legendre
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transformada de legendreTRANSCRIPT
1 Transformada de Legendre
No caso da parede porosa a pressão constante a quantidade
H = U + PV
se conserva. Além disso
dH = dU + PdV + V dP
dU = dQ+ dW = dQ� PdVdH = dQ+ V dP
escrevendo H = H (P; T ) ; para um processo a pressão constante temos�dH
dT
�P
=
�dQ
dT
�P
= Cp
uma quantidade mensurável. Além disso, a variação de H pode ser medidadiretamente neste processo
�H =
Z f
i
CP dT
Ou seja, no processo descrito o calor não está relacionado diretamente com aenergia interna, mas sim com a variação de H, chamada de entalpia do sistema.Das expressões acima temos
dH = dQ+ V dP = TdS + V dP
dU = TdS � PdV
ou seja, relacionado-se diretamente com quantidades externas (Q e W ) vemosque U = U (S; V ) enquanto H = H (S; P ). Da expressão acima temos
P =
�@U
@V
�T
) H = U + PV = U + V
�@U
@V
�T
ou seja, estamos mudando da variável V em U para a variável P em H, ondeP é a derivada de U .
Problem 1 Será que não estamos perdendo nenhuma informação ao passar deU para H? Ou ainda será que, dada a função H, podemos reconstruir a funçãoU?
Vamos tomar um exemplo de uma relação unidimensional y = y (x). Numgrá�co x�y esta relação representa um conjunto de pontos. Queremos agora es-crever uma nova relação que permita identi�car este mesmo conjunto de pontos,mas que não dependa de x e sim de
p =@y
@x
1
O mais simples seria calcular a derivada acima, isolar p e substituir em y, comisso teremos
y = y (p) :
Problem 2 A relação y = y (p) permite reconstruir todos os pontos y = y (x)?
A resposta é não. Pois, uma vez que p contém apenas informações dacurvatura (inclinação) de y = y (x) qualquer curva com a mesma inclinação noponto y dará a mesma relação y = y (p).Assim, o que estamos procurando é uma nova relação = (p), com p =
@y=@x, que permita reconstruir todos os pontos y = y (x).Geometricamente, se além da curvatura, soubermos também onde a reta
tangente toca o eixo y, podemos reconstruir a curva y (x) através do conjuntode curvas que formam o envelope desta curva.Ou seja, estamos determinando a curva y (x), não pelo conjunto de pontos
(x; y), mas pelo par ( ; p) onde é o ponto em que a reta com inclinação ptoca o eixo y. Estamos com isso substituindo o elemento fundamental da nossageometria, o ponto, por retas. Esta é a chamada geometria de Pluecker.
Problem 3 Mas como obter (p) conhecendo y (x)?
Para isso, basta observar que, pela de�nição de p como a inclinação da reta,estas variáveis mantém entre si a relação
p =�y
�x=y � x� 0 ) = y � px :
Problem 4 Mas esta expressão não depende de p; x; y?
Podemos agora eliminar y na expressão acima, usando y = y (x), em seguida,usando p = p (x) podemos eliminar x e �camos com a dependência apenas emp, i.e, = (p).
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Para ver que este processo é legítimo, basta lembrar que
p =dy
dx) dy = pdx
enquantod = dy � pdx� xdp = �xdp
o que mostra que = (p).
Problem 5 Como recuperar a curva y (x) dada a relação (p)?
Para isso, basta usar a equação anterior e observar que
x = �@ @p
ou seja, basta realizar novamente a mesma transformação com sinal invertido.A transformação acima é conhecida como transformada (diferencial) de Legen-
dre. Nesta transformada estamos eliminando x em função de p, dizemos queestas variáveis são conjugadas.No caso de um espaço em 3D o processo acima permite substituir o conjunto
de pontos (x; y; y) por um conjunto de planos e duas inclinações. O mesmo podeser generalizado para o caso geral de várias variáveis.Vamos a um exemplo conhecido na Mecânica. Nosso objetivo agora é usar a
transformada de Legendre nas equações de Lagrange. Primeiramente lembramosque, pela de�nição acima
L = L (qi; _qi) ;
ou seja, a Lagrangiana depende das posições q e das velocidades _q.
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Agora vamos de�nir a quantidade
H = pi _qi � L (1)
onde
pi =@L
@ _qi
é chamado momento conjugado da variável qi (i.e., para q = x temos um mo-mento linear, para q = � um momento angular e, no caso geral, um momentoconjugado). Das equações de Lagrange temos que, se uma determinada coorde-nada qm não aparece na Lagrangiana (chamada de coordenada cíclica)
d
dt
@L
@ _qi� @L
@qm= 0 =) @L
@qm= 0 =) d
dt
@L
@ _qi= _pi = 0 =) pi = const:
então o momento associado a esta coordenada se conserva (e.g., para umapartícula livre L = T (energia cinética) o momento linear em qualquer direçãose conserva).Seguindo o procedimento da seção anterior temos
dH = dpi: _qi + pi:d _qi � dL :
Lembrando que L = L (q; _q) temos
dL =@L
@qidqi +
@L
@ _qid _qi ;
com isso
dH = dpi: _qi + pi:d _qi ��@L
@qidqi +
@L
@ _qid _qi
�;
=
�pi �
@L
@ _qi
�d _qi + _qi:dpi �
@L
@qidqi ;
e pela de�nição de pi
dH = _qi:dpi �@L
@qidqi (2)
e, como esperávamos, a função H assim obtida é uma função de q e p e não maisde _q, H = H (q; p). A quantidade H assim de�nida é chamada de Hamiltoniana.Sabendo que H = H (q; p) temos
dH =@H
@qidqi +
@H
@pidpi :
Lembrando agora que q e p são coordenadas independentes em H (assim comoq e _q eram em L, i.e, obviamente _q depende de q, mas é exatamente está relaçãoque queremos encontrar ao resolver a equações de Lagrange) e comparando com(2) temos
@H
@pi= _qi ;
@H
@qi= � @L
@qi
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Se usarmos agora as equações de Lagrange temos
@L
@qi=
d
dt
@L
@ _qi
Lembrando a de�nição de p
pi =@L
@ _qi=) @L
@qi=
d
dtpi = _pi
Com o que@H
@pi= _qi ;
@H
@qi= � _pi : (3)
Estas são as chamadas equações de Hamilton (EH).
Problem 6 Qual a vantagem destas equações?
Uma vantagem prática destas equações é que elas possuem apenas derivadasde primeira ordem. Como a equação de Newton, a equação de Lagrange pos-sui derivadas das velocidades o que resulta em derivadas de segunda ordem naposição. Obviamente perdemos algo ao ganharmos esta facilidade. O ponto éque temos dois pares de EH, ou seja, usando a transformada de Legendre con-seguimos transformar um sistema de n equações diferenciais de segunda ordemnum sistema de 2n equações diferenciais de primeira ordem.Assim como na Mecânica, em uma série de problemas em física é importante
mudarmos as variáveis que usamos num problema. Por exemplo, na termod-inâmica uma quantidade muito importante é a energia interna de um sistemaU (S; V ). Um inconveniente desta quantidade é que ela depende da entropiaS, uma quantidade que não pode ser medida diretamente com nenhum instru-mento. Entretanto, pelas leis da termodinâmica, sabemos que a temperatura Tde um corpo é a variação da sua energia interna com a entropia
T =@U
@S: (4)
Vamos então de�nir uma nova quantidade F como
F = T:S � U (5)
Diferenciando esta quantidade temos
dF = TdS + SdT � dU ;
Sabendo que U = U (S; V ) temos
dU =@U
@SdS +
@U
@VdV ; (6)
5
com isso
dF = TdS + SdT � @U
@SdS � @U
@TdT
=
�T � @U
@S
�dS + SdT � @U
@VdV
O fato importante na de�nição de F é que, usando (4), temos
dF = SdT � @U
@VdV ; (7)
ou seja, a função (5) assim de�nida não depende da entropia
F = F (T; V )
Com isso
dF =@F
@TdT +
@F
@VdV ;
comparando com (7) temos
S =@F
@T;@F
@V= �@U
@V:
O importante da quantidade F , chamada energia livre de Helmholtz, é que eladepende da temperatura e do volume, ambas quantidades que, diferente daentropia, podem ser medidas com instrumentos usuais.
� Ou seja, podemos determinar F estudando as variações das característicado sistema com respeito ao seu volume e a sua temperatura.
De forma geral, se f = f (x1; x2; :::; y1; y2; :::) podemos de�nir uma novafunção
g = piyi � f(somatória em i) onde
pi =@f
@yicom isso
dg = (dpi:yi + pi:dyi)� df
= (dpi:yi + pi:dyi)��@f
@xidxi +
@f
@yidyi
�=
��pi �
@f
@yi
�dyi + dpi:yi �
@f
@xidxi
�que, pela de�nição de pi,
dg = yi:dpi �@f
@xidxi
Ou seja a função g não depende mais de yi, mas sim de um novo conjunto devariáveis pi.
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