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Laura Machado Barbosa Cangussu
PERCEPÇÃO DOS PAIS COM RELAÇÃO À DISFONIA DE SEUS FILHOS
Trabalho apresentado à Universidade
Federal de Minas Gerais – Faculdade de
Medicina, para obtenção do Título de
Graduação em Fonoaudiologia.
Belo Horizonte
2010
Laura Machado Barbosa Cangussu
PERCEPÇÃO DOS PAIS COM RELAÇÃO À DISFONIA DE SEUS FILHOS
Trabalho apresentado à Universidade
Federal de Minas Gerais – Faculdade de
Medicina, para obtenção do Título de
Graduação em Fonoaudiologia.
Orientadora: Letícia Caldas Teixeira
Fonoaudióloga Mestre em Educação
Belo Horizonte
2010
Cangussu, Laura Machado Barbosa Percepção dos pais com relação à disfonia de seus filhos/
Laura Machado Barbosa Cangussu- - Belo Horizonte, 2010. xii, f.65 Monografia (Graduação) – Universidade Federal de Minas Gerais. Faculdade de Medicina. Curso de Fonoaudiologia. Título em inglês: Parents’ perception regarding the dysphonia of their children. 1. Distúrbios da voz 2. Criança 3. Percepção
iii
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS
FACULDADE DE MEDICINA
DEPARTAMENTO DE FONOAUDIOLOGIA
PERCEPÇÃO DOS PAIS COM RELAÇÃO À DISFONIA DE SEUS FILHOS
Chefe de Departamento: Profª. Sirley Alves Carvalho
Coordenadora do Curso de Graduação: Profª. Láelia Caseiro Vicente
iv
Laura Machado Barbosa Cangussu
BANCA EXAMINADORA:
Prof. (a).
Aprovada em: _____/_____/_____
v
Agradecimentos À Deus por me iluminar e por fazer com que eu conseguisse mais essa vitória.
À minha orientadora, Letícia Caldas Teixeira, por compartilhar comigo seu saber e
contribuir para o meu crescimento.
Aos meus pais pelo amor incondicional e exemplos diários.
Às minhas irmãs pela convivência e pela amizade.
Ao Centro Pedagógico da UFMG e aos pais dos alunos envolvidos na pesquisa
pela disponibilidade e apoio.
Às amigas da faculdade pelos momentos de descontração e amizade.
Ao cunhado Marcos, amigo e grande colaborador com a pesquisa.
Ao João pelos auxílios, por escutar meus anseios e ser paciente.
A todos que indiretamente contribuíram para a realização deste trabalho.
vi
Sumário
Agradecimentos....................................................................................................................v
Lista de figuras...................................................................................................................viii
Lista de tabelas ...................................................................................................................ix
Lista de abreviaturas.............................................................................................................x
Resumo................................................................................................................................xi
1 INTRODUÇÃO...................................................................................................................1
1.1 Objetivos.........................................................................................................................3
2 REVISÃO DA LITERATURA..............................................................................................4
2.1 Voz e disfonia.................................................................................................................4
2.2 Percepção e autopercepção vocal..............…................................................................7
2.3 A criança e a disfonia......................................................................................................8
3 MÉTODOS.......................................................................................................................10
3.1 Tipo de estudo..............................................................................................................10
3.2 População e amostra do estudo ..................................................................................11
3.3 Critérios de inclusão.....................................................................................................11
3.4 Critérios de exclusão....................................................................................................11
3.5 Local da pesquisa.........................................................................................................11
3.6 Material.........................................................................................................................11
3.7 Delineamento do estudo...............................................................................................12
3.8 Questões éticas............................................................................................................13
4 RESULTADOS.................................................................................................................14
4.1 Caracterização da mostra.............................................................................................14
4.2 Análises da percepção dos pais com relação
aos parâmetros vocais de seu filho (a)..............................................................................15
5 DISCUSSÃO....................................................................................................................30
6 CONCLUSÕES................................................................................................................36
7 ANEXOS..........................................................................................................................38
7.1 ANEXO 1......................................................................................................................38
7.2 ANEXO 2.1 ..................................................................................................................40
7.3 ANEXO 2.2...................................................................................................................41
7.4 ANEXO 3......................................................................................................................42
7.5 ANEXO 4......................................................................................................................44
vii
8 REFERÊNCIAS...............................................................................................................45
Abstract
Bibliografia Consultada
viii
Lista de Figuras
Figura 1. Gráfico demonstrativo quanto ao parentesco e sexo dos pais......................14
Figura 2. Gráfico demonstrativo da idade dos professores .........................................14
Figura 3. Gráfico demonstrativo da percepção vocal dos pais quanto
à presença de alteração vocal em seus filhos .............................................15
Figura 4. Gráfico demonstrativo da percepção dos pais quanto aos sintomas
vocais apresentado pelo seu filho (a) ..........................................................15
Figura 5. Gráfico demonstrativo da percepção da alteração
vocal x percepção dos sintomas vocais ......................................................16
Figura 6. Gráfico demonstrativo da percepção dos pais quanto
ao temperamento de seu filho (a) ................................................................16
Figura 7. Gráfico demonstrativo da percepção dos pais quanto
aos abusos vocais cometidos pelo seu filho (a) ..........................................21
Figura 8. Gráfico demonstrativo da caracterização quanto
ao ambiente da casa ...................................................................................29
ix
Lista de Tabelas
Tabela 1. Análise estatística do temperamento do tipo colérico .................................17
Tabela 2. Análise estatística do temperamento do tipo sanguíneo...............................18
Tabela 3. Análise estatística do temperamento do tipo fleumático ..............................19
Tabela 4. Análise estatística do temperamento do tipo melancólico ............................20
Tabela 5. Correlação da percepção da alteração vocal com o abuso vocal: gritar
demais (questão 8 A) ...................................................................................22
Tabela 6: Correlação da percepção da alteração vocal com o abuso vocal: falar alto
(questão 8 B) ................................................................................................22
Tabela 7: Correlação da percepção da alteração vocal com o abuso vocal: falar demais
(questão 8 C) ................................................................................................23
Tabela 8: Correlação da percepção da alteração vocal com o abuso vocal: cantar
demais (questão 8 D) ....................................................................................24
Tabela 9: Correlação da percepção da alteração vocal com o abuso vocal: fazer
imitações com a voz (questão 8 E)...............................................................25
Tabela 10: Correlação da percepção da alteração vocal com o abuso vocal: chorar
demais (questão 8 F) ...................................................................................26
Tabela 11: Correlação da percepção da alteração vocal com o abuso vocal: rir de forma
exagerada (questão 8 G) ............................................................................27
Tabela 12: Correlação da percepção da alteração vocal e a alternativa: nenhuma das
questões anteriores do questionário (questão 8 H) ......................................28
x
Lista de abreviaturas AEMC Alterações estruturais mínimas de cobertura COEP Comitê de Ética em Pesquisa
UFMG Universidade Federal de Minas Gerais
p Valor de significância estatística
TCLE Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
xi
Resumo
Objetivos: Verificar a percepção dos pais com relação à disfonia de seus filhos. Métodos: Trata-se de estudo transversal com amostra de conveniência, aprovado no COEP/UFMG sob emenda do parecer nº 676/08. O estudo foi realizado no Centro Pedagógico da Universidade Federal de Minas Gerais. Para cumprir com os objetivos da pesquisa elaborou-se um questionário para determinar a percepção vocal dos pais a respeito da voz de suas crianças. As perguntas abordaram aspectos como: A percepção dos pais quanto à qualidade vocal da criança; sintomas e abusos vocais apresentados pelo filho (a); encaminhamento da criança ao médico, por causa da voz; classificação do temperamento da criança e dados sobre ambiente da casa. A amostra do estudo foi composta por 23 pais. Os 23 alunos disfônicos utilizados para correlacionar as percepções vocais foram detectados por meio do estudo aprovado no COEP/UFMG sob o parecer nº 676/08. Após a coleta dos dados do questionário realizou-se análise descritiva e comparativa dos dados e correlacionou-se os mesmos com a autopercepção das crianças disfônicas do estudo supracitado. Os dados foram coletados e armazenados em um arquivo em Excel, versão do Windows XP. Para a correlação dos dados, foi realizada análise estatística por meio do Fisher's Exact Test. Resultados: A média etária dos 23 pais participantes foi de 38,31 anos, sendo que 4 pais não especificaram sua idade ao responder o questionário. Dentre os 23 participantes da pesquisa, 20 eram mães e 3 eram pais. A percepção dos pais com relação à presença da alteração vocal de seus filhos apontou que 47,8% consideram a voz de seu filho (a) alterada, 47,8% não consideram a voz alterada e 4,3% não percebem a presença ou ausência da alteração vocal. A análise dos questionários com relação à percepção dos 23 pais nos aspectos de detecção da voz alterada, mudanças vocais no decorrer do dia, rouquidão pelo uso constante da voz e pelo esforço, apontou que 13,04% dos pais acreditam que a voz da criança apresenta mudanças ao longo do dia; 52,17% informaram que não apresenta; 30,43% não percebem se apresenta ou não esta mudança vocal e 4,35% não responderam à questão. Com relação à percepção se a criança fica rouca por falar demais 13,04% dos pais disseram que sim; 78,30% disseram que não, que a criança não fica rouca por falar demais e 8,70% não percebem se a criança apresenta ou não a rouquidão por falar muito. Com relação à percepção dos pais se seu filho (a) faz esforço vocal para falar, 17,40% dos pais acreditam que sua criança faz este tipo de esforço; 73,90% acreditam que não e 8,70% não percebem se seu filho (a) faz ou não esforço vocal para falar; Foi realizada nova análise para verificar a percepção somente dos pais que perceberam a alteração vocal em sua criança nos aspectos vocais supracitados. Com relação à mudança da voz da criança no decorrer do dia, observou-se que apenas 9,09% acreditam que ocorre esta mudança, 45,45% informaram que não ocorre, 36,36% não percebem se ocorre ou não esta mudança vocal e 9,09% não responderam à questão. Ao questionar se a criança fica rouca por falar demais verificou-se que 18,18% dos pais acreditam sim, 72,73% acreditam que não e 9,09% não percebem se a voz se altera ou não quando a criança fala demais. Com relação ao questionamento se o filho (a) faz esforço vocal para falar, 27,27% disseram que sim, 63,64% disseram que não e 9,09% não percebem se o filho se esforça ou não para falar; Dentre os 23 pais das crianças disfônicas que responderam ao questionário, nenhum levou sua criança ao médico por causa da voz dela; Com relação ao temperamento da criança, observou-se, no presente estudo, que 33,33% dos pais consideram sua criança com o temperamento do tipo colérico e 33,33% consideram sua criança com o temperamento do tipo sanguíneo, 18,52% consideram sua criança fleumática e 14,81% consideram seu filho (a)
xii
melancólico. Os comportamentos vocais abusivos mais prevalentes percebidos pelos pais foram: gritar demais e falar alto. O ambiente do lar não influenciou à presença da alteração vocal apresentada pelas crianças. A presença da disfonia no presente estudo foi muito mais atribuída pelos pais ao temperamento da criança e aos abusos vocais por ela praticados do que ao ambiente da casa. Ao comparar a percepção vocal dos pais com relação à voz de sua criança com a autopercepção vocal desta, verificamos estes percebem mais a presença da disfonia do que as próprias crianças, visto que 47,8% consideram a voz de seu filho (a) alterada e apenas 8 (34,79 %) das crianças relataram autopercepção vocal negativa. Conclusões: Apesar de grande parte da amostra não considerar a voz de seu filho (a) alterada os pais percebem mais a presença da alteração vocal do que as próprias crianças. Palavras chave: Distúrbios da voz, criança, percepção.
1
1 INTRODUÇÃO A voz humana é um atributo já existente desde o nascimento e se apresenta de
diversas formas, como: o choro, o grito e o riso. Representa nosso sentido de inter-
relação na comunicação interpessoal e tem grande importância para o bem estar social.
(Teixeira et al, 2003). A produção adequada da voz depende da integridade e do
funcionamento harmônico das estruturas que compõe o aparelho fonador o que irá
resultar em uma voz equilibrada e agradável para o ouvinte. (Behlau e Pontes, 1995).
Quando a voz não consegue cumprir o seu papel básico de transmissão da
mensagem verbal e emocional, estamos diante de uma disfonia. As crianças também
sofrem de problemas vocais e estudos epidemiológicos revelam uma prevalência entre 6
e 9% de disfonias e distúrbios articulatórios na infância (Hirschberg, J. et al, 1995).
As alterações vocais constituem um dos problemas fonoaudiológicos encontrados
nas escolas de ensino fundamental e têm se tornado motivo de preocupação dos
profissionais da área (Souza et al, 2004). A discrepância existente entre a alta incidência
de distúrbios vocais infantis com base nos estudos epidemiológicos e o baixo número de
crianças que recebem atendimento fonoaudiológico chama a atenção, uma vez que
aproximadamente 1% dos casos atendidos na clínica fonoaudiológica, acontece por
problemas vocais. (Teixeira et al, 2003)
Com muita freqüência, pais e educadores são mais atentos em identificar nas
crianças problemas de fala e linguagem em detrimento de alterações de voz. A
experiência clínica demonstra que as alterações da voz na infância podem interferir de
modo bastante negativo no desempenho social, no desenvolvimento afetivo-emocional de
qualquer criança (Teixeira et al, 2003) e, segundo Freitas et al (2000), influenciar no
desenvolvimento de uma capacidade comunicativa adequada na vida adulta.
A incidência de alterações vocais na infância vem aumentando significativamente
devido à competitividade excessiva do mundo moderno, (Alavarsi et al, 2000). Entretanto
a maioria dos trabalhos em disfonia infantil investiga aspectos causais e ou orgânicos da
disfonia infantil e poucos estudos discutem a percepção da criança sobre sua própria voz
e ou a percepção dos pais a respeito da voz de seus filhos. Sabe-se que o diagnóstico
precoce nas disfonias infantis é importante e que uma boa percepção vocal contribui
significativamente para detectar sintomas da disfonia. Visto este fato e considerando que
as crianças disfônicas merecem atenção na comunidade científica, torna-se importante
2
desenvolver estudos que envolvam tal população. O estudo proposto tem como objetivo
verificar a percepção dos pais com relação à disfonia de seus filhos.
Acreditamos que os resultados contribuirão para o desenvolvimento de futuros
projetos buscando conscientização de pais, educadores e das próprias crianças acerca
das alterações vocais e conseqüente prevenção de tal distúrbio. Este estudo reforça a
importância da atuação fonoaudiológica em crianças quanto à prevenção e reabilitação
das alterações vocais.
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1.1 Objetivos:
Objetivo Geral
• Verificar a percepção dos pais com relação à disfonia de seus filhos.
Objetivos Específicos:
• Descrever os pais das crianças disfônicas quanto ao sexo e a idade; • Verificar a percepção dos pais com relação à voz das suas crianças nos aspectos
de detecção da voz alterada, mudanças vocais no decorrer do dia, rouquidão pelo
uso constante da voz e pelo esforço;
• Determinar se os pais levam a criança ao médico por causa da alteração vocal;
• Determinar o temperamento mais prevalente da criança disfônica com a avaliação
vocal destas crianças;
• Citar os comportamentos vocais mais abusivos percebidos pelos pais;
• Verificar se o ambiente interfere na disfonia da criança;
• Comparar a percepção vocal dos pais com relação à alteração da voz de sua
criança com a autopercepção vocal desta.
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2 REVISÃO DE LITERATURA 2.1. Voz e Disfonia
A literatura descreve quatro tipos de temperamentos entre as crianças que se
destacam: colérico, sanguíneo, fleumático e melancólico. A do tipo colérico é considerada
“pavio curto” entre as disfônicas. Caracteriza-se pelo anseio de domínio e que pode se
manifestar através das reações explosivas às vezes violentas, acompanhadas
evidentemente pelo uso da voz. As crianças do tipo sanguíneas são consideradas
nervosas, agitadas, curiosas e extrovertidas, o que descreve muito bem a natureza de seu
temperamento. Outro tipo de temperamento encontrado é o fleumático, trata-se da criança
alegre, bolachona e amável, que está em paz com a vida. Além disso, encontramos as
crianças melancólicas que são de natureza introvertida, com tendência à reflexão e de
aparência frágil e delicada, o que não as isentam de uma alteração vocal. Deve-se dar
atenção especial a esta criança que fala pouco e com voz quase inaudível, pois
geralmente sua emissão é acompanhada de excessiva tensão (Hersan RC, 1991).
Dentre as causas dos problemas vocais temos o abuso vocal. O mau uso do
mecanismo laríngeo pode causar danos às próprias pregas vocais e também interferir na
coordenação muscular necessária para uma boa voz (Wilson, 1994). Apesar de cada
criança ser singular e cada voz ser diferente, é conveniente agruparmos os aspectos
negativos do comportamento vocal que são observados com frequência nos distúrbios
da voz (Andrews, 1998).
A disfonia é um distúrbio na comunicação oral, no qual a voz não consegue cumprir
seu papel básico de transmissão da mensagem verbal e emocional de um indivíduo. Uma
disfonia representa toda e qualquer dificuldade ou alteração na emissão vocal que impede
a produção natural da voz (Behlau, 1995).
Uma disfonia pode se manifestar através de uma série ilimitada de alterações, tais
como: desvios na qualidade vocal, esforço à emissão, fadiga vocal, perda de potência
vocal, variações descontroladas de freqüência fundamental, falta de volume e projeção,
perda da eficiência vocal, baixa resistência vocal e sensações desagradáveis à emissão
(Behlau,1995).
5
As crianças disfônicas geralmente são agitadas, gritonas, líderes, falantes,
ansiosas e agressivas. Entretanto, podemos encontrar a disfonia também em crianças
tímidas e imaturas, como resultado de sua comunicação contida (Hersan, 1998).
A incidência de alterações vocais na infância vem aumentando significativamente
devido à competitividade excessiva do mundo moderno, que leva à uma expectativa de
grau elevado das famílias, principalmente quanto ao rendimento escolar de suas crianças,
o que pode levar ao desgaste físico e psicológico (Alavarsi et al, 2000).
As possíveis causas da disfonia infantil estão relacionadas com os abusos vocais
que geram distúrbios laríngeos, com a presença de alterações estruturais mínimas, com a
deficiência auditiva, distúrbios neurológicos e alterações hormonais (Pinho, 2001).
Na população infantil são muito comuns algumas práticas vocais como chorar, rir e
falar excessivamente, imitar ruídos ou outras vozes, o que é considerado como abuso
vocal podendo levar à disfonia (Freitas et al, 2000).
Os abusos vocais e maus hábitos de higiene vocal devem ser pesquisados, pois
poderão até justificar o quadro de disfonia apresentado pela criança. (Oliveira IB, 2003).
As alterações vocais são afecções de grande prevalência na população pediátrica.
Apesar dos nódulos vocais ainda serem as lesões mais comumente implicadas na
disfonia infantil, diversas outras causas adquiridas e congênitas, como por exemplo, as
alterações estruturais mínimas de cobertura (AEMC), podem ser implicadas na gênese da
rouquidão na criança. Para avaliar a incidência das AEMC nos exames de
videolaringoscopia de crianças com queixas vocais, um estudo avaliou retrospectivamente
32 exames realizados no Setor de Laringologia do Serviço de Otorrinolaringologia de um
Hospital Público de São Paulo. Como resultado verificou-se que dezoito crianças foram
identificadas como portadoras de nódulos vocais (56,25%), 12 de cisto epidermóide
(37,5%); e duas crianças apresentaram o diagnóstico de lesão nodular inespecífica. Os
nódulos vocais foram as lesões mais freqüentes. Entretanto, as alterações estruturais
mínimas de cobertura das pregas vocais apresentaram também grande prevalência como
responsáveis pela disfonia infantil (Melo, 2002).
Um estudo investigou a prevalência de alteração vocal em crianças que freqüentam
creche. Foram feitas observações da qualidade vocal de 640 crianças. Os dados relativos
às vozes das crianças foram levantados por graduandos do terceiro ano do curso de
Fonoaudiologia da Universidade de São Paulo por meio de protocolos gerais dos grupos
de cada uma das 5 creches pesquisadas. Dentre as 640 crianças participantes, foram
6
consideradas com alteração vocal 151 crianças, ou seja, encontrou-se prevalência de
23,6% na faixa etária de 1 mês a 7 anos e 8 meses (Simões et al, 2002).
Um estudo retrospectivo que analisou avaliações otorrinolaringológicas e
endoscópias de 71 crianças com queixas de disfonia e idade entre 3 a 13 anos (45
meninos e 26 meninas) teve como o objetivo analisar a prevalência sexual, a idade, os
principais diagnósticos das disfonias, os tratamentos adotados e a evolução clínica.
Verificou-se que os nódulos vocais foram as principais causas de disfonias entre as
crianças avaliadas (47 casos; 66,2%), sendo mais freqüentes entre os meninos. Nestes
casos a fonoterapia foi o tratamento de escolha e mostrou-se eficaz. Além disso, as
lesões estruturais mínimas como cistos, sulcos pontes e micromembranas foram
responsáveis por grande porcentagem das disfonias infantis e por prováveis insucessos
no tratamento (Martins RHG et al, 2003).
Acredita-se que o pico de maior incidência de disfonia infantil ocorra entre 5 e 10
anos de idade, devido ao aumento natural do fluxo de agressividade, que ocorre no
período entre a dependência passiva do bebê e dos primeiros anos de vida e a relativa
independência na infância. Outro fator que deve ser levado em conta é que crianças
menores estão mais propensas a usar sua voz de modo mais desinibido, conversar em
intensidade elevada e gritar (Teixeira et al, 2003)
As disfonias podem interferir negativamente na qualidade de vida das crianças, por
isso, tem havido consenso na literatura brasileira sobre a intervenção fonoaudiológica
nesses casos e, no geral, os processos baseiam-se em orientações às crianças e
familiares e fonoterapia (Leite APD et al, 2008).
O pediatra é o profissional que está em contato mais direto com a criança durante
boa fase do desenvolvimento desta. Assim, é necessário que tenha uma formação que
lhe permita identificar e encaminhar para tratamento os casos de disfonia na infância. Se
as crianças com disfonia forem encaminhadas para avaliação fonoaudiológica quando
identificados os primeiros sintomas, mais rapidamente esses problemas podem ser
solucionados. Com o objetivo de verificar junto aos pediatras do Distrito Federal quais as
condutas costumam adotar quando se deparam com pacientes que apresentam sinais de
disfonia infantil, um estudo pesquisou por meio de um questionário composto por
questões fechadas a conduta de 50 pediatras. Verificou-se que mesmo sendo a rouquidão
um sinal de existência de uma disfunção que deve ser investigada cuidadosamente, a
maioria dos pediatras procede na averiguação de causas agudas e aguarda que ela
regrida em um período de sete dias. Além disso, o encaminhamento ao
7
otorrinolaringologista é o procedimento diagnóstico mais utilizado para investigar as
causas da rouquidão e nos casos de disfonia funcional, grande parte dos pediatras já
estão conscientes da necessidade de fazer o encaminhamento para tratamento
fonoaudiológico (Quintanilha JKM et al, 2008).
Uma boa voz caracteriza-se por apresentar qualidade agradável, equilíbrio de
ressonância, intensidade adequada, tom e inflexões apropriadas à idade e ao sexo. Uma
disfonia representa uma dificuldade na emissão vocal que impede a produção natural da
voz. Tal dificuldade pode apresentar-se de várias maneiras, em idades e momentos
distintos, bem como, com diferentes características (Quintanilha JKMC et al, 2008).
A incidência de disfonia infantil em escolas varia de 6% a 23,4%, com pico entre
cinco e 10 anos de idade. Os fatores predisponentes e agravantes podem ser agrupados
em cinco categorias: hábitos vocais inadequados; fatores ambientais físicos e
psicológicos; estrutura de personalidade; inadaptação fônica; fatores alérgicos, dentre
outros (Takesbita TK et al, 2009).
2.2. Percepção e autopercepção vocal
Geralmente as alterações na voz das crianças são confundidas pelos pais com
sintomas de infecções de vias aéreas superiores ou tachadas como qualidade normal da
voz. Um estudo verificou a opinião dos pais sobre a voz de seus filhos, no que diz respeito
à percepção e preocupação relacionadas às alterações de voz, fatores que influem na
qualidade vocal, atitudes tomadas diante das alterações de voz e da percepção de
problemas vocais pelos filhos. Os dados foram colhidos por meio de um questionário com
12 questões de múltipla escolha e aplicados a 526 pais para colher dados sobre a voz de
seus filhos. As crianças tinham faixa etária de 5 a 12 anos e eram matriculadas em
escolas públicas da cidade de Garça, São Paulo. Como resultado, verificou-se que,
apesar da maioria dos pais conseguirem perceber ocasionalmente problemas vocais em
seus filhos, não se preocupam ou se preocupam, às vezes, com tais alterações. Os pais
reconhecem que o abuso da voz prejudica a condição vocal de seus filhos, tem noção
sobre muitos dos hábitos nocivos ou benéficos à voz e, apesar de referirem que tomam
alguma atitude quando percebem alterações na voz do filho, não procuram atendimento
clínico. Além disso, grande parte dos pais acreditam que as crianças não percebem
quando têm problemas de voz, pois não referem queixas, embora diminuam o uso da voz
quando têm alguma alteração vocal (Teixeira et al, 2003).
8
Pode-se supor que faltam aos pais informações que permitam identificar
transtornos vocais em seus filhos e por isso eles passam despercebidos na maioria das
vezes. É costumeiro confundir, alterações da voz, como rouquidão freqüente, com
sintomas de infecções de vias aéreas superiores ou como qualidade normal da voz.
Muitos acham que o distúrbio vocal desaparecerá na fase de crescimento, ou eles,
simplesmente, não percebem nenhuma mudança na voz da criança (Teixeira et al, 2003).
A literatura descreve que, a importância em se conhecer a opinião dos pais sobre a
voz de seus filhos deve-se ao fato de que, a grande maioria dos casos, são os pais que
detectam sinais e sintomas da disfonia, tomam atitude para preservar a saúde vocal de
seus filhos e procuram ajuda profissional quando necessário (Teixeira et al, 2003).
A percepção da qualidade vocal é um parâmetro subjetivo, baseia-se em
comparações com outras vozes ou com impressões prévias do ouvinte sobre a mesma
voz, além disso, envolvem vários fatores como características de personalidade, fatores
psicológicos e experiência com análise de vozes. A percepção da voz pelo próprio sujeito
que apresenta alteração vocal, bem como a percepção das pessoas sem experiência no
estudo da voz humana, são relevantes. Um estudo verificou se a interferência da disfonia
na qualidade de vida de 31 adultos disfônicos relaciona-se à autopercepção vocal.
Observou-se que a opinião do disfônico sobre o impacto da disfonia em sua qualidade de
vida corresponde à autopercepção vocal (Kasama et al, 2007).
Atualmente, as pesquisas abordam com freqüência a auto-avaliação ou
autopercepção vocal, pois se sabe que a partir dela pode-se captar a opinião do paciente
em relação a sua voz, tornando-se mais um parâmetro a ser enfatizado durante a
avaliação. Esses conhecimentos podem auxiliar em ações junto ao indivíduo disfônico,
uma vez que a autopercepção e a psicodinâmica vocal são fatores importantes em um
processo terapêutico (Almeida AAF et al, 2009).
Os pais devem estar atentos às vozes de seus filhos à medida que eles passam a
desenvolver voz e fala próprias. É interessante observar que algumas vezes é o
professor, ou mesmo o fonoaudiólogo, quem inicialmente questiona sobre a qualidade
vocal das crianças. Os pais algumas vezes relatam que a voz de seu filho “sempre foi
assim” e, consequentemente, não são a fonte da queixa (Colton RH et al, 2010).
2.3. A criança e a disfonia
A literatura descreve que é frequente encontrar crianças disfônicas que possuem
uma maior excitabilidade dos órgãos sensitivos, o que as colocam em um estado de alerta
9
constante. Estas crianças são consideradas nervosas, agitadas, curiosas e extrovertidas,
o que descreve muito bem a natureza sanguínea de seus temperamentos (Hersan RC,
1991).
Além disso, pode-se encontrar a criança de “pavio curto”, entre as disfônicas. Trata-
se do temperamento colérico que se caracteriza pelo anseio de domínio e que pode se
manifestar através das reações explosivas às vezes violentas, acompanhadas
evidentemente pelo uso da voz (Hersan RC,1991).
Encontra-se também, crianças de natureza introvertida, com tendência à reflexão e
de aparência frágil e delicada, o que não as isentam de uma alteração vocal. Muitas
vezes demonstram pouco interesse pelas atividades e passam desapercebidas no grupo,
o que não é nada favorável ao seu temperamento melancólico. Deve-se dar atenção
especial a esta criança que fala pouco e com voz quase inaudível, pois geralmente sua
emissão é acompanhada de excessiva tensão (Hersan RC, 1991).
Outro tipo de temperamento encontrado é do fleumático, trata-se da criança alegre,
bolachona e amável, que está em paz com a vida, desde que suas necessidades básicas
tenham sido atendidas. Com certeza, entre as crianças fleumáticas, teremos poucas
chances de encontrar uma disfônica (Hersan RC, 1991).
A terapia de voz para crianças difere da terapia realizada com adultos em vários
pontos. O adulto quando procura o tratamento, geralmente está consciente do seu
distúrbio vocal, enquanto a criança raramente apresenta conscientização. O adulto
consegue descrever, mesmo de forma simplificada, seus sintomas vocais. A criança
dificilmente se queixa de cansaço, dor ou esforço para falar. Algumas vezes, elas nos
chegam quase afônicas e nem por isso se sentem limitadas ou impossibilitadas de
continuar falando, cantando ou gritando (Hersan RC, 1995).
10
3 MÉTODOS
3.1.Tipo de estudo:
O estudo é descritivo do tipo transversal e trata-se da continuação da pesquisa de
parecer nº 676/08 intitulado “Correlação entre a avaliação acústica e perceptivo-auditiva
das vozes de crianças de 6 a 10 anos de idade do Centro Pedagógico da UFMG e a auto-
percepção das crianças sobre suas vozes”. O objetivo do estudo era estabelecer a
prevalência de crianças com disfonia na faixa etária entre 6 a 10 anos de idade do Centro
Pedagógico da Universidade Federal de Minas Gerais e descrever a autopercepção das
mesmas acerca de sua voz.
Para a coleta da autopercepção vocal das crianças no estudo supracitado, foi
realizada gravação de suas vozes que realizaram quatro tarefas básicas sendo elas: dizer
seu nome completo, emissão sustentada da vogal /a/ por no mínimo 3 segundos,
contagem de números de 1 a 20 e responder a seguinte pergunta: “O que você acha da
sua voz?”. Após esta etapa, foi realizada a avaliação perceptivo-auditiva das vozes por
três fonoaudiólogas especialistas em voz de acordo com o parâmetro G (grau global da
disfonia) da escala GRBASI, a qual se trata de sistema simples e rápido de descrever a
qualidade vocal a partir da percepção-auditiva, com ênfase na laringe. Foi considerada
presença de disfonia quando houve concordância entre as três avaliadoras na análise
perceptivo-auditiva.
A autopercepção vocal das crianças foi considerada como positiva ou negativa. A
autopercepção foi considerada positiva quando a criança relatou que a voz é bonita, legal,
boa, transmite alegria e que gosta da voz. A autopercepção negativa foi considerada
quando a criança relatou que a voz é ruim, feia, transmite braveza e que não gosta da
voz.
A partir dessas gravações e das análises das fonoaudiólogas envolvidas, obteve-se
a autopercepção vocal das crianças de 6 a 10 anos estudantes do Centro Pedagógico da
UFMG e a avaliação perceptivo-auditiva dessas vozes. O estudo supracitado conteve a
amostra de 70 crianças a qual se verificou a prevalência de 26 crianças disfônicas
(37,14%), sendo que 18 destas obtiveram autopercepção vocal positiva e 8
autopercepção vocal negativa.
11
3.2. População e amostra do estudo:
No presente estudo: Percepção dos pais com relação à disfonia de seus filhos a
população constou de 23 responsáveis das 26 crianças disfônicas participantes do estudo
supracitado, ou seja três pais não responderam o questionário. Sendo assim, a amostra
compreendeu 23 pais responsáveis pelas crianças disfônicas que possuíam idade entre 6
a 10 anos, de ambos os sexos, estudantes do turno da tarde no Centro Pedagógico da
UFMG e que participaram do estudo de parecer nº 676/08.
3.3. Critérios de Inclusão:
Foram incluídos neste estudo os pais, maiores de 18 anos, das crianças na faixa
etária de 6 a 10 anos de idade estudantes do Centro Pedagógico que participaram do
estudo de parecer número ETIC 676/08.
3.4. Critérios de Exclusão:
Foram excluídos deste estudo os pais que não eram das crianças amostradas no
estudo de parecer número ETIC 676/08, que não sabiam ler ou que deixaram de
preencher mais de 2 itens do questionário utilizado para a coleta da percepção vocal.
3.5. Local da pesquisa
A pesquisa foi realizada no Centro Pedagógico da UFMG situado à Avenida
Presidente Antônio Carlos, 6667, Campus Pampulha, Belo Horizonte MG, CEP 31270 010.
O Centro Pedagógico da UFMG autorizou o envio do TCLE e do questionário para
os pais por intermédio das crianças estudantes na escola mediante autorização das
Cartas de Anuência (Anexos 2.1 e 2.2).
3.6. Material
O estudo aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa (COEP) de parecer número
ETIC 676/08 disponibilizou a coleta da percepção das crianças disfônicas acerca de suas
próprias vozes e a análise perceptivo-auditiva realizada pela avaliadora. A partir disso, foi
utilizado um questionário auto aplicável (Anexo 3), que foi enviado e respondido por um
dos pais destas crianças.
Sendo assim, o presente estudo verificou a percepção dos pais com relação à
disfonia de sua criança.
12
3.7. Delineamento do estudo
A pesquisa foi realizada em quatro etapas.
1ª etapa: Nessa etapa foi realizada análise dos resultados da pesquisa de parecer número
ETIC 676/08 contendo os dados das crianças amostradas com as autopercepções destas
acerca de suas vozes e a análise perceptivo auditiva realizada pelas avaliadoras do
estudo. Posteriormente, estes dados foram disponibilizados e para cada criança
participante do estudo citado, foram selecionadas duas vias do Termo de Consentimento
Livre e Esclarecido (TCLE) e um questionário auto aplicável para enviar ao responsável de
cada criança.
2ª etapa: Nessa etapa foram enviados os questionários auto aplicáveis juntamente com os
Termos de Consentimento Livre e Esclarecido para os pais das crianças participantes
consideradas disfônicas do estudo descritas na 1º etapa. Este envio foi realizado por
intermédio dessas crianças, as quais receberam no Centro Pedagógico o envelope com os
anexos anteriormente citados para que pudessem entregar a seus pais para a participação
voluntária de um destes na pesquisa. Após o recebimento do envelope e o consentimento
em participar da pesquisa, apenas um responsável pela criança respondeu o questionário
auto aplicável o qual era composto de perguntas fechadas de caráter não invasivo para a
coleta da percepção deste acerca da voz de sua criança. Após a autorização em participar
do estudo e o preenchimento do questionário, o responsável enviou para o Centro
Pedagógico o envelope de volta novamente por intermédio de sua criança. Vale ressaltar
que, ao receber de volta os envelopes, os casos em que o Termo de Consentimento Livre
e Esclarecido não foi assinado ou que o questionário possuísse acima de 2 itens não
respondidos, houve o descarte do estudo deste responsável juntamente com os dados de
sua criança.
O Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (Anexo 1) explicou os
procedimentos a serem realizados na presente pesquisa bem como solicitou a autorização
do responsável para a sua participação.
Dessa forma, a 2º etapa foi composta pelo envio do TCLE e do questionário para os
responsáveis, bem como, composta pelo prazo para a devolução destes.
3ª etapa: A partir dos dados coletados nas etapas anteriores, a terceira etapa foi composta
pela formulação do banco de dados a partir da análise das respostas dos questionários
13
preenchidos na etapa anterior, das autopercepções vocais das crianças e da avaliação
perceptivo auditiva das avaliadoras do estudo de parecer número ETIC 676/08. Os dados
coletados foram armazenados em um arquivo do Excel, versão do Windows XP.
4ª etapa: Logo em seguida, foi realizada análise estatística destes dados por meio do
Fisher's Exact Test e feita às correlações dos dados.
3.8.Questões éticas:
No dia 02 de dezembro de 2009 o Comitê de Ética em Pesquisa da UFMG, analisou e
aprovou a inclusão da percepção vocal dos pais das crianças, assim como os métodos
relacionados aos mesmos (ANEXO 4). Os pais das crianças as quais participaram do
estudo aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa (COEP) de parecer número ETIC
676/08 receberam o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (ANEXO 1) no qual
estavam contidas as informações a respeito do procedimento a ser realizado por esta
pesquisa. Foram determinados os objetivos, a importância, o sigilo, os riscos e benefícios
da pesquisa, a participação voluntária e o direito de desistir de participar a qualquer
momento do estudo sem a perda de quaisquer benefícios.
14
4 RESULTADOS
4.1. Caracterização da amostra
Parentesco e sexo
20
3
0
5
10
15
20
25
mães
pais
Figura 1- Gráfico demonstrativo quanto ao parentesco e sexo dos pais
2
8
9
4
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
20-30 anos
30-40 anos
40-50 anos
não responderam
Figura 2- Gráfico demonstrativo da idade dos professores
15
4.2. Análises da percepção dos pais com relação aos parâmetros vocais de seu
filho (a)
47,80%
47,80%
4,30% consideram a vozalterada
não consideram a vozalterada
não percebe
Figura 3- Gráfico demonstrativo da percepção vocal dos pais quanto à presença de alteração vocal
em seus filhos
13,04%
52,17%
30,43%
4,35%
13,04%
78,30%
8,70%
17,40%
73,90%
8,70%
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
Mudança da vozno decorrer do dia
Rouca por falardemais
Esforço vocal parafalar
sim
não
não percebem
não respondeu
Figura 4- Gráfico demonstrativo da percepção dos pais quanto aos sintomas vocais apresentado
pelo seu filho (a)
16
9,09%
45,45%
36,36%
9,09%
18,18%
72,73%
9,09%
27,27%
63,64%
9,09%
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
Mudança da voz nodecorrer do dia
Rouca por falardemais
Esforço vocal parafalar
sim
não
não percebem
não respondeu
Figura 5- Gráfico demonstrativo da percepção da alteração vocal x percepção dos sintomas vocais
colérico33,33%
sanguíneo33,33%
fleumático18,52%
melancólico14,81%
colérico
sanguíneo
fleumático
melancólico
Figura 6- Gráfico demonstrativo da percepção dos pais quanto ao temperamento de seu filho (a)
17
Table of q1 by q6A
q1 q6A
Frequency
Percent
Row Pct
Col Pct
0 1 Total
N 9
39.13
81.82
64.29
2
8.70
18.18
22.22
11
47.83
NP 1
4.35
100.00
7.14
0
0.00
0.00
0.00
1
4.35
S 4
17.39
36.36
28.57
7
30.43
63.64
77.78
11
47.83
Total 14
60.87
9
39.13
23
100.00
Fisher's Exact Test
Table Probability
(P) 0.0222
Pr <= P 0.0583
Sample Size = 23
Tabela 1: Análise estatística do temperamento do tipo colérico
18
Table of q1 by q6B
q1 q6B
Frequenc
y
Percent
Row Pct
Col Pct
0 1 Total
N 7
30.43
63.64
50.00
4
17.39
36.36
44.44
11
47.83
NP 0
0.00
0.00
0.00
1
4.35
100.00
11.11
1
4.35
S 7
30.43
63.64
50.00
4
17.39
36.36
44.44
11
47.83
Total 14
60.87
9
39.13
23
100.00
Fisher's Exact Test
Table Probability
(P) 0.1333
Pr <= P 0.6269
Sample Size = 23
Tabela 2: Análise estatística do temperamento do tipo sanguíneo
19
Table of q1 by q6C
q1 q6C
Frequenc
y
Percent
Row Pct
Col Pct
0 1 Total
N 7
30.43
63.64
38.89
4
17.39
36.36
80.00
11
47.83
NP 1
4.35
100.00
5.56
0
0.00
0.00
0.00
1
4.35
S 10
43.48
90.91
55.56
1
4.35
9.09
20.00
11
47.83
Total 18
78.26
5
21.74
23
100.00
Fisher's Exact Test
Table Probability
(P) 0.1079
Pr <= P 0.4606
Sample Size = 23
Tabela 3 Análise estatística do temperamento do tipo fleumático
20
Table of q1 by q6D
q1 q6D
Frequency
Percent
Row Pct
Col Pct
0 1 Total
N 9
39.13
81.82
47.37
2
8.70
18.18
50.00
11
47.83
NP 1
4.35
100.00
5.26
0
0.00
0.00
0.00
1
4.35
S 9
39.13
81.82
47.37
2
8.70
18.18
50.00
11
47.83
Total 19
82.61
4
17.39
23
100.00
Fisher's Exact Test
Table Probability
(P) 0.3416
Pr <= P 1.0000
Sample Size = 23
Tabela 4: Análise estatística do temperamento do tipo melancólico
21
Figura 7- Gráfico demonstrativo da percepção dos pais quanto aos abusos vocais cometidos pelo
seu filho (a)
Table of q1 by q8A
q1 q8A
Frequency
Percent
Row Pct
Col Pct
0 1 Total
N 9
39.13
81.82
69.23
2
8.70
18.18
20.00
11
47.83
NP 1
4.35
100.00
7.69
0
0.00
0.00
0.00
1
4.35
S 3
13.04
27.27
23.08
8
34.78
72.73
80.00
11
47.83
Total 13
56.52
10
43.48
23
100.00
22
Fisher's Exact Test
Table Probability
(P) 0.0079
Pr <= P 0.0202
Sample Size = 23
Tabela 5: Correlação da percepção da alteração vocal com o abuso vocal: gritar demais
(questão 8 A)
Table of q1 by q8B
q1 q8B
Frequency
Percent
Row Pct
Col Pct
0 1 Total
N 7
30.43
63.64
87.50
4
17.39
36.36
26.67
11
47.83
NP 0
0.00
0.00
0.00
1
4.35
100.00
6.67
1
4.35
S 1
4.35
9.09
12.50
10
43.48
90.91
66.67
11
47.83
Total 8
34.78
15
65.22
23
100.00
Fisher's Exact Test
Table Probability
(P) 0.0074
Pr <= P 0.0168
Sample Size = 23
Tabela 6: Correlação da percepção da alteração vocal com o abuso vocal: falar alto (questão 8 B)
23
Table of q1 by q8C
q1 q8C
Frequency
Percent
Row Pct
Col Pct
0 1 Total
N 8
34.78
72.73
61.54
3
13.04
27.27
30.00
11
47.83
NP 1
4.35
100.00
7.69
0
0.00
0.00
0.00
1
4.35
S 4
17.39
36.36
30.77
7
30.43
63.64
70.00
11
47.83
Total 13
56.52
10
43.48
23
100.00
Fisher's Exact Test
Table Probability
(P) 0.0476
Pr <= P 0.1471
Sample Size = 23
Tabela 7: Correlação da percepção da alteração vocal com o abuso vocal: falar demais (questão 8 C)
24
Table of q1 by q8D
q1 q8D
Frequency
Percent
Row Pct
Col Pct
0 1 Total
N 10
43.48
90.91
50.00
1
4.35
9.09
33.33
11
47.83
NP 0
0.00
0.00
0.00
1
4.35
100.00
33.33
1
4.35
S 10
43.48
90.91
50.00
1
4.35
9.09
33.33
11
47.83
Total 20
86.96
3
13.04
23
100.00
Fisher's Exact Test
Table Probability
(P) 0.0683
Pr <= P 0.1304
Sample Size = 23
Tabela 8: Correlação da percepção da alteração vocal com o abuso vocal: cantar demais
(questão 8 D)
25
Table of q1 by q8E
q1 q8E
Frequency
Percent
Row Pct
Col Pct
0 Total
N 11
47.83
100.00
47.83
11
47.83
NP 1
4.35
100.00
4.35
1
4.35
S 11
47.83
100.00
47.83
11
47.83
Total 23
100.00
23
100.00
Tabela 9: Correlação da percepção da alteração vocal com o abuso vocal: fazer imitações com a voz
(questão 8 E)
26
q1 q8F
Frequency
Percent
Row Pct
Col Pct
0 1 Total
N 10
43.48
90.91
52.63
1
4.35
9.09
25.00
11
47.83
NP 1
4.35
100.00
5.26
0
0.00
0.00
0.00
1
4.35
S 8
34.78
72.73
42.11
3
13.04
27.27
75.00
11
47.83
Total 19
82.61
4
17.39
23
100.00
Fisher's Exact Test
Table Probability
(P) 0.2050
Pr <= P 0.6584
Sample Size = 23
Tabela 10: Correlação da percepção da alteração vocal com o abuso vocal: chorar demais
(questão 8 F)
27
Table of q1 by q8G
q1 q8G
Frequency
Percent
Row Pct
Col Pct
0 1 Total
N 9
39.13
81.82
50.00
2
8.70
18.18
40.00
11
47.83
NP 1
4.35
100.00
5.56
0
0.00
0.00
0.00
1
4.35
S 8
34.78
72.73
44.44
3
13.04
27.27
60.00
11
47.83
Total 18
78.26
5
21.74
23
100.00
Fisher's Exact Test
Table Probability
(P) 0.2697
Pr <= P 1.0000
Sample Size = 23
Tabela 11: Correlação da percepção da alteração vocal com o abuso vocal: rir de forma exagerada
(questão 8 G)
28
Table of q1 by q8H
q1 q8H
Frequency
Percent
Row Pct
Col Pct
0 1 Total
N 9
39.13
81.82
42.86
2
8.70
18.18
100.00
11
47.83
NP 1
4.35
100.00
4.76
0
0.00
0.00
0.00
1
4.35
S 11
47.83
100.00
52.38
0
0.00
0.00
0.00
11
47.83
Total 21
91.30
2
8.70
23
100.00
Fisher's Exact Test
Table Probability
(P) 0.2174
Pr <= P 0.5217
Sample Size = 23
Tabela 12: Correlação da percepção da alteração vocal e a alternativa: nenhuma das questões
anteriores do questionário (questão 8 H)
29
11,54%
34,61%
3,85%
23,08%
7,70%
19,23%
0%
5%
10%
15%
20%
25%
30%
35%
40% Barulhento e a criançaprecisa competir com o ruídopara falar.
Calmo, mas mesmo assim acriança é muito agitada.
Agitado e a criança ficamuitas vezes agitada emfunção desta situação.
Poluído de forma queprovoca crises alérgicas nacriança.
Calmo e a criança é calma
Nenhum dos itens acima
Figura 8- Gráfico demonstrativo da caracterização quanto ao ambiente da casa
30
5 DISCUSSÃO
Nesse capítulo, serão apresentados os resultados encontrados no presente estudo
e realizada análise descritiva e comparativa com os dados encontrados na literatura.
A amostra do presente estudo compreendeu 23 pais com média etária de 38,31
anos, sendo que 4 pais participantes não especificaram sua idade ao responder o
questionário. Dentre os 23 participantes da pesquisa, 20 eram mães e 3 eram pais
(Figura 1).
O estudo de parecer nº 676/08 encontrou a prevalência de crianças disfônicas de
37,14%, sendo que destas, 18 possuíam percepção vocal positiva, ou seja, não se
percebiam disfônicas e 8 possuíam percepção vocal negativa, ou seja, percebiam sua
disfonia. Estes valores corroboram com a literatura pesquisada, uma vez que a
prevalência de distúrbio vocal na infância é de 23,6% (Simões et al, 2002), 6% a 23,4%
(Takesbita TK et al, 2009).
A análise detalhada dos questionários respondidos apontou que, dentre os 23 pais,
47,8% consideram a voz de seu filho (a) alterada, 47,8% não consideram a voz alterada e
4,3% não percebem a presencia ou ausência da alteração vocal (Figura 3). O fato de
grande parte da amostra não considerar a voz alterada ou não perceber pode ser
explicado pelo estudo realizado por Teixeira (2003) que supõe que faltam aos pais
informações que permitam identificar transtornos vocais em seus filhos e por isso eles
passam despercebidos na maioria das vezes. Além disso, algumas vezes é o professor,
ou mesmo o fonoaudiólogo, quem inicialmente questiona sobre a qualidade vocal das
crianças. Os pais algumas vezes relatam que a voz de seu filho “sempre foi assim” e,
consequentemente, não são a fonte da queixa (Colton RH et al, 2010).
Pesquisas abordam com freqüência a auto-avaliação ou autopercepção vocal, pois
se sabe que a partir dela pode-se captar a opinião do paciente em relação a sua voz,
tornando-se mais um parâmetro a ser enfatizado durante a avaliação. Esses
conhecimentos podem auxiliar em ações junto ao indivíduo disfônico, uma vez que a
autopercepção e a psicodinâmica vocal são fatores importantes em um processo
terapêutico. (Almeida AAF et al, 2009). Segundo Kasama et al (2007), percepção da voz
pelo próprio sujeito que apresenta alteração vocal, bem como a percepção das pessoas
sem experiência no estudo da voz humana, são relevantes.
A coleta da autopercepção vocal das crianças participantes do estudo de parecer
número ETIC 676/08 e utilizadas no presente estudo foi considerada como positiva ou
31
negativa. A autopercepção foi considerada positiva quando a criança relatou que a voz é
bonita, legal, boa, transmite alegria e que gosta da voz. A autopercepção negativa foi
considerada quando a criança relatou que a voz é ruim, feia, transmite braveza e que não
gosta da voz. Observou-se que dentre as 23 crianças participantes, 15 (65,21%)
apresentaram autopercepção vocal positiva e 8 (34,79 %) apresentaram autopercepção
vocal negativa. Em um estudo realizado por Teixeira (2003), que verificou a opinião dos
pais a respeito da voz de seus filhos, observou-se que a maioria dos pais acredita que as
crianças não percebem quando têm problemas na voz, pois não referem queixas, embora
diminuam o uso da voz quando têm alguma alteração vocal. Além disso, segundo Hersan
(1991), a disfonia é um sintoma pouco perceptivo pelas crianças. Existe grande diferença
na conscientização da presença da alteração vocal entre crianças e adultos. Segundo
Hersan (1995), quando o adulto procura o tratamento, geralmente está consciente do seu
distúrbio vocal, enquanto a criança raramente apresenta conscientização. O adulto
consegue descrever, mesmo de forma simplificada, seus sintomas vocais. A criança
dificilmente se queixa de cansaço, dor ou esforço para falar. Algumas vezes, elas chegam
ao atendimento clínico quase afônicas e nem por isso se sentem limitadas ou
impossibilitadas de continuar falando, cantando ou gritando.
Foi verificado no presente estudo se os pais percebem em seu filho (a) aspectos
vocais como: mudanças da voz no decorrer do dia, rouquidão por falar demais ou se a
criança faz esforço vocal para falar. Observou-se que 13,04% dos pais acreditam que a
voz da criança apresenta mudanças ao longo do dia, 52,17% informaram que não
apresenta; 30,43% não percebem se apresenta ou não esta mudança vocal e 4,35% não
responderam à questão. Com relação à percepção se a criança fica rouca por falar
demais 13,04% dos pais disseram que sim, 78,30% disseram que não, que a criança não
fica rouca por falar demais e 8,70% não percebem se a criança apresenta ou não a
rouquidão por falar muito. Com relação à percepção dos pais se seu filho (a) faz esforço
vocal para falar, 17,40% dos pais acreditam que sua criança faz este tipo de esforço,
73,90% acreditam que não e 8,70% não percebem se seu filho (a) faz ou não esforço
vocal para falar (Figura 4). Estes resultados demonstram que a maioria dos pais não
percebeu aspectos vocais da voz de seu filho mesmo apresentando sinais de disfonia na
qualidade vocal. Vale ressaltar que, dentre estes pais que não perceberam ou que
acreditam que a criança não apresenta os sintomas supracitados, estão os 47,8% dos
pais que não consideram a voz de seu filho (a) alterada, o que seria esperado deles não
perceberem tais sintomas por não considerarem que o filho apresenta alteração vocal.
32
A partir do resultado acima, optamos por refinar a pesquisa e verificar somente
dentre os pais que percebem que o filho possui o distúrbio vocal, se eles percebem tais
sintomas (Figura 5). Com relação à mudança da voz da criança no decorrer do dia,
observou-se que apenas 9,09% acreditam que ocorre esta mudança, 45,45% informaram
que não ocorre, 36,36% não percebem se ocorre ou não esta mudança vocal e 9,09%
não responderam à questão. Ao questionar se a criança fica rouca por falar demais
verificou-se que 18,18% dos pais acreditam sim, 72,73% acreditam que não e 9,09% não
percebem se a voz se altera ou não quando a criança fala demais. Com relação ao
questionamento se o filho (a) faz esforço vocal para falar, 27,27% disseram que sim,
63,64% disseram que não e 9,09% não percebem se o filho se esforça ou não para falar.
Estes resultados demonstraram que, até mesmo dentre os pais que consideram a voz do
seu filho (a) alterada, a maioria deles não percebem aspectos vocais relacionados à
disfonia. Pode-se supor que estes pais conseguem perceber que há algo errado com a
voz de seu filho (a), porém não conseguem definir o que é e nem mesmo perceber
sintomas vocais. Segundo Teixeira (2003), alterações da voz, como rouquidão freqüente,
são costumeiramente confundidas com sintomas de infecções de vias aéreas superiores
ou tachadas como qualidade normal da voz. Muitos acham que o distúrbio vocal
desaparecerá na fase de crescimento, ou eles, simplesmente, não percebem nenhuma
mudança na voz da criança.
Com relação à quinta pergunta do questionário, foi pesquisado se os pais já
levaram seu filho (a) ao médico por causa da voz. Dentre os 23 pais das crianças
disfônicas que responderam ao questionário, nenhum levou sua criança ao médico por
causa da voz. A literatura afirma que, apesar da maioria dos pais conseguirem perceber
ocasionalmente problemas vocais em seus filhos, não se preocupam ou se preocupam,
às vezes, com tais alterações. Os pais reconhecem que o abuso da voz prejudica a
condição vocal de seus filhos, tem noção sobre muitos dos hábitos nocivos ou benéficos à
voz e, apesar de referirem que tomam alguma atitude quando percebem alterações na
voz do filho, não procuram atendimento clínico (Teixeira et al, 2003). Além disso, existe
uma grande discrepância entre a alta incidência de distúrbios vocais infantis com base
nos estudos epidemiológicos e o baixo número de crianças que recebem atendimento
fonoaudiológico, uma vez que aproximadamente 1% dos casos atendidos na clínica
fonoaudiológica, acontece por problemas vocais (Teixeira et al, 2003).
O pediatra é o profissional que está em contato mais direto com a criança durante
boa fase do desenvolvimento desta. Assim, é necessário que tenha uma formação que
33
lhe permita identificar e encaminhar para tratamento os casos de disfonia na infância. Se
as crianças com disfonia forem encaminhadas para avaliação fonoaudiológica quando
identificados os primeiros sintomas, mais rapidamente esses problemas podem ser
solucionados. (Quintanilha JKM et al, 2008).
Pesquisou-se no presente estudo, sobre a classificação dada pelos pais a respeito
do temperamento de sua criança dentre os quatro tipos: colérico, sanguíneo, fleumático e
melancólico (Figura 6). Embora não seja um dado estatisticamente significante (Tabela 1
a 4), observou-se, no presente estudo, que 33,33% dos pais consideram sua criança com
o temperamento do tipo colérico e 33,33% consideram sua criança com o temperamento
do tipo sanguíneo. Vale ressaltar que em ambos os temperamentos são comuns abusos
vocais praticado pelas crianças disfônicas, caracterizado, segundo Hersan (1991), por
reações explosivas às vezes violentas, no tipo colérico e por nervosismo, agitação, e
extroversão no tipo sanguíneo, o que muitas vezes são acompanhadas pelo uso da voz.
As crianças disfônicas geralmente são agitadas, gritonas, líderes, falantes, ansiosas e
agressivas.
Com relação aos temperamentos do tipo fleumático e melancólico, encontramos a
prevalência de 18,52% e 14,81%, respectivamente o que corrobora com a literatura que
ressalta que podemos encontrar a disfonia em menor escala, também em crianças
tímidas e imaturas, como resultado de sua comunicação contida. (Hersan, 1998). Entre as
crianças fleumáticas, teremos poucas, mas algumas chances de encontrar crianças
disfônicas (Hersan, 1991) e entre as melancólicas, raras são as que apresentam quadros
disfônicos. Entretanto ressalta-se aqui que não se realizou com as crianças nenhum
exame laríngeo e é sabido que algumas alterações estruturais mínimas são congênitas e
independem do uso vocal por isso enfatizamos a importância de em futuras pesquisas se
priorizar avaliação laringológica, que certamente fundamentará ainda mais os achados. A
literatura aponta que as alterações vocais são afecções de grande prevalência na
população pediátrica. Apesar dos nódulos vocais ainda serem as lesões mais comumente
implicadas na disfonia infantil, diversas outras causas adquiridas e congênitas, como por
exemplo, as alterações estruturais mínimas de cobertura (AEMC), podem ser implicadas
na gênese da rouquidão na criança (Melo, 2002; Martins RHG et al, 2003)
Embora essa classificação do temperamento da criança tenha sido dada pelos pais
e por esse motivo, bastante subjetiva, observamos que a prevalência de crianças com o
temperamento do tipo colérico e sanguíneo foi maior. Este fato corrobora com Hersan
34
(1991), que diz que é freqüente encontrarmos crianças disfônicas entre os
comportamentos sanguíneos e coléricos.
Dentre as causas dos problemas vocais temos o abuso vocal. O mau uso do
mecanismo laríngeo pode causar danos às próprias pregas vocais e também interferir na
coordenação muscular necessária para uma boa voz (Wilson, 1994). Apesar de cada
criança ser singular e cada voz ser diferente, é conveniente agruparmos os aspectos
negativos do comportamento vocal que são observados com frequência nos distúrbios
da voz (Andrews, 1998).
Os abusos vocais e maus hábitos de higiene vocal devem ser pesquisados, pois
poderão até justificar o quadro de disfonia apresentado pela criança. (Oliveira IB, 2003).
No presente estudo verificou-se a prática de abusos vocais cometidos pela criança por
meio da percepção dos pais. Dentre os abusos vocais mais assinalados ao responder o
questionário destacam-se: gritar demais, falar alto e falar demais (Figura 7). Para verificar
se estes abusos foram significantes, correlacionamos separadamente, um a um, com a
percepção dos pais da presença ou não da alteração vocal (Tabelas de número 5 a 12). A
partir desta análise verificamos que os abusos vocais gritar demais e falar alto foram
estatisticamente significantes com p<0,05. Além disso, ao comparar com a percepção da
presença ou não da alteração vocal, podemos concluir que a prática destes abusos,
fazem os pais destas crianças acreditarem que elas apresentam alteração vocal. Estes
achados corroboram com Teixeira (2003) que descreve que deve ser levado em conta
que crianças menores estão mais propensas a usar sua voz de modo mais desinibido,
conversar em intensidade elevada e gritar.
Apesar de Freitas et al, (2000), descrever que na população infantil são muito
comuns algumas práticas vocais como chorar, rir, imitar ruídos ou outras vozes, o que é
considerado como abuso vocal podendo levar à disfonia, estes hábitos não foram tão
comuns no nosso estudo quanto gritar demais e falar alto (Figura 7).
Segundo Oliveira (2003), é útil levantarmos dados com relação à dinâmica da casa
da criança, verificando se a casa é barulhenta ou se é em lugar de muito ruído. Com o
objetivo de verificar, por meio da percepção dos pais, se o ambiente da casa da criança
influenciou ou não na presença da alteração vocal, investigamos por meio da questão
número 8 do questionário, características ambientais comuns para que os pais pudessem
assinalar. Verificou-se que 11,54% acreditam que o ambiente do lar é barulhento e que a
criança precisa competir com o ruído para falar; 34,61% acreditam que o ambiente da
casa é calmo, mas mesmo assim a criança é muito agitada; 23,08% acreditam que o
35
ambiente é agitado e a criança fica muitas vezes agitada em função desta situação;
3,85% acreditam que o ambiente é poluído de forma que provoca crises alérgicas na
criança; 7,70% acreditam que o ambiente é calmo e que a criança também é calma e
19,23% assinalaram que nenhum dos itens detalhados descreve o ambiente do seu lar
(Figura 8).
Apesar destes dados não serem estatisticamente significantes, verificamos que o
ambiente do lar não influenciou à presença da alteração vocal apresentada pelas
crianças, visto que 34,61% assinalaram que o ambiente é calmo, mas mesmo assim a
criança é muito agitada. A partir deste resultado, podemos concluir que a presença da
disfonia no presente estudo, foi muito mais atribuída pelos pais ao temperamento da
criança e aos abusos vocais por ela praticados do que ao ambiente da casa. Vale
ressaltar que, a percepção dos pais a respeito deste ambiente é um parâmetro subjetivo,
o que pode não condizer com a realidade do lar.
A literatura descreve que é importante conhecer a opinião dos pais sobre a voz de
seus filhos, pois, na maioria dos casos, são os pais que detectam sinais e sintomas da
disfonia e, consequentemente, tomam atitudes para preservar a saúde vocal de seus
filhos procurando ajuda profissional quando necessário. (Teixeira et al, 2003). Ao
comparar a percepção vocal dos pais com relação à voz de sua criança com a
autopercepção vocal desta, verificamos que, apesar de grande parte da amostra não
considerar a voz de seu filho (a) alterada (47,8%) e 47,8% considerarem, estes percebem
mais a presença da disfonia do que as próprias crianças, visto que destas apenas 8
(34,79 %), relataram autopercepção vocal negativa.
Apesar da amostra do presente estudo ser pequena, percebemos que grande parte
dos pais (47,8%) consegue perceber ao menos que há algo errado com a voz de sua
criança. Fazem-se necessárias pesquisas com amostras maiores que discutam a opinião
dos pais sobre a voz de seu filho, uma vez que estes são fundamentais para a detecção
da alteração vocal. A literatura enfatiza que as disfonias podem interferir negativamente
na qualidade de vida das crianças, por isso, tem havido consenso na literatura brasileira
sobre a intervenção fonoaudiológica nesses casos e, no geral, os processos baseiam-se
em orientações às crianças e familiares e fonoterapia. (Leite APD et al, 2008)
36
6 CONCLUSÃO
Diante dos resultados obtidos e da discussão proposta em relação à
autopercepção vocal das crianças disfônicas e a percepção vocal de seus pais
concluímos que:
• A amostra compreendeu 23 pais com média etária de 38,31 anos, sendo que 4
pais participantes não especificaram sua idade ao responder o questionário. Dentre
os 23 participantes da pesquisa, 20 eram mães e 3 eram pais;
• A percepção dos pais com relação à presença da alteração vocal de seus filhos
apontou que 47,8% consideram a voz de seu filho (a) alterada, 47,8% não
consideram a voz alterada e 4,3% não percebem a presença ou ausência da
alteração vocal;
• A análise dos questionários com relação à percepção dos 23 pais nos aspectos de
detecção da voz alterada, mudanças vocais no decorrer do dia, rouquidão pelo uso
constante da voz e pelo esforço, apontou que 13,04% dos pais acreditam que a
voz da criança apresenta mudanças ao longo do dia; 52,17% informaram que não
apresenta; 30,43% não percebem se apresenta ou não esta mudança vocal e
4,35% não responderam à questão. Com relação à percepção se a criança fica
rouca por falar demais 13,04% dos pais disseram que sim; 78,30% disseram que
não, que a criança não fica rouca por falar demais e 8,70% não percebem se a
criança apresenta ou não a rouquidão por falar muito. Com relação à percepção
dos pais se seu filho (a) faz esforço vocal para falar, 17,40% dos pais acreditam
que sua criança faz este tipo de esforço; 73,90% acreditam que não e 8,70% não
percebem se seu filho (a) faz ou não esforço vocal para falar;
• Foi realizada nova análise para verificar a percepção somente dos pais que
perceberam a alteração vocal em sua criança nos aspectos vocais supracitados.
Com relação à mudança da voz da criança no decorrer do dia, observou-se que
apenas 9,09% acreditam que ocorre esta mudança, 45,45% informaram que não
ocorre, 36,36% não percebem se ocorre ou não esta mudança vocal e 9,09% não
responderam à questão. Ao questionar se a criança fica rouca por falar demais
37
verificou-se que 18,18% dos pais acreditam sim, 72,73% acreditam que não e
9,09% não percebem se a voz se altera ou não quando a criança fala demais. Com
relação ao questionamento se o filho (a) faz esforço vocal para falar, 27,27%
disseram que sim, 63,64% disseram que não e 9,09% não percebem se o filho se
esforça ou não para falar;
• Dentre os 23 pais das crianças disfônicas que responderam ao questionário,
nenhum levou sua criança ao médico por causa da voz dela;
• Embora não seja um dado estatisticamente significante, observou-se, no presente
estudo, que 33,33% dos pais consideram sua criança com o temperamento do tipo
colérico e 33,33% consideram sua criança com o temperamento do tipo sanguíneo.
Com relação aos temperamentos do tipo fleumático e melancólico, encontramos a
prevalência de 18,52% e 14,81%, respectivamente;
• Os comportamentos vocais abusivos mais prevalentes percebidos pelos pais
foram: gritar demais e falar alto;
• O ambiente do lar não influenciou à presença da alteração vocal apresentada pelas
crianças. A presença da disfonia no presente estudo foi muito mais atribuída pelos
pais ao temperamento da criança e aos abusos vocais por ela praticados do que ao
ambiente da casa;
• Apesar de grande parte da amostra não considerar a voz de seu filho (a) alterada
os pais percebem mais a presença da alteração vocal do que as próprias crianças.
38
7 ANEXOS
ANEXO 1
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Eu, Laura Machado Barbosa Cangussu, estudante do curso de Fonoaudiologia da
UFMG, e Letícia Caldas Teixeira, professora do mesmo curso, gostaríamos de convidar o
Sr (a) para participar da pesquisa “Correlação entre a autopercepção vocal das crianças
de 6 a 10 anos de idade do Centro Pedagógico da UFMG e a percepção vocal das vozes
destas crianças por seus responsáveis”.
Essa pesquisa pretende comparar a autopercepção vocal de sua criança, a qual já
teve o seu consentimento em outra pesquisa, com a sua percepção acerca da voz dela.
Caso o Sr (a) concorde em participar do estudo, irá preencher um questionário de caráter
não-invasivo o qual contará com perguntas fechadas que abordem o tema do estudo.
A sua participação nesta pesquisa proporcionará aos profissionais maior
conhecimento acerca das alterações vocais nas crianças do Centro Pedagógico, e
conseqüentemente, irá contribuir para futuros projetos buscando conscientização dos
pais, educadores e das próprias crianças, assim como a prevenção de tal distúrbio.
O Sr (a) não pagará, nem receberá nenhum valor financeiro ou compensações
pessoais pela participação na pesquisa em questão, sendo a sua participação voluntária.
Os dados coletados ficarão sob a guarda dos pesquisadores e serão utilizados somente
nesta pesquisa, com publicação dos resultados em revistas e eventos científicos; e depois
serão destruídos. Informamos que seus dados pessoais não serão publicados e que
manteremos em sigilo suas informações pessoais, asseguramos também que sua
identidade jamais será revelada.
O Sr (a) tem a garantia de acesso à esclarecimentos de eventuais dúvidas em
qualquer etapa do estudo. Também é garantida a liberdade da retirada do consentimento,
caso deseje desistir da pesquisa a qualquer momento, sem nenhum prejuízo.
Durante toda a realização da pesquisa, você tem o direito de sanar suas dúvidas
sobre os procedimentos a serem realizados. Estaremos à disposição para responder
perguntas a respeito da pesquisa, antes, durante e mesmo depois de seu término e
publicação dos resultados, por meio dos telefones 88587448 (Laura) ou 9614-3050
(Letícia). Em caso de dúvidas sobre a ética da pesquisa entre em contato com o Comitê
de ética e pesquisa da UFMG, situado à Avenida Presidente Antônio Carlos, 6627 –
39
Unidade Administrativa II – 2° Andar – sala 2005 – Cep 31270-901 – BH-MG, telefone
(031) 3409-4592 – e-mail: [email protected]
Esse termo está em duas vias, caso concorde em participar da pesquisa,
solicitamos que após assinar, guarde uma via e envie a outra por meio de sua criança
para o Centro Pedagógico.
Sua colaboração é fundamental. Caso concorde com sua participação nesse
estudo assine o termo de consentimento abaixo.
Baseado neste termo, eu, __________________________________________
RG____________________________, aceito em particiipar da pesquisa: “Correlação
entre a autopercepção vocal das crianças de 6 a 10 anos de idade do Centro Pedagógico
da UFMG e a percepção vocal das vozes destas crianças por seus responsáveis” em
acordo com as informações acima expostas
Belo Horizonte, ______ de _________________________ de 2009
______________________________________________________
Assinatura do participante
__________________________
Letícia Caldas Teixeira
Pesquisadora responsável
___________________________
Laura Machado Barbosa Cangussu
estudante de Fonoaudiologia
40
ANEXO 2.1
CARTA DE ANUÊNCIA DO CENTRO PEDAGÓGICO
Eu, Cristina de Castro Frade, coordenadora do Centro Pedagógico da UFMG,
autorizo a realização do projeto de pesquisa intitulado “Correlação entre a autopercepção
vocal das crianças de 6 a 10 anos de idade do Centro Pedagógico da UFMG e a
percepção vocal das vozes destas crianças por seus responsáveis.” sob responsabilidade
de Letícia Teixeira Caldas, pesquisadora e professora assistente do Departamento de
Fonoaudiologia da UFMG, e Laura Machado Barbosa Cangussu, graduanda em
fonoaudiologia na UFMG.
Essa pesquisa tem como objetivo correlacionar a autopercepção vocal das crianças
disfônicas e a percepção vocal das vozes destas crianças por seus responsáveis. A coleta
dos dados será feita por meio de um questionário auto aplicável que será encaminhado
por meio das crianças da instituição para ser entregue aos seus responsáveis.
A coleta de dados dar-se-á após a aprovação da pesquisa pelo Comitê de Ética
em Pesquisa da Universidade Federal de Minas Gerais.
Assinatura:______________________________________
Belo Horizonte, ______de _______________________de 2009.
41
ANEXO 2.2
CARTA DE ANUÊNCIA DO CENTRO PEDAGÓGICO
Eu, Luciana Prazeres, coordenadora da Coordenação Pedagógica do Centro
Pedagógico/EBAP/UFMG, autorizo a realização do projeto de pesquisa intitulado
“Correlação entre a autopercepção vocal das crianças de 6 a 10 anos de idade do Centro
Pedagógico da UFMG e a percepção vocal das vozes destas crianças por seus
responsáveis.” sob responsabilidade de Letícia Teixeira Caldas, pesquisadora e
professora assistente do Departamento de Fonoaudiologia da UFMG, e Laura Machado
Barbosa Cangussu, graduanda em fonoaudiologia na UFMG.
Essa pesquisa tem como objetivo correlacionar a autopercepção vocal das crianças
disfônicas e a percepção vocal das vozes destas crianças por seus responsáveis. A coleta
dos dados será feita por meio de um questionário auto aplicável que será encaminhado
por meio das crianças da instituição para ser entregue aos seus responsáveis.
A coleta de dados dar-se-á após a aprovação da pesquisa pelo Comitê de Ética
em Pesquisa da Universidade Federal de Minas Gerais.
Assinatura:______________________________________
Belo Horizonte, ______de _______________________de 2009.
42
ANEXO 3 QUESTIONÁRIO
ATENÇÃO, ESSE QUESTIONÁRIO DEVE SER RESPONDIDO POR APENAS UM DOS RESPONSÁVEIS PELA CRIANÇA. Parentesco do responsável com a criança: .......................................................
Idade do responsável ...........................................Sexo do responsável ( )F ( )M Nome da criança: ................................................................................................. 1) O Sr (a) considera a voz da sua criança alterada? Sim ( ) Não ( ) Não percebo ( ) 2) A voz da sua criança apresenta mudanças no decorrer do dia? Sim ( ) Não ( ) Não percebo ( ) 3) Sua criança fica rouca por falar demais? Sim ( ) Não ( ) Não percebo ( ) 4) Sua criança faz esforço vocal para falar? Sim ( ) Não ( ) Não percebo ( ) 5) Você já levou sua criança ao médico por causa da voz dela? Sim ( ) Não ( ) Qual o diagnóstico?...................................................... 6) Se você fosse classificar sua criança como apresentando um dos temperamentos abaixo como você a classificaria: ( ) Colérico – Fica com raiva à toa, é um verdadeiro “pavio curto”. ( ) Sanguíneo - É curiosa, líder nas brincadeiras, esperta demais, agitada. ( ) Fleumático – É alegre, bonachona, amável, em paz com a vida. ( ) Melancólico: Natureza introvertida, tendência à reflexão, aparentemente frágil, delicada. 7) Dos abusos vocais listados abaixo, quais deles a sua criança comete e você VÊ como um problema para a voz dela? ( ) Grita demais ( ) Fala alto ( ) Fala demais ( ) Canta demais ( ) Faz imitações com a voz ( ) Chora demais ( ) Ri de forma exagerada ( ) Nenhuma das alternativas acima
43
8) Você acha que o ambiente de sua casa é: ( ) Barulhento e a criança precisa competir com o ruído para falar. ( ) Calmo, mas mesmo assim a criança é muito agitada. ( ) Agitado e a criança fica muitas vezes agitada em função desta situação. ( ) Poluído de forma que provoca crises alérgicas na criança. ( ) Calmo e a criança é calma ( ) Nenhum dos itens acima
44
ANEXO 4
45
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Wilson K, Problemas de voz em crianças. Editora Manole- Terceira Edição, 1994.
Abstract
Objectives: Checking the perceptions of parents regarding the dysphonia of their children. Methods: This is a cross-secional study with convenience sample, approved by COEP/UFMG under amendment nº 676/08. The study was realized at Centro Pedagógico da Universidade Federal de Minas Gerais. To fulfill the objectives of the project it was created a questionnaire to determine the vocal perception of the parents about the voice of their children. The questions covered aspects such as: The parents perception of quality of voice of their child; symptoms and abuse presented by the son (daughter); referral of the child to a doctor because of the voice; classification of children humor and data of the environment of the house. The study consists of 23 parents. The 23 dysphonic students used to correlate the parents vocal perceptions were detected by study approved by COEP/UFMG under amendment nº 676/08. After the collection of the questionnaire data, a descriptive and comparative analysis of the data was realized and correlated with the self perception of the dysphonic children of the study previously mentioned. The data were collect and stored in an Excel file, Windows XP version. To detect the correlation of the data, a statistic analysis was performed and the Fisher’s Exact Test was used.Results: From the 23 subjects in the project, 20 were mothers and 3 were fathers, the average age of the participants’ parents was 38.31 years, four parents didn’t specified their age in questionnaire. The perception of the parents regarding the presence of vocal alteration of their children showed that 47.8% considered their son (daughter) voice altered, 47.8% didn’t consider the voice altered and 4.3% were unaware of presence or absence of vocal change. The analysis of the questionnaires with respect to the perception of the 23 parents in aspects detecting altered voice, vocal changes during the day, hoarseness for the continuous use of the voice and excessive effort, showed that 13.04% of parents believes that the voice of their child presents changes during the day; 52.17% stated that there is no change; 30.43% were unaware of any vocal change and 4.35% didn’t answer the question. Regarding the perception if the children become hoarse for excessive talking 13.04% of the parents answered yes; 78.30% answered no and 8.70% were unaware whether the child has hoarseness or not, for excessive talking. Regarding the perception of the parents if their son (daughter) makes excessive vocal effort to speak, 17.40% of the parents believes that their child do this type of effort; 73.90% believes that no and 8.7% were unaware if their son (daughter) makes or not excessive vocal effort to speak. A new analysis was realized to verify the perception of the parents that observed the vocal change in their child in the above mentioned aspects. Regarding the voice change of the child during the day, we observed that 9.09% believe that the change occur, 45.45% reported that doesn’t occur, 36.36% were unaware whether of the occurrence of the vocal change or not and 9.09% didn’t answer the question. By questioning whether child become hoarse for excessive speaking it was found that 18.18% of the parents believe yes, 72.73% believe no and 9.09% were unaware whether the voice changes or not when the child speaks excessively. Regarding the question if the son (daughter) do excessive effort to speak, 27.27% said yes, 63.64% said no and 9.09% were unaware whether their child do excessive effort or not to speak. From the 23 dysphonic children parents that answered to the questionnaire, none took their child to the physician because of their voice; regarding the temperament of the child, it was observed, in the present study, that 33.33% of the parents consider their child’s temperament choleric and 33.33% consider the temperament of their child blood type, 18.52% consider their child phlegmatic and 14.81% consider the child melancholic. The most prevalent abusive vocal behavior observed by the parents was: scream too much and speak loud. The environment of the house didn’t affect the presence of the vocal change presented by the children. The
presence of dysphonia in the study was attributed by the parents much more by the child temperament and vocal abuses committed by the child at the house environment. Comparing the vocal perception of the parents regarding their child’s voice with the child self vocal perception, we found that the parents more often perceive the child dysphonia than the child themselves, whereas 47.8% consider the voice of his son (daughter) changed and only 8 (34.79%) of the children reported a negative self vocal perception.Conclusions: Although most part of the sample don’t consider the voice of their son (daughter) changes, the parents more often perceive the vocal changes than the child themselves. Key words: Voice disturbance, children, perception.
Bibliografia Consultada
Rother ET, Braga MER. Como elaborar sua tese: estrutura e referências. 2a ed. rev. e.
ampl. São Paulo: Edição do Autor; 2005.