para tanto, 10 grupos de cerca de 70 mg de ovos provenientes

de carrapatos não tratados tiveram suas massas e suas respectivas quantidade de ovos

determinadas. Dessa forma, foi possível estimar o número de ovos existentes (ou número de

larvas estimado) em uma de massa de ovos para cada espécie de carrapato.

Com esses dados foi possível determinar os seguintes parâmetros reprodutivos

baseados nas fórmulas propostas por Stendel (1980):

i) Índice de postura (IP) = massa dos ovos (g)/ massa de fêmeas antes do tratamento (g);

ii) Inibição de oviposição (IO) (%) = [(IP grupo controle - IP grupo tratado)/ IP grupo

controle]*100;

iii) Eclosão de ovos (EO) (%) = (número larvas observado/ número de larvas estimado)*100;

iv) Eficiência reprodutiva (ER) (%) = IP*EC;

v) Controle da reprodução (CR) (%) = [(ER grupo controle - ER grupo tratado)/ ER grupo

controle]*100.

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37

2.5. Bioensaio com as larvas

As larvas utilizadas nestes bioensaios foram obtidas de fêmeas mantidas no

laboratório. Os bioensaios foram realizados utilizando-se a metodologia adaptada de Fao

(2004). Envelopes de papel filtro (2 x 2 cm) foram tratados com 0,1ml das soluções dos óleos

essenciais de C. zizanioides VAA e VBA diluídos em acetona. Testes preliminares mostraram

que este solvente não apresenta toxicidade às larvas. No controle negativo foi utilizado apenas

acetona. Foram utilizadas 12 e 15 concentrações para os óleos essenciais de C. zizanioides

VAA e VBA, respectivamente. Após a evaporação do solvente cerca de 200 larvas foram

depositadas no interior do envelope, o qual foi lacrado com clipes do tipo “buldogue”.

Concentrações que resultaram em mortalidades maiores que zero e menores que 100% foram

utilizadas para a determinação das curvas de concentração-mortalidade.

O delineamento experimental foi inteiramente casualizado com três repetições (um

envelope ~ 200 larvas) para cada concentração. Os envelopes foram colocados em placas de

Petri (9 cm de diâmetro, 2 cm de altura) cobertas com plástico transparente (filme de PVC) e

mantidas em estufa B.O.D. a 27±1ºC e 75±5% de umidade. Quarenta e oito horas após a

montagem dos bioensaios o número de indivíduos vivos e mortos foram contabilizados com o

auxílio de um estereomicroscópio binocular 40x de marca Edutec (aumento 40X).

2.6 Análises dos dados

As análises foram realizadas com o auxílio do programa estatístico SAS Institute

(2002). Os parâmetros reprodutivos analisados foram submetidos à análise de variância a

P<0,05 (PROC MIXED, SAS). As análises testaram se estes parâmetros (variáveis y) diferem

em relação aos óleos essenciais (C. zizanioides VAA e VBA), concentrações dos óleos

essenciais (1, 10, 20, 50 e 100 µl ml-1), espécies de carrapatos (A. cajennense e R. microplus)

e interações óleos essenciais x concentrações, óleos essenciais x espécies e concentrações x

espécies (variáveis x). O efeito dos óleos essenciais de C. zizanioides VAA e VBA e dos

controles positivos nos parâmetros reprodutivos PO, IP EO e ER, para ambas as espécies de

carrapato, foram comparadas com o controle negativo (H2O+Triton 2%) pelo teste de Dunnett

a P<0,05 (PROC GLM, SAS). Já as diferenças entre as médias dos parâmetros reprodutivos

IO e CR foram comparadas pelo teste de Tukey a P<0,05 (PROC GLM, SAS).

Os resultados de mortalidade das larvas foram corrigidos em relação à mortalidade

ocorrida na testemunha usando-se a fórmula de Abbott (1925). Análises de Probit foram

realizadas para determinar as curvas de concentração-mortalidade dos óleos essenciais de C.

zizanioides VAA e VBA para as larvas de A. cajennense e R. microplus. Foram aceitas apenas

as curvas que mostraram distribuição de Probit, através do teste 2, com probablidade maior

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que 0,05 (PROC PROBIT; SAS). A partir destas curvas foram estimadas as concentrações

letais para causar mortalidade de 1%, 50% e 99% das populações (CL01; CL50 e CL99) e seus

respectivos intervalos de confiança a 95% de probabilidade.

3. Resultados

3.1 Caracterização dos óleos essenciais

A composição dos óleos essenciais de C. zizanioides analisada em GC-MS e GC-FID

está representada na Tabela 1. A maioria dos compostos identificados nos óleos de C.

zizanioides VAA e VAB foram monoterpenos e sesquiterpenos, sendo o khusimol o composto

majoritário (16,28 e 19,39%, respectivamente). Os outros constituintes majoritários nos óleos

essenciais de C. zizanioides VAA e VAB foram isovalencenol (8,94 e 13,20%); vetivone

(7,43 e 5,38%); cadinol (6,12 e 8,54%) e vetivone (5,30 e 4,61%). O ácido zizanóico, um

dos compostos relacionados com a qualidade deste óleo essencial, mostrou concentrações de

1,30 e 0,46% nos óleos VAA e VAB, respectivamente.

3.2 Bioensaios com adultos

A produção de ovos por fêmea (g), o índice de postura e a inibição da oviposição (%)

das fêmeas ingurgitadas sob os diferentes tratamentos são apresentados na Tabela 2. Os

resultados da análise de variância mostraram que houve diferenças significativas em relação

às concentrações dos óleos aplicados, considerando a produção de ovos por fêmea

(F4;60=11,59; P<0,001), o índice de postura (F4;60=18,14; P<0,001) e a inibição da oviposição

(F4;60=19,16; P<0,001). Porém, estes mesmos parâmetros não mostraram diferenças

significativas entre os óleos essenciais (produção de ovos/fêmea: F1;60=2,23; P=0,140; índice

de postura: F1;60=1,24; P=0,270; e inibição de oviposição: F1;60=0,87; P=0,354), assim como

também não houve diferenças entre às espécies de carrapatos (produção de ovos/fêmea:

F1;60=2,46; P=0,122; índice de postura: F1;60=2,34; P=0,131; e inibição de oviposição:

F1;60=0,02; P=0,878) e suas interações.

Houve redução significativa na produção de ovos por fêmea e no índice de postura nas

concentrações de 20, 50 e 100 µl ml-1 dos óleos essenciais de C. zizanioides para ambas

espécies de carrapatos. A produção de ovos de R. microplus, para ambos os óleos essenciais e

o índice de postura de A. cajennense para o óleo essencial de C. zizanioides VBA reduziram a

partir da menor concentração (1 µl ml-1) (Tabela 2). Os produtos comerciais Natuneem® e o

Butox® P CE25 não afetaram a produção de ovos por fêmea e o índice de postura das espécies

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de carrapato. Com exceção do índice de postura de A. cajannense tratado com Butox® P

CE25, os demais resultados destes produtos não diferiram do controle (Tabela 2).

A diminuição na produção de ovos resultou em inibições de oviposição que variaram

de 20 a 82% para A. cajennense e de 17 a 95% para R. microplus. As maiores inibições de

oviposição foram observadas nas concentrações de 50 e 100 µl ml-1 (Tabela 2).

A eclosão dos ovos, a eficiência reprodutiva e o controle da reprodução das fêmeas

ingurgitadas de A. cajennense e R. microplus após exposição aos tratamentos estão descritos

na Tabela 3. O resultado da análise de variância mostrou que houve diferenças nas

concentrações dos óleos essenciais em relação à eclosão dos ovos (F4;60=16,25; P<0,001),

eficiência reprodutiva (F4;60=75,35; P<0,001) e controle da reprodução (F4;60=75,87;

P<0,001). Entretanto, estes parâmetros não diferiram entre os óleos essenciais (eclosão dos

ovos: F1;60=0,07; P=0,798; eficiência reprodutiva: F1;60=3,15; P=0,081; e controle da

reprodução: F1;60=2,96; P=0,091), assim como não houve diferenças significativas entre às

espécies de carrapatos (eclosão dos ovos: F1;60=0,74; P=0,393; eficiência reprodutiva:

F1;60=2,08; P=0,154; controle da reprodução: F1;60=0,06; P=0,811) e suas interações.

A eclosão dos ovos foi significativamente reduzida a partir de 20 e 50 µl ml-1 (A.

cajennense) e 50 e 10 µl ml-1 (R. microplus) quando as fêmeas foram tratadas com os óleos

essenciais de C. zizanioides VAA e VBA, respectivamente. Os produtos comerciais

Natuneem® e o Butox® P CE25 não reduziram significativamente este parâmetro nas duas

espécies (Tabela 3). A eficiência reprodutiva das espécies de carrapato, quando expostas aos

óleos essenciais de C. zizanioides, foi reduzida a partir da menor concentração, exceção

quando houve contato das fêmeas de R. microplus com o óleo essencial de C. zizanioides

VBA que teve este parâmetro afetado a partir da concentração de 10 µl ml-1 (Tabela 3).

A diminuição na produção e eclosão de ovos resultou em reduções na capacidade

reprodutiva que variaram de 26 a 95% para A. cajennense e de 17 a 100% para R. microplus

(Tabela 3). Os maiores controles da reprodução foram observados nas concentrações de 50 e

100 µl ml-1 (Tabela 3).

3.3 Bioensaios com larvas

As curvas de concentração-mortalidade dos óleos essenciais de C. zizanioides VAA e

VBA para as larvas de A. cajennense e R. microplus estão mostrados na Tabela 4. Foi

observado eficiente atividade acaricida nos testes com larvas de ambas as espécies estudadas,

com CL50 variando de 1,175 a 4,05 μl ml-1. O óleo essencial de C. zizanioides VBA

apresentou maior toxicidade para A. cajennense. Já a espécie R. microplus mostrou-se mais

susceptível ao óleo essencial de C. zizanioides VAA (CL50 = 1,55 μl ml-1). As maiores

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40

inclinações das curvas foram observadas para o óleo essencial de C. zizanioides VBA para

ambas espécies (Tabela 4).

4. Discussão

Óleos essenciais pertecentes a várias espécies de plantas têm sido extensivamente

testados para avaliar as suas propriedades naturais no controle de carrapatos. Fernandes et al.

(2007) demonstraram que o óleo essencial de Copaifera reticulata , a árvore de copaíba,

apresenta atividade carrapaticida sobre larvas de R. microplus. Segundo Gazim et al. (2011), a

planta pau de incenso, Tetradenia riparia, apresenta alta atividade carrapaticida sobre R.

microplus. Estes autores observaram em baixas concentrações do óleo essencial desta planta,

redução do número e peso de ovos, diminuição da eclosão dos ovos em larvas e mortalidade

de larvas (Gazim et al., 2011). Para Cardona et al, (2007) o uso de óleo essencial de Sapindus

saponaria é uma ferramenta promissora para o controle de carrapatos em bovinos, pois

reduzem a eficiência reprodutiva.

A maioria dos estudos que avaliaram a atividade acaricida de produtos de origem

vegetal foram testados para R. microplus (Mendes et al., 2011).

Neste trabalho, os óleos essenciais de C. zizanioides VAA e VBA apresentam

atividade carrapaticida sobre as espécies A. cajannense e R. microplus.

A escolha do óleo essencial de vetiver Chrysopogon zizanioides (Poaceae) foi baseada

na sua comprovada ação bactericida, fungicida, inseticida e antiinflamatória (Mao et al., 2006;

Bizzo et al., 2009; Danh, 2010) para diferentes grupos animais. Neste trabalho, soma-se a

função acaricida a este óleo, o qual se mostrou promissor para o manejo de larvas e adultos

dos carrapatos A. cajannense e R. microplus.

A análise do óleo essencial de vetiver indica que a fração sesquiterpênica é dominante

em sua composição, sendo o khusimol o composto ativo principal. Os terpenos apresentam

atividade pesticida conhecida, pois alteram o desenvolvimento e produzem alterações

fisiológicas que podem conduzir a inibição da reprodução (Omar et al., 2007). Vários

trabalhos já demonstraram que monoterpenos e sesquiterpenos apresentaram atividade

carrapaticida sobre R. microplus (Facey et al., 2005). Price e Berry (2006) mostraram que tais

compostos podem agir em receptores octopaminérgicos, atuando como neurotransmissores;

neuromoduladores e neurohormônios. Estes são também de fundamental importância para a

regulação da oviposição em vários artrópodes (Cossío-Bayúgar et al., 2012), incluindo

carrapatos (Rodriguez-Valetin et al., 2006; Cossío-Bayúgar et al., 2012). Os terpenos podem

atuar ainda como inibidores da colinesterase (Loizzo et al., 2010) o que ocasiona paralisia e

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morte dos artrópodes (Ribeiro et al., 2012). O efeito carrapaticida dos óleos essenciais de

plantas tem sido atribuído à redução na quantidade de proteínas e lipídios endógenos nos

ovários e óocitos das fêmeas, ocasionando redução na oviposição (Williams, 1993).

Os óleos essenciais de C. zizanioides reduziram a produção e a eclosão de ovos das

fêmeas, o que resultou em menores índices de postura e eficiência reprodutiva. A capacidade

reprodutiva foi afetada pelos óleos essenciais de C. zizanioides, com efeitos superiores aos

apresentados pelos produtos comerciais Natuneem® (óleo de A. indica) e o Butox® P CE25

(deltametrina). De fato, R. microplus têm mostrado resistência ao piretróide deltametrina em

diversos países (Leite, 1995; Mendes et al., 2011). Neste estudo evidenciou-se uma menor

mortalidade dos carrapatos expostos aos produtos comercias como butox (A. cajannense) e

Natuneem® s (A. cajannense e R. microplus) quando comparados aos testes com os óleos

essenciais de C. zizanioides.

Os resultados mostraram que o oléo essencial de vetiver possui potencial significativo

para controlar as larvas de A. cajannense e R. microplus. Silva et al. (2009) testaram a

toxicidade da espécie Piper aduncum (matico) proveniente da floresta amazônica em fêmeas

ingurgitadas e larvas de R. microplus e demonstraram que a mortalidade das larvas desta

espécie foi devida a um constituinte do óleo, derivado de um fenilpropanóide. Ribeiro et al.

(2008) avaliaram o efeito larvicida do óleo essencial de canela amarga, Drymis brasiliensis

contendo predominantemente sesquiterpenos e constataram mortalidade de 100% das larvas

de R. microplus expostas as concentrações de 2,5%,. O óleo essencial de Eucalyptus

citridodora e Cymbopongon nardus na concentração de 50% obteve 53,1 % e 61,1% de

mortalidade das larvas de Amblyomma cajennense, sendo uma concentração muito alta

quando comparada ao óleo essencial de C. zizanoides estudado. (Clemente et al., 2010).

Segundo Bittencourt et al., (1990) a espécie A. cajennense exige concentrações mais

elevadas de formulações carrapaticidas do que aquelas utilizadas no controle de R. microplus.

Porém, de forma geral, o óleo essencial de vetiver não mostrou diferença entre as espécies.

Este estudo demonstra ainda que não houve diferenças entre os dois óleos de vetiver (acidez

alta e baixa) com relação às diferentes taxas medidas para o controle dos carrapatos. Embora

outros trabalhos tenham demonstrado o potencial antimicrobiano e inseticida para este óleo

essencial (Hammer, 1999; Zhu 2003) nenhum outro estudo analisou até o momento sua ação

carrapaticida.

De acordo com os padrões de qualidade, quanto menor a concentração de ácido

zizanóico e maior a concentração de Khusimol melhor a qualidade do óleo essencial de

vetiver (Dantas et al., 2007, Arrigoni-Blank et al., 2010). O óleo de vetiver produzido no

Brasil possui altos valores de ácido zizanóico em comparação ao óleo produzido no Haiti,

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Bourbon e Java (Rocha, 2006). Assim, o presente estudo mostra que o óleo de vetiver com

acidez alta pode ter grande aplicabilidade para o controle de carrapatos, agregando valor a

este óleo de pouco interesse para as indústrias cosméticas.

Além da alta eficiência de controle observada para os óleos essenciais de vetiver,

possivelmente estes podem apresentar menor toxicidade ao ambiente e aos vertebrados.

Estudos realizados com extratos etanólicos das raízes do óleo de vetiver demonstraram que

esse produto apresentou baixa toxicidade aos mamíferos (Barros et al., 2009).

5. Conclusão

Os óleos essenciais de C. zizanioides VAA e VBA apresentam atividade carrapaticida

sobre as espécies A. cajannense e R. microplus. Assim, estes óleos essenciais consistem em

alternativas viáveis e promissoras para o controle de carrapatos, representando uma

oportunidade estratégica para síntese de novos carrapaticidas.

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Tabela 1 Composição química dos óleos essenciais de Chrysopogon zizanioides com alto (VAA) e baixo (VAB) valor de acidez caracterizados por GC/MS e GC/FID.

Composto IRa Óleo essencial e média±erro padrão da área do

pico (%)b

VAA (45,0mg/g)c

VAB (7,5mg/g)c

Prezizaene 1454 1,16±0,06 0,60±0,03 Khusimene 1459 1,45±0,00 0,72±0,02 α-amorfeno 1486 4,28±0,13 1,96±0,03 α-vetispireno 1492 2,22±0,10 0,94±0,04 -vetispireno 1497 2,68±0,02 1,25±0,02 -amorfeno 1500 1,15±0,08 0,68±0,03 -amorfeno 1513 1,15±0,10 - -cadineno 1528 1,52±0,05 0,81±0,02 -vetiveneno 1536 1,18±0,05 - -vetiveneno 1561 2,75±0,15 0,84±0,19 Khusimone 1611 - 1,48±0,02 Junenol 1628 4,26±0,09 3,92±0,08 Eremoligenol 1641 1,31±0,10 1,28±0,04 α-cadinol 1662 6,12±1,29 8,54±0,04 Epi-zizanone 1678 2,63±0,12 1,84±0,06 Germacra-4(15),5,10(14)-trien-1-a-ol 1686 - 0,84±0,04 Vetiselinenol 1733 2,80±0,11 5,05±0,03 Khusimol 1755 16,28±0,34 19,39±0,15 α-costol 1777 - 0,42±0,01 Isovalencenol 1801 8,94±0,31 13,20±0,01 Ácido zizanóico 1819 1,30±0,17 0,46±0,03 -vetivone 1831 5,30±0,15 4,61±0,08 Acetato de eudesm-7(11)-em-4-ol 1842 1,52±0,03 1,19±0,05 α-vetivone 1856 7,43±0,25 5,38±0,03 Total detectado (%)

77,38 75,39 a Índice de retenção calculado utilizando a equação de Van den Dool e Kratz 1963 em relação a uma série

homóloga de n-alcanos (nC9- nC18). b Valores do conteúdo dos compostos obtido pela média de três diferentes determinações obtidas por GC/MS e GC/FID. c Os valores indicam a quantidade de hidróxido de potássio necessária para neutralizar os ácidos graxos livres presentes no óleo essencial de C. zizanioides. Traços indicam que o composto não foi encontrado.

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Tabela 2

Valor médio (±EPM) da produção de ovos por fêmea (g), índice de postura e inibição de oviposição (%) de fêmeas ingurgitadas de Amblyomma

cajennense e Rhipicephalus microplus tratadas com o óleo essencial Chrysopogon zizanioides com alto (VAA) e baixo (VAB) valor de acidez.

Tratamento (µl ml-1) Produção de ovos por fêmea (g)a Índice de posturaa Inibição de oviposição (%)b

VAA VAB VAA VAB VAA VAB

A. cajennense

Controle (H2O+Triton 2%) 0,146±0,006 0,146±0,006 0,634±0,024 0,634±0,024 - -

C. zizanioides (1) 0,135±0,034 0,088±0,028 0,495±0,042 0,393±0,047 * 21,82±6,69 b 37,95±7,45 ab

C. zizanioides (10) 0,121±0,028 0,061±0,035 * 0,506±0,041 0,306±0,111 * 20,16±6,41 b 51,74±17,48 ab

C. zizanioides (20) 0,055±0,002 * 0,038±0,004 * 0,371±0,045 * 0,296±0,016 * 41,39±7,10 ab 53,31±2,60 ab

C. zizanioides (50) 0,033±0,013 * 0,051±0,033 * 0,232±0,094 * 0,240±0,101 * 63,32±14,77 a 62,06±15,97 ab

C. zizanioides (100) 0,033±0,015 * 0,016±0,010 * 0,173±0,061 * 0,114±0,075 * 72,77±9,63 a 81,96±11,88 a

Natuneem® (10)c 0,129±0,010 0,129±0,010 0,528±0,024 0,528±0,024 16,62±3,73 b 16,62±3,73 b

Butox® P CE25 (2)c 0,086±0,015 0,086±0,015 0,359±0,031 * 0,359±0,031 * 43,28±4,82 ab 43,28±4,82 ab

R. microplus

Controle (H2O+Triton 2%) 0,121±0,008 0,121±0,008 0,535±0,021 0,535±0,021 - -

C. zizanioides (1) 0,080±0,010 * 0,079±0,010 * 0,386±0,060 0,444±0,038 28,16±10,95 bc 17,05±7,11 bc

C. zizanioides (10) 0,065±0,014 * 0,070±0,012 * 0,360±0,084 * 0,392±0,039 34,37±14,34 bc 26,77±7,36 bc

C. zizanioides (20) 0,063±0,014 * 0,053±0,010 * 0,304±0,057 * 0,290±0,058 * 43,13±10,60 bc 45,84±10,76 bc

C. zizanioides (50) 0,036±0,007 * 0,045±0,019 * 0,191±0,030 * 0,249±0,106 * 64,38±5,65 ab 53,46±19,78 ab

C. zizanioides (100) 0,009±0,003 * 0,005±0,003 * 0,049±0,017 * 0,026±0,015 * 90,81±3,09 a 95,11±2,84 a

Natuneem® (10)c 0,093±0,011 0,093±0,011 0,459±0,033 0,459±0,033 14,20±6,22 c 14,20±6,22 bc

Butox® P CE25 (1)c 0,110±0,004 0,110±0,004 0,495±0,024 0,495±0,024 8,07±4,12 c 8,07±4,12 c a Valores seguidos por “*”na coluna possuem médias que não diferem do controle (H2O+Triton 2%), pelo teste de Dunnett a P<0,05. b Valores seguidos pela mesma letra na coluna possuem médias que não diferem, entre si, pelo teste de Tukey a P<0,05. c Produtos comerciais utilizados como controles positivos nas concentrações recomendadas para cada espécie.

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49

Tabela 3

Valor médio (±EPM) da eclosão de ovos (%), eficiência reprodutiva (%) e controle da reprodução (%) de fêmeas ingurgitadas de Amblyomma

cajennense e Rhipicephalus microplus tratadas com o óleo essencial de Chrysopogon zizanioides com alto (VAA) e baixo (VAB) valor de acidez.

Tratamento (µl ml-1) Eclosão (%)a Eficiência reprodutiva (%)a Controle da reprodução (%)b

VAA VAB VAA VAB VAA VAB

A. cajennense

Controle (H2O+Triton 2%) 84,46±3,83 84,46±3,83 53,51±2,06 53,51±2,06 - -

C. zizanioides (1) 79,74±8,76 74,50±9,48 39,49±3,38 * 29,29±3,51 * 26,19±6,32 cd 45,27±6,57 bc

C. zizanioides (10) 59,00±7,36 56,14±4,15 29,84±2,40 * 17,16±6,22 * 44,22±4,48 bc 67,93±11,62 ab

C. zizanioides (20) 32,91±12,03 * 59,59±11,76 12,22±1,48 * 17,63±0,98 * 77,16±2,77 a 67,06±1,83 ab

C. zizanioides (50) 35,04±16,60 * 28,70±17,62 * 8,14±3,28 * 6,90±2,90 * 84,78±6,13 a 87,11±5,43 a

C. zizanioides (100) 20,66±9,08 * 25,50±9,52 * 3,56±1,26 * 2,92±1,92 * 93,34±2,36 a 94,55±3,59 a

Natuneem® (10)c 80,98±2,25 80,98±2,25 42,78±1,92 * 42,78±1,92 20,05±3,58 d 20,05±3,58 c

Butox® P CE25 (2)c 69,08±5,57 69,08±5,57 24,82±2,11 * 24,82±2,11 * 53,61±3,94 b 53,61±3,94 b

R. microplus

Controle (H2O+Triton 2%) 90,23±3,06 90,23±3,06 48,26±1,91 48,26±1,91 - -

C. zizanioides (1) 73,64±7,43 90,62±2,04 28,41±4,41 * 40,20±3,45 41,12±9,15 cd 16,69±7,14 c

C. zizanioides (10) 67,89±23,58 47,94±2,01 * 24,45±5,71 * 18,78±1,89 * 49,33±11,84 c 61,09±3,91 b

C. zizanioides (20) 60,83±20,94 26,30±9,73 * 18,50±3,45 * 7,62±1,51 * 61,66±7,15 bc 84,21±3,14 a

C. zizanioides (50) 24,95±24,95 * 18,68±10,78 * 4,75±0,75 * 4,65±1,98 * 90,15±1,56 ab 90,37±4,09 a

C. zizanioides (100) 0,00±0,00 * 12,09±7,07 * 0,00±0,00 * 0,32±0,18 * 100,00±0,00 a 99,34±0,38 a

Natuneem® (10)c 90,48±0,82 90,48±0,82 41,52±3,01 41,52±3,01 14,01±6,20 d 14,016,20 c

Butox® P CE25 (1)c 67,03±3,60 67,03±3,60 33,19±1,64 * 33,19±1,64 * 31,22±3,40 cd 31,22±3,40 c a Valores seguidos por “*”na coluna possuem médias que não diferem do controle (H2O+Triton 2%), pelo teste de Dunnett a P<0,05. b Valores seguidos pela mesma letra na coluna possuem médias que não diferem, entre si, pelo teste de Tukey a P<0,05. c Produtos comerciais utilizados como controles positivos nas concentrações recomendadas para cada espécie

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Tabela 4

Atividade carrapaticida (CL01, CL50 e CL99) do oleo essencial de Chrysopogon zizanioides

com alto (VAA) e baixo (VAB) valor de acidez sobre larvas de Amblyomma cajennense e

Rhipicephalus microplus após 48 horas de exposição.

Óleo essencial

C. zizanioides N a

CL01 (μl ml-1) b

(IC95)

CL50 (μl ml-1) b

(IC95)

CL99 (μl ml-1) b

(IC95) c χ² P

A. cajennense

VAA 6421 0,331

(0,204-0,461)

2,076

(1,853-2,311)

13,03

(9,596-20,39) 2,92 4,48 0,104

VAB 9996 0,630

(0,527-0,713)

1,175

(1,117-1,226)

2,190

(2,002-2,490) 8,61 4,30 0,114

R. microplus

VAA 7722 0,273

(0,119-0,441)

1,552

(1,252-1,786)

8,823

(6,630-14,32) 3,09 1,88 0,608

VAB 9067 1,702

(1,415-1,945)

4,050

(3,831-4,287)

9,638

(8,386-11,68) 6,19 2,81 0,244

a Número de larvas de carrapato utilizada nos bioensaios. b CL: concentração letal; IC: intervalo de confiança a 95%. c=inclinação da curva.

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5. ARTIGO 3

Submetido para: Bioresource Technology

Alternativas ao controle de Rhipicephalus (Boophilus) microplus

(Acari: Ixodidae): óleos essenciais de plantas e emulsão

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Resumo

O carrapato bovino Riphicephalus (Boophilus) microplus (Acari: Ixodidae) tem causado

grandes prejuízos à bovinocultura devido ao processo de hematofagia e transmissão de

agentes patogênicos. O uso indiscriminado de pesticidas convencionais tem ocasionado

seleção de resistência dos carrapatos e contaminação do ambiente. Neste trabalho foi avaliada

a toxicidade dos óleos essenciais de quatro plantas medicinais e aromáticas: marmeleiro

(Croton sonderianus), gerânio (Pelargonium graveolens), patchouli (Pogostemon cablin) e

gengibre (Zingiber officinale); sobre R. microplus. O óleo essencial de maior toxicidade foi

utilizado para formulação de emulsão e avaliação de sua ação sobre R. microplus. Os

bioensaios foram conduzidos utilizando-se larvas e fêmeas ingurgitadas. Dentre as plantas

testadas, o óleo essencial de patchouli foi o mais eficiente no controle da reprodução de R.

microplus, inclusive quando comparado ao produto natural utilizado no mercado

(Natuneem®). O controle da reprodução das fêmeas teleógenas foi otimizado com o uso da

formulação à base do óleo de P. cablin. Estes resultados apontam que o óleo essencial de

patchouli e a emulsão são opções viáveis ao controle de R. microplus.

Palavras-chave emulsão, reprodução, toxicidade, controle alternativo.

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Abstract

The cattle tick Riphicephalus (Boophilus) microplus (Acari: Ixodidae) has caused great

damage to the cattle industry due to the process of blood feeding and pathogen transmission.

The indiscriminate use of conventional pesticides has led to selection of resistant ticks and

environmental contamination. In this study, the toxicity of the essential oils of four medicinal

and aromatic plants: quince (Croton sonderianus), geranium (Pelargonium graveolens),

patchouli (Pogostemon cablin) and ginger (Zingiber officinale) on R. microplus. The essential

oil of greater toxicity was used for emulsion formulation and evaluation of its action on R.

microplus. The assays were conducted using larvae and engorged females. Among the plants

tested, patchouli essential oil was the most effective in controlling the reproduction of R.

microplus, even when compared to the product used natural market (Natuneem ®). Control of

female reproduction teleógenas was optimized with the use of oil-based formulation of P.

cablin. These results indicate that the essential oil of patchouli and emulsion are viable

options to control R. microplus.

Key-words: emulsion, reproduction, toxicity, alternative control

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1. Introdução

O carrapato bovino Rhipicephalus (Boophilus) microplus, possui ampla distribuição

global e ocasiona sérios problemas nas regiões tropicais e subtropicais por reduzir

consideravelmente os índices de produtividade dos rebanhos (Pereira et al. 2008; Graf et al.

2004; Reck Junior et al. 2009; Biegelmeyer et al. 2012). Somente no Brasil, os prejuízos

decorrentes do ectoparasitismo por R. microplus são estimados em 2 bilhões de dólares anuais

(Grisi et al. 2002). Desta forma, esta espécie é considerada um dos principais ectoparasitas

bovinos (Alzate et al. 2008), podendo causar irritabilidade, perda de sangue e veiculação de

agentes patogênicos (ex. Anaplasma sp. e Babesia sp., responsáveis pelo complexo conhecido

como Tristeza Parasitária Bovina).

O intensivo uso de carrapaticidas organossintéticos (Kaufman, 2010; Sonenshine et al.

2002) tem levado à seleção de resistência em populações de R. microplus (Biegelmeyer et al.

2012), além de contaminação do ambiente, dos animais e de seus produtos (Chagas et al.

2004). Dentre as alternativas utilizadas ao controle convencional destes artrópodes, os óleos

essenciais de plantas têm apresentado resultados promissores (Gazim et al. 2011; Mendes et

al. 2011). Estes produtos do metabolismo secundário de plantas são formados por misturas

complexas de hidrocarbonetos como monoterpenos, acompanhados por sesquiterpenos,

fenilpropanóides, compostos oxigenados e aromáticos. Devido ao baixo peso molecular de

seus componentes, óleos essenciais de plantas são bastante voláteis (Nerio et al. 2010), o que

poderia reduzir a persistência dos óleos essenciais no ambiente, resultando em menor

contaminação dos ecossistemas (Isman, 2006). No entanto, a alta volatilidade e rápida

dissipação dos óleos essenciais podem reduzir seu tempo de ação em condições naturais

(Barnard, 2000; Nerio et al. 2010) comprometendo sua eficácia no controle. Desta forma, a

utilização efetiva dos óleos essenciais para o manejo exige o desenvolvimento de formulações

que aumentem sua persistência e estabilidade no ambiente. Emulsões óleo-em-água são as

mais utilizadas para este fim, uma vez que conferem proteção ao óleo essencial contra

variações ambientais, possibilitando maior tempo de ação através da liberação seletiva de seus

compostos ao longo do tempo (Rodrigues-Rojo et al. 2012).

Neste trabalho, óleos essenciais de quatro plantas foram avaliados a fim de selecionar

métodos de controle eficientes e ambientalmente seguros para o carrapato bovino R.

microplus. A partir destes resultados, foi selecionado o óleo essencial de maior toxicidade

para formulação de emulsão e análise de sua eficácia.

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2. Material e Métodos

2.1. Óleos essenciais

Os óleos essenciais estudados foram extraídos de quatro espécies de plantas medicinais

e aromáticas: marmeleiro Croton sonderianus (Euphorbiaceae), patchouli Pogostemon cablin

(Lamiaceae); gerânio Pelargonium graveolens (Geraniaceae) e gengibre Zingiber officinale

(Zingiberaceae).

Estes óleos essenciais foram obtidos da Empresa Raros Naturals, localizada em

Macaíba, Rio Grande do Norte, Brasil. A única exceção foi o óleo essencial de Z. officinale,

obtido por hidrodestilação de biomassa seca em um aparelho tipo Clevenger adaptado, na

Universidade Federal de Sergipe - UFS, São Cristóvão (10°55'35"S, 37°6'14"O), Sergipe,

Brasil.

2.2. Análise química dos óleos essenciais das plantas

Amostras dos óleos essenciais de C. sonderianus, P. cablin, P. graveolens e Z.

officinale foram analisadas por cromatografia usando detectores de ionização por chama (CG-

FID) e espectrometria de massa (CG-EM). As condições cromatográficas foram: coluna

capilar de sílica fundida (30 m x 0,25 mm) com fase estacionária Zebron ZB-5MS (0,25 µm

de espessura de filme); hélio como gás de arraste com fluxo de 1,8 mL/min, a temperatura

programada mantendo 50°C por 2 min, seguida de um aumento de 4°C/min até atingir 200°C,

depois a 15°C até atingir 250°C mantendo constante esta temperatura por 15 min.;

temperatura do detector (ou interface) de 250°C; volume de injeção de 0,5 µL em

diclorometano; taxa de partição do volume a ser injetado de 1:100 e pressão na coluna de 166

kPa. Condições do espectrômetro de massa: detector de captura iônica operando por impacto

eletrônico e energia de impacto de 70 eV; velocidade de varredura 1.000; intervalo de

varredura de 0,50 fragmentos e fragmentos detectados de 40 a 500 Da.

Cada componente dos óleos essenciais foi identificado por meio da comparação de seu

espectro de massas com espectros avaliados pelo banco de dados (NIST 21 e NIST 107) do

equipamento, com espectros existentes na literatura e por comparação dos índices de retenção

calculados com aqueles da literatura (Adams, 2007). Os índices de retenção relativos (IRR)

foram determinados utilizando-se uma curva de calibração de uma série de n-alcanos (C8-C18)

injetados nas mesmas condições cromatográficas das amostras. A concentração dos

constituintes foi calculada através da área integral de seus respectivos picos, relacionada com

a área total de todos os constituintes da amostra.

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56

2.3. Formulação, caracterização e análise da emulsão de óleo essencial

As emulsões óleo-em-água (O/A) foram formuladas com teor de 2 e 10 % do óleo

essencial de patchouli (OEP) adicionado à mistura de tensoativo, co-tensoativo (T/CT)

Procetyl AC205 e ácido oleico (14% e 12,5% v/v, respectivamente) sob agitação magnética

de 500 rpm por 30 mim. Em seguida, foram adicionados 70% de água no sistema e feita

agitação por mais 30 min até a total homogeneização.

Alíquotas da emulsão foram analisadas ao longo do tempo (2, 15 e 30 dias) segundo o

método proposto no Guia de Estabilidade sugerido pela Agência Nacional de Vigilância

Sanitária (Brasil, 2004). Em cada tempo, foram analisadas as características macroscópicas,

microscópicas e os parâmetros físico-químicos.

2.3.1. Análises macroscópicas e microscópicas

As análises macroscópicas foram realizadas por observação visual para verificar

modificações como a separação de fase, formação de grumos, precipitados, coloração e odor

em relação ao padrão estabelecido. A análise microscópica para visualização do formato e

disposição das gotículas foi feita através da visualização de imagens obtidas com

microscópico Olympus BX51 F 4A06330, acoplado a câmera Olympus.

2.3.2. Ensaios físico-químicos

Para os ensaios físico-químicos foram analisadas a centrifugação e o pH da emulsão.

A centrifugação foi realizada em tubo de ensaio cônico graduado para centrífuga (Eppendorf

Centrifuge 5805 R). Para isso foi pesado em balança semi-analítica (Bioprecisa, Mod. FA

2104 N) 1,0g da amostra, a qual foi submetida à centrifugação com ciclo de 3500 rpm durante

trinta minutos à temperatura ambiente.

A determinação do pH foi baseada no método proposto por Borghetti & Knorst

(2006). As amostras da emulsão foram diluídas em água destilada (1:10 p/v) e

homogeneizadas à temperatura de 25°C ± 1. Para medição foi utilizado peagâmetro (PH TEC

- modelo PHS-3B) previamente calibrado com soluções de pH 7,0 e 4,0. As leituras foram

realizadas em triplicata.

2.4. Carrapatos

Para a obtenção dos carrapatos, bovinos foram mantidos isolados sem aplicação de

carrapaticidas por um tempo mínimo de 45 dias. Fêmeas ingurgitadas de R. microplus foram

coletadas diretamente sobre estes hospedeiros com o auxílio de pinças, no município de São

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Miguel do Aleixo (10° 23'26" S, 37° 22'42" O), Sergipe, Brasil. A identificação dos

carrapatos foi feita através de chaves taxonômicas específicas (Fletchman, 1990).

Os bioensaios foram conduzidos no laboratório Clínica Fitossanitária da Universidade

Federal de Sergipe (UFS), São Cristóvão (10°55'35"S, 37°6'14"O), Sergipe, Brasil. Foram

utilizadas fêmeas adultas e larvas das espécie R. microplus.

2.5. Bioensaio de imersão dos adultos

Um total de 570 fêmeas ingurgitadas de carrapato de ambas as espécies foram lavadas

com água destilada, secas em papel toalha e separadas de acordo com a massa para exposição

aos tratamentos. O bioensaio utilizado foi adaptado de Drummond (1973) no qual as fêmeas

ingurgitadas de R. microplus (200,2±4,0 mg/fêmea) foram imersas durante 2 minutos em 3

mL de volume final das soluções testadas.

Os bioensaios foram realizados em placas de Petri (4 cm de diâmetro, 2 cm de altura)

forradas com papel filtro, contendo 5 fêmeas ingurgitadas. O delineamento experimental foi

inteiramente casualizado. Todos os produtos aplicados foram emulsionados em água destilada

e Triton X-100 a 2%, como agente surfactante. Para o controle negativo as fêmeas foram

imersas somente em água destilada e Triton X-100 (2%), sendo realizadas 10 repetições. O

controle positivo foi realizado utilizando o produto comercial Natuneem® (óleo de

Azadirachta indica) na concentração recomendada para R. microplus (10 µl ml-1). Nestes

casos foram realizadas 4 repetições. Os demais tratamentos consistiram nos óleos essenciais

de C. sonderianus, P. cablin, P. graveolens e Z. officinale e a formulação (10% de óleo

essencial de P. cablin) nas concentrações: 1, 10, 20, 50 e 100 µl ml-1. Foram realizadas 4

repetições para cada combinação de tratamentos (4 óleos essenciais + 1 formulação x 5

concentrações x 1 espécie x 5 fêmeas/placa).

As placas cotendo as fêmeas tratadas foram cobertas com plástico transparente (filme

de PVC) e mantidas em estufa incubadora B.O.D. a 27±1ºC e 75±5% de umidade. Decorridos

14 dias após a oviposição os ovos foram pesados para determinação da produção de ovos por

fêmea (PO) (g).

Foi estabelecida a relação entre o número de ovos e a massa de ovos. Para tanto, 10

grupos de cerca de 70 mg de ovos provenientes de carrapatos não tratados tiveram suas

massas e suas respectivas quantidade de ovos determinadas. Para determinação da

porcentagem de eclosão dos ovos, foi retirada uma amostra (30 mg) de cada tratamento. Os

ovos foram colocados em tubos de ensaios previamente identificados, vedados com filme de

PVC e mantidos por 60 dias nas mesmas condições de temperatura e umidade citadas

anteriormente. Após este período, o número de larvas correspondente à massa de ovos

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(~30mg) foi contabilizado. Dessa forma, foi possível estimar o número de ovos existentes (ou

número de larvas estimado) em uma de massa de ovos para esta espécie de carrapato.

Com esses dados foi possível determinar os seguintes parâmetros reprodutivos

baseados nas fórmulas propostas por Stendel (1980):

i) Índice de postura (IP) = massa dos ovos (g)/ massa de fêmeas antes do tratamento (g);

ii) Inibição de oviposição (IO) (%) = [(IP grupo controle - IP grupo tratado)/ IP grupo

controle]*100;

iii) Eclosão de ovos (EO) (%) = (número larvas observado/ número de larvas estimado)*100;

iv) Eficiência reprodutiva (ER) (%) = IP*EO;

v) Controle da reprodução (CR) (%) = [(ER grupo controle - ER grupo tratado)/ ER grupo

controle]*100.

2.6. Bioensaio com as larvas

Os bioensaios de toxicidade das larvas foram realizados utilizando-se a metodologia

adaptada de Fao (2004). Envelopes de papel filtro (2 x 2 cm) foram tratados com 0,1ml das

soluções dos óleos essenciais de C. sonderianus, P. cablin, P. graveolens e Z. officinale

diluídos em acetona e com 0,1ml da formulação (2% de óleo essencial de P. cablin) diluída

em água. Testes preliminares mostraram que este solvente não apresenta toxicidade às larvas.

No controle negativo foi utilizado apenas acetona.

Após a evaporação do solvente cerca de 200 larvas foram depositadas no interior do

envelope, o qual foi lacrado com clipes do tipo “buldogue”. Concentrações que resultaram em

mortalidades maiores que zero e menores que 100% foram utilizadas para a determinação das

curvas de concentração-mortalidade. Foram utilizadas em média 12 concentrações para cada

óleo essencial.

O delineamento experimental foi inteiramente casualizado com três repetições para

cada combinação (óleo essencial x concentração x 200 larvas). Os envelopes foram colocados

em placas de Petri (9 cm de diâmetro, 2 cm de altura) cobertas com plástico transparente

(filme de PVC). As placas foram mantidas em estufa incubadora B.O.D. a 27±1ºC e 75±5%

de umidade. Decorridas 48 horas após a montagem dos bioensaios o número de indivíduos

vivos e mortos foram contabilizados com o auxílio de um estereomicroscópio binocular 40x

de marca Edutec (aumento 40X).

2.7. Análises dos dados

As análises dos dados foram realizadas com o auxílio do programa estatístico SAS

Institute (2002). Os parâmetros reprodutivos PO, IP, IO, EO, ER e CR foram submetidos à

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análise de variância, com P<0,05 (PROC MIXED, SAS). As análises testaram se estes

parâmetros diferem em relação aos óleos essenciais, suas concentrações (1, 10, 20, 50 e 100

µl ml-1) e interações entre óleos essenciais x concentrações. Análise de variância também foi

realizada para testar a variação dos parâmetros reprodutivos em relação às concentrações da

formulação à base do óleo essencial de patchouli.

O efeito dos óleos essenciais e do controle positivo em relação a todos os parâmetros

(PO, IP EO e ER) foi comparado com o controle negativo (H2O+Triton 2%) pelo teste de

Dunnett a P<0,05 (PROC GLM, SAS). Já as diferenças entre as médias de IO e CR foram

comparadas pelo teste de Tukey a P<0,05 (PROC GLM, SAS).

Os resultados de mortalidade das larvas foram corrigidos em relação à mortalidade

ocorrida na testemunha usando-se a fórmula de Abbott (1925). Análises de Probit foram

realizadas para determinar as curvas de concentração-mortalidade dos óleos essenciais e da

emulsão do óleo de P. cablin para as larvas de R. microplus. Foram aceitas apenas as curvas

que mostraram distribuição de Probit, através do teste 2, com probabilidade maior que 0,05

(PROC PROBIT; SAS). A partir destas curvas foram estimadas as concentrações letais para

causar mortalidade de 1%, 50% e 99% das populações (CL01; CL50 e CL99) e seus respectivos

intervalos de confiança a 95% de probabilidade.

Analise de regressão foi realizada para verificar a mortalidade das larvas em relação ao

aumento da concentração da emulsão a base do óleo essencial de P. cablin. O efeito do óleo

essencial de P. cablin e da emulsão à base do óleo essencial de P. cablin em diferentes

concentrações sobre todos os parâmetros reprodutivos foram comparados através de ANOVA.

3. Resultados e discussão

A composição dos óleos essenciais de C. sonderianus, P. cablin, P. graveolens e Z.

officinale analisada em GC-MS e GC-FID está representada na Tabela 1. Foram identificados

15 componentes no óleo essencial de P. cablin, sendo o patchoulol o composto majoritário

(55,04%). A composição química do patchouli é rica em terpenos (Bettoni et al. 2010)

especificamente formada por mono e sesquiterpenos, sendo estes últimos, a classe

predominante. Os componentes encontrados como majoritários no óleo essencial de C.

sonderianus foram o pineno (15,01%) e o E-cariofileno (8,66%). Este óleo essencial

apresenta, principalmente, monoterpenos e sesquiterpenos que conferem a esta planta

atividades larvicida e antimicrobriana (Lima, et al. 2006). Para P. graveolens os compostos

citronelol (29,11%) e geraniol (19,14%) apresentaram maior porcentagem. Existem variações

significativas na composição do óleo de P. graveolens dependendo dos cultivares e das

condições de cultura, porém a maioria dos óleos essenciais desta espécie é rica em álcool

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monoterpeno, principalmente geraniol (Misra and Srivastava, 2010). Este composto tem sido

apontando como apresentando significativa atividade carrapaticida (Pirali-Kheirabadi et al.

2009). Já o óleo essencial de Z. officinale apresentou como compostos majoritários o geranial

(30,79%) e neral (20,25%). A atividade pesticida deste óleo pode ser atribuída principalmente

à presença de terpenos, como o citral (mistura de isômeros neral e geranial) (Soares et al,

2011).

A atividade pesticida dos terpenos é atribuída ao fato destes compostos alterarem o

desenvolvimento do invertebrado e provocarem mudanças fisiológicas que podem inibir a

reprodução (Omar et al. 2007). Compostos como os mono e sesquiterpenos são de

fundamental importância para a regulação da oviposição em vários artrópodes (Cossío-

Bayúgar et al. 2012), incluindo carrapatos (Rodriguez-Valetin et al. 2006; Cossío-Bayúgar et

al. 2012).Tais compostos possuem comprovada atividade carrapaticida sobre R. microplus

(Facey et al. 2005) por agirem em receptores octopaminérgicos, que atuam como

neurotransmissores, neuromoduladores e neurohormônios em invertebrados (Price and Berry,

2006).

A eficácia dos óleos essenciais testados foi avaliada considerando-se seu efeito na

oviposição das fêmeas. Os resultados da produção de ovos (g), índice de postura e a inibição

da oviposição (%) das fêmeas ingurgitadas sob os diferentes tratamentos são apresentados na

Tabela 2. Óleos essenciais e suas concentrações diferiram em relação aos seus efeitos na

produção de ovos (F4;90=4,12, P=0,004 e F5;90=8,71, P<0,001), no índice de postura

(F4;90=3,10, P=0,019 e F5;90=7,54, P<0,001) e na inibição da oviposição das fêmeas

(F4;75=3,39, P=0,013 e F4;75=4,05, P=0,005), respectivamente. Entretanto, não houve

diferença em relação à interação destas variáveis (F20;90=0,68, P=0,835; F20;90=0,60, P=0,906

e F16;75=0,67, P=0,817, respectivamente).

O óleo essencial de P. cablin (10% v/v) demonstrou alta eficiência, reduzindo

significativamente a produção de ovos por fêmea e o índice de postura em relação ao controle,

aos demais óleos essenciais testados e ao produto comercial Natuneem®. A inibição de

oviposição causada pelo óleo essencial de P.cablin (10% v/v) chegou a 72%.

O efeito carrapaticida dos óleos essenciais de plantas tem sido atribuído à redução na

quantidade de proteínas e lipídios endógenos nos ovários e óocitos das fêmeas, ocasionando

redução na oviposição (Williams, 1993). Porter et al. (1995) sugeriram que as substâncias

presentes no óleo teriam efeito nas sinapses neuromusculares, o que poderia interferir na

oviposição dos carrapatos, uma vez que este processo ocorre de forma massiva e quase

explosiva, exigindo muita contração da musculatura lisa (Cossío-Bayúgar et al. 2012). De

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fato, ao examinar ovários de telógenas expostas a óleos essenciais, Williams et al. (1997)

verificaram significativa degeneração das células nesse órgão.

Mesmo que as fêmeas sejam capazes de ovipositar mediante tratamento com óleos

essenciais, a viabilidade destes ovos deve ser considerada. A eclosão dos ovos, a eficiência

reprodutiva e o controle da reprodução das fêmeas ingurgitadas de R. microplus após

exposição aos tratamentos estão descritos na Tabela 3. Houve diferenças na eclosão dos ovos

(F4;90=12,30, P<0,001; F5;90=12,38, P<0,001 e F20;90=2,37, P=0,003), na eficiência

reprodutiva (F4;90=9,24, P<0,001; F5;90=26,69, P<0,001 e F20;90=1,95, P=0,017) e no controle

da reprodução (F4;75=9,50, P<0,001; F5;75=17,98, P<0,001 e F16;75=2,64, P=0,003) entre os

óleos essenciais, suas concentrações e interações entre estas variáveis, respectivamente. A

eclosão dos ovos e a eficiência reprodutiva foram significativamente reduzidas quando as

fêmeas foram tratadas com os óleos essenciais de C. sonderianus, P. cablin (10% v/v) e

Natuneem® (Tabela 3). Por outro lado, o controle da reprodução para o óleo essencial de

P.cablin (10% v/v) chegou a 90%, valor muito superior ao observado para todos os outros

tratamentos (Tabela 3).

A atividade carrapaticida dos óleos essenciais sobre as larvas de R. microplus estão

mostradas na Tabela 4. Os valores das CL50 mostram que os óleos essenciais de P. cablin e P.

graveolens apresentaram maior eficiência (CL50 = 0,224 e 0,131 μl ml-1, respectivamente) na

mortalidade das larvas do que o Natuneem (CL50 = 16,58). O óleo essencial de P. cablin

também mostrou CL90 (= 0,365) muito inferior à observada para os demais tratamentos e

causou uma resposta mais homogênea na mortalidade das larvas (maior inclinação da curva

concentração-mortalidade).

Outros trabalhos testando óleos essenciais contra larvas de R. microplus mostraram

menor eficiência do que a observada aqui para P. cablin (CL90=0,365 μl ml-1). O óleo

essencial de canela amarga, Drymis brasiliensis, causou 95-98% da mortalidade de larvas em

R. microplus e R. sanguineus numa concentração de 3,125 μl ml-1 (Ribeiro et al. 2007). Já o

óleo essencial de Hesperozygis ringens teve a CL99 = 0,541μl ml-1 (Ribeiro et al. 2010). Além

disso, a maior bioatividade de P. cablin em relação ao Natuneem ressalta o potencial de uso

do óleo essencial desta planta contra R. microplus. O neem Azadirachta indica (Lamiaceae) é

uma das plantas mais intensivamente estudadas no mundo, sendo amplamente utilizada no

controle de insetos praga e artrópodes parasitas (Mulla and Su, 1999; Benavides et al. 2001;

Webb and David, 2002; Srivastava et al. 2008).

Considerando que entre os óleos essenciais testados, o óleo de P. cablin mostrou

maior controle sobre R. microplus, este óleo foi utilizado para formulação de emulsão.

Fotomicrografias da emulsão do óleo essencial de P. cablin a 2 e 10% são mostradas na

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Figura 1. A forma arredondada e a dispersão homogeneizada das partículas do óleo na

emulsão indicam a boa proteção do material. A emulsão do óleo essencial foi ainda mais

potente no controle reprodutivo dos carrapatos. A eficiência da emulsão do óleo essencial de

P. cablin (10%) sobre os parâmetros reprodutivos de R. microplus é apresentada na Tabela 5.

A emulsão (10%) apresentou maior eficiência em todos os parâmetros testados em relação ao

controle. A atividade carrapaticida da emulsão de P. cablin (2%) sobre larvas de R. microplus

está representada na Figura 2. A CL50 da emulsão de P. cablin (0,094) foi muito inferior à

observada para o óleo essencial de P. cablin (CL50=2,24) (Tabela 4). A atividade da emulsão

de P. cablin a 10% e do óleo essencial de P. cablin sobre os parâmetros reprodutivos de

fêmeas são comparados na Fig. 3. A emulsão de P. cablin (a 10%) não diferiu do óleo

essencial de P. cablin em relação à produção de ovos/fêmea, índice de postura e inibição da

oviposição. No entanto, a emulsão de P. cablin a 10% mostrou redução na porcentagem de

eclosão das larvas e na eficiência reprodutiva, resultando em maior controle reprodutivo das

fêmeas de R. microplus do que o óleo essencial de P. cablin (Fig. 3).

Desta forma, o óleo essencial foi potencializado quando transformado em concentrado

emulsionável. Ao contrário do óleo essencial que tem caráter apenas lipofílico, a emulsão

possui propriedades hidrofílica e lipofílica (Odhiambo, 1982). Na emulsão há redução do

tamanho das partículas do óleo, modificando as forças entre as moléculas da água, permitindo

assim que as moléculas dos monoterpenos penetrem facilmente nos organismos (Chagas et al.

2002).

4. Conclusão

O óleo essencial de Pogostemon cablin (Lamiaceae) e a formulação feita através deste

óleo apresentam atividade carrapaticida sobre o carrapato R. microplus, limitando a

reprodução e a viabilidade dos ovos da fêmea. Desta forma, este óleo essencial representa

potencial promissor para uso como biocaricida.

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Tabela 1 Composição química dos óleos essenciais estudados caracterizados por GC/MS e GC/FID. Composto IRa Óleo essencial e média da área do pico (%)b

C. sonderianus P. cablin P. graveolens Z. officinalis

Tricyclene 918 -

0,79±0,05

α-Pineno 937 15,01±0,88 α-Fenchene 938

3,37±0,19

Sabineno 976 0,89±0,05 6-methyl-5-Hepten-2-one 978

1,28±0,06

-Pineno 980 1,26±0,06 Myrcene 993 0,68±0,01

1,05±0,02

ρ-Cimeno 1027 0,81±0,003 -Phellandrene 1029

3,57±0,42

1,9-Cincole 1030

6,14±0,03

Limoneno 1032 5,97±0,71

1,15±0,08

1,8-Cineol 1035 4,07±0,02 2-Nonanone 1089

0,66±0,05

2-Nonanol 1100

0,64±0,08

Linalol 1101 0,79±0,06

0,79±0,34 1,04±0,35

cis-Rose oxide 1112

0,31±0,01 Citronellal 1150

1,09±0,01

iso-Menthone 1167

0,85±0,003 Rosefuranepoxide 1171

2,08±0,08

α-Terpineol 1194

2,17±0,02

Citronellol 1231

29,11±0,16 2,05±0,01

Neral 1244

0,38±0,02 20,25±0,81

Geraniol 1257

19,14±0,18 2,30±0,02

Geranial 1273

0,82±0,02 30,79±0,78

Citronellyl formate 1277

10,83±0,02 2-Undecanone 1290

1,13±0,01

Geranyl formate 1304

7,09±0,06 δ-Elemeno 1344 0,52±0,26

α-Copaeno 1384 1,23±0,01

0,32±0,01 Geranyl acetate 1386

0,41±0,21

-Patchoulene 1387

0,99±0,01 -Bourbonene 1390 1,94±0,06

0,73±0,16

-Elemeno 1396 3,36±0,04 0,42±0,01 1,06±0,68 Cycloseychellene 1416

0,50±0,01

E-Cariofileno 1426 8,66±0,37 1,14±0,02 2,11±0,35 -Copaeno 1432 0,95±0,04

Aromadendreno 1440 1,69±0,05 α-Guaiene 1443

7,05±0,09 1,06±0,33

6,9-Guaiadiene 1449

11,84±0,10 Seychellene 1450

7,40±0,08

α-Humuleno 1460 1,49±0,02 0,22±0,11 0,28±0,14 α-Patchoulene 1463

3,82±0,13

Allo-Aromadendrene 1467

0,41±0,22 continua…

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64

continuação da Tabela 1

Composto IRa Óleo essencial e média da area do pico (%)b

C. sonderianus P. cablin P. graveolens Z. officinalis

9-epi-(E)-Caryophyllene 1469 1,61±0,04 0,93±0,07 Geranyl propanoate 1475

0,85±0,04

Ar-Curcumene 1479

2,15±0,02

D-Germacreno 1487 1,30±0,05

2,01±0,02 Trans-4(14), 5-muurola 1493 3,37±1,12

α-Zingiberene 1494

4,35±0,06

-Amorphene 1498

1,08±0,02

Aciphyllene 1504

1,14±0,02 -Bisabolene 1506

1,18±0,09

Biciclogermacreno 1509 8,24±1,62 α-Bulnesene 1512

9,11±0,17

-Sesquiphellandrene 1522

2,03±0,07

Cubenol 1526 0,90±0,06 δ-Cadineno 1534 1,25±0,14 Elemol 1547

0,55±0,01

(E)-Nerolidol 1559

0,59±0,01

Geranyl butanoate 1562

1,56±0,05 Óxido de cariofileno 1592 4,26±0,61 1,77±0,02

Espatulenol 1595 19,50±1,92 Viridiflorol 1615 0,85±0,10 2-Epóxido humuleno 1626 0,60±0,33 Allo epóxido de aromadendreno 1653 0,90±0,12 α-Muurolol 1660 1,13±0,15 Pogostol 1664

3,39±0,07

α-Cadinol 1669 1,00±0,32 Patchoulol 1673

55,04±0,17

E-14-hidroxi-9-epi-cariofileno 1680 1,24±0,27 Kusinol 1685 1,25±0,11 E-Tiglato citronelil 1686 0,22±0,22 Geranyl tiglate 1703

2,07±0,03

Total detectado(%) 96,91 93,36 93,62 93,48 a Índice de retenção calculado utilizando a equação de Van den Dool e Kratz 1963 em relação a uma série

homóloga de n-alcanos (nC9- nC18). b Valores do conteúdo dos compostos obtido pela média de três diferentes determinações obtidas por GC/MS. Traços indicam que o composto não foi encontrado.

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Tabela 2

Valor médio (±EPM) da produção de ovos por fêmea (g), do índice de postura e da inibição de oviposição (%) de fêmeas ingurgitadas de

Rhipicephalus microplus tratadas com cinco concentrações de quarto óleos essenciais e o óleo de Azadirachta indica (Natuneem).

Óleo essencial Concentração (% v/v)

Controleb 0,1 1 2 5 10

Produção de ovos por fêmeas (g)a

C. sonderianus 0,108±0,009 Aa 0,094±0,006 Aa 0,084±0,004 Aa 0,083±0,008 Aa 0,090±0,009 Aa 0,068±0,024 Aa

P. cablin 0,097±0,005 Aa 0,077±0,010 Aa 0,074±0,007 Aa 0,059±0,009 Aa 0,068±0,010 Aa 0,024±0,009 Bb

P. graveolens 0,117±0,017 Aa 0,094±0,014 Aa 0,081±0,020 Aa 0,077±0,006 Aa 0,086±0,010 Aa 0,080±0,027 Aa

Z. officinalis 0,107±0,009 Aa 0,097±0,009 Aa 0,079±0,005 Aa 0,073±0,004 Aa 0,077±0,005 Aa 0,081±0,006 Aa

Natuneemc 0,123±0,017 Aa 0,078±0,007 Ab 0,093±0,011 Ab 0,094±0,006 Ab 0,081±0,010 Ab 0,066±0,010 Ab

Índice de posturaa

C. sonderianus 0,532±0,028 Aa 0,451±0,019 Aa 0,448±0,028 Aa 0,440±0,057 Aa 0,424±0,042 Aa 0,348±0,123 Aa

P. cablin 0,513±0,052 Aa 0,416±0,041 Aa 0,383±0,031 Aa 0,333±0,052 Aa 0,351±0,029 Aa 0,139±0,051 Bb

P. graveolens 0,576±0,076 Aa 0,475±0,070 Aa 0,413±0,104 Aa 0,390±0,016 Aa 0,416±0,037 Aa 0,385±0,130 Aa

Z. officinalis 0,531±0,028 Aa 0,529±0,023 Aa 0,426±0,018 Aa 0,413±0,044 Aa 0,415±0,040 Aa 0,412±0,029 Aa

Natuneemc 0,516±0,082 Aa 0,429±0,015 Aa 0,459±0,033 Aa 0,467±0,043 Aa 0,413±0,034 Aa 0,351±0,043 Aa

Inibição de oviposição (%)a

C. sonderianus - 15,08±3,58 Aa 15,72±5,27 Aa 17,23±10,74 Aa 20,34±7,98 Aa 34,47±23,17 Ba

P. cablin - 18,81±7,94 Ab 25,20±6,04 Ab 35,01±10,10 Ab 31,60±5,58 Ab 72,94±9,87 Aa

P. graveolens - 18,56±11,52 Aa 28,31±18,09 Aa 32,33±2,84 Aa 27,81±6,42 Aa 33,13±22,63 Ba

Z. officinalis - 3,25±3,25 Aa 19,70±3,41 Aa 22,20±8,35 Aa 21,88±7,48 Aa 22,45±5,43 Ba

Natuneemc - 14,61±5,01 Aa 10,62±6,42 Aa 10,17±6,32 Aa 19,74±6,68 Aa 30,05±10,24 Ba a Valores seguidos pela mesma letra, maiúsculas na coluna e minúsculas na linha, possuem médias que não diferem, entre si, pelo teste de Scott-knott a P<0,05. b Controles negativo utilizando água destilada e Triton a 2%. c Produto comercial a base do óleo de Azadirachta indica .

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Tabela 3

Valor médio (±EPM) da eclosão de ovos (%), da eficiência reprodutiva (%) e do controle da reprodução (%) de fêmeas ingurgitadas de Rhipicephalus

microplus tratadas com cinco concentrações de quarto óleos essenciais e o óleo de Azadirachta indica (Natuneem).

Óleo essencial Concentração (% v/v)

Controleb 0,1 1 2 5 10

Eclosão (%)a

C. sonderianus 89,49±5,96 Aa 84,15±9,75 Ba 92,21±5,62 Aa 90,94±2,91 Aa 67,42±5,13 Bb 44,14±2,21 Cc P. cablin 99,76±0,08 Aa 99,75±0,04 Aa 92,62±3,17 Aa 99,02±0,49 Aa 95,31±3,91 Aa 34,93±23,58 Cb P. graveolens 99,58±0,12 Aa 84,83±9,31 Ba 77,07±9,84 Aa 80,19±7,76 Aa 76,00±10,06 Aa 71,78±3,49 Ba Z. officinalis 98,73±0,90 Aa 99,43±0,17 Aa 98,21±1,08 Aa 91,53±6,47 Aa 97,18±1,51 Aa 98,92±0,48 Aa Natuneemc 92,10±4,17 Aa 67,24±9,96 Bb 73,94±12,67 Aa 59,34±13,77 Bb 60,62±12,11 Bb 46,84±8,03 Cb

Eficiência reprodutiva (%)a

C. sonderianus 47,58±2,52 Aa 37,99±1,60 Ba 41,32±2,58 Aa 40,04±5,21 Aa 28,55±2,86 Ab 15,38±5,44 Cc P. cablin 51,14±5,18 Aa 41,52±4,06 Bb 35,52±2,87 Ab 32,99±5,12 Ab 33,42±2,73 Ab 4,84±1,77 Cc P. graveolens 57,33±7,59 Aa 40,32±5,94 Bb 31,81±8,02 Ab 31,24±1,31 Ab 31,59±2,81 Ab 27,63±9,35 Bb Z. officinalis 52,43±2,79 Aa 52,61±2,33 Aa 41,88±1,78 Ab 37,82±4,06 Ab 40,31±3,86 Ab 40,74±2,85 Ab Natuneemc 47,50±7,56 Aa 28,83±1,00 Bb 33,93±2,46 Ab 27,71±2,56 Ab 25,05±2,05 Ab 16,44±2,02 Cb

Controle da reprodução (%)a

C. sonderianus - 20,15±3,37 Bc 13,16±5,43 Ac 16,30±10,70 Ac 39,99±6,01 Ab 67,67±11,43 Ba P. cablin - 18,81±7,94 Bb 30,55±5,60 Ab 35,49±10,02 Ab 34,65±5,33 Ab 90,53±3,46 Aa P. graveolens - 29,68±10,35 Aa 44,52±14,00 Aa 45,51±2,28 Aa 44,90±4,90 Aa 51,80±16,31 Ba Z. officinalis - 3,09±3,09 Ba 20,12±3,39 Aa 27,87±7,74 Aa 23,11±7,36 Aa 22,30±5,44 Ca Natuneemc - 39,29±2,11 Ab 24,36±8,80 Ab 41,66±5,38 Ab 47,27±4,31 Ab 65,39±4,26 Ba

a Valores seguidos pela mesma letra, maiúsculas na coluna e minúsculas na linha, possuem médias que não diferem, entre si, pelo teste de Scott-knott a P<0,05. b Controles negativo utilizando água destilada e Triton a 2%. c Produto comercial a base do óleo de Azadirachta indica .

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67

Tabela 4

Atividade carrapaticida (CL50 e CL90) de quarto óleos essenciais e do oleo de Azadirachta

indica (Natuneem) sobre larvas de Rhipicephalus microplus após 48 horas de exposição.

Óleo essencial N a CL50 (μl ml-1) b

(IC95) CL90 (μl ml-1) b

(IC95) c χ² P

C. sonderianus 9783 14,11

(13,71±14,46) 17,17

(16,63±17,91) 1,50 1,72 0,574

P. cablin 8056 0,224

(0,210±0,239) 0,365

(0,334±0,409) 6,01 3,09 0,211

P. graveolens 8780 0,131

(0,099±0,170) 11,06

(0,759±18,14) 1,38 5,07 0,077

Z. officinalis 8694 16,07

(14,55±17,89) 38,30

(32,15±48,63) 3,39 4,47 0,105

Natuneemd 2403 16,58

(13,55±21,09) 111,7

(71,02±222,8) 1,55 4,91 0,084

a Número de larvas de R. microplus. b CL: concentração letal; IC: intervalo de confiança a 95%. c=inclinação da curva. d Produto comercial a base do óleo de Azadirachta indica .

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Figura 1. Fotomicrografia da emulsão O/A através da

microscopia óptica com 2% (A e B) e 10% (C e D) de

óleo essencial de P. cablin com 50.000x e 100.000x

de aumento, respectivamente.

A B

C D

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Tabela 5

Valor médio (±EPM) da produção de ovos por fêmea (g), do índice de postura, da inibição de oviposição (%), da eclosão (%), da eficiência reprodutiva

(%) e do controle da reprodução (%) de fêmeas ingurgitadas de Rhipicephalus microplus tratadas com a emulsão de P. cablin a 10%.

Concentração

(% v/v)b Produção de ovos por fêmeas (g)a

Índice de

posturaa Inibição de

oviposição (%)a Eclosão (%)a

Eficiência reprodutiva (%)a

Controle da reprodução (%)a

Controlec 0,116±0,008 a 0,500±0,029 a - 93,08±5,03 a 46,54±2,67 a -

0,01 0,076±0,011 b 0,441±0,040 a 13,78±6,54 b 60,82±8,72 b 26,80±2,43 b 42,41±5,22 b

0,1 0,058±0,002 b 0,411±0,021 a 17,73±4,11 b 63,26±10,44 b 26,02±1,30 b 44,09±2,79 b

1 0,061±0,004 b 0,386±0,021 a 22,84±4,20 b 59,94±3,34 b 23,12±1,26 b 50,32±2,71 b

2 0,046±0,006 b 0,284±0,020 b 43,12±4,10 a 60,08±7,63 b 17,09±1,23 c 63,28±2,64 a

5 0,046±0,009 b 0,253±0,039 b 49,38±7,78 a 56,64±8,34 b 14,34±2,20 c 69,20±4,73 a a Valores seguidos pela mesma letra possuem médias que não diferem, entre si, pelo teste de Scott-knott a P<0,05. b Concentração do óleo essencial de P. cablin na emulsão a 10%. c Controles negativo utilizando água destilada e Triton a 2%.

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Figura 2. Atividade carrapaticida da emulsão de P. cablin (2%) sobre larvas de Rhipicephalus

microplus após 48 horas de exposição. N=número de larvas; CL: concentração letal (µl do

óleo essencial de P. cablin/ ml da emulsão); IC: interval de confiança a 95%.

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Figura 3. Atividade da emulsão de P. cablin a 10% sobre os parâmetros reprodutivos de

fêmeas ingurgitadas de Rhipicephalus microplus. Médias com “*” indicam diferenças entre o

óleo essencial de P. cablin e a emulsão de P. cablin a 10%.

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6. CONCLUSÕES GERAIS

Os resultados obtidos neste trabalho permitem concluir que os óleos essenciais são

uma estratégia importante e promissora para o controle dos carrapatos. O óleo essencial de

vetiver C. zizanioides de valor de acidez alta e valor de acidez baixa apresentaram atividade

carrapaticida para o A. cajennense e o R. microplus. O óleo essencial de patchouli, P.cablin

foi o mais tóxico quando comparado aos óleos de marmeleiro C. sonderianus, gerânio P.

graveolens, e gengibre Z. officinale no controle do R.microplus. A emulsão feita a partir desse

óleo apresentou maior toxicidade a este carrapato quando comparada ao óleo essencial de P.

cablin. Assim, pode se concluir que a emulsão permite que as moléculas de monoterpenos

penetrem facilmente nos organismos.

Novos estudos devem ser realizados utilizando compostos majoritários dos óleos

essenciais, a fim de verificar quais os componentes que causaram os efeitos carrapaticidas.

Outras pesquisas poderão ser feitas para detectar mortalidade das fêmeas e repelência

utilizando estes óleos essenciais.

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