lei nº 10.290 (1)

6
LEI Nº 10.290 De 24 de dezembro de 2008. Cria no Município o Programa Permanente de Gestão das Águas Superficiais (PGAS) da Bacia Hidrográfica do Rio Preto, e dá outras providências. Prefeito EDINHO ARAÚJO, do Município de São José do Rio Preto, Estado de São Paulo, usando das atribuições que lhe são conferidas por Lei; FAZ SABER que a Câmara Municipal aprovou e ele sanciona e promulga a seguinte Lei: Art. 1º - Fica criado no Município de São José do Rio Preto, com fundamento nas Leis Federais 6.766/79, 10.257/01 e 11.445/07 e nas Leis Estaduais 7.663/91 e 9.866/97, o Programa Permanente de Gestão das Águas Superficiais (PGAS) da Bacia Hidrográfica do Rio Preto nos termos da presente Lei. Art. 2º - O PGAS tem por objetivos: I - garantir água para o abastecimento urbano através da continuidade do aproveitamento e uso das águas do Rio Preto, dentro dos limites ambientais e hidrológicos que as condições climatológicas da região e as leis ambientais permitam; II - realizar obras e serviços de saneamento do solo e da água, que resultem em benefício para toda a população do município, através de ações compatíveis com a sustentabilidade ambiental a serem por estas obras viabilizadas; III - viabilizar a realização das melhorias de interesse da sociedade, visando o controle das cheias, de modo a minimizar situações de riscos ambientais, econômicos, sociais e humanos delas decorrentes, em função da situação atual e da tendência futura da ocupação do solo dessa bacia; e, IV - estabelecer as condições de monitoramento, de controle e de conservação ambiental dessa bacia que permitam o permanente acompanhamento desses objetivos. Art. 3º - A consecução dos objetivos do PGAS será garantido e realizado através da implementação de sucessivos Planos de Ação de Combate a Enchentes, que serão atualizados a cada quatro anos. Art. 4º - Os Planos de Ação de Combate a Enchentes serão elaborados atendendo aos seguintes requisitos quanto ao seu detalhamento: I - identificação de cada item proposto, com a respectiva descrição e localização da obra, atividade ou serviço previsto; II - descrição dos custos e prazos necessários para a execução de cada item proposto; 1

Upload: claudio-junior

Post on 24-Sep-2015

7 views

Category:

Documents


1 download

TRANSCRIPT

  • LEI N 10.290De 24 de dezembro de 2008.

    Cria no Municpio o Programa Permanente de Gesto das guas Superficiais (PGAS) da Bacia Hidrogrfica do Rio

    Preto, e d outras providncias.

    Prefeito EDINHO ARAJO, do Municpio de So Jos do Rio Preto, Estado de So Paulo, usando das atribuies que lhe so conferidas por Lei; FAZ SABER que a Cmara Municipal aprovou e ele sanciona e promulga a seguinte Lei:

    Art. 1 - Fica criado no Municpio de So Jos do Rio Preto, com fundamento nas Leis Federais 6.766/79, 10.257/01 e 11.445/07 e nas Leis Estaduais 7.663/91 e 9.866/97, o Programa Permanente de Gesto das guas Superficiais (PGAS) da Bacia Hidrogrfica do Rio Preto nos termos da presente Lei.

    Art. 2 - O PGAS tem por objetivos:

    I - garantir gua para o abastecimento urbano atravs da continuidade do aproveitamento e uso das guas do Rio Preto, dentro dos limites ambientais e hidrolgicos que as condies climatolgicas da regio e as leis ambientais permitam;

    II - realizar obras e servios de saneamento do solo e da gua, que resultem em benefcio para toda a populao do municpio, atravs de aes compatveis com a sustentabilidade ambiental a serem por estas obras viabilizadas;

    III - viabilizar a realizao das melhorias de interesse da sociedade, visando o controle das cheias, de modo a minimizar situaes de riscos ambientais, econmicos, sociais e humanos delas decorrentes, em funo da situao atual e da tendncia futura da ocupao do solo dessa bacia; e,

    IV - estabelecer as condies de monitoramento, de controle e de conservao ambiental dessa bacia que permitam o permanente acompanhamento desses objetivos.

    Art. 3 - A consecuo dos objetivos do PGAS ser garantido e realizado atravs da implementao de sucessivos Planos de Ao de Combate a Enchentes, que sero atualizados a cada quatro anos.

    Art. 4 - Os Planos de Ao de Combate a Enchentes sero elaborados atendendo aos seguintes requisitos quanto ao seu detalhamento:

    I - identificao de cada item proposto, com a respectiva descrio e localizao da obra, atividade ou servio previsto;

    II - descrio dos custos e prazos necessrios para a execuo de cada item proposto;

    1

  • III - previso e destinao de, no mnimo 4 % e no mximo 15 % dos recursos totais das obras, atividades ou servios previstos, em atividades de administrao, fiscalizao e monitoramento de informaes necessrias para a execuo e acompanhamento do respectivo Plano de Ao;

    IV - previso e destinao de, no mnimo 4 % e no mximo 8 % do custo total das obras, atividades ou servios previstos pelo plano de ao, para atividades de educao e de capacitao, visando garantir uma crescente capacidade de gesto, bem como a participao e engajamento da sociedade nos objetivos do PGAS.

    1 - O custo total do Plano de Ao ser a somatria dos custos que resultem, exclusivamente, dos incisos II, III e IV acima.

    2 A execuo do Plano de Ao estabelecido por esta Lei ser acompanhada e fiscalizada por um Ncleo Permanente de Gesto composto por um representante:

    I - da Secretaria Municipal de Agricultura e Abastecimento;II - da Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Urbanismo;III - da Secretaria Municipal de Planejamento e Gesto Estratgica;IV - da Secretaria Municipal de Obras;V - do Servio Municipal Autnomo de gua e Esgoto;VI - do Governo do Estado de So Paulo, atravs do DAEE;VII - da Associao dos Engenheiros, Arquitetos e Agrnomos de So Jos do Rio Preto;VIII - do SECOVI;IX - do SINDUSCON;X - das Faculdades de engenharia com fins civis e ambientais.

    Art. 5 - Toda edificao a ser aprovada pelo Poder Pblico Municipal, cuja superfcie impermevel resulte em rea superior a 100 (cem) metros quadrados, dever contemplar em seu projeto a construo de dispositivos de reteno/deteno das guas pluviais que retardem o escoamento destas para a rede pblica de drenagem, com previso de vazo mxima especfica igual a 13 (treze) litros por hora por metro quadrado (l/h.m2).

    1 - A vazo mxima de sada ser calculada multiplicando-se a vazo mxima especfica pela rea total do terreno no qual se insere a edificao.

    2 - Os dispositivos de reteno/deteno das guas pluviais devero atender s normas sanitrias vigentes e regulamentao tcnica especfica do rgo municipal responsvel pelo sistema de drenagem, podendo ser abertos ou fechados, com ou sem revestimento, dependendo da altura do lenol fretico no local, sendo sua capacidade calculada com base nas seguintes equaes:

    V = (102,55 + 6,335 x (Ai-10)) x At, para porcentagem de impermeabilizao da rea em at 40% (quarenta por cento) (Ai 40%)

    V = (292,60 + 6,938 x (Ai-40)) x At, para porcentagem de impermeabilizao da rea acima de 40% (quarenta por cento) (Ai > 40%)

    onde

    2

  • V = volume do(s) dispositivo(s) de reteno/deteno das guas pluviais em m;

    Ai = rea impermeabilizada (em porcentagem sobre a rea total do terreno);

    At = rea total do terreno em hectares (ha).

    3 - Dever ser instalado um sistema que conduza toda gua captada por telhados, coberturas, terraos e pavimentos descobertos ao(s) dispositivo(s) de reteno/deteno das guas pluviais, de modo que a gua precipitada no seja lanada diretamente para ruas e sarjetas.

    4 - A gua contida pelos dispositivos de reteno/deteno das guas pluviais dever infiltrar-se no solo, podendo ser despejada por gravidade ou atravs de bombas, na rede pblica de drenagem ou ser conduzida para outro(s) dispositivo(s) de reteno/deteno das guas pluviais para utilizao com finalidades no potveis, atendidas as normas sanitrias vigentes e as condies tcnicas especficas estabelecidas pelo rgo municipal responsvel pela Vigilncia Sanitria.

    5 - A localizao dos dispositivos de reteno/deteno das guas pluviais, bem como o clculo do seu volume, dever estar indicada nos projetos e sua implantao ser condio para a emisso do habite-se.

    6 - A obrigao prevista no pargrafo anterior persistir em caso de opo por conduo das guas pluviais para outro dispositivo de armazenamento, objetivando o reuso da gua para finalidades no potveis.

    7 - Para edificaes com rea impermevel inferior a 100 (cem) metros quadrados, de habitao unifamiliar ou no, a limitao de vazo referida no caput deste artigo poder ser desconsiderada a critrio da Secretaria Municipal de Obras.

    Art. 6 - Todo novo empreendimento que importe em parcelamento do solo urbano ou incorporao imobiliria dever prever na sua implantao o limite de vazo mxima especfica, disposto no artigo 5 desta Lei.

    1 O projeto e a construo dos dispositivos de reteno/deteno devero compor o projeto do empreendimento a ser aprovado de acordo com as diretrizes expedidas pelos rgos municipais competentes.

    2 - Excluem-se da obrigao prevista no artigo 5 desta Lei, as edificaes que vierem a ser individualmente aprovadas em empreendimentos aprovados na vigncia desta Lei e que contemplem sistemas de reteno/deteno.

    Art. 7 - A manuteno das condies naturais da rea onde ser implantado o empreendimento dever ser demonstrada atravs de estudo hidrolgico especfico.

    1 - Quando a rea for menor que 100 (cem) hectares os volumes necessrios dos dispositivos de reteno/deteno sero determinados nos termos do 2 do artigo 5.

    3

  • 2 - Para o clculo do volume necessrio para reas superiores a 100 (cem) hectares deve ser realizado estudo hidrolgico especfico, com precipitao de projeto com probabilidade de 1 (uma) em 10 (dez) vezes em qualquer ano.

    3 - Nos parcelamentos de solo urbano ou incorporaes sero consideradas reas impermeveis todas as superfcies que no permitam a infiltrao da gua para o subsolo em condies naturais do terreno.

    4 - Pavimentos permeveis podero ser considerados como reas permeveis, desde que atendido o previsto no 2 do artigo 5.

    Art. 8 - Fica vedada qualquer impermeabilizao adicional de superfcie depois da aprovao do projeto de drenagem urbana da edificao ou empreendimento, sujeitando-se o infrator a multa de 1 (uma) UFM ao ms por metro quadrado adicional de impermeabilizao, sem prejuzo da obrigao de regularizao do fato gerador da multa.

    1 - A impermeabilizao poder ser realizada se houver reteno/deteno do volume adicional gerado que ser calculado como sendo 65,5 (sessenta e cinco e meio) litros por metro quadrado de rea impermeabilizada adicional.

    2 - Sanada a irregularidade cessar a aplicao da multa prevista no caput deste artigo.

    Art. 9 - Est vedada edificao sobre trecho do sistema pblico de drenagem pluvial, mesmo em propriedade privada, sujeitando-se o infrator a multa de 1 (uma) UFM ao ms por metro quadrado de cobertura, sem prejuzo da obrigao de regularizao do fato gerador da multa.

    Pargrafo nico - Sanada a irregularidade cessar a aplicao da multa prevista no caput deste artigo.

    Art. 10 - Para novo parcelamento do solo dever ser preservada a faixa de domnio dos crregos urbanos, de acordo com o Cdigo Florestal.

    Pargrafo nico - A rea correspondente a faixa de preservao permanente (APP) somente poder ser includa no percentual de rea pblica se na referida faixa for implementado um parque linear de acordo com as diretrizes dos rgos pblicos competentes.

    DO REUSO

    Art. 11 - Sempre que houver reuso das guas pluviais para finalidade no potveis, inclusive quando destinado a lavagem de veculos ou reas externas, devero ser atendidas as normas sanitrias vigentes e as condies tcnicas especficas estabelecidas pelo rgo municipal responsvel pela Vigilncia Sanitria visando:

    I evitar o consumo indevido, definindo sinalizao de alerta padronizada a ser colocada em local visvel junto ao ponto de gua no potvel e determinando os tipos de utilizao admitidos para a gua no potvel;

    4

  • II garantir padres de qualidade de gua apropriados ao tipo de utilizao previsto, definindo os dispositivos, processos e tratamentos necessrios para a manuteno desta qualidade;

    III impedir a contaminao do sistema predial destinado a gua potvel proveniente da rede pblica, sendo terminantemente vedada qualquer comunicao entre este sistema e o sistema predial destinado a gua no potvel.

    DAS DISPOSIES GERAIS

    Art. 12 - Os locais descobertos para estacionamento ou guarda de veculos para fins comerciais devero ter trinta por cento de sua rea com piso drenante ou com rea naturalmente permevel.

    Art. 13 - Nas reformas ser exigido dispositivo de reteno/deteno das guas pluviais quando a rea impermeabilizada acrescida e adicionada existente, for igual ou superior a 150 (cento e cinqenta) metros quadrados, sendo o dispositivo calculado em relao rea impermeabilizada total.

    Art. 14 vedada a destinao das guas pluviais das reas impermeabilizadas, cobertas ou no, ao sistema pblico de esgoto sanitrio.

    Art. 15 - Nos casos enquadrados nesta Lei, por ocasio do pedido de alvar de construo ou reforma, dever ser apresentada a Anotao de Responsabilidade Tcnica (ART) pelo profissional responsvel pela execuo da obra e declarao assinada pelo proprietrio, de que a edificao atende esta Lei.

    Art. 16 Os equipamentos de reteno/deteno nos projetos de loteamentos fechados ou sob sistema de condomnio, previstos na Lei n 5.138/92, devero estar contemplados dentro dos limites da rea do imvel em que se realizar o empreendimento, independentemente da projeo do fechamento do mesmo, vedada a sua incluso nas reas reservadas voluntariamente ou por fora de lei, pelo empreendedor.

    1 - As reas destinadas aos equipamentos de reteno/deteno no se incluem nos percentuais previstos na Lei n 5.138/92.

    2 - A manuteno dos equipamentos de reteno/deteno ser de responsabilidade da associao de moradores, nos casos de loteamentos fechados ou do condomnio no caso de constituio do empreendimento sob esta forma.

    Art. 17 Esta Lei entra em vigor na data de sua publicao.

    Cmara Municipal de So Jos do Rio Preto, 19 de dezembro de 2008.

    Ver. ADNEY SECCHESPresidente da Cmara

    5

  • Projeto de Lei n 189/08Aprovado em 18/12/08, na 9 Sesso Extraordinria Registrado e publicado na Diretoria Legislativa da Cmara em 19/12/08

    Joo Batista da Silva Diretor Geral

    Autor da propositura:Poder Executivo

    ebg/

    6

    Presidente da Cmara Projeto de Lei n 189/08Aprovado em 18/12/08, na 9 Sesso Extraordinria Registrado e publicado na Diretoria Legislativa da Cmara em 19/12/08Joo Batista da Silva