lei geral da microempresa e empresa de pequeno porte

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Lei Geral da Microempresa e Empresa de Pequeno Porte Comentário de José Carlos Amaro – Jundiaí, SP Alguns aspectos de natureza tributária com relação a inscrição municipal e ao Imposto Sobre Serviços – ISS. Como a aprovação e a sanção da Lei são inevitáveis, resta-nos apenas adequar a ela. Objetivos da Lei: 1) Redução da informalidade através da redução da carga tributária; 2) Centralização da arrecadação: a) Documento único de recolhimento; b) Imposto único calculado com base na Receita Bruta. 3) Padronização de: a) Entrada única de dados cadastrais e de documentos; b) Documentos fiscais (notas fiscais); c) Declaração eletrônica de serviços prestados e tomados; d) Fiscalização tributária através de normas expedidas pelo Comitê Gestor. Da inscrição e da baixa: Unicidade do processo: os órgãos e entidades envolvidos na abertura e fechamento de empresas, nos três níveis de governo, deverão considerar a unicidade do processo de registro de empresas, de modo a articular as competências próprias com aquelas dos demais membros e buscar, em conjunto, compatibilizar e integrar procedimentos, com o objetivo de evitar a duplicidade de exigências e garantir a linearidade do processo, da perspectiva do usuário. Pesquisas prévias às etapas de registro: a Prefeitura e a Junta Comercial deverão manter à disposição dos usuários, de forma presencial e pela rede mundial de computadores, informações, orientações e instrumentos que permitam pesquisas prévias às etapas de registro, de modo a permitir ao usuário certeza quanto à documentação exigível e quanto à viabilidade do registro ou inscrição. Deve ter, portanto, o usuário: Prefeitura: Quanto a possibilidade de exercício da atividade desejada no local escolhido e todos os requisitos a serem cumpridos para a obtenção da licença de autorização para funcionamento, segundo a atividade pretendida, o porte, o grau de risco e a localização; Junta Comercial: Quanto a possibilidade de uso do nome empresarial da empresa. Demais órgãos envolvidos: a) A Receita Federal – Liberação do CNPJ; b) SEFAZ – Liberação da Inscrição Estadual (quando necessária). Após essas etapas a Prefeitura emitirá o Alvará de Funcionamento Provisório, que permitirá o inicio imediato das operações do estabelecimento. Não será adotado esse procedimento nos

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Lei Geral da Microempresa e Empresa de Pequeno Porte

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Page 1: Lei Geral Da Microempresa e Empresa de Pequeno Porte

Lei Geral da Microempresa e Empresa de Pequeno Porte

Comentário de José Carlos Amaro – Jundiaí, SP

Alguns aspectos de natureza tributária com relação a inscrição municipal e ao Imposto Sobre

Serviços – ISS.

Como a aprovação e a sanção da Lei são inevitáveis, resta-nos apenas adequar a ela.

Objetivos da Lei:

1) Redução da informalidade através da redução da carga tributária;

2) Centralização da arrecadação:

a) Documento único de recolhimento;

b) Imposto único calculado com base na Receita Bruta.

3) Padronização de:

a) Entrada única de dados cadastrais e de documentos;

b) Documentos fiscais (notas fiscais);

c) Declaração eletrônica de serviços prestados e tomados;

d) Fiscalização tributária através de normas expedidas pelo Comitê Gestor.

Da inscrição e da baixa:

Unicidade do processo: os órgãos e entidades envolvidos na abertura e fechamento de

empresas, nos três níveis de governo, deverão considerar a unicidade do processo de registro de

empresas, de modo a articular as competências próprias com aquelas dos demais membros e

buscar, em conjunto, compatibilizar e integrar procedimentos, com o objetivo de evitar a

duplicidade de exigências e garantir a linearidade do processo, da perspectiva do usuário.

Pesquisas prévias às etapas de registro: a Prefeitura e a Junta Comercial deverão manter à

disposição dos usuários, de forma presencial e pela rede mundial de computadores, informações,

orientações e instrumentos que permitam pesquisas prévias às etapas de registro, de modo a

permitir ao usuário certeza quanto à documentação exigível e quanto à viabilidade do registro ou

inscrição.

Deve ter, portanto, o usuário:

Prefeitura: Quanto a possibilidade de exercício da atividade desejada no local escolhido e todos

os requisitos a serem cumpridos para a obtenção da licença de autorização para funcionamento,

segundo a atividade pretendida, o porte, o grau de risco e a localização;

Junta Comercial: Quanto a possibilidade de uso do nome empresarial da empresa.

Demais órgãos envolvidos:

a) A Receita Federal – Liberação do CNPJ;

b) SEFAZ – Liberação da Inscrição Estadual (quando necessária).

Após essas etapas a Prefeitura emitirá o Alvará de Funcionamento Provisório, que permitirá o

inicio imediato das operações do estabelecimento. Não será adotado esse procedimento nos

Page 2: Lei Geral Da Microempresa e Empresa de Pequeno Porte

casos em que o grau de risco da atividade seja considerado alto, casos em que os órgãos

técnicos irão se manifestar (ambiental, sanitário, segurança, etc.).

Entrada única de dados cadastrais e de documentos: Assegura às empresas entrada única

de dados cadastrais e de documentos, resguardada a independência das bases de dados e

observada a necessidade de informações por parte dos órgãos e entidades que a integrem.

Fica vedada a instituição de qualquer tipo de exigência de natureza documental ou formal,

restrita ou condicionante, pelos órgãos envolvidos na abertura e fechamento de empresas, dos

três níveis de governo, que exceda o estrito limite dos requisitos pertinentes à essência do ato

de registro, a alteração ou baixa da empresa.

Baixa: As ME/EPP sem movimento a mais de 3 anos poderão dar baixa, independente de

pagamento de débitos pelo atraso da entrega das declarações e os órgão envolvidos terão o

prazo de 60 dias para efetivar a baixa.

Reflexos no ISSQN:

O recolhimento mensal, em documento único, abrange os seguintes tributos:

1 – Imposto de Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ);

2 – Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI);

3 – Contribuição sobre o Lucro Líquido (CSLL);

4 – Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (COFINS);

5 – Contribuição para os Programas de Integração Social e de Formação do Patrimônio do

Servidor Púbico (PIS/Pasep);

6 – Contribuição para a Seguridade Social, a cargo da pessoa jurídica, incidente sobre a folha de

salários (exceto para as pessoas jurídicas prestadoras de serviços especificados nos incisos XIII

a XXVIII do § 1º do art. 17 do Projeto);

7 – Imposto sobre Operações relativas à Circulação de Mercadorias e sobre Prestação de

Serviços de Transporte Interestadual e de Comunicação (ICMS);

8 – Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISS).

Considera Microempresa as que possuem receita bruta anual menor ou igual de R$ 240 mil;

Considera Empresa de Pequeno Porte as que possuem receita Bruta anual igual ou menor que R

2.4 milhões.

Obrigação Acessória:

a) As ME/EPP deverão apresentar declaração anual única e simplificada de informações

socioeconômicas e fiscais à Secretaria da Receita Federal (SRF), que as franqueará aos demais

órgãos de fiscalização tributária diretamente interessados.

b) Declaração eletrônica que deve conter os dados referentes aos serviços prestados ou tomados

de terceiros, conforme modelo aprovado pelo Comitê Gestor;

c) Emissão de nota fiscal de serviço de acordo com as instruções expedidas pelo Comitê Gestor.

Page 3: Lei Geral Da Microempresa e Empresa de Pequeno Porte

Recolhimento dos tributos devidos:

a) Será por meio de documento único de arrecadação, instituído pelo Comitê Gestor e deverão

destacar as receitas de acordo com a sua natureza;

b) As alíquotas do ISS variam de 2% a 5% de acordo com a faixa de Receita Bruta.

c) Restituição ou compensação de valores recolhidos indevidamente, caberá ao Comitê Gestor

regulamentar o modo pelo qual será solicitado;

d) Nos casos de retenção pelo tomador, o imposto deve ser recolhido de acordo com a legislação

do município onde estiver localizado o tomador;

e) No caso de retenção na fonte, o imposto retido será definitivo e deverá ser deduzida a parcela

do imposto calculado com base na Receita Bruta, não sendo o montante recolhido objeto de

partilha com os municípios.

f) No caso de filiais, o recolhimento será efetuado pela Matriz (centralização).

Comentários sobre as letras (d) (e) (f):

(Letra d): Nos casos de Substituição Tributária e Retenção na Fonte, teremos problemas, visto

que o ISS deverá ser retido pelo tomador pela alíquota estabelecida na legislação municipal,

sem levar em conta a alíquota estabelecida pela faixa de faturamento, Por ex. alíquota do

município 5%, alíquota pela faixa de faturamento 2%. Também haverá problemas quanto às

deduções da base de cálculo, como por exemplo, construção civil. Nesses casos, o Comitê Gestor

estabelecerá o modo pelo qual será solicitado o pedido de restituição ou compensação dos

valores recolhidos indevidamente.

(Letra e): No caso de retenção do imposto pelo tomador, ele obedecerá a alíquota do imposto

de acordo com a legislação do município onde ele (tomador) estiver estabelecido. Logo, se pela

faixa de faturamento a microempresa e a empresa de pequeno porte estiver enquadrada em

uma alíquota menor, ela terá o direito de deduzir esse o imposto retido a maior do valor a ser

recolhido. Também se aplica nos casos de construção civil. Nesse caso, o Comitê Gestor regulará

o modo pelo qual será solicitado o pedido de restituição ou compensação.

(Letra f): Recolhimento pela Matriz dos tributos devido pelas Filiais. Os Municípios onde estão

estabelecida as Filiais terão direito de reivindicar o imposto das Filiais estabelecidas no território

desses Municípios.

Para esses casos, entendo que deveremos criar uma espécie de Câmara de

Compensação: a) Contribuinte (retenção e base de cálculo); b) Intermunicipal (local

da incidência).

Fiscalização: A competência para fiscalizar o ISS será também do município, podendo,

mediante convênio com a Secretaria da Fazenda do Estado, atribuir ao município a fiscalização

do ICMS.

Os procedimentos de fiscalização serão disciplinados pelo Comitê Gestor.

Processo Administrativo Fiscal: Para o processo administrativo fiscal relativo ao Simples

Nacional, o contencioso administrativo irá se processar no órgão julgador do ente federativo que

efetuar o lançamento ou exclusão de ofício, observando os dispositivos legais relativos ao

Page 4: Lei Geral Da Microempresa e Empresa de Pequeno Porte

processo desse ente. Essa atribuição poderá ser transferida pelo Município ao Estado em que se

situa, mediante convênio.

As consultas relativas ao Simples Nacional serão solucionadas pela SRF, exceto quando se

refiram aos tributos da competência estadual ou municipal.

Alguns pontos que entendemos ser de relevante importância para a Administração

Tributária do Município:

a) Necessidade de realizar um RECADASTRAMENTO das empresas, para fins de enquadramento

no novo sistema, uma vez que o mesmo traz algumas vedações ao ingresso no Sistema

Nacional;

b) Instituição de Sistema de Consulta Prévia e Orientativa para as empresas que pretendem

inscrever-se como Microempresa ou Empresa de Pequeno Porte, quanto a possibilidade de

exercício da atividade desejada no local escolhido e todos os requisitos a serem cumpridos para

obtenção da licença de autorização para funcionamento, segundo a atividade pretendida, o

porte, o grau de risco e a localização.

c) Instituição de Declaração Mensal de Serviços (Prestador x Tomador) mensalmente, para

acompanhamento dos valores retidos e recolhidos, nos moldes do modelo a ser instituído pelo

Comitê Gestor; (§ 5º, artigo 26).

d) Implementar rotinas de fiscalização no sentido de acompanhar as MP/EPP que estão sem

movimento, ou deixarem de entregar a DMS, para que as mesmas tenham o direito de solicitar

baixa na inscrição. (artigo 78).

Criação da Câmara de Compensação (deverá ser regulado pelo Comitê Gestor):

Contribuintes / Tomadores:

a) – Redução da base de Cálculo (Construção Civil), pois o recolhimento passa a ser com

base na Receita Bruta, sem considerar as deduções legais;

b) – Diferença de alíquotas (Retenção), pois o imposto será calculado com base na alíquota

do município onde está localizado o tomador, não levando em conta a faixa de receita

bruta do prestador (MP/EPP).

Municípios – Local de recolhimento – exceções estabelecidas na Lei Complementar nº 116/03 –

Recolhimento no local onde a Matriz está estabelecida, não levando em conta o município onde o

serviço foi prestado – Imposto devido no local da prestação.

No projeto, a lei deve entrar em vigor a partir de 01 de julho de 2007 e os municípios terão o

prazo de 1 ano para assegurar tratamento simplificado e diferenciado.

José Carlos da Costa Amaro

Jundiaí