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LEIRifi-FfiTIMfi Órgão Oficial da Diocese

Ano II • N. 11 6 • Setembro-Dezembro 1994

DIRECTOR AMÉRICO FERREIRA

CHEFE DE REDACÇÃO VÍTOR COUTINHO

ADMINISTRADOR HENRIQUE DIAS SILVA

CONSELHO DE REDACÇÃO BEIMIRA DE SOUSA

JORGE GUARDA LUCIANO CRISTINO

MANUEL MELQUÍADES

SAUL GOMES

PERIODICIDADE QUADRIMESTRAL

PROPRIEDADE E EDIÇÃO DIOCESE DE LEIRIA-FÁTIMA

REDACÇÃO E ADMINISTRAÇÃO SEMINÁRIO DIOCESANO DE LEIRIA

2400 LEIRIA • TELEF. (044) 32760

ASSINATURA ANUAL - 1400$00

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"Segue-me! " . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 163

"Mulher Virtuosa " . .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 167

"A Vida Consagrada e a sua missão na Igreja e no Mundo " . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ... . . . . . . . . . . . 169

Actos Episcopais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 177

Comunicado do Conselho Presbiteral . . . . . . . . . . . . . . . 181

Seminário Maior . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 182

Relatórios de Actividades 1993/1994 . . . . . . . . . . . ... 183

Recolecções mensais para sacerdotes - 1995 ... 200

Vida Eclesial . . . . . . . . . . . . . . .... . . .... .. . . . . . . . . . . . . . . . . . .. . . . ... . . 201

Museu Diocesano . . . . . . . . . . ..... ... . . . ..... ... . . . ............. 205

Ao Serviço da Famt1ia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 207

Retiros Anuais para o Clero - 1995 ............. . . . . . 214

A Igreja da Misericórdia de Leiria . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 215

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"SEGUE-ME!"

Na celebração eucarística que assinalou a abertura solene da IX Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos, o Papa João Paulo II proferiu a homilia cujo texto transcrevemos, por nos parecer espe­cialmente significativo.

Estavam presentes 7 patriarcas, 39 cardeais, 60 arcebispos, 118 bispos e 90 presbíteros. Para além destes concelebrantes participaram ainda numerosos representantes das várias congregações religiosas e dos institutos seculares.

1. "Segue-Me!" (Me. 10, 21). Hoje voltamos de novo a esta perícope evangélica tão sugestiva:

o diálogo de Cristo com o jovem. Trata-se de uma passagem simples e, ao mesmo tempo, singularmente rica, que apresenta tantos motivos de aprofundamento. Na Carta aos jovens e às jovens do mundo inteiro no Ano da Juventude, em 1985, tive ocasião, na verdade, de o comentar amplamente. E também a última Encíclica Varitatis splendor se refere a este texto evangélico (cf. nn. 6-22).

Hoje, dando início ao Sínodo dos Bispos dedicado à vida consagrada e ao papel que os Institutos religiosos ocupam na Igreja, ouvimos de novo ressoar este convite de Cristo. Cada um de nós, venerados e que­ridos Irmãos e Irmãs, a um certo ponto da própria vida ouviu preci­samente esta chamada: "Segue-Me!" Era um convite que trazia em si uma força particular: a graça da vocação. A força provinha d' Aquele mesmo que falava. Falava-nos o bom Mestre, mediante o Espírito Santo: o Espírito de verdade, o Espírito das vocações.

2. Desde há tempo estávamos a preparar-nos para este Sínodo, que tem como tema "A vida consagrada e a sua missão na Igreja e no mundo". Ele recorda-nos que as Comunidades religiosas são chama­das a um empenho de perfeição, claramente expresso por Cristo no colóquio com o jovem: "Se queres ser perfeito" (Mt. 19, 21).

Em seguida, no curso dos séculos, a tradição da Igreja deu uma expressão doutrinal e prática a estas palavras. O estado de perfeição não é só teoria. É vida. E foi precisamente a vida a confirmar a ver­dade das palavras de Cristo: a maioria dos Santos canonizados não provém, porventura, das Ordens e Congregações religiosas?

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"SEGUE-ME!"

Poder-se-ia dizer que o horizonte do Reino de Deus se desve­lou e se desvela continuamente de maneira singular, mediante a vo­cação para a vida consagrada. Não é porventura destes anos o maravilhoso florescimento dos Institutos Seculares e das Sociedades de Vida Apostólica, que estão a fazer tanto bem na Igreja? Além disso, es­tá-se a assistir ao nascimento de novas formas de consagração, em particular no interior de movimentos e associações eclesiais, que pre­tendem exprimir, com modalidades adequadas à cultura actual, a tradicional tensão da vida religiosa para a contemplação do mistério de Deus e para a missão em favor dos irmãos.

O Sínodo, que se ocupa da vida consagrada, não pode, portan­to, deixar de revestir uma particular importância para todos os filhos da Igreja, os quais não deixarão de amparar os trabalhos do mesmo com o contributo das suas orações.

3: É significativo que, depois do recente Concílio, no decurso dos Sínodos atinentes aos vários aspectos do ensinamento conciliar sobre a Igreja, o dedicado aos Institutos religiosos só chegue agora, ou seja, depois dos Sínodos sobre a família cristã (1980: Familiaris consortio), sobre a vida dos leigos (1987: Christifideles laici), sobre o ministério dos sacerdotes na Igreja (1990: Pastores dabo vobis).

Poder-se-ia dizer que foi mais longo o caminho necessário para chegar, do Vaticano II, a este tema. Ele maturou mais lentamente na mesa da Igreja e da reflexão teológica. E agora - esperamo-lo viva­mente - chegou o momento oportuno para o tratar: chegou o "kai­ros " , a ocasião providencial que o Senhor nos oferece, para aproful}dar os temas e as perspectivas já presentes nos textos conci­liares. E necessário que os membros das Comunidades religiosas e dos Institutos de vida consagrada, inspirando-se no modelo da Igre­ja primitiva (cf. Act. 2, 42), se empenhem com renovado impulso pa­ra serem um só coração e uma só alma, alimentando-se nos ensinamentos do Evangelho, na sagrada liturgia e, sobretudo, na Eu­caristia, e perseverando na oração e na comunhão do mesmo Espírito (cf. PC, 15).

4. "Vai, vende tudo o que tens, dá o dinheiro aos pobres e terás um tesouro no Céu" (Me. 10, 21). Lendo atentamente os textos litúr­gicos hodiernos, e de modo especial a perícope do Evangelho, pode-

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mos chegar a uma conclusão, ou seja, que neles, em certo sentido, es­tá contido o primeiro esboço do "Instrumentum laboris" desta Assem­bleia sinodal. O diálogo de Cristo com o jovem põe em evidência o sentido e o valor da pobreza evangélica. Além disso, também ilumina a questão do "não casar-se pelo Reino dos Céus", de que se fala no Evan­gelho de São Mateus (cf. 19, 12), e deixa entender, o significado da­quela obediência, que torna o homem semelhante Aquele que se fez "obediente até à morte" (Fil. 2, 8).

5. "N6s ... deixámos tudo e Te seguimos" (Me. 10, 28), diz Pedro. São palavras que a Igreja aplica de modo particular a vós, queridos Irmãos e Irmãs.

Se o diálogo com o jovem, bem como as palavras de Pedro, pa­recem referir-se apenas aos homens, não se dev� todavia esquecer quanto é antiga, nos Textos sagrados, a tradição da "esposa" e do "amor esponsal" (cf. Os. 2, 16-25; SI. 44/45, 11-18; Ap. 21, 1-27). Quan­tas mulheres, ao longo dos séculos e das gerações, descobriram a sua "parte" na vocação religiosa, contemplativa e apostólica, começando por Aquela que, sendo a Toda Santa, se tornou em certo sentido o "ti­po", o modelo da Igreja. A temática do Sínodo deve ser, pois, lida à luz do Capítulo VIII da Lumen gentium, e também tendo em conta o que procurei exprimir na Mulieris dignitatem, publicada em 1988, por ocasião do Ano Mariano.

6. "A palavra de Deus é viva, eficaz e mais penetrante que uma espada de dois gumes; ... discerne os pensamentos e intenções do co­ração" (Heb. 4, 12).

É assim a palavra do Deus vivo. Dela, os trabalhos sinodais devem revelar-se uma singular participação.

Desde o primeiro dia rezamos a fim de que, quanto o Sínodo disser seja "eficaz", isto é, de maneira a "discernir os pensamentos e intenções do coração".

Rezamos para obter que isto aconteça durante a nossa Assem­bleia sinodal inteira; rezamos pelos Bispos, que juntamente com o Bispo de Roma constituem os protagonistas "canónicos" do Sínodo. Invocamos também o Espírito Santo para quantos, nesta Assembleia,

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representam directamente a vida consagrada, masculina e fenúnina, a fim de que venham a experimentar uma participação, típica dos mesmos, da­quela "palavra de Deus" que é "viva".

E que significa que ela é também "mais penetrante que uma es­pada de dois gumes"? O amor vive sempre de verdade.

7. "Ensinai-nos a bem contar os nossos dias, para alcançarmos a sabedoria do coração" (Sl. 89, 12).

Reza assim o Salmista. E as suas palavras andam a par e passo com a primeira leitura: "pedi a prudência e ela me foi dada; supli­quei e veio a mim o espírito da sabedoria .. . Com ela me vieram todos os bens, e nas suas mãos estão inumeráveis riquezas" (Sab. 7, 7.11).

Sim, venerados e queridos Irmãos e Irmãs. O Sínodo é a vossa vo­cação durante este mês. Ele representa um grande bem para todo o Po­

. vo de Deus, uma particular riqueza para a Igreja em todas as suas componentes.

8. E como se há-se deixar de ter em conta o facto que o Sínodo, dedicado à vida consagrada na Igreja, se realiza no "Ano da Famflia"? Daqui a uma semana reunir-se-ão aqui em Roma famílias de todos os recantos do mundo, para "celebrar" solenemente a sua presença e a sua nússão na Igreja. O Concílio fala da vocação dos cônjuges como de uma específica "consagração".

Não há nesta coincidência algo de providencial? Não nos ofere­ce ela a possibilidade de compreender mais profundamente o nústé­rio da consagração religiosa, que é providencial "bem e riqueza" da Igreja? O Senhor quer levar-nos a descobrir, com os olhos da fé, de que modo estas duas vocações se completam reciprocamente, a fim de lou­varmos a Deus pela multiplicidade dos seus dons. Tal como com as palavras do "Magnificat" glorificava ao Senhor Maria, criatura hu­mana que, de modo adnúrável, une em si a vocação de Esposa virgi­nal do Espírito Santo e de Mãe da Sagrada Família: "Porque me fez grandes coisas o Omnipotente. É santo o Seu nome" (Lc. 1, 49).

Ámen.

João Paulo II

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"MULHER VIRTUOSA" O próximo ano será dedicado internacionalmente à organização de

iniciativas que contnouam para uma reflexão sobre o papel da mulher na sociedade.

Nesta perspectiva e ainda no contexto do Ano Internacional da Fa­mflia, pareceu oportuno divulgar o texto da homilia proferida pelo Bispo de Leiria-Fátima em 12 de Outubro, na Peregrinação Internacional a Fátima.

1. Em, Ben Sirá 26, 1-4 sublinha-se o papel da mulher na família. "A mulher virtuosa é alegria e riqueza".

De facto, a instituição da família, célula da sociedade, é por nature­za plural. A mulher ocupa aí lugar de relevo.

Qualquer agregado familiar é constituído por elementos diferentes e complementares; deve convergir para a unidade; partilhar valores e ser­viços; em todos os momentos é solicitado a praticar a entreajuda e a vi­ver em comunhão.

O obreiro deste trabalho complexo e delicado, o ministro deste ri­tual religioso de gestos e atitudes, o autor principal deste poema colecti­vo, é, sem dúvida, a mulher lúcida, coerente, generosa e forte.

Por isso, o neto de Sirac, que se chamava Jesus, escreveu quase 2 séculos antes da era cristã: rico ou pobre, o lar que tem uma mulher vir­tuosa, possui um coração feliz.

Os acontecimentos de Fátima, através de uma figura feminina, que é a protagonista, apontam para a grande família de todos os homens, mas especialmente para a célula básica da humanidade.

A 13 de Outubro de 1917, em ligação com o milagre do sol que ti­nha sido anunciado, os pastorinhos viram S. José e o Menino. Escreve a Ir. Lúcia: "S. José com o Menino pareciam abençoar. o mundo com uns gestos que faziam com a mão em forma de cruz".

Fátima é um rico painel de símbolos e de sinais. Assim, eu vejo nesta aparição, já pedagogicamente prometida um mês antes, um elo­quente apelo à unidade da família, a fim de que seja verdadeiramente uma bênção para o mundo e um sacramento de paz.

2. S. Paulo (Gal. 5, 18-25) diz quais são os frutos do Espírito e enu­mera algumas obras da carne. E exorta, com toda a força e solicitude: "Caminhemos segundo o Espírito".

Nesta caminhada surgem sinais que desviam e enganam; podem emergir erros e nascer vícios; irrompem imprevistos e tentações; são apregoados ídolos e contravalores . . . E o mesmo apóstolo Paulo grita da nova Jerusalém, como escreveu à comunidade da Galácia: "Cami­nhemos segundo o Espírito" . .

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"MULHER VIRTUOSA"

Aquela mesma mulher forte e meiga (Maria de Nazaré ou de Fáti­ma) insiste no chamamento de todos os homens à conversão. E com a ternura de quem é a "omnipotência suplicante" continua a dizer: "Fazei tudo o que Ele vos disser". E indica o Salvador, seu Filho Jesus Cristo.

3. Diz S. Lucas (1, 26-33): "E o seu reino não terá fim". Refere-se a Cristo e ao seu reino alicerçado na verdade e na justiça .

. . . Poderão surgir tempestades e agressões. Poderão levantar-se ideologias ateias e atitudes secularizantes ou consumistas. Corações e mentes fecham-se ao Espírito e abrem-se à hipocrisia ou à mamona da iniquidade . . .

Quem se une a Cristo, empenha-se na construção de um reino de verdade, de justiça e de paz. Esta missão jamais terá fim. Aperfeiçoa-se no tempo e completa-se fora do tempo.

Não vamos querer devoções fanáticas, nem vamos ceder a tendên­cias ou tentações fundamentalistas. Numa abertura total ao Espírito, va­mos construir uma família de irmãos. Que nos ajude Maria, mãe e rainha da civilização do amor, à luz de Jesus Cristo.

t SERAFIM DE SoUSA FERREIRA E SILVA

• Foi distribuído em Setembro o "Calendário do Ano Pastoral 1994--1995 da Diocese de Leiria-Fátima". Pretende ser um instrumento de traba­lho para uma melhor coordenação pastoral entre os diversos organismos diocesanos. Além do calendário das actividades pastorais já programadas, in­clui ainda os endereços de todos os sacerdotes, a indicação de todos os orga­nismos diocesanos, o registo dos movimentos reconhecidos pela Diocese e uma referência a todas as comunidades religiosas residentes no terrítório diocesano. Esta publicação encontra-se à venda na Gráfica de Leiria e no Se­minário Diocesano.

• No dia 12 de Novembro, o Bispo de Leiria-Fátima reuniu-se em Fá­tima com os superiores das comunidades religiosas residentes na Diocese. Tratou-se de uma iniciativa que teve por objectivo articular a acção dos reli­giosos com a pastoral diocesana, na sequência da reflexão provocada pelo úl­timo Sínodo dos Bispos.

• Os estagiários em preparação para a ordenação presbiteral encon­traram-se no dia 11 de Novembro, com o Bispo da Diocese. Foi sobretudo um espaço de troca de experiências em ordem a uma melhor inserção nas es­truturas e na vida da Diocese.

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"A VIDA CONSAGRADA -

E A SUA MISSAO NA IGREJA E NO MUNDO"

MENSAGEM D O SÍNODO DOS BISPOS

I. Um hino de alegria e gratidão

No final do Sínodo, todos nós, Padres Sinodais, juntamente com re­presentantes da Vida Consagrada, unidos ao Sucessor de Pedro, dirigi­mo-'-nos cheios de alegria e júbilo a todo o Povo de Deus e a todas as pessoas de boa vontade, para lhes testemunhar a boa notícia da Vida Consagrada pela profissão dos Conselhos Evangélicos. Dá-nos alegria a presença no Sínodo de representantes da vida consagrada das Igrejas cristãs não católicas. Dedicamos uma palavra muito especial a mais de um milhão de mulheres e de homens que constituem a grande família dos Consagrados e dos membros de Sociedades de vida apostólica.

Durante todo o mês, implorámos as luzes do Espírito Santo. Orá­mos, reflectimos e dialogámos sobre o plano de Deus para a Vida Consa­grada e a sua função na Igreja e no mundo de hoje. Assumimô.s as suas preocupações e necessidades e buscá�os simultaneamente caminhos, que lhes possam ser ajuda e que, em forma de propostas, entregámos ao Santo Padre.

Antes de tudo agradecemos a Deus o grande dom da Vida Consa­grada na Igreja. Agradecemos a todos os membros da Vida Consagrada o testemunho da sua vida segundo os Conselhos Evangélicos. Dirigimos uma afectuosa saudação a todos quantos seguem o Senhor na vida con­templativa, que tanto apreciamos; e também a todos os que orientam a sua existência, seguindo o Senhor nas diversas formas de vida activa.

Queremos agradecer de modo muito especial às mulheres consa­gradas. A sua doação total a Cristo, a sua vida de adoração e a sua inter­cessão pelo mundo dão testemunho da santidade da Igreja. O seu serviço na Igreja e na sociedade, nos mais diversos campos da evangeli­zação, como actividades pastorais, educação, cuidado com os doentes, os pobres e os abandonados, revela a face materna da Igreja. Nas situa­ções que o requeiram, as mulheres consagradas devem participar mais na consulta e na elaboração de decisões na Igreja. A participação activa de mulheres consagradas no Sínodo enriqueceu a reflexão sobre a Vida

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A VIDA CONSAGRADA

Consagrada, particularmente sobre a dignidade da mulher consagrada e sua colaboração na missão da Igreja.

Uma palavra de especial afecto aos membros idosos e aos doentes dos institutos de Vida Consagrada: vós, que gastastes as vossas energias ao longo do tempo, agora que experimentais o peso da idade e do sofri­mento, continuai a exercer, nessa vossa condição, uma forma de aposto­lado pleno de valor.

Agradecemos aos membros que suportam o peso da responsabili­dade na plenitude de suas forças. Deveis assumi-lo, contando com a re­dução normal de energias. Não vos deixeis absorver pelo trabalho, nem esqueçais que a fecundidade da acção humana tem a sua fonte na oração e na íntima união com o Senhor.

Dirigimos uma palavra de agradecimento aos jovens que encontra­ram a Jesus Cristo e, no meio das inseguranças do nosso tempo, n'Ele descobriram a coragem para se decidirem a seguir o caminho dos Con­selhos Evangélicos. Desejamos-lhes entusiasmo e perseverança também nos membros de desalento e de dúvida.

·

Uma palavra muito cordial de particular agradecimento aos Ir­mãos e às Irmãs da Vida Consagrada que, nos anos de perseguição pela fé, ontem e hoje, permaneceram fiéis à sua vocação. Com admiração lembramo-nos das Irmãs e Irmãos que derramaram o seu sangue pelo Reino de Deus.

II. Multiplicidade de formas na Vida Consagrada

Durante a Assembleia sinodal pudemos considerar a Vida Consa­grada como uma preciosa expressão da vitalidade espiritual da Igreja, feita de uma variedade admirável e atraente, de generosa inserção em inumeráveis obras benéficas, de beleza sobrenatural copiosamente enri­quecida de dons do Espírito Santo. Por elas a Igreja aparece "como uma esposa adornada para o seu Esposo e, por meio dela, manifesta-se a multiforme sabedoria de Deus".

Nas discussões sinodais foi ressaltada uma nota muito importante: a distinção entre a Vida Consagrada como tal na sua dimensão teológica e as formas institucionais que ela vai assumindo no decorrer dos séculos. A Vida Consagrada como tal é permanente, não pode faltar na Igreja. As formas institucionais podem ser transitórias sem que se possa assegurar a nenhuma delas a perenidade.

Existiu durante séculos e subsiste ainda, uma multiplicidade de Ordens, de Congregações, de Institutos, de Grupos e também de formas

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A VIDA CONSAGRADA

novas de Vida Consagrada, todas com fisionomias diferentes. Se contar­mos as femininas e as masculinas somam vários milhares.

Cada uma tem o seu próprio estilo de vida e a sua peculiaridade apostólica: desde o deserto até à cidade, do retiro e da clausura na con­templação às fronteiras do apostolado, da "fuga do mundo" ao empenho de ser fermento nas próprias culturas, do silêncio de escuta à criativida­de da comunicação social, da estabilidade do mosteiro à mobili.dade da missão.

Se a Igreja é "Sacramento" de salvação, quer dizer que as várias formas de Vida Consagrada manifestam de modo concreto e visível a ri­queza inesgotável da sua sacramentalidade, revelando desta forma, aos fiéis e ao mundo, a solicitude do Coração de Cristo pelo homem em to­das as suas necessidades. Toda a forma de Vida Consagrada é um "si­nal" visível que leva às pessoas o mistério da salvação.

Aprendamos a contemplar as diversas formas de Vida Consagra­da, para perceber em cada uma delas a sacramentalidade da Igreja: cada uma, de facto, manifesta mais significativamente que outra um aspecto peculiar do Amor que salva.

III. Vida Consagrada, indispensável na Igreja

A Igreja é, neste mundo, sinal de esperança e espaço de comunhão teologal entre os seus membros. Cada baptizado é chamado a seguir Cristo, morto e ressuscitado, e a formar pela força do Espírito Santo a fa­mília dos filhos de Deus que é a Igreja. Nesta Igreja, comunhão, os dons e carismas do Espírito frutificam para todos.

Para que a Igreja nunca deixe de ser sinal eloquente da graça vito­riosa, Jesus chamou alguns para O seguirem mais de perto. Estes dese­jam experimentar mais profundamente os mistérios do Redentor e assemelhar-se cada vez mais ao divino Mestre. Tornam-se assim, para os seus irmãos, estímulos e ajuda para seguirem a Cristo crucificado.

Os que abraçam a Vida Consagrada procuram responder a um chamamento singular de Deus Pai. São atraídos por Jesus e querem vi­ver, pelos votos ou outros vínculos sagrados, mais intimamente ligados a Ele. Pela castidade consagrada, num amor desinteressado, revelam que Cristo, amado sobre todas as coisas, é o Esposo eterno da Igreja e, por isso, meta e significado de todo o afecto e amor verdadeiros. Pela pobreza, livremente escolhida, não só testemunham a sua amorosa soli­dariedade com os pobres e deserdados, mas proclamam acima de tudo o

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A VIDA CONSAGRADA

Absoluto de Deus que é a sua única riqueza. Pela obediência, manifes­tam a vitória da graça, porque são possuídos por Jesus Cristo, e a sua existência é totalmente devotada à implantação do Reino de Deus, con­vidando assim os seus irmãos a participarem, pelo serviço e o amor, da­quela liberdade que é fruto da Ressurreição de Cristo. Assim eles anunciam primeiro aos próprios irmãos na fé e depois ao mundo, que, pela Cruz e Ressurreição de Cristo, já se instaurou a nova ordem da gra­ça. Pela sua vida de entrega total a Deus e por Deus a todas as criaturas, tornam mais segura, para a própria Igreja, a certeza da futura bem­-aventurança. E, ao mesmo tempo, são para· o mundo, escravizado .por tantas falsas promessas, sinal do Reino de Cristo que é amor e paz, per­dão e alegria. O caminho para viver essa alegria, nas Bem-aventuranças e na certeza da Ressurreição, é a Cruz de Cristo.

Uma expressão do afecto profundo e do amor universal que os consagrados hão-de ter à Igreja, deve ser a verdadeira realização históri­ca do "sentire cum Ecclesia", em estreita unidade com o Vigário de Cris­to e com todos os sucessores do Colégio Apostólico que, unidos ao Papa, presidem na Caridade às diversas Igrejas particulares.

IV. Consagração e Missão

Cristo é o primeiro Consagrado e Enviado. Cada cristão foi consa­grado por Deus no Baptismo e na Confirmação, e tornou-se templo do Espírito Santo. Pela profissão dos Conselhos Evangélicos esta consagra­ção, �undada no Baptismo e na Confirmação, fortifica-se de modo pecu­liar. E uma participação mais profunda no mistério pascal de Cristo.

O consagrado recebe a graça da unidade pela qual a consagração e a missão não constituem dois momentos da sua vida, justapostos entre si; antes se implicam reciprocamente em profundidade. O membro da Vida Consagrada recebe a consagração para a missão na Igreja segundo o carisma do próprio Instituto.

A síntese vital da consagração e do envio é alimentada e defendida por uma cuidadosa escuta da Palavra de Deus, urna vida sacramental in­tensa que culmina na Eucaristia e que, na frequente recepção do sacra­mento da Reconciliação, encontra na Igreja o Deus da misericórdia; uma digna celebração da Liturgia das Horas, a oração pessoal, a devoção ma­riana e as diversas formas da piedade popular.

O testemunho desta Vida Consagrada é o primeiro e o mais impor­tante apostolado que obriga todas as irmãs e irmãos consagrados.

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A VIDA CONSAGRADA

V. Carisma e inserção na Igreja particular

O carisma para fundar um Instituto de Vida Consagrada é uma graça dada por Deus aos fundadores ou fundadoras para o crescimento da santidade da Igreja, e para capacitá-la a responder aos desafios do seu tempo. Em cada Instituto torna-se visível um caminho para seguir a Cristo com toda a generosidade. A diversidade de carismas entre as pes­soas e grupos de consagrados na Igreja é, portanto, um sinal do amor in­finito de Deus e causa de alegria para a Igreja.

A renovação dos Institutos começa com a graça de Deus, com a re­visão da sua vida e trabalho actual à luz do próprio carisma, que não po­de ser fonte de tensão entre a hierarquia e as pessoas consagradas.

Entre as dificuldades que examinámos fraternalmente, está, além de outras, a necessária integração das comunidades e pessoas de Vida Consagrada nas Igrejas particulares.

A Ecclesiologia do Vaticano II destaca a importância das Igrejas particulares em que subsiste e se realiza a Igreja universal. Todos os con­sagrados vivem na Igreja particular.

Nós, Padres sinodais, vimos muito claramente que é necessário ainda um maior esforço para que todos os membros da Igreja particular reconheçam e apreciem o que significa a presença da Vida Consagrada na mesma Igreja, em torno do Bispo.

VI. Dimensão profética dos Consagrados

Na cultura contemporânea, ao lado dos maravilhosos avanços da ciência, da técnica e das mais nobres conquistas a favor da dignidade humana e dos direitos do homem, do exercício da liberdade, da igualda­de e da justa autonomia, surgem também lamentáveis excessos que pa­recem indicar um doloroso regresso à barbárie.

As mulheres e os homens que se decidiram a seguir mais de perto a Cristo pobre, casto e obediente, são, com a Igreja e na Igreja, a resposta profética que apresenta diante dos homens, seus irmãos, o testemunho dos valores evangélicos, desconhecidos ou rejeitados pelo mundo.

A profecia encarnada das vossas vidas, queridas Irmãs e Irmãos, faz da vossa consagração o melhor caminho de inculturação do Evangelho, porque é não só uma base de credibilidade para a mensagem apoiada pe­la vida, mas também uma demonstração do seu atractivo insuperável e

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A VIDA CONSAGRADA

da possibilidade de dar-lhe, na própria existência, um espaço privilegia­do e central.

O vosso exemplo dá urna maior certeza aos homens de hoje da va­lidade contemporânea dos valores proclamados por Cristo e convertidos em vida quotidiana pelos consagrados.

A diversidade das culturas cuja riqueza vós trazeis à Vida Consa­grada, torna-vos mais capazes para levar o Evangelho àqueles que ainda não o conhecem, para ajudar os irmãos a descobrirem as sementes do Verbo nas próprias culturas, para preencher o vazio de valores cristãos, desconhecidos ou não assumidos nelas. Igualmente vos tornam capazes de corrigir e aperfeiçoar os modos comuns do pensamento e do compor­tamento, não compatíveis com a fé revelada; habilitam-vos para enri­quecer o diálogo e a compreensão da mensagem com sinais e linguagem inteligíveis para o homem contemporâneo, ainda que expressem os de­safios da Revelação à razão humana e à vida individual e colectiva dos homens.

A vivência dos Conselhos Evangélicos interpela a cultura contem­porânea em crise, e oferece às mulheres e aos homens, vítimas do desen­canto, modelos capazes de transformar as suas vidas.

Este testemunho convida os homens a recuperar na própria pessoa a imagem de Deus, obscurecida pelo pecado.

Na Assembleia sinodal tornou-se também evidente urna justa preocupação pela pobreza e surgiram, com muita insistência, propostas evangélicas em ordem à opção preferencial pelos pobres.

A Vida Consagrada, em si mesma, é urna opção fundamental e ra­dical por Cristo pobre. O ser do consagrado vincula-se amorosamente, em Cristo, com todos despojados, com todos os que sofrem. A profecia da pobreza do consagrado não se esgota na denúncia das carências e das injustiças, mas anuncia as inesgotáveis ·riquezas de Cristo.

o desprendimento dos bens, do poder e dos laços de sangue convi­da o consagrado, desde o próprio ser, a dedicar-se à missão que confir­ma o Reino e amplia as suas fronteiras.

Para o consagrado, ser missionário não é questão de opção. É um imperativo que brota da sua configuração com Cristo. A obediência ao Pai leva o consagrado a unir-se a Cristo, enviado para a salvação do mundo. O consagrado na Igreja une-se a ela para dar, diante de todo o mundo, testemunho do amor. Algumas vezes o carisma próprio dos Ins­titutos levará os Consagrados para além das fronteiras da pátria e dos vínculos do sangue, mas será sempre a sua condição de consagrado a conduzi-lo para acompanhar, com a oração e o sacrifício, as obras apos­tólicas dos irmãos.

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A VIDA CONSAGRADA

VII. Apelo aos Religiosos e Religiosas das Igrejas Orientais

Veneráveis e amados Religiosos e Religiosas das Igrejas Orientais, vai para vós o nosso pensamentos agradecido. Para nós, vós representais a continuidade da Vida Religiosa. As vossas tradições monásticas são um valor inestimável para a Igreja de Cristo. Tal património comum da Vida Religiosa conservado hoje nas Igrejas Orientais, contém em si um testemunho de unidade já conseguida. Os Padres do deserto e os Mon­ges do Oriente expressaram a espiritualidade monástica, que se esten­deu depois ao Ocidente. Ela é alimentada pela "lectio divina", pela liturgia, pela incessante oração e é vivida na caridade fraterna da vida comum, na conversão interior, no afastamento do mundo, no silêncio, no jejum e nas vigílias. A vida eremítica ainda hoje floresce em volta dos mosteiros. Tal património forjou as culturas dos respectivos povos e ao mesmo tempo, inspirou-se nelas.

Aos Religiosos e às Religiosas das Igrejas Orientais católicas expri­mimos o nosso reconhecimento pela história do seu testemunho heróico no coração da Igreja católica, e pedimos que aprofundem as suas raízes monásticas, a partir das fontes do Evangelho e da sagrada Tradição. De­sejamos que as Igrejas Orientais católicas retomem a experiência monás­tica, acolhendo e valorizando as forças que no seu íntimo operam como fermento.

Atentos às necessidades dos vossos povos, testemunhastes de vários modos a caridade da Igreja, nos momentos difíceis de conflito, a todos aqueles que se dirigiam a v<;)s. Este serviço continuará a fundamentar-se cada vez mais na busca do Unico necessário, que é a razão de ser da vida monástica.

Estabelecei e intensificai um diálogo fraterno e sincero de conheci­mento e de intercâmbio com os monges e monjas da Igreja Ortodoxa, com os quais estais tão intimamente unidos pelo mesmo seguimento de Cristo.

VIII. Especial ardor na Nova Evangelização

No limiar do ano 2000, toda a Igreja está convocada para uma No­va Evangelização. As mulheres e os homens do nosso tempo, especial­mente as jovens gerações, têm necessidade de conhecer a boa notícia da salvação que é Jesus Cristo.

Nós, os Bispos e os outros participantes no Sínodo, vimos clara­mente que a Vida Consagrada tem uma singular aptidão para ocupar

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A VIDA CONSAGRADA

um lugar muito importante nesta tarefa providencial e urgente da Nova Evangelização.

O interesse pelo diálogo ecuménico e também pelo inter-religioso é um dos fervorosos apelos do Sínodo, dirigido aos Consagrados nos seus países.

Com a vossa forma de viver, manifestais a ternura e a bondade de Deus, a força e a eficácia do amor que Deus põe nos vossos corações para vencer o poder do mal e o sofrimento que afligem tantos irmãos nossos.

Sem a vossa vida de contemplativos, sem a vossa pobreza e virgin­dade, sem o testemunho da vossa obediência alegre e libertadora, sem o resplendor do vosso amor desinteressado e eficaz aos mais necessitados, a Igreja perderia muita da sua força evangelizadora, da sua capacidade para mostrar os bens da salvação e ajudar os homens a acolher no seu coração a Deus, Senhor desta grande esperança.

IX. Grande Esperança

Olhando para o terceiro milénio, é com predilecção que nos dirigi­mos aos jovens, na esperança da sua adesão convencida e entusiasmada a Jesus Cristo, especialmente através da Vida Consagrada. Os jovens po­derão legar às futuras gerações o tesouro do Evangelho. A vós, jovens, que amais sonhar, propomos esta nossa esperança como o melhor de to­dos os vossos sonhos.

O Espírito Santo nunca deixa de conduzir a sua Igreja com novas e antigas formas de inesgotável santidade. A Vida Consagrada foi, através da história da Igreja, uma presença viva desta acção do Espírito, como um espaço privilegiado de amor absoluto a Deus e ao próximo, testemu­nho do projecto divino de fazer de toda a humanidade, dentro da civili­zação do amor, a grande família dos filhos de Deus.

Neste ano especial da Família, pomos a nossa esperança na Bem­-aventurada Virgem Maria, primeira discípula e Mãe de todos os discí­pulos, modelo de fortaleza e perseverança no seguimento de Cristo até à Cruz. A Virgem Maria é o protótipo da Vida Consagrada, porque é Mãe que acolhe, escuta, intercede e contempla o seu Senhor no louvor do seu coração.

Pedimos-Lhe por todos os membros da Vida Consagrada para que Ela, como nossa Mãe, proteja, anime e renove todas as famílias de Vida Consagrada na Igreja.

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ACTOS EPISCOPAIS SECRETARIADO DIOCESANO

DOS CURSOS DE CRISTANDADE Havemos por bem nomear os Responsáveis do Secretariado Dioce­

sano dos Cursos de Cristandade, que fica assim constituído para o bie­nio de 1994-1996:

Presidente: Augusto de Jesus Matos. Secretário: Vítor Manuel Joaquim. Tesoureiro: Joaquim Sobreira Alves. Vogais: Joaquim de Jesus Ferreira Duque, Aparício Gonçalves da

Graça, Carlos Alberto Maximino Nave, Augusto Coelho Fernandes, Ma­nuel Braz Fragoso do Mar, Vítor Augusto Quaresma Pimenta, Virgílio Pimenta, Lucília Campos Rocha, Márcia Silva Lo_urenço, Tertuliano Júlio Espírito Santo, Maria Helena Espírito Santo, Alvaro Guerra Oliveira Santos e João Almeida Ferreira.

Equipa sacerdotal: P. Fernando Pereira Ferreira, P. Alcides Rocha dos Santos Neves, P. Joaquim de Jesus João, P. Manuel da Fonseca Mo­reira, P. Benevenuto Santiago Morgado e P. António das Neves Gameiro.

Agradecendo o generoso serviço dos Responsáveis, pedimos à Pa­droeira da Diocese que abençoe os Cursos de Cristandade.

Leiria, 30 de Junho de 1994

t SERAFIM DE SoUSA FERREIRA E SILVA Bispo de Leiria-Fátima

ECÓNOMO DO SANTUÁRIO DE FÁTIMA A fim de libertar o Reitor do Santuário de Fátima de funções admi­

nistrativas, que tem exercido, e assim poder dedicar-se mais directa­mente aos aspectos pastorais, na globalidade da pastoral de Fátima, havemos por bem, omnibus perpensis, nomear Ecónomo da Fábrica do Santuário de Nossa Senhora do Rosário de Fátima o Reverendo P. Antó­nio Lopes de Sousa, que já é Capelão e que será assistido por um Conse­lho de Administração.

De acordo com o c. 1283, fará, coram Ordinario, o juramento de be­ne et fideliter exercer o seu munus.

Leiria, 1 de Julho de 1994.

t SERAFIM DE SoUSA FERREIRA E SILVA Bispo de Leiria-Fátima

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ACTOS EPISCOPAIS

CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO DO SANTUÁRIO DE FÁTIMA

Na sequência da provisão de 1 de Julho de 1994, criamos o Conse­lho de Administração da Fábrica. do Santuário de Nossa Senhora do Ro­sário de Fátima, constituída pelos elementos seguintes: P. António Lopes de Sousa, Mons. Cón. Henrique Fernandes da Fonseca, P. António Perei­ra Júnior e Dr. Jaime de Macedo dos Santos Bastos

Entrarão em exercício na tomada de posse, que se realizará no dia 28 do corrente mês.

·

Leiria, 25 de Julho de 1994, festa do Apóstolo S. Tiago

t SERAFIM DE SoUSA FERREIRA E SILVA Bispo de Leiria-Fátima

CAPELÃO DO SANTUÁRIO DE FÁTIMA

A fim de enriquecer a equipa sacerdotal da pastoral global no Santuá­rio de Fátima, havemos por bem nomear Capelão do Santuário de Nossa Senhora de Fátima o Rev. P. Filipe da Fonseca Lopes, que ajudará especial­mente na área da pastoral dos enfermos e no sector da pastoral juvenil.

Leiria, 25 de Julho de 1994

t SERAFIM DE SOUSA FERREIRA E SILVA Bispo de Leiria-Fátima

VIGÁRIOS PAROQUIAIS DE LEIRIA

Tendo presente que deixará as funções de Vigário Paroquial de Leiria o Rev. P. Adelino Filipe Guarda, a quem agradecemos o serviço prestado, a fim de se poder dedicar a uma especialização no campo da Teologia Pastoral, e dado que a mesma comunidade paroquial tem cres­cido e multiplicado exigências de serviço, havemos por bem nomear pa­ra as funções de Vigários Paroquiais, em colaboração com o Rev. Pároco, Cón. Manuel da Silva Gaspar, e com todos os poderes e deveres previs­tos no Código de Direito Canónico, os Reverendos: P. Pedro Manuel Jor­ge Ferreira e P. José Lopes Baptista.

Leiria, 25 de Julho de 1994

t SERAFIM DE SouSA FERREIRA E SILVA Bispo de Leiria-Fátima

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ACfOS EPISCOPAIS

VIGÁRIO PAROQUIAL DO SOUTO DA CARPALHOSA

Tendo presente que a comunidade paroquial do Souto da Carpa­lhosa tem crescido e multiplicado exigências de serviço, havemos por bem nomear para as funções de Vigário Paroquial, em colaboração com o Rev. Pároco, P. Abel José Silva Santos, e com todos os poderes e deve­res previstos no Código de Direito Canónico, o Rev. P. Cristiano João Rodrigues Saraiva.

Leiria, 25 de Julho de 1994

t SERAFIM DE SoUSA FERREIRA E SILVA Bispo de Leiria-Fátima

ASSISTENTE DIOCESANO DO MOVIMENTO CATÓLICO DE ESTUDANTES

Dado que o Rev. P. Adelino Filipe Guarda vai completar os seus estudos, especializando--se na área da Teologia Pastoral, para o substi­tuir nas funções de Assistente Diocesano do Movimento Católico de Es­tudantes, havemos por bem nomear o Rev. P. Manuel Armindo Pereira Janeiro.

Leiria, 25 de Julho de 1994

t SERAFIM DE SoUSA FERREIRA E SILVA Bispo de Leiria-Fátima

ASSISTENTE DIOCESANO DA ACÇÃO CATÓLICA RURAL

Sendo necessário substituir o Rev. P. Adelino Filipe Guarda nas funções de Assistente Diocesano da Acção Católica Rurat havemos por bem nomear o Rev. P. José Lopes Baptista.

Leiria, 25 de Julho de 1994

t SERAFIM DE SoUSA FERREIRA E SILVA Bispo de Leiria-Fátima

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ACTOS EPISCOPAIS

SECRETARIADO DIOCESANO DA PASTORAL VOCACIONAL

Por motivos de coordenação pastoral dispensámos o Rev. P. Dr. Jorge Manuel Faria Guarda das funções que exercia no Secretariado Dio­cesano da Pastoral Vocacional. Dado o carácter prioritário deste sector (O.T. 2) torna-se, deste modo, necessário reorganizar a equipa responsá­vel pela pastoral das vocações.

Tendo obtido a autorização do respectivo Superior religioso, no­meamos Director do Secretariado da Pastoral Vocacional o Rev. P. Dr. António Paulo da Costa Madureira, da Congregação Missionária dos Pa­dres Monfortinos.

Leiria, 13 de Outubro de 1994.

t SERAFIM DE SoUSA FERREIRA E SILVA Bispo de Leiria-Fátima

VIGÁRIO PAROQU�AL DA BIDOEIRA A fim de auxiliar o Rev. P. Manuel Luís Maço nas actividades pas­

torais de que é responsável, tendo ouvido o Conselho episcopal e o res­pectivo Vigário da Vara, achámos por bem nomear Vigário paroquial da Bidoeira o Rev. P. José Martins Alves, que é também pároco de Carnide.

Leiria, 13 de Outubro de 1994.

t SERAFIM DE SoUSA FERREIRA E SILVA Bispo de Leiria-Fátima

CHEFE DE REDACÇÃO DE "A VOZ DO DOMINGO"

Considerando que os Meios de Comunicação Social são um bom ins­trumento de evangelização e podem ser uma presença privilegiada da Igreja na sociedade, achamos por bem nomear Chefe de Redacção do Se­manário Diocesano "A Voz do Domingo" o Rev. P. Jacinto Pereira Gonçal­ves, que continuará a apoiar pastoralmente a área de Porto de Mós.

Leiria, 18 de Outubro de 1994, festa de S. Lucas Evangelista.

t SERAFIM DE SoUSA FERREIRA E SILVA Bispo de Leiria-Fátima

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COMUNICADO DO CONSELHO PRESBITERAL

O Conselho Presbiteral da Diocese de Leiria-Fátima, na sua sessão de 8 e 9 de Novembro de 1994, reflectiu sobre a vida e acção pastoral da Igreja diocesana, com destaque para os seguintes pontos:

Avaliou-se a Assembleia diocesana de 30 de Setembro último e reflec­tiu-se sobre a maneira de valorizar o dia' anual da Diocese e a escolha da melhor data para a sua realização.

Ocorrendo em 1995 os 450 anos da criação da Diocese de Leiria, o Con­selho tomou conhecimento de um projecto de comemorações elaborado pelo Cabido e sugeriu maior abertura às perpectivas pastorais.

Ainda na linha de efemérides importantes, mereceu especial referência o oitavo centenário do nascimento de Santo António, dada a importância da devoção a este Santo e da sua grande popularidade. Havendo na cidade uma comunidade franciscana com uma presença histórica muito significati­va, empenhada numa celebração condigna, considerou-se muito importante e oportuno o seu contributo.

Foi dado conhecimento aos conselheiros do projecto de aquisição de um órgão de tubos para a Sé Catedral, em ordem à dignificação do culto e reconhecendo-se também a sua importância como elemento cultural enri­quecedor da cidade e da Diocese.

Avaliou-se o trabalho da Escola de Formação Teológica de Leigos e contemplaram-se modos de enriquecimento da sua actividade, através de uma hipotética descentralização e da criação de um curso de formação musi­cal litúrgica. Sobre a remuneração dos Sacerdotes, considerou-se unanime­mente a importância do novo sistema que favorece a disponibilidade de espírito, a justiça e a partilha, e votaram-se propostas a apresentar ao Senhor Bispo para definição de um quantitativo mensal.

Reanalisando os dados dos recenseamentos da prática dominical de 1977 e de 1991, insistiu-se na necessidade de um melhor estudo dos elemen­tos disponíveis e no esforço de uma maior adequação da acção pastoral às realidades actuais.

A propósito do Sínodo diocesano a realizar futuramente, sentiu-se ne­cessidade de dinamizar padres e leigos, procurando que cresçam na atenção aos "sinais dos tempos" e na fidelidade ao Espírito de Deus. O Senhor Bispo, ao encerrar os trabalhos viria a sublinhar que a própria vida eclesial assenta numa atitude verdadeiramente sinodal, como povo que se deixa co'nvocar, revigorar e enviar constantemente pelo Espírito.

A próxima sessão ficou marcada para os dias 31 de Janeiro e 1 de Feve­reiro de 1995.

Leiria, 9 de Novembro de 1994.

O Secretário

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SEMINARIO MAIOR A partir de 1 de Outubro de 1994, os alunos do Curso Filosófico­

-Teológico do Seminário Diocesano de Leiria passaram a frequentar o Instituto Superior de Estudos Teológicos de Coimbra (ISET).

A decisão foi tomada com base numa análise da situação actual do Seminário Diocesano, que vinha registando uma diminuição do número de alunos, tornando excessivamente dispendioso, em meios humanos e económicos, a manutenção de um curso filosófico-teológico para um pe­queno grupo de estudantes.

Novas exigências da sociedade contemporânea, bem como orienta­ções das instituições eclesiais competentes apontam no sentido de se unir esforços na manutenção de institutos superiores de teologia que te­nham as condições indispensáveis de funcionamento, a nivel de instala­ções, de rentabilidade económica, de recursos humanos e de possibilidades científicas (Directrizes sobre a preparação dos educadores nos seminários, 1993, n2 81; Ratio Fundamentalis, 1985, n. 21; Normas fundamen­tais para a formação sacerdotal nas dioceses portuguesas, n2 56-58).

A decisão desta transferência foi tomada pelo Bispo diocesano, de­pois de ter consultado todos os padres da Diocese, os professores do Se­minário e alguns leigos ligados à formação dos seminaristas.

Durante este ano lectivo, os seminaristas de Leiria viverão no Semi­nário de Coimbra, onde também terão a sua formação espiritual e pasto­ral. Esta solução foi adoptada, por não ter sido possívet em pouco tempo, encontrar uma residência adequada que pudesse acolher os alu­nos de Leiria.

Record�e que, neste Seminário de Coimbra estão já os alunos das dioceses de Coimbra, Portalegre-Castelo Branco, Aveiro e Cabo Verde. Desde a fundação do ISET, em 1971, na qual participou também a Dioce­se de Leiria-Fátima, têm lá leccionado alguns sacerdotes desta Diocese, sendo neste momento três os que aí prestam o seu contributo.

Os padres formadores do Seminário de Leiria continuarão a acompanhar de perto estes seminaristas, tanto através de visitas sema­nais, como da organização de actividades pastorais nos fins-de-sema­na. A presença dos alunos em Coimbra não prejudicará a sua integração na Diocese, já que tomarão parte em todas as actividades e celebrações significativas que aqui se realizem, além das actividades pastorais semanais.

Julgamos saber que uma comissão "ad hoc" continua a estudar es­ta nova situação, de forma a encontrar uma solução definitiva.

P. Vítor Coutinho

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RELATÓRIOS DE ACTIVIDADES 1993-1994

Secretariado Diocesano da Pastoral Vocacional

Objectivos

Os objectivos da pastoral vocacional para o presente ano pastoral apontavam para a sensibilização, formação, oração e despertar vocacio­nal dos adolescentes e jovens. Relativamente aos anos anteriores, propu­semo-nos não apenas continuar o projecto de sensibilização vocacional nas paróquias, mas também desenvolver o trabalho com jovens e iniciar uma colaboração com o Secretariado da Pastoral Juvenil

Acções

- Semanas de sensibilização vocacional nas paróquias de: Barrei­ra, Cortes, Azoia, Vermoil, Meirinhas, Colmeias, S. Simão de Litém, Boa­vista, Caranguejeira e Albergaria dos Doze.

- Para jovens: três encontros dê despertar vocacional, um retiro e duas caminhadas (Uma delas vicarial).

- Para adolescentes: 10 encontros para rapazes, meninas e mistos, em Leiria e Fátima.

- Para animadores vocacionais: 1 encontro diocesano, 4 vicariais e alguns paroquiais.

- Preparação para a Profissão de Fé ou Crisma: paróquias de Ma­rinha Grande, Barosa, Parceiros, Alpedriz e Pataias.

- Celebração do Dia da Vida Consagrada, em Leiria, em colabora­ção com a Delegação Regional da CNIR/FNIRF.

- 6 encontros Shemá, momentos de oração com jovens organiza­dos em colaboração com o Secretariado da Pastoral Juvenil.

- Apoio às equipas vocacionais de Atouguia, Santa Catarina da Serra e Calvaria para a realização de algumas actividades.

- Participação no Curso de formação para Animadores Vocacio­nais, em Fátima.

- Apoio às actividades do Pré-Seminário. - 1 vigília de oração na Semana dos Seminários e outra na das Vo-

cações.

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RELATÓRIO DE ACTIVIDADES

- Encontros para adolescentes e jovens e tempos de oração em vá­rias paróquias, em colaboração com o Seminário, a preparar as ordena­ções sacerdotais.

- Divulgação de materiais de apoio para a animação vocacional das Semanas dos Seminários e das Vocações.

- Orientação de reflexões para casais e para catequistas. - Publicação do "SIM" e sua distribuição, principalmente pelos

padres animadores vocacionais.

Observações e perspectivas

1 - De entre todas as actividades realizadas, merecem particular destaque os encontros "Shemá". A adesão da parte dos jovens foi boa (cerca de urna centena em cada encontro). A iniciativa contribui para possibilitar aos jovens a escuta de Deus, a experiência da Sua pres�nça e a disponibilidades para acolher o eventual chamamento de Deus. E acti­vidade a desenvolver e, logo que haja condições, a multiplicar.

Talvez esta iniciativa pudesse ser desenvolvida com a criação de um serviço de orientação espiritual e vocacional mantido pelos dois se­cretariados e com a colaboração de outros.

2 - As Semanas Vocacionais nas paróquias contribuem para uma sensibilização das comunidades cristãs sobre a responsabilidade de to­dos no despertar das vocações, e permite� constituir urna rede de ani­madores vocacionais em toda a diocese. E necessário cuidar melhor da sua preparação, envolvendo mais os párocos e outros agentes pastorais, e motivar a urna maior participação nas várias actividades.

3 - Os animadores vocacionais e as respectivas equipas paroquiais têm-se revelado de grande utilidade quer no convite aos adolescentes para os encontros formativos, quer, em alguns casos, na realização de ac­tividades na comunidade. A sua participação no encontro diocesano foi diminuta, melhorou em alguns encontros vicariais e paroquiais. A for­mação e o apoio à sua acção devem merecer maior cuidado e empenho. Conviria mesmo planear um curso de formação.

4 - Da parte dos párocos, encontramos abertura, algum interesse e apoio às actividades vocacionais. Alguns, segundo sabemos, tiveram mesmo iniciativas no campo da oração. Ao que nos parece, é necessário maior informação e empenho de todos os padres. A reflexão conjunta em ordem a um impulso maior é urgente.

5 - O trabalho de formação vocacional dos jovens conheceu um desenvolvimento este ano, nomeadamente com a realização do retiro e

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RELA TÓRIO DE ACTIVIDADES

das caminhadas. A adesão pode aumentar. Importa continuar a desen­volver e consolidar este trabalho especialmente no sentido do reforço dos contactos com os jovens e na motivação para fazerem uma caminha­da que leve à clarificação e amadurecimento vocacional.

6 - Os encontros para adolescentes foram orientados por 3 equi­pas diferentes. A adesão foi boa em alguns casos, menos, noutros. Im­porta cuidar da informação destas actividades, que deve ser feita mais atempadamente. As equipas deverão caminhar no sentido de maior co­laboração entre si. Importa projectar a continuidade dos contactos em ordem a possibilitar aos adolescentes uma caminhada de descoberta, formação e amadurecimento vocacional.

7 - Há adolescentes e jovens que aderem às actividades vocacia­nais para que são convidados. O convite pessoal e a motivação directa de alguém próximo deles são os meios mais eficazes para suscitar a sua adesão. Importa promover sempre mais estes meios pessoais e directos.

8 - Parece verificar-se adesão crescente à participação nas vigílias de oração. Também algumas comunidades as realizaram� Seria conve­niente promover estas realizações em todas as paróquias. E útil e conve­niente apoiar as comunidades, fornecendo-lhes esquemas e textos de apoio, para que organizem os seus momentos de oração.

9 - A colaboração com religiosos e religiosas foi boa. Iniciámos também algum trabalho conjunto com a Pastoral Juvenil. É um caminho a prosseguir e a alargar à Pastoral Familiar, à Educação Cristã e aos mo­vimentos. Importa que a pastoral Vocacional não seja tarefa de um pe­queno grupo ou de uma rede de pessoas, mas se torne sempre mais uma dimensão bem presente em toda a actividade pastoral. Neste senti­do, seria oportuna a constituição de um Conselho de Pastoral Vocacio­nal, que traçasse as grandes linhas para cada ano e verificasse a caminhada feita.

10 - O Pré-Seminário conheceu algum desenvolvimento este ano: Iyiaior número de encontros e contactos mais frequentes com os rapazes. E importante caminhar para uma institucionalização e para o planea­mento çia formação e do trabalho de acompanhamento dos pré-semina­ristas. E indispensável manter urna boa ligação quer com a Pastoral das Vocações, quer com o Seminário, quer ainda com os animadores voca­cionais.

Leiria, 9 de Julho de 1994

P. Jorge Guarda

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RELATÓRIO DE ACTIVIDADES

Secretariado Diocesano da Educação Cristã da Infância e Adolescência

1 - Prioridades

Este ano foram prioridades deste Secretariado:

1 .1 - Formação de Catequistas, principalmente com o Curso de Iniciação Catequística, com a Escola de Catequistas e ainda com retiros e outras acções pontuais.

1.2 - Apoio aos Animadores de Adolescentes.

1 .3- Organização paroquial da Catequese.

2 - Acções realizadas ao longo do ano 1993/94

2.1 - XXIV Encontro Diocesano de Catequistas, no dia 26 de Setembro, com cerca de SOO participantes. Orientou a primeira parte o P. Adérito Go­mes Barbosa sobre o Catecismo da Igreja Católica e as suas implicações na Catequese. A segunda parte esteve a cargo da equipa do Secretariado Dio­cesano e incidiu sobre o lançamento do novo Ano Catequético.

2.2 - Escola Diocesana de Catequistas, que, de Outubro a Maio, teve a frequência de cerca de 300/350 catequistas de toda a diocese.

O tema de todo o ano foi "a Palavra e a Catequese". Foram orienta­dores: a Ir. Raúla Margarida Abreu e o P. Dr. Anacleto Cordeiro Gonçal­ves de Oliveira. A Dr� Belmira Lourenço de Sousa e a Maria José Silva/Ir. Maria das Dores orientaram duas lições. A abertura e o encerra­mento foram orientadas pelo P. Augusto Gomes Gonçalves.

De referir o grupo de preparação dos cânticos litúrgicos, que conti­nua a ser um apoio para os grupos corais das diversas paróquias.

2.3 - Encontros de formação para animadores de adolescentes, em quatro zonas da diocese: Leiria, Fátima, Marinha Grande e Monte Re­dondo. A frequência, em média, foi de vinte animadores por encontro.

2.4 - Cursos de Iniciação Catequística.

Fizeram-se oito cursos, tendo participado cerca de 400 catequistas. Foram 21 paróquias, que tiveram participantes: Arrabal, Batalha, Calva­ria, Boavista, Caranguejeira, Fátima, Marrazes, Azoia, Barreira, Cortes, Leiria, Parceiros, Pousos, Regueira de Pontes, Monte Redondo, Souto da

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Carpalhosa, Monte Real, Coimbrão, Vieira de Leiria, Urqueira e Santa Catarina da Serra.

2.5 - Promoveu-se um Seminário: Educação para a Saúde - A Res­ponsabilidade dos Cristãos perante a Toxicodependência e Sida, com cerca de 200 participantes.

2.6 - Realizou-se um retiro para catequistas, de 25 a 27 de Feverei­ro, com 60 participantes.

2.7 - De 12 a 15 de Fevereiro realizou-se o XXII Encontro Interdio­cesano, promovido pelas dioceses do centro: Leiria-Fátima, Lisboa, San­tarém, Setúbal e Portalegre e Castelo Branco. O tema foi a Formação dos Catequistas, sistematizada.

2.8 - Encontro Diocesano de Adolescentes da 4� fase. Participaram 620 adolescentes com os seu animadores, organizados em grupos que traba­lharam ao longo de certo tempo, nas suas paróquias, o tema "A Famí­lia". Este encontro foi desafio a toda a diocese. O "slogan", que serviu de pano de fundo foi: "Família Unida Amor p'ra Vida".

3 - Avaliação

3.1 - Foi muito útil toda a formação dos catequistas, nas várias áreas. Sentimos vivamente a falta de gente com a mínima disponibilida­de para dar esta formação.

3.2 - Continuamos a ouvir muitos catequistas queixarem-se da falta de apoio directo de alguns párocos, alguns até sem grande fé nos novos catecismos, o que vai desmotivar bastante. Bom seria que nem sempre fosse verdade.

3.3 - Há muitas divergências, de paróquia para paróquia, quer no fazer catequese, quer em aceitar as exigências dos novos catecismos, quer ainda na recepção dos sacramentos, particularmente o Crisma.

3.4 - A confusão entre o ensino da doutrina, que às vezes se prio­riza, e a catequese, continua a ser habitual em algumas paróquias.

3.5 - É de referir a urgência das vigararias assumirem a formação dos seus catequistas. A este nível pouca organização existe e os horizon­tes não são vastos.

3.6 - Sentimos também muito urgente que as paróquias assumam os novos catecismos, como sinal do Espírito, e ajudem os seus catequis­tas a prepararem-se bem.

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3.7 - A catequese da Infância e Adolescência sente-se entre dois polos: alguns párocos assumem todas as decisões na área da catequese, sem ouvir suficientemente os catequistas e por outro lado existe a falta de leigos minimamente preparados. E a preocupação na sua preparação não parece a suficiente.

3.8 - Continuamos a ter paróquias que há mais de dez anos não realizam acção de formação específica de catequistas.

3.9 - A opção preferencial pelos adolescentes ainda não pegou convenientemente na diocese, tendo em conta a dificuldade de se conse­guirem animadores para esta fase etária.

3.10 - Sentimos ser de muita importância o investimento na V fase (9º e 10º anos), para se dar continuidade na juventude e na vida adulta.

4 - Nuvens e esperanças

4.1 - Deparamo-nos com muitas nuvens nesta diocese de Leiria­-Fátima. Entre eles apresentamos algumas:

- Falta de catequistas, como verdadeiros educadores; - Pouca organização das catequeses paroquiais; - Faz-se a vontade aos pais, mas sem exigência inteligente; - Catequese familiar quase não existe; Pouco diálogo entre os ca-

tequistas e os pais; - São poucos os leigos que assumem as lideranças da catequese; - A recepção do Crisma, em anos muito diferentes, causa desor-

dem; - Incapacidade das paróquias em caminhar com os adolescentes; - As paróquias dão pouca formação aos catequistas;

4.2 - Mas as nuvens não fecham o caminho. Há também muitas esperanças. Entre elas enumeramos algumas:

- A Igreja é esperança para todos os educadores;

- Há muitos catequistas que já ocupam o seu lugar;

- Vai-se notando cada vez mais um grande esforço em caminhar com os adolescentes;

- Há tentativas de fazer com que a catequese acompanhe a vida;

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- A busca de formação específica por parte de muitos catequistas;

- Muitas paróquias, com o seu pároco à frente, estão a caminhar, apesar de todas as dificuldades.

5 - Desafios

As esperanças levam-nos à audácia de nos deixarmos desafiar. Sentimos, por isso, que é urgente:

5.1 - Ligar cada vez mais a catequese à família e à comunidade paroquial, de forma que aquela não se torne "propriedade" apenas de alguns.

5.2 - Que as paróquias se voltem mais para a formação dos vários agentes da pastoral, onde a catequese tenha o seu papel preponderante, mas não desligado ou isolado.

5.3 - Provocar o diálogo frequente e inteligente com as famílias dos catequizandos, particularmente os pais.

5.4 - Continuar, a nível diocesano, a formação específica, no se­guimento do Curso de Iniciação Catequística, concretamente com o Cur­so Geral.

5.5 - Ajudar a diocese a apostar seriamente na catequese para to­das as fases etárias, com prioridade na catequese para adultos. Sem esta, a catequese da infância e adolescência dificilmente se processa com nor­malidade.

5.6 - Aceitar que a catequese não prepara apenas, nem principal­mente, para os sacramentos, mas para a vida, que se há-de testemunhar na comunidade.

5.7 - Fazer reuniões de catequistas, pelo menos mensais. Elas de­vem ser o oxigénio para a caminhada dos mesmos catequistas.

5.8 - Que os catequistas não sejam demasiado novos.

Assim: auxiliares - nunca menos 16 anos; catequistas - nunca menos de dezoito anos.

5.9 - Promover com todo o empenho os dez anos de catequese, como caminhada catecumenal, antes da juventude.

P. Augusto Gomes Gonçalves

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Secretariado Diocesano do Ensino da Igreja nas Escolas

O Secretariado Diocesano do Ensino da Igreja nas Escolas da dioce­se de Leiria-Fátima continua a acompanhar os professores de Educação Moral e Religiosa Católica no seu trabalho junto dos alunos, para que a respectiva disciplina não seja mais uma no horário dos alunos, mas transpareça como uma acção eclesial. Por isso os mesmos professores es­tão nas suas escolas em nome da Igreja e desta devem ser mensageiros qualificados.

1 - Objectivos

Segundo o decreto da nomeação deste Serviço Diocesano, são os seguintes os seus objectivos:

1.1 - Promover uma adequada e permanente formação aos profes­sores de Educação Moral e Religiosa Católica.

1.2- Ajudar os mesmos professores a serem uma presença viva da Igreja, cujo verdadeiro rosto deve transparecer em todos os seus com­portamentos, tanto na escola como fora dela, de modo que a aula se tor­ne credível e desejada pelos alunos e pais, e ainda por todos os que trabalham na escola.

1.3 - Criar espaços de partilha, para que mais facilmente se con­siga que os alunos descubram a Igreja, como comunidade de fé viva, co­munidade de salvação, na comunhão com Deus e com os homens.

1.4- Acolher a favorecer as iniciativas dos professores. 1.5- Como órgão executivo do Bispo diocesano, realizar as neces­

sárias acções burocráticas nas relações entre a escola e o mesmo Bispo.

2- Critérios Pastorais para a colocação dos professores de Educação Moral e Religiosa Católica

Em 12 de Dezembro de 1993, o Bispo desta diocese de Leiria-Fáti­ma, aprovou as seguintes Normas Pastorais:

2.1- A Igreja deseja que os Professores de Educação Moral e Reli­giosa Católica sejam sua presença em todo o "espaço escola", não apenas junto dos alunos, mas também junto dos outros professores e de toda a comunidade escolar, em constante corresponsabilidade, sem esquecer a família dos alunos e as associações de pais.

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2.2 - O Bispo da diocese é sempre o garante do professor (Decre­to-Lei 407/89, Art. 9) e o responsável pela sua colocação em determina­da escola, seja ou não por concurso.

Através dos Serviços competentes julgará cada caso de per si e tu­do executará através dos mesmos, neste caso o Secretariado Diocesano do Ensino da Igreja nas Escolas desta Diocese de Leiria-Fátima, seu Ór­gão executivo.

2.3 - Na análise da proposta de cada professor, o Bispo da Dioce­se terá em conta os seguintes factos e índices:

2.3.1- O trabalho desenvolvido nas escolas onde leccionou. 2.3.2- O testemunho de vida cristã na família, na Igreja e na socie­

dade. 2.3.3- O compromisso pastoral na diocese, na escola e na comuni­

dade paroquial. 2.3.4- As aptidões naturais e a vocação para o trabalho com ado­

lescentes ou jovens, com os colegas professores de outras áreas e com os Responsáveis da Educação.

2.3.5 - A frequência às "reciclagens" ou encontros de formação, propostos pelos Serviços competentes.

2.3.6- A habilitação própria específica e o tempo de serviço.

3- Alunos

No ano lectivo 93/94 inscreveram-se na aula de Educação Moral e Religiosa Católica 12.374 alunos, do 5!.! ao 122 ano, entre os 21.638 que frequentaram as diversas escolas do ensino público da área geográfica da diocese de Leiria-Fátima. Foram, portanto, 57%.

Estiveram assim distribuídos pelos diversos anos nas escolas pú­blicas:

52 ano 2.902 = 88% 62ano 2.897 = 81.7% 72ano 2.441 = 68.3% 82ano 2.078 = 53.8% 92ano 1.112 = 38.3%

102 ano 693 = 30% ll2ano 104 = 14.4% 122 ano 23 = 4%

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4 - Escolas Públicas

Funcionam na diocese de Leiria-Fátima 32 escolas públicas:

Escolas preparatórias

Escolas C+S

Escolas Secundárias

Escolas particulares

NB: Não estão incluídos os colégios católicos

5 - Professores

8

9

1 0

5

Leccionam na diocese de Leiria-Fátima trinta e seis professores de Educação Moral e Religiosa Católica, para além dos colégios católicos.

Estão já efectivados 10.

Possuem habilitação própria 27, embora só 10 estejam profissiona­lizados, por não haver mais lugares a concurso.

Terminaram este ano o completamento de habilitação, na Escola Teológica de Leigos, dez professores que ficaram com habilitação pró­pria, embora sem grau académico.

De referir ainda que do total de professores, 10 são sacerdotes, 1 re­ligiosa, e 25 são leigos; destes são 10 homens e 15 mulheres.

6 - Acções de Formação

Ao longo deste ano, o Secretariado promoveu duas acções de for­mação permanente para todos os professores:

A primeira, de 3 a 5 de Dezembro, aberta a outras pessoas, teve co­mo tema "A Responsabilidade dos Cristãos perante a Sida e a Toxicode­pendência". Foram prelectores: o P. Victor Feytor Pinto, o Dr. Jorge Torga! Garcia, a Dr'! Maria João Martins e o Dr. Heitor Costa.

A segunda, de 23 a 24 de Maio, versou "a Nova Evangelização, co­mo desafio à aula de

A Educação Moral e Religiosa Católica" e foi orienta­

da pelo Dr. Miguel Angelo. Na última tarde trabalharam-se as técnicas de animação.

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7 - Formação e informação ao público

De referir ainda todo o trabalho de informação aos alunos e encar­regados de educação, antes do termo das aulas e que se concretizou no seguinte:

7.1 - Fez-se um desdobrável para os professores e que se enviou também a todos os párocos, para elucidação do que é a aula de Educa­ção Moral e Religiosa Católica, Catequese e Desenvolvimento Pessoal e Social.

7.2 - Entregou-se a todos os alunos desta disciplina, um impresso próprio com informações, interpelações e ainda o local para autógrafos, a assinalar o ano passado e entusiasmar para o futuro.

7.3 - Enviou-se a todas as paróquias um cartaz, construído para sensibilizar todas as comunidades.

7.4 - Construiu-se um texto informativo, que se enviou para os meios de comunicação social, subordinado ao tema: "Se queres um futu­ro feliz .. . arrisca numa escolha!"

8 - Esperanças e Desafios

8.1 - Cada vez mais a cultura precisa de ser iluminada pela fé; e a aula de Educação Moral pode e deve ser um espaço destes, a ajudar os alunos a descobrir, em complementaridade, tudo aquilo que as outras aulas não dão, mas que hoje são necessárias a qualquer pessoa, que cres­ce na vida.

8.2 - Os Professores são desafiados a serem protagonistas duma vida nova, porque iluminada pela fé, em colaboração permanente com toda a escola, em nome da Igreja, que ali representam. Por isso urge que o nível desta aula seja exemplo para todas as outras.

8.3 - A Igreja desafia os professores a serem bons educadores, con­cretizando no ensino e na vida de cada um o anúncio de Jesus Cristo. Os professores desafiam a Igreja a um maior investimento na sua formação, no seu acompanhamento e no esforço de actualização dos seus direitos.

P. Augusto Gomes Gonçalves

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Comissão Diocesana das Migrações e Turismo

No dia 25 de Janeiro do corrente ano, foi nomeada po� três anos, a actual Comissão, encarregada da Pastoral da Mobilidade. E constituída por 9 pessoas: 2 de Leiria, 2 de Fátima, 1 da Vieira de Leiria, 2 de Minde, 1 de Monte Real e 1 de Carvide.

A primeira reunião aconteceu, ainda antes da nomeação, em Monte Real, na Casa Paroquial, para nos conhecermos uns aos outros, para as primeiras trocas de impressão e para gizar possíveis acções.

A segunda reunião, na qual esteve presente o Bispo Diocesano, rea­lizou-se no dia 17 de Abril, na Cova da Iria, no Hotel Santo Amaro. Aí se fez o ponto da situação a nível mundial e local no tocante às migra­ções portuguesas, aos refugiados e desalojados no Mundo e falou-se do Turismo em Portugal e, nomeadamente, na nossa Diocese. Aí se tomou a decisão de fazer um cartaz informativo com indicações dos Serviços So­ciais de atendimento aos turistas e migrantes em real necessidade e ain­da com a indicação do Serviço Religioso nos maiores centros da nossa Diocese. De facto, em Junho, o cartaz foi enviado a todas as Paróquias da Diocese, aos Bombeiros e aos Postos de Turismo da Região de Turismo de Leiria "Rota do Sol" que financiou, em parte, os custos. Ficou em pro­jecto para 1995, a formação de guias turísticos para acompanhar os turis­tas na visita aos monumentos da nossa Diocese, nomeadamente para a Sé de Leiria, Nossa Senhora da Encarnação e Castelo de Porto de Mós.

De 11 a 16 de Julho, em Elvas, 2 membros da Comissão participa­ram no Encontro anual dos Secretariados Diocesanos das Migrações e Turismo, promovido pela Obra Católica Portuguesa de Migrações, su­bordinado ao tema: "Família e Migrações". Presentes quase todas as Dioceses do País bem como o novo presidente da Comissão Episcopal, D. Manuel Martins.

Em 17 de Julho foi enviado a todas as Paróquias o material da 22ª Semana Nacional das Migrações que ocorreu de 7 a 14 de Agosto subor­dinada ao tema da Família. Convidaram-se, então, todos os Migrantes a participarem na Peregrinação a Fátima nos dias 12-13 de Agosto.

Promoveu-se ainda o peditório oficial no Domingo, dia 14 de Agosto para a pastoral em causa.

A Comissão agradece sugestões e preciosa colaboração de todos para a Pastoral da Mobilidade que a todos nos engloba. Esta nossa era é de uma mobilidade cada vez mais vertiginosa.

P. Isidro da Piedade Alberto

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Comissão Diocesana das Comunicações Sociais

A Comissão Diocesana das Comunicações Sociais, ao programar as suas actividades para o ano pastoral de 1993/94, entendeu dever conti­nuar a dar especial atenção ao aproveitamento dos meios de comunica­ção social que temos na diocese, nomeadamente ao jornal diocesano "A Voz do Domingo" (onde colaboram semanalmente três membros da Co­missão) e ao Emissor Regional da Rádio Renascença "Voz de Leiria-Fáti­ma", continuando a realizar um programa semanal, de meia hora, ao sábado - a "Igreja Viva" - e colaborando com os estúdios de Leiria to­das as vezes que foi solicitada, nomeadamente o seu presidente e um dos outros membros da Direcção, bem como aos boletins paroquiais e outros jornais ligados à Igreja.

Também mantivemos a nossa disponibilidade para dar toda a cola­boração que nos fosse pedida à TVI, a cujos responsáveis o fizemos sa­ber, por mais de uma vez.

Com a Liga dos Amigos da Rádio Renascença mantivemos fre­quentes contactos, com o envio do pagamento de quotas que nos entre­gam e outras ajudas pessoais.

No jornal diocesano, deu-se especial relevo ao Ano Internacional da Família, não havendo praticamente edição nenhuma em que não ti­vesse sido focado um ou mais aspectos da família e seus valores.

A Comissão editou, no começo do ano pastoral, um calendário de bolso assinalando o Ano Internacional da Família e realizou um encon­tro de estudo e reflexão com os boletins e jornais paroquiais, em que participaram 23 pessoas, entre sacerdotes directores destes meios de co­municação e seus colaboradores.

A Comissão promoveu ainda, como lhe compete, a celebração do Dia Mundial das Comunicações Sociais, escrevendo a todos os párocos e outros sacerdotes encarregados de centros de culto (capelães e directores de casas religiosas com Missa para o público).

Participou ainda num seminário sobre a família, no Santuário de Fátima, promovido pelo Secretariado Nacional, e em mais duas reu­niões, a nível nacional.

P. Joaquim Domingues Gaspar

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Secretariado Diocesano da Pastoral Juvenil

O Secretariado Diocesano da Pastoral Juvenil é formado por urna equipa de 12 elementos, nomeados pelo Bispo Diocesano em Setembro de 1992.

No início do seu mandato definiu corno objectivos essenciais:

1 - Proporcionar aos jovens da nossa Diocese espaços de encontro com Deus e aprofundamento da experiência de fé.

2 - Privilegiar a formação e acompanhamento de animadores de grupos de jovens.

3 - Incentivar a integração dos jovens na vivência e dinâmica das suas comunidades locais.

4 - Apoiar todos os movimentos juvenis que actuam no espaço diocesano.

Ao longo do ano realizaram-se diversas acções:

Abertura das actividades (a 17.10.93, em Leiria)

- Coincidiu com o encontro de todos os crismados dos últimos cinco anos.

- Rito inicial na Capela do Seminário Diocesano seguido da cami­nhada em dois grupos distintos até ao ginásio do Colégio da Cruz d'Areia.

- Participaram cerca de SOO jovens.

Encontros de formação para jovens:

Terna: Vida interior e solidariedade humana.

- 13 e 14/11/93 - Quinta da Matinha, para a vigararia de Leiria. - 28 e 29/5/94 - Aljubarrota, para a vigararia da Batalha. - 11 e 12/6/94 - Ourém, para a vigararia de Oúrérn. - Participaram, no total, cerca de 70 jovens. - No primeiro dia o terna foi: Vida Interior. - No segundo dia o tema foi: Solidariedade Humana.

Seminário "Educação para a Saúde - Toxicodependência e Sida":

- 3 a 5/12/93 - Seminário Diocesano. - Secretariado Diocesano da Pastoral Juvenil e Secretariado Dioce-

sano da Educação Cristã da Infância e Adolescência.

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- Vários oradores - Participantes: 200.

Festival Diocesano da Canção Jovem:

Tema: Família

- 23/01 /94 - Teatro José Lúcio da Silva - Leiria. - 8 canções concorrentes. - Participação: Lotação esgotada!

Retiro para animadores de Jovens:

Tema: que buscais?

- Participantes: 20. - 19 e 20/02/94 - Aljubarrota.

Retiro para jovens:

Tema: Sabedoria.

- 12 e 13/03/94 - Pensão Primavera - Monte Real. - Participantes: 40. - De salientar o trabalho de grupos em forma de caminhada pelas

matas das Termas de Monte Real sob o tema: "Caminhos da Sabedoria". À noite, o momento de oração foi importante para todos os participantes.

Dia Mundial da Juventude:

Tema: "Como o Pai me enviou, também Eu vos envio a vós".

- 16/04/94 - Ourém. - Participantes: 400 jovens de toda a Diocese. - Trabalhos de grupo àcerca do tema e apresentação das conclu-

sões daí resultantes. Jantar partilhado. Caminhada em grupos até ao cas­telo. Celebração da Eucaristia, presidida pelo Rev. Sr. Bispo O. Serafim Ferreira e Silva, na Igreja de Nª Sª da Piedade. Terminou com um con­certo no castelo.

Fátima Jovem/94:

Tema: "A Família um projecto".

- De 27 de Abril a 1 de Maio. - Forum: presença de 24 jovens da nossa Diocese com participa-

ção nos diversos ateliers.

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- Peregrinação (30/4): cerca de 10 km juntamente com as dioceses de Aveiro e Coimbra. Total de participantes: cerca de 3.000 jovens, dos quais cerca de 1.000 eram da nossa Diocese.

- Festival Nacional da Canção Jovem. Canção de Leiria: "Nós".

Escola de Animadores:

Temas baseados no livro "A família um projecto".

- A funcionar às terças-feiras na 21!. parte da escola de catequistas. - Grupo constante com cerca de 20 participantes. - Temas apresentados, rotativamente, pelos vários elementos da

equipa do sacretariado.

Presença jovem:

- Publicação de 3 números (Natal, Páscoa e em Junho - Férias) na mesma linha do ano antecedente, no que respeita a rúbricas.

Encontros Shemá:

- Conjuntamente com o Secretariado Diocesano das Vocações têm-se realizado estes encontros de oração e escuta da Palavra, na Quin­ta da Matinha.

- O primeiro destes encontros foi no dia 28/01/94 e têm-se repe­tido todos os meses, na última sexta-feira.

- Depois de um interregno nos meses de Julho e Agosto, já está previsto o próximo encontro para Setembro.

- Participação activa e assídua de mais de 100 jovens.

Viagem a Taizé (Centro Ecuménico de Acolhimento de Jovens) 22 de Julho a 2 de Agosto:

- Como forma de finalizar mais um ano pastoral juvenil, o Secre­tariado organizou uma viagem a Taizé com 45 participantes.

Presença no Secretariado:

- Presença semanal às quartas e sextas-feiras na casa "Maranatha".

Outros aspectos importantes:

- De salientar que algumas das actividades inicialmente previs­tas/programadas não se realizaram ou foram adiadas devido à falta de participantes ou ao reduzido número de inscrições.

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RELA TÓRIO DE ACf!VIDADES

- Também o Secretariado tem o seu retiro anual no final das acti­vidades. Este ano foi nos dias 2 e 3 de Julho.

- Desde Março a esta parte tem colaborado com este Secretariado as Irmãs (brasileiras) da Congregação das Religiosas da Instrução Cristã, do Brasil.

O Secretariado

Secretariado Diocesano da Pastoral Litúrgica

Durante o ano de 1 994, o Secretariado Diocesano da Pastoral Litúr­gica realizou para os ministros extraordinários da comunhão as seguin­tes acções:

- 8 de Janeiro, recolecção no Seminário de Leiria, para os minis­tros disponíveis nesse dia e em 15 de Janeiro no Santuário de Fátima pa­ra os outros.

Foi das 10 às 17 horas. A parte da manhã foi destinada à reflexão e à oração, sob a orientação P. Adelino Ferreira. A parte da tarde foi de formação litúrgica, orientada pelo P. Gaspar.

Tomaram parte cerca de 300 ministros.

Nos dias 4 e 11 de Junho fez-se mais um encontro de preparação para novos ministros extraordinários da comunhão: Participaram cerca de 40 pessoas. Foi orientado pelo Dr. Jorge Guarda e pelo P. Gaspar.

P. Manuel da Silva Gaspar

Além destes secretariados diocesanos, outros serviços e instituições (desde a ACISJF à Cáritas), bem como movimentos e obras (da Acção Cato1ica às Oficinas de Oração) fizeram e apresentaram os seus relató­rios, que não é possfvel aqui publicar.

A vida da Igreja diocesana ultrapassa inevitavelmente aquilo que pode ser registado e relatado.

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RECOLECÇOES MENSAIS PARA SACERDOTES - 1995

CASA DE RETIROS SENHORA DO CARMO

DATAS

2 de Janeiro

6 de Fevereiro

6 de Março

3 de Abril

1 de Maio

5 de Junho

3 de Julho

7 de Agosto

4 de Setembro

2 de 0utubro

6 de Novembro

4 de Dezembro

HORÁRIO DAS RECOLECÇÕES MENSAIS

10.30 h - Hora intermédia, meditação, exposição do Santíssi­mo Sacramento, reflexão pessoal e confissões.

12.20 h -Meditação e bênção do Santíssimo.

13.00 h - Almoço.

Os sacerdotes que tenham de percorrer grandes distân­cias podem chegar de véspera e regressar no dia seguinte, desde que haja acordo prévio com o Serviço de Alojamento e Retiros do Santuário.

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VIDA ECLESIAL

ORDENAÇÕES

No dia 24 de Julho de 1994 foram ordenados, na Sé de Leiria, três presbíteros e dois diáconos. A celebração foi antecedida de uma vigília de oração, no Seminário Diocesano, em que participaram representantes de diversas paróquias da Diocese.

Nas paróquias de origem dos ordinandos, bem como nas comu­nidades onde exerciam actividades pastorais, foram organizados encon­tros de reflexão vocacional e momentos de oração pelas vocações.

Novos presbíteros:

- P. Cristiano João Rodrigues Saraiva, em estágio na paróquia do Souto da Carpalhosa, é natural da Calvaria; nasceu a 9.01.69 e entrou pa­ra o Seminário em 1979.

- P. Filipe da Fonseca Lopes, em estágio na paróquia da Bata­lha, é natural dos Milagres; nasceu a 15.09.65 e entrou para o Seminá­rio em 1978.

- P. Jacinto Pereira Gonçalves, em estágio nas paróquias de Serro Ventoso, Arrima! e Mendiga, é natural da Freixianda; nasceu a 19.11.68 e entrou para o Seminário em 1981.

Novos diáconos:

- Carlos Manuel Pedrosa Cabecinhas, formador no Seminário Diocesano.

- Sérgio Feliciano de Sousa Henriques, em estágio na paróquia da Marinha Grande.

ENCONTRO DE GRUPOS CORAIS

A coincidência da festa de Santa Cecícila (22 de Nov.), padroeira dos músicos cristãos, e o início do novo ano litúrgico (28 de Nov.), fo­ram ocasião propícia para o Grupo Coral do Santuário de Fátima orga­nizar um encontro de grupos corais paroquiais, no dia 20 de Novembro de 1994.

Esta iniciativa teve como objectivo uma maior sensibilização de to­dos os que, nas paróquias se dedicam à animação musical das celebra­ções litúrgicas.

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VIDA ECLESIAL

Este encontro pretendeu ser um espaço de conhecimento mútuo e de troca de experiências.

O encontro teve início às 14.30, com ensaio geral, após o qual se se­guiu a celebração eucarística com participação de todos os coros presen­tes. O programa incluiu ainda o canto de Vésperas, uma reflexão litúrgico-pastoral e o jantar oferecido pelo Santuário de Fátima.

A FAMÍLIA, BERÇO DA VIDA

No dia 3 de Outubro, a Escola Teológica de Leigos abriu oficial­mente as actividades deste ano lectivo com um colóquio sobre a Família, orientado pela Drª. Raquel Ribeiro, directora geral da família e represen­tante portuguesa na "Conferência do Cairo" sobre população e desen­volvimento.

Demonstrando que a identidade do ser humano depende essencial­mente da vida em família, defendeu que o Estado não pode assumir to­das as áreas de socialização para que não se esvazie o papel da família.

A segunda parte desta sessão foi ocupada com a entrega de diplo­mas a 20 alunos que terminaram já o curso de formação teológica pro­posto pela Escola.

Entre as 250 pessoas presentes, esteve também o Bispo da Diocese que manifestou todo o apoio e apreço à actividade desenvolvida pela Es­cola Teológica de Leigos.

FORMAÇÃO PERMANENTE DO CLERO

"O Sacramento do Matrimónio" foi o tema que serviu de base aos cursos de formação permanente do Clero, da Diocese de Leiria-Fátima, neste ano de 1994.

No contexto da temática proposta pelo Ano Internacional da Famí­lia, numerosos padres solicitaram que fosse abordado este assunto numa perspectiva inter-disciplinar, envolvendo diferentes abordagens e par­tindo de problemas concretos encontrados na actuação prática de todos os agentes pastorais.

À semelhança do que aconteceu nos anos anteriores, organizaram­-se dois turnos (em Setembro e em Novembro), de modo a facilitar a participação de todo o Clero diocesano.

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VIDA ECLESIAL

A semana de estudos foi iniciada com uma análise sociológica do casamento, a que se seguiu uma reflexão de carácter teológico sobre a sacramentalidade do Matrimónio. Ao nível litúrgico, percorreu-se a história para perceber a evolução da forma celebrativa deste sacra­mento.

Os assuntos mais práticos ficaram reservados para a segunda me­tade da semana, que foi ocupada com o debate sobre as questões canóni­cas e pastorais mais problemáticas.

IMAGEM PEREGRINA NO LESTE DA EUROPA

Durante o mês de Setembro, o Bispo da Diocese de Leiria-Fátima acompanhou a imagem peregrina de Nª Srª de Fátima em parte da sua deslocação à Hungria.

A visita a grande número de paróquias e santuários foi oportuni­dade para múltiplas acções de evangelização.

A imagem foi entregue durante a Peregrinação Aniversária de Ou­tubro a Fátima, à qual presidiu o Cardeal Virgílio Noé, Vigário do Papa para o Vaticano.

Nesta peregrinação participaram 93 grupos organizados de 22 na­ções.

No início desta Peregrinação Internacional, o Bispo diocesano apontou para alguns sinais, nomeadamente o tramo do muro de Berlim, oferecido em 1991, que foi enquadrado no recinto do Santuário, como símbolo apelativo à paz e à reconciliação. Este monumento foi inaugu­rado em 13 de Agosto deste ano.

ASSEMBLEIA DIOCESANA

Para assinalar o Dia Anual da Diocese de 1994 foi convocada uma assembleia diocesana, no dia 30 de Setembro, que reuniu cerca de duas centenas de pessoas: padres, religiosos e leigos, quer dos serviços cen­trais quer das paróquias e movimentos. Os responsáveis pela pastoral familiar, catequese da infância e adolescência, vida consagrada, Semi­nário e pastoral das vocações deram a conhecer algumas das linhas de acção e actividades que se vão desenvolver ao longo do presente ano pastoral.

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VIDA ECLESIAL

O reitor do Seminário Diocesano esclareceu a assembleia sobre a situação presente desta instituição educativa, quanto ao número de alu­nos e características da formação que promove. Justificou também a de­cisão, tomada pelo Bispo, sobre a ida dos seminaristas maiores para Coimbra, residindo no Seminário Maior daquela cidade e frequentando as aulas no Instituto Superior de Estudos Teológicos (ISET).

Várias outras intervenções apontaram a necessidade da elaboração dum plano de pastoral para a Diocese, que tenha em conta as circuns­tâncias e exigências do tempo presente e leve a uma renovação da Igreja de Leiria-Fátima, tornando-a mais apta a anunciar a mensagem cristã aos homens e mulheres de hoje.

A assembleia prosseguiu com um jantar partilhado, no Seminário Diocesano, e teve como momento conclusivo a celebração da Missa na igreja de Santo Agostinho. No final, o Bispo diocesano manifestou o seu contentamento por esta realização e disse esperar dela bons frutos para a vida da Diocese.

PRÉ-SEMINÁRIO

Durante os últimos anos têm-se feito alguns esforços no sentido de sensibilizar as comunidades para a realidade do Pré-Seminário.

No ano passado realizaram-se onze encontros vocacionais men­sais, destinados a jovens com mais de 11 anos de idade. Participaram 204 rapazes.

No âmbito do Pré-Seminário realizaram-se encontros de três dias nas férias de Natal, Páscoa e final de ano. Além destes encontros houve um contacto permanente com todos eles através de carta e de visitas do­miciliárias. Estavam inscritos 37 rapazes desde o 72 ao 92 ano de escola­ridade. Destes, 18 fizeram o estágio, tendo ficado admitidos 11 .

Durante este ano lectivo, os encontros vocacionais estão reduzidos a seis (dois por trimestre). O Pré-Seminário organizará quinze encon­tros, durante o tempo escolar, e três, de três dias, no tempo de férias.

Cerca de 50 rapazes estão inscritos no Pré-Seminário. Para um acompanhamento mais próximo e pessoal estão divididos em três gru­pos diferentes, com reuniões mensais para cada um sobre temáticas de formação humana e cristã adaptadas ao nível etário.

Mantém-se com cada jovem um contacto permanente por carta, visita domiciliária e presença nos aniversários. No final do ano haverá um acampamento para todos os inscritos no Pré-Seminário.

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MU·SEU DIOCESANO A Comissão do Museu da Diocese de Leiria-Fátima, nomeada em

Junho (cfr. LEIRIA-FÁTIMA, pg. 89) iniciou já os seus trabalhos com o fim de elaborar um projecto em ordem à constituição de um museu que possa recolher e apresentar o património cultural que está na posse das diversas instituições eclesiais.

No primeiro encontro, D. Serafim Ferreira e Silva apresentou o projecto do museu corno um acontecimento privilegiado para a come­moração dos 450 anos da criação da Diocese. Para isso pediu aos ele­mentos da comissão que envidassem esforços no sentido de continuar os trabalhos ainda antes do tempo de férias, a fim de poderem brevemente apresentar um primeiro plano de intenções.

Além de estar na "Rota do Sol", a Cidade de Leiria situa-se signi­ficativamente na rota de Fátima. De facto, Fátima será um factor deter­minante na caracterização do museu e dos potenciais frequentadores, já que o fenómeno de Fátima marca intimamente a Diocese e aí se des­locam anualmente cerca de 5 milhões de peregrinos. Nesta perspectiva, o Museu diocesano pode propor-se corno urna referência cultural para a cidade de Leiria e dar um contributo para situar a Cidade do Lis na rota de Fátima. Na opinião de D. Serafim, esta iniciativa será importan­te para a criação de uma identidade cultural desta Cidade e de toda a Região.

Aparecerá decididamente corno um Museu diocesano, no sentido em que terá todo o apoio dos responsáveis da Igreja. Terá um âmbito geográfico e histórico, que corresponda genericamente à área da Diocese de Leiria-Fátima.

Terá a missão de arquivar e conservar elementos patrimoniais, reli­giosos ou não, situados neste território e tudo o que possa ilustrar ou documentar a história da Diocese.

Ao apresentar os objectivos desta Comissão, o Bispo apontou para uma concepção de museu que não seja simples repositório de objectos do passado, mas possa ser visto como uma instituição viva e dinâmica ao serviço da dimensão cultural da comunidade. Nas palavras de O. Se­rafim, o Museu será certamente um espaço de história, mas uma histó­ria viva, com referência ao presente e às realidades sociais do nosso tempo.

Pretende o Bispo de Leiria-Fátima que o funcionamento deste Mu­seu diocesano possa ser um real apoio pedagógico à comunidade em ge­ral e, em particular, às escolas da Região. Poderá ser um instrumento útil para a formação de todos os que se interessam pela investigação históri­ca e conservação do património.

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MUSEU DIOCESANO

Referindo-se ao âmbito de funcionamento deste Museu, D. Serafim Ferreira e Silva afirmou que ele será necessariamente um museu-escola, que incluirá um auditório, uma sala de exposições temporárias e um ser­viço de actividade editorial.

Durante o decorrer dos trabalhos, foram apresentados alguns elementos que deverão estar presentes na elaboração do projecto do Museu diocesano. O Museu deverá fornecer um conjunto diversifica­do de serviços: exposições (permanente, temporárias e itinerantes), in­ventariação e estudo do património existente na Diocese, informação museológica, consultaria exterior, apoio escolar, diálogo com a comu­nidade.

P. Vítor Coutinho

NOTA DO SECRETARIADO DA CATEQUESE

Pouco a pouco a comunidade diocesana vai-se apercebendo de que a catequese é essencial na vida da Igreja. Ela ajuda todos os fiéis a tomar consciência de que o caminho a percorrer exige um aprofundamento sis­temático da fé, que se deve viver na mesma comunidade, em testemu­nho constante.

Entretanto, não podemos deixar de referir que ainda há paróquias que não acreditam suficientemente nos novos catecismos, não os experi­mentaram na sua globalidade nem seguem todas as suas orientações psi­copedagógicas.

Gostaríamos de ser capazes de ajudar as comunidades a acarinhar estes novos instrumentos de trabalho, que dão certamente muito traba­lho, porque estão feitos para os dias de hoje, e, portanto, com todas as dificuldades inerentes a uma séria actualização.

Querer voltar ao passado é caminhar para trás: é não responder aos desafios do mundo de hoje, é encher a cabeça das crianças, mas es­vaziar o seu coração, é preparar cristãos de cabeça, mas de comporta­mentos pagãos.

O Director

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AO SERVIÇO DA FAMÍLIA Neste Ano Internacional da Famtlia pareceu-nos oportuno apre­

sentar alguns movimentos que, na Diocese, podem oferecer um serviço mais directo e especifico aos casais e às famflias.

Embora com estrutura e organização próprias, são coordenados e apoiados pelo Secretariado Diocesano da Pastoral Familiar.

Além dos três organismos que aqui se apresentam, existem na Dio­cese outros movimentos e instituições, eclesiais ou não, que pretendem dar um serviço às famflias: Casais de Santa Maria, Mariage Encounter, Fam11ias Anónimas . . . Diversos movimentos eclésiais incluem nas suas estruturas sectores de apoio à Famflia.

SAF - SERVIÇO DE APOIO À FAMÍLIA

Princípios orientadores

1 . O SAF - Serviço de Apoio à Familia - integra-se na Pastoral Dio­cesana e tem como objectivo acompanhar as famílias em todas as etapas do seu desenvolvimento, desde a sua preparação. (F. C., 65 ss).

2. O SAF é urna proposta de organização a nível diocesano, vicarial e paroquiat promovida pelo Secretariado Diocesano da Pastoral Fami­liar, dirigida a todos os Párocos e Casais da Diocese, para que a Comuni­dade Cristã continue a acompanhar, apoiar e promover os casais após o seu matrimónio.

3. Tendo em conta que a Pastoral Familiar compete sobretudo aos leigos, este Serviço deve ser assumido, em primeiro lugar, pelos pró­prios casais.

Propomos a formação, em todas as paróquias, de equipas de casais, que se reúnam para:

- Reflectirem, rezarem e conviverem; - Se entre-ajudarem; - Promoverem na paróquia as actividades que considerem mais

convenientes para responder às necessidades das famílias.

4. Cada "equipa de base" deve ter 5 ou 6 casais e um sacerdote, que será o animador espiritual. Um dos casais será, anualmente, eleito como "responsável de equipa".

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AO SERVIÇO DA FAMfLIA

5. Para criar espírito de equipa, esta deve reunir-se com regularida­de, de preferência mensalmente, e, sempre que possível, nas casas dos membros.

A reunião começa com uma oração e termina com um convívio.

6. Numa primeira fase, as equipas terão como primeiro objectivo: formar equipa.

Designam-se "equipas em revisão de vida", são acompanhadas por um casal-guia e têm um tema obrigatório, que conta do guião forne­cido pelo Secretariado.

A revisão deve ser feita, primeiramente e sobretudo, em casal e só depois partilhada em equipa.

7. O Secretariado dispõe de um Guião com 4 temas, subdividido em partes, cada uma das quais se destina a ocupar uma reunião.

8. Após a última revisão de vida, farão um balanço da caminhada e decidem da sua integração no SAF da paróquia como "Equipa de Serviço".

9. Às "Equipas de Serviço" sugere-se:

- Que ajudem outros casais; - Que formem outras equipas; - Que promovam, com o pároco, todas as iniciativas que forem

necessárias para ajudar as famílias da paróquia: encontros, retiros, deba­tes, conferências, etc . .

10. Havendo diversas "equipas de base" na paróquia deve formar­-se uma "equipa paroquial", constituída pelos responsáveis das "equi­pas de base" e pelo pároco.

Anualmente um dos casais eleito como "Responsável Paroquial do SAF".

11. À "Equipa Paroquial" compete:

- Coordenar e orientar as iniciativas das "equipas de base" e toda a pastoral familiar da paróquia;

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- Fazer a ligação às equipas vicariais do SAF e do CPM.

12. As "Equipas Vicariais" do SAF serão constituídas pelos respon­sáveis das equipas paroquiais e animadas espiritualmente pelo Assisten­te Vicarial da Pastoral Familiar.

Às "Equipas Vicariais" compete:

- Programar as actividades vicariais; - Dar apoio às equipas paroquiais; - Fazer a ligação à "Equipa Diocesana".

13. A "Equipa Diocesana do SAF" será constituída pelos casais res­ponsáveis das "equipas vicariais", presidida por um casal do Secretaria­do Diocesano e animada espiritualmente pelo Assistente Diocesano da Pastoral Familiar.

À "Equipa Diocesana" compete:

- Coordenar e apoiar as equipas vicariais; - Programar e organizar as actividades de âmbito diocesano; - Reunir, ordinariamente, três vezes por ano.

14. No início de cada ano pastoral, todas as equipas: paroquiais, vi­cariais e diocesana devem fazer um plano, devidamente calendarizado, das actividades a realizar nesse ano, de acordo com os objectivos esco­lhidos e as orientações de Secretariado Diocesano da Pastoral Familiar.

No final do ano, devem fazer a revisão e avaliação do trabalho rea­lizado e elaborar um pequeno relatório.

Recomenda-se que se faça, anualmente, um orçamento e um rela­tório de contas.

NOTA: - Estes Princípios Orientadores constam do "Guião para as Reuniões das Equipas de Casais em Revisão de Vida" publicado em 25 de Março de 1988.

O Casal Responsável do SAF

MI! Alice O. Cardoso e José J. Maria

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CENTRO DE PREPARAÇÃO PARA O MATRIMÓNIO (C. P. M.)

O que é o C.P.M.

� um movimento de leigos, com o apoio da Igreja. E uma preparação para o casamento. Está integrado na Pastoral Familiar.

Origem do C.P.M.

O CPM é originário da França (mais exactamente de Paris), após a 2[ guerra mundial, nos anos cinquenta. Em Portugal tem 34 anos, iniciou-se em 1960 em Lisboa e Porto e na Diocese iniciou-se há cerca de 16 anos.

Como surgiu o CP M

O CPM foi concebido e gerado no seio das Equipas de Nossa Se­nhora (ENS) mas com características e estruturas próprias. Um grupo de casais habituado a reunir-se para aprofundar a sua espiritualidade con­jugal (com a ajuda do sacerdote) constatou que este trabalho em equipa nem sempre era fácil, sobretudo quando os temas em discussão faziam apelo a um diálogo em casal, pela falta de hábito em "falar" com o outro e sobretudo em saber "ouvi-lo". Resolveram por isso, com a ajuda de outros casais e sacerdotes, debruçar-se sobre as carências humanas e es­pirituais evidenciadas pelos jovens que se apresentavam para celebrar o matrimónio. O CPM foi a resposta que encontraram, recorrendo a um meio acessível e pedagogicamente adequado.

Finalidade do CPM

A finalidade do CPM é ajudar os noivos, que desejam casar-se pela Igreja, a tomar consciência, através de um trabalho em grupo, da verda­deira dimensão do matrimónio. O CPM visa também provocar uma re­flexão sobre a vida conjugal e a fé. Procura levar os noivos a despertar para uma nova realidade, testemunhada pela experiência vivencial de casais cristãos.

·

Estrutura

O CPM é um movimento internacional, que em Portugal está estru­turado a vários níveis sendo o Conselho Nacional (que reúne duas vezes por ano e congrega os responsáveis de todas as Dioceses do País) o seu órgão deliberativo por excelência. A Equipa Responsável Nacional

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AO SERVIÇO DA FAMÍLIA

(ERN), constituída por quatro casais e um assistente (Casal Presidente, Casal Assessor, Casal Secretário, Casal Tesoureiro e Assistente Nacional) constitui o órgão executivo das deliberações do Conselho para além das funções de representatividade e outras.

A nível Diocesano a estrutura é idêntica:

• Conselho Diocesano, representado pelos responsáveis de todas as vigararias com actividade CPM.

• Equipa Responsável Diocesana, com um casal presidente, casal secretário, casal .tesoureiro e um sacerdote assistente Diocesano.

• Ao Conselho Diocesano compete definir objectivos, preparar os meios, acompanhar as acções, etc. Este órgão reúne 3 vezes por ano.

Implantação na Diocese

Na nossa Diocese de Leiria-Fátima o CPM está organizado em sete vigararias com exclusão de Fátima, Ourém e mais recentemente Porto de Mós, envolvendo dez equipas (52 casais e 10 assistentes). Em preparação estão mais duas equipas. O CPM atinge, na Diocese, sensivelmente 50% dos noivos que casam pela Igreja (1.040 pares de noivos em 1991 /92 e 960 pares em 1992/93), com uma realização aproximada de 30 Encontros por ano distribuídos pelos sete centros referidos.

Acções habituais

Os Encontros CPM têm lugar, regra geral, nos fins de semana (sá­bado e domingo, das 9 h às 13 h e das 15 h às 19 h), num total de 14 ho­ras de formação, sobre os seis temas seguintes:

• Uma comunidade de Amor. • O Sacramento do Amor - Tratado pelo Assistente. • A Unidade no Amor. • A Fecundidade do Amor. • As Exigências do Amor. • As Evolução do Amor. • Para além destes temas é usual realizar-se uma sessão para trata­

mento do Planeamento Familiar, abordado por casais ou profis­sionais de saúde devidamente preparados para o efeito.

Cada um dos temas é tratado por um casal diferente da equipa CPM e pelo assistente.

Luct1ia e David Silva

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AO SERVIÇO DA FAMÍLIA

EQUIPAS DE NOSSA SENHORA

As "Equipas de Nossa Senhora" (E.N.S.) são um Movimento de es­piritualidade conjugal destinado a casais.

Nasceu em França em 1938 quando quatro jovens casais entende­ram não viver o amor à margem da sua fé e procuraram a ajuda de um padre - o Padre Caffarel.

Começaram a reunir-se periodicamente. As reuniões eram apaixo­nadas, num ambiente de fé, dando cada um o seu contributo. Entretanto estala a guerra (1940) e os casais dissociam-se, mas logo se juntam outros com o mesmo espírito dos primeiros. A partir da doutrina do matrimó­nio, os casais descobrem os outros aspectos da Mensagem Evangélica. Eles compreendem que não se pode isolar o matrimónio do conjunto des­sa Mensagem. Desenvolve-se, assim uma espiritualidade conjugal e fa­miliar, isto é, uma maneira de viver o matrimónio todas as riquezas da vida cristã.

·Passados alguns anos, e terminada a guerra, as equipas de casais en­tretanto constituídas, sentem necessidade de algo que as suporte, sob pena de extinguirem ou transformarem as reuniões em simples encontros de amigos. E assim que em 1945 é elaborada a Carta das E.N.S., que será pro­mulgada mais tarde, em 1947. Trata-se de um documento escrito que ex­prime o regulamento e funcionamento do Movimento. Ela apresenta o ideal cristão do matrimónio e determina os meios que hão-de permitir aos casais tomar melhor consciência dele e vivê-lo. Após a promulgação da Carta, as E.N.S. expandiram-se pelo mundo inteiro, até aos dias de hoje.

O que é em concreto uma equipa de Nossa Senhora?

- Uma Equipa de Nossa Senhora é uma comunidade cristã de ca­sais, formada por 5 a 7 casais, assistidos por um padre. Ela constitui-se livremente, sendo proposto ,aos casais fazerem parte dela. Só é constituí­da com o acordo de todos. E claro que a equipa tem as suas leis, as suas exigências próprias, que se concretizam na opção por· um certo número de objectivos comuns e de meios bem determinados, para caminhar no sentido desses objectivos.

A equipa reúne mensalmente em casa de um dos casais que a com­põem. A reunião da equipa normalmente começa com o jantar ligeiro, e tem 4 tempos fundamentais: oração, partilha, pôr em comum e estudo de um tema.

- A oração é baseada na leitura e meditação dum texto bíblico, participada por todos os casais e pelo conselheiro espiritual.

- A partilha consiste no compartilhar pelos casais dos pontos de

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AO SERVIÇO DA FAMILIA

esforço propostos, o modo como conseguiram, ou não, pô-los em práti­ca, dificuldades, entreajuda, etc.

- O pôr em comum é a ocasião dos casais comunicarem alguma coisa de importante para todos, ou algo que preocupe o casal e que o le­ve a pedir ajuda à equipa.

- O estudo do tema consiste na troca de impressões sobre um te­ma de estudo proposto e que já foi preparado em casal no período que decorreu entre a última reunião e a presente, e é especialmente o tempo de aprofundamento da fé.

Falámos atrás em pontos concretos de esforço. Convém referir que os pontos concretos de esforço são as metas a atingir por cada casal das E.N.S. em cada mês que passa e durante cada ano; são eles: oração indi­vidual, oração conjugal, dever de se sentar, Palavra de Deus, regra de vi­da, retiro espiritual.

Mas uma Equipa de Nossa Senhora não está sozinha. Integrada num movimento a nível mundial, ele ocupa um lugar na "hierarquia" do movimento. Assim, podemos dizer que, um conjunto de 15 a 20 equi­pas constituem um sector. Os sectores agrupados, 5 a 10, constituem uma região. As regiões em conjunto constituem a supra região. Cada um destes organismos é coordenado por um órgão responsável: O casal res­ponsável de equipa, o casal responsável de sector, o casal responsável regional e o casal responsável supra-regional.

A nível internacional existe a ERI - Equipa Responsável Interna­cional - composta por casais de vários países e um conselheiro espiri­tual. Em Portugal, uma supra região, temos 9 regiões, 56 sectores, 584 equipas, 3.420 casais e 431 conselheiros espirituais (em 1991).

Na nossa Diocese existem dois sectores: Leiria A com 12 equipas e Lei­ria B com 15 equipas compreendendo cerca de 130 casais e 18 conselheiros.

Não sendo propriamente uma equipa para acção exterior, prepara os seus casais para uma maior dádiva e empenhamento na missão da Igreja. Daí que as suas actividades conjuntas se resumam aos grandes encontros: magusto, jornada quaresmal, retiro espiritual e encontro de encerramento no final de cada ano lectivo.

Como conclusão, podemos dizer que as Equipas de Nossa Senhora são um movimento de espiritualidade conjugal. Elas propõem aos seus membros uma vida de equipa e meios concretos para os ajudar a progre­dir em casal e em família, no amor de Deus e do próximo. Assim os pre­param para o testemunho, cuja forma compete a cada casal escolher. De modo que, se as equipas não são um movimento de acção, querem toda­via ser um movimento de cristãos activos.

Fernanda e Rui Duarte

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RETIROS ANUAIS PARA O CLERO - 1995

CASA DE RETIROS SENHORA DO CARMO

DATAS

17 a 21 de Julho

21 a 25 de Agosto

18 a 22 de Setembro

16 a 20 de Outubro

20 a 24 de Novembro

27 de Novembro a 1 de Dezembro

Todos os retiros principiam com o jantar do primeiro dia e terminam com o almoço do último dia.

Cada retiro terá um tema básico, a anunciar previamente, quando possível.

Inscrições no:

SERVIÇO DE ALOJAMENTO (SEAL) SANTUÁRIO DE FÁTIMA

Telefone (049) 533022 2496 FÁTIMA Codex

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A IGREJA DA MISERICÓRDIA DE LEIRIA

INTRODUÇÃO

Atribuída ao arquitecto Francisco Gomes, a igreja da Misericórdia de Leiria, edifício de grande beleza mas também de grande sobriedade no que respeita à linguagem arquitectónica e às fórmulas decorativas, encontra-se quase escondida no emaranhado de ruas que conduzem à Catedral da cidade.

A fachada setecentista desta igreja, construída à imagem da fronta­ria da Sé, revela-nos a persistência de um gosto pela arquitectura chã, patente também ao nível da planta. Arquitectura chã que teve a sua cer­tidão de nascimento em Leiria, com a construção da Catedral e gozou de larga expressão em toda a sua diocese.

A severidade e o aspecto rígido que caracterizam o exterior do edi­fício são relativizadas pelas propostas contidas no seu interior. Aqui, a decoração barroca assenta fundamentalmente no jogo colorido dos már­mores, em alternativa ao "casticismo" da talha dourada. Razões de or­dem económica (1) explicam, em parte, esta escolha. Trata-se igualmente de um fenómeno de gosto. Note-se que esta preferência pelos mármores ou mármores fingidos em detrimento do uso da talha e do azulejo é um elemento típico do chamado "estilo joanino" que foge à regra do barroco português.

Reinaldo dos Santos e Germain Bazin (2), entre outros, dividiram a arquitectura portuguesa em duas metades, salientando o carácter origi­nal do barroco do Norte, alicerçado na conjugação do granito com a ta­lha. No Sul, pelo contrário, artistas estrangeiros, fazendo uso do calcário e do mármore, teriam criado urna arte fria e, portanto, estranha à alma portuguesa.

As marcas "tradicionais" desta igreja da Misericórdia de Leiria: li­rismo formal, tratamento da luz e rectilinearidade estrutural mostram corno, por todo o país, e independentemente do material utilizado, os ar­tistas nacionais conseguiram criar urna arte original e inequivocamente portuguesa.

(1) GOMES, Saúl António, "Identidade - abordagem à identidade histórica da região da Alta Estremadura" in I Congresso para o desen110luimento de Leiria e Alta Estremadura -4• Secção ­Defesa do Património Histórico, Leiria, 1991, p. 30.

(2) Cit. em PEREIRA, José Fernandes, Diciondrio da arte barroca em Portugal. Amadora, 1986, pp. 28&-287.

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A IGREJA DA MISERICÓRDIA DE LEIRIA

I - A MISERICÓRDIA DE LEIRIA: A IGREJA E O HOSPITAL

I. 1. AS VICISSITUDES DA CONSTRUÇÃO DA IGREJA

A igreja da Misericórdia de Leiria situa-se na rua Miguel Bombar­da, no século dezanove designada rua da Misericórdia (') e, na Idade Média, Rua Nova dos Judeus, visto localizar-se na área da antiga judia­ria. De facto, de acordo com uma antiga tradição referida n'O Couseiro (4), a igreja da Misericórdia teria vindo ocupar o lugar da extinta sinago­ga judaica da cidade.

Em 1496, el-rei D. Manuel (5) fez a proposta de substituir o antigo edifício judaico pelo celeiro dos frades de Santa Cruz. Não sabemos se a proposta teria sido aceite. Sabe-se contudo que, nesse mesmo local, cer­ca meio século mais tarde, se viria a iniciar a construção do primitivo edifício da Santa Casa.

O primitivo edifício, fundado em 1544, (•) sofreu períodos suces­sivos de obras e de restauros. Nos inícios do século dezassete, a igreja foi remodelada devido à intervenção do bispo D. Martim Afonso Me­xia. Este prelado, que governou a diocese de 1605 a 1615 e foi prove­dor da Misericórdia, "mandou fazer o púlpito e as duas colunatas de pedra que sustentavam o coro, as grades e os assentos que se desfize­ram .. . " (7)

Os púlpitos que hoje vemos serão talvez os originais. De feitura muito simples, têm uma base quadrangular e apresentam uma ornamen­tação vegetalista de cogulhos, folhas de acanto e flores-de-lis. O coro, assente em três arcos de pedraria, aparenta ser obra de reconstrução se­tecentista.

(3) COSTA, Lucília Verdelho da, Leiria, Lisboa, 1988. p. 10.

(4) "Ha também tradição de que esta egreja foi synagoga, porém eu o não achei escrito, nem no­ticia da sua fundação" O Couseiro. Memórias do bispado de Leiria, Braga, 1868, p. 89.

(5) ... "Vosa Alteza mãdou ... de se coreger o seleiro de Santa cruz ... que seria rnilhor fazerse em bayxo na vyla ... onde fora esnoga" . . . VITERBO, Francisco Sousa, Diccionário histórico e docu­mental dos architectos . . . , tomo I. Lisboa, 1899, p. 117.

(6) O Couseiro, p. 89.

(7) Idem, p. 239.

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As obras de reconstrução do hospital (8) levadas a cabo em 1636 por D. Dinis de Melo e Castro parecem não ter atingido a igreja da Mise­ricórdia que lhe estava anexa.

Nos inícios do século dezoito, (9) a igreja da Misericórdia de Leiria era já um edifício de aspecto imponente que rivalizava com a Sé em altu­ra, no domínio da malha urbana envolvente [fig. 1]. A frontaria da igre­ja, rasgada por escassas janelas de reduzidas dimensões, abria directamente para a rua. A meio da fachada principal, uma mísula abri­gava a imagem de um santo. , No primeiro quartel do século dezoito, durante o episcopado de D.

Alvaro de Abranches e Noronha (1694-1742), a igreja da Misericórdia sofreu remodelações profundas assumindo então o aspecto que ainda hoje apresenta. ('0) As obras iniciaram-se por volta de 1717 e prosse­guiam ainda 1721.

As maiores alterações realizaram-se no interior da igreja e dizem respeito à decoração. No arranjo espacial do interior adoptou-se uma solução original recorrendo-se a nichos de estuque ao invés de capelas laterais. Para ornamentação de toda a cabeceira da igreja e dos vários re­cantos das naves optou-se pelo recurso aos embutidos de mármore colo­rido. (")

No santuário do templo, construiu-se um altar "à romana" tam­bém de gosto muito joanino. As paredes laterais da capela-mor foram cobertas por painéis pintados e a boca da tribuna foi tapada por uma te­la alusiva à Visitação. Acima da cornija da capela-mor abriram-se duas grandes janelas. O tecto do santuário, em abóbada de aresta, foi pintado com motivos de brutesco.

Exteriormente, abandonou-se a fachada de duas torres e optou-se por uma fachada com um frontão. Ao longo das paredes, abriram-se vá­rias janelas proporcionando uma boa iluminação natural do edifício. Os portais, a cimalha e o entabelamento foram decorados.

O acompanhamento de todos estes trabalhos esteve a cargo de Francisco Gomes, mestre-pedreiro da cidade de Lisboa.

(8) Ver capítulo "I. 2. O Hospital da Misericórdia de Leiria".

(9) As considerações que se seguem têm por base unicamente a andlise de uma gravura antiga publicada por João Cabral nos Anais do Município de Leiria Ver: CABRAL, João, op. cit. tomo II, Coimbra, 1975, p. 297.

(10) Ver capítulo II. 2. "O Mestre pedreiro Francisco Gomes".

(11) O recurso aos embutidos marmóreos na decoração era frequente em Portugal no século de­zoito, veja-se, por exemplo, a decoração da igreja do Menino Deus em Lisboa. Ver: PEREI­RA, José Fernandes, "O período de definição (1690-1717)" in Arquitectura barroca em Portugal. Lisboa, 1986.

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I. 2. O HOSPITAL DA MISERICÓRDIA DE LEIRIA

A fundação do hospital da Misericórdia de Leiria verificou-se apenas em 1582, ou seja, trinta e oito anos após a instituição da Santa Casa. ('2)

Aquando da visitação pastoral realizada em Leiria, no ano de 1582, reconhecera-se a necessidade da existência de um edifício desse género afecto à Misericórdia. Pouco tempo depois, reunida a confraria em cabi­do geral, a mesa administrativa decidiu-se pela compra de duas casas sobradadas, (13) situadas junto das oficinas da igreja, para aí instalar o seu hospital. Os moradores das ditas casas, dois cristãos-novos, pediam, todavia, por elas um preço considerado excessivo pela Misericórdia.

Então, acedendo a um pedido dos provedores e confrades, D. Fili­pe I enviou de Lisboa um alvará, datado de 9 de Agosto de 1582, dirigi­do ao provedor da Comarca de Leiria, autorizando-o a apressar a venda dando em troca aos seus proprietários, outras casas de valor equivalen­te, ou pagando por elas uma soma que considerasse aceitável. (14)

Instalado de início numa simples dependência da igreja, o hospital tinha uma única enfermaria que era uma pequena câmara de que depois veio a fazer-se a casa do despacho. (15) A instituição não possuía inicial­mente rendas próprias. Os seus fundos foram-se constituindo a partir de esmolas e de legados. A frequência destas doações era, contudo, muito esporádica.

Para aumentar os rendimentos do hospital ('6) o bispo D. Martim Afonso Mexia, que era também provedor da Misericórdia, pediu autori­zação a Filipe II para anexar ao seu hospital todas as outras instituições de caridade, incluindo hospitais de mesteres, albergarias e gafarias que havia na cidade.

Existiam então na cidade nove fundações deste tipo, ('7) a saber, a albergaria de Nossa Senhora de Todos os Santos, o hospital dos Tece-

(12) GOMES, Saúl António, "Leirenae" in ]orna/ de Leiria. Leiria, 19.2.1987, p. 2.

(13) " ... duas moradas de casas que partem com ofesynas se fazerem e pera efeytoarem o dito asemto ... " O Couseiro, p. 77, Cit. em GOMES, Saúl António, "Leirenae" in ]ornai de Leiria. Leiria, 19.2.1987, p. 2.

(14) Idem, p. 2.

(15) "A casa do despacho era no lanço que fica sobre a sacristia, e ao depois d'esmolas se fez a eruermaria, na casa que ora é do despacho, com os seus leitos ... " O Couseiro, p. 93.

(16) ARAÚJO, Victorino da Silva, Um bispo segundo Deus ... Coimbra, 1885, p. 94.

(17) Idem, p. 94-98.

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Iões,- o hospital de Nossa Senhora de Porto Covo, a albergaria de S. Braz e a de Santo Estêvão, instituídas, todas, por seculares mas construídas ao lado de uma igreja ou de uma capela. Existia, também, uma albergaria de Nossa Senhora da Graça e uma gafaria, dedicada, desde 1555, à cria­ção de expostos. Todas estas instituições ficaram, desde então, incorpo­radas na Misericórdia. Conservou-se, apenas um outro hospital situado junto à igreja de Santo André, talvez por estar vinculado a um morgadio ou capela.

Através da unificação dos rendimentos, a situação do hospital da Misericórdia melhorou, mas não tanto quanto seria necessário. De facto, os pequenos estabelecimentos que lhe foram anexados tinham todos atribuições e encargos que este se viu obrigado a aceitar. Daí que os ren­dimentos que da sua anexação efectivamente lhe provieram, pouco lhe tenha permitido alargar a sua acção beneficente, que consistia funda­mentalmente em dar de comer aos pobres, albergar padres e peregrinos, e dar assistência aos enfermos. A confraria tinha também obrigação de missa cantada pelos irmãos falecidos e seus familiares mais próximos.

A centralização dos bens e rendimentos dos pequenos hospitais e albergarias só se viria a consumar definitivamente com D. Dinis de Melo e Castro. ('8) Este prelado, "homem de grande caridade", ('9) estabeleceu o regimento do hospital, ordenou a fazenda das albergarias, e "taxou com a Meza salários aos oficiais do Hospital, Enfermeiro, Médico, Cirur­gião e Barbeiro". (20) Além disso, comprou juros ao hospital e deu-lhe di­nheiro para roupas. (21)

Em 1636, empreendeu importantes reformas nas instalações do hospital. Recorrendo a esmolas suas e alheias, "aumentou consideravel­mente o recinto da casa, mandou fazer leitos e estucar os tectos do hos­pital". (21) Com estas obras, iniciadas em Janeiro de 1636 e terminadas no Verão do mesmo ano, o hospital (23) ficou instalado num edifício pró­prio, contíguo à igreja da Misericórdia ocupando o espaço entre esta e a rua Mouzinho de Albuquerque.

(18) ZÚQUETE, Afonso, Leiria - Subsfdios para a história da sua diocese. Leiria, 1943. p, 187.

(19) Idem, p. 186.

(20) Este bispo governou a diocese de Leiria entre 1627 e 1636, e foi provedor da Misericórdia. Ver: O Couseiro, p. 88.

(21) Idem, p. 88.

(22) ARAÚJO, Victorino da Silva, op. cit., p. 79.

(23) " ... e no primeiro lanço do hospital novo, pela parte das varandas, estava a casa do despa­cho, aonde, sendo provedor o bispo D. Dinis de Mello, se fez o novo hospital, como adiante se dirá." O Couseiro, p. 93.

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D. Dinis de Melo e Castro, não pôde, porém, levar a cabo todos os melhoramentos que iniciara por ter sido, nesse mesmo ano promovido ao bispado de Viseu. Resultou daqui ficar o Hospital da Misericórdia com falta de alguns objectos e com arranjos exteriores incompletos. (2') Depois disso, é provável que se tenham verificado de novo obras no hos­pital ou na igreja que lhe estava anexa, ao longo de Setecentos ou poste­riormente.

Durante quase três séculos, o hospital da Misericórdia de Leiria re­solveu todos os problemas de assistência caritativa e sanitária da cidade.

Nos finais do século passado, D. Manuel de Aguiar (25) decidiu eri­gir novo hospital no lugar da antiga ermida de Nossa Senhora dos An­jos, local mais espaçoso, saudável e melhor servido de água. Os doentes foram então transportados, quase em procissão, para o novo hospital. O antigo hospital da Misericórdia foi reformado depois de desactivado, sendo o seu espaço ocupado pelo casario.

II - A IGREJA DA MISERICÓRDIA DE LEIRIA NO SÉCULO XVIII

11. 1. CARACTERIZAÇÃO GERAL DA IGREJA

A nível da planta e aspecto exterior, a igreja da Misericórdia de Leiria, edifício de volumetria simples e decoração austera, enquadra-se no estilo tardo-maneirista designado por George Kubler de "arquitectu­ra chã". (26)

A frontaria da igreja,, despojada e rígida, é rematada por um fron­tão triangular. Na opinião de Gustavo de Matos Sequeira "à fachada, fal­ta-lhe carácter" (27) "é um paredão roto, no corpo central, por um portal

(24) lbidem.

(25) ARAÚJO, Victorino da Silva, op. àt., pp. 99-100.

(26) George Kubler atribuiu a designação de arquitectura chã aos testemunhos arquitectónicos situados, "grosso modo", entre o manuelino e o joanino. Estes ectiffcios caracterizam-se pela clareza de volumes, simpliàdade do programa adoptado, redução intenàonal de meios de­corativos e funàonalidade geral. Este tipo de arquitectura veio na tradição quinhentista dos engenheiros militares do império português e foi copiada por todo o país perdurando até bem dentro do século dezoito. Ver: KUBLER, George, A arquitectura portuguesa chã. Entre as especiarias e os diamantes 1521-1706. Lisboa, 1988.

(27) SEQUEIRA, Gustavo de Matos, lnuentário artístico de Portugal. vol. v, Lisboa, 1955, p. 65.

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e duas janelas do coro, sem o menor interesse". (28) Aparentemente ana­crónica, esta fachada, datada do primeiro quartel do século dezoito, re­vela a persistência do gosto maneirista que se prolongou até bastante tarde na região.

A decoração do exterior da igreja, muito sóbria, reduz-se a alguns motivos geométricos: triglifos, lacrimais e pontas de diamante. Apenas o entabelamento, a cimalha e os portais estão decorados. A toda a volta do edifício, pilastras lisas sobem até à cornija conferindo algum ritmo e ver­ticalidade ao edifício.

A planta é longitudinal, de nave única estilo sala. A capela-mor se­para-se da sala em frente da entrada principal, que abre directamente para a nave, sob um coro alto, apoiado em três arcos de pedraria. Como é costume nas Casas de Misericórdia, não existem capelas mas altares, nas testeiras. Os altares secundários, em mármore fingido, imitam na sua estrutura o esquema da capela-mor. Uma zona do pavimento em ní­vel superior e reservado aos membros do Clero articula os altares, estan­do separada por um cancelo do resto da nave, destinada aos fiéis. Este tipo de arquitectura era especialmente adequado à pregação.

De ambos os lados da nave, quatro janelas de balaústres, localiza­das junto ao tecto, iluminam profusamente o edifício. Pilastras simples adornadas por motivos geométricos e florais, triglifos e folhas de acanto, intercalam os púlpitos e os nichos. A ordem arquitectónica dos pilares, dos arcos e dos capitéis é a coríntia.

Por toda a nave, embutidos de mármore róseo-escuro, em motivos geométricos e fitomórficos, adornam os vários recantos da arquitectura. Encaixados nas paredes laterais, quatro nichos de estuque de feição bar­roca abrigam as estátuas dos Evangelistas. O tecto da nave é de esteira, com o brasão das quinas pintado ao centro.

A superfície caiada do reboco que reveste as paredes da nave pro­duz �m surpreendente contraste com a ornamentação colorida do santuá­rio. E na capela-mor que se concentra todo o peso cenográfico do edifício.

O retábulo imita um palco composto em função de um vão com um trono de andares que, provavelmente, serviu de assento a uma ima­gem. Duas colunas de mármore sobrepujadas por um frontão ladeiam o trono. Sobre as empenas do frontão calcário, dois anjos esvoaçantes completam a definição barroca do retábulo. A boca da tribuna, actual­mente recoberta de pintura simples esteve em tempos preenchida por uma tela figurando a Visitação.

Sobre o altar mor, um enorme sacrário feito de uma peça única de

(28) Idem, p. 65

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mármore amarelado. Embora sendo obra de excelente qualidade, o sa­crário parece deslocado do seu sítio original. Segundo a tradição, teria pertencido à igreja de S. Martinho, demolida no século dezasseis (29) a qual, por ter sido a primeira igreja construída na baixa, "tinha sacrário e nele o Santíssimo Sacramento, e por esse respeito se começava nesta igreja a visitação da vila". (30)

O sacrário da igreja da Misericórdia, que possui uma decoração aprimorada à base de folhagens, enrolamentos de volutas e anjinhos e uma pintura de má qualidade representando o "agnus dei", não parece enquadrar-se num âmbito artístico tão recuado. Foi bastante danificado, provavelmente aquando das invasões francesas.

Painéis de tela pintados a óleo, com cenas da Visitação, cobrem as paredes laterais da capela-mor. Uma moldura de mármore em embuti­dos róseos escuros e negros rodeia os finos frisos de talha dourada que enquadram os painéis. Por cima destes, duas janelas grandes, abertas sobre a cornija, iluminam toda a capela.

O tecto da capela-mor, de abóbada de aresta, está pintado a fresco (31) com motivos de brutesco, florões, volutas e enrolamentos de folha de acanto. Entre a folhagem, em medalhões, alguns ternas iconográficos da li tania da Virgem: a fonte, o poço e o templo. Três motivos que simboli­zam a pureza, a água da vida e a casa de Deus.

Talvez não seja forçado procurar um programa iconográfico nos muitos elementos da igreja que jogam com os conceitos de água, Espíri­to, Virgem Imaculada e Sagradas Escrituras. Nesta medida, o percurso ao longo da igreja poderia simbolizar o caminho da virtude, expresso na brancura das paredes da nave, em direcção ao esplendor divino e à feli­cidade eterna prefigurados na policromia da capela-rnor.

A estatuária autónoma da igreja, toda ela de madeira estofada, pin­tada e, por vezes, dourada é, em geral, de qualidade medíocre. As figu­ras confinam-se aos nichos e tornam-se subsidiárias da decoração. Trata-se de urna escultUra produzida no período barroco mas que aceita

(29) A igreja de S. Martinho fora edificada no local da actual Praça Rodrigues Lobo, "com os seus alpendres". O edifíáo da igreja foi trocado, em 1546, entre o bispo D. Frei Brás de Bar­ros e a ádade (vereação) pelo edifíáo das Casas da Câmara que estava no sítio onde depois se construiu o Paço Episcopal para que "derribando-se a Igreja de S. Martinho, o assento e adro dela ficassem à cidade para praça." O Couseiro, p. 212.

(30) Idem, p. 29.

(31) No Inventário artfstico de Portugal - distrito de Leiria datado de 1955, Gustavo de Matos Se­queira refere que o tecto da abóbada da capela-mor fora pintado pouco tempo antes. SE­QUEIRA, op. cit. p. 65.

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com dificuldade as coordenadas estéticas deste estilo. A sua inserção no barroco justifica-se devido à pose e à policromia das figuras mas outras características apresenta, como sejam, o respeito pelo bloco matérico ou o estatismo que se harmonizam mal com os elementos dinâmicos consti­tuintes deste estilo. Lembramos, aliás, que estas características se podem atribuir à maior parte da produção escultórica portuguesa de Seiscentos e de Setecentos.

As representações dos Evangelistas e respectivos atributos são ima­gens iconograficamente correctas em consonância com o formulário saí­do do Concílio de Trento. De formas atarracadas e com um evidente sabor popular, revelam, em certos casos, um desconhecimento da anato­mia dos animais, caso do leão da escultura de S. Marcos. As esculturas apresentam-se hieráticas, brilhantes e coloridas mas, no geral, são pouco expressivas.

No altar do lado do Evangelho, O. Isabel de Aragão, tema de cari­dade que se harmoniza bem com o espírito de uma Casa da Misericór­dia. Trata-se do único altar da cidade de Leiria dedicado à Rainha Santa. O altar do lado da Epístola foi dedicado a S. Sebastião em louvor da sua acção protectora e curandeira, também em harmonia com as funções da Santa Casa.

As imagens dos altares laterais assentes sobre um pedestal doura­do, são figuras rígidas e estáticas, animadas apenas superficialmente pe­las pregas verticais do vestuário e pela policromia de algumas flores estilizadas. Uma faixa de tecido "veste" a estátua de S. Sebastião.

Os quadros da igreja, pinturas a óleo sobre tela, também não são dignos de nota. Ao que tudo indica, os artistas anónimos locais qu� os pintaram utilizaram gravuras italianas como motivo de inspiração. E sa­bido, aliás, que a utilização de gravuras flamengas, italianas e francesas constituía uma prática generalizada no barroco, facto que confere à ge­neralidade da pintura da época um cariz artificial e repetitivo.

Compare-se, por exemplo, o painel da Visitação da Misericórdia de Leiria com o painel central do retábulo da Misericórdia de Évora ('2). O tema é o mesmo, o encontro de Nossa Senhora com Santa Isabel. A ce­na decorre no exterior e há outras personagens presentes, Zacarias e S. José. Santa Isabel ajoelha e abraça-se afectuosamente e com naturalidade a Nossa Senhora. As fisionomias e posições corporais destas duas figu­ras são idênticas nos dois quadros, o que mostra terem-se ambos os au­tores inspirado na mesma gravura. O pintor leiriense, contudo, não se limitou a repetir o formulário da gravura, acrescentaram-lhe duas figu-

(32) Ver: MOURA Carlos, Histdria da Arte em Portugal. Vol. VIJJ. Lisboa, 1986. p. 167.

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ras de animais, o cão e o burro. Enquanto que no retábulo de Évora um grupo de anjos sobrevoa a composição, em Leiria há apenas a figura de um anjo, ao lado de Nossa Senhora.

A pintura que tapava a boca da tribuna é uma tela de má qualidade. As figuras são anatomicamente incorrectas, têm as mãos exageradamente grandes, o traço é muito rígido e a posição dos corpos não é natural. O quadro representa Nossa Senhora e São José a serem recebidos por Santa Isabel e pelo seu marido Zacarias, na tradicional cena da Visitação. Ape­sar da identidade do tema, aparenta ser mais antiga do que os restantes painéis da igreja. Enquanto que nestes as figuras ocupam a quase totali­dade da composição, na tela da tribuna, dá-se mais espaço à decoração arquitectónica e à paisagem, que é sempre idealizada. Aqui o desenho é mais rígido e o claro-escuro mais acentuado do que nos painéis. [fot. 7]

Uma pequena porta aberta do lado do Evangelho, sob as pinturas do retábulo abre passagem directa para a sacristia. Esta é uma dependên­cia rectangular coberta por tecto de madeira. Logo à entrada da sacristia, do lado esquerdo, uma pequena porta esconde a escada interior que dá acesso ao púlpito. Na parede em frente vemos um lavabo de calcário de­teriorado por infiltrações. O friso da comija e a decoração marmórea do pórtico de pedraria que enquadra o lavabo, apresentam pontos de con­tacto com elementos do resto da igreja, respectivamente, com os frisos dos portais exteriores da igreja e com a decoração dos nichos da sua na­ve. No entanto, o lavabo propriamente dito é de talhe e composição mais grosseira e pesada, aparentando ser obra dos finais de Seiscentos.

Encostado à parede do fundo da sacristia está um belo retábulo de calcário com uma ornamentação de embutidos marmóreos, em colora­ções róseo escuro, branco, preto e azul [fot. 4]. Uma imagem de madeira inserida num nicho emoldurado por colunas salónicas representa Cristo pregado na cruz, sangrando. Pormenores macabros como ossos, caveiras e lagartos, dispersos na base onde assenta a cruz, (33) acentuam a tensão dramática entre a vida e a morte, um dos temas fundamentais do barro­co europeu.

O talhe e a composição dos materiais do retábulo é de excelente qualidade fazendo lembrar pela identidade do tema, fantasia e ostenta­ção ornamental e escultórica, algumas das obras de João Antunes (1645--1712) ou de Laprade (1682-1738). O seu arranjo arquitectónico é, porém, deficiente o que nos leva a supor ser esta obra posterior (") ao

(33) Segundo nos disse o sr. João Cabral, era este o crucufixo apresentado aos condenados à morte na forca, antes da execução.

(34) Ver: GOMES, Saúl António, "Francisco Gomes" in O Mensageitro. Leiria, 29.3.1990, p. 1.

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acabamento da sacristia como, aliás o atesta o remate do frontão con­cheado, ladeado de fogaréus, e as colunas salomónicas, muito diferentes do que se fizera no resto da igreja.

II. 2. O MESTRE PEDREIRO FRANCISCO GOMES

Só muito recentemente se publicaram os documentos (35) que per­mitem a identificação do mestre pedreiro encarregado das obras setecen­tistas realizadas na igreja da Misericórdia de Leiria. Com base nas escassas informações que possuímos, tentaremos aqui descrever, a tra­ços largos, o percurso da vida deste artista.

Sabemos que se chamava Francisco Gomes, que era de origem lis­boeta e que além de ser mestre de pedraria e de "embutidos", arquitec­tava plantas de edifícios e certamente de altares e de retábulos. Nascido em Lisboa, talvez no último quartel do século dezassete, aí viveu e tra­balhou possivelmente até à sua vinda para Leiria. Conhecemos referên­cias à sua actividade a partir da última década do século dezassete e até ao final do primeiro quartel do século dezoito.

A alusão mais antiga a este autor data de 1692. Nesse ano, as frei­ras lisboetas do Mocambo solicitaram a Francisco Gomes o risco para a edificação da sua nova igreja. (36) O edifício ficou conhecida pelo nome de "Convento das Trinas", e nele esteve instalado por muitos anos o Ar­quivo de Identificação de Lisboa. Na década de sessenta do nosso sécu­lo, o convento encontrava-se já em ruínas.

Ainda em Lisboa no ano de 1709, o então mestre pedreiro Francis­co Gomes trabalhou na capela de Santana do convento do Carmo. Aqui terá executado "um magnífico trabalho de pedraria e de embutidos", (37) refere Ayres de Carvalho.

De acordo com o contrato notarial (38) firmado no mês de Junho de 1709, a obra que lhe foi confiada constava de:

... "dois prisbotérios (sic) . . . e hu painel no meio embotido e outo degraos vermelhos sem serem embatidos e hu altar com sua sanefa ver­melha ... e levara mais hua banqueta vermelha com sua folha branca de

(35) Ver artigos "Frandsco Gomes, mestre de obras da Misericórdia de Leiria", publicados pelo dr. Salll António Gomes no jornal O Mensageiro, de 15 de Março de 1990 a 17 de Maio de 1990.

(36) CARVALHO, Ayres de, D. joão V e a arte do seu tempo, tomo II. Mafra, 1962, p. 159.

(37) CARVALHO, Ayres de, in Bracara Augusta, tomo I, n. 63. Braga, 1973, p. 166.

(38) Idem, p. 166.

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A IGREJA DA MISERICÓRDIA DE LEIRIA

(I) ta!ia no meio embotida e levara mais dois paineis entre o sacrário e portais e levara hu sacrário da mesma forma que tem huu rascunho e le­vara hua simalha com seu frizo de palmo e quarto tudo embotido embu­tireseham os dois portais vermelhos que estam na dita capela com os mesmos embutidos do rascunho".

No contrato se determinava que fosse Francisco Gomes o autor do desenho de todos os embutidos que se fizessem na capela de Santana, exceptuando aqueles que se destinassem ao sacrário e aos portais. Infe­lizmente, do convento de Nossa Senhora do Monte do Carmo não res­tam hoje quaisquer vestígios.

A fixação de Francisco Gomes em Leiria, ocupando-se das obras de renovação da Misericórdia está documentalmente comprovada des­de 1717.

Aqui, num contrato notárial ('"') datado de 23 de Fevereiro de 1717 aparece-nos a primeira referência a Francisco Gomes designado como "mestre pedreiro nas obras da Igreja da Misericórdia desta cidade". Francisco Gomes assina o documento como testemunha conhecedora do seu confrade António Pereira de Lisboa, que talharia a frontaria e torres sineiras da igreja de Nossa Senhora da Nazaré, segundo risco de autor, até à data, desconhecido.

No ano seguinte, Francisco Gomes arrematou pela quantia de um conto e quatrocentos e cinquenta mil reis, a empreitada para a constru­ção, no prazo de dois anos, de uma ponte na vila de Ega. (40) Neste docu­mento se obrigava Francisco Gomes a cumprir os "apontamentos" dados pelo procurador da Comarca, Dr. Bernardo Gomes Meirim para a cons­trução da dita ponte.

Por 1721, mestre Francisco Gomes continuava à frente das obras da Misericórdia, que estavam ainda por terminar, como se refere nas Notí­cias enviadas à Academia Real de História, (••) no ano de 1721, pelo cura da Sé de Leiria, Manuel Antunes do Fetal.

Embora residisse em Leiria desde cerca de 1717, o mestre pedreiro

(39) "Fiança e obrigação do mestre pedreiro António Pereira da cidade de Lisboa da obra que lhe foi rematada na igreja de Nossa Senhora da Nazaré da Pederneira pelo dr. Provedor desta comarca." Leiria, 23.2.1717. B.P.A.D.L. Registos Notariais. Leiria, 9 C/36, fls 137v - 139, pu· blicado por GOMES, Saúl António in O Mensageiro. Leiria, 29.3.1990. 1 e 6.

(40) "Contrato feito entre o procurador da Comarca de Leiria e Francisco Gomes, mestre pedrei­ro nas obras da Misericórdia de Leiria, sobre a construção de urna ponte na vila de Ega." Leiria 15.10.1718. B.P.A.D.L. Registos Notariais, Leiria. 9c/38 fls 65v"-66v0 e 84v"-85v•, publi­cado por GOMES, Saúl António in O Mensageiro Leiria, 5.4. 1990 p. 5 e 12. 4. 1990, p. 10.

(41) FONSECA, Brás Raposo da, Notfcias remetidas à Academia Real debaixo da real protecção do mui· to alto, e muito poderoso rei N. Sr. D. João V. Leiria, 1721, p. 23 v.

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)

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das obras da Misericórdia de Leiria nunca deixou de manter relações com Lisboa onde talvez possuísse oficina. Conhecem-se alguns docu­mentos que comprovam estes contactos. A 26 de Agosto de 1721, Fran­cisco Gomes passou procuração (42) ao doutor Manuel Lucas da Silva, advogado nos Auditórios da Corte de Lisboa, e a Bernardo de Fonseca, também morador em Lisboa, para que o representassem em todas as causas de justiça a que houvesse de comparecer.

Três anos mais tarde assinaria nova procuração, (43) desta vez ao seu próprio filho, João Gomes, então morador em Leiria, para que o re­presentasse, a si e a Manuel Moreira, em todos os tribunais das cidades de Leiria, Lisboa, e das mais partes do reino.

A última referência a Francisco Gomes em Leiria data de 1726, e atribui-lhe o risco da torre sineira do Reguengo, construção edificada entre 1726 e 1728 por Pedro Lopes, mestre pedreiro das Cortes. (44)

A partir desta data, o paradeiro de Francisco Gomes é-nos total­mente desconhecido. Acreditamos que Francisco Gomes tenha permane­cido nesta cidade, trabalhando em edifícios da região, ou ainda que tendo voltado para Lisboa fosse chamado a Leiria para participar em al­guma obra.

Quanto ao seu filho João Gomes, mestre entalhador de profissão, sabemos que, por volta de 1742, se encontrava estabelecido em Lisboa. Todavia, não teria cortado totalmente as relações com Leiria pois foi nes­se ano contratado para a construção de uma caixa e tribuna de um orgão destinado à Sé desta cidade. (45)

Como mestre pedreiro das obras da igreja da Misericórdia, Fran­cisco Gomes terá tido a seu cargo o acompanhamento de todas as re­modelações efectuadas no templo. O que não quer dizer, no entanto, que lhe possamos atribuir com absoluta certeza a autoria do projecto

(42) B.P.A.D. L. Registos Notariais, Leiria 9-<:/ 42, fls. 56-56 v• publicado por GOMES, Saúl António in O Mensageiro. Leiria 12. 4. 1990, p. 10.

(43) B.P.A.D.L. Registos Notariais, Leiria 9-g/49 publicado por GOMES, Saúl António in O Men­sageiro. Leiria 12.4.1990, p. 10.

(44) "Contrato estabelecido entre a Fábrica da igreja do Reguengo (C. Leiria) e Pedro Lopes, mestre pedreiro das Cortes (C. Leiria) para a execução da torre sineira da dita igreja, segun­do o risco de F. Gomes, mestre-{ie-Qbras, por 109.000 rs, fora os materiais que seriam dados pela fábrica." Batalha, 14.1.1726. B.P.A.D.L. Registos Notariais, Batalha 5-E/2 fls 45v"-46v<'. publicado por GOMES, Saúl António infornal dlls Cortes. Leiria 10.12.1990, p. 3.

(45) "Contrato estabelecido entre o Provisor do Bispado de Leiria e José Gomes, mestre-entalha­dor, morador em Lx, para a feitura do coreto e da caixa e tribuna do orgão, a colocar na ca­tedral, do lado da nave de S. Bento (Evangelho)." Leiria 2.4.1746 B.P.A.D.L. Registos Notariais, Leiria 9-d/20, fls 30-31 v" publicado por GOMES, Saúl António in O Mensageiro Leiria 24.5.1990, p. 1 e 7.

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de ampliação arquitectónica do edifício. Julgamos todavia certo ter sido ele o responsável pela animação espacial do interior da igreja, através dos nichos de estuque e com a aplicação dos embutidos em mármore polícromo.

Abrimos aqui um parêntesis para lembrar as analogias que relacio­nam a igreja da Misericórdia de Leiria com a igreja lisboeta do Menino Deus (1711-1737). São estas mais evidentes no respeitante à estrutura da capela-mor, formato das janelas de balaústres e repetição de certos moti­vos geométricos e florais da ornamentação marmórea, de feição italiani­zante. Semelhanças que nos levam a pensar na hipótese de Francisco Gomes ter participado na decoração da capela-mor da igreja de Lisboa, antes mesmo de vir para Leiria.

Também a igreja do Bom Jesus dos Milagres, edifício construído a partir de 1732, apresenta algumas semelhanças com a igreja de Leiria. As analogias situam-se, sobretudo, a nível do espaço interno, planta, pro­jecção de alçadas e decoração de embutidos marmóreos. Embora sem qualquer base documental, pensamos que, também neste caso, não é de excluir a hipótese da eventual participação de Francisco Gomes, na ela­boração do projecto ou na construção deste santuário.

III - CONFRONTO COM O SANTUÁRIO DOS MILAGRES

A renovação dos edifícios religiosos de acordo com um formulário barroco iniciou-se, em Leiria, a partir das primeiras décadas do século XVIII. (46)

D. Álvaro de Abranches e Noronha (1694-1742) teve uma acção im­portante neste campo. A ele se ficaram a dever as reformas na igreja da Misericórdia de Leiria. Reformou também a igreja de Santo Estêvão e do Espírito Santo e inúmeras igrejas por todo o bispado. Foi ainda durante o seu longo episcopado que se iniciou a edificação da igreja do Bom Je­sus dos Milagres.

A igreja paroquial dos Milagres, levantada em memória de um mi­lagre do Senhor dos Passos, começou a ser construída no ano de 1732 (41). As obras iniciaram-se com as esmolas recolhidas pela Confraria do Se-

(46) Ver: GOMES, Saúl António, "Nótulas sobre o barroco" in O Mensageiro. Leiria 29.11.1990 a 13.12.1990.

(47) SEQUEIRA, op. cit. p. 74.

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nhor Jesus. Em 1750, (48) o interior do edifício estava concluído, faltando no exterior as torres e o gradeamento da galilé superior, terminados já no final do século dezanove, por intervenção do arquitecto Korrodi (49).

A direcção dos trabalhos esteve a cargo do mestre José da Silva, do Juncal, substituído (5") em 1750 pelo seu filho Joaquim, que foi o respon­sável pela frontaria e pela galilé do templo. Os pedreiros que aqui traba­lharam, diz-nos o padre José Ferreira de Lacerda, (51) "eram quase todos do Juncal e poucos de Leiria."

Desconhece-se o autor do projecto da igreja. Fosse quem fosse, es­tava familiarizado com as obras da Basílica de Mafra. De facto, quer a ní­vel da fachada, quer no respeitante a certas soluções decorativas, o templo dos Milagres evidencia flagrante identidade com a igreja mafren­se. Identidade reconhecida por Paulo Varela Gomes (52) que classifica a igreja dos Milagres como "uma das muitas pequenas Mafras" que proli­feravam então pelo país.

A própria frontaria [fot. 2] do templo dos Milagres parece decalca­da do modelo da Basilica. Duas torres sineiras enquadram uma fachada de cinco vãos, sendo aqui o arco central mais largo e abatido. No piso superior abrem-se cinco janelões. Um frontão quebrado realça a harmo­nia do corpo central.

Uma escadaria dá acesso à fachada principal, a partir da qual se desenvolve a galilé de dois andares que acompanha as fachadas laterais do edifício (53). Este esquema da galilé que vem na tradição seiscentista portuguesa visa criar um efeito de espectáculo e de deslumbramento, e simultaneamente, servir de abrigo aos peregrinos durante as festivida­des em honra do orago (54).

Em contraste com a monumentalidade da fachada, o interior do edifício, de tamanho mais reduzido, é de grande simplicidade. A igreja é de uma só nave, com dois altares colaterais e com nichos sobre o cruze�-

(48) LACERDA, José Ferreira de, Breves apontamentos para a hist6ria da igreja do Senhor jesus dos Milagres. Leiria, 1913, p. 43.

(49) PEREIRA, José Fernandes, Diciotufrio da arte lxmoca. Usboa, 1984, p. 292.

(50) LACERDA, op. cit. p. 19.

(51) Idem, p. 19.

(52) Ver: GOMES, Paulo Varela, A cultura arquitect6nica e artfstica em Portugal, no século XVIII. Lis­boa, 1988. p. 335; e, do mesmo autor, O essencial sobre a arquitectura barroca em Portugal. Lis­boa, 1989, p. 34.

(53) Apud PEREIRA, José Fernandes, op. cit. p. 292.

(54) Idem. p. 292.

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ro e na parede da fachada fundeira. A parede interior que corresponde à frontaria do templo segue todo o esquema da igreja de Mafra.

Na edição que fez do manuscrito Notícias remetidas à Academia Real, o padre Lacerda fez notar as semelhanças entre a igreja da Miseri­córdia de Leiria e o santuário dos Milagres. Levantou então a hipótese de ter o seu mestre, José da Silva do Juncal trabalhado na igreja de Lei­ria, com os seus operários, antes de vir para os Milagres. Esta opinião foi reafirmada, alguns anos mais tarde, por Afonso Zúquete ("').

A publicação de documentação notarial inédita pelo historiador Saúl António Gomes (56), permitiu-nos identificar o nome do mestre pe­dreiro encarregado das obras setecentista na igreja da Misericórdia de Leiria. Não devemos, contudo, excluir a hipótese da intervenção de Francisco Gomes, quer no projecto, quer nos trabalhos de embutidos marmóreos da igreja dos Milagres.

Confrontando o espaço interior do santuário dos Milagres com o da igreja da Misericórdia, (57) constatamos existirem várias semelhanças entre as duas igrejas, as quais diferem, apenas, no pormenor. O tipo de enquadramento do altar-mor com os colaterais e o esquema do retábulo, é idêntico nas duas igrejas [fot. 4 e 5]. Duas colunas de capitéis coríntios, sobrepujadas por um frontão com dois anjos de calcário nas empenas enquadram o retábulo dos Milagres [fot. 6]. Aqui, a boca da tribuna e o trono não são de talha, como na Misericórdia, mas int�iramente traba­lhados em mármore e em pedra-lioz.

Na igreja do Senhor Jesus, a zona dos altares encontra-se separada do resto da nave por um cancelo de balaústres de calcário. O santuário deste templo, mais fundo do que o da Misericórdia, está coberta por uma cúpula caiada. As janelas, quadradas, abertas na capela-mor sob a cornija apresentam-se entre superfícies de mármore preto. Alguns ni­chos e mísulas com estatuária animam as paredes da capela-mor. A toda a volta, painéis de azulejos setecentistas fabricados nas oficinas do Jun­cal pelos ceramistas Silva e Sousa, contam a história do milagre.

A policromia dos mármores (58) amarelos, pretos e alaranjados usa-

(55) Ver: ZÚQUETE, Afonso, Leiria - Subsfdios para a história da sua diocese. Leiria, 1943.

(56) Ver os artigos sobre Francisco Gomes publicados pelo dr. Saúl António Gomes in O Mensa­geiro de 19 de Março de 1990 e 24 de Maio do mesmo ano.

(57) Ver capítulo "II. 1. Caracterização do edifício", deste trabalho.

(58) Desconhecemos a localização da pedreira de onde foram extraídos os mármores utilizados na igreja dos Milagres. Quanto ao calcário, sa�e que era extraído da pedreira dos Carva­lhos, localizada nas imediações dos Milagres. Ver: LACERDA, josé Ferreira de, Breves apon­tamentos para a história da igreja do Senhor jesus dos Milagres. Leiria, 1913, p. 35 e 41.

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dos na igreja dos Milagres, é menos bem conseguida do que na igreja da Misericórdia. As tonalidades usadas são também diferentes. Nos Mila­gres, a decoração marmórea não se faz só ã base de embutidos, mas tam­bém através da aplicação de placas de mármore que não aparecem, ainda, na Misericórdia.

CONCLUSÃO

A igreja da Misericórdia de Leiria, monumento típico do barroco inicial nesta região, evidencia um certo hibridismo. Se, por um lado, pa­tenteia a manutenção dos esquemas lineares da arquitectura local de tra­dição maneirista, simultaneamente, procura um alinhamento com o que a nível decorativo se fazia então na capital.

Para compreender o carácter deste edifício será necessário integrá­-lo no contexto regional da sua época. Deve-se também avaliar a in­fluência desta igreja nos edifícios posteriormente construídos na região, nomeadamente na igreja do Bom Jesus dos Milagres.

Mas, acima de tudo, não se pode deixar de reconhecer que se trata de uma igreja muito bonita, de uma beleza sóbria mas harmoniosa que terá levado Silva Araújo a afirmar que "dos templos de Leiria, é dos mais dignos de ser observado. " (59)

Em suma, tanto o valor artístico desta igreja, como o seu significa­do no contexto da arquitectura da cidade e da região fazem dela obra merecedora de um estudo mais aprofundado que, esperamos, possa ser levado a efeito brevemente.

Maria Lufsa de Albuquerque Melo

(59) Ot. em ZÚQUETE, Afonso, Leiria - Subsfdios para a história da sua diocese. Leiria, 1943, pp. 335-336.

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1 - Retábulo do Calvário. Igreja da Misericórdia de Leiria.

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2 - Frontaria do templo dos Milagres.

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3 - Alçado interior da igreja dos Milagres.

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4 - Articulação entre os altares da igreja da Misericórdia de Leiria.

5 - Articulação entre os altares da igreja dos Milagres.

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6 - Retábulo da igreja dos Milagres.

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7 - Interior da Misericórdia de Leiria em 1930.

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ÍNDICE DE ILUSTRAÇÕES

Fot. 1 - Retábulo do Calvário. Igreja da Misericórdia de Leiria. Fot. 2- Frontaria do templo dos Milagres. Fot. 3 - Alçado interior da igreja dos Milagres. Fot. 4- Articulação entre os altares da igreja da Misericórdia de Leiria. Fot. 5 - Articulação entre os altares da igreja dos Milagres. Fot. 6 - Retábulo da igreja dos Milagres. Fot. 7 - Interior da Misericórdia de Leiria em 1930.

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