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Coordenação de Apoio Técnico Pericial Unidade Técnico-Pericial em Serviço Social Rua 23, esq. com a Rua 03, Qd. A-12, Lt. 11, Anexo MP/GO Bairro Jardim Goiás, Goiânia-Goiás - CEP 74.805-100. 62 3239-0646/ 3239-0650/ 3239-0632 _________________________________________________________________________________________________________ ___ LAUDO SOCIAL Nº 05/ 2016 IDENTIFICAÇÃO Procedimento nº: 201500311904 Solicitante: Promotoria de Justiça da Comarca de Cavalcante – GO Úrsula Catarina Fernandes da S. Pinto Envolvido: Prefeitura Municipal de Cavalcante – GO Técnicas Responsáveis: Jacqueline Alves Spereta Rodrigues Janete Barbosa Assunto: Avaliação dos resultados do estudo social realizado em 2015 sobre a execução da Política de Assistência Social no Município de Cavalcante 1 de 37

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LAUDO SOCIAL Nº 05/2016

IDENTIFICAÇÃO

Procedimento nº: 201500311904

Solicitante: Promotoria de Justiça da Comarca de Cavalcante – GO

Úrsula Catarina Fernandes da S. Pinto

Envolvido: Prefeitura Municipal de Cavalcante – GO

Técnicas Responsáveis: Jacqueline Alves Spereta Rodrigues

Janete Barbosa

Assunto: Avaliação dos resultados do estudo social realizado em 2015 sobre a execução da

Política de Assistência Social no Município de Cavalcante

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OBJETIVO

O presente estudo visa dar continuidade à avaliação da execução da Política de

Assistência Social no município de Cavalcante/GO, tomando como parâmetro o Laudo

Social nº 26/2015, elaborado por estes técnicos em serviço social do MP/GO.

PROCEDIMENTOS TÉCNICOS

Para a elaboração deste documento, utilizou-se os seguintes procedimentos:

pesquisa bibliográfica e pesquisa à internet de diferentes documentos referentes ao Sistema

Único de Assistência Social – SUAS –, entrevista semiestruturada (pautada no Laudo

Social nº 26/2015, elaborado por estes técnicos em agosto de 2015), visita institucional e

contato telefônico.

A elaboração deste laudo social se embasou, especialmente, nas seguintes

normativas, publicações e orientações técnicas:

✔ Norma Operacional Básica/SUAS (Brasília, 2012)

✔ Norma Operacional Básica de Recursos Humanos do SUAS – NOB-RH/SUAS (Brasília, 2006)

✔ NOB-RH/SUAS: Anotada e Comentada (Brasília, 2011)

✔ Tipificação Nacional dos Serviços Socioassistenciais (Brasília, 2009)

✔ Orientações Técnicas: Centro de Referência de Assistência Social – CRAS(Brasília, 2009)

✔ Orientações Técnicas sobre o Serviço de Convivência e Fortalecimento deVínculos para Crianças e Adolescentes de 6 a 15 anos (Brasília, 2010)

✔ Orientações Técnicas sobre o PAIF, Vol. I (Brasília, 2012)

✔ Orientações Técnicas sobre o PAIF, Vol. II (Brasília, 2012)

✔ Perguntas Frequentes – Serviço de Convivência e Fortalecimento deVínculos (Brasília, 2015)

Em 27/07/2016, realizou-se reunião na Promotoria de Justiça de Cavalcante para

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discutir, com a titular desse órgão, sobre o trabalho que seria realizado no município por

estes técnicos em serviço social do MP/GO.

Em 28/07/2016, realizou-se as seguintes atividades:

✔ Reunião no Centro de Referência de Assistência Social – CRAS, no período

matutino, com a coordenadora dessa unidade, Tathiana Magalhães Montijo, e com as

profissionais que compõem sua equipe técnica, a saber: Ednalva Pereira Batista, assistente

social; Aurelina Marinho Rodrigues Neta, psicóloga da Equipe Volante; Helen Cristina

Pontes Martins, assistente social da Equipe Volante; Aline Petri Ferreira, psicóloga. Esse

encontro teve como objetivo discutir sobre as condições de funcionamento desse CRAS.

✔ Reunião com a coordenadora do Serviço de Convivência e Fortalecimento de

Vínculos – SCFV –, Rosângela Bispo da Silva, visando discutir sobre as condições de

funcionamento desse Serviço;

✔ Reunião com representantes do Conselho Municipal de Assistência Social e

do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente, a saber: Ricardo

Alexandre Garcia Galvão, tesoureiro do CMDCA; Viviane Maria Ribeiro, conselheira

CMDCA; Gustavo Barreira dos Santos, vice-presidente do CMDCA; Marciana Francisco

de Brito Rosa, vice-presidente do CMAS. Essa reunião objetivou discutir sobre as

condições de funcionamento desses conselhos. Vale destacar que o Secretário Interino da

Assistência Social de Cavalcante, Delton Neves de Moura, teve uma breve participação

nessa reunião.

Destaca-se que as discussões empreendidas em todas essas reuniões embasaram-

se nas questões tratadas no Laudo Social nº 26/2015.

Por fim, constituindo-se um desdobramento do trabalho relatado no Laudo Social nº

26/2015, este documento está estruturado em tópicos semelhantes aos que foram apresentados

naquele laudo; porém, não será apresentada uma análise técnica após cada tópico, mas uma

conclusão com sugestões técnicas relacionadas a todos os assuntos tratados, ao final do

documento.

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PARECER TÉCNICO

1 – Estrutura Física, Período de Funcionamento e Atividades

1.1 – CRAS

A estrutura física do CRAS de Cavalcante é a mesma verificada durante a visita

destes técnicos no ano de 2015; portanto, esse equipamento continua instalado em imóvel estatal,

o que atende às recomendações constantes do documento Orientações Técnicas: Centro de

Referência de Assistência Social (Brasília, 2009).

Não passou por reforma ou ampliação, porém, não compartilha mais seu espaço com

a Secretaria Municipal de Assistência Social, que foi transferida para o prédio da Prefeitura de

Cavalcante. Essa situação é favorável em relação ao que foi detectado em 2015 e atende ao que

recomenda a Resolução da Comissão Intergestores Tripartite Nº 06 de 01 de julho de 2008 (Art.

3º, III).

Dos dois serviços ofertados pelo CRAS de Cavalcante (Serviço de Proteção e

Atendimento Integral à Família – PAIF – e Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculo

- SCFV), apenas o SCFV continua sendo desenvolvido fora dessa unidade, em imóvel também

pertencente à Prefeitura. A Equipe Volante, que agora está disponível e vinculada a esse CRAS,

não conta com estrutura física específica nas comunidades que atende. Essa é uma situação que

deve ser avaliada pelo órgão gestor municipal da política de assistência social, pois, conforme

recomenda o documento Orientações Técnicas: Centro de Referência de Assistência Social, os

profissionais que compõem essa equipe “devem contar com espaço físico, no território atendido,

que garanta privacidade, bem como as outras características dos ambientes do CRAS” (p. 56).

O período de funcionamento do CRAS de Cavalcante continua compreendido entre 8

h – 12 h e 14 h – 17 h, de segunda a sexta-feira. Essa situação segue contrariando as normativas,

que recomendam que essa unidade funcione, “no mínimo, cinco dias por semana, por oito horas,

totalizando 40 horas semanais, com a equipe de referência completa. Esse horário pode ser

flexível, permitindo que a unidade funcione aos finais de semana e horários noturnos, desde que

isso ocorra para possibilitar uma maior participação das famílias e da comunidade nos serviços,

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ações e projetos ofertados” (Orientações Técnicas: Centro de Referência de Assistência Social,

Brasília, 2009).

Quanto à estrutura física, o CRAS não sofreu reforma ou ampliação desde a visita

técnica feita em 2015, como já mencionado, e, portanto, os espaços disponíveis parecem

continuar adequados às atividades do PAIF, único serviço que é desenvolvido dentro do CRAS,

atendendo, assim, ao que é minimamente exigido pelas normativas que regem o trabalho de

equipamentos dessa natureza, especialmente o documento Orientações Técnicas: Centro de

Referência de Assistência Social.

Não foi verificada aparente inadequação em termos de ventilação, iluminação e

manutenção do prédio, mas ratifica-se que, assim como a situação de acessibilidade desse

CRAS, essas questões devem ser avaliadas por profissionais de áreas que reúnem conhecimento

técnico específico para tal, a exemplo da engenharia.

Ainda sobre a estrutura física do CRAS, ressalta-se que o documento Orientações

Técnicas: Centro de Referência de Assistência Social traz, de forma detalhada, a caracterização

do espaço físico do CRAS conforme sua capacidade anual de atendimento, o que deve ser

observado pelo órgão gestor municipal da política de assistência social. Além disso, é preciso

atentar às necessidades de cada serviço ofertado pelo CRAS em termos de espaço físico. Dessa

forma, caso o CRAS de Cavalcante passe a desenvolver serviços para além do atual, em suas

instalações físicas, devem ser revistas as suas necessidades quanto ao espaço físico.

No que se refere aos equipamentos necessários à execução dos serviços ofertados por

esse CRAS, observou-se que persiste a ausência de oferta continuada de veículo para que a

equipe técnica possa desenvolver muitas de suas atribuições, especialmente o acompanhamento

familiar, que constitui um dos processos de desenvolvimento do trabalho social com famílias no

âmbito do PAIF.

Relatos das pessoas entrevistadas indicaram que a disponibilidade de carro melhorou

nos últimos 10 dias que antecederam essa visita técnica porque o atual Secretário Municipal de

Assistência Social tem se esforçado para manter um carro traçado à disposição do CRAS. Porém,

trata-se de apenas um veículo para atender tanto à equipe de referência do CRAS que atende à

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área urbana de Cavalcante quanto à equipe volante, o que é insuficiente. Além disso, foi

informado que esse carro tem servido, também, à Secretaria Municipal de Saúde, prejudicando o

desenvolvimento do trabalho do CRAS. No mês de maio/2016, por exemplo, nenhuma visita

domiciliar pôde ser realizada no âmbito do CRAS porque o veículo estava à disposição daquela

Secretaria. Esses mesmos relatos indicaram, também, que há promessa da Prefeitura de

disponibilizar, em breve, um outro veículo (carro de passeio) para uso exclusivo do CRAS,

porém, esse carro ainda está passando por consertos.

1.1.1 – PAIF

O PAIF é o único serviço da Proteção Social Básica que tem que ser ofertado,

exclusivamente, dentro do CRAS. As ações do PAIF – acolhida, oficinas com famílias, ações

comunitárias, ações particularizadas e encaminhamentos – devem ser desenvolvidas a partir de

um planejamento, que, por sua vez, deve ser construído sempre tomando como base os objetivos

desse serviço.

Verificou-se que a equipe de referência do CRAS de Cavalcante não está

conseguindo planejar sua atuação no âmbito do PAIF. São realizadas, apenas, ações

individualizadas para atender aos casos mais urgentes e nem mesmo encontros com as famílias

beneficiárias do Programa Bolsa Família são realizados. Os estudos de caso, que, conforme bem

destaca o documento Orientações Técnicas sobre o PAIF, Vol. 02, “possibilitam a definição e

estruturação de estratégias que visem a superação da situação apresentada, prevendo

encaminhamentos, inserção nas ações do PAIF, articulação intersetorial, entre outros” (p.51), não

acontecem no âmbito do PAIF em Cavalcante.

O acompanhamento1 às famílias em situação de vulnerabilidade, que é um dos

processos pelo qual a equipe técnica pode desenvolver o trabalho social com as famílias do PAIF,

1 De acordo com o documento Orientações Técnicas sobre o PAIF, Vol. 02 (Brasília, 2012), “o acompanhamento familiarconsiste em um conjunto de intervenções, desenvolvidas de forma continuada, a partir do estabelecimento de compromissosentre famílias e profissionais, que pressupõe aq construção de um Plano de Acompanhamento Familiar – com objetivos aserem alcançados, a realização de mediações periódicas, a inserção em ações do PAIF, buscando a superação gradativa dasvulnerabilidades vivenciadas”... ”O acompanhamento no âmbito do PAIF é destinado às famílias que apresentam situações devulnerabilidades, que requerem a proteção da assistência social para garantia de seus direitos socioassistenciais, acesso aosdireitos sociais e ampliação de sua capacidade protetiva, demandando, para isso, uma atenção diferenciada, um olhar maisatento dos profissionais do CRAS, na medida em que essas situações vivenciadas, caso não sofram imediata intervençãoprofissional, podem tornar-se risco social e/ou violação de direitos” (p. 54 e 55).

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também não vem sendo feito, sob a alegação de que não há recursos suficientes para isso,

especialmente no que se refere ao transporte para a realização de visitas domiciliares e à reduzida

equipe técnica. A esse respeito, destaca-se que as entrevistadas não souberam informar o número

de famílias referenciadas a esse CRAS que necessitam de acompanhamento familiar. Apenas as

famílias em descumprimento de condicionalidades têm sido acompanhadas porque são poucas

que se encontram nessa situação. Quanto ao número de famílias em acompanhamento pelo

CRAS, é importante destacar que esse é um dado que deve ser registrado por essa unidade,

conforme determina a Resolução CIT nº 04, de 24 de maio de 2011.

Relatos das pessoas entrevistadas indicaram que não tem sido possível realizar busca

ativa e, dessa forma, a maioria dos usuários têm acesso aos serviços do CRAS a partir de

demanda espontânea. E, ainda, que esse CRAS não conta com o Prontuário SUAS, que é um

importante instrumento para a realização do estudo social da família/indivíduo que está em

acompanhamento pelo CRAS.

O acompanhamento do técnico de referência do CRAS ao trabalho desenvolvido no

SCFV é outra atribuição importante da equipe do PAIF que não tem sido realizada, indicando

uma piora em relação a 2015, quando isso ocorria sistematicamente.

Nesse sentido, observou-se que as poucas ações que essa equipe tem conseguido

realizar (acolhida, ações particularizadas e alguns poucos encaminhamentos, essencialmente) não

conseguem produzir os efeitos esperados do PAIF, quais sejam:

“Fortalecer a função protetiva da família e prevenir ruptura dos seus vínculos, sejamestes familiares ou comunitários, contribuindo para a melhoria da qualidade de vida dosterritórios; Promover aquisições materiais e sociais, potencializando o protagonismo eautonomia das famílias e comunidades; Promover acessos à rede de proteção social deassistência social, favorecendo o usufruto dos direitos socioassistenciais; Promoveracessos aos serviços setoriais, contribuindo para a promoção de direitos; Apoiar famíliasque possuem, dentre seus membros, indivíduos que necessitam de cuidados, por meioda promoção de espaços coletivos de escuta e troca de vivências familiares”.(Orientações Técnicas sobre o PAIF, Vol. 2, Brasília, 2012, p. 15).

Observou-se que essa fragilidade do PAIF parece estar relacionada a alguns fatores

principais, quais sejam:

✔ descontinuidade da oferta de veículo para realização de visitas domiciliares e de

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outras ações inerentes ao acompanhamento das famílias usuárias desse serviço. Hoje, o CRAS

conta, apenas, com um veículo traçado para atender à demanda da zona urbana e da zona rural

(via equipe volante), o que é insuficiente. Vale ressaltar que a disponibilidade desse veículo

traçado é algo recente, que se iniciou cerca de duas semanas antes dessa visita técnica, depois

que o atual Secretário Municipal de Assistência Social assumiu essa pasta. Antes disso, a

precariedade em termos de veículo era ainda maior;

✔ descontinuidade do serviço da equipe volante, que impediu que o PAIF fosse

desenvolvido efetivamente por essa equipe nas comunidades a que se destina (a situação da

equipe volante será tratada no tópico 1.1.2 deste parecer técnico);

✔ grande rotatividade de funcionários do CRAS, especialmente de parte da equipe

técnica e coordenação, considerando que boa parte deles é admitida via contrato temporário;

✔ pouca oferta de serviços na rede socioassistencial e de outras políticas públicas

locais para que a equipe técnica possa fazer encaminhamentos das famílias

atendidas/acompanhadas, visando fortalecer sua autonomia e protagonismo. A esse respeito, é

importante ressaltar que cabe ao órgão gestor municipal da política de assistência social

estabelecer articulações com programas e projetos de preparação para o trabalho e inclusão

produtiva para que o CRAS possa fazer o encaminhamento das famílias por ele

acompanhadas/atendidas;

✔ precária articulação do CRAS com a rede socioassistencial local e com

instituições de outras políticas públicas;

✔ desmotivação da equipe de referência, em razão das precárias condições de

trabalho, o que acaba por restringir sua atuação. Ainda a esse respeito, observou-se que há, entre

a equipe do CRAS, um sentimento de desvalorização da assistência social por parte do poder

público municipal.

Dentre as principais dificuldades apresentadas pela equipe de referência para

desenvolver o PAIF, foram elencadas as seguintes:

✔ baixa qualidade dos recursos disponíveis (por exemplo, os computadores);

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✔ indisponibilidade de recursos para executar oficinas que incentivem a participação

das famílias em ações coletivas do PAIF, que podem ser usadas como estratégias de

implementação de outras ações desse serviço;

✔ indisponibilidade de gêneros alimentícios para o preparo de lanches para os

usuários, caso as atividades coletivas passem a ser desenvolvidas;

✔ insuficiência e rotatividade de recursos humanos, especialmente no que se refere à

equipe técnica;

✔ descontinuidade na oferta de veículo para realizar ações que atendam tanto à área

urbana quanto a área rural de Cavalcante;

✔ execução, por parte da equipe técnica do CRAS, de ações que não são do escopo

da assistência social, especialmente aquelas que dizem respeito à área da saúde, por

determinação de gestores municipais.

Por fim, destaca-se que relatos obtidos indicaram que continuam chegando ao

conhecimento do CRAS denúncias relativas à violação de direitos de crianças e adolescentes de

Cavalcante, mas que tais denúncias não se limitam aos indivíduos que compõem as comunidades

calungas. A esse respeito, os profissionais entrevistados destacaram que, como esses casos

exigem uma atenção especializada, que deve ser ofertada no âmbito da Proteção Social Especial

de Média Complexidade, por profissionais do Centro de Referência Especializado de Assistência

Social (CREAS) ou da Equipe de Proteção Social Especial, na ausência desse, pouco pode ser

feito para atendê-los em Cavalcante, pois o município ainda não conta com CREAS ou com a

Equipe de Proteção Social Especial, e, nem mesmo, com o Centro de Atenção Psicossocial

(CAPS), unidade da saúde responsável por ofertar, dentre outros atendimentos, o

acompanhamento psicoterápico para famílias/indivíduos em situação de violência. Trata-se,

portanto, de uma situação inadequada, que contraria as normativas e viola os direitos que esses

usuários têm a serviços públicos que atendam as suas demandas.

1.1.2. Equipe Volante

A equipe volante do CRAS de Cavalcante, formada por uma assistente social e uma

psicóloga, voltou a funcionar em fevereiro/2016, prosseguindo até o início de junho/2016. Nesse

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período, o PAIF não foi desenvolvido efetivamente pela equipe, pois foram priorizadas as ações

referentes ao BPC Escola. Além disso, não havia disponibilidade continuada de veículo nesse

período e, assim, as famílias/indivíduos da zona rural eram atendidos dentro do CRAS.

A equipe volante ficou sem funcionar durante o mês de junho/2016, devido à

ausência de recursos humanos (contratados temporariamente), voltando a funcionar no final

desse mesmo mês. Vale destacar que essa equipe continua sendo admitida por meio de contrato

temporário, que, normalmente, tem duração de 3 meses, conforme declararam as pessoas

entrevistadas. Assim, em breve elas poderão ter que interromper suas atividades devido ao

término do contrato.

Destaca-se que a atual equipe volante está em fase de organização do seu trabalho,

não tendo conseguido, ainda, atuar efetivamente junto às comunidades usuárias de seus serviços,

principalmente no que se refere à execução do PAIF. O acompanhamento ao trabalho do Serviço

de Convivência e Fortalecimento de Vínculos executado em duas comunidades rurais também

ainda não vem sendo feito por essa equipe.

Essa equipe tem planejado, ainda que minimamente, o seu trabalho, mas ainda não

conseguiu visitar todas as comunidades rurais de Cavalcante. Até o dia dessa visita técnica,

realizada em julho de 2016, tinha ido a 3 das 13 comunidades existentes e feito 4 visitas no total.

Apenas em uma delas conseguiu iniciar levantamento de demandas da população, busca ativa

(pautada, principalmente, em informações constantes de alguns documentos recebidos pelo

CRAS e em visitas domiciliares) e algumas visitas domiciliares relacionadas a denúncias

recebidas pelo CRAS. Outros objetivos também pautaram as visitas a essas 03 comunidades,

dentre eles, participar de festejos e de ações comunitárias em conjunto com a Secretaria

Municipal de Saúde. A equipe volante entrevistada destacou que, nas visitas a essas

comunidades, conseguiu verificar algumas problemáticas, tais como casos de negligência e falta

de atividades para alguns segmentos da população rural, que fica bastante ociosa. Essas

informações levantadas foram consolidadas, mas a equipe ainda não conseguiu definir ações com

vistas à superação das problemáticas verificadas.

A equipe volante se queixou da falta de envolvimento no planejamento das ações

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comunitárias das quais participou a convite da Secretaria Municipal de Saúde, destacando que,

sem esse envolvimento, a atuação do CRAS torna-se sem efetividade nessas ações. A partir dessa

queixa, foi empreendida uma discussão entre esta equipe técnica do MP/GO e a equipe volante

sobre a imprescindibilidade do envolvimento dessa em todas as etapas das ações comunitárias -

planejamento, execução e avaliação. Caso contrário, não se justifica a participação do CRAS

nesses eventos.

As profissionais da equipe volante entrevistadas destacaram que a quantidade de

técnicos para compô-la é insuficiente, pois metade da população do município de Cavalcante

está na zona rural, e que é preciso garantir continuidade na disponibilização de veículo adequado

para o deslocamento até as comunidades rurais, que, na maioria das vezes, ficam em locais de

dificílimo acesso.

Observou-se que o trabalho da equipe volante não é continuado nesse CRAS e que

ela não possui estrutura física específica a sua disposição para desenvolver o seu trabalho nas

comunidades rurais. A esse respeito, destaca-se o que consta do documento Orientações

Técnicas: Centro de Referência de Assistência Social – CRAS: “Também as equipes volantes devem

contar com espaço físico, no território atendido, que garanta privacidade, bem como as outras características dos

ambientes do CRAS” (p. 56).

1.2 – SCFV

O SCFV continua funcionando em um imóvel da Prefeitura de Cavalcante, porém,

distinto do CRAS, em outro bairro, situação que encontra respaldo nas normativas que regem

esse tipo de serviço, especialmente no documento Passo a Passo: Reordenamento do Serviço de

Convivência e Fortalecimento de Vínculos. Ratifica-se que esse imóvel tem boa estrutura física e

que os ambientes que o compõem são suficientes à execução das atividades do SCFV, incluindo

uma ampla área ao ar livre. O espaço desse serviço continua sendo cedido para várias

instituições da comunidade quando não está sendo usado para suas atividades específicas. No dia

dessa visita técnica, os dias e horários de funcionamento do SCFV não estavam afixados em

local de grande circulação dos seus usuários, contrariando o que recomendam as normativas.

Assim como verificado na visita técnica de 2015, as atividades do SCFV não

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estavam sendo desenvolvidas normalmente nessa unidade em julho de 2016, em razão do

período de férias escolares, quando a maioria dos usuários deixa de comparecer ao serviço

porque se desloca para a casa de familiares, na zona rural. As atividades são menos

diversificadas ainda nesse período. Apenas duas oficinas estavam sendo oferecidas em julho para

as poucas crianças/adolescentes que compareceram à unidade: a de capoeira e de música.

Verificou-se que, nesses períodos de baixo comparecimento, as atividades ocorrem de forma

mais informal, sem muito rigor e planejamento. Depoimentos da orientadora social entrevistada

indicaram que apenas duas crianças frequentara a unidade no mês de julho e, mesmo assim, não

compareceram todos os dias. Dos 11 servidores do serviço, apenas 6 estavam trabalhando no

referido mês. Os demais ou estavam de licença médica ou de férias.

Ainda a respeito dessa diminuição das atividades nos períodos de férias escolares,

vale destacar que as normativas recomendam que não haja interrupção do SCFV quando houver,

entre seus usuários, crianças/adolescentes em situação de trabalho infantil. Conforme declaração

da orientadora social entrevistada, não há crianças/adolescentes nessa situação participando do

SCFV em Cavalcante.

Verificou-se que algumas dificuldades para o desenvolvimento das atividades do

SCFV persistem, especialmente, no que diz respeito aos seguintes aspectos:

✔ precária manutenção predial – por exemplo, as portas continuam estragadas,

lâmpadas estão queimadas, computadores estão com defeito, impressora ainda não foi

configurada e o portão de entrada da unidade está estragado, não podendo ser trancado. Apesar

da precária manutenção predial, o imóvel onde funciona o SCFV recebeu uma nova pintura após

a visita técnica de 2015;

✔ falta de acesso à Internet, o que tem inviabilizado o desenvolvimento de

atividades relativas à informática com os usuários, apesar de haver computadores disponíveis na

unidade;

✔ ausência de linha telefônica, obrigando os profissionais da unidade a usarem seus

próprios telefones celulares para tratarem de assuntos relativos ao trabalho;

✔ indisponibilidade de gêneros alimentícios variados para o preparo de lanches para

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os usuários do SCFV, impossibilitando a adoção de um cardápio diversificado;

✔ falta de suporte/acompanhamento da equipe de referência do CRAS ao SCFV.

Quanto à última dificuldade acima elencada, trata-se, como já mencionado, de uma

situação que não era vivenciada em 2015. Assim, a equipe do CRAS não realiza mais encontros

sistemáticos para orientar, discutir, planejar e avaliar o trabalho e, nem mesmo, visitas à unidade.

Diante dessa situação, a orientadora social do SCFV destacou que fez curso online, por iniciativa

própria, sobre como desenvolver esse serviço. Além disso, foi mencionado que, ao mesmo tempo

em que não oferece suporte ao SCFV, a coordenação do CRAS faz cobranças quanto à sua oferta.

Ressaltou, também, que recebeu, da coordenação do CRAS, alguns materiais informativos sobre

o desenvolvimento do SCFV, porém, não foram garantidos momentos de estudo e discussão

conjuntos desse material entre a equipe do CRAS e a equipe do SCFV.

Essa é uma situação inadequada, que fragiliza o trabalho desenvolvido no âmbito do

SCFV e contraria o que preconizam as normativas. O documento Orientações Técnicas sobre o

Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos para Crianças e Adolescentes de 6 a 15

anos, por exemplo, estabelece que a equipe de referência do SCFV é composta pelo orientador

social, pelos facilitadores de oficinas e pelo técnico de referência. Esse último é o profissional de

nível superior do CRAS responsável pelo acompanhamento das famílias de crianças e

adolescentes que frequentam o SCFV e pelo apoio ao trabalho realizado pelo Orientador Social.

Nesse documento, as funções do técnico de referência estão assim detalhadas:

“conhecer as situações de vulnerabilidade social e de risco para as famílias beneficiáriasde transferência de renda (BPC, Programa Bolsa Família e outras) e as potencialidadesdo território de abrangência do CRAS; acolher, ofertar informações e encaminhar asfamílias usuárias do CRAS; mediar os processos grupais do Serviço para famílias;realizar atendimento individualizado e visitas domiciliares a famílias referenciadas aoCRAS; desenvolver atividades coletivas e comunitárias no território; divulgar o Serviçono território; acompanhar os Grupos sob sua responsabilidade, atestando informaçõesmensais prestadas pelos orientadores sociais para alimentação de sistema de informaçãosempre que for designado; avaliar, junto às famílias, os resultados e impactos doServiço; recolher, mensalmente, os registros de frequência feitos pelos OrientadoresSociais para encaminhamento à PSE, após análise da frequência das crianças e dosadolescentes; referenciar à PSE, quando identificadas situações de violação de direitosou reincidência na situação de trabalho; inserir as famílias nas atividades do PAIF, apóscontrarreferenciamento da PSE; prestar esclarecimentos aos órgãos de fiscalizaçãosempre que demandado” (p.63).

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Destaca-se que o coordenador do CRAS também tem responsabilidade na promoção

de articulação entre a equipe de referência do CRAS e a equipe do SCFV das instituições a ele

referenciadas, pois cabe a esse profissional realizar reuniões periódicas com os responsáveis pela

execução do SCFV para avaliação dos resultados, conforme consta do documento acima

mencionado.

Ainda sobre esse distanciamento do técnico de referência do CRAS em relação ao

SCFV, vale destacar, também, que o documento Orientações Técnicas: Centro de Referência de

Assistência Social elenca, dentre as atribuições do técnico de nível superior do CRAS, as

seguintes: “Apoio técnico continuado aos profissionais responsáveis pelo (s) serviço (s) de

convivência e fortalecimento de vínculos desenvolvidos no território ou no CRAS;

acompanhamento de famílias encaminhadas pelos serviços de convivência e fortalecimento de

vínculos ofertados no território ou no CRAS” (p. 63).

Relatos também indicaram que houve melhora no repasse de materiais pedagógicos e

esportivos para as oficinas em relação ao que foi verificado em relação à visita técnica de 2015 .

O serviço recebeu instrumentos musicais novos, recentemente. A disponibilidade de carne para o

preparo das refeições também melhorou; porém, a unidade não conta com frutas para oferecer às

crianças/ adolescentes. A quantidade de frutas repassada pela Prefeitura é pequena e só é

suficiente para os grupos do SCFV com idosos. A Prefeitura tem garantido transporte adequado

para que os usuários idosos do SCFV possam fazer passeios, que estão entre as atividades mais

apreciadas por eles.

O período de funcionamento do SCFV continua sendo de segunda a sexta-feira, o

mesmo verificado em 2015. A distribuição das atividades também continua a mesma: de segunda

a quinta-feira são ofertadas atividades para as crianças e os adolescentes e, às segundas, quartas e

sextas-feiras, para os idosos. A respeito do período de funcionamento das atividades do SCFV

para crianças/adolescentes de 06 a 15 anos, vale destacar que as normativas recomendam que

seja de turnos diários de até 4 horas (Tipificação Nacional dos Serviços Socioassistenciais,

Brasília, 2009). Como já mencionado, as atividades funcionam, apenas, de segunda a quinta

feira, situação que precisa ser adequada. Já em relação aos grupos de idosos, não foi verificada

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inadequação quanto à periodicidade dos encontros. O documento acima mencionado não traz

uma recomendação muito definida a esse respeito, mas menciona que as atividades destinadas a

esse público, via SCFV, podem acontecer em “dias úteis, feriados ou finais de semana, em

horários programados, conforme demanda” (p.15).

Para cada faixa etária (divididas entre crianças/adolescentes de 06 a 15 anos de

idade), há 01 grupo pela manhã e 01 grupo à tarde. Nesse sentido, como o total de

crianças/adolescentes é dividido em 03 faixas etárias distintas, há 03 grupos pela manhã e 03 à

tarde. O número máximo de participantes de cada grupo do SCFV continua sendo de 25 a 30

usuários, no caso de crianças e adolescentes, mas, atualmente, esse número não ultrapassa 15.

Vale destacar que as normativas recomendam que o número de usuários por grupo não deve

ultrapassar 25. Já no caso dos idosos, há apenas 01 grupo, composto por 45 usuários. Os grupos

de crianças e adolescentes continuam tendo duração de 3 horas diárias; o de idosos, 1 hora e

meia, devido às especificidades desse público.

Tomando como base as informações prestadas pela orientadora social entrevistada,

concluiu-se que as atividades ofertadas às crianças/adolescentes e aos idosos estão, de modo

geral, em conformidade com o que as normativas recomendam. Porém, verificou-se que

persistem as queixas das crianças e dos adolescentes usuários do serviço acerca da pouca

diversidade das atividades ofertadas, queixas essas que foram corroboradas pela orientadora

social entrevistada. Ratifica-se, portanto, a importância de a Secretaria Municipal de Assistência

Social de Cavalcante incrementar as atividades oferecidas no SCFV, tomando como base os seus

objetivos, os interesses do público atendido e a elaboração de um projeto de trabalho.

Observou-se que têm sido empreendidos esforços para fazer a separação das

crianças/adolescentes por faixa etária, conforme recomendam as mesmas normativas. As

atividades que estão sendo oferecidas em 2016 são as seguintes: oficinas de leitura, música,

capoeira, beleza e teatro para as crianças e os adolescentes; aulas de forró, passeios e atividades

físicas (caminhadas, por exemplo) para os idosos.

Essas oficinas não acontecem todos os dias, mas se alternam durante os dias da

semana. Porém, uma das deficiências verificadas no SCFV para crianças e adolescentes de 6 a 15

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anos de idade é que, em alguns dias, há apenas uma oficina funcionando. Nesses dias, o único

oficineiro presente tem que prestar atendimento aos três grupos presentes na unidade, passando

um determinado período de tempo com cada um deles. O restante da carga horária é coberta por

uma monitora, que foi contratada para trabalhar com as crianças/adolescentes nos momentos em

que alguma oficina não está funcionando, desenvolvendo jogos e brincadeiras (atividades

lúdicas). Assim, sempre fica garantida a realização de algum tipo de atividade com os usuários,

evitando que sejam dispensados.

Também foi disponibilizada uma nova facilitadora de oficinas para trabalhar com os

grupos de idosos, já que o facilitador que desempenhava essa função em 2015, e atuava, ainda,

como Secretário Municipal de Assistência Social, já não trabalha nesse serviço e nem é mais o

Secretário dessa pasta.

As aulas de balé, que estavam previstas para acontecer, não se iniciaram, assim como

os cursos de cabeleireiro e manicure. A orientadora social ressaltou que a maioria das oficinas

oferecidas funcionam de forma adequada, com exceção da de música, em razão da não

assiduidade do facilitador de oficinas responsável por conduzi-la, e da de beleza, devido ao

pouco material disponível.

Relatos indicaram que os responsáveis pelas crianças/adolescentes que frequentam o

SCFV continuam se queixando da ausência de atividades de reforço escolar, não tendo

compreendido, ainda, que essa é uma atividade que deve ser executada pela escola. O foco do

SCFV está em ações coletivas preventivas, de convivência entre os grupos atendidos, de trocas

de vivências, trocas culturais, com vistas a fortalecer vínculos familiares e comunitários. Apesar

desse descontentamento das famílias, o serviço continua seguindo firme as orientações contidas

nas normativas, especialmente no documento Orientações Técnicas: Serviço de Convivência e

Fortalecimento de Vínculos para Crianças de 6 a 15 anos. Dessa forma, o reforço escolar

continua não fazendo parte das atividades desenvolvidas no SCFV de Cavalcante.

Ressalta-se que há SCFV funcionando, também, em duas comunidades rurais de

Cavalcante: Engenho II e São Domingos. Segundo a coordenadora do CRAS, esses serviços

também enfrentam limitações para funcionar e não recebem acompanhamento/orientação por

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parte da equipe de referência do CRAS.

Notou-se que ainda não é dada, no âmbito do SCFV desenvolvido em Cavalcante,

uma atenção mais criteriosa à definição do seu público prioritário, conforme estabelecido na

Resolução CNAS nº 01/2013 (art. 3º). Assim, esse público continua sendo composto,

essencialmente, por usuários de baixo poder aquisitivo e por crianças e adolescentes que sofrem

negligência dos pais, sem preocupação em ampliá-lo conforme as normativas. Nesse sentido,

ratifica-se a importância da ampliação desse público, tomando como base o que preconiza essa

resolução, especialmente para os casos de crianças e adolescentes em situação de violação de

direitos, que continuam recebendo pouco atendimento do poder público municipal, já que ainda

não estão garantidos, nesse município, atendimentos especializados para esses casos –

Cavalcante não conta com CREAS e nem com Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) -,

instâncias responsáveis por esse tipo de atendimento. O documento “Passo a Passo:

Reordenamento do Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos” traz o seguinte a esse

respeito:

“(…) é muito importante que o município e o DF conheçam a realidade do seu territóriopara decidir e melhor organizar a oferta, identificando as famílias com as crianças,adolescentes e pessoas idosas que necessitem participar do SCFV e organizar a oferta doserviço para esse público. É fundamental também que o município e o Distrito Federalidentifiquem quais as situações prioritárias vividas por essa população para inclusão noSCFV” (p.8).

Ainda a respeito do público prioritário do SCFV, é importante que a sua gestão

atente ao que estabelece a Resolução CNAS nº 01/2013, em seu art. 3º, para chegar aos

segmentos da população que se encontram em situações de violação de direitos e que precisam

de uma retaguarda socioassistencial: §1º para a identificação dos usuários em situação prioritária

será utilizado o Número de Identificação Social – NIS do Cadastro Único para Programas

Sociais do Governo Federal – CadÚnico; §3º Estabelece-se como meta de atendimento de 50%

(cinquenta por cento), no mínimo, do público prioritário.

Sobre a estrutura física do SCFV, ratifica-se que uma avaliação adequada acerca da

situação estrutural e de manutenção do imóvel, de acessibilidade, ventilação e iluminação deve

ser requisitada a profissionais que detêm conhecimento técnico específico, a exemplo daqueles

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da área da engenharia.

Verificou-se que persistem fragilidades no desenvolvimento do SCFV que

inviabilizam a organização do trabalho a partir de percursos, conforme orientam as normativas.

Dentre essas fragilidades, destaca-se a descontinuidade na realização das oficinas (em alguns

dias a oferta de oficinas é bastante precária) e a falta de um planejamento das atividades focado

na “garantia de aquisições progressivas de seus usuários, de acordo com seu ciclo de vida”

(Passo a Passo: Reordenamento do Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos, p.3).

Isso exige um conhecimento acerca do perfil desses usuários, de suas necessidades. A esse

respeito, o documento Perguntas e Respostas – Serviço de Convivência e Fortalecimento de

Vínculos traz o seguinte:

“(…) o percurso diz respeito aos objetivos a serem alcançados por um grupo, por meiode algumasatividades e de um período determinado. Assim, será possível, ao final dopercurso, avaliar se os objetivos foram alcançados e se os usuários daquele grupocontinuarão a participar do Serviço em um próximo percurso” (p. 13).

Trata-se, portanto, de uma questão inerente ao SCFV que ainda carece de

investimento nesse município. Destaca-se que o documento Perguntas e Respostas – Serviço de

Convivência e Fortalecimento de Vínculos –, elaborado pelo MDS, contém informações

detalhadas a respeito da organização do trabalho do SCFV em percursos, o que pode ser utilizado

para aprimorar a oferta desse Serviço em Cavalcante.

2 – Recursos Humanos

2.1 – CRAS

A coordenadora dessa unidade informou que, atualmente, o quadro de servidores é

composto da seguinte forma:

NOME FUNÇÃO VÍNCULOEMPREGATÍCIO

CARGAHORÁRIA

Tatiana Magalhães Montijo Coordenadora Contrato 40 horassemanais

Ednalva Pereira Batista Assistente Social Efetivo 30 horas

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semanais

Aline Petri Ferreira Psicóloga Efetivo 30 horassemanais

Samara Cristina Ferreira deAlmeida

AuxiliarAdministrativo

Contrato 40 horassemanais

Marinês Lopes Galvão Recepcionista Efetivo 20 horassemanais

Helen Cristina Ponte Martins Assistente Social(Equipe Volante)

Contrato 40 horassemanais

Aurelina Marinho Rodrigues Neta Psicóloga (Equipe Volante)

Contrato 40 horassemanais

Da mesma forma que no estudo social realizado em 2015, os entrevistados

apontaram a insuficiência de recursos humanos e a precariedade de vínculos de trabalho como

dificultadores do desenvolvimento dos trabalhos no CRAS. A situação do concurso público

realizado, em 2007, na qual os candidatos aprovados não foram nomeados, dentro do prazo de

validade, continua aguardando resolução judicial. Acrescenta-se que mais uma candidata

aprovada nesse certame, para ocupar o cargo de assistente social, foi contratada temporariamente

pelo município para compor a equipe volante do CRAS, isto é, sem concurso público.

Destacaram a alta rotatividade de profissionais, especialmente, daqueles que

compõem a equipe técnica da unidade, e também dos gestores da política de assistência social,

como prejudicial ao regular funcionamento dos serviços ofertados no CRAS. A alta rotatividade

da equipe técnica prejudica, por exemplo, a evolução e organização dos prontuários individuais e

familiares e o acompanhamento familiar.

Disseram que, após a exoneração do secretário dessa pasta, que se encontrava

ocupando o cargo à época do estudo social realizado pelas técnicas do MP/GO, em 2015, mais

04 secretários foram nomeados e, posteriormente, exonerados; há cerca de 03 semanas, mais um

secretário foi nomeado para gerir a política de assistência social do município. Ademais, que este

secretário está ocupando a pasta de maneira “interina”, provisória, já que também é Secretário de

Saúde de Cavalcante; logo, a primeira-dama deve assumir o cargo de Secretária de Assistência

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Social.

Quanto à equipe volante do CRAS, composta por 01 psicóloga e 01 assistente social,

ressalta-se que a contratação de ambas é recente e que o contrato realizado tem duração de

apenas 03 meses. Os entrevistados demonstraram preocupação em relação a este curto período

de contratação, pois acreditam que, em razão de ser um ano eleitoral, essas profissionais não

poderão ser “recontratadas”, situação que deve ocasionar prejuízos ao desenvolvimento do

trabalho junto às comunidades rurais e tradicionais do município.

Os entrevistados consideram que tanto os recursos humanos do CRAS quanto da

equipe volante continuam insuficientes para atender a alta demanda das áreas urbana e rural de

Cavalcante. Destaca-se, conforme apontado no estudo social anterior, que quase metade da

população de Cavalcante vive na zona rural. Além disso, muitas comunidades vivem em áreas de

difícil acesso, o que dificulta ainda mais o trabalho da equipe volante. Além disso, o Relatório de

Informações Sociais, do MDS, dispõe que, atualmente, 50 % da população do município é rural.

Os entrevistados informaram que o número atual de famílias referenciadas ao CRAS é 3475; em

2015 era 3377.

Entende-se que a equipe volante, como mencionado no Laudo Social nº 26/2015,

independentemente do porte do município, deve ser composta por 02 técnicos de nível superior

(sendo 01 assistente social e, preferencialmente, 01 psicólogo) e 02 técnicos de nível médio. A

função essencial desta equipe é o deslocamento no território para oferta de PSB e seus serviços

devem ser desenvolvidos com qualidade. O coordenador do CRAS também deverá coordenar a

equipe volante. Desta forma, nota-se que a equipe volante de Cavalcante se encontra incompleta.

No que diz respeito à equipe de referência do CRAS, em relação ao estudo social

anterior, percebe-se que continua incompleta, já que nos municípios onde existam até 3500

famílias e indivíduos referenciados, esta equipe deve ser composta por 03 técnicos de nível

superior, sendo dois profissionais assistentes sociais e, preferencialmente, um psicólogo, e 03

técnicos de nível médio.

2.2 – SCFV

A coordenadora do CRAS informou que o SCFV é composto pela seguinte equipe:

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NOME FUNÇÃO VÍNCULOEMPREGATÍCIO

Carga Horária

Lenir Pereira dos Santos Serviçosgerais

Comissionado 40 horas

Santana Ferreira dos Santos ServiçosGerais

Comissionado 40 horas

Juracy Antonio da Silva ServiçosGerais

Efetivo 40 horas

Maria Aparecida Marques de Sousa ServiçosGerais

Efetivo 40 horas

Uanderson Rodrigues de Sousa ServiçosGerais

Contrato 40 horas

Rosangela Bispo da Silva Orientadora Contrato 40 horas

Eva Alves de Souza EducadoraSocial

Efetivo 40 horas

Dalila Reis Martins Orientadora Comissionada 40 horas

Lucineide Cupertino Alvarenga Cozinheira Efetivo 16 horas

Maria dos Reis dos Santos Rosa ServiçosGerais

Comissionado 40 horas

Uelio dos Santos Rosa Educadora Comissionado 40 horas

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Social

Maria de Lurdes Marques de Souza Oficineira Contrato 24 horas

Marlene Carvalho dos Santos EducadoraSocial

Comissionada 40 horas

Paulo Renato Oficineiro Contrato 12 horas

Cristina F. de Torres Contrato 40 horas

Maria Betania G. dos Santos Contrato 20 horas

Walax Roscielle Contrato 20 horas

A orientadora social entrevistada declarou que considera insuficientes os recursos

humanos do SCFV, pois há poucos oficineiros para cobrir todo o período de funcionamento da

unidade.

Mais uma vez destaca-se, acerca dos recursos humanos do SCFV, que segundo o

documento “Perguntas Frequentes Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos”, do

MDS, os municípios têm autonomia no recrutamento de recursos humanos deste serviço,

devendo ser observados requisitos mínimos, tais como perfil e funções dos profissionais que

comporão sua equipe. Estes devem ter conhecimentos e habilidades para desenvolver o trabalho

junto ao público de todas as faixas etárias.

Ainda de acordo com esse documento, o número necessário de profissionais deve ser

determinado pelo órgão gestor, levando-se em consideração a quantidade de horas trabalhadas,

por semana, a demanda existente, as especificidades locais, dentre outros fatores. Além disso,

para a execução desse serviço, deve-se prever, na grade horária de trabalho, o tempo dedicado ao

planejamento e à preparação das atividades, bem como considerar a periodicidade de execução

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das atividades dos grupos, isto é, é preciso avaliar se os grupos estão diariamente no serviço ou

se frequentam ações de outras políticas no território, entre outros.

Com relação à composição da equipe do SCFV de Cavalcante, conforme quadro

acima, observou-se que, aparentemente, está de acordo com as normativas que tratam do

reordenamento deste serviço. Dessa forma cumpre mencionar o documento “Passo a Passo:

Reordenamento do Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos”, que traz como

referência a seguinte equipe técnica, com as respectivas atribuições, para trabalhar no serviço:

• Técnico de Referência2 – profissional de nível superior que integra a equipe do CRAS

para ser referência aos grupos do SCFV. Atua no planejamento do SCFV junto com o

orientador social, atividades envolvendo as famílias dos usuários, a realização de

reuniões periódicas com o orientador social responsável pela execução do SCFV e

acompanhamento das famílias dos usuários, quando necessário;

• Orientador Social3 – função exercida por profissional de, no mínimo, nível médio, com

2 Entre as atribuições deste profissional estão: conhecer as situações de vulnerabilidade social e de risco das famíliasbeneficiárias de transferência de renda (BPC, PBF e outras) e das potencialidades do território de abrangência do CRAS; acolher,ofertar informações e encaminhar as famílias usuárias do CRAS ao serviço; realizar atendimento individualizado e visitas domiciliares a famílias referenciadas ao CRAS; desenvolver atividades coletivas ecomunitárias no território; responsabilizar-se tecnicamente pela oferta do SCFV, tendo em vista as diretrizes nacionais, dentro desuas atribuições específicas; encaminhar usuários ao SCFV; divulgar o serviço no território e participar da definição dos critériosde inserção dos usuários no serviço; assessorar as unidades que desenvolvem o SCFV no território; assessorar tecnicamente ao(s)orientador(es) social(ais) do SCFV nos temas relativos aos eixos orientadores do serviço e às suas orientações técnicas, bemcomo ao desligamento de usuários do serviço e quanto ao planejamento de atividades; acompanhar os grupos existentes nasunidades ofertantes do serviço; manter registro do planejamento do SCFV no CRAS; articular ações que potencializem as boasexperiências no território de abrangência do CRAS; avaliar, com as famílias, os resultados e impactos do SCFV. ( PerguntasFrequentes Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos, p.19). Foi informado que o Técnico de Referência do SCFV deCavalcante é a coordenadora do CRAS, Tatiana Magalhães Montijo.

3 A Resolução nº 09/2014 do CNAS, que ratifica e reconhece as ocupações e as áreas de ocupações profissionais de ensinomédio e fundamental completos que compõem as equipes de referência do SUAS, previstas na NOB-RH/SUAS, estabelece, emseu art. 4º, II, que o Orientador Social tem as seguintes funções: a) desenvolver atividades socioeducativas e de convivência esocialização visando à atenção, defesa e garantia de direitos e proteção aos indivíduos e famílias em situações de vulnerabilidadee, ou, risco social e pessoal, que contribuam com o fortalecimento da função protetiva da família; b) desenvolver atividadesinstrumentais e registro para assegurar direitos, (re)construção da autonomia, autoestima, convívio e participação social dosusuários, a partir de diferentes formas e metodologias, contemplando as dimensões individuais e coletivas, levando emconsideração o ciclo de vida e ações intergeracionais; c) assegurar a participação social dos usuários em todas as etapas dotrabalho social; d) apoiar e desenvolver atividades de abordagem social e busca ativa; e) atuar na recepção dos usuáriospossibilitando ambiência acolhedora; f) apoiar na identificação e registro de necessidades e demandas dos usuários, assegurandoa privacidade das informações; g) apoiar e participar no planejamento das ações; h) organizar, facilitar oficinas e desenvolveratividades individuais e coletivas de vivência nas unidades e, ou, na comunidade; i) acompanhar, orientar e monitorar os usuáriosna execução das atividades; j) apoiar na organização de eventos artísticos, lúdicos e culturais nas unidades e, ou, na comunidade;k) apoiar no processo de mobilização e campanhas intersetoriais nos territórios de vivência para a prevenção e o enfrentamentode situações de risco social e, ou, pessoal, violação de direitos e divulgação das ações das Unidades socioassistenciais; l) apoiarna elaboração e distribuição de materiais de divulgação das ações; m) apoiar os demais membros da equipe de referência em

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atuação constante junto ao(s) Grupo(s) e responsável pela execução do SCFV e pela

criação de um ambiente de convivência participativo e democrático;

• Facilitadores de Oficinas – função exercida por profissional com formação mínima de

nível médio, responsável pela realização de oficinas de convívio por meio do esporte,

lazer, arte e cultura e outras. É de contratação opcional.

Apesar de a composição do SCFV estar de acordo com as normativas, o quantitativo

de facilitadores de oficinas parece insuficiente, já que a orientadora social entrevistada afirmou

que não cobre todo o período de funcionamento do serviço. Com relação ao técnico de referência

que integra a equipe do CRAS, como já mencionado, no momento, não atua como referência aos

grupos do SCFV nem no planejamento das atividades, junto com o orientador social, e as

reuniões de planejamento, que aconteciam todas as sextas-feiras, apontadas no estudo social

anterior, não acontecem mais.

Faz-se importante lembrar, que os recursos humanos dos serviços socioassistenciais,

dentre eles o SCFV, são regulados pela NOB-RH/SUAS e que, conforme já mencionado no

estudo social anterior, a contratação por meio de concurso público constitui-se como uma das

diretrizes nacionais para a gestão do trabalho no âmbito do SUAS. Assim, entende-se que o

SCFV também deve se pautar por essa diretriz.

Por fim, destaca-se acerca da alta rotatividade de profissionais, contratados

precariamente, que isto prejudica a oferta de capacitação. Os entrevistados disseram que apenas

os efetivos aproveitam as capacitações oferecidas e que desde a visita técnica de 2015,

participaram de 03 capacitações, incluindo o Capacita SUAS, que vem sendo oferecido para os

todas etapas do processo de trabalho; n) apoiar na elaboração de registros das atividades desenvolvidas, subsidiando a equipecom insumos para a relação com os órgãos de defesa de direitos e para o preenchimento do Plano de AcompanhamentoIndividual e, ou, familiar; o) apoiar na orientação, informação, encaminhamentos e acesso a serviços, programas, projetos,benefícios, transferência de renda, ao mundo do trabalho por meio de articulação com políticas afetas ao trabalho e ao emprego,dentre outras políticas públicas, contribuindo para o usufruto de direitos sociais; p) apoiar no acompanhamento dosencaminhamentos realizados; q) apoiar na articulação com a rede de serviços socioassistenciais e políticas públicas; r) participardas reuniões de equipe para o planejamento das atividades, avaliação de processos, fluxos de trabalho e resultado; s) desenvolveratividades que contribuam com a prevenção de rompimentos de vínculos familiares e comunitários, possibilitando a superação desituações de fragilidade social vivenciadas; t) apoiar na identificação e acompanhamento das famílias em descumprimento decondicionalidades; u) informar, sensibilizar e encaminhar famílias e indivíduos sobre as possibilidades de acesso e participaçãoem cursos de formação e qualificação profissional, programas e projetos de inclusão produtiva e serviços de intermediação demão de obra; v) acompanhar o ingresso, frequência e o desempenho dos usuários nos cursos por meio de registros periódicos; x)apoiar no desenvolvimento dos mapas de oportunidades e demandas.

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profissionais da assistência social de todo o Estado.

3 – Centro de Referência Especializado de Assistência Social – CREAS4

3.1 – Contato telefônico com técnico da Secretaria de Estado da Mulher,

Desenvolvimento Social, Igualdade Racial, Direitos Humanos e Trabalho

No dia 03/08/16, realizou-se contato telefônico com uma profissional, Camila, dessa

Secretaria de Estado, com o fito de obter informações sobre a implantação de um CREAS

regional, em Cavalcante. Questionou-se acerca do andamento desse processo, desde o contato

telefônico (conteúdo disposto no Laudo Social nº 26/2015), realizado no dia 02/07/15, isto é, há

mais de 01 ano.

Essa profissional informou que o aceite para implantação de CREAS regionais no

Estado de Goiás fora cancelado. Explicou que este cancelamento se deu em razão do não co-

financiamento da política de assistência social pelo Estado. Além disso, que, para que um

CREAS regional seja implantado, há necessidade de criação de uma lei que regulamenta o co-

financiamento estadual e que esta lei já se encontra em andamento; mesmo assim, os aceites para

os CREAS regionais do Estado foram cancelados pelo MDS (Ministério do Desenvolvimento

Social e Agrário). De acordo com Camila, após essa regulamentação legal, aguarda-se a

liberação de novo aceite, para implantação de CREAS regionais.

4 De acordo a definição expressa na Lei Nº 12.435/2011, o CREAS é a unidade pública estatal de abrangência municipal ouregional que tem como papel se constituir em lócus de referência, nos territórios, da oferta de trabalho social especializado noSUAS a famílias e indivíduos em situação de risco pessoal ou social, por violação de direitos. Seu papel no SUAS define,igualmente, seu papel na rede de atendimento. Sua implantação, funcionamento e a oferta direta dos serviços constituemresponsabilidades do poder público local e, no caso dos CREAS Regionais, do Estado e municípios envolvidos, conformepactuação de responsabilidades. Devido à natureza público-estatal, os CREAS não podem ser administrados por organizaçõesde natureza privada sem fins lucrativos. Quanto ao público que deve ser atendido nessa unidade, podem ser atendidasfamílias e indivíduos em situação de risco pessoal e social, por violação de direitos, em conformidade com as demandasidentificadas no território, tais como: violência física, psicológica e negligência; violência sexual: abuso e/ou exploraçãosexual; afastamento do convívio familiar devido à aplicação de medida de proteção; situação de rua; abandono; vivência detrabalho infantil; discriminação em decorrência da orientação sexual e/ou raça/etnia; descumprimento de condicionalidadesdo Programa Bolsa Família em decorrência de situações de risco pessoal e social, por violação de direitos, cumprimento demedidas socioeducativas em meio aberto de Liberdade Assistida e de Prestação de Serviços à Comunidade por adolescentes,dentre outras. http://www.mds.gov.br/falemds/perguntas-frequentes/assistencia-social/pse-protecao-social-especial/creas-centro-de-referencia-especializado-de-assistencia-social/creas-institucional

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Em razão dessas dificuldades, Camila sugeriu que um representante do MP/GO entre

em contato com um representante desse Ministério, para verificar a possibilidade de reabertura

de aceite para a implantação de um CREAS municipal, pois Cavalcante tem demanda que a

justifique.

Diante disso, constatou-se que a implantação de um CREAS no município ainda não

ocorreu.

4 – Articulação do CRAS com a Rede Socioassistencial e com as demais políticas públicas

A rede socioassistencial de Cavalcante é bastante restrita e, ainda assim, a articulação

do CRAS com as poucas instituições que compõem a Proteção Social Básica do município,

bem como as instituições que compõem as demais políticas públicas persistem inexistentes.

Relatos da coordenadora do CRAS e da equipe técnica dessa unidade indicaram, no entanto, que,

desde que o atual Secretário Municipal de Assistência Social assumiu esse cargo, o que

aconteceu recentemente, a articulação com a área de saúde municipal melhorou porque ele

também é Secretário Municipal de Saúde e isso tem aproximado as duas áreas.

A coordenadora do CRAS ressaltou que já tomou algumas iniciativas para

concretizar a articulação com as demais políticas públicas, propondo encontros para discutir

assuntos de interesse em comum, mas a resistência por parte dos seus gestores impediu que isso

acontecesse. Observou-se que houve uma piora na articulação da equipe do CRAS com a equipe

do SCFV, que, hoje, é praticamente, inexistente, como detalhado no item 1.2 deste documento.

Relatos também indicaram que persiste, nesse município, o funcionamento precário

das políticas públicas, de um modo geral, não tendo ainda sido implantados o CREAS e o CAPS.

Destaca-se que a ausência desses serviços afeta, diretamente, a efetividade da Política de

Assistência Social, pois, muitas são as situações trabalhadas pelo CRAS que exigem

intervenções que extrapolam o escopo da assistência social. Assim, por exemplo, quando a

equipe técnica do CRAS verifica a necessidade de encaminhamentos de famílias/indivíduos para

acompanhamentos psicológicos ou para acompanhamento psicossocial, em razão de violação de

direitos, esses casos ficam sem atendimento porque o CREAS e o CAPS não estão implantados

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no município. Vale ressaltar que, como se tratam de atendimentos continuados, o

encaminhamento dessas famílias para atendimento em outras cidades caracteriza-se como algo

inviável.

Ainda a respeito desses atendimentos especializados, é importante ressaltar que,

agora, a Secretaria de Saúde de Cavalcante conta com uma psicóloga. A expectativa da equipe do

CRAS é de que essa profissional possa prestar atendimento especializado aos casos detectados

pelo CRAS. Porém, como essa profissional iniciou suas atividades há pouco tempo, o

atendimento a esses casos ainda não aconteceu. Ainda de acordo com as entrevistadas, a equipe

do CRAS já iniciou contato com a psicóloga da Secretaria Municipal da Saúde.

Especialmente sobre a articulação com a instituição Centro Espírita Aprendizes do

Evangelho – CEAE5 –, entidade privada sem fins lucrativos do município que presta diversos

tipos de assistência à população de baixo poder aquisitivo, observou-se indícios de que

divergências político-partidárias impedem que essa articulação se dê, gerando perdas

significativas para a população local, especialmente para as que se encontram em situação de

vulnerabilidade social e que poderiam se beneficiar com o incremento dos serviços prestados por

essa instituição. Ratifica-se que o CEAE mantém a Casa do Aprendiz, local com boa

infraestrutura e com condições de ofertar serviços importantes ao público da PSB, a exemplo de

cursos profissionalizantes, caso a articulação entre essa instituição e a Prefeitura de Cavalcante

se efetivasse. Por meio dessa parceria, a Prefeitura poderia, por exemplo, ceder alguns de seus

servidores para que esses cursos acontecessem.

Dessa forma, é importante ratificar que o fato de Cavalcante ser um município de

pequeno porte, o que, entende-se, deveria ser fator facilitador da articulação entre as poucas

instituições existentes e os órgãos das diversas políticas públicas, não tem facilitado a construção

dessa articulação. Ao contrário, no caso da articulação entre a equipe de referência do CRAS e o

SCFV, isso piorou, como já mencionado. É importante pontuar que essa precária articulação

dificulta a efetivação da Política de Assistência Social no município e prejudica o acesso das

famílias em situação de vulnerabilidade social aos serviços públicos.

5 http://www.aprendizesdoevangelho.org.br/pagina.php?area=quem+somos

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Percebe-se que alguns aspectos parecem obstaculizar essa articulação, tais como:

✔ a grande rotatividade de servidores. Muitos deles são contratados

temporariamente, permanecendo pouco tempo em seus cargos e usufruindo de condições

precárias de trabalho. Essa situação não lhes possibilita construir um efetivo trabalho em equipe

e, nem mesmo, aprimorar os conhecimentos a respeito do SUAS para consolidar esse sistema;

✔ as mudanças constantes do titular da Secretaria Municipal de Assistência Social

em Cavalcante;

✔ os conflitos entre as diferentes forças políticas presentes no município;

✔ o descontentamento da equipe do CRAS diante da falta de recursos para

desenvolver o seu trabalho (especialmente em termos de recursos humanos e de transporte), da

mudança constante de gestor da política de assistência social (cada um desses gestores dá

condução diferenciada à política durante a sua gestão, o que gera incertezas na equipe) e da falta

de compreensão, por parte de atores políticos e de outros segmentos da sociedade, quanto ao

papel da assistência social, exigindo, muitas vezes, de seus trabalhadores, atuações que não lhes

competem. Observou-se que esse conjunto de fatores vem gerando uma certa desmotivação na

equipe do CRAS, o que limita sua atuação, inclusive no que se refere à promoção da articulação

com a rede socioassistencial e com as demais políticas públicas.

A respeito das atribuições que não competem às equipes de referência do CRAS, o

documento Orientações Técnicas sobre o PAIF, Vol. 2, traz o seguinte:

“a) Assumir o papel e/ou funções de equipes interprofissionais de outros atores da rede,como, por exemplo, da segurança pública (delegacias especializadas, unidades dosistema prisional etc), órgãos de defesa e responsabilização (Poder Judiciário,Ministério Público, Defensoria Pública e Conselho Tutelar) ou de outras Políticas(saúde mental etc); b) Acompanhar e participar de oitiva de pessoa em processo judicial;c) Realizar terapia ou psicoterapia com famílias e/ou indivíduos - competência deprofissionais da política pública de saúde; d) Elaborar parecer, laudo e/ouperícia social para compor processos judiciais, pois essa elaboração exigefundamentação e qualidade técnico-científica especializada – competência deAssistentes Sociais do Poder Judiciário; e) Elaborar Laudo Social, para fins derequerimento do Benefício de Prestação Continuada (BPC) - essa competência é doServiço Social do INSS, conforme Portaria Conjunta MDS/INSS nº 1, de 29 de maio de2009, que regulamenta o art. 16, § 3º, do Decreto nº 6.214, de 26 de setembro de 2007;f) Atender casos de “indisciplina”, dificuldades de adaptação escolar, entre outros,encaminhados pela rede de ensino. No que concerne à situação escolar, compete às

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equipes da assistência social o acompanhamento familiar, no âmbito do Programa BolsaFamília (PBF), quando do descumprimento das condicionalidades de educação;acompanhar beneficiários do Benefício de Prestação Continuada e suas famílias, emespecial do Programa BPC na Escola” (p.50).

Diante do que foi aqui exposto, entende-se ser importante ratificar que a articulação

é uma das responsabilidades6 do gestor municipal de assistência social e, segundo o documento

“Orientações Técnicas: Centro de Referência de Assistência Social”:

“trata-se de um processo pelo qual se cria e mantém conexões entre diferentesorganizações, a partir da compreensão do seu funcionamento, dinâmicas e papeldesempenhado, de modo a coordenar interesses distintos e fortalecer os que sãocomuns. A articulação da rede de proteção social básica referenciada ao CRAS consisteno estabelecimento de contatos, alianças, fluxos de informações e encaminhamentosentre o CRAS e as demais unidades de proteção social básica do território” (p. 21).

5 – Controle Social

O Conselho Municipal de Assistência Social (CMAS) de Cavalcante está legalmente

constituído e já conta com espaço próprio, o que constitui uma melhora em relação à situação

verificada em 2015. Porém, sua presidência está vaga desde março de 2016 e a vice-presidente,

Sra. Marciana Francisco de Brito Rosa, que deveria assumir esse cargo, conforme estabelece o

regimento interno, alega não reunir condições para isso. Essa situação constitui um entrave ao

desenvolvimento dos trabalhos desse órgão colegiado. Outra questão que tem dificultado a

atuação do CMAS é o fato de os representantes do governo que o compõem não comparecem às

reuniões ordinárias, prejudicando as deliberações.

Relatos indicaram que os balancetes de prestação de contas do CMAS, referentes a

2015, ainda não foram aprovados pelo Tribunal de Contas do Município, em razão de atrasos no

envio dessa documentação a esse órgão. Essa situação constitui mais um entrave à adequada

atuação desse Conselho. Indicaram, ainda, que houve reprogramação dos recursos de 2015, o que

aponta para indícios de que os recursos da área da assistência social podem não ser utilizados em

6 Segundo o documento “Orientações Técnicas: Centro de Referência de Assistência Social”, a articulação da redesocioassistencial de proteção social básica referenciada ao CRAS e as diretrizes que norteiam a busca ativa são deresponsabilidade do gestor de assistência social. A promoção da articulação intersetorial é uma determinação do poderexecutivo municipal, do DF, estadual ou federal, cabendo ao gestor de assistência social influir e colaborar para que ocorra.(p.20)

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sua totalidade, apesar do precário funcionamento dos serviços da Proteção Social Básica no

município.

Recentemente, os conselheiros do CMAS receberam uma capacitação que teve

duração de dois dias, promovida pela Prefeitura de Cavalcante. Para ministrar essa capacitação, a

Prefeitura contratou os serviços de uma profissional autônoma (assistente social). Os

entrevistados avaliaram que o conteúdo da capacitação foi muito bom, mas não foi suficiente

para tratar de todos os assuntos necessários. Assim, destacaram que precisam de capacitação

continuada para se instrumentalizarem melhor para o desempenho de suas funções no CMAS.

Ressalta-se que a presidência desse conselho solicitou ao CNAS a realização de capacitações

para os conselheiros, mas ainda não obteve sucesso.

Verificou-se que os conselheiros do CMAS ainda não realizam a maioria das

atribuições que lhes são conferidas legalmente. Além disso, observou-se que eles têm

participação parcial em muitas ações nas quais deveriam se envolver efetivamente, a exemplo do

acompanhamento da execução do Plano Municipal de Assistência Social, da gestão do Programa

Bolsa Família e da elaboração das propostas da Lei de Diretrizes Orçamentárias, do Plano

Plurianual e da Lei Orçamentária Anual no que se refere à assistência social, alegando que não

são chamados pelo órgão gestor da política de assistência social para atuar, efetivamente, em

todo o processo que envolve essas ações. Nesse sentido, observou-se que falta a esses

conselheiros uma postura pró-ativa, o que foi discutido com eles durante essa visita técnica. Toda

essa situação reforça a necessidade de capacitação desses conselheiros para que possam se

instrumentalizar para o desempenho de suas atribuições e, consequentemente, colaborar com a

efetivação da política de assistência social no município.

Os entrevistados elencaram as seguintes principais dificuldades enfrentadas pelo

CMAS:

✔ restrito espaço físico para o funcionamento do Conselho;

✔ precariedade em termos de disponibilidade de computadores e impressora, bem

como de materiais de expediente;

✔ ausência de transporte para que os conselheiros possam acompanhar o

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funcionamento dos programas registrados no CMAS;

✔ desconsideração, por parte da administração pública municipal, das deliberações

tomadas pelo CMAS.

Por fim, destaca-se que relatos dos entrevistados indicaram que o regimento Interno

do CMAS carece de reformulação e que a articulação com o órgão gestor da política de

assistência social está prejudicada devido às constantes mudanças de Secretário.

Ratifica-se que o pleno funcionamento da política municipal de assistência social e o

exercício do controle social estão intimamente vinculados ao adequado funcionamento do

CMAS. Assim, é imprescindível que o órgão gestor da política municipal de assistência social

assuma responsabilidades concretas no que diz respeito ao apoio técnico e financeiro aos

conselhos, às conferências de assistência social e à participação dos usuários no SUAS,

conforme previsão da NOB/ SUAS7. Vale ressaltar que, conforme relatos dos entrevistados, a

Conferência Municipal de Assistência Social foi convocada e realizada em 2015 no município de

Cavalcante.

No que diz respeito ao Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente

(CMDCA) de Cavalcante, também foram verificados avanços, pois esse Conselho está

funcionando regularmente e conta com recursos diversos para o seu funcionamento. Os

conselheiros estão realizando reuniões ordinárias e extraordinárias para incrementar os trabalhos

do CMDCA – em julho de 2016 várias reuniões aconteceram. Os entrevistados relataram que,

para superar a situação irregular que era vivenciada pelo Conselho, em 2015, foi necessário

elaborar uma nova lei para sua criação e fazer um novo CNPJ. O Conselho também já está

cadastrado na Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República e apto a receber

recursos.

A respeito da captação de recursos, relatos indicaram que há recursos disponíveis no

Fundo Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente - FMDCA - de Cavalcante, mas

ainda não foi definido como serão utilizados. O Plano de Ação do CMDCA já foi construído e

está em processo de aprovação. Para isso, os entrevistados disseram que receberam orientações

7 Art. 123

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importantes do Centro de Apoio Operacional da Infância e Juventude do MP/GO. Relataram,

ainda, que assim que esse Plano estiver aprovado, os recursos disponíveis no Fundo poderão ser

utilizados.

No que se refere aos recursos no valor de R$ 250.000,00 reais que, conforme

informações obtidas durante a visita técnica do MP/GO, em 2015, estavam no FMDCA, sem

utilização devido à não regularização do Conselho à época, um dos conselheiros entrevistados

relatou que esses recursos estavam previstos, mas não disponíveis. Assim, devido à demora no

processo de regularização do CMDCA, esses recursos nunca foram disponibilizados.

Observou-se que persistem, entre os conselheiros, dúvidas quanto à gestão do Fundo.

Dessa forma, conclui-se pela necessidade de se garantir capacitações tanto para os conselheiros

do CMAS quanto para os do CMDCA, objetivando melhorar a sua atuação. A esse respeito, o

presidente do CMDCA informou que está fazendo orçamentos em algumas empresas que

oferecem capacitações, mas os valores cobrados são altos. Apesar disso, acredita que a Prefeitura

garantirá essa capacitação.

O presidente do CMDCA relatou que procurou apoio do Conselho Estadual dos

Direitos da Criança e do Adolescente – CEDCA – para receber capacitação, mas foi informado

que uma oferta local não seria possível e que os conselheiros de Cavalcante deveriam se dirigir à

cidade de Caldas Novas para participar de uma capacitação com conselheiros desta cidade. No

entanto, como é significativa a distância entre os dois municípios, a participação ficou inviável.

Ratifica-se também a imprescindibilidade do suporte do poder público municipal na

garantia do pleno funcionamento do CMDCA e, consequentemente, da defesa dos direitos das

crianças e adolescentes do município de Cavalcante, já que cabe a esse Conselho, dentre outras

funções, formular a política municipal dos direitos da criança e do adolescente, definindo

prioridades e controlando as ações de execução, e gerir o FMDCA.

Durante essa visita técnica não foi possível levantar informações sobre como está o

financiamento do SUAS em Cavalcante. As pessoas entrevistadas não souberam repassar

informações a esse respeito. O Secretário Municipal de Assistência Social interino, que teve uma

breve participação na reunião destes técnicos do MP/GO com os representantes do CMAS e do

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CMDCA, alegou não ter, ainda, informações precisas a respeito do financiamento do SUAS

porque estava ocupando o cargo há cerca de 10 dias apenas. Porém, ele se dispôs a prestar

informações ao MP/GO sobre essa questão posteriormente.

Diante do exposto e do estudo social realizado pelas Técnicas em Serviço Social, em

2015, reitera-se, a seguir, algumas recomendações feitas no Laudo Social nº 026/2015 e sugere-

se outras:

1. garantia de espaço físico específico para o trabalho da equipe volante, no território

atendido, que garanta privacidade nos atendimentos;

2. adequação do horário de funcionamento do CRAS, de forma que essa unidade funcione,

no mínimo, durante cinco dias por semana, por oito horas, totalizando 40 horas semanais,

com a equipe de referência completa;

3. implantação do Serviço de PSB no Domicílio para Pessoas com Deficiência e Idosas,

devendo, o órgão gestor da política municipal de assistência social, atentar-se para

garantir espaço físico adequado a esse serviço, de modo que não interfira na execução do

PAIF;

4. realização de um Plano de Ação que contemple todas as atividades/serviços que

competem ao CRAS (PAIF, SCFV e outros que venham a ser implantados), bem como

um levantamento detalhado dos recursos humanos, materiais e financeiros necessários à

sua execução. Esse plano possibilitará ao órgão gestor ter uma visão global dos recursos

necessários à implementação do SUAS em Cavalcante, constituindo-se em um

importante providência para se garantir orçamento que possibilite a execução satisfatória

dos serviços, e, consequentemente, os direitos dos usuários da política de assistência

social do município. Ressalta-se que o processo de elaboração desse plano deverá contar

com o envolvimento efetivo dos profissionais do SUAS local;

5. realização de planejamento específico (além do Plano de Ação mencionado no item 4,

acima) para cada serviço/ação/projeto ofertado pelo CRAS, visando organizar a sua

oferta;

6. garantia de condições de trabalho para que a equipe técnica do CRAS consiga

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desenvolver, com efetividade, as ações do PAIF que são de sua competência, tais como a

busca ativa, o acompanhamento familiar (a partir da construção do Plano de

Acompanhamento Familiar), a realização de oficinas, o acompanhamento dos

encaminhamentos que faz à rede, o acompanhamento do trabalho desenvolvido no

âmbito do SCFV, entre outros. Compõem a garantia dessas condições de trabalho,

especialmente, o seguinte:

✔ disponibilidade de veículo próprio para realização de visitas domiciliares e outras

atividades externas que se fizerem necessárias. Destaca-se que esses veículos devem ser

disponibilizados em quantidade suficiente para atender à demanda da zona urbana e rural de

Cavalcante, bem como, ter características que lhes possibilitem trafegar por locais de difícil

acesso, como é o caso de muitas comunidades rurais desse município. E, ainda, que seja feita

manutenção adequada desses veículos, a fim de garantir segurança às pessoas que dele se

utilizam;

✔ garantia de recursos materiais para a realização de atividades coletivas no âmbito

do PAIF, incluindo gêneros alimentícios para o preparo de lanches para os usuários;

✔ respeito às atribuições que são legalmente definidas para a equipe técnica do

CRAS, que não deverá ser impelida a assumir atribuições que são de responsabilidade de outras

instâncias do SUAS (do CREAS, por exemplo) e de outras políticas públicas;

7. articulação do CRAS com instituições socioassitenciais locais, bem como com programas

de políticas públicas diversas (habitação, emprego e renda, cursos de capacitação e

qualificação profissional, entre outros) para que a equipe técnica possa fazer os

encaminhamentos das famílias usuárias do PAIF;

8. garantia, pela Secretaria Municipal de Assistência Social, de manutenção regular do

espaço físico do SCFV e de equipamentos com defeito (especialmente os computadores);

9. maior investimento em equipamentos de informática, em internet e em telefonia,

especialmente para o SCFV;

10. fortalecimento da articulação da equipe de referência do CRAS com a equipe do SCFV,

visando dar apoio técnico continuado aos profissionais desse serviço e acompanhar as

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famílias encaminhadas por esse;

11. garantia de atividades diárias no SCFV (para crianças/adolescentes de 06 a 15 anos de

idade), que deve acontecer em turnos diários de até 4 horas (atualmente, esse serviço

acontece, apenas, de 2ª a 5ª feira);

12. oferta de atividades diversificadas no âmbito do SCFV, que devem estar contempladas

em um Plano de Trabalho específico para esse serviço;

13. garantia de gêneros alimentícios que possibilite a oferta de refeições com mais qualidade

aos usuários do SCFV;

14. intensificação e continuidade do trabalho da equipe volante;

15. atenção mais criteriosa à definição do público prioritário do SCFV, ampliando-o

conforme estabelecido na Resolução CNAS nº 01/2013 (art. 3º), especialmente para os

casos de crianças e adolescentes em situação de violação de direitos;

16. investimento na organização do trabalho do SCFV a partir de percursos, conforme

orientam as normativas;

17. garantia de atenção especializada para famílias/indivíduos em situação de violência, o

que exige maior investimento nas áreas da assistência social (criação do CREAS ou,

enquanto isso não ocorra, da equipe de proteção social especial) e saúde (criação do

CAPS), especialmente;

18. garantia, pela administração pública municipal, de efetivas condições de funcionamento

do CMAS, tais como meio de transporte, material de expediente, equipamentos de

informática, entre outros a serem relacionados pelos conselheiros;

19. definição do ocupante da presidência do CMAS, que está vaga;

20. participação efetiva dos conselheiros que representam o poder público municipal no

CMAS;

21. maior investimento na capacitação dos conselheiros do CMAS e do CMDCA;

22. esclarecimentos formais, por parte do órgão gestor municipal da política de assistência

social, sobre quais e como estão sendo aplicados os recursos públicos na implementação

da política de assistência social local, devendo ser solicitada uma análise desses dados

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Coordenação de Apoio Técnico PericialUnidade Técnico-Pericial em Serviço Social

Rua 23, esq. com a Rua 03, Qd. A-12, Lt. 11, Anexo MP/GOBairro Jardim Goiás, Goiânia-Goiás - CEP 74.805-100.

62 3239-0646/ 3239-0650/ 3239-0632

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por profissionais especializados em contas públicas;

23. realização de concurso público para provimento de cargos, de acordo com o disposto na

NOB-RH/SUAS, pois a prestação de serviços socioassistenciais tem caráter público e

isso torna imperiosa a existência de servidores públicos responsáveis por sua execução.

Até que não se efetive o concurso público, recomenda-se que o município proceda a

processo seletivo, regido pelos critérios da transparência, impessoalidade e capacidade

técnica para o desenvolvimento das atribuições, nos termos do art. 37 da Constituição

Federal de 1988. (Orientações Técnicas: Centro de Referência de Assistência Social,

Brasília, 2009, p. 61); a

24. adequação da equipe de referência do CRAS, conforme a NOB-RH/SUAS, levando-se

em consideração o número de famílias referenciadas no município que, atualmente, é de

3475. Assim, a composição desta equipe deve ser: 03 técnicos de nível superior, sendo

dois profissionais assistentes sociais e, preferencialmente, um psicólogo, e 03 técnicos de

nível médio;

25. adequação da equipe do SCFV, de modo que cubra todo o período de funcionamento do

serviço e oferte mais atividades aos usuários;

26. adequação da equipe volante para 02 técnicos de nível superior (sendo 01 assistente

social e, preferencialmente, 01 psicólogo) e 02 técnicos de nível médio. A equipe de

Cavalcante conta apenas com 01 assistente social e 01 psicólogo. Destaca-se que,

aparentemente, apenas 02 técnicos de nível superior para desenvolver as atividades são

insuficientes, considerando-se a porcentagem (50%) população rural e a longa distância e

dificuldade de acesso em algumas comunidades;

27. por fim, a implantação de um CREAS no município, já que há demanda que a justifique.

Enquanto isso não acontece, sugere-se a estruturação de uma Equipe Técnica de

Referência da Proteção Social Especial, para prestar serviços de média complexidade, às

expensas do poder público municipal. Segundo o Roteiro de Atuação SUAS, elaborado

pelo CAODHC e CAO Infância do MPGO, com apoio da equipe técnica da Coordenação

de Apoio Técnico Pericial (CATEP) do MPGO, até o presente momento, não há uma

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Coordenação de Apoio Técnico PericialUnidade Técnico-Pericial em Serviço Social

Rua 23, esq. com a Rua 03, Qd. A-12, Lt. 11, Anexo MP/GOBairro Jardim Goiás, Goiânia-Goiás - CEP 74.805-100.

62 3239-0646/ 3239-0650/ 3239-0632

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normativa que defina qual deve ser a composição dessa equipe. Diante disso, esse

documento pondera:

“que seria exigível do gestor, pelo menos, a menor equipe de referência prevista nasnormativas da assistência social, qual seja, a equipe de referência para atendimentopsicossocial da alta complexidade, modalidade “Casa-Lar” (item IV, 1, da NOB/RH), asaber: 01 assistente social e 01 psicólogo, com carga horária mínima de 30 horassemanais, salvo, quanto à carga horária, se houver disposição em contrário na legislaçãomunicipal” (p.11).

Ainda segundo esse documento, todo município deve assegurar a prestação de

serviços de PSE (p.10).

É o parecer.

O presente documento está sendo encaminhado em 37 laudas, devidamente

rubricadas, e assinado pelos Técnicos em Serviço Social responsáveis por sua elaboração.

Unidade Técnico-Pericial em Serviço Social, aos dezessete dias do mês de agosto do

ano de dois mil e dezesseis.

Jacqueline Alves Spereta RodriguesTécnico em Serviço Social

CRESS/GO 3247

Janete BarbosaTécnico em Serviço Social

CRESS/GO 855

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