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Leonardo Brito (Depto de História Colégio Pedro II/ PPGH-UFF)

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Page 1: Leonardo Brito (Depto de História Colégio Pedro II/ PPGH-UFF)

Leonardo Brito (Depto de História Colégio Pedro II/ PPGH-UFF)

Page 2: Leonardo Brito (Depto de História Colégio Pedro II/ PPGH-UFF)

Noam Chomsky – Filadélfia - PA (1928).

Egresso de uma família judaica ativista, seu pai, William (Zev) Chomsky, foi um destacado estudioso de hebraico que dedicou boa parte de sua vida ao estudo do idioma. Chomsky foi desde muito cedo intensamente influenciado pelo ambiente intelectualizado que caracterizou seu cotidiano familiar. Chegara a se envolver na juventude nos movimentos dos Kibutzin e quase sempre se interessou pelas ações do Estado Judeu. Foi durante parte considerável de sua vida filiado a uma perspectiva sionista de esquerda que nos dias de hoje e ironicamente, segundo o próprio Chomsky, seria considerado alguma variável de anti-sionismo.

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Bertrand Russel (Caminhos para a Liberdade: Socialismo, anarquismo e sindicalismo).

Marxistas não bolcheviques: Paul Mattick, Anton Pannekoek , Karl Korsch e Rosa Luxemburgo.

Mikhail Bakunin;

Pierre Joseph Proudhon;

Anarcosindicalista alemão Rudolf Rocker.

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A importância de periódicos de crítica política como o Politcs, New Essays e o Living Marxism (EUA- décadas de 1940 e 1950) para a formação do pensamento chomskyano.

O radical posicionamento antibolchevique e antitotalitário observado em Mattick, Korsch, Pannekoeck e Chomsky representariam um importante elo de identificação destes pensadores no tocante ao socialismo libertário. Como contumazes críticos da experiência socialista soviética, anti-leninistas e anti-stalinistas acreditavam que a revolução social tal qual imaginada envolveria uma reviravolta no sistema de produção, presente tanto nas sociedades capitalistas como na experiência socialista derivada da ascensão bolchevique na Rússia pós 1917. Os trabalhadores deveriam ter o controle sobre o seu trabalho e controle sobre seu destino, essa é um perspectiva muito cara à crítica destes expoentes da esquerda libertária.

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“Os Novos Mandarins”. Em três ensaios publicados entre 1966 e 1968 Chomsky, atuando no Departamento de Linguística do MIT, tece duras críticas à parte da intelectualidade norte-americana. O apoio desta intelectualidade à Guerra do Vietnã (1965-1973).

Três ensaios são fundamentais na obra de Chomsky acerca da “Responsabilidade dos intelectuais”:

-A Responsabilidade dos Intelectuais ( originalmente de junho-1966)

- Algumas considerações sobre os intelectuais e as escolas (outono- 1966).

-Objetividade e Pensamento Liberal (março-1968).

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“Os grandes capitalistas explicam sua posição de domínio afirmando que tem um cérebro e as outras pessoas não o tem. Da mesma forma, são hoje especialmente os intelectuais, considerando-se legítimos senhores do amanhã que declaram sua superioridade espiritual... se consideram pessoas mais bem dotadas intelectualmente...estão destinados a se tornar os líderes da produção, enquanto as massas destituídas de talento executarão as tarefas braçais, para as quais não é necessário cérebro”.

(Anton Pannekoek , Workers Councils -1947-, citado por Chomsky, Objetividade e Pensamento Liberal).

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“Uma das coisas que os intelectuais fazem é justamente tornar questões [específicas do estudo da História, política internacional ou da economia política internacional] inacessíveis, por várias razões de dominação e interesse pessoal. È muito natural para os intelectuais fazerem as coisas simples parecerem difíceis.”

(CHOMSKY: Anarquismo, Intelectuais e Estado In Notas sobre o Anarquismo. Entrevista à André Inoue e Pablo Ortellado -estudantes de História da USP em

1996).

“ A Universidade não é o lugar onde o conhecimento teórico será buscado, testado e codificado sem pretensões ao poder”

(CHOMSKY. Objetividade e Pensamento Liberal IN O Poder Americano e os Novos Mandarins. 1967/69).

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Chomsky escreve em 1970 o prefácio da edição em inglês do livro Anarquismo: da teoria à prática de Daniel Guérin.

Chomsky, citando diretamente o anarcosindicalista alemão Rocker, expõe o que entende por anarquismo:

O anarquismo não é um sistema social fixo e fechado, mas uma tendência definida no desenvolvimento histórico humano que, em contraste com a tutela intelectual de todas as instituições governamentais e clericais, luta pelo livre desenvolvimento, sem qualquer bloqueio, de todas as forças individuais e sociais da vida. Mesmo a liberdade é apenas um conceito relativo, não absoluto, visto que ela tende constantemente, a tornar-se a mais ampla e afetar circulos mais extensos, das mais variadas maneiras. Para o anarquista, a liberdade não é um conceito abstrato e filosófico (...)

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(...)mas a possibilidade concreta essencial de todo ser humano desenvolver completamente suas faculdades, as capacidades e as habilidades com as quais a natureza o dotou, e convertê-las em valor social. Quanto menos esse desenvolvimento natural do homem for influenciado pela proteção política ou eclesiástica, mais eficiente e harmoniosa se tornará a personalidade humana, mais ela se tornará a medida da cultura intelectual da sociedade em que foi desenvolvida (...).

(ROCKER, R. Anarcosindicalismo citado por Chomsky em Notas sobre o Anarquismo. P. 18)

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Referência a Bakunin: (Notas sobre o Anarquismo).

“O leninismo refere-se a um tipo de marxismo que se desenvolveu com V. I. Lenin. Você está implicitamente distinguindo os trabalhos de Marx da análise particular que você faz de Lenin, quando utiliza o termo leninismo? Você vê uma continuidade entre as posições de Marx e as práticas posteriores de Lenin?” (Perguntado pelo escritor e crítico Kevin Doyle em entrevista de maio de 1995, -Revista Red and Black, nº 2)

As advertências de Bakunin sobre a burocracia Vermelha que “iria instituir o pior de todos os governos despóticos” foram muito anteriores a Lenin e eram dirigidas contra os seguidores de Marx (...) (p.62)

“Nenhum Estado, por mais democráticas que sejam as suas formas “, escreveu Bakunin, “nem mesmo a república política mais vermelha, popular apenas no sentido desta mentira conhecida pelo nome de representação do povo, está em condições de dar a este o que ele precisa, isto é, a livre organização de seus próprios interesses, de baixo para cima, sem nenhuma ingerência, tutela ou coerção de cima, porque todo Estado (...) mesmo pseudo popular como o Estados imaginado pelo Sr. Marx, não é outra coisa em sua essência, senão o governo das massas de cima para baixo, com uma minoria intelectual (...)O Povo, contudo, não terá vida fácil quando o porrete que o espancar se chamar popular (...)” (BAKUNIN, Estatismo e anarquia. 1873 citado por Chomsky. P.21)

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“Sou um amante fanático da liberdade , considerando-a a única condição sob a qual a inteligência, dignidade, a felicidade humana podem se desenvolver e crescer; não a liberdade formal, puramente concedida e regulada pelo Estado, uma mentira eterna, que na realidade, nada mais representa do que o privilégio de alguns fundado na escravidão dos demais; não a liberdade fictícia, desgastada, egoísta e individualista, exaltada pela escola de J.J. Rousseau e outras escolas do liberalismo burguês (...)Não, eu quero dizer o único tipo de liberdade que é digno do nome, liberdade que consiste no completo desenvolvimento de todas as faculdades morais, intelectuais e materiais que estão latentes em cada pessoa; a liberdade que não reconhece outras restrições, visto que essas leis de nossa propria natureza individual, que não podem ser propriamente restrições, visto que essas leis não são impostas por algum legislador que está de fora, proximo ou acima de nós, mas são intrínsecas e inerentes, formando a base real de nossa existência moral, intelectual e material – elas não nos limitam, mas são as condições imediatas e reais de nossa liberdade”.

BAKUNIN, M. La Commune de Paris et la notion de l’Etat apud Chomsky. Notas sobre o Anarquismo. P. 23)

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“O anarquista coerente, portanto, deve ser um socialista as um socialista de um tipo particular. Ele não se oporá somente ao trabalho alienado e especializado e buscará a apropriação do capital por todo o corpo de trabalhadores, mas irá também insistir para que essa apropriação seja direta, não exercida por uma força da elite agindo em nome do proletariado. Ele irá, em síntese, se opor: à organização da produção pelo governo. Isso significa socialismo de Estado, o comando dos oficiais do Estado em relação à produção e o comando dos gestores, cientistas, oficiais nas fábricas [...]o objetivo da classe trabalhadora é o de se livrar da exploração [...] Ele é realizado apenas quando os próprios trabalhadores tomam o controle da produção”.

(o fragmento grifado fora extraído por Chomsky da obra Cinco teses sobre a luta de classes de Anton Pannekoek)

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“Guerin descreve o anarquismo do século XIX como sendo essencialmente doutrinal, enquanto o século XX, para os anarquistas foi um momento de prática revolucionária (...) o problema de ‘libertar o homem da desgraça da exploração econômica e da escravização social e política’ [nos dizeres de Guérin] permanece o problema do nosso tempo. Enquanto isso durar, as doutrinas e as práticas revolucionárias do socialismo libertário servirão de inspiração”.

(CHOMSKY, N. In GUÉRIN, D. Anarchism: from theory na Practice. Nova Iorque: Monthly Review Press. 1970.)