lenda da caparica
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Lenda da Caparica, pesquisado na cid@net do DAR à Costa, por Celso GonçalvesTRANSCRIPT
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Texto pesquisado e ilustrado por Celso Gonçalves de 8 anos.
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A primeira lenda remonta a tempos bastante remotos, quando toda
a extensão litoral a sul do rio Tejo era praticamente deserta, existindo aqui e ali pequenos casais e habitações isoladas, para além de dois povoados: o "Monte", localizado no interior, e a "Costa", junto ao mar. No interior as pessoas dedicavam-se à agricultura, à produção de vinho e à exploração dos recursos provenientes dos vastos pinheirais próximos; no litoral predomi-navam as actividades ligadas à faina piscatória.
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De geração em geração, através da tradição oral, passou uma velha
história acerca de uma senhora bastante idosa que viveu na área interior, sem conhecimento de qualquer família, origem ou rendimento. A idosa habi-tava um velho casebre, afastada da população do povoado, especulando esta sobre os possíveis motivos do seu surgimento e mesmo sobre a sua alimenta-ção, nunca tendo exercido qualquer ofício nem adquirido quaisquer géneros alimentícios a ninguém. Todos os dias a idosa fazia longas caminhadas na zona, eternamente envolta numa longa capa que envolvia por completo a sua pessoa e qualquer possível detalhe da sua figura física. Este modo de vida, a inexistência de laços de amizade com alguém e as pouquíssimas palavras proferidas geraram um rumor de que esta personagem devotava-se à bruxa-ria e à prática de outros ritos bizarros.
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Na Primavera, as ausências aumentavam, e as crianças pensa-
vam que o interior da capa ocultava uma vasta fortuna em moedas de ouro, dizendo-se que esta capa era rica, uma capa - rica.
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Numa Primavera que o tempo não recorda o ano, a idosa sentiu
que os seus dias estavam a terminar e transmitiu o desejo de que a sua capa fosse entregue ao Rei de Portugal, utilizando-a da melhor forma possível em prol da população local. Finados os seus dias, pouco tempo depois, a população apressou-se a cumprir o seu último desejo, atendendo à sua reputação de feiticeira. O Rei de Portugal, ao abrir tal capa, deparou-se com um recheio de douradas flores de acácia, colhidas no vasto acacial que ainda hoje existe na zona litoral localizada entre a Trafaria e a Fonte da Telha. Pasmo e profundamente emocionado com esta história, o Rei pro-clamou a riqueza daquela capa única, uma capa -rica, dando origem ao topónimo Caparica, e ordenou igualmente que fosse erigida uma igreja, a Igreja de Nossa Senhora do Monte, conferindo a toda a área a designação
de Caparica.