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LAUDO TÉCNICO AMBIENTAL
RESIDENCIAL VILLA LOMBARDA CNPJ: 10.774.000/0001-00
Marcos Mori
Engenheiro Agrônomo CREA/SP 5061317180
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LAUDO TÉCNICO
1. CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES
Em atenção à Notificação nº 60/2009, expedida pela Prefeitura do
Município de Valinhos, por intermédio do Departamento de Meio
Ambiente/SPMA, em 30 de novembro de 2009 para o RESIDENCIAL VILLA
LOMBARDA, situado à Alameda Itajubá, nº 820, elaborou-se o presente
documento que visa atender as exigências da Lei nº 4.123, de 04 de maio de
2007, que dispõe sobre a necessidade de caracterização e monitoramento
ambiental dos recursos naturais incidentes em loteamentos fechados e
condomínios horizontais residenciais do Município de Valinhos.
Todas as informações constantes desse relatório foram obtidas em visita ao
referido Condomínio e descrevem a atual situação do empreendimento.
2. DIAGNÓSTICO AMBIENTAL
Em 18 de janeiro de 2010 foi realizada uma visita técnica ao local, objeto
do presente documento, para registro das informações necessárias à
identificação, caracterização e avaliação dos recursos naturais e da ocupação
do solo, elementos essenciais para a elaboração do diagnóstico ambiental.
Identificação:
O Condomínio Residencial Villa Lombarda está situado à Alameda
Itajubá, nº 820 e foi instalado em um terreno de 148.924,66 m²,
geograficamente posicionado sob as coordenadas S 23°00'12.10" e
O 47°01'41.68", tendo como marco a portaria principal e segue o disposto na
legislação municipal vigente que regulamenta esse tipo de empreendimento.
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Ocupação do solo:
O referido Condomínio está dividido em Área Particular e Área Comum,
distribuídas da seguinte forma:
• Área Particular:
i. Terrenos residenciais: ...........................97.636,93 m²;
• Área Comum:
i. Ruas e passeios: ...................................19.950,28 m²;
ii. Área para reservatório.................................182,95 m²;
iii. Área Verde:.............................................31.154,50 m².
Caracterização:
• Área Particular
i. Terrenos residenciais
O Condomínio é formado por 93 lotes. Os terrenos vazios estão recobertos
com vegetação rasteira controlada periodicamente por meio de roçadas e o
material resultante espalhado na superfície do terreno. Para evitar acidentes e
prejuízos ao meio ambiente, é expressamente proibido o uso do fogo para
controle da vegetação dessas áreas.
Existem árvores nativas no interior de diversos lotes (quadro A), situados
fora de Área de
Preservação Permanente.
Torna-se necessário, por
parte dos proprietários dos
lotes que contenham tais
espécies, solicitar autoriza-
ção para a supressão junto
aos órgãos competentes e
efetuar as medidas
compensatórias exigidas.
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Cada condômino é responsável pela manutenção e conservação da
estrutura imobiliária existente no lote de sua propriedade. Fica sob
responsabilidade do Condomínio a manutenção das estruturas da Área Comum
e a roçada dos lotes que não possuem construção.
• Área Comum
i. Ruas e passeios
A rede viária do Condomínio é formada por 5 ruas, pavimentadas com
asfalto e delimitadas com guias de concreto. Os reparos, quando necessários
são realizados por empresas especializadas que se responsabilizam pelo
descarte correto das sobras de asfalto e concreto.
Assim como nos terrenos particulares vazios, grande parte dos passeios
apresenta-se recoberto por capim e são roçados sempre que necessário.
A área dos passeios e dos terrenos é roçada sempre que necessário. As guias, sarjetas e o
piso asfáltico não sofrem problemas de erosão.
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Ø Arborização viária
A arborização viária foi instalada de modo a pouco interferir nas redes de
energia elétrica e de telefonia que atendem o Condomínio. Foram plantados
exemplares de pata-de-vaca (Bauhinia spp.), escova-de-garrafa (Callistemon
viminalis), flamboyanzinho
(Caesalpinia pulcherrima),
ipê-de-jardim (Tecoma
stans) e quaresmeira
(Tibouchina granulosa),
espécies arbóreas de
pequeno e médio porte.
São realizadas inspeções
para avaliar a necessidade
de podas de manutenção e
formação das copas. Todas as plantas apresentam bom estado fitossanitário e
grande parte ainda é tutorada.
ii. Área para reservatório e abastecimento de água
As necessidades hídricas do Condomínio são supridas por captação de
água de poço profundo (foto abaixo à direita) e armazenadas em reservatório
com capacidade para 100 m³ (foto à esquerda), onde ocorrem os processos de
filtração e cloração, antes da distribuição na
rede interna do Condomínio.
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iii. Área Verde
No Condomínio existem duas áreas verdes:
♣ Área Verde 1:
Ocupa 10.116,28 m² e contém um fragmento de mata classificado como
Área de Preservação Permanente (APP), em função de uma nascente que
abastece dois lagos. A vegetação arbórea
que protege esses corpos d’água é
formada por diversas espécies nativas e
exóticas (Quadro B).
As zonas de reflorestamento
existentes ao redor da nascente e dos
lagos são compostas por espécies
nativas seguindo o padrão de dois terços
de espécies pioneiras e secundárias
iniciais e um terço de espécies
secundárias tardias e clímax. O manejo e
os tratos culturais (condução por meio de
tutoramento, poda de formação das
copas, controle de formigas cortadeiras, capinas das coroas e roçada das
plantas rasteiras) destas áreas vêm sendo feitos regularmente de modo a
garantir o pleno desenvolvimento da vegetação.
A nascente está protegida por vegetação (à esquerda) e com reflorestamento à montante
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♣ Área Verde 2:
Ocupa 21.038,22 m² e é considerada Área de Preservação Permanente
(APP) devido a existência de quatro lagos. A vegetação arbórea que protege
esses corpos d’água é formada por diversas espécies nativas e exóticas
(Quadro B). Existe uma zona de reflorestamento, que é mantida com
vegetação invasora roçada e apresenta desenvolvimento satisfatório das
plantas.
Está instalada neste local, a infra-estrutura de lazer do Condomínio,
composta por um campo de futebol gramado, salão para festas e
churrasqueira, playground de eucalipto, pista de caminhada, quadras de vôlei
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de areia e tênis. Boa parte do terreno é recoberto por grama esmeralda (Zoysia
japonica), que permite a infiltração da água da chuva e evita a formação de
processos erosivos.
Rede de Esgoto
Todo o esgoto gerado pelas residências do Condomínio é coletado através
de sistema canalizado exclusivo para este fim e direcionado para a estação
municipal de tratamento.
Rede de Captação de Águas Pluviais
A captação de águas pluviais é feita através de bueiros localizados ao
longo das vias de acesso do
Condomínio e que se interligam
a galerias subterrâneas
construídas com tubos de
concreto, exclusivas para este
fim. A estrutura foi devidamente
calculada em função da área
de drenagem e da declividade
do terreno. Em virtude da
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topografia do terreno, parte da água captada é direcionada para a rede
municipal de águas pluviais e o restante deságua em lago existente na área
verde 2.
Flora
A flora existente no Condomínio Residencial Villa Lombarda está distribuída
nos terrenos residenciais, nos passeios e áreas verdes e encontra-se descrita
no item “Caracterização”.
São encontradas diversas espécies arbóreas nessas áreas, identificadas
nos Quadros A, B e C. Não se trata de um inventário florestal com
quantificação de indivíduos, mas sim um estudo qualitativo das espécies
existentes no perímetro do empreendimento.
Quadro A: Espécies arbóreas presentes no interior dos lotes.
Nome popular / comum Nome científico Alecrim-de-campinas Holocalyx balansae
Amora-de-árvore Morus nigra
Aroeira-mansa Schinus terebinthifolius
Cambuci Campomanesia phaea
Canela-fedorenta Nectandra rigida
Canjarana Cabralea canjerana
Caramboleira Averrhoa carambola
Canudo-de-pito Carpotroche brasiliensis
Espatódea Spathodea nilotica
Eucalipto Eucaliptus sp
Flamboyant Delonix regia
Goiabeira Psidium guajava
Grevilea Grevillea robusta
Grumixama Eugenia brasiliensis
Ipê-amarelo Tabebuia chrysotricha
Ipê-roxo Tabebuia impetiginosa
Jabuticabeira Myrciaria trunciflora
Jacarandá-mimoso Jacaranda mimosifolia
Jacarandá-paulista Machaerium villosum
Jambeiro Syzygium jambos
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Jasmim-manga Plumeria rubra
Nogueira-pecã Carya illinoinensis
Paineira Chorisia speciosa
Palmeira areca-bambu Dypsis lutescens
Palmeira imperial Roystonea oleracea
Palmeira jerivá Syagrus romanzoffiana
Palmeira leque-da-China Livistona chinensis
Palmeira rabo-de-peixe Caryota urens
Palmeira seafortia Archontophoenix cunninghamii
Pau-d'óleo Copaifera langsdorffii
Pau-de-viola Cythalexylum myrianthum
Pau-ferro Caesalpinia ferrea
Pinheiro Pinus sp
Pitangueira Eugenia uniflora
Quaresmeira Tibouchina granulosa
Sibipiruna Caesalpinia peltophoroides
Tipuana Tipuana tipu
Uvaia Eugenia pyriformis
Vários lotes apresentam vegetação com necessidade de autorização para supressão
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Quadro B: Espécies arbóreas presentes nas Áreas de Preservação Permanente.
Nome popular / comum Nome científico Angico Anadenanthera macrocarpa
Araticum Rollinia silvatica
Aroeira-mansa Schinus terebinthifolius
Cambará Gochnatia polymorpha
Canela-fedorenta Nectandra rigida
Canjarana Cabralea canjerana
Coqueiro-da-bahia Cocos nucifera
Embira-de-sapo Lonchocarpus sp
Embiruçu Eriotheca sp
Eucalipto Eucaliptus sp
Goiabeira Psidium guajava
Leiteiro-vermelho Euphorbia caracasana
Mangueira Mangifera indica
Paineira Chorisia speciosa
Palmeira areca-bambu Dypsis lutescens
Palmeira jerivá Syagrus romanzoffiana
Pata-de-vaca Bauhinia forticata
Pau-de-viola Cythalexylum myrianthum
Pau-jacaré Piptadenia gonoacantha
Pau-pólvora Trema micrantha
Pitangueira Eugenia uniflora
Quaresmeira Tibouchina granulosa
Saguaraji Colubrina glandulosa
Sibipiruna Caesalpinia peltophoroides
Tamboril Enterolobium contortisiliquum
Taiúva Maclura tinctoria
Tamanqueiro Alchornea iricurana
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As árvores existentes nas APP’s foram preservadas durante a instalação do Condomínio
Quadro C: Espécies arbóreas presentes nas áreas de reflorestamentos.
Nome popular / comum Nome científico Aldrago Pterocarpus violaceus
Amora-de-árvore Morus nigra
Aroeira-mansa Schinus terebinthifolius
Aroeira-salsa Schinus molle
Cabreúva Myroxylon peruiferum
Canelinha Nectandra megapotamica
Canjarana Cabralea canjerana
Capixingui Croton floribundus
Canudo-de-pito Carpotroche brasiliensis
Castanha-do-maranhão Pachira aquatica
Córdia Cordia superba
Dedaleiro Lafoensia pacari
Embiruçu Eriotheca sp
Fedegoso Senna macranthera
Flamboyant Delonix regia
Goiabeira Psidium guajava
Ingá Ingá uruguensis
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Ipê-amarelo Tabebuia chrysotricha
Ipê-roxo Tabebuia impetiginosa
Jacarandá-mimoso Jacaranda mimosifolia
Jacarandá-paulista Machaerium villosum
Lixa Aloysia virgata
Nespereira Eriobotrya japonica
Oiti Licania tomentosa
Paineira Chorisia speciosa
Palmeira jerivá Syagrus romanzoffiana
Pata-de-vaca Bauhinia forticata
Pau-ferro Caesalpinia ferrea
Pau-de-viola Cythalexylum myrianthum
Pau-rei Pterigota brasiliensis
Pitangueira Eugenia uniflora
Quaresmeira Tibouchina granulosa
Sibipiruna Caesalpinia peltophoroides
Tipuana Tipuana tipu
As plantas existentes nas zonas de reflorestamento apresentam desenvolvimento satisfatório
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Nas dependências do Condomínio existem árvores que necessitam de
autorização do Departamento de Meio Ambiente para a realização de podas
rasas ou supressão.
As áreas verdes 1 e 2 apresentam vegetação secundária em estágios
inicial e médio de regeneração (RESOLUÇÃO CONAMA nº 001, de 31 de
janeiro de 1994), com fisionomia florestal, apresentando árvores de variados
tamanhos.
Fauna
No perímetro do Condomínio existe fauna permanente. Observa-se com
freqüência a presença de bem-te-vis, sabiás, sanhaços, beija-flores, corujas,
maritacas, corruíras, pombas, gaviões e pardais. Entre os mamíferos
encontram-se pequenos roedores, tatús e gambás. Os répteis, raramente
observados, estão representados por lagartos teiús, calangos e outras
espécies de lagartos de menor porte. Não há registro da ocorrência de cobras.
Nenhuma das espécies citadas consta no Decreto Estadual 42.838 de 04 de
fevereiro de 1998 que “declara as espécies da fauna silvestre ameaçadas de
extinção e as provavelmente ameaçadas de extinção no Estado de São Paulo
e dá providências correlatas” e na Instrução Normativa nº 3, de 27 de maio de
2.003, do Ministério do Meio Ambiente, que em seu anexo fornece as listas das
espécies da fauna brasileira ameaçadas de extinção.
Recursos Naturais
Na Área Verde 1 encontra-se uma nascente e pelo represamento de suas
águas formam-se dois lagos. Estas estruturas são protegidas por uma mata de
vegetação secundária em estágios inicial e médio de regeneração
(RESOLUÇÃO CONAMA nº 001, de 31 de janeiro de 1994), com fisionomia
florestal, apresentando árvores de variados tamanhos. Foi respeitado o
estabelecido na Lei Federal nº 4771/65, que prevê o mínimo de 50 metros de
raio da nascente e faixa de 30 metros às margens da represa como Áreas de
Preservação Permanente.
Porém, os lagos presentes na Área Verde 2 vêm sofrendo acelerado
processo de assoreamento, por receberem boa parte das águas pluviais
oriundas do próprio Condomínio e de uma chácara vizinha.
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Carreamento de partículas pelas águas pluvias é a principal causa do assoreamento dos lagos
Obras e terraplenagens
Devido à moderada declividade do terreno, as obras que envolvam
terraplenagem devem ser bem avaliadas e executadas com precisão, afim de
que a terra resultante das atividades de corte e aterro não seja carreada pela
água das chuvas para a rede de captação pluvial, causando assoreamento em
córregos e represas à jusante do Condomínio. A retirada das sobras de terra é
de responsabilidade do proprietário do lote.
3. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Por apresentar grande parte dos terrenos sem edificações, o Condomínio
Residencial Villa Lombarda é passível de geração de resíduos impactantes,
tais como sobras de terra provenientes de terraplenagem, restos de concreto e
de materiais de construção. Para que não haja prejuízo ao meio ambiente, os
responsáveis pelo empreendimento estabeleceram que os resíduos são de
responsabilidade dos proprietários dos lotes e devem ser coletados e retirados
da obra por empresas especializadas que garantam o destino correto desses
materiais. Mantém-se a fiscalização das obras para que essa determinação
seja cumprida.
As árvores do sistema viário estão em desenvolvimento, exigindo podas
periódicas para que haja uma boa conformação das copas. O tipo de manejo
necessário e sua periodicidade são determinados por técnico habilitado e o
procedimento é executado por profissionais treinados para tal fim.
O condomínio mantém um plano de manutenção e preservação das APP’s
e dos recursos naturais existentes em seu perímetro. As áreas de
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reflorestamento continuarão a ser roçadas periodicamente para que as
espécies arbóreas possam se desenvolver plenamente e atingir o estágio
intermediário de regeneração.
ASPECTOS LEGAIS INCIDENTES
Os aspectos legais pertinentes ao cumprimento da Lei do Município de
Valinhos nº 4.123, de 04 de maio de 2007 e que nortearam a elaboração deste
estudo, estão inseridos nas seguintes normas ambientais:
• Lei Federal nº 4771/65 e suas alterações;
• Decreto Estadual nº 42838 de 04 de fevereiro de 1998 – Declara as
espécies da fauna silvestre ameaçadas de extinção e as
provavelmente ameaçadas de extinção no Estado de São Paulo e
dá providências correlatas;
• Instrução Normativa nº 3 de 27 de maio de 2003 / Ministério do
Meio Ambiente – Listas das espécies da fauna brasileira
ameaçadas de extinção;
• Resolução CONAMA nº 001, de 31 de janeiro de 1994.
ENCERRAMENTO
Nada mais havendo a esclarecer, encerro o presente laudo que consta de
16 (dezesseis) folhas impressas eletronicamente de um só lado, datado e
assinado.
Acompanha 01 (um) anexo com imagem de satélite detalhando o perímetro
do condomínio.
Valinhos, 15 de fevereiro de 2010.
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Marcos Mori Engenheiro Agrônomo
CREA 5061317180 ART nº 92221220101347494