legião de maria

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A LEGIÃO DE MARIA É CRISTOCENTRISMO PURO por FRANK DUFF, Fundador da Legião de Maria. Tradução da Revista Legião de Maria, Portugal, abril-junho de 1966, páginas 1 a 9. Dir-se-ia que hoje em dia a Legião entrou naquilo que era seu. Depois de vaguear cerca de 40 anos no deserto, como os Israelitas, é reconhecida presentemente por toda a parte. Suponho que todos leram a carta papal que nos foi dirigida e que é um sinal deste universal reconhecimento. Quem não tem a experiência das comunicações do Vaticano poderá tomá-la como natural. Mas aqueles que tiveram quaisquer relações com este augustíssimo organismo sabem que raramente escrevem um documento deste tom. A aprovação ali outorgada é completa. Não contentes com uma aprovação geral, tomam cada pormenor da Legião e recomendam-no fortemente. As palavras mais agradáveis em toda a carta são, talvez, as desta frase, que poderíamos passar por alto: “O Santo Padre sente-se ditoso em confiar neste espírito da Legião”. São palavras esmagadoras. Mas significam o que dizem. O Papa vê na Legião um grande exército em que pode confiar neste tempo de crise. CRÍTICAS VIOLENTAS Mas nem tudo o que nos chega são louvores. Recentemente houve uma explosão violenta de crítica contra a Legião. Estes adversários não devem surpreender-nos. Os seus ataques devem ser encarados cristãmente. Caracterizaram já a vida do mesmo Jesus Cristo. Se esperamos o triunfo, devemos estar prontos para a contradição que com ele está misturada. O Manual insere esta idéia numa pequenina frase: “Não podemos selecionar em Cristo.” Em princípio, a oposição deve cair sobre o homem e a sociedade que alinham intransigentemente com Cristo. Não podemos fugir ao impacto desta lei. Se alguém lhe escapa, é mau sinal; há qualquer coisa que vai mal. A Legião tem tentado este alinhamento com Nosso Senhor; tem procurado identificar-se com Ele em cada um dos aspectos imagináveis. Esta é a verdadeira chave da Legião e, no entanto, pessoas demais falham redondamente em discerni-la. É a velha história daqueles que não são capazes de ver a madeira por causa das árvores e negam a existência da madeira. QUE É REALMENTE O CRISTOCENTRISMO Explico-me. É intrigante deparar contantemente com uma acusação apontada contra a Legião. Alega-se que não é Cristocêntrica. A palavra tem um som imponente. Usa-se como palavra de prestidigitador ou como o encantamento mágico nas histórias de fadas. A simples menção da palavra Cristocêntrica prova, para uns tantos, que a Legião não tem razão. Preferiria pois discutir a palavra convosco. Significa ela que a nossa religião tem Cristo como centro. Evidentemente isto é verdade, é a essência da verdade, pois somos cristãos. Mas, por mais incrível que pareça, as pessoas que continuam a atirar esta palavra contra a Legião, como uma condenação, mostram que não entenderam devidamente o seu significado. Prendendo-se demasiado à imagem natural do círculo e do seu centro, obscureceram em seus espíritos a verdadeira idéia. O Cristocentrismo não está em apontar para Cristo, mas sim em viver n'Ele e irradiá-l'O depois para fora. Além disso, a maior parte das vezes, tais pessoas usam o termo num sentido desaprovativo da nossa devoção a Maria. Sem disso terem consciência, confessam-se minimizantes de Nossa Senhora e ao mesmo tempo ignorantes do correto significado do termo Cristocentrismo. A LEGIÃO DE MARIA É CRISTOCÊNTRICA É esta uma afirmação importante. Vou procurar justificá-la e mostrar que longe de ficar aquém no Cristocentrismo, a Legião de Maria é de fato a organização Cristocêntrica por excelência,

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Tradução da Revista Legião de Maria, Portugal, abril-junho de 1966, páginas 1 a 9.

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  • A LEGIO DE MARIA CRISTOCENTRISMO PURO

    por FRANK DUFF, Fundador da Legio de Maria.

    Traduo da Revista Legio de Maria, Portugal, abril-junho de 1966, pginas 1 a 9.

    Dir-se-ia que hoje em dia a Legio entrou naquilo que era seu. Depois de vaguear cerca de 40 anos no deserto, como os Israelitas, reconhecida presentemente por toda a parte.

    Suponho que todos leram a carta papal que nos foi dirigida e que um sinal deste universal reconhecimento. Quem no tem a experincia das comunicaes do Vaticano poder tom-la como natural. Mas aqueles que tiveram quaisquer relaes com este augustssimo organismo sabem que raramente escrevem um documento deste tom.

    A aprovao ali outorgada completa. No contentes com uma aprovao geral, tomam cada pormenor da Legio e recomendam-no fortemente. As palavras mais agradveis em toda a carta so, talvez, as desta frase, que poderamos passar por alto: O Santo Padre sente-se ditoso em confiar neste esprito da Legio. So palavras esmagadoras. Mas significam o que dizem. O Papa v na Legio um grande exrcito em que pode confiar neste tempo de crise.

    CRTICAS VIOLENTAS

    Mas nem tudo o que nos chega so louvores. Recentemente houve uma exploso violenta de crtica contra a Legio. Estes adversrios no devem surpreender-nos. Os seus ataques devem ser encarados cristmente. Caracterizaram j a vida do mesmo Jesus Cristo. Se esperamos o triunfo, devemos estar prontos para a contradio que com ele est misturada. O Manual insere esta idia numa pequenina frase: No podemos selecionar em Cristo. Em princpio, a oposio deve cair sobre o homem e a sociedade que alinham intransigentemente com Cristo. No podemos fugir ao impacto desta lei. Se algum lhe escapa, mau sinal; h qualquer coisa que vai mal. A Legio tem tentado este alinhamento com Nosso Senhor; tem procurado identificar-se com Ele em cada um dos aspectos imaginveis. Esta a verdadeira chave da Legio e, no entanto, pessoas demais falham redondamente em discerni-la. a velha histria daqueles que no so capazes de ver a madeira por causa das rvores e negam a existncia da madeira.

    QUE REALMENTE O CRISTOCENTRISMO

    Explico-me. intrigante deparar contantemente com uma acusao apontada contra a Legio. Alega-se que no Cristocntrica. A palavra tem um som imponente. Usa-se como palavra de prestidigitador ou como o encantamento mgico nas histrias de fadas. A simples meno da palavra Cristocntrica prova, para uns tantos, que a Legio no tem razo. Preferiria pois discutir a palavra convosco. Significa ela que a nossa religio tem Cristo como centro. Evidentemente isto verdade, a essncia da verdade, pois somos cristos. Mas, por mais incrvel que parea, as pessoas que continuam a atirar esta palavra contra a Legio, como uma condenao, mostram que no entenderam devidamente o seu significado. Prendendo-se demasiado imagem natural do crculo e do seu centro, obscureceram em seus espritos a verdadeira idia. O Cristocentrismo no est em apontar para Cristo, mas sim em viver n'Ele e irradi-l'O depois para fora.

    Alm disso, a maior parte das vezes, tais pessoas usam o termo num sentido desaprovativo da nossa devoo a Maria. Sem disso terem conscincia, confessam-se minimizantes de Nossa Senhora e ao mesmo tempo ignorantes do correto significado do termo Cristocentrismo.

    A LEGIO DE MARIA CRISTOCNTRICA

    esta uma afirmao importante. Vou procurar justific-la e mostrar que longe de ficar aqum no Cristocentrismo, a Legio de Maria de fato a organizao Cristocntrica por excelncia,

  • quero dizer, de forma proeminente.Talvez esta reivindicao possa provocar a rplica: Se tal a vossa ambio, porque vos

    no chamais Legio de Cristo? Esta sugesto vem-nos presentemente dum sacerdote argentino. Mas ele no v que a proposio se contradiz a si mesma. Com efeito, no foi Nosso Senhor conhecido por Filho de Maria? Porque que, ento, no poderamos ns ser conhecidos por Legio de Maria, se o nosso fim a identificao com Nosso Senhor?

    A Legio de Maria est inteiramente construda sobre a doutrina do Corpo Mstico; o seu programa brota deste alicerce. O Corpo Mstico s vezes chamado o Cristo inteiro, isto , Nosso Senhor e os seus membros. Ao discutir isto, no pretendo abranger todo o Manual, onde se expe extensa e minuciosamente a idia do Corpo Mistico. Digo s que a Legio pretende ser uma expresso do Corpo Mstico, identificada com Cristo; e isto no apenas como um fato e uma verdade, mas baseando-se na compreenso deste fato e desta verdade.

    Isto essencial, pois possvel defrontar um fato e no o entender. Aqui a plenitude do fato a ser entendido que a Legio Cristocntrica. E isto, no apenas em geral mas em pormenor. E tanto quanto possvel imagin-lo at nos mais pequenos pontos. A Legio anseia abraar cada um dos traos caractersticos no seguimento de Cristo.

    Toda a sua doutrina, todos os seus princpios, oraes, regras, trabalhos e mtodos se apiam neste Cristocentrismo. Este assunto to importante e to vasto que no posso esperar abrang-lo com um s artigo. No entanto, apesar de o meu esforo presente no passar dum esboo, julgo que conseguir mostrar a notvel posio ocupada pela Legio de Maria a este respeito. Consideremos isto minuciosamente.

    A LEGIO E A SANTSSIMA TRINDADE

    A Legio esfora-se por compreender a Santssima Trindade, no, evidentemente, por um conhecimento intelectual, o que seria impossvel, mas por um vislumbre da doutrina atravs da f. Se queremos ser Cristocntricos em qualquer verdadeiro sentido da palavra, este vislumbre essencial. Porqu? Porque Cristo vivia na Trindade e era a encarnao visvel da Trindade. Por isso quem quer que procure viver em Cristo e compartilhar da Sua vida, deve prestar uma amorosa ateno, sob qualquer forma conveniente, s Pessoas da Santssima Trindade. Sempre se julgou que isto estava fora do alcance da gente vulgar e, duma organizao ativa. No conheo qualquer outra organizao ativa que aspire a dar Santssima Trindade a mesma sorte de ateno.

    As seces do Manual sobre a Santssima Trindade no estavam nele includas, de incio, mas impuseram-se forosamente medida que a Legio comeou a amadurecer e a compreender-se a si mesma. Sim, porque a Legio foi crescendo como uma pessoa.

    A LEGIO E A ORAO

    O mesmo princpio se aplica orao. Nenhuma organizao ativa insiste tanto na orao como a Legio. Dentro da forma como ela v as coisas, a Legio deve, em virtude de seu Cristocentrismo, possuir um corao de orao. Deve, como Jesus, estar repleta de orao. Da a considervel quantidade de orao nas suas reunies. Da os diversos graus nos membros que lhe pertencem os Pretorianos, os Auxiliares e os Adjutores nos quais os membros orantes so alistados e os ativos levados ainda a mais orao.

    COMO CRISTO, A LEGIO DE MARIA

    Dir-vos-ei agora que a Legio de Maria como de Maria era Cristo. Legio de Maria e Filho de Maria so idias anlogas. este um princpio vital que os minimizantes de Maria no compreendem. O Corpo Mstico continua a vida de Cristo num grau que excede o que podemos imaginar. Logicamente, pois, o Corpo Mstico deve sujeitar-se s maternais influncias de Maria. Alm disso o Corpo Mstico deve amar Maria como Cristo a amou. Esta uma doutrina de

  • primordial importncia, no recebendo, no entanto, a ateno que devia receber. H alguns anos ousei consagrar um artigo a este tema na Maria Legionis.

    Nosso Senhor amou Maria com toda a sua natureza, mais do que todas as outras criaturas juntas. Os telogos dizem que obteve dela maior consolao do que de todos os outros seres criados, passados, presentes e futuros. O cristo deve imitar a Cristo. Por isso deve consagrar a Maria um amor que imite o de Jesus por ela; deve consagrar-lhe uma devoo que venha no s do corao mas tambm do entendimento, vendo nela a Mulher Forte da Redeno: a Advogada, a Cooperadora,a Companheira, a Medianeira, dotada de f e dum conjunto de qualidades que a tornaram capaz de desempenhar esta funo.

    Deste modo o comportamento da Legio para com Maria, que muitos consideram excessivo, quase ofensivo, nasce inevitavelmente do Corpo Mstico e , por isso, Cristocntrico. A isto somos agora obrigados pela nossa f, em virtude da promulgao do Decreto De Ecclesia Mysterio, de 21 de Novembro de 1964. Todo aquele que persiste em minimizar Maria est fora, num ramo que em breve pode partir debaixo dele, e arrast-lo para o abismo dos que esto fora da Igreja.

    O APOSTOLADO DA LEGIO CRISTOCNTRICO

    O apostolado da Legio, por seu turno, deriva da mesma doutrina do Cristo completo. O apostolado d'Ele tem de exercer-se por ns. Ele que vive em ns, aqui e ali, fazendo bem, ensinando o Seu Evangelho, empenhando-se por atingir todos os homens com a inteno de os converter. Por esta associao com a Sua Pessoa somos mergulhados na Sua influncia. Isto , com certeza, Cristocntrico.

    Um outro trao caracterstico da Legio reside na associao de Maria ao seu trabalho. Devemos fazer este em companhia de Maria e animados de confiana nela. Mas, porque dever a Legio identificar assim Nossa Senhora com o seu apostolado, se ela no acompanhou o Filho na sua misso apostlica, seno excepcionalmente? Entendamo-nos. A cooperao de Maria em todas as fases da Redeno duma ordem mais elevada do que acompanh-l'O sempre. Consistiu alm e acima do dom que lhe fez da Sua Humanidade, por meio da qual realizou a Sua obra numa unio moral e espiritual com o Redentor, unio que se estendia a cada um dos momentos das suas vidas e que qualquer separao fsica jamais interrompeu. Esta unio continua-se no Corpo Mstico; Maria continua necessariamente associada ao Seu trabalho salvfico. O seu concurso deve ser procurado.

    OS ANJOS E OS PADROEIROS DA LEGIO

    Os Anjos, de forma uma tanto imprevista, passaram a figurar proeminentemente no esquema da Legio. que eles so uma parte do exrcito da salvao s ordens de Cristo. Encontramos uma significativa referncia a esta celestial seco, em S. Mateus, 26, 53: Pensas que eu no posso pedir ao Pai e Ele me enviar imediatamente mais de doze Legies de Anjos? A Legio procurando compartilhar os pensamentos de Cristo, ergue os olhos para estes celestes aliados e invoca-os nas suas oraes: S. Miguel, S. Gabriel e toda a Legio Celeste.

    A escolha, pela Legio, dos restantes padroeiros, foi determinada pelo princpio da sua associao misso terrena de Nosso Senhor. Todos foram contemporneos de Jesus, exceto um, desempenhando na Sua vida partes importantssimas. S. Paulo um pouco tardiamente.

    A exceo S. Lus Maria de Montfort, o qual honrado pela Legio em virtude de ter contribudo para a formao da prpria Legio. Foi ele que levou a Legio a ver o lugar de Maria na salvao e daqui veio depois o resto.

    A LEGIO E A LITURGIA

    O Cristocentrismo da Legio espalha-se por todos os canais das suas atividades. Tomemos a seco de que tanto se fala hoje, a Liturgia. Seria um grave erro supor que s oramos em Cristo

  • quando estamos tomando parte nos ritos litrgicos propriamente ditos. Para ter qualquer valor, todas as oraes tm de ser feitas em Cristo. Privadas da virtude d'Ele, as nossas pobres falas no seriam mais do que gritos de tarambola. Alm disso, a ao de Cristo revela-se em cada uma das aes da Igreja. Mas ao mesmo tempo existe uma virtude especial, de que podemos participar, nos exerccios litrgicos da Igreja, participao que tanto maior quanto mais conscientemente mergulhamos nesta atividade de Cristo.

    Quanto a isto, a Legio acentua a Missa e a Sagrada Comunho. Suplica a seus membros que recorram diariamente a esta fontes de graa, luz e segundo o esprito do Corpo Mstico. Depois apresenta aos seus membros os graus de Pretoriano e Adjutor,que envolvem a reza diria dum Ofcio. este um gesto imprevisto da parte duma organizao olhada como puramente ativa. Est, todavia, completamente dentro da linha do seu universal Cristocentrismo procurar deste modo ser to litrgica com a Igreja como com ela procura ser apostlica.

    No que diz respeito Missa e Sagrada Comunho, o Manual esfora-se seriamente por instruir os legionrios no pleno sentido desta realidades supremas. No permite que os seus membros suponham que a Missa apenas um cerimonial de oraes rezadas por algum revestido de certos paramentos. H na Missa um sentido interior que o sentido real e que proposto, a tempo e fora de tempo, aos legionrios.

    A Eucaristia a Ceia do Senhor e tambm o Seu Sacrifcio. No algo exterior a ns. Ns estamos dentro destes supremos acontecimentos, porque estamos em Cristo. N'Ele, pela unio do Corpo Mstico, estamos tomando parte no Sacrifcio do Senhor. Mais uma vez, isto com certeza Cristocentrismo.

    CRISTO E OS NOSSOS SOFRIMENTOS DIRIOS

    Mas no s na Missa, no Calvrio, que vivemos e sofremos no Senhor. H tambm todos os nossos sofrimentos pessoais ordinrios. Ns estamos sempre em Cristo, sempre envolvidos com Ele. isto que d valor ao sofrimento. Este Cristocentrismo mostra de forma clara porque que a Legio, sendo uma organizao ativa, consagra tanto espao no Manual idia de sofrimento que parece deveria antes pertencer ao domnio da vida privada e no a vida legionria. primeira vista dir-se-ia uma idia deslocada, mas no . Porque o sofrimento foi um aspecto essencial da vida de Nosso Senhor, tornou-se o elemento pelo qual ele completou a Redeno. Assim deve ser tambm na vida do legionrio. Aqui mais uma vez temos um Cristocentrismo completo.

    SEMPRE DE SERVIO POR CRISTO

    O legionrio deve estar sempre de servio. No se trata com isto de melhorar ou antes alargar o trabalho da Legio. uma lgica consequncia da nosa condio Cristocntrica. Estamos sempre em Cristo. Devemos, por isso mesmo, estar sempre unidos ao Seu pensamento e ao a favor das almas. Devemos estar sempre interessados pelas almas como Ele o estava. E no s acerca das nossa volta, aquelas que vemos e tocamos, mas acerca das almas em toda a parte, inteiramente para alm dos nossos conhecimentos; acerca das almas, com as quais, em circunstncia alguma imaginvel jamais estabeleceremos contato. A Legio no se aquieta com esta separao das almas, pela distncia, e faz gestos simblicos na sua direo. A Peregrinatio pro Christo e os Viatores Christi so expresses do peregrinar pelas almas. Se no podemos sair sua procura, num apostolado regular, f-lo-emos simbolicamente uma ou duas semanas. Esta a resposta do Corpo Mstico ordem de Cristo: Ide at aos confins da terra, buscai todos os homens e dai-lhes o meu Evangelho. Batizai os que vos ouvirem. Mais uma vez, Cristocentrismo.

    REUNIES CHEIAS DE ESPRITO SOBRENATURAL

    As reunies so um trao dominante em todo o esforo apostlico. Para dirigir as atividades h que fazer reunies regularmente. Muitas associaes fala de Cristocentrismo mas no

  • comunicam qualquer carter deste Cristocentrismo s suas reunies, que muitas vezes incluem pouca orao e no possuem atmosfera sobrenatural. Consideram talvez isso como garantido, o que me parece imprudente em coisas humanas. Ou ento encaram, talvez, a reunio como um assunto de somenos importncia, como um complemento do trabalho. Pelo contrrio, a Legio concentra-se nas suas reunies e considera-as de essencial importncia. V nelas um exerccio de comunidade do Corpo Mstico, em que Cristo, Sua Me e os membros de ambos tratam dos negcios do Pai. A f, a orao, e a caridade devem correr por cada uma das partes da reunio, de modo que todos os assuntos tratados participem deste carter. Cada ponto da reunio ajuda os outros e todos eles se combinam para formar um produto caracterstico.

    O ponto de vista da Legio sobre o esprito que deve animar as suas reunies, vem exposto na seco do Manual, intitulada Mstico Lar de Nazar. Desta mentalidade resultam as reunies da Legio, que no so reunies como as outras. So ajuntamentos impregnados de orao e harmonia. Contribuem ao mesmo tempo para um aumento do rendimento do trabalho; facultam um modelo do modo como se deve dirigir uma reunio e executar um trabalho. Deste modo, como vedes, mesmo o mtodo corrente da Legio reduzido ao Cristocentrismo.

    SENTIDO DE OBEDINCIA

    A doutrina do Corpo Mstico envolve especialmente a compreenso e prtica das rela~eos que devem existir entre os prprios membros. Primeiro as relaes com o Senhor e Sua Me, depois as consequentes relaes de uns com os outros. Refiro-me caridade, obedincia e ao sentido de correta subordinao. Estas relaes fluem do Cristocentrismo, pois Jesus esteve submisso a Maria e a Jos e sempre procurou cumprir o Seu dever at ao fim. Eu vim para cumprir a vontade do meu Pai. A este respeito a Legio tem sido Cristocntrica e obediente at ao ponto de conquistar, por isso, um especial elogio do Santo Padre. Pede ele a todos os legionrios para continuarem com o mesmo amor Igreja, sempre em estreitssima dependncia dos Bispos nos trabalhos de apostolado, e em esprito de colaborao com todas as outras associaes catlicas. Depois o Papa fala da maravilhosa disciplina da Legio, em que ele pode sempre confiar; da forte vida interior dos seus membros; da sua dedicao salvao do prximo; da sua inflexvel lealdade Igreja.

    No espantoso? Este sentido de subordinao, de obedincia e de reta disciplina essencial em religio. Mas o fracasso fcil to fraca a humana natureza, to forte a tentao. Por isso uma alegria imensa ouvir o Papa dizer que a Legio possui este sentido de subordinao. Procuramos unir-nos a Nosso Senhor e amar a nossa Me com tudo quanto em ns existe, e eis que nos achamos estreitamente unidos s autoridades do Corpo Mstico e uns aos outros.

    Esta questo de subordinao toca no sacerdcio. Escreve-nos um Bispo, afirmando que na Legio se d uma funo vasta demais ao sacerdote; que a Legio leiga e por isso deveria caminhar mais ou menos independente do sacerdote. Isto, porm, no se harmoniza com o Cristocentrismo da Legio, que considera o lugar do sacerdcio anlogo quele que Cristo ocupa no Corpo Mstico e por isso dotado de funes de chefia.

    FRIAS LEGIONRIAS

    A Legio leva o seu Cristocentrismo a domnios que podem surpreender. Talvez seja um pouco chocante, por exemplo, ouvir dizer que orienta este Cristocentrismo para os passatempos e as frias. Mas as Frias Legionrias no so apenas as frias de um grupo de legionrios. A Legio procura comunicar o seu cunho cristo e legionrio a essas empresas, especificamente classificadas como Frias Legionrias, e que esto sujeitas a uma srie de regras.

    As Frias Legionrias so um esforo para criar umas frias de qualidade superior e traar assim uma linha diretriz. Incluem, de onde se der, missa e comunho dirias. Se tivssemos de excluir estas por causa das circunstncias locais, isso indicaria que o local no convinha para tais frias. Todos os atos regulares do dia devem ser feitos dentro do esprito da Legio. Todas as excurses, passatempos, conversas, devem ser encarados, ao menos de um modo gral, luz da idia

  • do Corpo Mstico, isto , devem ser feitos com Jesus e Maria. Este programa nada tem de irreal; com efeito, devemos imaginar Nosso Senhor entregue tambm a certas distraes, no s na juventude, mas mais tarde com os seus discpulos. Quando procuramos imagin-los assim ocupados, depois de terem carregado o fardo do dia, descontrados em conversa e divertimento singelo, o quadro que se nos apresenta ao esprito assemelha-se muito ao de um dia de Frias Legionrias.

    ABERTA AO FUTURO

    medida que o tempo vai correndo, ho de revelar-se outros meios de pr logicamente em ao este Cristocentrismo legionrio, meios que procuraro ser aplicados. A Legio continuar a seguir o seu rumo caracterstico, tentando sujeitar cada um dos aspectos da vida ao domnio e poder animador de Cristo, Nosso Senhor, e sempre em companhia de Maria, Me d'Ele e Me nossa.

    A Legio assim Cristocntrica no mais perfeito grau em que o pode ser.

    Digitado pela: Regia Aparecida de Braslia Luiz Antonio