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1 LEI ORGÂNICA DO MUNICÍPIO DE BELO HORIZONTE PREÂMBULO Nós, representantes do povo de Belo Horizonte, investidos pela Constituição da República na atribuição de elaborar a lei basilar de ordem municipal autônoma e democrática, que, fundada no império de justiça social e na participação direta da sociedade civil, instrumentalize a descentralização e a desconcentração do poder político, como forma de assegurar ao cidadão o controle do seu exercício, o acesso de todos à cidadania plena e a convivência em uma sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos, promulgamos, sob a proteção de Deus, a seguinte Lei Orgânica: TÍTULO I - DISPOSIÇÕES PRELIMINARES Art. 1º - O Município de Belo Horizonte integra, com autonomia político- administrativa, a República Federativa do Brasil e o Estado de Minas Gerais. Parágrafo único - O Município se organiza e se rege por esta Lei Orgânica e demais leis que adotar, observados os princípios constitucionais da República e do Estado. Art. 2º - Todo o poder do Município emana do povo, que o exerce por meio de seus representantes eleitos, ou diretamente, nos termos da Constituição da República e desta Lei Orgânica. § 1º- O exercício indireto do poder pelo povo no Município se dá por representantes eleitos pelo sufrágio universal e pelo voto direto e secreto, com igual valor para todos, na forma da legislação federal, e por representantes indicados pela comunidade, nos termos desta Lei Orgânica. § 2º - O exercício direto do poder pelo povo no Município se dá, na forma desta Lei Orgânica, mediante: I - plebiscito; II - referendo; III - iniciativa popular no processo legislativo; IV - participação na administração pública; V - ação fiscalizadora sobre a administração pública. § 3º - A participação na administração pública e a fiscalização sobre esta se dão por meio de instâncias populares, com estatutos próprios, aprovados pela Câmara Municipal. Art. 3º - São objetivos prioritários do Município, além daqueles previstos no art. 166 da Constituição do Estado: I - garantir a efetividade dos direitos públicos subjetivos;

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LEI ORGÂNICA DO MUNICÍPIO DE BELO HORIZONTE

PREÂMBULO

Nós, representantes do povo de Belo Horizonte, investidos pela Constituição daRepública na atribuição de elaborar a lei basilar de ordem municipal autônoma edemocrática, que, fundada no império de justiça social e na participação direta dasociedade civil, instrumentalize a descentralização e a desconcentração do poder político,como forma de assegurar ao cidadão o controle do seu exercício, o acesso de todos àcidadania plena e a convivência em uma sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos,promulgamos, sob a proteção de Deus, a seguinte Lei Orgânica:

TÍTULO I - DISPOSIÇÕES PRELIMINARES

Art. 1º - O Município de Belo Horizonte integra, com autonomia político-administrativa, a República Federativa do Brasil e o Estado de Minas Gerais.

Parágrafo único - O Município se organiza e se rege por esta Lei Orgânica edemais leis que adotar, observados os princípios constitucionais da República e do Estado.

Art. 2º - Todo o poder do Município emana do povo, que o exerce por meio deseus representantes eleitos, ou diretamente, nos termos da Constituição da República edesta Lei Orgânica.

§ 1º- O exercício indireto do poder pelo povo no Município se dá porrepresentantes eleitos pelo sufrágio universal e pelo voto direto e secreto, com igual valorpara todos, na forma da legislação federal, e por representantes indicados pelacomunidade, nos termos desta Lei Orgânica.

§ 2º - O exercício direto do poder pelo povo no Município se dá, na forma destaLei Orgânica, mediante:

I - plebiscito;

II - referendo;

III - iniciativa popular no processo legislativo;

IV - participação na administração pública;

V - ação fiscalizadora sobre a administração pública.

§ 3º - A participação na administração pública e a fiscalização sobre esta se dãopor meio de instâncias populares, com estatutos próprios, aprovados pela CâmaraMunicipal.

Art. 3º - São objetivos prioritários do Município, além daqueles previstos no art.166 da Constituição do Estado:

I - garantir a efetividade dos direitos públicos subjetivos;

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II - assegurar o exercício, pelo cidadão, dos mecanismos de controle dalegalidade e da legitimidade dos atos do Poder Público e da eficácia dos serviços públicos;

III - preservar os interesses gerais e coletivos;

IV - promover o bem de todos, sem distinção de origem, raça, sexo, cor, credoreligioso, idade, ou quaisquer outras formas de discriminação;

V - proporcionar aos seus habitantes condições de vida compatíveis com adignidade humana, a justiça social e o bem comum;

VI - priorizar o atendimento das demandas da sociedade civil de educação,saúde, transporte, moradia, abastecimento, lazer e assistência social;

VII- preservar a sua identidade, adequando as exigências do desenvolvimento àpreservação de sua memória, tradição e peculiaridades;

VIII- valorizar e desenvolver a sua vocação de centro aglutinador e irradiador dacultura brasileira.

Parágrafo único - O Município concorrerá, nos limites de sua competência, paraa consecução dos objetivos fundamentais da República e prioritários do Estado.

TÍTULO IIDOS DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS

Art. 4º- O Município assegura, no seu território e nos limites de sua competência,os direitos e garantias fundamentais que a Constituição da República confere aosbrasileiros e aos estrangeiros residentes no País.

§ 1º - Nenhuma pessoa será discriminada, ou de qualquer forma prejudicada,pelo fato de litigar com órgão ou entidade municipal, no âmbito administrativo ou judicial.

§ 2º - Todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, em locais abertos aopúblico, independentemente de autorização, desde que não frustrem outra reuniãoanteriormente convocada para o mesmo local, sendo apenas exigido aviso prévio àautoridade competente, que, no Município, é o Prefeito ou aquele a quem ele delegar aatribuição.

§ 3º- Nos processos administrativos, qualquer que seja objeto e o procedimento,observar-se-ão, entre outros requisitos de validade, a publicidade, o contraditório, a defesaampla e o despacho ou a decisão motivados.

§ 4º - Todos têm o direito de requerer e obter informação sobre projeto do PoderPúblico, ressalvada aquela cujo sigilo seja, temporariamente, imprescindível à segurança dasociedade e do Município, nos termos da lei, que fixará também o prazo em que deva serprestada a informação.

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§ 5º - Independe de pagamento de taxa ou emolumentos, ou de garantia deinstância, o exercício do direito de petição ou representação, bem como a obtenção decertidão, devendo o Poder Público fornecê-la no prazo máximo de trinta dias, para defesade direitos ou esclarecimentos de interesse pessoal ou coletivo.

§ 6º - É direito de qualquer cidadão e entidade legalmente constituída denunciaràs autoridades competentes a prática, por órgão ou entidade pública ou por delegatário deserviço público, de atos lesivos aos direitos dos usuários, incumbindo ao Poder Públicoapurar sua veracidade e aplicar as sanções cabíveis, sob pena de responsabilização.

§ 7º - Será punido, nos termos da lei, o agente público que, no exercício de suasatribuições e independentemente da função que exerça, violar direito previsto nasConstituições da República e do Estado e nesta Lei Orgânica.

§ 8º - Incide na penalidade de destituição de mandato administrativo ou de cargoou função de direção, em órgão ou entidade da administração pública, o agente público quedeixar injustificadamente de sanar, dentro de sessenta dias da data do requerimento dointeressado, omissão que inviabilize o exercício de direito previsto nas Constituições daRepública ou do Estado ou nesta Lei Orgânica.

§ 9º - O Poder Público coibirá todo e qualquer ato discriminatório, nos limites desua competência, dispondo, na forma da lei, sobre a punição dos agentes públicos e dosestabelecimentos privados que pratiquem tais atos.

Art. 5º - Ao Município é vedado:

I - estabelecer culto religioso ou igreja, subvencioná-los, embaraçar-lhes ofuncionamento ou manter com eles ou com seus representantes relações de dependênciaou de aliança, ressalvada, na forma da lei, a colaboração de interesse público;

II - recusar fé a documento público;

III - criar distinção entre brasileiros ou preferência de uma em relação às demaisunidades da federação.

TÍTULO IIIDA ORGANIZAÇÃO DO MUNICÍPIO

CAPÍTULO IDISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 6º - São Poderes do Município, independentes e harmônicos entre si, oLegislativo e o Executivo.

Parágrafo único - Salvo as exceções previstas nesta Lei Orgânica, é vedado aqualquer dos Poderes delegar atribuição e, a quem for investido na função de um deles,exercer a de outro.

Art. 7º - O Município exerce sua autonomia, especialmente, ao:

I - elaborar e promulgar a Lei Orgânica;

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II - legislar sobre assuntos de interesse local e suplementar as legislações federale estadual, no que couber;

III - eleger o Prefeito, o Vice-Prefeito e os Vereadores;

IV - organizar o seu governo e administração.

Art. 8º - São símbolos do Município a bandeira, o hino e o brasão.

Art. 9º - O Distrito de Belo Horizonte é a sede do Município e lhe dá o nome.

Art. 10 - Depende de lei a criação, organização e supressão de distritos ousubdistritos, observada, quanto àqueles, a legislação estadual.

CAPÍTULO IIDA COMPETÊNCIA DO MUNICÍPIO

Art. 11 - Compete ao Município prover a tudo quanto respeite ao seu interesselocal.

Art. 12 - Compete ao Município, entre outras atribuições:

I - manter relações com a União, os estados federados, o Distrito Federal e osdemais municípios;

II - organizar, regulamentar e executar seus serviços administrativos;

III - firmar acordo, convênio, ajuste e instrumento congênere;

IV - difundir a seguridade social, a educação, a cultura, o desporto, a ciência e atecnologia;

V - proteger o meio ambiente;

VI - instituir e arrecadar os tributos de sua competência e aplicar as suas receitas,sem prejuízo da obrigatoriedade de prestar contas e publicar balancetes trimestralmente;

VII - organizar e prestar, diretamente ou mediante delegação, os serviçospúblicos de interesse local, incluído o de transporte coletivo, que tem caráter essencial;

VIII - fixar os preços dos bens e serviços públicos;

IX - promover adequado ordenamento territorial, mediante planejamento econtrole do parcelamento, da ocupação e do uso do solo urbano;

X - administrar seus bens, adquiri-los e aliená-los, aceitar doações, legados eheranças, e dispor sobre sua aplicação;

XI - desapropriar bens, por necessidade ou utilidade pública, ou por interessesocial, nos casos previstos em lei;

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XII - estabelecer servidões administrativas necessárias à realização de seusserviços, inclusive os prestados mediante delegação, e, em caso de iminente perigo oucalamidade pública, ocupar e usar de propriedade particular, bens e serviços, asseguradaindenização ulterior, se houver dano;

XIII - estabelecer o regime jurídico único de seus servidores e os respectivosplanos de carreira;

XIV - constituir guarda municipal destinada à proteção de seus bens, serviços einstalações, nos termos da Constituição da República;

XV - associar-se a outros municípios do mesmo complexo geoeconômico esocial, mediante convênio previamente aprovado pela Câmara, para a gestão, sobplanejamento, de funções públicas ou serviços de interesse comum, de forma permanenteou transitória;

XVI - cooperar com a União e o Estado, nos termos de convênio ou consórciopreviamente aprovados pela Câmara, na execução de serviços e obras de interesse para odesenvolvimento local;

XVII - participar, autorizado por lei, da criação de entidade intermunicipal para arealização de obra, o exercício de atividade ou a execução de serviço específico deinteresse comum;

XVIII - fiscalizar a produção, a conservação, o comércio e o transporte de gêneroalimentício e produto farmacêutico destinados ao abastecimento público, bem como desubstância potencialmente nociva ao meio ambiente, à saúde e ao bem-estar da população;

XIX - licenciar a construção de qualquer obra;

XX - licenciar estabelecimento industrial, comercial, prestador de serviços esimilares e cassar o alvará de licença dos que se tornarem danosos ao meio ambiente, àsaúde ou ao bem-estar da população;

XXI - fixar o horário de funcionamento de estabelecimentos referidos no incisoanterior;

XXII - regulamentar e fiscalizar o comércio ambulante, inclusive o de papéis e deoutros resíduos recicláveis;

XXIII - interditar edificações em ruínas ou em condições de insalubridade e asque apresentem as irregularidades previstas na legislação específica, bem como fazerdemolir construções que ameacem a segurança individual ou coletiva;

XXIV - regulamentar e fiscalizar a instalação e o funcionamento de aparelho detransporte;

XXV - licenciar e fiscalizar, nos locais sujeitos ao seu poder de polícia, afixaçãode cartazes, anúncios e quaisquer outros meios de publicidade e propaganda;

XXVI - regulamentar e fiscalizar, na área de sua competência, os espetáculos eos divertimentos públicos;

XXVII - estabelecer e impor penalidades por infrações a suas leis e regulamentos.

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Art. 13 - É competência do Município, comum à União e ao Estado:

I - zelar pela guarda da Constituição, das leis e das instituições democráticas econservar o patrimônio público;

II - cuidar da saúde e assistência pública, da proteção e da garantia das pessoasportadoras de deficiência;

III - proteger os documentos, as obras e outros bens de valor histórico, artístico ecultural, os monumentos, as paisagens naturais notáveis e os sítios arqueológicos;

IV - impedir a evasão, a destruição e a descaracterização de obras de arte e deoutros bens de valor histórico, artístico ou cultural;

V - proporcionar os meios de acesso à cultura, à educação e à ciência;

VI - proteger o meio ambiente e combater a poluição em qualquer de suasformas;

VII - preservar as florestas, a fauna e a flora;

VIII - fomentar a produção agropecuária e organizar o abastecimento alimentar;

IX - promover programas de construção de moradias e a melhoria das condiçõeshabitacionais e de saneamento básico;

X - combater as causas da pobreza e os fatores de marginalização, promovendoa integração social dos setores desfavorecidos;

XI - registrar, acompanhar e fiscalizar as concessões de direitos de pesquisa eexploração de recursos hídricos e minerais em seu território;

XII - estabelecer e implantar política de educação para a segurança do trânsito.

CAPÍTULO IIIDO DOMÍNIO PÚBLICO

Art. 14 - Constituem bens municipais todas as coisas móveis e imóveis, direitos eações que, a qualquer título, pertençam ao Município.

CAPÍTULO IVDA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Art. 15 - A atividade de administração pública dos Poderes do Município e a deentidade descentralizada obedecerão aos princípios de legalidade, impessoalidade,moralidade, publicidade e razoabilidade.

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§ 1º - A moralidade e a razoabilidade dos atos do Poder Público serão apuradas,para efeito de controle e invalidação, em face dos dados objetivos de cada caso.

§ 2º - O agente público motivará o ato administrativo que praticar, explicitando-lheo fundamento legal, o fático e a finalidade.

Art. 16 - A administração pública direta é a que compete ao órgão de qualquerdos Poderes do Município.

Art. 17 - A administração pública indireta é a que compete:

I - à autarquia;

II - à sociedade de economia mista;

III - à empresa pública;

IV - à fundação pública;

V - às demais entidades de direito privado, sob o controle direto ou indireto doMunicípio.

Art. 18 - A ação administrativa do Poder Executivo será organizada segundo oscritérios de descentralização, regionalização e participação popular.

Art. 19 - A atividade administrativa, subordinada ou vinculada ao PrefeitoMunicipal, se organizará em sistemas, integrados por:

I - órgão central de direção e coordenação;

II - entidade da administração indireta, se houver;

III - unidade administrativa.

§ 1º - Secretaria Municipal é o órgão central de cada sistema administrativo.

§ 2º - Unidade Administrativa é a parte de órgão central ou de entidade daadministração indireta.

Art. 20 - Funcionará junto a cada sistema administrativo uma instância, comatribuições de:

I - participar da elaboração de política de ação do Poder Público para o setor;

II - participar da elaboração de planos e programas para o setor e dolevantamento de seus custos;

III - analisar e manifestar-se sobre o plano diretor, o plano plurianual, as diretrizesorçamentárias e o orçamento anual;

IV - acompanhar e fiscalizar a execução de plano e programas setoriais;

V - acompanhar e fiscalizar a aplicação de recursos públicos destinados ao setor;

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VI - manifestar-se sobre proposta de alteração na legislação pertinente àatividade do setor.

Parágrafo único - Admitir-se-á o funcionamento de instâncias junto a sistemaadministrativo ou a órgão ou entidade da administração pública, nos termos do art. 23 eseus parágrafos, voltados para as áreas de interesse específicos da criança, doadolescente, do idoso, do portador de deficiência, do negro e da mulher.

Art. 21 - Administração Regional é a unidade descentralizada do PoderExecutivo, com circunscrição, atribuição, organização e funcionamento definidos em lei.

Parágrafo único - As diretrizes, metas e prioridades da administração municipalserão definidas, para cada Administração Regional, nas leis de que trata o art. 125.

Art. 22 - Funcionará junto a cada Administração Regional uma instância, comatribuições de:

I - relacionar as carências e reivindicações regionais, nas áreas, entre outras, desaúde, educação, habitação, transporte, saneamento básico, meio ambiente, urbanização,cultura, esporte e lazer e nas relativas à criança, ao adolescente e ao portador dedeficiência, e hierarquizar as prioridades;

II - participar da elaboração de planos de obras prioritárias para a região e dolevantamento de seus custos;

III - analisar e manifestar-se sobre o plano diretor, o plano plurianual, as diretrizesorçamentárias e o orçamento anual;

IV - acompanhar e fiscalizar as ações regionais do Poder Público;

V - acompanhar e fiscalizar a aplicação de recursos públicos destinados à região;

VI - elaborar proposta de solução para problema da região.

Art. 23 - As instâncias de que tratam os arts. 20 e 22 atuarão de forma autônomae independente do Poder Público, nos termos fixados em lei, sendo-lhes garantido o livreacesso a documentos e informações de que necessitar.1

§ 1º - A composição, organização e funcionamento das instâncias serão definidasem estatutos próprios, registrados em cartório e protocolados no órgão junto ao qual cadainstância atuará.

§ 2º - A participação nas instâncias não acarretará qualquer ônus para oMunicípio.

Art. 24 - O Poder Público garantirá a participação da sociedade civil naelaboração do plano diretor, do plano plurianual, das diretrizes orçamentárias e doorçamento anual.

1 - Art. 23 com a redação determinada pela Emenda à Lei Orgânica nº 11, de 2/1/96.

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Art. 25 - Depende de lei, em cada caso:

I - a instituição e a extinção de autarquia e fundação pública;

II - a autorização para instituir e extingüir sociedade de economia mista eempresa pública e para alienar ações que garantam, nessas entidades, o controle peloMunicípio;

III - a criação de subsidiária das entidades mencionadas nos incisos anteriores esua participação em empresa privada.

§ 1º - Ao Município somente é permitido instituir ou manter fundação com anatureza jurídica de direito público.

§ 2º - É vedada a delegação de poderes ao Executivo para a criação, extinção outransformação de entidade de sua administração indireta.

Art. 26 - Para o procedimento de licitação, obrigatório para contratação de obra,serviço, compra, alienação e concessão, o Município observará as normas gerais expedidaspela União.2

Art. 27 - As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privadoprestadoras de serviços públicos responderão pelos danos que seus agentes, nessaqualidade, causarem a terceiros, sendo obrigatória a regressão, no prazo estabelecido emlei, contra o responsável, nos casos de dolo ou culpa.

Art. 28 - A publicidade de ato, programa, projeto, obra, serviço e campanha deórgão público, por qualquer veículo de comunicação, somente pode ter caráter informativo,educativo ou de orientação social, e dela não constarão nome, cor ou imagem quecaracterizem a promoção pessoal de autoridade, servidor público ou partido político.

§ 1º - É vedado ao Município subvencionar ou auxiliar, com recursos públicos epor qualquer meio de comunicação, propaganda político-partidária ou com finalidadeestranha à administração pública.

§ 2º - Os Poderes do Município, incluídos os órgãos que os compõem, publicarãotrimestralmente, o montante das despesas com publicidade que, no período, tiverem sidocontratadas ou pagas a cada agência publicitária ou veículo de comunicação.

Art. 29 - A lei definirá os atos decisórios de relevância que deverão serpublicados para produzir efeitos.

Art. 30 - Para registro dos atos e fatos administrativos, o Município terá livros,fichas ou outro sistema, convenientemente autenticados, que forem necessários aos seusserviços.

Parágrafo único - O Município terá um livro especial para o registro de suas leis.

Art. 31 - Cabe ao Prefeito a administração dos bens municipais, respeitada acompetência da Câmara quanto àqueles utilizados em seus serviços. 2 - Parágrafo único do art. 26 revogado pela Emenda à Lei Orgânica nº 11, de 2/1/96

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Art. 32 - A aquisição de bem imóvel, por meio de compra, permuta ou doaçãocom encargo, depende de autorização legislativa e, nos dois primeiros casos, também deprévia avaliação.3

Art. 33 - A alienação de bem imóvel público edificado depende de avaliaçãoprévia, licitação e autorização legislativa.

Parágrafo único - A alienação aos proprietários de imóveis lindeiros de áreasurbanas remanescentes, resultantes de obras públicas, e inaproveitáveis para edificação ououtra destinação de interesse público, bem como de áreas resultantes de modificação dealinhamento, dependerá de prévia avaliação e autorização legislativa.

Art. 34 - São inalienáveis os bens públicos não-edificados, salvo os casos depermuta e de implantação de programas de habitação popular, nos quais sãoindispensáveis prévia avaliação e autorização legislativa.

§ 1º - São também inalienáveis os bens imóveis públicos, edificados ou não,utilizados pela população em atividades de lazer, esporte e cultura, os quais somentepoderão ser utilizados para outros fins se o interesse público o justificar e medianteautorização legislativa.

§ 2º - A autorização legislativa mencionada neste artigo e no art. 33 é sempreprévia e depende do voto da maioria dos membros da Câmara.

Art. 35 - O Município, preferencialmente à venda ou doação de seus imóveis,outorgará concessão de direito real de uso.

Parágrafo único - O título de domínio e o de concessão do direito real de usoserão conferidos ao homem ou à mulher, ou a ambos, independentemente do estado civil,nos termos e condições previstos em lei.

Art. 36 - Os bens imóveis públicos de interesse histórico, artístico ou culturalsomente podem ser utilizados por terceiros para finalidades culturais.

Art. 37 - A alienação de bem móvel é feita mediante procedimento licitatório edepende de avaliação prévia.

§ 1º - Para os fins do artigo, o órgão competente expedirá laudo técnico quecomprove a obsolescência ou exaustão, em razão de uso, do bem.

§ 2º - É dispensável o procedimento licitatório nas hipóteses de:

I - doação, admitida exclusivamente para fins de interesse social;

II - permuta;

III - venda de ações em bolsa.

3 - Art. 32 com a redação determinada pela Emenda à Lei Orgânica nº 11, de 2/1/96

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§ 3º - O disposto no inciso III do parágrafo anterior depende de prévia autorizaçãolegislativa.

§ 4º - Nos casos em que for dispensada a autorização legislativa, o Executivoencaminhará à Câmara relatório explicando a alienação feita, particularmente sobre opreço, se for o caso, e os critérios de escolha do adquirente.4

Art. 38 - O uso especial de bem patrimonial do Município por terceiro será objeto,na forma da lei, de:

I - concessão, mediante contrato de direito público, remunerada ou gratuita, ou atítulo de direito real resolúvel;

II - permissão;

III - cessão;

IV - autorização.

§ 1º - O uso especial de bem patrimonial por terceiro será sempre a títuloprecário, condicionado ao atendimento de condições previamente estabelecidas esubmetido à aprovação de comissão a ser criada pelo Executivo.5

§ 2º - O uso especial de bem patrimonial será remunerado e dependerá delicitação quando destinado a finalidade econômica.6

§ 3º - O uso especial de bem patrimonial poderá ser gratuito quando se destinar aoutras entidades de direito público, entidades assistenciais, religiosas, educacionais,esportivas, desde que verificado relevante interesse público.7

Art. 39 - Os bens do patrimônio municipal devem ser cadastrados, zelados etecnicamente identificados, especialmente as edificações de interesse administrativo, asterras públicas e a documentação dos serviços públicos.

§ 1º - O cadastramento e a identificação técnica dos imóveis do Município, de quetrata o artigo, devem ser anualmente atualizados, garantido o acesso às informações nelescontidas.

§ 2º- Os imóveis não-edificados deverão ser murados ou cercados e identificadoscom placas indicativas da propriedade municipal.

4 - § 4º do art. 37 acrescentado por determinação da Emenda à Lei Orgânica nº 11, de 2/1/96

5 - § 1º acrescentado e renumerado por determinação da Emenda à Lei Orgânica nº 4, de 21/12/93

6 - § 2º acrescentado e renumerado por determinação da Emenda à Lei Orgânica nº 4, de 21/12/93

7 - § 3º acrescentado e renumerado por determinação da Emenda à Lei Orgânica nº 4, de 21/12/93

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Art. 40 - É vedado ao Poder Público edificar, descaracterizar ou abrir viaspúblicas em praças, parques, reservas ecológicas e espaços tombados do Município,ressalvadas as construções estritamente necessárias à preservação e ao aperfeiçoamentodas mencionadas áreas.

Art. 41 - O disposto nos arts. 32 a 40 se aplica às autarquias e às fundaçõespúblicas.

Art. 42 - O Prefeito, o Vice-Prefeito, os Vereadores, os ocupantes de cargo emcomissão ou função de confiança, as pessoas ligadas a qualquer deles por matrimônio ouparentesco, afim ou consangüíneo, até o segundo grau, ou por adoção, e os servidores eempregados públicos municipais não poderão firmar contrato com o Município, subsistindoa proibição até seis meses após findas as respectivas funções.

Art. 43 - É vedada a contratação de empresas, inclusive as locadoras de mão-de-obra, para a execução de tarefas próprias e permanentes de órgãos e entidades daadministração pública, salvo as situações de emergência, bem como as atividades sazonaisou para as quais a manutenção de pessoal técnico e operacional e de equipamentos einstalações seja inconveniente ao interesse público, nos termos da lei.

CAPÍTULO VDOS SERVIDORES PÚBLICOS

Art. 44 - A atividade administrativa permanente é exercida:

I - em qualquer dos Poderes do Município, nas autarquias e nas fundaçõespúblicas, por servidor público, ocupante de cargo público, em caráter efetivo ou emcomissão, ou de função pública;

II - nas sociedades de economia mista, nas empresas públicas e nas demaisentidades de direito privado sob o controle direto ou indireto do Município, por empregadopúblico, ocupante de emprego público ou função de confiança.

Art. 45 - Os cargos, empregos e funções são acessíveis aos brasileiros quepreencham os requisitos estabelecidos em lei.

§ 1º - A investidura em cargo ou emprego público depende de aprovação préviaem concurso público de provas, ou de provas e títulos, ressalvadas as nomeações paracargo em comissão declarado em lei de livre nomeação e exoneração.

§ 2º - O prazo de validade do concurso público é de até dois anos, prorrogável,uma vez, por igual período.

§ 3º - Durante o prazo improrrogável previsto no edital de convocação, oaprovado em concurso público será convocado, observada a ordem de classificação, comprioridade sobre novos concursados, para assumir o cargo ou emprego na carreira.

§ 4º - A inobservância do disposto nos parágrafos anteriores implica nulidade doato e punição da autoridade responsável, nos termos da lei.

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§ 5º - Ao servidor público municipal é garantido, nos concursos públicos, cincopor cento da pontuação total dos títulos, por ano de serviço prestado, mediantesubordinação, à administração pública do Município, até o máximo de trinta por cento.

Art. 46 - A lei estabelecerá os casos de contratação por tempo determinado, paraatender a necessidade temporária de excepcional interesse público.

§ 1º - O disposto no artigo não se aplica a funções de magistério.

§ 2º - É vedado o desvio de função de pessoa contratada na forma autorizada noartigo, bem como sua recontratação, sob pena de nulidade do contrato e responsabilizaçãoadministrativa e civil da autoridade contratante.

Art. 47 - Serão exercidos por servidores ou empregados públicos municipais oscargos em comissão e as funções de confiança da administração direta, inferiores, noPoder Executivo, ao terceiro nível hierárquico da estrutura organizacional e, no PoderLegislativo, ao primeiro nível.

Parágrafo único - Excetuam-se do disposto no artigo os cargos e funções deassessoria, apoio e execução estabelecidos em lei.

Art. 48 - Na administração indireta, os cargos ou empregos de provimento emcomissão e as funções de confiança, inferiores ao primeiro nível hierárquico da estruturaorganizacional, e metade dos cargos e funções da administração superior serão exercidospor servidores ou empregados de carreira da respectiva entidade.

Art. 49 - A revisão geral da remuneração do servidor público, sob um índiceúnico, far-se-á sempre no mês que a lei fixar, sendo, ainda, assegurada a preservaçãomensal de seu poder aquisitivo, desde que respeitados os limites a que se refere aConstituição da República.

§ 1º - A lei fixará o limite máximo e a relação entre a maior e a menorremuneração dos servidores públicos, a qual não poderá exceder a percebida, em espécie,a qualquer título, pelo Prefeito.

§ 2º - Os vencimentos dos cargos do Poder Legislativo não podem ser superioresaos percebidos no Poder Executivo.

§ 3º - É vedada a vinculação ou equiparação de vencimentos para efeito deremuneração de pessoal do serviço público, ressalvado o disposto nesta Lei Orgânica.

§ 4º - Os acréscimos pecuniários percebidos por servidor público não serãocomputados nem acumulados, para o fim de concessão de acréscimo ulterior, sob o mesmotítulo ou idêntico fundamento.

§ 5º - Os vencimentos do servidor público são irredutíveis, e a remuneraçãoobservará o disposto nos §§ 1º e 2º deste artigo e os preceitos estabelecidos nos arts. 150,II, 153, III, e 153, § 2º, I, da Constituição da República.

§ 6º - Serão corrigidos mensalmente, de acordo com os índices oficiais aplicáveis,os vencimentos, vantagens ou qualquer parcela remuneratória pagos com atraso aoservidor público.

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§ 7º- É assegurado aos servidores públicos e às suas entidades representativas odireito de reunião nos locais de trabalho, após prévia comunicação à chefia imediata, edesde que o atendimento externo ao público, se houver, não sofra interrupção.

Art. 50 - É vedada a acumulação remunerada de cargos públicos, permitida, noentanto, se houver compatibilidade de horários:

I - a de dois cargos de professor;

II - a de um cargo de professor com outro técnico ou científico;

III - a de dois cargos privativos de médico.

Parágrafo único - A proibição de acumular se estende a empregos e funções eabrange autarquias, empresas públicas, sociedades de economia mista e fundaçõespúblicas.

Art. 51 - Ao servidor público municipal em exercício de mandato eletivo seaplicam as seguintes disposições:

I - tratando-se de mandato eletivo federal ou estadual, ficará afastado do cargo,emprego ou função;

II - investido no mandato de Prefeito ou de Vereador, será afastado do cargo,emprego ou função, sendo-lhe facultado optar por sua remuneração;

III - em qualquer caso que exija o afastamento para o exercício de mandatoeletivo, seu tempo de serviço será contado para todos os efeitos legais, exceto para apromoção por merecimento;

IV - para o efeito de benefício previdenciário, no caso de afastamento, os valoresserão determinados como se no exercício estivesse.

Art. 52 - A lei reservará percentual dos cargos e empregos públicos parapessoas portadoras de deficiência e para ex-presidiários recém-colocados em liberdade edefinirá os critérios de sua admissão.8

Art. 53 - Os atos de improbidade administrativa importam suspensão dos direitospolíticos, perda de função pública, indisponibilidade dos bens e ressarcimento ao erário, naforma e na gradação estabelecidas em lei, sem prejuízo da ação penal cabível.

Art. 54 - É vedado ao servidor público desempenhar atividades que não sejampróprias ao cargo de que for titular, exceto quando ocupar cargo em comissão oudesempenhar função de confiança.

Art. 55 - Os servidores dos órgãos da administração direta, das autarquias e dasfundações públicas sujeitar-se-ão a regime jurídico único e a planos de carreira a sereminstituídos pelo Município.

§ 1º - A política de pessoal obedecerá às seguintes diretrizes:

8 - Art. 52 nova redação dada pela Emenda à Lei Orgânica nº 14, de 16/06/99

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I - valorização e dignificação da função pública e do servidor público;

II - profissionalização e aperfeiçoamento do servidor público;

III- constituição de quadro dirigente, mediante formação e aperfeiçoamento deadministradores públicos;

IV - sistema de mérito objetivamente apurado para ingresso no serviço edesenvolvimento na carreira;

V - remuneração compatível com a complexidade e a responsabilidade dastarefas e com a escolaridade exigida para o seu desempenho.

§ 2º - Ao servidor público que, por acidente ou doença, se tornar inapto paraexercer as atribuições específicas de seu cargo, serão assegurados os direitos e vantagensa ele inerentes, até seu definitivo aproveitamento em outro cargo, de atribuições afins,respeitada a habilitação exigida, ou até a aposentadoria.

§ 3º - Para provimento de cargo de natureza técnica, exigir-se-á a respectivahabilitação profissional.

Art. 56 - O Município assegurará ao servidor os direitos previstos no art. 7º,incisos IV, VI, VII, VIII, IX, XII, XV, XVI, XVII, XIX, XX, XXII, XXIII e XXX da Constituição daRepública e os que, nos termos da lei, visem à melhoria de sua condição social e àprodutividade no serviço público, especialmente:

I - duração do trabalho normal não-superior a oito horas diárias e quarentasemanais, facultada a compensação de horários e a redução da jornada nos termos em quedispuser a lei;

II - adicionais por tempo de serviço;

III - férias-prêmio, com duração de seis meses, adquiridas a cada período de dezanos de efetivo exercício na administração pública, admitida a sua conversão em espécie, atítulo de indenização, por opção do servidor, ou, para efeito de aposentadoria, a contagemem dobro das não-gozadas;9

IV- assistência e previdência sociais, extensivas ao cônjuge ou companheiro eaos dependentes;

V - atendimento gratuito, em creche e pré-escola, aos filhos e dependentes,desde o nascimento até seis anos de idade;

VI - licença a gestante, com duração de cento e vinte dias e, nos termos da lei, aadotante, sem prejuízo da remuneração;

VII - auxílio-transporte;

VIII - progressão horizontal e vertical.

9 - Inciso III do art.56, com a redação determinada pela Emenda à Lei Orgânica nº 10, de 27/12/95

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§ 1º - Cada período de cinco anos de efetivo exercício dá ao servidor o direito aoadicional de dez por cento sobre seu vencimento e gratificações, o qual se incorpora aovalor do provento de aposentadoria.10

§ 2º - Para os fins do inciso II, é assegurado o cômputo integral do tempo deserviço público.

§ 3º - Haverá, na administração pública, serviços especializados em segurança emedicina do trabalho e comissões internas de prevenção de acidentes, com atribuiçõesdefinidas em lei.

§ 4º - O servidor público, incluído o das autarquias e fundações, detentor de títulodeclaratório que lhe assegure direito à continuidade de percepção da remuneração decargo de provimento em comissão, tem direito aos vencimentos, às gratificações e a todasas demais vantagens inerentes ao cargo em relação ao qual tenha ocorrido oapostilamento, ainda que decorrentes de transformação ou reclassificação posteriores.

Art. 57 - A lei assegurará ao servidor público da administração direta isonomia devencimentos para cargos de atribuições iguais ou assemelhados do mesmo Poder, ou entreservidores dos poderes Executivo e Legislativo, ressalvadas as vantagens de caráterindividual e as relativas à natureza ou ao local de trabalho.

Art. 58 - É livre a associação profissional ou sindical dos servidores públicos, nostermos da Constituição da República.

Parágrafo único - É garantida a liberação de servidor ou empregado públicopara o exercício de mandato eletivo em diretoria executiva de entidade sindical, semprejuízo da remuneração e dos demais direitos e vantagens de seu cargo ou emprego,exceto promoção por merecimento.

Art. 59 - É garantido ao servidor público o direito de greve, a ser exercido nostermos e limites definidos em lei complementar federal.

Art. 60 - É estável, após dois anos de efetivo exercício, o servidor públiconomeado em virtude de concurso público.

§ 1º - O servidor público estável só perderá o cargo em virtude de sentençajudicial transitada em julgado ou processo administrativo em que lhe seja assegurada ampladefesa.

§ 2º - Invalidada por sentença judicial a demissão do servidor público estável,será ele reintegrado no cargo anteriormente ocupado, com ressarcimento de todas asvantagens, sendo o eventual ocupante da vaga reconduzido ao cargo de origem, semdireito a indenização, aproveitado em outro cargo ou posto em disponibilidade.

10 - § 1º do art. 56 declarado inconstitucional pelo Tribunal de Justiça (ADIN 360, “Minas Gerais” de23/4/94)

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§ 3º - Extinto o cargo ou declarada a sua desnecessidade, o servidor públicoestável ficará em disponibilidade remunerada, até seu adequado aproveitamento em outrocargo de atribuições e vencimentos compatíveis com o anteriormente ocupado, respeitada ahabilitação exigida.

Art. 61 - A administração fazendária e seus servidores fiscais terão, dentro desuas áreas de competência e jurisdição, precedência sobre os demais setoresadministrativos municipais, na forma da lei.

Art. 62 - O Município manterá plano de previdência e assistência sociais para oagente político e o servidor público submetido a regime próprio e para a sua família.

§ 1º - O plano de previdência e assistência sociais visa a dar cobertura aos riscosa que estão sujeitos os beneficiários mencionados no artigo e atenderá, nos termos da lei,a:

I - cobertura dos eventos de doença, invalidez, velhice, acidente em serviço,falecimento e reclusão;

II - proteção à maternidade, à adoção e à paternidade;

III - assistência à saúde;

IV - ajuda à manutenção dos dependentes dos beneficiários.

§ 2º - O plano será custeado com o produto da arrecadação de contribuiçõessociais obrigatórias do servidor público e do agente político, do Poder, do órgão ou daentidade a que se encontra vinculado, e de outras fontes de receita definidas em lei.

§ 3º - A contribuição mensal do servidor público e do agente político serádiferenciada em razão da remuneração, na forma da lei, e não será superior a um terço dovalor atuariamente exigível.

§ 4º - Os benefícios do plano serão concedidos nos termos e nas condiçõesestabelecidos em lei e compreendem:

I - quanto ao servidor público e agente político:

a) aposentadoria;b) auxílio-natalidade;c) salário-família diferenciado;d) licença para tratamento de saúde;e) licença-maternidade, licença-paternidade e licença-adoção;f) licença por acidente em serviço;

II - quanto ao dependente:

a) pensão por morte;b) auxílio-reclusão;c) auxílio-funeral;d) pecúlio.

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§ 5º - Nos casos previstos nas alíneas "d", "e" e "f" do inciso I do parágrafoanterior, o servidor perceberá remuneração integral, como se em exercício estivesse.

§ 6º - Incumbe ao Tesouro Municipal o custeio e pagamento dos benefíciosreferidos nas alíneas "a", "d", "e" e "f" do inciso I do § 4º.

§ 7º - O Poder, o órgão ou a entidade a que se vincule o servidor público ou oagente político terá, após os descontos, o prazo de dez dias para recolher as respectivascontribuições sociais, sob pena de responsabilização do seu preposto e pagamento dosacréscimos definidos em lei.

Art. 63 - O servidor público será aposentado:

I - por invalidez permanente, com proventos integrais, quando decorrente deacidente em serviço, moléstia profissional ou doença grave, contagiosa ou incurável,especificadas em lei, e proporcionais nos demais casos;

II- compulsoriamente, aos setenta anos de idade, com proventos proporcionais aotempo de serviço;

III - voluntariamente:

a) aos trinta e cinco anos de serviço, se homem, e aos trinta, se mulher, comproventos integrais;

b) aos trinta anos de efetivo exercício em funções de magistério, se professor, eaos vinte e cinco, se professora, com proventos integrais;

c) aos trinta anos de efetivo exercício, se homem, e aos vinte e cinco, se mulher,com proventos proporcionais a esse tempo;

d) aos sessenta e cinco anos de idade, se homem, e aos sessenta, se mulher,com proventos proporcionais ao tempo de serviço.

§ 1º - As exceções ao disposto no inciso III, alíneas "a" e "c", no caso de exercíciode atividades consideradas penosas, insalubres ou perigosas, serão as estabelecidas emlegislação federal.11

§ 2º - A lei disporá sobre a aposentadoria em cargo, função ou empregotemporários.

§ 3º - O tempo de serviço público será computado integralmente para os efeitosde aposentadoria e disponibilidade.

§ 4º - Os proventos da aposentadoria e as pensões por morte, nunca inferiores aosalário mínimo, serão revistos, na mesma proporção e na mesma data, sempre que semodificar a remuneração do servidor em atividade.

11 § 1º do art. 63 com a redação determinada pela Emenda à Lei Orgânica nº 1, de 30/6/92

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§ 5º- Serão estendidos ao inativo os benefícios ou vantagens posteriormenteconcedidos ao servidor em atividade, mesmo quando decorrentes de transformação oureclassificação do cargo ou da função em que se tiver dado a aposentadoria.

§ 6º - O benefício da pensão por morte corresponderá à totalidade dosvencimentos ou proventos do servidor falecido, até o limite estabelecido em lei, observado odisposto nos §§ 4º e 5º.

§ 7º - A pensão de que trata o parágrafo anterior será devida ao cônjuge oucompanheiro e aos demais dependentes, na forma da lei.

§ 8º - É assegurado ao servidor afastar-se da atividade a partir da data dorequerimento de aposentadoria, e sua não-concessão importará a reposição do período deafastamento.

§ 9º - Para efeito de aposentadoria, é assegurada a contagem recíproca dotempo de contribuição na administração pública e na atividade privada, rural e urbana,hipótese em que os diversos sistemas de previdência social se compensarãofinanceiramente, segundo critérios estabelecidos em lei federal.

§ 10 - Nenhum benefício ou serviço de previdência social poderá ser criado,majorado ou estendido sem a correspondente fonte de custeio total.

Art. 64 - O servidor público que retornar à atividade após a cessação dos motivosque causaram sua aposentadoria por invalidez terá direito, para todos os fins, salvo para ode promoção, à contagem do tempo relativo ao período de afastamento.

Art. 65- Incumbe a entidade da administração indireta gerir, com exclusividade, osistema de previdência e assistência sociais dos servidores públicos e agentes políticos.

§ 1º - Os cargos de direção da entidade serão ocupados por servidoresmunicipais de carreira dela contribuintes, ativos e aposentados, observada a habilitaçãoprofissional exigida quando se tratar de diretoria técnica.

§ 2º - Um terço dos cargos de direção da entidade será provido por servidorefetivo, eleito pelos filiados ativos e aposentados, para mandato de dois anos, vedada arecondução consecutiva.

§ 3º - Homologado o resultado da eleição, o Prefeito, nos vinte diassubseqüentes, nomeará o eleito e lhe dará posse.

§ 4º - Caso o Prefeito não o nomeie ou emposse, no prazo do parágrafo anterior,ficará o eleito investido no respectivo cargo.

CAPÍTULO VIDOS SERVIÇOS E OBRAS PÚBLICOS

Art. 66 - No exercício de sua competência para organizar e regulamentar osserviços públicos, o Município observará os requisitos de eficiência do serviço e conforto ebem-estar dos usuários.

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Parágrafo único - O Poder Público dará prioridade às obras em andamento, nãopodendo iniciar novos projetos com objetivos idênticos sem que seja concluído o projeto emexecução.

Art. 67 - A lei disporá sobre a organização, o funcionamento, a fiscalização e asegurança dos serviços públicos de interesse local, prestados mediante delegação,incumbindo aos que os executarem sua permanente atualização e adequação àsnecessidades dos usuários.

§ 1º - O Município poderá retomar os serviços delegados, desde que:

I - sejam executados em desconformidade com o ato ou contrato, ou se reveleminsuficientes para o atendimento dos usuários;

II-haja ocorrência de paralisação unilateral dos serviços por parte dosdelegatários;

III - seja estabelecida a prestação direta do serviço pelo Município.

§ 2º - A retomada será feita sem indenização nos casos previstos nos incisos I eII do parágrafo anterior, bem como, salvo disposição em contrário do contrato, ao términodeste.

§ 3º - A permissão de serviço público, sempre a título precário, dar-se-á pordecreto, após edital de chamamento de interessados para a escolha do melhor pretendente,procedendo-se à licitação com estrita observância das normas gerais da União e dalegislação municipal pertinente.

§ 4º - A concessão só será feita com autorização legislativa e mediante contrato,observada a legislação referente à licitação e contratação.

§ 5º- Os delegatários de serviços públicos sujeitar-se-ão à regulamentaçãoespecífica e ao controle tarifário do Município.

§ 6º - Em todo ato ou contrato de delegação de serviço público, o Município sereservará o direito de averiguar a regularidade do cumprimento da legislação trabalhistapelo delegatário.

Art. 68 - A lei disporá sobre:

I - o regime dos delegatários de serviços públicos, o caráter especial do contratoe de sua prorrogação, bem como as condições de caducidade, fiscalização e extinção dosserviços delegados;

II - os direitos dos usuários;

III - a política tarifária;

IV - a obrigação de manter serviço adequado;

V - as reclamações relativas a prestação de serviços públicos;

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VI - O tratamento especial em favor do usuário de baixa renda.

Parágrafo único - Na fixação das tarifas dos serviços públicos, ter-se-á em vistaa justa remuneração.

Art. 69 - A competência do Município para realização de obras abrange:

I - a construção de edifícios públicos;

II - a construção de obras e instalações para implantação e prestação de serviçosnecessários ou úteis às comunidades;

III - a execução de quaisquer outras obras destinadas a assegurar afuncionalidade e o bom aspecto da cidade.

§ 1º - A obra pública poderá ser executada diretamente por órgão ou entidade daadministração pública e, indiretamente, por terceiros, mediante licitação.

§ 2º - A construção de edifícios e obras públicas obedecerá aos princípios deeconomicidade, simplicidade, adequação ao espaço circunvizinho e ao meio ambiente, e sesujeitará às exigências e limitações constantes do código de obras.

§ 3º - A Câmara manifestar-se-á sobre a execução de obra pública pela União oupelo Estado, no território do Município, observada a legislação específica.

TÍTULO IVDA ORGANIZAÇÃO DOS PODERES

CAPÍTULO IDO PODER LEGISLATIVO

Seção IDisposições Gerais

Art. 70 - O Poder Legislativo é exercido pela Câmara Municipal, composta derepresentantes do povo eleitos em pleito direto, pelo sistema proporcional, para mandato dequatro anos.

Parágrafo único - O número de vereadores aumentará em proporção aocrescimento da população municipal, acrescentando-se um vereador para cada quinhentosmil habitantes até o limite estabelecido na Constituição da República.

Seção IIDa Câmara Municipal

Art. 71 - A Câmara reunir-se-á, em sessão ordinária, independentemente deconvocação, nos meses de fevereiro a dezembro de cada ano, na forma como dispuser oRegimento Interno.12

12 - Art. 71 com a redação determinada pela Emenda à Lei Orgânica nº 6, de 14/12/94

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Art. 72 - No primeiro ano de cada legislatura, cuja duração coincide com omandato dos Vereadores, a Câmara reunir-se-á no dia primeiro de janeiro para dar posseaos Vereadores, ao Prefeito e ao Vice-Prefeito e eleger a sua Mesa Diretora para mandatode dois anos, vedada a recondução para o mesmo cargo na eleição subseqüente.

Parágrafo único - A eleição da Mesa se dará por chapa, completa ou não,inscrita até a hora de eleição por qualquer Vereador.

Art. 73 - A convocação de sessão extraordinária da Câmara Municipal far-se-á:

I - pelo Presidente da Câmara, em caso de intervenção no Município e paracompromisso e posse do Prefeito e Vice-Prefeito;

II - pelo Prefeito, pelo Presidente da Câmara ou a requerimento de um terço dosmembros da Câmara, em caso de urgência ou interesse público relevante.13

Parágrafo único - Na sessão extraordinária, a Câmara somente delibera sobre amatéria objeto da convocação.

Art. 74 - A Câmara e suas comissões funcionam com a presença, no mínimo, damaioria de seus membros, e as deliberações são tomadas por maioria de votos dospresentes, salvo os casos previstos nesta Lei Orgânica.

§ 1º - Quando se tratar de matéria relativa a empréstimos, concessões deisenções, incentivos, benefícios fiscais e gratuidades nos serviços públicos de competênciado Município, além de outras referidas nesta Lei, as deliberações da Câmara são tomadaspor dois terços de seus membros.14

§ 2º - Quando estiverem sendo apreciadas proposições, o Presidente somentevotará em caso de escrutínio secreto ou se ocorrer empate nas demais modalidades devotação.15

Art. 75 - As reuniões da Câmara são públicas, e somente nos casos previstosnesta Lei o voto é secreto.

Parágrafo único - É assegurado o uso da palavra por representantes popularesna tribuna da Câmara durante as reuniões, na forma e nos casos definidos pelo RegimentoInterno.

Art. 76 - A Câmara ou qualquer de suas comissões, a requerimento da maioriade seus membros, pode convocar, com antecedência mínima de dez dias, SecretárioMunicipal ou dirigente de entidade da administração indireta, para prestar, pessoalmente,informações sobre assunto previamente determinado e constante da convocação, sob penade responsabilização.

13 - Caput do art. 73 com a redação determinada pela Emenda à Lei Orgânica nº 8, de 8/3/95

14 - § 1º do art. 74 com a redação determinada pela Emenda à Lei Orgânica nº 7, de 26/1/95

15 - § 2º do art. 74 com a redação determinada pela Emenda à Lei Orgânica nº 8, de 8/3/95

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§ 1º - O convocado, três dias úteis antes de seu comparecimento, enviará àCâmara exposição referente às informações solicitadas.

§ 2º - Em situações de urgência e interesse público relevante, o prazo deconvocação mencionado no artigo poderá ser reduzido a até quarenta e oito horas,mediante requerimento aprovado por três quintos dos membros da Câmara, hipótese emque não se aplicará o disposto no parágrafo anterior.

§ 3º - O Secretário pode comparecer à Câmara ou a qualquer de suas comissões,por sua iniciativa e após entendimento com a Mesa, para expor assunto de relevância desua Secretaria.

§ 4º - A Mesa da Câmara pode, de ofício ou a requerimento do Plenário,encaminhar, por escrito, pedido de informação a secretário, a dirigente de entidade daadministração indireta e a outras autoridades municipais, e a recusa, ou o não-atendimentono prazo de trinta dias, ou a prestação de informação falsa constituem infraçãoadministrativa, sujeita a responsabilização.

Seção IIIDos Vereadores

Art. 77- O Vereador é inviolável por suas opiniões, palavras e votos proferidos noexercício do mandato e na circunscrição do Município.

Art. 78 - É defeso ao Vereador:

I - desde a expedição do diploma:

a) firmar ou manter contrato com pessoa jurídica de direito público, autarquia,fundação pública, empresa pública, sociedade de economia mista ou empresa delegatáriade serviço público municipal, salvo quando o contrato obedecer a cláusulas uniformes;

b) aceitar ou exercer cargo, função ou emprego remunerados, inclusive os de queseja demissível ad nutum, nas entidades indicadas na alínea anterior;

II - desde a posse:

a) ser proprietário, controlador ou diretor de empresa que goze de favordecorrente de contrato com pessoa jurídica de direito público, ou nela exercer funçãoremunerada;

b) ocupar cargo, função ou emprego de que seja demissível ad nutum nasentidades indicadas no inciso I, alínea "a";

c) patrocinar causa em que seja interessada qualquer das entidades a que serefere o inciso I, alínea "a";

d) ser titular de mais de um cargo ou mandato público eletivo.

Art. 79 - Perderá o mandato o Vereador:

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I - que infringir proibição estabelecida no artigo anterior;

II - que se utilizar do mandato para a prática de atos de corrupção ou deimprobidade administrativa;

III - que proceder de modo incompatível com a dignidade da Câmara ou faltarcom o decoro na sua conduta pública;

IV - que perder ou tiver suspensos seus direitos políticos;

V - quando o decretar a Justiça Eleitoral;

VI - que sofrer condenação criminal em sentença transitada em julgado;

VII - que deixar de comparecer, em cada sessão legislativa, à terça parte dasreuniões ordinárias da Câmara, salvo licença ou missão por esta autorizada;

VIII - que fixar residência fora do Município.

§ 1º - É incompatível com o decoro parlamentar, além dos casos definidos noRegimento Interno, o abuso de prerrogativa assegurada ao Vereador.

§ 2º - Nos casos dos incisos I, II, III e VIII, a perda de mandato será decidida pelaCâmara por voto secreto e maioria de seus membros, mediante provocação da Mesa ou departido político devidamente registrado.

§ 3º - Nos casos dos incisos IV, V e VII, a perda será declarada pela Mesa daCâmara, de ofício ou por provocação de qualquer de seus membros ou de partido políticodevidamente registrado.

§ 4º - No caso do inciso VI, a perda será decidida, se culposo o crime, na formado § 2º, e declarada, se doloso o crime, nos termos do § 3º.

§ 5º- O Regimento Interno disporá sobre o processo de julgamento, observado odisposto no art. 4º, § 3º, e, no que couber, no art. 110 e parágrafos.

Art. 80 - Não perderá o mandato o Vereador:16

I - investido em cargo de Ministro da República, Secretário de Estado, Secretáriodo Município, Administrador Regional, chefe de missão diplomática temporária ou dirigentemáximo de entidade da administração indireta na esfera federal, estadual ou municipal;

II - investido em outro cargo do setor público, na esfera federal ou estadual,considerado de importância para o Município, desde que, neste caso, tenha sido autorizadopor três quintos dos membros da Câmara;

III - licenciado por motivo de doença ou para necessários cuidados físicos, aíincluídos os de maternidade, sendo indispensável, em todos os casos, a respectivacomprovação médica por profissional da Câmara, sob pena de responsabilização;

16 - Caput do art. 80 com a redação determinada pela Emenda à Lei Orgânica nº 9, de 24/4/95

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IV - licenciado para tratar, sem remuneração, de interesse particular, desde que,neste caso, o afastamento não ultrapasse sessenta dias por sessão legislativa.

§ 1º - O suplente será convocado nos casos de vaga, de investidura em cargomencionado no artigo ou de licença superior a sessenta dias.

§ 2º - Se ocorrer vaga e não houver suplente, far-se-á eleição para preenchê-la,se faltarem mais de quinze meses para o término do mandato.

§ 3º - Na hipótese do inciso I, o Vereador pode optar pela remuneração domandato.

Art. 81 - A remuneração de vereador será fixada pela Câmara, em cadalegislatura, para ter vigência na subseqüente, por voto da maioria de seus membros,observados os limites constitucionais, vedado o pagamento de jetons por comparecimento asessão extraordinária.17

Parágrafo único - Na hipótese de a Câmara deixar de exercer a competência deque trata o artigo, ficarão mantidos, na legislatura subseqüente, os valores de remuneraçãovigentes em dezembro do último exercício da legislatura anterior, admitida apenas aatualização dos mesmos.

Seção IVDas Comissões

Art. 82 - A Câmara terá comissões permanentes e temporárias, constituídas naforma do Regimento Interno e com as atribuições nele previstas, ou conforme os termos doato de sua criação.

§ 1º - Na constituição da Mesa e na de cada comissão é assegurada, tantoquanto possível, a participação proporcional dos partidos políticos ou dos blocosparlamentares representados na Câmara.

§ 2º - Às comissões, em razão da matéria de sua competência cabe:

I - discutir e votar projeto de lei que dispensar, na forma do Regimento Interno, acompetência do Plenário, salvo se houver recurso de um décimo dos membros da Câmara;

II - realizar audiência pública com entidade da sociedade civil;

III- realizar audiência pública em regiões do Município, para subsidiar o processolegislativo;

IV - convocar, além das autoridades a que se refere o art. 76, § 4º, servidormunicipal para prestar informação sobre assunto inerente às suas atribuições, constituindoinfração administrativa a recusa ou não-atendimento no prazo de trinta dias;

V - receber petição, reclamação, representação ou queixa de qualquer pessoacontra ato ou omissão de autoridade ou entidade públicas;

17 - Caput com a redação determinada pela Emenda à Lei Orgânica nº 8, de 8/3/95

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VI - solicitar depoimento de qualquer autoridade ou cidadão;

VII - apreciar plano de desenvolvimento e programa de obras do Município;

VIII - acompanhar a implantação dos planos e programas de que trata o incisoanterior e exercer fiscalização dos recursos municipais neles investidos.

§ 3º - As comissões parlamentares de inquérito, observada a legislaçãoespecífica, no que couber, terão poderes de investigação próprios das autoridades judiciais,além de outros previstos no Regimento Interno, e serão criadas a requerimento de um terçodos membros da Câmara, para apuração de fato determinado e por prazo certo, e suasconclusões, se for o caso, serão encaminhadas ao Ministério Público, ao Defensor do Povoou a outra autoridade competente, para que se promova a responsabilização civil, criminalou administrativa do infrator.

Seção VDas Atribuições da Câmara Municipal

Art. 83 - Cabe à Câmara Municipal, com a sanção do Prefeito, não exigida para oestabelecido no art. 84, dispor sobre todas as matérias de competência do Município,especificamente:

I - plano diretor;

II - plano plurianual;

III - diretrizes orçamentárias;

IV - orçamento anual;

V - sistema tributário municipal, arrecadação e distribuição de rendas;

VI - dívida pública, abertura e operação de crédito;

VII - delegação de serviços públicos;

VIII - criação, transformação e extinção de cargo, emprego e função públicos naadministração direta, autárquica e fundacional, e fixação de remuneração, observados osparâmetros estabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias;

IX - fixação do quadro de empregos das empresas públicas, sociedades deeconomia mista e demais entidades sob controle direto ou indireto do Município;

X - servidor público da administração direta, autárquica e fundacional, seu regimejurídico único, provimento de cargos, estabilidade e aposentadoria;

XI - criação, organização e definição de atribuições de órgãos e entidades daadministração pública;

XII - divisão regional da administração pública;

XIII - divisão territorial do Município;

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XIV - bens do domínio público;

XV - isenção, remissão e anistia;

XVI - transferência temporária da sede do Governo Municipal;

XVII - matéria decorrente da competência comum de que trata o art. 13.

Art. 84 - Compete privativamente à Câmara Municipal:

I - eleger a Mesa e constituir as comissões;

II - elaborar o Regimento Interno;

III - dispor sobre sua organização, seu funcionamento e sua polícia;

IV - dispor sobre criação, transformação ou extinção de cargo, emprego e funçãode seus serviços e fixação da respectiva remuneração, observados os parâmetrosestabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias;

V - aprovar crédito suplementar ao orçamento de sua Secretaria, nos termosdesta Lei Orgânica;

VI - fixar a remuneração do vereador, do Prefeito, do Vice-Prefeito e doSecretário Municipal;

VII - dar posse ao Prefeito e Vice-Prefeito;

VIII - conhecer da renúncia do Prefeito e do Vice-Prefeito;

IX- conceder licença ao Prefeito para interromper o exercício de suas funções;

X - autorizar o Prefeito a ausentar-se do Município e o Vice-Prefeito, do Estado,por mais de dez dias, e ambos, do País, por qualquer tempo;

XI - processar e julgar o Prefeito, o Vice-Prefeito e o Secretário Municipal, bemcomo ocupante de cargo de mesma hierarquia deste, nas infrações político-administrativas;

XII - destituir do cargo o Prefeito, após condenação por crime comum ou deresponsabilidade ou por infração político-administrativa, e o Vice-Prefeito, o SecretárioMunicipal e ocupante de cargo de mesma hierarquia deste, após condenação por crimecomum ou por infração político-administrativa;

XIII - proceder à tomada de contas do Prefeito não apresentadas dentro desessenta dias da abertura da sessão legislativa;

XIV - julgar, anualmente, as contas prestadas pelo Prefeito, e apreciar osrelatórios sobre a execução dos planos de governo;

XV - eleger, pelo voto de dois terços de seus membros, após argüição pública, oDefensor do Povo;

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XVI - autorizar celebração de convênio pelo Governo do Município e ratificar oque, por motivo de interesse público relevante, for efetivado sem essa autorização, desdeque encaminhado à Câmara nos dez dias úteis subseqüentes à sua celebração;18

XVII - autorizar previamente convênio intermunicipal para modificação de limites;

XVIII - solicitar, pela maioria de seus membros, a intervenção do Estado;

XIX - suspender, no todo ou em parte, a execução de ato normativo municipaldeclarado, incidentalmente:

a) inconstitucional, por decisão definitiva do Tribunal de Justiça do Estado,quando a decisão de inconstitucionalidade for limitada ao texto da Constituição do Estado;

b) infringente desta Lei Orgânica, por decisão definitiva do órgão competente doPoder Judiciário;

XX - sustar os atos normativos do Poder Executivo que exorbitem do poderregulamentar;

XXI - fiscalizar e controlar os atos do Poder Executivo, incluídos os daadministração indireta;

XXII - dispor sobre limites e condições para concessão de garantia do Municípioem operações de crédito;

XXIII - autorizar a contratação de empréstimo, operação ou acordo externo, dequalquer natureza, de interesse do Município, regulando as suas condições e respectivaaplicação, observada a legislação federal;

XXIV - zelar pela preservação de sua competência legislativa em face daatribuição normativa do Poder Executivo;

XXV - aprovar, previamente, a alienação ou a concessão de bem imóvel público;

XXVI - autorizar referendo e convocar plebiscito;

XXVII - indicar, observada a lei complementar estadual, os vereadoresrepresentantes do Município na Assembléia Metropolitana;

XXVIII - autorizar a participação do Município em convênio, consórcio ou entidadeintermunicipais destinados à gestão de função pública, ao exercício de atividade ou àexecução de serviços e obras de interesse comum;

XXIX - aprovar os estatutos das instâncias previstas nesta Lei Orgânica;

XXX - mudar, temporária ou definitivamente, a sua sede.

18 Inciso XVI do art. 84 declarado inconstitucional pelo Tribunal de Justiça (ADIN 117, “MinasGerais” de 10/2/94)

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§ 1º - Compete também à Câmara manifestar-se, por maioria de seus membros,a favor de proposta de emenda à Constituição do Estado.

§ 2º - O não-encaminhamento à Câmara de convênio a que se refere o incisoXVI, nos dez dias úteis subseqüentes à sua celebração, implica nulidade dos atos jápraticados em virtude de sua execução, aplicando-se o disposto no art. 91, no que couber.19

§ 3º - A representação judicial da Câmara é exercida por sua Procuradoria-Geral,à qual cabe também a consultoria jurídica do Poder Legislativo.

Seção VIDo Processo Legislativo

Art. 85 - O processo legislativo compreende a elaboração de:

I - Emenda à Lei Orgânica;II - lei;III - resolução;IV - decreto legislativo.20

Parágrafo único - São também objeto de deliberação da Câmara, além de outrasproposições previstas no Regimento Interno:

I - a autorização;II - a indicação;III - o requerimento;IV - a representação.

Art. 86 - A Lei Orgânica pode ser emendada mediante proposta:

I - de, no mínimo, um terço dos membros da Câmara;II - do Prefeito;III - de, no mínimo, cinco por cento do eleitorado do Município.

§ 1º - As regras de iniciativa privativa pertinentes à legislação ordinária não seaplicam à competência para a apresentação da proposta de que trata o artigo.

§ 2º - A Lei Orgânica não poderá ser emendada na vigência de estado de sítio ouestado de defesa, nem quando o Município estiver sob intervenção do Estado.

§ 3º - A proposta será discutida e votada em dois turnos, com o interstício mínimode dez dias, e considerada aprovada se obtiver, em ambos, dois terços dos votos dosmembros da Câmara.

19 § 2º do art. 84 declarado inconstitucional pelo Tribunal de Justiça (ADIN 117, “Minas Gerais” de10/2/94)

20 Inciso IV do art. 85 acrescentado por determinação da Emenda à Lei Orgânica nº 13, de 4/9/98

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§ 4º - Na discussão de proposta popular de emenda é assegurada a sua defesa,em comissão e no Plenário, por um dos signatários.

§ 5º - A Emenda à Lei Orgânica será promulgada pela Mesa da Câmara, com orespectivo número de ordem.

§ 6º - O referendo à emenda será realizado, se requerido antes da data dapromulgação, por dois terços dos membros da Câmara, ou por, no mínimo, cinco por centodo eleitorado do Município.

§ 7º - A matéria constante de proposta de emenda rejeitada ou havida porprejudicada não pode ser representada na mesma sessão legislativa.

Art. 87 - A iniciativa de lei cabe a qualquer membro ou comissão da Câmara, aoPrefeito e aos cidadãos, na forma e nos casos definidos nesta Lei Orgânica.

§ 1º - São matéria de lei, entre outras previstas nesta Lei Orgânica, quedependem de voto favorável:

I - de dois terços dos membros da Câmara;

a) o plano diretor;b) o parcelamento, a ocupação e o uso do solo;c) o código tributário;

II - da maioria dos membros da Câmara:

a) o código de obras;b) o código de posturas;c) o código sanitário;d) o estatuto dos servidores públicos;e) a organização da Defensoria do Povo e da Guarda Municipal;f) a organização administrativa;g) a criação de cargos, funções e empregos públicos.

§ 2º - Será dada ampla divulgação aos projetos de Lei Orgânica, estatuto ecódigo previstos no parágrafo anterior ou em outros dispositivos desta Lei, facultado aqualquer cidadão, no prazo de quinze dias da data de sua publicação, apresentar sugestãosobre qualquer um deles ao Presidente da Câmara, que a encaminhará à comissãorespectiva, para apreciação.

Art. 88 - São matéria de iniciativa privativa, além de outras previstas nesta LeiOrgânica:

I - da Mesa da Câmara:

a) o regulamento geral, que disporá sobre a organização da Secretaria daCâmara, seu funcionamento, sua polícia, criação, transformação ou extinção de cargo,emprego e função, regime jurídico de seus servidores e fixação da respectiva remuneração,observados os parâmetros estabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias e o disposto nosarts. 49, §§ 1º e 2º, e 57;

b) a autorização para o Prefeito ausentar-se do Município;

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c) a mudança temporária da sede da Câmara;

II - do Prefeito:

a) a criação de cargo e função públicos da administração direta, autárquica efundacional e a fixação da respectiva remuneração, observados os parâmetros da lei dediretrizes orçamentárias;

b) o regime jurídico único dos servidores públicos dos órgãos da administraçãodireta, autárquica e fundacional, incluído o provimento de cargo, estabilidade eaposentadoria;

c) o quadro de empregos das empresas públicas, sociedades de economia mistae demais entidades sob controle direto ou indireto do Município;

d) a criação, organização e definição de atribuições de órgãos e entidades daadministração pública, exceto as da Defensoria do Povo;

e) os planos plurianuais;

f) as diretrizes orçamentárias;

g) os orçamentos anuais;

h) a concessão de isenção, benefício ou incentivo fiscal;

i) a divisão regional da administração pública.

Art. 89 - Salvos nas hipóteses previstas no artigo anterior, a iniciativa popular emmatéria de interesse específico do Município, da cidade ou de bairros pode ser exercidapela apresentação à Câmara de projeto de lei subscrito por, no mínimo, cinco por cento doeleitorado do Município, em lista organizada por entidade associativa legalmenteconstituída, que se responsabilizará pela idoneidade das assinaturas.

§ 1º - Na discussão do projeto de iniciativa popular, é assegurada a sua defesa,em comissão e no Plenário, por um dos signatários.

§ 2º - O disposto neste artigo e no § 1º se aplica à iniciativa de emenda a projetode lei em tramitação na Câmara, respeitadas as vedações do art. 90.

Art. 90 - Não será admitido aumento da despesa prevista:

I - nos projetos de iniciativa do Prefeito, ressalvados a comprovação da existênciade receita e o disposto no art. 132, § 4º;

II - nos projetos sobre organização dos serviços administrativos da Câmara.

Art. 91 - O Prefeito pode solicitar urgência para apreciação de projeto de suainiciativa, salvo o de Lei Orgânica, estatutária ou equivalente a código, ou que dependa dequorum especial para aprovação.

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§ 1º - Se a Câmara não se manifestar sobre o projeto em até quarenta e cincodias, será ele incluído na Ordem do Dia, sobrestando-se a deliberação quanto aos demaisassuntos, para que se ultime a votação.

§ 2º - O prazo do parágrafo anterior não corre em período de recesso da Câmara.

Art. 92 - A proposição de lei, resultante de projeto aprovado pela Câmara, seráenviada ao Prefeito, que, no prazo de quinze dias úteis, contados da data de seurecebimento:

I - se aquiescer, a sancionará; ou

II - se a considerar, no todo ou em parte, inconstitucional ou contrária aointeresse público, a vetará, total ou parcialmente.

§ 1º - O silêncio do Prefeito, decorrido o prazo, importa sanção.

§ 2º - A sanção, expressa ou tácita, supre a iniciativa do Poder Executivo noprocesso legislativo.

§ 3º - O Prefeito publicará o veto e, dentro de quarenta e oito horas, comunicaráseus motivos ao Presidente da Câmara.

§ 4º - O veto parcial abrangerá texto integral de artigo, de parágrafo, de inciso oude alínea.

§ 5º - A Câmara, dentro de trinta dias contados do recebimento da comunicaçãodo veto, sobre ele decidirá, em escrutínio secreto, e sua rejeição só ocorrerá pelo voto:

I - de três quintos de seus membros, quando a matéria objeto da proposição delei depender de aprovação por dois terços;

II - da maioria de seus membros, quando a matéria depender de aprovação porquorum idêntico ou inferior.

§ 6º - Se o veto não for mantido, será a proposição de lei enviada ao Prefeito parapromulgação.

§ 7º - Esgotado o prazo estabelecido no § 5º, sem deliberação, o veto seráincluído na Ordem do Dia da reunião imediata, sobrestadas as demais proposições, atévotação final, ressalvada a matéria de que trata o § 1º do art. 91.

§ 8º - Se, nos casos do §§ 1º e 6º, a lei não for promulgada pelo Prefeito dentrode quarenta e oito horas, o Presidente da Câmara a promulgará, e, se este não o fizer emigual prazo, caberá ao Vice-Presidente fazê-lo.

§ 9º - O referendo a proposição de lei será realizado nos termos da legislaçãoespecífica.

Art. 93 - A matéria constante de projeto de lei rejeitado somente poderá constituirobjeto de novo projeto na mesma sessão legislativa mediante proposta da maioria dosmembros da Câmara ou de pelo menos cinco por cento do eleitorado.

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Art. 94 - A requerimento de vereador, aprovado pelo Plenário, os projetos de lei,decorridos sessenta dias de seu recebimento, serão incluídos na Ordem do Dia, mesmosem parecer.

Parágrafo único - O projeto somente pode ser retirado da Ordem do Dia arequerimento do autor, aprovado pelo Plenário.

Seção VIIDa Fiscalização e dos Controles

Subseção IDisposições Gerais

Art. 95 - A fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional epatrimonial do Município e das entidades da administração indireta é exercida pela Câmara,mediante controle externo, e pelo sistema de controle interno de cada Poder e entidade,observado o disposto nos §§ 1º, 2º e 3º do art. 74 da Constituição do Estado.

§ 1º - O controle externo, a cargo da Câmara, será exercido com o auxílio doTribunal de Contas do Estado.

§ 2º - Os Poderes Legislativo e Executivo e as entidades da administraçãoindireta manterão, de forma integrada, sistema de controle interno, com a finalidade de:

I- avaliar o cumprimento das metas previstas nos respectivos planos plurianuais ea execução dos programas de governo e dos orçamentos;

II - comprovar a legalidade e avaliar os resultados, quanto à eficácia e eficiência,da gestão orçamentária, financeira e patrimonial dos órgãos da administração direta e dasentidades da administração indireta, e da aplicação de recursos públicos por entidade dedireito privado;

III - exercer o controle de operações de crédito, avais e garantias, e o de seusdireitos e haveres;

IV - apoiar o controle externo no exercício de sua missão institucional.

§ 3º - Os responsáveis pelo controle interno, ao tomarem conhecimento dequalquer irregularidade ou ilegalidade, dela darão ciência ao Tribunal de Contas e aoDefensor do Povo, sob pena de responsabilidade solidária.

Art. 96 - Qualquer cidadão, partido político, associação legalmente constituída ousindicato é parte legítima para, na forma da lei, denunciar irregularidade ou ilegalidade deato de agente público.

Parágrafo único - A denúncia poderá ser feita, em qualquer caso, à Câmara e àDefensoria do Povo, ou, sobre o assunto da respectiva competência, ao Ministério Públicoou ao Tribunal de Contas.

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Art. 97 - As contas do Prefeito, referentes à gestão financeira do ano anterior,serão julgadas pela Câmara mediante parecer prévio do Tribunal de Contas, nos termos daConstituição do Estado, o qual somente deixará de prevalecer por decisão de dois terçosdos membros da Câmara.

§ 1º - Para efeito de exame e apreciação, as contas do Município ficarão, durantesessenta dias, anualmente, à disposição de qualquer cidadão, que poderá questionar-lhes alegitimidade, nos termos da lei.

§ 2º - No primeiro e no último ano de mandato do Prefeito, o Município enviará aoTribunal de Contas inventário de todos os seus bens móveis e imóveis.

Art. 98 - Anualmente, dentro de sessenta dias do início da sessão legislativa, aCâmara receberá, em reunião especial, o Prefeito, que informará, por meio de relatório, oestado em que se encontram os assuntos municipais.

Parágrafo único - Sempre que o Prefeito manifestar propósito de expor assuntode interesse público, a Câmara o receberá em reunião previamente designada.

Art. 99 - A Câmara, após aprovação da maioria de seus membros, convocaráplebiscito para que o eleitorado do Município se manifeste sobre ato político do PoderExecutivo ou do Poder Legislativo, desde que requerida a convocação por vereador, peloPrefeito ou, no mínimo, por cinco por cento do eleitorado do Município.

Subseção IIDa Defensoria do Povo

Art. 100 - A Defensoria do Povo é órgão público dotado de autonomiaadministrativa e financeira e com funções de controle da administração pública, e suasatribuições, organização e funcionamento serão definidos em lei, aprovada pela maioria dosmembros da Câmara.

§ 1º - A Defensoria é dirigida pelo Defensor do Povo, com mais de trinta anos deidade, notável experiência, reputação ilibada e reconhecido senso de justiça, eleito por doisterços dos membros da Câmara, para mandato, não-renovável, de quatro anos, e nomeadopelo Presidente desta.

§ 2º - O Defensor do Povo se sujeita, no que couber e na forma da lei, àsproibições, incompatibilidades e perda do mandato aplicáveis ao vereador.

Art. 101 - A Defensoria do Povo terá, entre outras, as seguintes atribuições:

I - apurar os atos, fatos e omissões de órgãos e entidades da administraçãopública ou de seus agentes, que impliquem exercício ilegítimo, inconveniente ou inoportunode suas funções;

II - apurar:

a) as reclamações contra prestação dos serviços públicos;

b) os atos ou omissões do Poder Público, com ofensa dos princípios a que sesujeita a administração, de modo especial o pertinente à moralidade administrativa;

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III - divulgar, para conhecimento do cidadão, os direitos deste em face do PoderPúblico, incluído o de exercer o controle direto dos atos administrativos;

IV - divulgar informações e avaliações relativas à sua ação, com o direito depublicá-la em órgão oficial de imprensa;

V - acompanhar os processos de licitação;

VI - encaminhar relatórios de suas atividades e prestar suas contas à Câmara.

Parágrafo único - Obrigam-se as autoridades de órgãos e entidades a fornecer,em regime de urgência, sob pena de responsabilização, documentos, dados, informações ecertidões solicitados pelo Defensor do Povo.

CAPÍTULO IIDO PODER EXECUTIVO

Seção IDisposições Gerais

Art. 102 - O Poder Executivo é exercido pelo Prefeito Municipal, auxiliado pelosSecretários Municipais.

Art. 103 - A eleição do Prefeito e do Vice-Prefeito, para mandato de quatro anos,se realizará até noventa dias antes do término do mandato de seus antecessores, mediantepleito direto e simultâneo realizado em todo o País, e a posse ocorrerá no dia primeiro dejaneiro do ano subseqüente, observado, quanto ao mais, o disposto no art. 77 daConstituição da República.

Parágrafo único - Perderá o mandato o Prefeito que assumir outro cargo oufunção na administração pública direta ou indireta, ressalvada a posse em virtude deconcurso público e observado o disposto no art. 51, I, II e III.

Art. 104 - A eleição do Prefeito importará, para mandato correspondente, a doVice-Prefeito com ele registrado.

§ 1º - O Prefeito e o Vice-Prefeito tomarão posse em reunião da Câmara,prestando o seguinte compromisso: "Prometo manter, defender e cumprir as Constituiçõesda República e do Estado, a Lei Orgânica do Município, observar as leis, promover o bemgeral do povo belo-horizontino e exercer o meu cargo sob a inspiração do interesse público,da lealdade e da honra".

§ 2º - O Vice-Prefeito substituirá o Prefeito nos seus impedimentos e lhe sucederána vacância do cargo.

§ 3º - O Vice-Prefeito auxiliará o Prefeito, sempre que por ele convocado paramissões especiais.

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Art. 105 - No caso de impedimento do Prefeito e do Vice-Prefeito ou no devacância dos respectivos cargos, será chamado ao exercício do Governo o Presidente daCâmara.

§ 1º - Vagando os cargos de Prefeito e de Vice-Prefeito, far-se-á eleição noventadias depois de aberta a última vaga.

§ 2º - Ocorrendo a vacância nos últimos quinze meses do mandatogovernamental, a eleição para ambos os cargos será feita trinta dias depois da última vaga,pela Câmara, na forma de lei, aprovada pela maioria dos membros desta.

§ 3º - Em qualquer dos casos, os eleitos deverão completar o período de seusantecessores.

Art. 106 - Se, decorridos dez dias da data fixada para a posse, o Prefeito ou oVice-Prefeito, salvo motivo de força maior, reconhecido pela Câmara, não tiver assumido ocargo, este será declarado vago.

Art. 107 - O Prefeito e o Vice-Prefeito residirão no Município.

Parágrafo único - O pedido de autorização para o Prefeito e o Vice-Prefeitoausentarem-se do Município, nos termos do art. 84, X, desta Lei Orgânica, será decididopela Mesa Diretora da Câmara Municipal. (NR)21

Seção IIDas Atribuições do Prefeito Municipal

Art. 108 - Compete privativamente ao Prefeito Municipal:

I - nomear e exonerar Secretário Municipal;

II - exercer, com o auxílio dos Secretários Municipais, a direção superior do PoderExecutivo;

III - prover os cargos públicos do Poder Executivo;

IV - prover os cargos de direção ou administração superior de autarquia efundação pública;

V - iniciar o processo legislativo, na forma e nos casos previstos nesta LeiOrgânica;

VI - fundamentar os projetos de lei que remeter à Câmara;

VII - sancionar, promulgar e fazer publicar as leis e, para sua fiel execução,expedir decretos e regulamentos;

VIII- vetar proposições de lei;

21 Art. 107 modificado por determinação da Emenda à Lei Orgânica nº 17, de 9/7/2001.

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IX - remeter mensagem e planos de governo à Câmara, quando da reuniãoinaugural da sessão legislativa ordinária, expondo a situação do Município, especialmente oestado das obras e dos serviços municipais;

X - enviar à Câmara a proposta de plano plurianual, o projeto da lei de diretrizesorçamentárias e as propostas de Orçamento;

XI - prestar, anualmente, dentro de sessenta dias da abertura da sessãolegislativa ordinária, as contas referentes ao exercício anterior;

XII - extingüir cargo desnecessário, desde que vago ou ocupado por servidorpúblico não-estável, na forma da lei;

XIII - celebrar convênios, ajustes e contratos de interesse municipal;

XIV - contrair empréstimo, externo ou interno, e fazer operação ou acordo externode qualquer natureza, mediante prévia autorização da Câmara, observado os parâmetrosde endividamento regulados em lei, dentro dos princípios da Constituição da República;

XV - convocar extraordinariamente a Câmara, na forma e nos casos previstosnesta Lei Orgânica;

XVI - fixar, mediante decreto, o preço dos bens e serviços;

XVII - exercer outras atribuições previstas nesta Lei Orgânica.

Seção IIIDo Processo e Julgamento do Prefeito Municipal

Art. 109 - São crimes de responsabilidade do Prefeito os definidos em lei federalespecial, que estabelece as normas de processo de julgamento.

Parágrafo único - Nos crimes de responsabilidade, e nos comuns, o Prefeitoserá submetido a processo de julgamento perante o Tribunal de Justiça do Estado.

Art. 110 - São infrações político-administrativas do Prefeito, sujeitas aojulgamento pela Câmara, além de outras previstas nesta Lei Orgânica:

I - impedir o funcionamento regular da Câmara;

II - impedir o exame de livros, folhas de pagamento e demais documentos quedevam constar dos arquivos da administração pública, bem como a verificação de obras eserviços municipais, por comissão de investigação da Câmara, pelo Defensor do Povo oupor auditoria regularmente instituída;

III - desatender, sem motivo justo, os pedidos de informação da Câmara, quandofeitos a tempo e em forma regular;

IV - retardar a publicação ou deixar de publicar as leis e os atos sujeitos a essaformalidade;

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V - deixar de apresentar à Câmara, no devido tempo e em forma regular, aproposta orçamentária;

VI - descumprir o Orçamento aprovado para exercício financeiro;

VII - praticar ato administrativo contra expressa disposição de lei ou omitir-se naprática daquele por ela exigido;

VIII- omitir-se ou negligenciar na defesa de bens, rendas, direitos ou interessesdo Município, sujeitos à sua administração;

IX - ausentar-se do Município por tempo superior ao permitido nesta LeiOrgânica, ou afastar-se do exercício do cargo, sem autorização da Câmara;

X - deixar de remeter à Câmara, até o dia vinte de cada mês, um duodécimo dadotação orçamentária destinada ao Poder Legislativo, salvo se por motivo justo,fundamentado ao Presidente da Câmara em tempo hábil;

XI - deixar de declarar seus bens, nos termos do art. 215, parágrafo único;

XII - proceder de modo incompatível com a dignidade e o decoro do cargo.

§ 1º - A denúncia, escrita e assinada, poderá ser feita por qualquer cidadão, coma exposição dos fatos e a indicação das provas.

§ 2º - Se o denunciante for vereador, ficará impedido de votar sobre a denúncia ede integrar a comissão processante, e, se for o Presidente da Câmara, passará apresidência ao substituto legal para os atos do processo.

§ 3º - Será convocado o suplente do vereador impedido de votar, o qual nãopoderá integrar a comissão processante.

§ 4º - De posse da denúncia, o Presidente da Câmara, na primeira reuniãosubseqüente, determinará sua leitura e constituirá a comissão processante, formada porsete vereadores, sorteados entre os desimpedidos e pertencentes a partidos diferentes, osquais elegerão, desde logo, o presidente e o relator.

§ 5º - A comissão, no prazo de dez dias, emitirá parecer, que será submetido aoPlenário, opinando pelo prosseguimento ou arquivamento da denúncia, podendo procederàs diligências que julgar necessárias.

§ 6º - Aprovado o parecer favorável ao prosseguimento do processo, por doisterços dos membros da Câmara, o Presidente determinará, desde logo, a abertura dainstrução, citando o denunciado, com a remessa de cópia da denúncia, dos documentosque a instruem e do parecer da comissão, informando-lhe o prazo de vinte dias para ooferecimento da contestação e a indicação dos meios de prova com que pretendademonstrar a verdade do alegado.

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§ 7º - Findo o prazo estabelecido no parágrafo anterior, com ou sem contestação,a comissão processante determinará as diligências requeridas, ou as que julgarconvenientes, e realizará as audiências necessárias para a tomada do depoimento dastestemunhas de ambas as partes, podendo ouvir o denunciante e o denunciado, quepoderão assistir pessoalmente, ou por seu procurador, a todas as reuniões e diligências dacomissão, interrogando e contraditando as testemunhas e requerendo a sua reinquirição ouacareação.

§ 8º - Após as diligências, a comissão proferirá, no prazo de dez dias, parecerfinal sobre a procedência ou improcedência da acusação e solicitará ao Presidente daCâmara a convocação de reunião para julgamento, que se realizará após a distribuição doparecer.

§ 9º - Na reunião de julgamento, o processo será lido integralmente, e, a seguir,os vereadores que o desejarem poderão manifestar-se verbalmente, pelo tempo máximo dequinze minutos cada um, sendo que, ao final, o denunciado ou seu procurador terá o prazomáximo de duas horas para produzir defesa oral.

§ 10 - Terminada a defesa, proceder-se-á a tantas votações nominais quantasforem as infrações articuladas na denúncia.

§ 11 - Considerar-se-á afastado definitivamente do cargo e inabilitado, por oitoanos, para o exercício de função pública, sem prejuízo das demais sanções legais cabíveis,o denunciado que for declarado, pelo voto de dois terços dos membros da Câmara, incursoem qualquer das infrações especificadas na denúncia.

§ 12- Concluído o julgamento, o Presidente da Câmara proclamaráimediatamente o resultado e fará lavrar ata que consigne a votação nominal sobre cadainfração e, se houver condenação, expedirá a competente resolução de cassação domandato, ou, se o resultado da votação for absolutório, determinará o arquivamento doprocesso, comunicando, em qualquer dos casos, o resultado à Justiça Eleitoral.

§ 13 - O processo deverá estar concluído dentro de noventa dias, contados dacitação do acusado, e, transcorrido o prazo sem julgamento, será arquivado, sem prejuízode nova denúncia, ainda que sobre os mesmos fatos.

Art. 111 - O Prefeito será suspenso de suas funções:

I - nos crimes comuns e de responsabilidade, se recebida a denúncia ou a queixapelo Tribunal de Justiça do Estado; e

II - nas infrações político-administrativas, se admitida a acusação e instaurado oprocesso, pela Câmara.

Seção IVDos Secretários Municipais

Art. 112 - O Secretário Municipal será escolhido dentre brasileiros maiores devinte e um anos de idade e no exercício dos direitos políticos, e está sujeito, desde a posse,aos mesmos impedimentos do vereador.

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Parágrafo único - Além de outras atribuições conferidas em lei, compete aoSecretário Municipal:

I - orientar, coordenar e supervisionar as atividades dos órgãos de sua Secretariae das entidades da administração indireta a ela vinculadas;

II - referendar ato e decreto do Prefeito;

III - expedir instruções para a execução de lei, decreto e regulamento;

IV - apresentar ao Prefeito relatório anual de sua gestão;

V - comparecer à Câmara, nos casos e para os fins previstos nesta Lei Orgânica;

VI - praticar os atos pertinentes às atribuições que lhe forem outorgadas oudelegadas pelo Prefeito.

Art. 113-O Secretário é processado e julgado perante a Câmara, nas infraçõespolítico-administrativas, observado, no que couber, o disposto nos arts. 110 e 111.

Seção VDa Procuradoria do Município

Art. 114- A Procuradoria do Município é o órgão que o representa judicialmente,cabendo-lhe também as atividades de consultoria e assessoramento jurídicos ao PoderExecutivo, e, privativamente, a execução de dívida ativa.

§ 1º - O ingresso na classe inicial da carreira de Procurador Municipal far-se-ámediante concurso público de provas e títulos.

§ 2º - A Procuradoria do Município tem por chefe o Procurador-Geral doMunicípio, de livre designação pelo Prefeito, dentre advogados de reconhecido saberjurídico e reputação ilibada.

TÍTULO VDAS FINANÇAS PÚBLICAS

CAPÍTULO IDA TRIBUTAÇÃO

Seção IDos Tributos Municipais

Art. 115 - Ao Município compete instituir:

I - impostos sobre:

a) propriedade predial e territorial urbana;

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b) transmissão inter-vivos, a qualquer título, por ato oneroso, de bens imóveis,por natureza ou acessão física, e de direitos reais sobre imóveis, exceto os de garantia,bem como cessão de direitos à sua aquisição;

c) vendas a varejo de combustíveis líquidos e gasosos, exceto óleo diesel;

d) serviços de qualquer natureza, não compreendidos na competência do Estado,nos termos da Constituição da República e da legislação complementar específica;

II - taxas, em razão do exercício do poder de polícia ou pela utilização, efetiva oupotencial, de serviços públicos específicos e divisíveis, prestados ao contribuinte ou postosà sua disposição;

III - contribuição de melhoria, decorrente de obras públicas.

§ 1º - O imposto previsto na alínea "a" do inciso I poderá ser progressivo, nostermos da lei, de forma a assegurar o cumprimento da função social da propriedade.

§ 2º - O imposto previsto na alínea "b" do inciso I não incide sobre a transmissãode bens ou direitos incorporados ao patrimônio de pessoa jurídica, em realização de capital,nem sobre a transmissão de bens ou direitos decorrentes de fusão, incorporação, cisão ouextinção de pessoa jurídica, salvo se, nestes casos, a atividade preponderante doadquirente for a compra e venda desses bens ou direitos, a locação de bens imóveis ou oarrendamento mercantil.

§ 3º - As alíquotas dos impostos previstos nas alíneas "c" e "d" do inciso Iobedecerão aos limites fixados em lei complementar federal.

§ 4º - Sempre que possível, os impostos terão caráter pessoal e serão graduadossegundo a capacidade econômica do contribuinte, facultado à administração municipalidentificar, respeitados os direitos individuais e nos termos da lei, o patrimônio, osrendimentos e as atividades econômicas do contribuinte.

§ 5º - As taxas não poderão ter base de cálculo própria de impostos.

Art. 116 - Constituem também recursos financeiros do Município:

I - as multas arrecadadas pelo exercício do poder de polícia;

II - as rendas provenientes de concessão, permissão, cessão ou autorização;

III - o produto da alienação de bens imóveis ou móveis, ações e direitos, na formada lei;

IV - as doações e legados, com ou sem encargos;

V - outros definidos em lei.

Art. 117 - Somente ao Município cabe instituir isenção de tributo de suacompetência, por meio de lei aprovada por dois terços dos membros da Câmara,prevalecendo o estatuído para o exercício seguinte.

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Art. 118 - A lei determinará medidas para que os consumidores sejamesclarecidos acerca dos impostos municipais que incidam sobre vendas e serviços,observadas as legislações federal e estadual sobre consumo.

Seção IIDas Limitações ao Poder de Tributar

Art. 119 - É vedado ao Município, sem prejuízo das garantias asseguradas aoscontribuintes e do disposto no art. 150 da Constituição da República e na legislaçãocomplementar específica, estabelecer diferença tributária entre bens e serviços de qualquernatureza, em razão de sua procedência ou destino.

Art. 120 - Qualquer anistia ou remissão que envolva matéria tributária ouprevidenciária de competência do Município só poderá ser concedida por lei aprovada pordois terços dos membros da Câmara.

Parágrafo único - O perdão da multa, o parcelamento e a compensação dedébitos fiscais poderão ser concedidos por ato do Poder Executivo, nos casos e condiçõesespecificados em lei.

Seção IIIDa Participação do Município em Receitas Tributárias Federais e Estaduais

Art. 121- Em relação aos impostos de competência da União, pertencem aoMunicípio:

I - o produto da arrecadação do imposto sobre rendas e proventos de qualquernatureza, incidente na fonte, sobre rendimentos pagos, a qualquer título, pela administraçãodireta, pelas autarquias e pelas fundações instituídas e mantidas pelo Município;

II - cinqüenta por cento do produto da arrecadação do imposto sobre apropriedade territorial rural, relativamente aos imóveis situados no Município.

Art. 122 - Em relação aos impostos de competência do Estado, pertencem aoMunicípio:

I - cinqüenta por cento do produto da arrecadação do imposto sobre apropriedade de veículos automotores, licenciados no território municipal, a serem creditadosnos termos do art. 150, § 1º, da Constituição do Estado;

II - vinte e cinco por cento do produto da arrecadação do imposto sobreoperações relativas à circulação de mercadorias e sobre prestações de serviços detransporte interestadual e intermunicipal e de comunicação, a serem creditados na forma dodisposto no art. 158, parágrafo único, incisos I e II, da Constituição da República e no art.150, § 1º, da Constituição do Estado.

Art. 123 - Caberá também ao Município:

I - a respectiva quota no Fundo de Participação dos Municípios, como disposto noart. 159, inciso I, alínea "b", da Constituição da República;

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II - a respectiva quota do produto da arrecadação do imposto sobre produtosindustrializados, como disposto no art. 159, inciso II e § 3º, da Constituição da República eno art. 150, inciso III e § 1º, da Constituição do Estado;

III - a respectiva quota do produto da arrecadação do imposto de que trata oinciso V do art. 153 da Constituição da República, nos termos do inciso II do § 5º do mesmoartigo.

Art. 124 - Ocorrendo a retenção ou qualquer restrição à entrega e ao empregodos recursos decorrentes da repartição das receitas tributárias, por parte da União ou doEstado, o Poder Executivo adotará as medidas judiciais cabíveis, à vista do disposto nasConstituições da República e do Estado.

CAPÍTULO IIDO ORÇAMENTO

Art. 125 - Leis de iniciativa do Poder Executivo estabelecerão:I - o plano plurianual;

II - as diretrizes orçamentárias;

III - os orçamentos anuais.

Art. 126 - A lei que instituir o plano plurianual de ação governamental, compatívelcom o plano diretor, estabelecerá, por administrações regionais, as diretrizes, objetivos emetas da administração municipal para as despesas de capital e outras delas decorrentes epara as relativas a programas de duração continuada.

Art. 127 - A lei de diretrizes orçamentárias, compatível com o plano plurianual,compreenderá as metas e prioridades da administração pública municipal, incluindo asdespesas de capital para o exercício financeiro subseqüente, orientará a elaboração da leiorçamentária anual e disporá sobre as alterações na legislação tributária.

Art. 128 - A lei orçamentária anual compreenderá:

I - o orçamento fiscal referente aos Poderes Públicos, seus fundos, órgãos eentidades da administração direta e indireta, inclusive fundações instituídas e mantidas peloMunicípio;

II - o orçamento de investimento das empresas em que o Município, direta ouindiretamente, detenha a maioria do capital social com direito a voto;

III- o orçamento da seguridade social, se houver, abrangendo todas as entidadese órgãos da administração direta e indireta do Município a ela vinculados, bem como osfundos e fundações instituídos e mantidos pelo Poder Público.

Parágrafo único - Integrarão a lei orçamentária demonstrativos específicos comdetalhamento das ações governamentais, em nível mínimo de:

I - órgão ou entidade responsável pela realização da despesa e da função;

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II - objetivos e metas;

III - natureza da despesa;

IV - fontes de recursos;

V - órgão ou entidade beneficiários;

VI - identificação dos investimentos, por região do Município;

VII - identificação, de forma regionalizada, dos efeitos, sobre as receitas e asdespesas, decorrentes de isenções, remissões, subsídios e benefícios de naturezafinanceira, tributária e creditícia.

Art. 129 - A lei orçamentária anual não conterá dispositivo estranho à previsão dareceita e à fixação da despesa, não se incluindo na proibição autorização para abertura decréditos suplementares e contratação de operações de crédito, ainda que por antecipaçãode receita, nos termos da lei.

Art. 130 - A lei orçamentária assegurará investimentos prioritários em programasde educação, saúde, habitação, saneamento básico e proteção ao meio ambiente.

Parágrafo único- Os recursos para os programas de saúde não serão inferioresaos destinados aos investimentos em transporte e sistema viário.

Art. 131 - Os projetos de lei do plano plurianual, das diretrizes orçamentárias e doorçamento anual serão enviados pelo Prefeito à Câmara, nos termos e prazos fixados pelalegislação específica.

Parágrafo único - O não-cumprimento do disposto no artigo implica aelaboração, pela comissão prevista no § 1º do art. 132, de projeto de lei sobre a matéria,tomando por base a respectiva legislação vigente.

Art. 132 - Os projetos de lei relativos ao plano plurianual, às diretrizesorçamentárias, ao orçamento anual e aos créditos adicionais serão apreciados pelaCâmara, na forma regimental.

§ 1º - Caberá à comissão permanente da Câmara:

I - examinar e emitir parecer sobre os projetos referidos no artigo e sobre ascontas apresentadas anualmente pelo Prefeito;

II - examinar e emitir parecer sobre os planos e programas e exercer oacompanhamento e a fiscalização orçamentária, sem prejuízo da atuação das demaiscomissões da Câmara.

§ 2º - As emendas serão apresentadas na comissão permanente, que sobre elasemitirá parecer, para apreciação na forma regimental pelo Plenário.

§ 3º - As emendas ao projeto de lei de diretrizes orçamentárias não podem seraprovadas quando incompatíveis com o plano plurianual.

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§ 4º - As emendas ao projeto de lei do orçamento anual ou a projeto que amodifique somente podem ser aprovadas caso:

I - sejam compatíveis com o plano plurianual e com a lei de diretrizesorçamentárias;

II - indiquem os recursos necessários, admitidos apenas os provenientes deanulação de despesa, excluídas as que incidam sobre:

a) dotações para pessoal e seus encargos;

b) serviço da dívida; ou

III - sejam relacionadas:

a) com a correção de erros ou omissões; oub) com os dispositivos do texto do projeto de lei.

§ 5º - O Prefeito poderá enviar a mensagem à Câmara para propor modificaçãonos projetos a que se refere o artigo enquanto não iniciada, na comissão permanente, avotação da parte cuja alteração é proposta.

§ 6º - Rejeitado pela Câmara o projeto de lei orçamentária anual, prevalecerá,para o ano seguinte, o orçamento do exercício em curso, aplicando-se-lhe a atualização dosvalores.

§ 7º - Se a Câmara não devolver, para sanção, o projeto de lei do orçamentoanual no prazo consignado na legislação específica, o Prefeito promulgá-lo-á como lei.

§ 8º - Aplicam-se aos projetos mencionados no artigo, no que não contrariar odisposto neste Capítulo, as demais normas relativas ao processo legislativo.

Art. 133 - Os recursos que, em decorrência de veto, emenda ou rejeição doprojeto de lei orçamentária anual, ficarem sem despesas correspondentes poderão serutilizados, conforme o caso, mediante créditos especiais ou suplementares, com prévia eespecífica autorização legislativa.

Art. 134 - São vedados:

I - o início de programas ou projetos não incluídos na lei orçamentária anual;

II - a realização de despesas ou a assunção de obrigações diretas que excedamos créditos orçamentários ou adicionais;

III - a realização de operações de crédito:

a) sem autorização legislativa em que se especifiquem a destinação, o valor, oprazo da operação, a taxa de remuneração do capital, as datas de pagamento, a espéciedos títulos e a forma de resgate, salvo disposição diversa em legislação federal ou estadual;

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b) que excedam o montante das despesas de capital, ressalvadas as autorizadasmediante créditos suplementares ou especiais com finalidade precisa, aprovados pelaCâmara, por maioria de seus membros;

IV - a vinculação de receita de impostos a órgão, fundo ou despesa, ressalvadasa destinação de recursos para a manutenção e desenvolvimento do ensino, comodeterminado pelo art. 160, e a prestação de garantias às operações de crédito porantecipação de receita, previstas no art. 129;

V - a abertura de crédito suplementar ou especial sem prévia autorizaçãolegislativa e sem indicação dos recursos correspondentes;

VI - a transposição, o remanejamento ou a transferência de recursos de umacategoria de programação para outra ou de um órgão para outro, sem prévia autorizaçãolegislativa;

VII - a concessão ou utilização de créditos ilimitados;

VIII - a utilização, sem autorização legislativa específica, de recursos doorçamento fiscal e da seguridade social para suprir necessidade ou cobrir déficit deempresas, fundações e fundos;

IX - a instituição de fundos de qualquer natureza, sem prévia autorizaçãolegislativa.

§ 1º - Nenhum investimento cuja execução ultrapasse um exercício financeiropoderá ser iniciado sem prévia inclusão do plano plurianual, ou sem lei que autorize ainclusão, sob pena de crime de responsabilidade.

§ 2º - Os créditos especiais e extraordinários terão vigência no exercíciofinanceiro em que forem autorizados, salvo se o ato de autorização for promulgado nosúltimos quatro meses daquele exercício, caso em que, reabertos nos limites de seus saldos,serão incorporados ao orçamento do exercício financeiro subseqüente.

§ 3º - Admitir-se-á a abertura de crédito extraordinário, ad referendum daCâmara, para atender a despesas imprevistas e urgentes, decorrentes de calamidadepública.

Art. 135- Os recursos correspondentes às dotações orçamentárias,compreendidos os créditos suplementares e especiais, destinados à Câmara, ser-lhe-ãoentregues até o dia vinte de cada mês.

Art. 136 - A despesa com pessoal ativo e inativo do Município não poderáexceder os limites estabelecidos em lei complementar federal.

Parágrafo único - A concessão de qualquer vantagem ou aumento deremuneração, a criação de cargos ou alterações de estrutura de carreiras, bem como aadmissão de pessoal, a qualquer título, pelos órgãos e entidades da administração direta ouindireta, inclusive fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público, só poderão serfeitas:

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I - se houver prévia dotação orçamentária suficiente para atender às projeções dedespesa de pessoal e aos acréscimos dela decorrentes;

II - se houver autorização específica na lei de diretrizes orçamentárias,ressalvadas as empresas públicas e as sociedades de economia mista.

Art. 137 - À exceção dos créditos de natureza alimentícia, os pagamentosdevidos pela Fazenda Municipal, em virtude de sentença judiciária, far-se-ãoexclusivamente na ordem cronológica de apresentação dos precatórios e à conta doscréditos respectivos, proibida a designação de casos ou de pessoas nas dotaçõesorçamentárias e nos créditos adicionais abertos para esse fim.

§ 1º - É obrigatória a inclusão, no orçamento municipal, de dotação necessária aopagamento de seus débitos constantes de precatórios judiciários, apresentados até primeirode julho, data em que terão atualizados seus valores, fazendo-se o pagamento até o finaldo exercício seguinte.

§ 2º - As dotações orçamentárias e os créditos abertos serão consignados aoPoder Judiciário, recolhidas as importâncias respectivas à repartição competente, paraatender ao disposto no art. 100, § 2º, da Constituição da República.

TÍTULO VIDA ORDEM SOCIAL E ECONÔMICA

CAPÍTULO IDISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 138 - A ordem social tem como base o primado do trabalho e como objetivo obem-estar e a justiça sociais.

Parágrafo único - São direitos sociais a educação, a saúde, o trabalho, o lazer, asegurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância e a assistência aosdesamparados, na forma da Constituição da República e desta Lei Orgânica.

Art. 139 - O Poder Público, agente normativo e regulador da atividadeeconômica, exercerá, no âmbito de sua competência, as funções de fiscalização, incentivoe planejamento, atuando:

I - na eliminação do abuso do poder econômico;

II - na defesa, promoção e divulgação dos direitos do consumidor;

III - na fiscalização da qualidade dos bens e dos serviços produzidos ecomercializados em seu território;

IV - no apoio à organização da atividade econômica em cooperativas e noestímulo ao associativismo;

V - na democratização da atividade econômica;

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VI - na proteção dos trabalhadores em face da automação. (NR)22

Parágrafo único - O Município dispensará tratamento jurídico diferenciado àpequena e à microempresa, assim definidas em lei, visando a incentivá-las pelasimplificação de suas obrigações administrativas, tributárias e creditícias, ou pelaeliminação ou redução destas por meio de lei.

Art. 140 - A empresa pública, a sociedade de economia mista e outras entidadesque explorem atividade econômica sujeitam-se ao regime jurídico próprio das empresasprivadas, inclusive quanto às obrigações trabalhistas e tributárias.

Parágrafo único - As empresas públicas e as sociedades de economia mista nãopoderão gozar de privilégios fiscais não-extensivos às do setor privado.

CAPÍTULO IIDA SAÚDE

Art. 141 - A saúde é direito de todos e dever do Poder Público, asseguradomediante políticas econômicas, sociais, ambientais e outras que visem à prevenção e àeliminação do risco de doenças e outros agravos e ao acesso universal e igualitário àsações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação, sem qualquer discriminação.

Parágrafo único - O direito à saúde implica a garantia de:

I - condições dignas de trabalho, renda, moradia, alimentação, educação, lazer esaneamento;

II - participação da sociedade civil na elaboração de políticas, na definição deestratégias de implementação e no controle das atividades com impacto sobre a saúde,entre elas as mencionadas no inciso anterior;

III - acesso às informações de interesse da saúde individual e coletiva, bem comosobre as atividades desenvolvidas pelo sistema;

IV - proteção do meio ambiente e controle da poluição ambiental;

V - acesso igualitário às ações e aos serviços de saúde;

VI - dignidade, gratuidade e boa qualidade no atendimento e no tratamento desaúde;

VII - opção quanto ao número de filhos.

Art. 142 - As ações e serviços de saúde são de relevância pública, e cabem aoPoder Público sua regulamentação, fiscalização e controle, na forma da lei.

Art. 143 - As ações e serviços públicos de saúde integram o Sistema Único deSaúde, que se organiza, no Município, de acordo com as seguintes diretrizes:

22 Inciso VI do art. 139 incluído pela Emenda nº 16, de 15/06/2000, DOM de 16/06/00

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I - comando político-administrativo único das ações pelo órgão central do sistema,articulado com as esferas estadual e federal, formando uma rede regionalizada ehierarquizada;

II - participação da sociedade civil;

III - integralidade da atenção à saúde, entendida como o conjunto articulado econtínuo das ações e serviços preventivos, curativos e de recuperação individuais ecoletivos, exigidos para cada caso e em todos os níveis de complexidade do sistema,adequado às realidades epidemiológicas;

IV - integração, em nível executivo, das ações originárias do Sistema Único comas demais ações setoriais do Município;

V - proibição de cobrança do usuário pela prestação de serviços públicos econtratados de assistência à saúde, salvo na hipótese de opção por acomodaçõesdiferenciadas;

VI - distritalização dos recursos, dos serviços e das ações, segundo critérios decontingente populacional e de demanda;

VII - desenvolvimento dos recursos humanos e científico-tecnológicos do sistema,adequados às necessidades da população;

VIII - formulação e implantação de ações em saúde mental, obedecendo aoseguinte:

a) respeito aos direitos e garantias fundamentais do doente mental, inclusivequando internado;

b) estabelecimento de política que priorize e amplie atividades e serviçospreventivos e extra-hospitalares.

Parágrafo único - Na distribuição dos recursos, serviços e ações a que se refereo inciso I, serão observados o disposto nos planos diretor e plurianual e na lei de diretrizesorçamentárias e o princípio da hierarquização, compreendidos, para tal fim, os seguintesequipamentos:

I - unidades locais de saúde;

II - policlínicas;

III - hospitais gerais;

IV - hospitais de nível terciário;

V - hospitais especializados.

Art. 144 - Compete ao Município, no âmbito do Sistema Único de Saúde, além deoutras atribuições previstas na legislação federal:

I - a elaboração e a atualização periódica do plano municipal de saúde, emconsonância com os planos estadual e federal e com a realidade epidemiológica;

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II - a direção, a gestão, o controle e a avaliação das ações de saúde ao nívelmunicipal;

III - a administração do fundo municipal de saúde e a elaboração de propostaorçamentária;

IV - a fiscalização da produção ou da extração, do armazenamento, do transportee da distribuição de substâncias, produtos, máquinas e equipamentos que possamapresentar riscos à saúde da população;

V - o planejamento, a execução e a fiscalização das ações de vigilânciaepidemiológica e sanitária, incluindo os relativos à saúde dos trabalhadores e ao meioambiente, em articulação com os demais órgãos e entidades governamentais;

VI - o oferecimento aos cidadãos, por meio de equipes multiprofissionais e derecursos de apoio, de todas as formas de assistência e tratamento necessárias eadequadas, incluídas a homeopatia e as práticas alternativas reconhecidas;

VII - a promoção gratuita e prioritária, pelas unidades do sistema público desaúde, de cirurgia interruptiva de gravidez, nos casos permitidos por lei;

VIII - a normatização complementar e a padronização dos procedimentosrelativos à saúde, pelo código sanitário;

IX - a formulação e implementação de política de recursos humanos na esferamunicipal, com vistas à valorização do profissional da área de saúde, mediante instituiçãode planos de carreira e condições para a reciclagem periódica;

X - o controle dos serviços especializados em segurança e medicina do trabalho;

XI - a instalação de estabelecimento de assistência médica de emergência emcada área regional do Município;

XII - a adoção de política de fiscalização e controle de endemias;

XIII - a prevenção do uso de drogas que determinem dependência física oupsíquica, bem como seu tratamento especializado, provendo aos recursos humanos emateriais necessários;

XIV - a informação à população sobre os riscos e danos à saúde e medidas deprevenção e controle, inclusive mediante a promoção da educação sanitária nas escolasmunicipais;

XV - a prevenção de deficiências, bem como o tratamento e a reabilitação deseus portadores;

XVI - a transferência, quando necessária, do paciente carente de recursos paraestabelecimento de assistência médica ou ambulatorial, integrante do Sistema Único deSaúde, mais próximo de sua residência;

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XVII - a implementação, em conjunto com órgãos federais e estaduais, dosistema de informatização, na área de saúde;

XVIII - a participação na produção de medicamentos, equipamentos,imunobiológicos, hemoderivados e outros insumos.

Art. 145 - O Poder Público poderá contratar a rede privada, quando houverinsuficiência de serviços públicos, para assegurar a plena cobertura assistencial àpopulação, segundo as normas de direito público e mediante autorização do órgãocompetente.

§ 1º - A rede privada, na condição de contratada, submete-se ao controle daobservância das normas técnicas estabelecidas pelo Poder Público e integra o SistemaÚnico de Saúde ao nível municipal.

§ 2º - Terão prioridade para contratação as entidades filantrópicas e as sem finslucrativos.

§ 3º - É assegurado à administração do Sistema Único de Saúde o direito deintervir na execução do contrato de prestação de serviços, quando ocorrer infração denormas contratuais e regulamentares.

§ 4º - Caso a intervenção não restabelecer a normalidade da prestação deatendimento à saúde da população, poderá o Poder Executivo promover a desapropriaçãoda unidade ou rede prestadora de serviços, na forma da lei.

Art. 146 - O Sistema Único de Saúde, no âmbito do Município, será financiadocom recursos do orçamento municipal e do orçamento da seguridade social da União, alémde outras fontes, os quais constituirão o fundo municipal de saúde.

§ 1º - As dotações orçamentárias oriundas da União e do Estado serãodestinadas diretamente ao fundo.

§ 2º - É vedada a destinação de recursos do fundo para auxílios e subsídios, bemcomo a concessão de prazos ou juros privilegiados às entidades privadas.

Art. 147 - As pessoas físicas ou jurídicas que gerem riscos ou causem danos àsaúde de pessoas ou grupos assumirão o ônus do controle e da reparação de seus atos.

Art. 148 - O Município priorizará a assistência à saúde materno-infantil.

Art. 149 - A assistência à saúde é livre à iniciativa privada.

CAPÍTULO IIIDO SANEAMENTO BÁSICO

Art. 150 - Compete ao Poder Público formular e executar a política e os planosplurianuais de saneamento básico, assegurando:

I - o abastecimento de água compatível com os padrões de higiene, conforto eportabilidade;

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II - a coleta e a disposição dos esgotos sanitários e dos resíduos sólidos e adrenagem das águas pluviais, de forma a preservar o equilíbrio ecológico e prevenir açõesdanosas à saúde;

III - o controle de vetores.

§ 1º - As ações de saneamento básico serão precedidas de planejamento queatenda aos critérios de avaliação do quadro sanitário da área a ser beneficiada, objetivandoa reversão e a melhoria do perfil epidemiológico.

§ 2º - O Poder Público desenvolverá mecanismos institucionais quecompatibilizem as ações de saneamento básico com as de habitação, desenvolvimentourbano, preservação do meio ambiente e gestão dos recursos hídricos, buscandointegração com outros municípios nos casos em que se exigirem ações conjuntas.

§ 3º - As ações municipais de saneamento básico serão executadas diretamenteou por delegação, visando ao atendimento adequado à população.

Art. 151 - O Município manterá sistema de limpeza urbana, coleta, tratamento edestinação final do lixo, observado o seguinte:

I - a coleta de lixo será seletiva;

II- o Poder Público estimulará o acondicionamento seletivo dos resíduos;

III - os resíduos recicláveis serão acondicionados para reintrodução no ciclo dosistema ecológico;

IV - os resíduos não-recicláveis serão acondicionados e terão destino final queminimize o impacto ambiental;

V - o lixo séptico proveniente de hospitais, laboratórios e congêneres seráacondicionado e apresentado à coleta em contenedores especiais, coletado em veículospróprios e específicos e transportado separadamente, tendo destino final em incineradorpúblico;

VI - os terrenos resultantes de aterros sanitários serão destinados a parques ouáreas verdes;

VII - a coleta e a comercialização dos materiais recicláveis serão feitaspreferencialmente por meio de cooperativas de trabalho.

CAPÍTULO IVDO MEIO AMBIENTE

Art. 152 - Todos têm direito ao meio ambiente harmônico, bem de uso comum dopovo e essencial à saudável qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e àcoletividade o dever de defendê-lo, preservá-lo e manter as plenas condições de seusprocessos vitais para as gerações presentes e futuras.

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§ 1º - Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público, entreoutras atribuições:

I - promover a educação ambiental multidisciplinar nas escolas municipais edisseminar as informações necessárias à conscientização da população para a preservaçãodo meio ambiente;

II - assegurar o livre acesso às informações ambientais básicas e divulgar,sistematicamente, os níveis de poluição e de qualidade do meio ambiente no Município;

III - prevenir e controlar a poluição, a erosão, o assoreamento e outras formas dedegradação ambiental;

IV - preservar remanescentes de vegetações, como florestas, cerrados e outros,a fauna e a flora, controlando a extração, a captura, a produção, o armazenamento, acomercialização, o transporte e o consumo de espécimes e subprodutos, vedadas aspráticas que coloquem em risco sua função ecológica, provoquem extinção de espécies ousubmetam os animais a crueldade;

V- criar parques, reservas, estações ecológicas e outras unidades deconservação, mantê-los sob especial proteção e dotá-los da infra-estrutura indispensável àssuas finalidades;

VI - estimular e promover o reflorestamento com espécies nativas, objetivandoespecialmente a proteção de encostas e dos recursos hídricos;

VII - fiscalizar a produção, a comercialização e o emprego de técnicas, métodos esubstâncias que importem riscos para a vida, a qualidade de vida e o meio ambiente, bemcomo o transporte e o armazenamento dessas substâncias no território municipal;

VIII - sujeitar à prévia anuência do órgão ou entidade municipal de controle epolítica ambiental o licenciamento para início, ampliação ou desenvolvimento de atividadese construção ou reforma de instalações que possam causar degradação do meio ambiente,sem prejuízo de outras exigências legais;

IX - determinar para atividades e instalações de significativo potencial poluidor arealização periódica de auditorias nos respectivos sistemas de controle da poluição,incluindo a avaliação detalhada dos efeitos de sua operação sobre a qualidade dosrecursos ambientais;

X - estimular a pesquisa, o desenvolvimento e a utilização de fontes de energiaalternativa não-poluentes, bem como de tecnologia poupadora de energia;

XI - implantar e manter hortos florestais destinados à recomposição da floranativa e à produção de espécies diversas para a arborização dos logradouros públicos;

XII - promover ampla arborização dos logradouros públicos, a substituição deespécimes inadequados e a reposição daqueles em processo de deterioração ou morte.

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§ 2º - O licenciamento de que trata o inciso VIII do parágrafo anterior dependerá,no caso de atividade ou obra potencialmente causadora de significativa degradação domeio ambiente, de prévio relatório de impacto ambiental, seguido de audiência pública parainformação e discussão sobre o projeto, resguardado o sigilo industrial.

§ 3º - Aquele que explora recursos minerais fica obrigado a recuperar o meioambiente degradado, de acordo com a solução técnica exigida pelo órgão ou entidademunicipal de controle e política ambiental.

§ 4º - A conduta e a atividade consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão oinfrator, pessoa física ou jurídica, a sanções administrativas, inclusive a interdiçãotemporária ou definitiva, sem prejuízo das cominações penais e da obrigação de reparar odano causado.

Art. 153 - São vedadas no território municipal:

I - a disposição inadequada e a eliminação de resíduo tóxico;

II - a caça profissional, amadora e esportiva;

III - a emissão de sons, ruídos e vibrações que prejudiquem a saúde, o sossego eo bem-estar públicos.

Art. 154 - É vedado ao Poder Público contratar e conceder isenções, incentivos ebenefícios fiscais a quem estiver em situação de irregularidade diante das normas deproteção ambiental.

Art. 155 - Cabe ao Poder Público:

I - reduzir ao máximo a aquisição e a utilização de material não-reciclável e não-biodegradável, além de divulgar os malefícios desse material sobre o meio ambiente;

II - fiscalizar, por meios técnicos específicos, a qualidade dos combustíveisdistribuídos no Município e a emissão de poluentes por veículos automotores, máquinas eequipamentos, bem como estimular a implantação de medidas e uso de tecnologias quevenham minimizar seus impactos;

III - implantar medidas corretivas e preventivas para recuperação dos recursoshídricos;

IV - estimular a adoção de alternativas de pavimentação, para garantia de menorimpacto à permeabilidade do solo;

V - implantar e manter áreas verdes de preservação permanente, em proporçãonunca inferior a doze metros quadrados por habitante, distribuídos eqüitativamente porAdministração Regional;

VI - estimular a substituição do perfil industrial do Município, incentivandoindústria de menor impacto ambiental;

VII - controlar os níveis de poluição sonora, visando a manter o sossego e o bem-estar públicos;

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VIII - manter sistema de atendimento de emergência para casos de poluiçãoacidental, em articulação com instituições públicas e privadas;

IX - fiscalizar os serviços e as instalações nucleares de qualquer natureza e autilização de quaisquer fontes de radiação.

Art. 156 - A Câmara manifestar-se-á previamente, em relação ao territóriomunicipal, sobre:

I - a instalação de reator nuclear;

II- a disposição e o transporte de rejeitos de usina que opere com reator nuclear;

III- a fabricação, a comercialização, o transporte e a utilização de equipamentobélico nuclear.

CAPÍTULO VDA EDUCAÇÃO

Art. 157- A educação, direito de todos, dever do Poder Público e da sociedade,tem como objetivo o pleno desenvolvimento do cidadão, tornando-o capaz de refletir sobrea realidade e visando à qualificação para o trabalho.

§ 1º - O dever do Município com a educação implica a garantia de:

I - ensino de primeiro grau, obrigatório e gratuito, inclusive para os que a ele nãotiveram acesso na idade própria, em período de oito horas diárias para o curso diurno;

II - atendimento obrigatório e gratuito em creche e pré-escola às crianças de zeroa seis anos de idade, em horário integral, bem como acesso automático ao ensino deprimeiro grau;

III - expansão progressiva da escola pública de segundo grau;

IV - acesso aos níveis mais elevados de ensino, da pesquisa e da criaçãoartística, segundo a capacidade de cada um;

V - atendimento à criança em creche, pré-escola e no ensino de primeiro grau,por meio de programas suplementares de material didático-escolar, de assistência à saúdee de alimentação, inclusive, para a carente, nos períodos não-letivos;

VI - expansão e manutenção da rede municipal de ensino, com a dotação deinfra-estrutura física e equipamentos adequados;

VII - preservação dos aspectos humanísticos e profissionalizantes do ensino desegundo grau;

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VIII - atendimento educacional especializado ao portador de deficiência, semlimite de idade, na rede regular de ensino, bem como vaga em escola próxima a suaresidência;

IX - oferta de ensino noturno regular, adequado às condições do educando;

X - programas específicos de atendimento à criança e ao adolescentesuperdotados;

XI- criação e manutenção, no currículo das escolas públicas, de cursos técnico-profissionalizantes adequados às peculiaridades e potencialidades dos educandos;

XII - supervisão e orientação educacional em todos os níveis e modalidades deensino nas escolas públicas, exercidas por profissional habilitado;

XIII - passe escolar gratuito ao aluno do sistema público municipal que nãoconseguir matrícula em escola próxima à sua residência, observado os requisitos da lei.

§ 2º - O acesso ao ensino obrigatório e gratuito, bem como o atendimento emcreche e pré-escola, é direito público subjetivo.

§ 3º - O não-oferecimento do ensino pelo Poder Público, sua oferta irregular, ou onão-atendimento ao portador de deficiência importam responsabilidade da autoridadecompetente.

§ 4º - Compete ao Município recensear as crianças em idade de creche e pré-escola e os educandos do ensino de primeiro grau e zelar pela freqüência à escola.

§ 5º - O Município manterá os programas de educação pré-escolar e de ensino deprimeiro grau com a cooperação técnica e financeira da União e do Estado.

Art. 158 - Na promoção da educação pré-escolar e do ensino de primeiro esegundo graus, o Município observará os seguintes princípios:

I - igualdade de condições para o acesso e a permanência na escola;

II - liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento, a arte e osaber;

III - pluralismo de idéias e de concepções filosóficas, políticas, estéticas,religiosas e pedagógicas, que conduza ao educando à formação de uma postura ética esocial própria;

IV - gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais, extensiva aosprogramas suplementares;

V - valorização dos profissionais do ensino, com a garantia de plano de carreirapara o magistério público, com piso de vencimento profissional, pagamento por habilitaçãoe ingresso exclusivamente por concurso público de provas e títulos, realizadoperiodicamente, sob o regime jurídico único adotado pelo Município para seus servidores;

VI - garantia do princípio do mérito, objetivamente apurado, na carreira domagistério;

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VII - garantia do padrão de qualidade, mediante:

a) reciclagem periódica dos profissionais de educação;

b) avaliação cooperativa periódica por órgão próprio do sistema educacional, pelocorpo docente, pelos alunos e pelos responsáveis por estes;

VIII - incentivo à participação da comunidade no processo educacional;

IX - preservação dos valores educacionais e culturais locais;

X - gestão democrática do ensino público, mediante, entre outras medidas, ainstituição de:

a) Assembléia Escolar, como instância máxima de deliberação de escolamunicipal, composta por servidores nela lotados, por alunos e seus pais e por membros dacomunidade;

b) direção colegiada de escola municipal;

c) eleição direta e secreta, em dois turnos, se necessário, para o exercício decargo comissionado de Diretor e de função de Vice-Diretor de escola municipal, paramandato de dois anos, permitida uma recondução consecutiva e garantida a participação detodos os segmentos da comunidade;

XI - garantia e estímulo à organização autônoma dos alunos, no âmbito dasescolas municipais.

Art. 159 - Para o atendimento de crianças de zero a seis anos de idade, oMunicípio deverá:

I - criar, implantar, implementar, manter, orientar, supervisionar e fiscalizar ascreches;

II - atender, por meio de equipe multidisciplinar, composta por professor,pedagogo, psicólogo, assistente social, enfermeiro e nutricionista, às necessidades da redemunicipal de creches;

III - propiciar cursos e programas de reciclagem, treinamento, gerenciamentoadministrativo e especialização, visando à melhoria e ao aperfeiçoamento dostrabalhadores de creches;

IV - estabelecer normas de construção e reforma de logradouros e dos edifíciospara o funcionamento de creches, buscando soluções arquitetônicas adequadas à faixaetária das crianças atendidas;

V- estabelecer política municipal de articulação junto às creches comunitárias eàs filantrópicas.

§ 1º - O Município fornecerá instalações e equipamentos para creches e pré-escolas, observados os seguintes critérios:

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I - prioridade para as áreas de maior densidade demográfica e de menor faixa derenda;

II - escolha do local para funcionamento de creche e pré-escola, medianteindicação da comunidade;

III - integração de pré-escolas e creches.

§ 2º - A gestão democrática das creches públicas observará o disposto no art.158, X, no que couber.

§ 3º - Cabe ao Poder Público o atendimento, em creche comum, de criançaportadora de deficiência, oferecendo recursos e serviços especializados de educação ereabilitação.

§ 4º - A execução da política de atendimento em creche pública é deresponsabilidade de organismo único da administração municipal.

Art. 160 - O Município aplicará, anualmente, nunca menos de trinta por cento dareceita orçamentária corrente exclusivamente na manutenção e expansão do ensino públicomunicipal.

§ 1º - As verbas municipais destinadas a atividades culturais e recreativas, bemcomo aos programas suplementares de alimentação e saúde previstos no art. 157, § 1º, V,não compõem o percentual, que será obtido levando-se em conta as datas de arrecadaçãoe aplicação dos recursos, de forma que não se comprometam os valores reais efetivamenteliberados.

§ 2º - O Poder Executivo publicará no diário oficial, até o dia dez de março decada ano, demonstrativo da aplicação de verbas na educação, especificando suadestinação.

Art. 161 - Fica assegurada a cada unidade do sistema municipal de ensino,inclusive às creches, a destinação de recursos necessários à sua conservação,manutenção e vigilância e à aquisição de equipamentos e materiais didático-pedagógicos,conforme dispuser a lei orçamentária.

Art. 162 - O Município elaborará plano bienal de educação, visando à ampliaçãoe à melhoria do atendimento de sua obrigação de oferta de ensino público e gratuito.

Parágrafo único - A proposta do plano será elaborada pelo Poder Executivo,com a participação da sociedade civil, e encaminhada, para a aprovação da Câmara, até odia trinta e um de agosto do ano imediatamente anterior ao do início de sua execução.

Art. 163 - As escolas municipais deverão contar, entre outras instalações eequipamentos, com laboratório, biblioteca, auditório, cantina, sanitário, vestiário, quadra deesportes e espaço não-cimentado para recreação.

§ 1º - O Município garantirá o funcionamento de biblioteca em cada escolamunicipal, acessível à população e com o acervo necessário ao atendimento dos alunos.

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§ 2º - Cada escola municipal aplicará pelo menos dez por cento da verba referidano art. 161 na manutenção e ampliação do acervo de sua biblioteca.

§ 3º - As unidades municipais de ensino adotarão livros didáticos perduráveis,possibilitando seu reaproveitamento.

§ 4º - É vedada a adoção de livro didático que dissemine qualquer forma dediscriminação ou preconceito.

§ 5º - O prédio e o mobiliário escolares deverão conformar-se aos princípiosergonômicos.

Art. 164 – O currículo escolar de primeiro e de segundo grau das escolasmunicipais incluirá conteúdos programáticos sobre prevenção do uso de drogas, educaçãopara a segurança no trânsito, educação do consumidor e formação política e de cidadania.(NR)23

§ 1º - A formação religiosa, sem caráter confessional e de matrícula e freqüênciafacultativas, constitui disciplina das escolas públicas de ensino fundamental.

§ 2º - A história e a geografia do Município constituem matérias obrigatórias nasclasses de 1º a 4º séries do primeiro grau.

§ 3º - A disciplina Formação Política e de Cidadania integrará a partediversificada do currículo de segundo grau e incluirá conteúdos relacionados à históriapolítica do Brasil, à constituição do Congresso Nacional, das assembléias legislativas e dascâmaras municipais, às atividades dos vereadores, dos deputados estaduais e federais edos senadores, à Constituição Federal, à Constituição do Estado de Minas Gerais, à LeiOrgânica do Município e à legislação eleitoral vigente. (NR)24

Art. 165 - O quadro de pessoal necessário ao funcionamento das unidadesmunicipais de ensino será estabelecido em lei, de acordo com o número de turmas, turnos eséries existentes na escola.

CAPÍTULO VIDA CULTURA

Art. 166 - O acesso aos bens da cultura e às condições objetivas para produzi-laé direito do cidadão e dos grupos sociais.

§ 1º - Todo cidadão é um agente cultural, e o Poder Público incentivará, por meiode política de ação cultural democraticamente elaborada, as diferentes manifestaçõesculturais do Município.

§ 2º - O Município protegerá as manifestações das culturas populares e dosgrupos étnicos participantes do processo civilizatório nacional e promoverá, nas escolasmunicipais, a educação sobre a história local e a dos povos indígenas e de origem africana.

23 Caput do art. 164 com redação determinada pela Emenda nº 15, de 22/03/0024 Inclusão do § 3º no art. 164 com redação determinada pela Emenda nº 15, de 22/03/00

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Art. 167 - Constituem patrimônio cultural do Município os bens de naturezamaterial e imaterial, tomados individualmente ou em conjunto, que contenham referência àidentidade, à ação e à memória do povo belo-horizontino, entre os quais se incluem:

I - as formas de expressão;

II - os modos de criar, fazer e viver;

III - as criações tecnológicas, científicas e artísticas;

IV - as obras, os objetos, os documentos, as edificações e outros espaçosdestinados a manifestações artísticas e culturais, nesta incluídas todas as formas deexpressão popular;

V - os conjuntos urbanos e os sítios de valor histórico, artístico, paisagístico,arqueológico, paleontológico, ecológico e científico.

§ 1º - As áreas públicas, especialmente os parques, os jardins e as praças, sãoabertas às manifestações culturais, desde que estas não tenham fins lucrativos e sejamcompatíveis com a preservação do patrimônio ambiental, paisagístico, arquitetônico ehistórico.

§ 2º - A lei disporá sobre a fixação de datas comemorativas de fatos relevantespara a cultura municipal.

Art. 168 - O Município, com a colaboração da sociedade civil, protegerá o seupatrimônio histórico e cultural, por meio de inventários, pesquisas, registros, vigilância,tombamento, desapropriação e outras formas de acautelamento e preservação.

Parágrafo único - O Poder Público manterá sistema de arquivos públicos eprivados com a finalidade de promover o recolhimento, a preservação e a divulgação dopatrimônio documental de organismos públicos municipais, bem como de documentosprivados de interesse público, a fim de que possam ser utilizados como instrumento deapoio à administração, à cultura e ao desenvolvimento científico e como elemento de provae informação.

Art. 169 - O Poder Público promoverá a implantação, com a participação ecooperação da sociedade civil, de centros culturais nas regiões do Município, para atenderàs necessidades de desenvolvimento cultural da população.

Parágrafo único- Serão instalados, junto aos centros culturais, bibliotecas eoficinas ou cursos de formação cultural.

CAPÍTULO VIIDA CIÊNCIA E TECNOLOGIA

Art. 170 - O Município promoverá e incentivará o desenvolvimento científico, apesquisa, a difusão e a capacitação tecnológicas, voltados preponderantemente para asolução de problemas locais.

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Parágrafo único - O Poder Executivo implantará política de formação derecursos humanos nas áreas de ciência, pesquisa e tecnologia e concederá meios econdições especiais de trabalho aos que dela se ocupem.

Art. 171 - O Município criará e manterá entidade voltada ao ensino e à pesquisacientífica, ao desenvolvimento experimental e a serviços técnico-científicos relevantes parao seu progresso social e econômico.

§ 1º - Os recursos necessários à efetiva operacionalização da entidade serãoconsignados no orçamento municipal, bem como obtidos de órgãos e entidades de fomentofederais e estaduais ou de outras fontes.

§ 2º - O Município recorrerá preferencialmente aos órgãos e entidades depesquisa estaduais e federais nele sediados, promovendo a integração intersetorial pormeio da implantação de programas integrados, consideradas as diversas demandascientíficas, tecnológicas e ambientais afetas às questões municipais.

Art. 172 - O Município criará núcleos descentralizados de treinamento e difusãode tecnologias de alcance comunitário, de forma a contribuir para a sua absorção efetivapela população, prioritariamente a de baixa renda.

CAPÍTULO VIIIDO DESPORTO E DO LAZER

Art. 173 - O Município promoverá, estimulará, orientará e apoiará a práticadesportiva e a educação física, inclusive por meio de:

I - destinação de recursos públicos;

II - proteção às manifestações esportivas e preservação das áreas a elasdestinadas;

III - tratamento privilegiado do desporto não-profissional.

§ 1º - Para os fins do artigo, cabe ao Município:

I - exigir, nas unidades escolares públicas, e para aprovação dos projetosurbanísticos e de novos conjuntos habitacionais, reserva de área destinada a praça oucampo de esporte e lazer comunitários;

II - utilizar-se de terreno próprio ou cedido, para implantação de áreas de lazer epraças de esporte, necessárias à demanda do esporte amador nos bairros da cidade;

III - incluir a Educação Física como disciplina nos estabelecimentos oficiais deensino;

IV - manter o funcionamento das instalações desportivas por ele criadas, no quese refere a recursos humanos e materiais.

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§ 2º - Cabe à Administração Regional, na área de sua circunscrição, a execuçãoda política de esporte e lazer definida pelo órgão ou entidade municipal competente, com aparticipação dos segmentos da sociedade interessados.

§ 3º - O Município garantirá ao portador de deficiência atendimento especial noque se refere à educação física e à prática de atividade desportiva, sobretudo no âmbitoescolar.

§ 4º- O Município, por meio da rede pública de saúde, propiciaráacompanhamento médico e exames ao atleta integrante de quadros de entidade amadoristacarente de recursos.

§ 5º - Cabe ao Município, na área de sua competência, colaborar com osorganismos públicos e as entidades esportivas, objetivando o cumprimento das normas queregem os desportos.

Art. 174 - O Município apoiará e incentivará o lazer e o reconhecerá como formade promoção social.

Parágrafo único - Os parques, os jardins, as praças e os quarteirões fechadossão espaços privilegiados para o lazer.

CAPÍTULO IXDA ASSISTÊNCIA SOCIAL

Seção IDisposições Gerais

Art. 175- A assistência social será prestada a quem dela necessitar,independentemente de contribuição à seguridade social, e tem por objetivos:

I - a proteção à família, à maternidade, à infância, à adolescência e à velhice;

II-o amparo às crianças e adolescentes de rua, aos desempregados e aosdoentes;

III - a promoção da integração do mercado de trabalho;

IV - a reabilitação e habilitação do portador de deficiência, promovendo-lhe amelhoria da qualidade de vida e a integração na vida comunitária, inclusive por meio dacriação de oficinas de trabalho com vistas à sua formação profissional e automanutenção.

§ 1º - O Município estabelecerá plano de ações na área da assistência social,observados os seguintes princípios:

I - recursos financeiros consignados no orçamento municipal, além de outrasfontes;

II - coordenação, execução e acompanhamento a cargo do Poder Executivo;

III - participação da sociedade civil na formulação das políticas e no controle dasações em todos os níveis.

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§ 2º - O Município poderá firmar convênios com entidade beneficente e deassistência social para a execução do plano.

Seção IIDa Família, da Criança, do Adolescente, do Idoso e do Portador deDeficiência

Art. 176 - O Município, na formulação e na aplicação de suas políticas sociais,visará a dar à família condições para a realização de suas relevantes funções sociais.

Parágrafo único - Fundado nos princípios da dignidade da pessoa humana e dapaternidade e maternidade responsáveis, o planejamento familiar é livre decisão do casal,incumbindo ao Município, nos limites de sua competência, propiciar recursos educacionaise científicos para o exercício desse direito, vedada qualquer forma coercitiva por parte dasinstituições oficiais ou privadas.

Art. 177 - É dever da família, da sociedade e do Poder Público assegurar àcriança e ao adolescente, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação,à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade eà convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma denegligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão.

§ 1º - A garantia de absoluta prioridade compreende:

I - a primazia de receber proteção e socorro em quaisquer circunstâncias;

II - a precedência de atendimento em serviço de relevância pública ou em órgãopúblico;

III - a preferência na formulação e na execução das políticas sociais públicas;

IV - o aquinhoamento privilegiado de recursos públicos nas áreas relacionadascom a proteção à infância e à juventude, notadamente no tocante ao uso e abuso detóxicos, drogas afins e bebidas alcoólicas.

§ 2º - Será punido na forma da lei qualquer atentado do Poder Público, por açãoou omissão, aos direitos fundamentais da criança, do adolescente, do idoso e do portadorde deficiência.

Art. 178 - O Município, em conjunto com a sociedade, criará e manteráprogramas sócio-educativos e de assistência jurídica destinados ao atendimento de criançae adolescente privados das condições necessárias ao seu pleno desenvolvimento eincentivará os programas de iniciativa das comunidades, mediante apoio técnico efinanceiro, vinculado ao orçamento, de forma a garantir-se o completo atendimento dosdireitos constantes desta Lei Orgânica.

§ 1º - As ações do Município de proteção à infância e à adolescência serãoorganizadas na forma da lei, com base nas seguintes diretrizes:

I - desconcentração do atendimento;

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II - priorização dos vínculos familiares e comunitários como medida preferencialpara a integração social de crianças e adolescentes;

III - a participação da sociedade civil na formulação de políticas e programas,bem como no controle de sua execução.

§ 2º - Programas de defesa e vigilância dos direitos da criança e do adolescentepreverão:

I - estímulo e apoio à criação de centros de defesa dos direitos da criança e doadolescente, geridos pela sociedade civil;

II - criação de plantões de recebimento e encaminhamento de denúncias deviolência contra criança e adolescente;

III - implantação de serviços de advocacia da criança, atendimento eacompanhamento às vítimas de negligência, abuso, maus-tratos, exploração e tóxico.

§ 3º - O Município implantará e manterá, sem qualquer caráter repressivo ouobrigatório:

I - casas abertas, que ficarão à disposição das crianças e dos adolescentesdesassistidos;

II - quadros de educadores de rua, compostos por psicólogos, pedagogos,assistentes sociais, especialistas em atividades esportivas, artísticas e de expressãocorporal e dança, bem como por pessoas com reconhecida competência e sensibilidade notrabalho com crianças e adolescentes.

Art. 179 - O Município promoverá condições que assegurem amparo à pessoaidosa, no que respeite à sua dignidade e ao seu bem-estar.

§ 1º - O amparo ao idoso será, quando possível, exercido no próprio lar.

§ 2º - Para assegurar a integração do idoso na comunidade e na família, serãocriados centros diurnos de lazer e de amparo à velhice.

Art. 180 - O Município, isoladamente ou em cooperação, criará e manterá:

I - lavanderias públicas, prioritariamente nos bairros periféricos;

II - casas transitórias para mãe puérpura que não tiver moradia, nem condiçõesde cuidar de seu filho recém-nascido nos primeiros meses de vida;

III - casas especializadas para acolhimento da mulher e da criança vítimas deviolência no âmbito da família ou fora dele;

IV - centros de orientação jurídica à mulher formados por equipesmultidisciplinares;

V - centros de apoio e acolhimento à menina de rua que a considerem em suasespecificidades de mulher.

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Art. 181 - O Município garantirá ao portador de deficiência, nos termos da lei:

I - a participação na formulação de políticas para o setor;

II - o direito à informação, à comunicação, à educação, ao transporte e àsegurança, por meio, entre outros, da imprensa braile, da linguagem gestual, dasonorização de semáforo e da adequação dos meios de transporte;

III - programas de assistência integral para os excepcionais não-reabilitáveis;

IV - sistema especial de transporte para a freqüência às escolas e clínicasespecializadas, quando impossibilitado de usar o sistema de transporte comum, bem comopasse livre, extensivo, quando necessário, ao acompanhante.

§ 1º - O Poder Público estimulará o investimento de pessoas físicas e jurídicas naadaptação e na aquisição de equipamentos necessários ao exercício profissional dotrabalhador portador de deficiência, conforme dispuser a lei.

§ 2º - Os veículos de transporte coletivo deverão ser equipados com elevadoreshidráulicos e demais condições técnicas que permitam o acesso adequado ao portador dedeficiência.

§ 3º - O Poder Público implantará organismo executivo da política pública deapoio ao portador de deficiência.

CAPÍTULO XDAS POPULAÇÕES AFRO-BRASILEIRAS

Art. 182 - Cabe ao Poder Público, na área de sua competência, coibir a práticado racismo, crime inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de reclusão, nos termos daConstituição da República.

Parágrafo único- O dever do Poder Público compreende, entre outras medidas:

I - a criação e a divulgação, nos meios de comunicação públicos, ou nos privadosde cujos espaços se utilize a administração pública, de programas de valorização daparticipação do negro na formação histórica e cultural brasileira e de repressão a idéias epráticas racistas;

II - a inclusão, na propaganda institucional do Município, de modelos negros emproporção compatível com sua presença no conjunto da população municipal;

III - a reciclagem periódica dos servidores públicos, especialmente os de crechese escolas municipais, de modo a habilitá-los para o combate a idéias e práticas racistas;

IV - a punição ao agente público que violar a liberdade de expressão emanifestação das religiões afro-brasileiras;

V - a proibição de práticas, pelas unidades da administração pública municipal, decontrole demográfico e de esterilização de mulheres negras, salvo as necessárias à saúdedas pacientes;

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VI - a inclusão de conteúdo programático sobre a história da África e da culturaafro-brasileira no currículo das escolas públicas municipais;

VII- o cancelamento, mediante processo administrativo sumário, sem prejuízo deoutras sanções legais, de alvará de funcionamento de estabelecimento privado, franqueadoao público, que cometer ato de discriminação racial.

Art. 183 - É considerado data cívica e incluído no calendário oficial do Municípioo Dia da Consciência Negra, celebrado anualmente em vinte de novembro.

CAPÍTULO XIDA POLÍTICA URBANA

Seção IDisposições Gerais

Art. 184 - O pleno desenvolvimento das funções sociais da cidade, a garantia dobem-estar de sua população e o cumprimento da função social da propriedade, objetivos dapolítica urbana executada pelo Poder Público, serão assegurados mediante:

I - formulação e execução do planejamento urbano;

II - distribuição espacial adequada da população, das atividades sócio-econômicas, da infra-estrutura básica e dos equipamentos urbanos e comunitários;

III - integração e complementaridade das atividades urbanas e rurais, no âmbitoda região polarizada pelo Município;

IV - participação da sociedade civil no planejamento e no controle da execuçãode programas que lhe forem pertinentes.

Art. 185 - São instrumentos do planejamento urbano, entre outros:

I - plano diretor;

II - legislação de parcelamento, ocupação e uso do solo, de edificações e deposturas;

III - legislação financeira e tributária, especialmente o imposto predial e territorialprogressivo e a contribuição de melhoria;

IV - transferência do direito de construir;

V - parcelamento ou edificação compulsórios;

VI - concessão do direito real de uso;

VII - servidão administrativa;

VIII - tombamento;

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IX - desapropriação por interesse social, necessidade ou utilidade pública;

X - fundos destinados ao desenvolvimento urbano.

Art. 186 - Na promoção do desenvolvimento urbano, observar-se-á o seguinte:

I - ordenação do crescimento da cidade, prevenção e correção de suasdistorções;

II - contenção de excessiva concentração urbana;

III - indução à ocupação do solo urbano edificável ocioso ou subutilizado;

IV- parcelamento do solo e adensamento condicionados, adequadadisponibilidade de infra-estrutura e de equipamentos urbanos e comunitários;

V - urbanização, regularização e titulação das áreas ocupadas por população debaixa renda;

VI- proteção, preservação e recuperação do meio ambiente e do patrimôniohistórico, cultural, artístico e arqueológico;

VII - garantia do acesso adequado do portador de deficiência aos bens e serviçoscoletivos, aos logradouros e edifícios públicos, bem como a edificações destinadas ao usoindustrial, comercial e de serviços, e ao residencial multifamiliar;

VIII - ampliação das áreas reservadas a pedestres.

Art. 187 - O Município, sobre toda edificação cuja implantação resultar emcoeficiente de aproveitamento do terreno superior a índice estabelecido em lei, deveráreceber contrapartida correspondente à concessão do direito de criação do solo.

Parágrafo único - A contrapartida, que se dará em moeda corrente ou dação deimóvel, será utilizada segundo critérios definidos pelo plano diretor.

Seção IIDo Plano Diretor

Art. 188 - O plano diretor conterá:

I - exposição circunstanciada das condições econômicas, financeiras, sociais,ambientais, culturais e administrativas do Município;

II - objetivos estratégicos, fixados com vista à solução dos principais entraves aodesenvolvimento social;

III - diretrizes econômicas, financeiras, administrativas, sociais, de uso eocupação do solo e de preservação do patrimônio ambiental e cultural, visando a atingir osobjetivos estratégicos e as respectivas metas;

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IV - ordem de prioridades, abrangendo objetivos e diretrizes;

V - estimativa preliminar do montante de investimentos e dotações financeirasnecessários à implantação das diretrizes e à consecução dos seus objetivos, segundo aordem de prioridades estabelecida;

VI - cronograma físico-financeiro com previsão dos investimentos municipais.

Parágrafo único - Os orçamentos anuais, as diretrizes orçamentárias e o planoplurianual serão compatibilizados com as prioridades e metas estabelecidas no planodiretor.

Art. 189 - As diretrizes e metas do plano diretor devem estar ajustadas àsdefinidas para a Região Metropolitana de Belo Horizonte, especialmente no que se refereàs funções públicas de interesse comum metropolitano.

Art. 190 - O plano diretor definirá áreas especiais, tais como:

I - áreas de urbanização preferencial;

II - áreas de reurbanização;

III - áreas de urbanização restrita;

IV - áreas de regularização;

V - áreas destinadas à implantação de programas habitacionais;

VI - áreas de transferência do direito de construir;

VII - áreas de preservação ambiental.

§ 1º - Áreas de urbanização preferencial são as destinadas a:

I - aproveitamento adequado de terrenos não-edificados, subutilizados ou não-utilizados, observado o disposto no art. 182, § 4º, I, II e III, da Constituição da República;

II - implantação prioritária de equipamentos urbanos e comunitários;

III - adensamento de áreas edificadas;

IV - ordenamento e direcionamento da urbanização.

§ 2º - Áreas de reurbanização são as que, para a melhoria das condiçõesurbanas, poderão exigir novo parcelamento do solo, recuperação ou substituição deconstruções existentes ou novo zoneamento de uso e ocupação do solo.

§ 3º - Áreas de urbanização restrita são aquelas em que a ocupação serádesestimulada ou contida, em decorrência de:

I - necessidade de preservação de seus elementos naturais;

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II - vulnerabilidade a intempéries, calamidades e outras condições adversas;

III - necessidade de proteção ambiental e de preservação do patrimônio histórico,artístico, cultural, arqueológico e paisagístico;

IV - proteção dos mananciais, margens de rios e demais águas correntes edormentes;

V - manutenção do nível de ocupação da área;

VI - implantação e operação de equipamentos urbanos de grande porte, taiscomo terminais aéreos, rodoviários, ferroviários e autopistas.

§ 4º - Áreas de regularização são as ocupadas por população de baixa renda,sujeitas a critérios especiais de urbanização, bem como a implantação prioritária deequipamentos urbanos e comunitários.

§ 5º - Áreas de transferência do direito de construir são as passíveis deadensamento, observados os critérios estabelecidos na lei de parcelamento, ocupação euso do solo.

§ 6º - Áreas de preservação ambiental são as destinadas à preservaçãopermanente, em que a ocupação deve ser vedada, em razão de:

I - riscos geológicos, geotécnicos e geodinâmicos;

II - necessidade de conter, pela preservação da vegetação nativa, o desequilíbriono sistema de drenagem natural;

III - necessidade de garantir áreas para a preservação da diversidade dasespécies;

IV - necessidade de garantir áreas ao refúgio da fauna;

V - proteção às nascentes e cabeceiras de cursos d'água.

Art. 191 - A transferência do direito de construir poderá ser autorizada aoproprietário de imóvel considerado de interesse de preservação ambiental ou cultural, bemcomo ao proprietário de imóvel destinado à implantação de programa habitacional.

§ 1º - Na transferência do direito de construir, observar-se-á o índice deaproveitamento estabelecido pela Lei de Uso e Ocupação do Solo para o imóvel a que serefere o artigo, deduzida a parcela já utilizada do mesmo índice, limitando-se atransferência, no caso de imóvel destinado a programa habitacional, a cinqüenta por centodo saldo.25

25 § 1º com a redação determinada pela Emenda à Lei Orgânica nº 5, de 22/2/94)

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§ 2º - Os imóveis passíveis de recepção da transferência do direito de construirsão:26

I - os integrantes das áreas a que se refere o art. 190, § 5º;

II - os indicados em lei específica referente a projetos urbanísticos especiais;

III - os situados em torno do imóvel objeto da transferência, segundo critérios deproximidade a serem estabelecidos em lei.

§ 3º - Observar-se-á, como limite máximo de recepção da transferência do direitode construir, a área correspondente ao percentual de vinte por cento do índice deaproveitamento do terreno de recepção, excetuados os casos previstos em projetosurbanísticos especiais para os quais o limite será definido em lei específica. 27

§ 4º - Uma vez exercida a transferência do direito de construir, o índice deaproveitamento não poderá ser objeto de nova transferência.28

§ 5º- O disposto no artigo não se aplica ao imóvel cujo possuidor preencha ascondições para a aquisição da propriedade por meio de usucapião.29

Art. 192 - A operação do plano diretor dar-se-á mediante implantação de sistemade planejamento e informações, objetivando o controle das ações e diretrizes setoriais.

Parágrafo único - Além do disposto no art. 39, o Poder Executivo manterácadastro atualizado dos imóveis dos patrimônios estadual e federal, situados no Município.

CAPÍTULO XIIDO TRANSPORTE PÚBLICO E SISTEMA VIÁRIO

Art. 193- Incumbe ao Município, respeitadas as legislações federal e estadual,planejar, organizar, dirigir, coordenar, executar, delegar e controlar a prestação de serviçospúblicos relativos a transporte coletivo e individual de passageiros, tráfego, trânsito esistema viário municipal.

§ 1º - Os serviços a que se refere o artigo, incluído o de transporte escolar, serãoprestados diretamente ou mediante delegação, nos termos da lei.

§ 2º - À entidade da administração indireta, que será criada pelo Poder Público,caberão as atribuições, entre as referidas no artigo, fixadas em lei.

§ 3º - A exploração do serviço de transporte coletivo que o Poder Público sejalevado a exercer, por força de contingência ou conveniência administrativa, seráempreendida por entidade da administração indireta. 26 § 2º do art. 191 com a redação determinada pela Emenda à Lei Orgânica nº 5, de 22/2/94

27 § 3º do art. 191 com a redação determinada pela Emenda à Lei Orgânica nº 5, de 22/2/94

28 § 4º do art. 191 com a redação determinada pela Emenda à Lei Orgânica nº 5, de 22/2/94

29 § 5º com a redação determinada pela Emenda à Lei Orgânica nº 5, de 22/2/94

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§ 4º - A implantação e a conservação de infra-estrutura viária são de competênciade órgão ou entidade da administração pública, incumbindo-lhe a elaboração de programagerencial das obras respectivas.

Art. 194 - As diretrizes, objetivos e metas da administração pública nas atividadessetoriais de transporte coletivo serão estabelecidos em lei que instituir o plano plurianual, deforma compatível com a política de desenvolvimento urbano, definida no plano diretor doMunicípio, e com a de desenvolvimento metropolitano.

Art. 195 - A lei disporá sobre a organização, o funcionamento e a fiscalização dosserviços de transporte coletivo, escolar e de táxi, devendo fixar diretrizes de caracterizaçãoprecisa e proteção eficaz do interesse público e dos direitos dos usuários.

§ 1º - É assegurado o direito ao transporte coletivo a todos os habitantes doMunicípio, cabendo ao Poder Público tomar as medidas necessárias para garantir linharegular em todos os bairros, vilas e favelas.

§ 2º - É obrigatória a manutenção de linhas noturnas de transporte coletivo emtoda a área do Município.

§ 3º - O Poder Público promoverá permanente vistoria nas unidades de transportecoletivo, determinando a retirada de circulação dos veículos não-apropriados ao uso e suaimediata substituição.

§ 4º - O sistema de transporte coletivo fornecerá, para aquisição antecipada pelousuário, bilhete-transporte.

Art. 196 - O planejamento dos serviços de transporte coletivo deve ser feito comobservância dos seguintes princípios:

I - compatibilização entre transporte e uso do solo;

II - integração física, operacional e tarifária entre as diversas modalidades detransporte;

III - racionalização dos serviços;

IV - análise de alternativas mais eficientes ao sistema;

V - progressiva unificação das tarifas;

VI - participação da sociedade civil.

Parágrafo único - O Município, ao traçar as diretrizes de ordenamento dostransportes, estabelecerá metas prioritárias de circulação de coletivos urbanos, que terãopreferência em relação às demais modalidades de transporte.

Art. 197 - As tarifas de serviços de transporte coletivo, de táxi e deestacionamento público serão fixadas pelo Poder Executivo, conforme dispuser a lei.

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§ 1º - O Poder Executivo deverá proceder ao cálculo da remuneração do serviçode transporte de passageiros às empresas operadoras, com base em planilha de custos,contendo metodologia de cálculo, parâmetros e coeficientes técnicos em função daspeculiaridades do sistema de transporte urbano municipal.

§ 2º - As planilhas de custos serão atualizadas quando houver alteração no preçode componentes da estrutura de custos de transporte necessários à operação do serviço.

§ 3º - É assegurado a entidades representativas da sociedade civil, à Câmara e àDefensoria do Povo o acesso aos dados informadores da planilha de custos, a elementosda metodologia de cálculo, a parâmetros de coeficientes técnicos, bem como àsinformações relativas às fases de operação do sistema de transporte.

Art. 198 - O equilíbrio econômico-financeiro dos serviços de transporte coletivoserá assegurado por uma ou mais das seguintes condições, conforme dispuser a lei:

I - tarifa justa e sua revisão periódica;

II - subsídio aos serviços;

III - compensação entre a receita auferida e o custo total do sistema.

§ 1º - O cálculo das tarifas abrange o custo da produção do serviço definido pelaplanilha de custos e o custo de gerenciamento das delegações do serviço e do controle detráfego, levando-se em consideração a expansão do serviço, a manutenção de padrõesmínimos de conforto, segurança e rapidez e a justa remuneração dos investimentos.

§ 2º - A fixação de qualquer tipo de gratuidade no transporte coletivo urbano sópoderá ser feita mediante lei que indique a fonte de recursos para custeá-la.

Art. 199 - A permissão do serviço de táxi será feita, proporcionalmente,observada a seguinte ordem de preferência:

I - a motoristas profissionais autônomos e a suas cooperativas;

II - a pessoa jurídica.

Parágrafo único - É vedada mais de uma permissão a motorista profissionalautônomo.

Art. 200 - As vias integrantes dos itinerários das linhas de transporte coletivoterão prioridade para pavimentação e conservação.

Parágrafo único - O alargamento das ruas principais de penetração de favelas,necessário à viabilização da oferta de transporte coletivo, será compatível com a política dedesenvolvimento urbano.

Art. 201 - O Poder Executivo analisará solicitação de alteração no trânsito doMunicípio, podendo aprovar, negar ou embargar atos a seu critério, e dará ciência de suadecisão ao Poder Legislativo no prazo máximo de trinta dias.

Art. 202 - Em quarteirão fechado, o mobiliário urbano será disposto de forma afacilitar o trânsito eventual de veículos, especialmente em situação de emergência.

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Art. 203 - Nenhuma tecnologia nova no sistema de transporte coletivo poderá serimplantada no Município sem prévia autorização legislativa.

§ 1º - Consideram-se aprovados como tecnologia no sistema de transportecoletivo o ônibus e o metrô.

§ 2º - A Câmara poderá autorizar o Poder Executivo a delegar a exploração deserviço de transporte público de passageiros em nova tecnologia a órgão ou entidade daadministração pública federal, estadual ou intermunicipal, desde que o interesse público ojustifique.

§ 3º - A alocação de recursos para investimentos em pesquisa e nova tecnologiade transporte e tráfego será definida na lei que instituir o plano plurianual.

CAPÍTULO XIIIDA HABITAÇÃO

Art. 204- Compete ao Poder Público formular e executar política habitacionalvisando à ampliação da oferta de moradia destinada prioritariamente à população de baixarenda, bem como à melhoria das condições habitacionais.

§ 1º - Para os fins do artigo, o Poder Público atuará:

I - na oferta de habitações e de lotes urbanizados, integrados à malha urbanaexistente;

II - na definição das áreas especiais a que se refere o art. 190, V;

III - na implantação de programas para redução do custo de materiais deconstrução;

IV - no desenvolvimento de técnicas para barateamento final da construção;

V - no incentivo a cooperativas habitacionais;

VI - na regularização fundiária e na urbanização específica de favelas eloteamentos;

VII - na assessoria à população em matéria de usucapião urbano;

VIII- em conjunto com os municípios da Região Metropolitana, noestabelecimento de estratégia comum de atendimento de demanda regional, bem como naviabilização de formas consorciadas de investimento no setor.

§ 2º - A lei orçamentária anual destinará ao fundo de habitação popular recursosnecessários à implantação da política habitacional.

Art. 205 - O Poder Público poderá promover licitação para execução de conjuntoshabitacionais ou loteamentos com urbanização simplificada, assegurando:

I - a redução do preço final das unidades;

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II- a complementação pelo Poder Público da infra-estrutura não implantada;

III - a destinação exclusiva àqueles que não possuam outro imóvel.

Art. 206 - Na implantação de conjunto habitacional, incentivar-se-á a integraçãode atividades econômicas que promovam a geração de emprego para a populaçãoresidente.

Art. 207 - Na desapropriação de área habitacional decorrente de obra pública ouna desocupação de áreas de risco, o Poder Público é obrigado a promover reassentamentoda população desalojada, que será ouvida.

Art. 208 - Na implantação de conjuntos habitacionais com mais de trezentasunidades, é obrigatória a apresentação de relatório de impacto ambiental e econômico-social, e assegurada a sua discussão em audiência pública.

Art. 209 - A política habitacional do Município será executada por órgão ouentidade específicos da administração pública, a que compete a gerência do fundo dehabitação popular.

Art. 210 - O Município deverá discriminar e manter cadastro atualizado dehabitações em áreas de risco, efetuando trabalho permanente de prevenção e realocação.

CAPÍTULO XIVDO ABASTECIMENTO

Art. 211 - O Município, nos limites de sua competência e em cooperação com aUnião e o Estado, organizará o abastecimento, com vistas a melhorar as condições deacesso a alimentos pela população, especialmente a de baixo poder aquisitivo.

Parágrafo único - Para assegurar a efetividade do disposto no artigo, cabe aoPoder Público, entre outras medidas:

I - planejar e executar programas de abastecimento alimentar, de forma integradacom os programas especiais dos níveis federal, estadual, metropolitano e intermunicipal;

II - dimensionar a demanda, em qualidade, quantidade e valor de alimentosbásicos consumidos pelas famílias de baixa renda;

III - incentivar a melhoria do sistema de distribuição varejista;

IV - articular-se com órgão ou entidade executores da política agrícola nacional eregional, com vistas à distribuição de estoques governamentais prioritariamente aosprogramas de abastecimento popular;

V - implantar e ampliar os equipamentos de mercado atacadista e varejista, comogalpões comunitários, feiras cobertas e feiras livres, garantindo o acesso a eles deprodutores e de varejistas, por intermédio de suas entidades associativas;

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VI - incentivar a criação e a manutenção de granja, sítio e chácara destinados àprodução alimentar básica;

VII - planejar e executar programas de hortas comunitárias.

CAPÍTULO XVDA POLÍTICA RURAL

Art. 212 - O Município efetuará os estudos necessários ao conhecimento dascaracterísticas e das potencialidades de sua zona rural, visando a:

I - criar unidades de conservação ambiental;

II - preservar a cobertura vegetal de proteção das encostas, das nascentes e doscursos d'água;

III - propiciar refúgio à fauna;

IV - proteger e preservar os ecossistemas;

V - garantir a perpetuação de bancos genéticos;

VI - implantar projetos florestais;

VII - implantar parques naturais;

VIII - ampliar as atividades agrícolas.CAPÍTULO XVIDO TURISMO

Art. 213 - O Município, colaborando com os segmentos do setor, apoiará eincentivará o turismo como atividade econômica, reconhecendo-o como forma de promoçãoe desenvolvimento social e cultural.

Art. 214 - Cabe ao Município, observadas as legislações federal e estadual,definir a política municipal de turismo e as diretrizes e ações, devendo:

I - adotar, por meio de lei, plano integrado e permanente de desenvolvimento doturismo em seu território;

II - desenvolver efetiva infra-estrutura turística;

III - estimular e apoiar a produção artesanal local, as feiras, exposições, eventosturísticos e programas de orientação e divulgação de projetos municipais, bem comoelaborar o calendário de eventos;

IV - regulamentar o uso, ocupação e fruição de bens naturais e culturais deinteresse turístico, proteger o patrimônio ecológico e histórico-cultural e incentivar o turismosocial;

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V - promover a conscientização da população para preservação e difusão dosrecursos naturais e do turismo como atividade econômica e fator de desenvolvimento;

VI - incentivar a formação de pessoal especializado para o atendimento dasatividades turísticas.

TÍTULO VIIDISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 215 - Todo agente público, qualquer que seja sua categoria ou a natureza docargo, e o dirigente, a qualquer título, de entidade da administração indireta, obrigam-se, aoserem empossados e exonerados, ou demitidos, a declarar seus bens, sob pena denulidade, de pleno direito, do ato de posse.

Parágrafo único - Obrigam-se a declaração de bens, registrada em cartório detítulos e documentos, os ocupantes de cargos eletivos nos poderes Legislativo e Executivo,os secretários municipais e os dirigentes de entidades da administração indireta, no ato daposse e no término de seu exercício, sob pena de responsabilização.

Art. 216 - Quando a execução de função pública de interesse comum da RegiãoMetropolitana couber ao Município, na forma de lei complementar estadual, observar-se-á adistribuição de competências entre os poderes Legislativo e Executivo previstas nesta LeiOrgânica.

Art. 217 - Os órgãos e entidades da administração direta e indireta publicarãoanualmente, até o dia trinta de abril, relatório concernente aos cargos, empregos e funçõesde seus respectivos quadros que, no ano anterior, tiverem vagado ou sido providos.

Art. 218 - Ao servidor nomeado em virtude de concurso público e exoneradodurante o período de que trata o art. 60 é assegurado o direito a indenização calculada pelosomatório de um duodécimo de sua remuneração, por mês de efetivo exercício, e do valorde uma remuneração mensal, sem prejuízo de outros direitos previstos em lei.

Art. 219 - Além do previsto nos arts. 56 e 158, V, a lei que dispuser sobre oestatuto do pessoal do magistério público atribuirá, entre outros, os seguintes direitos aoprofissional de educação:

I - adicional de, no mínimo, dez por cento sobre o vencimento e gratificaçãoinerente ao exercício de cargo ou função, a cada período de cinco anos de efetivo exercício,o qual se incorpora ao valor do provento da aposentadoria;

II - pagamento por habilitação;

III - adicional por regência de turma, enquanto no efetivo desempenho dasatribuições específicas do cargo;

IV - recesso escolar;

V - período sabático, com duração de cento e vinte dias, a cada período de seteanos de efetivo exercício do magistério, para aprimoramento profissional devidamentecomprovado;

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VI - vencimento fixado a partir de valor que atenda às necessidades básicas doservidor e às de sua família, respeitado o critério de habilitação profissional;

VII - jornada de trabalho especial, nela computadas as lacunas existentes nohorário fixado;

VIII - liberação da regência de aulas em número equivalente a metade da cargahorária, para o exercente da função de coordenador de ensino a partir da 5ª série, escolhidoanualmente e pelos professores do mesmo conteúdo curricular e de conteúdos afins;

IX - liberdade de afixação e divulgação de materiais e temas de interesse dacategoria ou escola, nas salas destinadas aos servidores.

Parágrafo único - Para os fins do inciso II, o professor de 1ª a 4ª séries doprimeiro grau detentor de curso superior que o habilite para o magistério terá seuvencimento definido conforme o nível e a forma de cálculo do vencimento do professor de5ª a 8ª séries e do segundo grau, em jornada equivalente.30

Art. 220 - Compete ao Conselho Municipal de Defesa dos Direitos Humanospropagar os direitos e garantias fundamentais, assegurados na Declaração Universal dosDireitos do Homem e na Constituição da República, investigar-lhes as violações,encaminhar denúncias a quem de direito zelar para que sejam respeitados pelo PoderPúblico.

§ 1º - O Conselho será composto:

I-por representante da Comissão de Direitos Humanos da Câmara Municipal;

II - por um representante de cada entidade situada no Município e voltada,exclusivamente ou por meio de setor próprio, para a defesa desses direitos e garantias.

§ 2º - A participação no Conselho será gratuita.

Art. 221 - Comemorar-se-á, anualmente, em doze de dezembro, o Dia doMunicípio, como data cívica.

Art. 222 - Para os fins do art. 204, § 2º, fica mantido o fundo de habitaçãopopular, de que trata o Decreto nº 4.539, de 12 de setembro de 1983.

Art. 223 - Fica mantido o Fundo Municipal de Defesa Ambiental, instituído pelaLei nº 4.253, de 4 de dezembro de 1985, sendo-lhe destinados para despesas deinvestimentos, entre outros, recursos provenientes de:

I - participação do Município no resultado da exploração de recursos minerais emseu território, ou correspondente compensação financeira, prevista no art. 20, § 1º, daConstituição da República;

II - reembolso dos custos de serviços prestados pelo Poder Executivo nolicenciamento ambiental de atividades e obras;

30 Parágrafo único do art. 219 com a redação determinada pela Emenda à Lei Orgânica nº 3, de1º/12/92

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III - arrecadação de multas previstas na legislação ambiental.

Art. 224 - Ficam tombados para o fim de preservação e declarados monumentosnaturais, paisagísticos, artísticos ou históricos, sem prejuízo de outros que venham a sertombados pelo Município:31

I - o alinhamento montanhoso da Serra do Curral, compreendendo as áreas doTaquaril ao Jatobá;

II - as áreas de proteção dos mananciais;

III - os parques urbanos;

IV - o Jardim Zoológico;

V - a área do Aeroporto Carlos Prates;

VI - o conjunto arquitetônico e paisagístico da Igreja São José;

VII - o conjunto arquitetônico e paisagístico do Mosteiro Nossa Senhora dasGraças, na Vila Paris;

VIII - o conjunto paisagístico e as fachadas do prédio do Hospital Raul Soares;

IX - a mata da Baleia e as fachadas do prédio do Hospital Maria Ambrosina;

X - a mata e o conjunto arquitetônico do antigo seminário do campus da PontifíciaUniversidade Católica de Minas Gerais;

XI - a mata do campus da Universidade Federal de Minas Gerais;

XII - o Viaduto Floresta;

XIII - o edifício original do Colégio Arnaldo e seu terreno com testadas para asruas Ceará e Timbiras;

XIV - o conjunto arquitetônico original da Escola Estadual Governador MiltonCampos - Colégio Estadual Central;

XV - o Parque de Exposição da Gameleira;

XVI - o prédio e a área adjacente da Faculdade de Medicina da UniversidadeFederal de Minas Gerais;

XVII - as fachadas do prédio do Hospital Militar;

XVIII - as fachadas do conjunto de edificações da Indústria de Bebidas AntárcticaMinas Gerais S.A., situada na Av. Oiapoque, nº 78;

31 Art. 224 declarado inconstitucional pelo Tribunal de Justiça (ADIN 859, “Minas Gerais” de31/3/96)

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XIX - o edifício do Cine México, situado na Av. Oiapoque, nº 194;

XX - o conjunto arquitetônico original do Centro Mineiro de Promoções IsraelPinheiro - Minascentro, situado na Av. Augusto de Lima, nº 758;

XXI - o conjunto arquitetônico e paisagístico do reservatório d'água do Cruzeiro;

XXII - o Parque Florestal do Jatobá;

XXIII - O Jardim Botânico e o Museu de História Natural da Universidade Federalde Minas Gerais;

XXIV - o conjunto arquitetônico da Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas daUniversidade Federal de Minas Gerais e o quarteirão onde está localizado, nas interseçõesdas ruas Carangola, Primavera, Professor Magalhães Drumond e Desembargador Alfredode Albuquerque;

XXV - o prédio da Escola de Arquitetura da Universidade Federal de MinasGerais, localizado no quarteirão compreendido pelas interseções das ruas Gonçalves Dias,Paraíba, Cláudio Manoel e Rio Grande do Norte;

XXVI - o conjunto arquitetônico do Minas Tênis Clube I e o quarteirão onde estálocalizado, compreendido pelas interseções das ruas da Bahia, Antônio Albuquerque,Espírito Santo e Antônio Aleixo;

XXVII - o edifício sede da Prefeitura Municipal, situado na Av. Afonso Pena, nº1.212;

XXVIII - a estátua do Cristo Redentor, situada no Bairro Milionários;

XXIX - as edificações, com suas fachadas, do Conjunto Residencial SãoCristóvão (IAPI), situado entre as avenidas Presidente Antônio Carlos, José Bonifácio e aRua Araribá.32

Art. 225 - O Poder Público promoverá a implantação de ciclovias e bicicletárioscomo forma de incentivo e segurança dos ciclistas.

Art. 226 - É vedada nova localização de atividades concentradoras de tráfego,prejudiciais à função de circulação, em lotes lindeiros a vias arteriais, de acordo com oplano municipal de classificação viário.

Art. 227 - Os logradouros e estabelecimentos públicos municipais não poderãoser designados com nome de pessoa viva.

32 Inciso XXIX do art. 224 acrescentado por determinação da Emenda à Lei Orgânica nº 12, de12/3/96

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Art. 228 - A lei disporá sobre a organização, a composição, a competência e ofuncionamento de junta, com duplo grau de jurisdição, na estrutura do órgão central dosistema administrativo de saúde, relativamente aos processos administrativos decorrentesda fiscalização e da vigilância sanitária do Município.

Art. 229 - Estendem-se aos doentes mentais, no que couber, os direitosassegurados por esta Lei Orgânica ao portador de deficiência.

Art. 230 - Para exercer atividades auxiliares e complementares de prevenção deincêndio e de defesa civil, o Município poderá criar organizações de voluntários, cujaorientação e treinamento serão efetivados, de preferência, mediante convênio com oEstado.

Art. 231 - Esta Lei Orgânica terá vigência a partir de sua publicação.

ATO DAS DISPOSIÇÕES TRANSITÓRIAS

Art. 1º - Fica criada a autarquia Instituto Municipal de Previdência e AssistênciaSocial, com a incumbência prevista no art. 65 da Lei Orgânica.

§ 1º - À autarquia criada serão transferidos todo o ativo e passivo, pessoal,patrimônio, atribuições, verbas e saldos da Beneficência da Prefeitura Municipal de BeloHorizonte, que se extinguirá concomitantemente, na forma da lei.

§ 2º-O Poder Executivo promoverá, no prazo de cento e vinte dias dapromulgação da Lei Orgânica, a regulamentação da autarquia criada.

§ 3º-Os servidores públicos e agentes políticos municipais ficamcompulsoriamente filiados ao Instituto Municipal de Previdência e Assistência Social,ressalvados aqueles que, nesta data, sejam contribuintes da previdência social urbana, osquais poderão ser facultativamente filiados, na forma em que dispuser a lei.

Art. 2º - A autarquia municipal Hospital Municipal Odilon Behrens absorverá opessoal da área de saúde do quadro de servidores da Beneficência da Prefeitura Municipalde Belo Horizonte, após a regulamentação do Instituto Municipal de Previdência eAssistência Social.

Parágrafo único - O Hospital mencionado no artigo, na prestação direta dosserviços de saúde que lhe competirem, dará prioridade ao atendimento dos servidorespúblicos municipais.

Art. 3º - A contratação de novos leitos psiquiátricos só será permitida na medidada demanda e da plena utilização da atual capacidade pública instalada.

Art. 4º - O Município instituirá regime jurídico único e planos de carreira para osservidores dos órgãos da administração direta, das autarquias e das fundações públicas.

Parágrafo único - A lei instituidora de regime jurídico único dos servidorespúblicos municipais dependerá de voto da maioria dos membros da Câmara.

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Art. 5º - Fica assegurado ao servidor público municipal que tiver tempo de serviçoprestado antes de 13 de maio de 1967 o direito de computar esse tempo para efeito deaposentadoria, proporcionalmente ao número de anos de serviço a que estava sujeito, noregime anterior àquela data.

Art. 6º - Dentro de cento e oitenta dias da data da promulgação da Lei Orgânica,proceder-se-á à revisão dos direitos do servidor público municipal inativo e do pensionista eà atualização do provento ou pensão a eles devidos, a fim de ajustá-los ao disposto na LeiOrgânica.

Art. 7º - Enquanto não editada a lei prevista no art. 49 da Lei Orgânica, a revisãoda remuneração do servidor público se fará no mês de maio de cada ano.

Art. 8º - A administração pública municipal tem cento e oitenta dias para seadaptar às normas dos arts. 43, 47 e 48 da Lei Orgânica.

Art. 9º - Salvo disposição legal em contrário, os estabelecimentos municipais deensino observarão os seguintes limites na composição de suas turmas:

I - pré-escolar: até vinte alunos;

II - de 1ª e 2ª séries do primeiro grau: até vinte e cinco alunos;

III - de 3ª e 4ª séries do primeiro grau: até trinta alunos;

IV - de 5ª a 8ª séries do primeiro grau: até trinta e cinco alunos;

V - segundo grau: até quarenta alunos.

Art. 10 - O Município promoverá a ampliação, a recuperação e o aparelhamentodas unidades municipais de ensino, no prazo máximo de doze meses posteriores àpromulgação da Lei Orgânica.

Art. 11 - A elaboração do primeiro plano bienal de educação será iniciada emabril de 1990, e dela participarão entidades representativas dos profissionais municipais deensino, entidades representativas de pais e alunos e associações comunitárias sediadas noMunicípio.

Art. 12 - Comissão Paritária instalada no prazo máximo de trinta dias dapromulgação da Lei Orgânica, composta por representantes do Poder Executivo, do PoderLegislativo e de entidades representativas dos profissionais de educação, elaboraráanteprojeto de leis referentes ao estatuto do magistério e ao quadro de pessoal das escolasmunicipais, os quais serão enviados ao Prefeito no prazo máximo de cento e vinte dias,contados da instalação.

Parágrafo único - O Poder Executivo enviará os projetos de lei, elaborados combase nos anteprojetos mencionados, à apreciação da Câmara, no prazo máximo de trintadias, contados do recebimento das propostas.

Art. 13 - A primeira eleição para diretor e vice-diretor de estabelecimentomunicipal de ensino, após a vigência da Lei Orgânica, será realizada até março de 1991.

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Art. 14 - Será gradual a implantação da jornada de ensino de oito horas e dohorário integral, previstos nos inciso I e II do § 1º do art. 157 da Lei Orgânica.

§ 1º - A implantação prevista no artigo dar-se-á no primeiro período letivo após avigência da Lei Orgânica, em pelo menos dez por cento das escolas municipais de 1ª a 4ªséries de primeiro grau e das creches públicas.

§ 2º - Para efeito do disposto no parágrafo anterior, terão prioridade as escolas ecreches situadas em regiões carentes do Município.

Art. 15 - O Poder Executivo, dentro de noventa dias contados da promulgação daLei Orgânica, criará e instalará comissão, com a participação das entidades do setorcultural, para elaborar o plano de instalação de centros culturais a que se refere o art. 169da Lei Orgânica, o qual definirá, também, os critérios relativos aos acervos das bibliotecas.

Art. 16 - O organismo previsto no art. 181, § 3º, da Lei Orgânica será implantadono prazo de seis meses, contados da promulgação desta.

Art. 17 - A lei definirá a implantação progressiva, compatível com o sistema, dosequipamentos mencionados no art. 181, § 2º, da Lei Orgânica.

Art. 18 - Até que a rede pública possa absorver a demanda existente, o PoderPúblico poderá firmar convênios com instituições particulares para atendimento ao alunoexcepcional.

Art. 19 - Em caso de convênio com instituições particulares para atendimento aoaluno excepcional, a cessão de pessoal de magistério para o fim de orientaçãopsicopedagógica ao educando se dará com todos os direitos e vantagens do cargo, comose em exercício em unidade do sistema municipal de ensino.

Art. 20 - O Município obriga-se a fornecer apoio técnico, material e financeiro àscreches comunitárias conveniadas, até que possa assumir o atendimento em crechespúblicas.

Art. 21 - O Poder Executivo reavaliará todas as isenções, incentivos e benefíciosfiscais em vigor e proporá ao Poder Legislativo as medidas cabíveis.

Parágrafo único - Considerar-se-ão revogados, após seis meses contados dapromulgação da Lei Orgânica, as isenções, os incentivos e os benefícios fiscais que nãoforem confirmados por lei.

Art. 22 - Serão revistas pela Câmara, nos dezoito meses contados da data dapromulgação da Lei Orgânica, a doação, a venda, a permuta, a dação em pagamento e acessão, a qualquer título, de imóveis públicos realizadas de primeiro de janeiro de 1980 atéa mencionada data.

§ 1º - A revisão obedecerá aos critérios de legalidade e de conveniência aointeresse público e, comprovada a ilegalidade ou havendo interesse público, os bensreverterão ao patrimônio do Município.

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§ 2º - Verificadas a lesão ao patrimônio público e a impossibilidade de reversão, oPoder Executivo tomará as medidas judiciais cabíveis, visando ao ressarcimento dosprejuízos, sob pena de responsabilização.

§ 3º - Fica o Prefeito obrigado, nos primeiros seis meses do prazo referido noartigo, a remeter à Câmara todas as informações e documentos, bem como, a qualquertempo, colocar à sua disposição os recursos humanos, materiais e financeiros necessáriosao desempenho da tarefa, sob pena de responsabilização.

§ 4º - As despesas previstas para o trabalho de revisão serão consignadas nosorçamentos dos poderes Executivo e Legislativo.

Art. 23 - Ficam revogadas todas as concessões, permissões, cessões eautorizações de uso, assim como as locações, os arrendamentos e os comodatos de bemimóvel ou logradouro pertencentes ao patrimônio municipal, feitos a terceiros sem alicitação legalmente exigida, cabendo ao Poder Executivo promovê-la, se houver interessepúblico relevante.

Art. 24 - O Município elaborará, no prazo de seis meses da promulgação da LeiOrgânica, plano plurianual de proteção e controle ambiental, incluindo diagnóstico eprogramas pormenorizados de preservação, reabilitação e melhoria da qualidade do meioambiente.

Parágrafo único - O percentual mínimo de área verde por habitante, previsto noart. 155, V, da Lei Orgânica, deverá ser atingido no prazo máximo de cinco anos, sob penade responsabilização da autoridade competente.

Art. 25 - O plano diretor será aprovado no prazo de doze meses a contar dapromulgação da Lei Orgânica.

Parágrafo único - O sistema de planejamento e informações de que trata o art.192 da Lei Orgânica deverá estar implantado no prazo estabelecido neste artigo.

Art. 26 - O Município promoverá a descrição perimétrica das áreas indicadas noart. 224 da Lei Orgânica, no prazo de seis meses da promulgação desta.

Art. 27 - O Poder Público tem cento e oitenta dias para criar a entidade daadministração indireta a que se refere o art. 193, § 2º, da Lei Orgânica.

Art. 28 - A Superintendência de Desenvolvimento da Capital é a entidaderesponsável pelas atividades descritas no art. 193, § 4º, da Lei Orgânica, salvo se leidispuser em contrário.

Art. 29 - A lei disporá sobre a criação do Diário Oficial do Município.

Art. 30 - Ao ex-combatente que tenha efetivamente participado de operaçõesbélicas durante a Segunda Guerra Mundial, nos termos da Lei nº 5.315, de 12 de setembrode 1967, é assegurada prioridade na aquisição de casa própria, para o que não a possua,ou para sua viúva ou companheira.

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Art. 31 - Os poderes públicos municipais promoverão edição popular do textointegral da Lei Orgânica, a qual será distribuída aos munícipes por meio de escolas,sindicatos, associações e outras instituições representativas da comunidade.

Art. 32 - Este Ato terá vigência a partir de sua publicação.

Belo Horizonte, 21 de março de 1990.

Alencar M. da SilveiraJúnior

Amílcar Vianna Martins Filho Antônio Oscar Pinheiro

Antônio Thomaz da MattaMachado

Antônio Valentim Aristides Vieira

Arutana Cobério Terena Eli Diniz Eugênio Frederico M.Parizzi

Fernando Cabral Gonçalo de Abreu Barbosa Helena GrecoHenrique Higídio Braga Jayme Guimarães Ferreira João Batista de OliveiraJoão Bosco Senra Joaquim Valentim Gomes José Corrêa BrasilJosé Domingos Filho José Lincoln C. Magalhães José Lino Sousa BarrosJosé Maria da Luz José Raimundo Moreira Lucinda Rosa dos SantosMárcio Luiz da Silva Cunha Marco Antônio Menezes Mauro Matias de AlmeidaNeusa Aparecida dosSantos

Otimar Bicalho Patrus Ananias de Sousa

Renê Pessoa Coelho Júnior Roberto Vieira de Carvalho Roberto Salles BarbosaRogério Correia Sérgio Miranda M. Brito Sérgio Daltro Coutinho