lenda dos cavalos de fão

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A Lenda dos Cavalos de Fão Teatro e Marionetas de Mandrágora www.marionetasmandragora.com Gondomar Pelouro do Ambiente Esposende Floresta Lendária Escrito por Filipa Alexandre

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Conto adaptado de uma lenda local de Esposende, este livro é apresentado como espectáculo de Teatro de Sombras e acompanhado de um ateliê, dirigido a crianças do ensino pré-escolar e ensino primário. Este programa foi concebido pela Companhia Teatro e Marionetas de Mandrágora para o Pelouro de Ambiente da Câmara Municipal de Esposende.

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Page 1: Lenda dos Cavalos de Fão

A Lenda dos Cavalos de Fão

Teatro e Marionetas de Mandrágorawww.marionetasmandragora.com

Gondomar

Pelouro do AmbienteEsposende

Floresta Lendária

Escrito por Filipa Alexandre

Page 2: Lenda dos Cavalos de Fão

Introdução

O Teatro e Marionetas de Mandrágora e o Pelouro do

Ambiente da Câmara Municipal de Esposende dão a todos as Boas Vindas.

Vamos dar Início ao espectáculo de Teatro de

Sombras, intitulado, “ A Lenda dos cavalos de Fão”, uma lenda que dizem ter acontecido há muito e muito tempo mas numa terra não muito longe daqui.

Ora dizem que tudo aconteceu assim:

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Nas Terras do Rei Salomão

El Rei Salomão, senhor destas vastas terras, sua alteza, sua majestade, sua magnitude, deseja fazer um anúncio a todo o seu povo, quer viva a norte, a sul, a este e a oeste. Aí vem o Rei!

Rei Gentes do meu reino, do meu belo reino, eu, Rei Salomão, ordeno que se construa o

mais belo, o maior, o mais extraordinário palácio, para que lá possa viver com a minha família, ordeno assim que se traga a mais extraordinária pedra, para o exterior do palácio e a melhor madeira das terras de Este para o interior do palácio, ordeno que essa madeira seja feita de belos e fortes

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pinheiros. Que esta ordem seja cumprida imediatamente. Assim ordeno que se construa uma nau, e que a mesma parta à descoberta desta bela matéria-prima.

Dizem os antigos que este foi o maior e mais belo palácio que alguma vez se iria construir.

Assim foi, que uma grande nau, atravessando grandes

e pequenos mares, chegaram um dia a terra. Foi assim que bem perto desta terra onde hoje moramos, chegaram grandes naus para serem carregadas de madeira.

Existia uma

aldeia que ficava entre o mar e a floresta. Era uma aldeia muito especial, era uma aldeia à beira do mar plantada. Oshabitantes da aldeia tinham muita sorte, por um lado pescavam e por outroapanhavam a madeira para as lareiras aquecerem as casas no Inverno. É que à beira mar também faz muito frio no Inverno.

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Habitante pescador Ori, ori, ori, ou, eu vou pescar, pescar, e um peixe apanhar, eu vou pescar, pescar, aqui ao pé do mar, eu vou pescar, pescar, pescar, e um peixe apanhar e um belo peixe cozinhar. Eu vou nadar, nadar e na

praia esticar, eu vou nadar, nadar e na praia esticar, eu vou sol apanhar, eu vou sol apanhar e muito eu vou descansar! Por outro lado também tinham a floresta e aí gostavam de…

Habitante caçador Eu vou caçar, caçar e um coelho apanhar, eu vou caçar, caçar, um coelho apanhar, eu vou

correr saltar e pinhas apanhar, eu vou cortar, cortar e lenha para casa levar…Ai à sombra de um pinheiro eu vou estar, ai

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à sombra de um pinheiro eu vou estar, eu vou caçar, caçar e um coelho cozinhar…Os habitantes da aldeia estavam muito satisfeitos, por terem peixe e carne, por terem as dunas e a montanha, por terem o sargaço e as pinhas dos

pinheiros dos pinhais.

Os homens da aldeia chegavam a casa ao final do dia com grandes peixes e coelhos para os saborosos e deliciosos jantares, feitos nos fornos de lenha. Das pinhas comiam os pinhões, e traziam a caruma para acenderem fogueiras.

Ora acontece, que o barco, a nau do Rei Salomão navegava nos grandes mares à procura desta esplêndida terra à beira do

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mar plantada. Assim com toda a calma dos mares pequenos e grandes chegaram a esta terra e logo os habitantes da aldeia ficaram a conhecer as ordens do rei Salomão.

Os habitantes estavam pasmados por ver um barco tão grande, queriam ajudar o Rei, a construir o seu palácio. Habitante O curral é para os animais, as casas são para os aldeões e os palácios para os reis. Nunca se viu um burro num palácio! De que precisam?

Homem Necessitamos dos mais belos e fortes pinheiros, disseram-nos em terras distantes que aqui seriam encontrados. Habitante velha Pois, é verdade meu bom rapaz, estes pinheiros são os mais bonitos, dão madeira, pinhas e pinhões, caruma e abrigo, para não falar da sombra fresca, e não deixam que a areia suba demais nos tempos de inverno, quando o mar parece engolir a terra, são os nossos guerreiros, quando nasci a maioria deles já aqui estava. E já disse que não é bonito deitar lixo para o chão e fazer fogueiras, dá-nos cabo dos pinheiros. Desculpem mas não

pode ser, voltem noutro dia!

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Habitante Eu também acho que se devia ajudar o rei, rei é rei!

Assim os pinheiros foram cortados, os bravos e os mansos, os mansos não ofereciam resistência, agora os bravos, estivam-se o mais que podiam e agarravam-se bem à terra, mas de nada lhes valia contra a força do homem e assim eram carregados para os barcos, na floresta eram mais de dez mil mas rapidamente passaram a mil que passaram a cem, de cem a dez e de dez passaram a um único pinheiro, ainda criança e que não tinha idade para estas andanças.

Homem Esse pinheiro não presta, é muito pequeno! Não vale a pena leva-lo!

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Os barcos estavam carregados desta preciosa madeira, assim partiam, e deixavam os habitantes sem os seus belos pinhais.

Ali ficou ele sozinho, o pequeno pinheiro, sem os grandes pinheiros que lhe diziam como crescer. Pobre pinheirito! Habitante Lá se vai a nossa sombra, a montanha está tão despida, triste e nua. Lá se foi a nossa alegria, os animais fugiram para outras andanças, os pássaros procuraram outros ninhos. E o vento, ai o vento Norte… Que fomos nós fazer, que tristeza, que grande tristeza. O que

vai ser de nós sem pinhal, eu não tenho coelhos para comer, eu não tenho pinhas para acender a lareira, mas como vou eu acender a lareira se não tenho lenha, que tristeza, que grande tristeza! Os habitantes da aldeia apesar de não terem mais floresta diziam para se alegrar: Habitante O que vai ser de nós agora sem pinhal! Mas ainda temos as dunas, é verdade! As pequenas montanhas de areia e a praia, ainda temos o peixe, e mais peixe e peixe,

só temos peixe, ai mas que grande ventania, que frio, nunca tinha sentido um vento tão forte! Vem do Norte! Ai que Nortada!

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Mas o vento que agora via a montanha nua, andava, ventava dançava e cirandava, não tinha o pinhal a fazer-lhe frente, e por isso soprava e soprava, com muita força, chicoteava com mais força as casas, os habitantes, chegava até ao mar, pois

aquele pequeno pinheiro não tinha força para fazer frente a tão maldisposto vento. Era um vento muito ventoso.

Habitante O que nos foi acontecer! Temos de aquecer as

nossas casas, para afastar este frio que trás o vento! Só há

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uma solução, temos de ir a outras aldeias buscar as pinhas e lenha para que as casas não tenham tanto frio, e temos de ir comprar carne para cozinhar, noutra região, mas a montanha é difícil de subir e precisamos de fortes cavalos para

ajudarem a transportar a madeira. Habitante Os cavalos têm de ser muito fortes para fazer a dura caminhada de subir e descer a dura montanha fustigada pelo vento, pelo vento norte! Vento Uhhhhhhhhhhhhh!!! Uhhhhhhhhhhh!!! Ventava o vento Uhhhhhhhhhhh!!

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Cavalo Subir, subir, Eu hei-de conseguir,

Subir esta montanha, Eu vou conseguir,

Andar, andar, Andar a cavalgar, A lenha e as pinhas, A outra terra vou buscar. Tum Tum Tum…

Aqui começam a crescer os mais belos e grandes e fortes cavalos da região.

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São os belos cavalos negros! Os cavalos grandes da montanha! Correm como o vento!

Dizem no entanto que para além dos cavalos também as notícias correm como o vento, e estas atravessaram rapidamente os mares até chegarem á terra do Rei Salomão e soprarem aos seus ouvidos. Rei Ouvi dizer que nas terras da bela madeira, à beira mar plantada, crescem agora os mais belos cavalos. Como desejo oferecer uma bela prenda ao meu povo por se esforçar por

construir o meu tão magnífico Palácio. Serão também uns extraordinários cavalos para os nossos soldados, para combater em batalhas. Ordeno que se tragam os cavalos dessa terra, precisamos de cavalos para o povo e para os soldados. Sem saber do mal que tinha causado na aldeia, que perdera a floresta Os barcos navegavam rapidamente, abrindo as águas dos sete

mares, aproximavam-se das terras dos cavalos negros, daquelas praias tão diferentes de outrora, sem reconhecerem a aldeia, onde tinham estado, que dantes era

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alegre e que agora tão triste estava. Os habitantes ficaram desolados, que quer dizer inundados de tristeza.

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Habitantes Ai, ai, ai, ai, ai! Não conseguiam dizer muito mais do que ais! Assim um a um os cavalos, éguas e potros, ou seja os mais

pequenos, todos entraram no barco. Entrar, entrar, No barco vamos entrar, Para terras distantes vamos caminhar, Que pena temos do povo Que tão triste vai ficar, Andar, cavalgar,

No mar vamos cavalgar. Lá iam eles! Burro Lá vão os meus amigos! Não me levo porque sou Burro e pequeno! E burro não é ser cavalo! Que raiva que tenho de os ver partir, que raiva que tenho de os perder. As criaturas de duas patas são mesmo humanas! Vou gritar com todos eles para toda a aldeia ouvir! I-OOOOOOOOO IOOOOOOOO que triste, IOOOOOOOOOO que triste!

iOOOOOOOOOO! Eu entendo bem o que queres dizer, ficar sozinho é muito triste, mas tens de ser forte e valente!

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Mas o burro não o ouvia, porque os seus zurros eram muito altos…

Vento Estou farto de ver a tristeza das gentes da aldeia, ai que raiva, estou a ficar cheio de raiva, estou farto que todos achem que só eu trago coisas más, já não tenho pinheiros nem cavalos, só me resta a montanha e aquele burro está pôr-me doido, doido e surdo, estou farto e zangado, só eu posso descer a montanha! E saltar por cima da aldeia e dar pontapés no mar. Vou assobiar, e soprar. Estou furioso! Os meus sopros vão ser como chicotes no barco.

Daqui não levam mais nada! Digam ao vosso Rei que o egoísmo é uma maldição. O barco já navegava no mar, quando uma tempestade se abateu sobre eles, as vagas eram altas e furiosas e o barco, tanto balançou e balançou, e rodopiou, que acabou por se afundar perto da praia. O vento soprou sobre as éguas e os potros que chegaram à aldeia sãos e salvos, na brisa do vento

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Burro Que feliz estou!!!IOOOOOOOOO Obrigado vento Norte! Que feliz que estou por ver os meus amigos de regresso! Mas onde estão os cavalos machos, os cavalos grandes? Ainda hoje se lá fores lá estão perto da praia de Fão que era nessa altura uma pequena aldeia, e olhares em direcção ao mar vais ver os cavalos a guardarem a costa. Ainda hoje lá estão. Protegem a nossa aldeia, impedem que lhes seja roubado aquilo que mais precioso têm. Os burros, quer dizer as pessoas e eles protegem o pinhal de ser roubado. IOOOOOOOO..

Quanto à floresta? Sim, não se lembram daquele pequeno pinheiro? Pois ele foi crescendo e de pequeno passou a grande e em sua volta foi crescendo um grande pinhal, pois o

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vento empurrou sementes de pinheiros e de outras fantásticas arvores, que ali foram crescendo. Vou lá muitas vezes passear, e se ouvires com atenção vais ouvir os cavalos a brincarem...o que mais gosto é de zurrar

de alegria! iOOOOOOOOOO!iOOOOOOOOOOOOOO E o vento? Bem, o vento faz das suas, mas a floresta, a grande floresta faz-lhe frente! E lá estão os Cavalos de Fão!

Vitória Vitória, acaba-se assim a nossa história!

Fim

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