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Parecer Técnico Ruptura do Conduto Forçado Álvaro Chaves (20/02/2013) Porto Alegre/RS Comissão de Especialistas constituída pelo CREA-RS Abril/2013

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CREA RS, a pedido do Prefeito Fortunati, realizou laudo em relação ao Conduto Forçado Álvaro Chaves, em Porto Alegre, onde caiu um veículo. Peritos, preocupados por não ser da alçada do CREA emitir Laudos ou Pareceres (suas atribuições consistem em fiscalizar o exercício profissional) criando condições péssimas para futuros exames por engessar o Engenheiro Perito colocando-o em conflito com o próprio CREA RS se divergir, instaram o Eng. Henrique Wittler a apontar as falhas, que seguem, contextualizadas, em vermelho:

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Parecer Técnico Ruptura do Conduto Forçado Álvaro Chaves (20/02/2013)

Porto Alegre/RS Comissão de Especialistas constituída pelo CREA-RS

Abril/2013

Pad
Typewritten Text
CREA RS, a pedido do Prefeito Fortunati, realizou laudo em relação ao Conduto Forçado Álvaro Chaves, em Porto Alegre, onde caiu um veículo. Colegas, preocupados por não ser da alçada do CREA emitir Laudos ou Pareceres (suas atribuições consistem em fiscalizar o exercício profissional) e criar condições péssimas para futuros exames por engessar o Engenheiro Perito colocando-o em conflito com o próprio CREA RS se divergir, instaram o Perito Eng. Henrique Wittler a apontar as falhas, que seguem, contextualizadas, em vermelho:
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Diretoria CREA-RS Presidente: Eng. Civil Luiz Alcides Capoani 1º Vice-presidente: Eng. Mec. e Seg. Trabalho Paulo Deni Farias 2º Vice-presidente: Eng. Civil e Mec. Alberto Stochero 1º Diretor Financeiro: Eng. Op.-Eletrônica Sérgio Boniatti 2º Diretor Financeiro: Eng. Químico Norberto Holz 1º Diretor Administrativo: Eng. Agrônomo José Luiz Tragnago 2º Diretor Administrativo: Técnico Agrícola Air Nunes dos Santos Coordenador das Inspetorias: Eng. Agr. Bernardo Luiz Palma Coordenador-Adjunto das Inspetorias: Eng. Ind. Mec. e Seg. Trabalho Roi Rogers Correia de Almeida

Pad
Typewritten Text
Em cor vermelha, anotações do Engenheiro Perito Henrique Wittler sobre as falhas técnicas.
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Comissão de Especialistas

Eng. Civ. André Luiz Lopes da Silveira (coord.), Diretor do Instituto de Pesquisas Hidráulicas - IPH/UFRGS

Eng. Civ. Nanci Begnini Giugno (coord. adjunta), Mestre em Plan. Urbano e Regional, presidente da Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental (Abes-RS), integrante do Conselho Estadual de Saneamento do RS e consultora em saneamento ambiental e planejamento urbano e regional Eng. Civ. Fábio Luís Alminhana, gerente Depto de Engenharia de Edificações da Cientec (Fundação de Ciência e Tecnologia) Eng. Civ. Ronaldo Bastos Duarte, Ph.D e Consultor Técnico da Empresa Brasileira de Perícias e Avaliações

Eng. Civ. Emídio Marques Ferreira, ex-professor da PUCRS/ULBRA/UPF, Consultor Técnico na área de solos e pavimentação e conselheiro do CREA-RS

Eng. Civ. Eurico Trindade Neves, ex-professor de hidráulica, mecânica dos fluídos e máquinas hidráulicas da UFRGS, ex-professor da PUCRS

Eng. Civ. Rogério Dornelles Maestri, Mestre em Recursos Hídricos, prof. Adjunto da UFRGS.

Em primeiro lugar a Comissão não contou com nenhum especialista na Área de cálculo

estrutural, embora as conclusões sejam satisfatórias neste sentido.

No entanto pode-se ver que a causa principal do rompimento foi a falha estrutural, devido a

não consideração das pressões atuantes no conduto. Diz o próprio parecer que a pressão de

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projeto deveria ser de 13 mcd (metros de coluna de água o que permite dizer 13.000 kg/m2.

Ora 13.000 kg/m2, sem considerar a estrutura monolítica, toda engastada entre si, deveria

ter uma tampa superior com peso maior que 13.000 kg/m2 menos o peso da tampa. No

caso se a tampa é de concreto estimado de 25 cm de altura, teríamos que ter em cima dela

uma outra porção de concreto de 4,42 m de altura, para que a mesma não levantasse.

Se levantou com o que dispunha ou seja a tampa e 75 cm de aterro, cujo peso pode-se

estimar em: 0.25 x 2400 + 0,75 x 1300 = 1.575,0 kg/m2 é porque não atendeu as

recomendações que determinavam 13.000 kg/m2.

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Figura 1 – Conduto Forçado Álvaro Chaves

1. Introdução

A ruptura da estrutura do conduto forçado Álvaro Chaves ocorrida em Porto Alegre, em trecho da rua Cel. Bordini, no dia 20 de fevereiro de 2013, dia de fortes chuvas em parte da cidade, repercutiu fortemente na sociedade portoalegrense. As imagens impactantes, mostrando vazamentos importantes que solaparam o terreno e soterraram parcialmente automóveis estacionados, fez reviver temores de risco até de morte por problemas de drenagem (infelizmente já acontecidas na cidade em sistemas de drenagem).

Diante deste episódio, envolvendo a falha de uma grande obra de engenharia de drenagem urbana, o CREA-RS, cumprindo sua missão institucional de fiscalização do exercício profissional e promoção da defesa da sociedade, entende que é sua responsabilidade, promover uma análise criteriosa para entender o acontecido e tirar lições e aprendizados técnicos que ajudem a compor um novo paradigma de gestão de projeto de grandes obras desde o Edital inicial à implantação.

Entendendo a importância de realizar essa análise de forma técnica e isenta, o CREA-RS convidou alguns dos especialistas reconhecidos e experientes do Estado, associados às áreas de Hidráulica, transientes em Condutos Forçados, Hidrologia, Saneamento, Estruturas e Obras Urbanas, para compor uma Comissão Especial de Análise do Conduto Forçado Álvaro Chaves, uma obra necessária e fundamental do sistema de drenagem urbana de Porto Alegre.

Para subsidiar os trabalhos da Comissão, foi dado acesso ao local do acidente, a documentos e material visual enviados ao CREA-RS pela Prefeitura Municipal de Porto Alegre, através do DEP (Departamento de Esgotos Pluviais).

Conduto Forçado Álvaro Chaves e bacia de drenagem (2)

A = 2,8 km2, Cesc = 0,7, Tc = 1 hora, em azul conduto forçado (1.950 m)

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2. Escopo do documento

O objetivo do presente relatório é fazer uma avaliação analítica crítica com grande cuidado das causas e fatores que contribuíram para a ruptura localizada do conduto Álvaro Chaves, as implicações no contexto de todo o sistema Álvaro Chaves, buscando identificar as lições a serem aprendidas e as ações necessárias para que se evitem acidentes como esse no atual estágio de evolução da engenharia.

O texto expressa o juízo técnico consensual dos especialistas convidados a integrar a comissão especial do CREA-RS, baseado na documentação disponível, nos relatos de domínio público e na experiência de cada um de seus integrantes. Além de explicar e comentar criticamente aspectos relacionados ao ocorrido, sob a ótica técnica e de responsabilidade profissional, o presente documento se preocupa em propor ações objetivas que sirvam de base para avanços reais na implantação de obras hidráulicas especiais, cujas falhas acarretem danos de monta e risco de morte.

Cabe salientar que as considerações e conclusões aqui apresentadas baseiam-se nas informações disponíveis até o momento. Embora novas informações possam alterar algum aspecto específico relativo ao ocorrido, a Comissão está convicta de que as questões gerais discutidas e as conclusões apresentadas permanecem válidas.

3. Metodologia de Análise

Falhas em projetos ocorrem por diversas razões e, à semelhança do que se observa nas investigações de acidentes aeronáuticos, sempre com grande repercussão, não há para estes causas isoladas, sendo uma sequência de erros, normalmente, o que materializa um acidente.

Grandes massas de água em movimento são perigosas devido à enorme quantidade de energia envolvida, variando em um processo dinâmico. Fenômenos naturais, como tsunamis e cheias, causam frequentemente mortes em populações próximas desprotegidas, mas a mesma consequência pode advir de falha de obras hidráulicas decorrente de colapso físico ou induzido por má operação. Há vários exemplos de acidentes e tragédias no mundo inteiro causadas por rupturas de barragens, canais, adutoras e galerias. A magnitude desses acidentes são dos maiores que costumam acontecer em engenharia civil.

As falhas em obras de engenharia podem decorrer de erros cometidos em qualquer estágio, parte ou detalhe do seu desenvolvimento. Incluem erros de gestão que potencializam todos os outros. Há muitas possibilidades de erros nas grandes fases de concepção, projeto e execução e uma gestão inadequada oportuniza a ocorrência e o curso livre destes, sobretudo por deficiências no desenvolvimento do plano de projeto, na escolha do gerente de projeto e no controle integrado de comunicações e mudanças.

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Para embasar o parecer, as informações disponíveis foram enfocadas em dois estágios, um primeiro mais direto, relatando basicamente o conteúdo dos documentos e outras fontes de informação e um segundo, mais analítico, já convergindo para a convicção da comissão para o texto do parecer final. Em ambos haverá abordagens separando aspectos de concepção, projeto, implantação e gestão assim como, em outro patamar, questões de hidráulica e transientes, hidrologia, estruturas, solos e pavimentação.

4. Informações básicas documentais

4.1 Documentos e estudos disponibilizados

Setembro/1968 – Estudo DNOS/OTI-ENGEVIX (Estudo de Viabilidade Técnico-Econômica das Obras de Defesa de Porto Alegre, Canoas e São Leopoldo, contra Inundações); doravante citado como DNOS (1968);

Dezembro/1997 – Estudo SMOV/ENCOP-ENGEMIN-ESTEIO (Execução de Estudos e Projetos para Implantação da III Perimetral e Macrodrenagem das Regiões Abrangentes. Projeto de Drenagem Urbana – Conduto Forçado Álvaro Chaves); doravante citado como SMOV(1997);

Agosto/2002 – Estudo DEP (Serviço de Consolidação do Estudo de Vazão do Projeto do Conduto Forçado Álvaro Chaves); doravante citado como DEP (2002);

Setembro/2003 – Termo de Referência para a Elaboração dos Projetos de Engenharia Necessários para a Implantação do Conduto Forçado Álvaro Chaves. Doravante será referido como TDR. Quem fez este TR?

Julho de 2004 – Projeto Executivo (Projeto do Conduto Forçado Álvaro Chaves LOTE 1: Projeto Executivo das Redes e Galerias de Coleta e Condução das Águas Pluviais); doravante citado como Projeto Executivo (2004); Quem foi contratado para fazer o Projeto Executivo?

Julho de 2005 – Estudo DEP (Avaliação Hidrodinâmica dos Impactos Decorrentes das Alterações do Projeto Executivo do Conduto Forçado Álvaro Chaves), com modelo tipo fenda de Preissmann; doravante citado como DEP (2005); Quem fez o Estudo? O próprio DEP? Este estudo foi criticado pela Comissão.

Maio de 2006 – Documentos da Alteração de Traçado do Conduto Forçado Álvaro Chaves; doravante citado como Projeto Executivo Modificado (2006); Quem modificou o Projeto executivo?

Outubro de 2006 – Avaliação Hidrodinâmica do Comportamento Hidráulico do Conduto Forçado Álvaro Chaves de Acordo com o Projeto Executivo e Alteração de Traçado; com modelo tipo fenda de Preissmann, doravante citado como Avaliação Hidrodinâmica (2006). Quem fez a Avaliação citada? Neste ponto é o ponto crucial, pois aqui deveria ser verificada a pressão.

Atas de reunião; acervos fotográficos do DEP e imprensa.

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Anotações de Responsabilidades Técnicas (ART) e Registros de Profissionais e Empresas:

Verificou-se que todos os profissionais e empresas envolvidos nos estudos, projetos, obras e serviços possuem as respectivas ART’s correspondentes e devidos registros. O Relatório não cita quem fez cada parte dos serviços, por que?

4.2 Informações objetivas documentais do TDR e estudos prévios

O TDR apresentou como escopo a elaboração do projeto executivo para a implantação do Conduto Forçado Álvaro Chaves.

A concepção do CFAC (Conduto Forçado Álvaro Chaves) foi delineada no TDR. Resgata a ideia do projeto DNOS (1968) que concebeu a drenagem pluvial de Porto Alegre feita por condutos forçados para as áreas acima da cota 10 m. Abaixo desta cota a drenagem pluvial era regionalizada em pôlderes (áreas protegidas das cheias do rio Guaíba por diques) com bombeamento necessário para deságue no Guaíba. O conduto forçado CF-6 do DNOS (1968) é precisamente o que foi previsto para seguir o alinhamento da rua Álvaro Chaves, descarregando diretamente no Guaíba (o início era na Dr Timóteo, a poucos metros da Marquês do Pombal, e passava por Mercedes, Cristóvão Colombo, Pernambuco e Santa Rita).

Apesar de haver uma galeria pluvial sob a rua Álvaro Chaves há muitos anos o projeto do CF-6 do DNOS nunca foi construído. O resgate inicial da ideia do CF-6, com modificação de traçado, foi realizado pelo estudo da SMOV (1997) em uma oportunidade surgida com o projeto da IIIª Perimetral de Porto Alegre. O traçado do conduto forçado proposto pela SMOV não foi o mesmo do DNOS, e iniciava na rua Cel. Bordini.

O TDR estabeleceu o CFAC iniciando na rua Cel. Bordini na altura da rua Mata Bacelar, passando na sequência, pela rua Marquês do Pombal, rua Dr Timóteo, Av. Chicago, Av. Pernambuco, rua Santa Rita e rua Álvaro Chaves, terminando na Farrapos, incluindo sua travessia. Deste ponto ao deságue no Guaíba, o TDR recomendou aproveitar, mediante avaliação das suas condições estruturais, as galerias ao longo da rua Voluntários da Pátria e Av. Mal. Castelo Branco. Também a galeria existente na rua Álvaro Chaves deveria ser analisada para seu aproveitamento. O sistema então existente recebia a contribuição da galeria da rua Almirante Tamandaré e o escoamento era direcionado à Casa de Bombas nº3 para deságue no Guaíba. Por isso o TDR deixava claro a necessidade de desconexão entre esse sistema e o CFAC que ficaria a cargo da drenagem forçada da parte alta da bacia do Tamandaré, considerada (no TDR) acima dos 13 m. Ao Tamandaré caberia a drenagem da parte baixa da bacia, definida como aquela com cotas abaixo dos 13 m, valendo-se do bombeamento pela CB-3 para descarte no Guaíba.

O TDR estabeleceu então três etapas para o Projeto Executivo :

I – Avaliação das condições estruturais do trecho de conduto forçado existente e das galerias nas ruas Álvaro Chaves, Voluntários da Pátria e Av. Mal. Castelo Branco a serem aproveitados para o deságue do conduto forçado no Guaíba;

II – Projeto executivo do Conduto Forçado Álvaro Chaves

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III – Projeto executivo das redes e galerias de coleta e condução das águas pluviais ao conduto forçado. Até aqui tudo correto no TDR, pois o Projeto Executivo deve estudar a Hidrologia, a Hidráulica, o traçado e o Estrutural do conduto, e todas suas implicações. Quem fez este projeto deveria verificar se cabia ou não o aproveitamento do existente. O TDR mandava seguir as diretrizes da Alternativa 1 do estudo DEP (2002), basicamente uma solução baseada em ampliação de condutos e que teria que ser considerada nas etapas II e III acima. As alternativas 2 e 3 (não adotadas pelo TDR) previam reservatórios de detenção no campo de futebol do parque Moinhos de Vento e no terreno nas esquinas da Av. 24 de Outubro com rua Nova York, além da ampliação de alguns condutos (alternativa 2) ou a introdução do reservatório de detenção somente no campo de futebol do parque Moinhos de Vento e ampliação dos condutos com capacidade insuficiente (alternativa 3).

Considerando o exposto acima e outras informações contidas no TDR, pode-se elencar como potencialmente relevantes para elucidar o episódio da ruptura na rua Cel. Bordini as seguintes informações do TDR e seus estudos de apoio (SMOV e DEP) :

1) Concepção adotada pelo DEP, sugerida em SMOV (1997), previu desde o início aproveitamento das

galerias existentes nas ruas Álvaro Chaves, Voluntários da Pátria e Av. Mal. Castelo Branco, com deságue em três pontos no Guaíba, em tubulações e galerias com dimensões e capacidade de vazão restritas;

2) O estudo do DEP (2002) propôs-se a avaliar hidrodinamicamente o projeto da SMOV calculando vazões e linha piezométrica ao longo do conduto forçado e tubulações afluentes que eventualmente poderiam pressurizar-se; havendo insuficiência apontada no estudo, como houve, seriam propostas alternativas de solução; os trechos simulados abrangeram condutos em algumas ruas acima da Bordini, mas a partir desta, para baixo, o traçado do CFAC passava pela Marquês do Pombal, Dr. Timóteo, Chicago, Pernambuco, Santa Rita, Álvaro Chaves e o “complexo” de deságue no Guaíba, via Voluntários da Pátria e Mal. Castelo Branco.

3) A solução de ampliação dos condutos originalmente dimensionados pelo estudo SMOV (1997), sugerida pelo estudo DEP (2002), e adotada no TDR, foi concebida para absorver alagamentos que ainda persistiriam na solução SMOV, na Av. Goethe, Fabrício Pilar, Eudoro Berlink e Freire Alemão.

4) O início do CFAC foi previsto na rua Cel. Bordini na altura da rua Mata Bacelar porque as simulações mostraram situações em que haveria alagamentos neste trecho; a galeria neste trecho inicial foi estabelecida com duas células de 2,50 por 2,50 m (pág. 36 de DEP, 2002).

5) O cálculo estrutural deveria obedecer às seguintes exigências : carga hidráulica mínima de 13 mca (metros de coluna d´água), recobrimento de armadura de 0,04 m, trem tipo de 45 t, estanqueidade e permeabilidade no corpo da estrutura e das juntas de construção;

6) O critério hidrológico considerado no estudo DEP (2002) foi de período de retorno de 10 anos para o sistema do CFAC drenar todos os excessos pluviais originados em áreas acima de 13 m; o tempo de duração da chuva de projeto foi de uma hora; a bacia drenada pelo CFAC teve área avaliada em 2,8 km2 e uma ocupação que conduz a um coeficiente de escoamento médio de 0,7; o rio Guaíba foi considerado em três cenários de nível d’água : 1m, 2m e 3m.

A página 37 do relatório DEP (2002) sobre a Alternativa 1 (ampliação de condutos) esclarece que “A única

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observação que merece destaque nesta alternativa é a necessidade de utilização do trecho 25 (rua Cel. Bordini) como prolongamento do CFAC, pois se observou que, para as cotas do Guaíba simulada podem ocorrer situações em que a linha piezométrica esteja acima da cota do terreno, fazendo com que haja água nas ruas“. O trecho 25 considerava o trecho da Cel. Bordini da altura da Mata Bacelar até a galeria prevista na Marquês do Pombal.

Portanto, no âmbito do TDR, ao qual o estudo DEP (2002) é solidário em sua alternativa 1, é inequívoco que o trecho da Bordini entre Mata Bacelar e Marquês do Pombal deveria ser considerado como conduto forçado preparado para resistir a pressões internas de 13 mca. As dimensões citadas eram de uma galeria de 2 x 2,5m x 2,5m.

Não encontramos nada que leve a suspeitar de alguma solicitação errada por parte do DEP.

Ressalte-se que o TDR menciona o estudo DEP (2002) para utilizá-lo no dimensionamento do sistema CFAC quanto às vazões obtidas na modelagem hidrodinâmica. Não menciona adotar as pressões calculadas na modelagem como elemento de projeto.

Por outro lado, o TDR não previu a realização de estudos de risco de rompimento das estruturas de drenagem por sobrecarga ou indução de transientes hidráulicos por qualquer motivo, mas isto não seria necessário pois este alerta consta dos principais manuais como o do DAEE/CETESB (1980). Isto evitaria escolha de soluções frágeis e perigosas do ponto de vista de concepção hidráulica. (A firma do Projeto Executivo, tinha obrigação de saber sobre que tipo de estrutura usar). Os dois parágrafos acima me parecem inócuos pois ao contratar um determinado estudo não cabe a quem contrata determinar o “não fazer”, ou seja não tira o dever de quem for contratado para elaborar um Estudo e um projeto deste porte deixar de revisar todos os pontos que vão atuar na estrutura. Quem fez o Projeto Executivo é o responsável pelo que ocorreu, não adianta querer colocar artifícios no caminho que impeçam ações contra o autor do Projeto Executivo. Solidariamente o executor da obra é responsável, pois é uma firma de Engenharia e deveria revisar o projeto que iria executar, pois se não for assim para que serve a firma de Engenharia, entrega-se a obra para qualquer um que tenha mão de obra qualificada.

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Conduto Forçado Álvaro Chaves (croqui)

7,5 x 5,74 m

7,5 x 2,5 m

6,25 x 2,5 m

3,0 x 2,5 m

2 x 2,0 x 1,90 m

2 x 2,0 x 1,50 m

Tubos 1,5 + 2,2 m

Diminui de montante para jusante com transições complexas

Figura 2 – Croqui do CFAC mostrando restrição de jusante e ampliação de condutos à montante

4.3 Informações objetivas documentais do Projeto Executivo (2004)

No relatório do Projeto Hidráulico (arquivo MEMOBID_PHIDL1.doc) fornecido pelo DEP, na página 31, tabela 4.1, está posta a informação de que a galeria na Cel. Bordini projetada teria três células de 2,5 por 2,5 m. Entretanto, o relatório DEP (2002) cita para o mesmo trecho uma galeria com duas células de 2,5 por 2,5 m.

Com base nos documentos disponibilizados para a Comissão, esta mudança não está devidamente justificada ou registrada. Mas a comissão recebeu um texto isolado, sem identificação, nem data, muito semelhante ao capítulo 8.1 do relatório DEP (2002). Neste texto sem identificação, nem data, referente à Alternativa 1 da ampliação dos condutos preconizada pelo TDR, a galeria sob a Cel. Bordini passa a ter três células de 2,5 por 2,5 m. Outras mudanças correlatas aconteceram no trecho 16 (Mata Bacelar entre Nova York e Bordini), no trecho 18 (coletor de fundo que atravessa a Goethe), no trecho 22 (Quintino Bocaiúva, do coletor de fundos e Eudoro Berlink) e no trecho 24 (Cel. Bordini entre Eudoro Berlink e Mata Bacelar). O texto repete o original do DEP (2002) na recomendação de que o trecho 25 (rua Cel. Bordini) seja um prolongamento do CFAC. Não citam o que consta no Diário de Obra, quem autorizou a execução de pré moldado e galeria sem divisão? Porque não citam?

Pode-se especular que o conteúdo deste texto substitutivo do capítulo 8.1 de DEP (2002), seja um

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refinamento posterior com a mesma metodologia. Na prática as mudanças acima não mudam o espírito das recomendações do TDR, antes colocadas.

Mas outras mudanças foram introduzidas pelo Projeto Executivo (2004). Na Bordini, que é o foco principal do presente parecer, no trecho da Mata Bacelar à Marques do Pombal (133,5 m de comprimento), foi projetada uma substituição da galeria com três células de 2,5m x 2,5m por uma galeria de célula única de 7,5m x 2,5m (largura x altura) sob a justificativa da utilização de paredes diafragma para a execução desta. A Prancha 100 revela, no entanto, uma escolha de projeto que introduz uma complexidade hidráulica a mais : o trecho de 133,5 m inicia com seção de 5,74 m de altura (galeria de 7,5 x 5,74 m) e somente nos 30 m finais – na chegada à Marques do Pombal – assume a altura prevista de 2,5 m. Não houve preocupação, com base na documentação disponível, em simular situações críticas de transientes em estrutura tão fora de padrão, com um perfil longitudinal insolitamente (escalonado) trapezoidal.

Não é claro o presente relatório no que trata de quem fez o que. Quem projetou a galeria sem septos centrais é o responsável pela modificação, mas quem foi, o relatório omite. No volume do Projeto Executivo (2004), correspondente ao projeto estrutural (arquivo RELATORIOCONDUTO.doc, pág. 4) está textualmente que “Percorrendo a Rua Cel Bordini da esquina com a Rua Marquês do Pombal até o prolongamento da Rua Mata Bacelar, o projeto prevê a execução de galeria moldada “in loco”, tendo como finalidade principal provocar a retenção das águas pluviais provenientes dos picos de chuva. Tem largura de 7,50 metros, altura variável, laje da cobertura estruturada com vigas e paredes executadas em sistema de parede diafragma”. O autor deste projeto é o responsável pelo mesmo, cabendo a ele justificar porque o fez, pois esta alteração é a causa do desastre estrutural.

4.4 Informações objetivas documentais do estudo DEP (2005)

O Projeto Executivo (2004), como era de se esperar, introduziu em relação às informações dos projetos SMOV e DEP, mudanças em função de condicionantes de campo. Outras mudanças foram por escolha circunstancial da projetista. O fato é que houve mudanças de cotas de fundo (incluindo a adoção de degraus/rampas) e mudanças de seções (como no caso da Bordini).Para avaliar estas e outras mudanças foi realizado o estudo DEP (2005). A metodologia de modelagem foi exatamente a mesma de DEP (2002). O objetivo foi de avaliar o impacto hidrológico, ou seja, como as mudanças influenciaram na capacidade de drenagem do sistema. Ainda não tinha ocorrido a mudança de traçado que desviou o projeto da rua Marquês do Pombal em 2006.

As simulações consideraram o perfil longitudinal superior escalonado “trapezoidal” do Projeto Executivo (2004), seção de montante com de 7,5 x 5,74 m e de jusante com 7,5m x 2,5 m (esquina com Marquês do Pombal). Nas simulações de DEP (2005) as pressões médias simuladas mostraram que o início da galeria não entrava em pressão e, no fim, próximo à Marquês do Pombal, a pressão interna era da ordem de 1 (um) mca (figura da pág. 14 do relatório DEP, 2005).

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Estes fatos por si só não são causa da ruptura, pois cabe só ao Projetista assumir o Projeto executado. Caso alguma instrução do DEP não fosse correta caberia ao projetista contestar, pois se trata de firma especializada.

4.5 Informações da mudança de traçado de 2006

Em maio de 2006 a mobilização dos moradores da rua Marquês do Pombal, com ajuda de entidades ambientalistas e Câmara de Vereadores, conseguiu seu intento de alterar significativamente, junto à Prefeitura, o traçado e dimensionamento do Conduto Álvaro Chaves, para preservar o túnel verde nela existente. A consequência, em termos de mudança de projeto, foi o prolongamento, por mais 215 m, da galeria da Bordini até a Cristóvão Colombo. O CFAC prosseguiria, como acabou sendo construído, pela Cristóvão Colombo até a Pernambuco (245 m), retomando daí o traçado original.

As pranchas de desenho do Projeto Executivo Modificado (2006) mostram alternativas com o prolongamento da galeria da Bordini com as dimensões 7,5 x 2,5 m e com 6,25 x 2,5 m. A mais recente (arquivo de GeralFinal.dwg de 01/09/2006) indica opção pela de 6,25 x 2,5 m.

Nos cenários de mudança simulados no estudo Avaliação Hidrodinâmica (2006), o prolongamento da galeria da Bordini (por 215 m) foi considerado com seções de 7,5 m x 2,5 m ou de 6,25 m por 2,5 m. Seja com a largura 7,5 m ou 6,25 m, os resultados mostraram todo o trecho da Bordini, desde a Mata Bacelar à Cristóvão Colombo, sob pressão, com valor muito baixo na seção de montante e com menos de 5,0 mca na esquina com a Marquês do Pombal, considerando o topo da galeria.

O estudo Avaliação Hidrodinâmica (2006), portanto, não simulou situações críticas para a segurança da obra que poderiam fornecer valores de pressão adequadas para o cálculo estrutural. A razão foi a utilização de modelo tipo fenda de Preissmann, como nos estudos similares anteriores do CFAC, que não simula bem pressões extremas, mas sim as vazões e pressões médias (ver parecer hidráulico adiante).

Neste estágio de projeto, que acabou sendo o final, a galeria sob a Bordini havia tomado proporções muito maiores que as imaginadas no início :

1º trecho : Bordini entre Mata Bacelar e Marques do Pombal – 133,5 m – seção de montante com de 7,5 por 5,74 m e seção fde jusante com 7,5 por 2,5 m;

2º trecho : Bordini entre Marquês do Pombal e Cristóvão Colombo – 215 m – seção única no trecho de 6,25 por 2,5 m.

Não foram disponibilizados textos explicativos do Projeto Executivo Modificado (2006), justificando tecnicamente as últimas versões de projeto.

Até aqui a responsabilidade maior é do Projetista do Projeto executivo que deveria ter conhecimento mínimo suficiente para ter noção das pressões que estaria sujeita a galeria, pois os condutos que ali chegavam (neste ponto a cota é 8,5 m), vinham de cotas mais elevadas atingindo a cota superior a 43 m. Este fato por si so já indica pressões superiores a 13000 kg/m2.

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4.6 Informações sobre a chuva ocorrida no dia 20/02/2013 Houve registro detalhado da chuva (com intervalos de tempo curtos) em dois locais : Hidráulica do Moinhos de Vento (pluviógrafo da Prefeitura) e no 8º Distrito de Meteorologia do INMET no Jardim Botânico. A precipitação pluviométrica total em ambas foi muito semelhante no episódio de chuva : 64,2 mm no Jardim Botânico (das 14h45 às 15h50) e 64,6 mm no Moinhos de Vento (das 15h05 às 15h50). Pela proximidade, mesmo que seja incerto extrapolar um dado pontual de chuva para toda a bacia do CFAC, aquela do Moinhos de Vento deve ser mais representativa.

Com base na curva de intensidade-duração-frequencia (IDF) das precipitações do 8º DISME, disponível no Caderno de Encargos do DEP, a chuva do Moinhos de Vento (evento completo, em 45 minutos) teve um período de retorno (TR) de aproximadamente 70 anos. Esse valor cai para cerca de 40 anos se for considerado o mesmo volume no período de uma hora, que é o tempo de concentração considerado para a bacia do conduto.

Por outro lado, dependendo da IDF de Porto Alegre escolhida pode-se chegar a períodos de retorno da ordem de 100 anos ou mais.

Ressalte-se que curvas IDF apresentam muitas incertezas nas estimativas de períodos de retorno, sendo uma das razões os tamanhos reduzidos das amostras que as geraram em relação às estimativas de período de retorno muito altas.

De qualquer forma, foi uma precipitação extrema, de rara intensidade, para a qual se esperam ocorrer alagamentos, já que o período de retorno para funcionamento eficaz do conduto forçado era de 10 anos, usual em macrodrenagem.

A precipitação ocorrida no dia 20/02/2013, entretanto, mesmo rara e intensa, não pode ser apontada somente como a causa da ruptura só por ser mais intensa que a chuva de 10 anos de período de retorno.

A razão é que o CFAC tem uma capacidade hidráulica limitada e, uma vez entrando em pressão, com os volumes e vazões de projeto equivalentes ao TR = 10 anos, não existe a possibilidade de entrada de vazão adicional (por falta de incremento de carga significativo e por limitação de vazão das bocas-de-lobo acima dos 13 m). O excesso simplesmente escorre pelas sarjetas, alagando as ruas, ou onerando o sistema de drenagem de jusante (sistema Tamandaré com Estação de Bombeamento EB-3).

Totalmente de acordo com o aqui afirmado, o rompimento do Conduto nada tem a ver com a chuva, pois no máximo haveria extrvazamento do excesso pela rua, o que não provocaria a destruição do conduto. 4.7 Inspeções posteriores à ruptura e informações da execução

O DEP realizou uma inspeção local por fora e por dentro do conduto logo depois do rompimento. Os comentários dos que realizaram esta inspeção assim como suas fotos foram compartilhadas com a Comissão do CREA. Componentes da Comissão do CREA também inspecionaram o conduto no trecho rompido em outro dia (01/03/2013), recolhendo mais informações. Também foram disponibilizadas pelo DEP à Comissão do CREA fotos tiradas pela fiscalização durante a execução da obra.

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As descrições das inspeções e as fotos forneceram informações sobre o rompimento em si e sobre o estado geral da obra no trecho sinistrado.

5. Parecer Na opinião da Comissão Especial do CREA-RS, a análise das informações disponíveis até o momento aponta que a ruptura do Conduto Forçado Álvaro Chaves, na rua Cel. Bordini, próximo às esquina da rua Marquês do Pombal, no dia 20/02/2013, teve causas sistêmicas, desde a concepção da obra, precipitação intensa, elaboração do projeto, execução, fiscalização e gestão da obra.

O detalhamento do parecer segue abaixo.

5.1 Concepção

O TDR apresenta a concepção do projeto sem margem para outras alternativas. Essa concepção é controversa, pois mistura dois conceitos em princípio antagônicos, em se tratando de um conduto forçado. Esse é feito, no caso de uma drenagem pluvial, para afastamento de excessos pluviais de áreas altas para um corpo receptor em cotas baixas. É um conceito que não combina, em tese, com a ideia de armazenamento a montante, mesmo transitório, através do artifício de aumentar as dimensões de tubos e galerias nas partes mais altas do sistema. Nada tem há ver com o rompimento. A causa do rompimento é estrutural. Poderia ser qualquer seção desde que uma peça monolítica, ou seja toda ela interligada, distribuindo as pressões. No entanto fizeram uma galeria aberta com laje de tampa sem peso necessário para a pressão de 13 mca, ou seja 13000 kg/m2.

Outro fator contrário à ideia de conduto forçado foi a opção do TDR pelo aproveitamento de galerias antigas justamente na chegada ao corpo receptor (rio Guaíba). O aproveitamento da antiga galeria da rua Álvaro, somente ela, com dimensões restritas (duas galerias geminadas de 2,0 por 1,5m) é de difícil explicação Também não foi causa do rompimento..

Mais inusitado ainda foi induzir o aproveitamento das galerias coletoras paralelas ao Guaíba (nas ruas Voluntários da Pátria e Mal. Castelo Branco) para compor um estranho arranjo hidráulico com mais de um deságue para o Guaíba. Todo esse complexo de chegada ao Guaíba introduz um condicionante restritivo de vazão, além de propiciar perturbações transientes, tudo concorrendo para impedir um projeto de maior qualidade. Essa restrição de jusante acabou induzindo aumentos de dimensões a montante, criando um “design” de conduto forçado fora de padrão, com condutos menores a jusante e maiores a montante. A alternativa lógica seria o emprego de galerias novas ou aumentadas na rua Álvaro Chaves e prolongamento dessas de forma retilínea para deságue no Guaíba. Isso em paralelo com soluções mais otimizadas a montante. Também estes fatos nada tem há ver com o rompimento, o rompimento é estrutural, pois a galeria não resisitiu aos 13 mca = 13000 kg/m2

A concepção não convencional ditada no TDR pode ser acusada pelo mau funcionamento hidráulico do sistema, porém não pode ser apontada como causa direta da ruptura ocorrida na Bordini. Mas pode ter

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contribuído indiretamente, pois pode ter induzido uma sequência de eventos que sobrecarregou a estrutura desse trecho de galeria. Concordo plenamente.

O TDR pecou por condicionar o dimensionamento do sistema apenas focando na função de drenagem de excedentes pluviais com 10 anos de período de retorno. Deveria ter solicitado estudo de risco, visando a segurança da obra per si, para eventos com maior período de retorno (como em qualquer obra hidráulica de maior importância), assim como para transientes hidráulicos induzidos, seja para a chuva com 10 anos de período de retorno ou mais, pelas condicionantes e escolhas de projeto.

De qualquer forma, é muito pouco provável que uma chuva de maior intensidade, mesmo com período de retorno significativamente maior que 10 anos, seja causa direta do rompimento. A explicação é que o CFAC tem uma capacidade hidráulica limitada, sem possibilidade de que volumes muito maiores de escoamento que os decorrentes da chuva de 10 anos entrem no sistema ou causem sobrepressões.

Concordo plenamente. No entanto devemos reforçar que toda esta estrutura do conduto Álvaro Chaves não tem capacidade de atender ao escoamento das águas conforme alardeado pelo DEP e pelo Prefeito. Se o conduto não tivesse rompido teríamos problema com a inundação que estaria sendo extravasada pela rua. Outro fator á considerar é que o problema não foi maior porque o Rio Guaíba estava em cota baixa. Pois se estivesse em cota elevada as áreas inundadas seriam bem maiores e extensas.

5.2 Parecer Hidráulico Fatores que contribuíram para problemas no projeto do CFAC, incluindo possíveis causas da ruptura na Bordini:

• Concepção mista de sistema de atenuação de cheias sem um estudo que refletisse melhor sobre a

singularidade desta estrutura. Quando se inova tanto é necessário cuidado especial para preverem incidentes.

• Uso inapropriado de um software para cálculo das situações transientes, fora das recomendações dos seus autores. Modelo de “fenda de Preissmann” não consegue representar extremos de pressão, principalmente as negativas.

• Tratamento do conduto forçado com a mesma estrutura de um sistema de drenagem por canais livres, com a agravante de ser dimensionado exatamente ao contrário do que qualquer obra de drenagem pluvial (no CFAC vai diminuindo da seção de montante para jusante e não ao contrário, como é o usual).

• As reduções, mudanças de direção e diâmetro, foram tratadas como “caixas” não tendo o cuidado que se deve ter numa instalação destas dimensões, através de uma melhor orientação dos fluxos.

• Uma velocidade excessiva foi aceita neste conduto (4,0m/s a 5,0m/s), sem observar as possíveis consequências como cavitação e ressonância. Nenhum cuidado foi tomado a parta evitar esses problemas.

• As perdas de carga lineares foram subavaliadas enquanto a perdas de carga singulares foram incorretamente avaliadas. Note-se que o conduto pode ser caracterizado como uma sucessão de condutos curtos, o que torna o cuidado com as perdas singulares absolutamente imprescindíveis.

• Modificações no projeto, variando a característica hidráulica do mesmo, como o aumento da rugosidade do trecho na Rua Coronel Bordini, sem considerar o que isto poderia acarretar no

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comportamento hidráulico da estrutura. • Foram introduzidos elementos nas estruturas que podem ser geradores de danos futuros, como

transições e curvas não ajustadas (problema de cavitação em fluxos de alta velocidade), septos começando e terminando no meio de condutos (problemas de vibrações), caixas de passagem de grande volume (impedância no sistema), entradas esconsas (cavitação, vibração).

• Cuidados necessários nas transições de diâmetros, nas curvas, e em outras singularidades não foram executados. Como estes cuidados praticamente não onerariam em nada a obra, nem trariam complicações complementares à execução, depreende-se disto que não foram feitos por má fé, mas sim por desconhecimento técnico das equipes de projeto, as empresas construtoras e a fiscalização.

• Ignorou-se a possibilidade de geração de bolhas em toda a estrutura, devido à total inadequabilidade das estruturas ao escoamento de alta velocidade. Ignorando-se também fenômenos como vibrações, cavitação e oscilações de nível quando funcionando como canal.

• Não foi levado em conta a possibilidade de existência do fenômeno do Golpe de Aríete, que, numa obra desse porte, deveria ser verificada com extremo cuidado.

• Utilizou-se em todo o processo de dimensionamento, um modelo de escoamento que tem seus passos de cálculo bem além do período (intervalo de espaço/celeridade) de alguns trechos do conduto, fazendo que o uso deste modelo não mostrasse a fragilidade do sistema.

• A adoção de propostas não muito claras quanto à sua definição no projeto e na construção não enfatizou o caráter CONDUTO FORÇADO (constante no nome da obra), tanto nas propostas iniciais como nas modificações de projeto e critérios construtivos.

• Os projetistas, executores e fiscais, não se deram conta que aumentar as dimensões de uma estrutura hidráulica implica na preocupação com fatores que são irrelevantes em pequenas obras, em linguajar mais técnico pode-se dizer que o EFEITO DE ESCALA não foi levado em conta devidamente em todas as etapas de projeto e obra.

• Ressaltando que condicionantes externas, como orçamento, prazos determinados (poucos meses para levantamentos e projeto executivo) sem levar em conta a complexidade do problema, pressões públicas e mediáticas, levaram o projeto e a sua execução a ser levados completamente fora da complexidade necessária.

Não se pode dizer que a Fiscalização falhou, pois não cabe ao Fiscal de obra analisar o Projeto Executivo, mas simplesmente acompanhar se a obra esta sendo ou não conforme o Projeto.

Concluímos finalmente, que não só o item referente ao local em que ocorreu a ruptura do conduto, mas sim ao longo de todo ele, deve ser revisado por um corpo técnico com experiência em obras de grande porte, sob pena de, feito um reparo local, futuramente possa se ter uma catástrofe do mesmo porte, ou mesmo maior, comprometendo o patrimônio e a vida humana. (Concordo plenamente com este parágrafo)

5.2.1 Uma das possíveis situações geradoras de pressões extremas no CFAC trecho da Bordini.

Para ilustrar a complexidade hidráulica gerada como projeto construído da galeria (conduto forçado) da Bordini, mostra-se a figura a seguir com uma das possíveis situações que desencadearam as pressões extremas que romperam o CFAC.

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Canal curto: Para saber o

desenvolvimento é necessário o conhecimento da região a jusante.

Canal curto: Mesmo comentário do que a jusante.

q=1,0

Zona fortemente tridimensional: Entradas em ângulo vivo (90º), fortes dúvidas quanto ao desenvolvimento exato da linha d’água

q=1,0

q=1,0

Zona em que se poderá ou não criar um ressalto hidráulico.

Deveria ser calculado todo o conduto para saber o regime.

q=1,7

q=1,7

q=1,7 Zona fortemente tridimensional: Entrada

esconsa, fortes dúvidas quanto ao desenvolvimento exato da linha d’água

q=2,0

Zona em que a superfície da água poderia tocar a parede superior.

q=2,0

q=2,0

q=2,2

Hipótese I: Conduto de jusante em ca rga, criação de ressalto af ogado (?), ou

simplesmente uma transição simples?

q=1,9 9

q=1,98 q=2,1 Hipótese I: Bolhas de ar aprisionadas.

q=2,3

q=1,99

q=1,97 q=1,97 Hipótese I: Onda de translação. Ordem de grandeza 2 a 6m/s

q=1,98

q=?

q=?

q=? Hipótese I: Onda elástica.

Ordem de grandeza 300 a 800m/s

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Meu parecer é que, e isto que importa por alguma razão o conduto a jusante encheu de água e em face disto reduziu a vazão, forçando a água represar a montante. Ao represar a água e estando os condutos de montante cheios de água provenientes de cotas bem mais elevadas do que a bordini, fez com que o conduto da Bordini ficasse submetido a uma determinada pressão, bem inferior aquela de 13.000 kg/m2 recomendada pelo DEP. Subemetido a uma pressão rompeu em sua parte mais fraca, o ele entre a cobertura e as paredes da galeria.

5.3 Parecer Estrutural 5.3.1 Sobre as alterações do Projeto:

• Foi alterado o método construtivo do CFAC, de modo a permitir o uso de elementos de concreto

pré-moldados, com a finalidade de tornar mais rápido o processo de construção da obra; Quem permitiu? Quem propôs?

• Pode-se afirmar que esta alteração não conferiu a mesma capacidade estrutural ao conduto conforme indicado no projeto original, reduzindo sua rigidez e resistência estrutural, visto que as ligações entre as paredes diafragma longitudinais (moldadas “in situ”) e sua tampa (parcialmente pré-moldada) foram fragilizadas; Com certeza esta foi a causa do rompimento. Todos os demais estudos poderiam ter ou foram mal feitos, mas esta mudança foi a causa do rompimento, as outras no máximo fariam a água sair fora do conduto e inundar as ruas.

• Esta alteração implicou no emprego de vigas transversais (denominadas no projeto de V1) pré- moldadas e sub-laje também pré-moldada (com espessura de 6cm) para servir de forma para a concretagem da parte superior da tampa, constituída por uma laje maciça de 8 cm de espessura. A espessura das duas camadas de concreto da laje da tampa do conduto totaliza 14 cm; Uma laje de galeria. Principalmente conduto forçado não pode ser inferior á 45 centímetros com quatro centímetros de recobrimento das ferragens. Tamponamento de galerias com laje pré moldada só quando não ocorrer sub pressão.

• Aparentemente, o engaste entre a tampa e a parede diafragma longitudinal passou a ser garantido no projeto modificado pela ancoragem de uma armadura disposta na direção vertical de ligação entre ambas, e por um prolongamento da armadura positiva das VTs a ser ancorada nas concretagens posteriores da parede diafragma. Pelo que pode se deduzir do acidente, a armadura vertical se revelou insuficiente para resistir às pressões internas do CFAC e a armadura positiva da VT encontrava-se mal ancorada para resistir ao esforço de arrancamento da tampa . Ocorre que faltou ferragem para distribuir os momentos gerados pela pressão, pois uma estrutura conforme descrita a cima não tem condições de redistribuir as forças que atuam na estrutura.

5.3.2 Sobre as hipóteses de cálculo supostamente admitidas para o dimensionamento estrutural do Conduto (Projeto Modificado):

• A hipótese de carga preponderante no dimensionamento da tampa do CFAC foi a atuação das

cargas de peso próprio da tampa + solo compactado (1,35 m de espessura de solo), até atingir o nível da via pública. Isso resultou num carregamento vertical de 3.096 kgf/m2 atuando para resistir à pressão interna do conduto. Deduz-se que a pressão interna que conduziu ao levantamento da tampa tenha sido significativamente superior a este valor ; Os 3.096 kg/m2 adotados significam

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menos do que 3,1 mca (metros de coluna de água) ou 3.100 kg/m2. Quer dizer que os condutos que chegam até o ponto de rompimento e que trazem a água até ali estariam a mais de 3 m de altura do ponto de rompimento. Ocorre que até o ponto de rompimento, desde o ponto mais a montante temos mais de 35 m de diferença. Isto por si so já justifica a fragilidade estrutural da obra.

• As observações coletadas após o acidente mostraram que a espessura da camada de solo era de 75 cm de altura (inferior à admitida no projeto), sendo desprezado a contribuição do pavimento de asfalto. A pressão interna admitida foi de 4.700 kgf/m2. Mas a estrutura da tampa foi dimensionada para resistir como hipótese principal de atuação de cargas aquela da situação de peso próprio do conjunto tampa+solo ; Deveria considerar o empuxo causado pela pressão da água de 13 kg/mn2.

• Depreende-se que a ligação na direção longitudinal entre a tampa e a parede diafragma do CFAC não resistiu à pressão interna no conduto, sendo pois, subdimensionada para as cargas atuantes decorrentes das chuvas intensas que determinaram o colapso parcial do obra; OK

• Houve má ancoragem das barras da armadura de flexão das vigas transversais VT na região de apoio. Houve também insuficiência de ancoragem das armaduras de traspasse das lajes nas vigas transversais; OK.

5.3.3 Sobre a qualidade da execução da obra:

• As fotos obtidas logo após a ocorrência do acidente indicam que a ruptura da seção transversal ocorreu junto à ligação da tampa com a parede diafragma longitudinal;

• Nesta região notou-se que houve falha na disposição e quantidade de barras verticais de ligação entre a parede diafragma longitudinal e a tampa superior do conduto (a quantidade de barras não correspondia com a quantidade indicada no projeto estrutural original);

• Também foi constatado visualmente evidências de segregação e ninhos no concreto não compatíveis com a boa técnica construtiva.

Aqui mostram que não só houve erro no Projeto executivo mas também falhas de execução.

5.3.4 Sobre as possíveis causas do colapso

• Diante da incerteza da estimativa da pressão interna (estática e dinâmica) atuante no interior do

conduto, a pressão atuante no momento do colapso foi subestimada. Este fato foi determinante para se criar o mecanismo de colapso da estrutura; A estimativa é possível de se calcular, no entanto não foi feito e nem adotada a estipulada pelo DEP a de 13 mca = 13.000 kg/m2.

• Esta afirmação fica bastante clara ao se observar a disposição das armaduras de flexão que compõem a estrutura da tampa (lajes e vigas transversais); OK

• A ruptura não ocorreu por atuação de esforços de flexão sob a tampa, e sim por incapacidade resistente da região do canto entre a tampa e a parede diafragma longitudinal para suportar as pressões internas no conduto; Realmente a não consideração do efeito da pressão reduziu o momento que atuaria na junção da tampa com a parede daí a redução da ferragem e a falta desta permitiu o rompimento com elevação da tampa por onde saiu o jato de água que acabou danificando toda a rua.

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• Há fotos de barras de ligação rompidas (por esforços de tração) entre a tampa e a parede diafragma longitudinal em ambos os cantos da seção transversal do conduto, sugerindo claramente um levantamento da tampa; A falta da ferragem entre a tampa e a parede para distribuir os efeitos da pressão forçaram a tampa a fazer um giro, mas não encontrando ferragem para evitar o mesmo houve a quebra e a elevação da tampa.

5.4 Gestão

A gestão do projeto não seguiu padrões de qualidade desejáveis, mas não havia nenhuma obrigação legal específica para isso, somente aquelas contratuais. Somente em 2012 foi publicada a norma ABNT NBR ISO 21500: 2012 - Orientações sobre gerenciamento de projeto. A nova orientação foi desenvolvida com participação de representantes das seccionais (chamadas de “capítulos”) brasileiras do PMI (Project Management Institute), incluído o Capítulo Rio Grande do Sul (PMI-RS).

O CFAC não teve um gerente de projeto engenheiro sênior desde o início ao encerramento de sua implantação. Pela Prefeitura havia coordenações pelo GAPLAN (Secretaria de Gestão e Acompanhamento Estratégico) e pelo Departamento de Esgotos Pluviais (DEP) assim como havia uma pelo BID. A superposição de procedimentos de governança e gerenciamento do projeto tirou o foco do gerenciamento do projeto. O gerente de projeto seria o responsável único pelos processos de gerenciamento de início, planejamento, execução, monitoramento/controle e encerramento do projeto. As atividades de gerenciamento no projeto do CFAC, segundo a documentação analisada, foram várias vezes delegadas a escalões diferentes, apesar das hierarquias internas do GAPLAN, DEP e BID e entre esses entes.

O episódio da ruptura demonstra que houve problemas nos processos de gerenciamento. Sobretudo aquelas relacionadas com mudanças no projeto e na relação com as consultorias externas. Dentre as áreas de gerenciamento reconhecidas em um projeto (Integração, Escopo, Custos, Qualidade, Aquisições, Recursos Humanos, Comunicações, Risco e Tempo), o projeto do CFAC teve problemas especialmente na integração, recursos humanos, comunicações e risco. Algumas decisões importantes relativas aos dimensionamentos hidráulicos e estruturais não tiveram, por isso, a devida profundidade de reflexão, incorporando problemas. Sem nada á acrescentar.

5.5 Encadeamento sistêmico das causas

O encadeamento sistêmico, mostrado abaixo, das causas apontadas neste parecer, só tem sentido com a leitura detalhado do exposto anteriormente. Assim desaconselha-se seu uso fora do contexto.

⁻ Adoção de conduto ampliado à montante : sem previsão do leque de consequências hidráulicas e

sem antecipar problemas estruturais e construtivos

⁻ Uso de metodologia hidráulica insuficiente : empuxos hidráulicos não são bem avaliados por

modelos de fenda de Preissmann; a geometria da galeria da Bordini propicia múltiplas

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possibilidades de picos extremos de pressão (efeitos dinâmicos, de transientes, de ressonâncias, de ressaltos, etc.); indica que houve ausência de massa crítica para discussão hidráulica adequada (sem possibilidade de rejeição da geometria adotada), conduzindo à ausência de avaliação de risco hidráulico da estrutura

⁻ Uso de critérios estruturais e construtivos inadequados : informação hidráulica com incerteza;

empuxo hidráulico subestimado no cálculo estrutural (só cargas de cima do peso próprio da laje e cobertura de solo); proposição de uso de vigas e lajes pré-moldadas na tampa com engaste e resistência reduzida; denota ausência de discussão adequada entre calculistas hidráulicos e estruturais; há evidências de Experiência reduzida em obras hidráulicas de grande magnitude.

⁻ Execução com dificuldade operacional : pontualmente observaram-se escavações e contenções

descuidadas; concretagens com sinais aparentes de má qualidade e armaduras em desacordo ao projeto estrutural; denota, sem prejuízo de outras, deficiência de fiscalização.

⁻ Gestão frágil : concepção de gestão de projeto com aspecto difuso (BID/GAPLAN/DEP); sem a

figura do gestor do projeto engenheiro sênior (pessoa física) com controle do início ao fim do projeto (obra concluída); comunicação deficiente dentro do projeto; Controle de mudanças e riscos inadequado; hipertrofia do papel das consultorias (delegação excessiva ou indevida para decisões cruciais do projeto e falta de controle das comunicações). Já analisado e não leva a conclusão sobre o rompimento, pois a causa é uma só: Estrutural. Cabe ao projeto executivo esta análise. O projeto executivo deve buscar entender a estrutura e analisar que cargas atuarão sobre ela. O que não seria de um prédio elevado se o Projetista estrutural não levasse em conta o vento ao dimensionar a estrutura.

6. Proposta de Ações

• Realização de inspeção técnica in loco detalhada de todos os trechos e caixas de transição do Conduto Forçado Álvaro Chaves, visando elencar todos os problemas estruturais e de dimensionamento hidráulico;

• Realizar estudo especializado de avaliação hidráulica não só da galeria da Bordini como de todo o CFAC, considerando a multiplicidade de fenômenos transientes, ressonância, bolsões de ar, ondas negativas e outros não avaliados no projeto do CFAC;

• Não só o item referente ao local em que ocorreu a ruptura do conduto, mas sim ao longo de todo ele, deve ser revisado por um corpo técnico com experiência em obras de grande porte, sob pena de feito um reparo local, futuramente possa se ter uma catástrofe do mesmo porte, ou mesmo maior, comprometendo o patrimônio e a vida humana.

• Recomenda-se que o conserto definitivo da estrutura seja feito somente após a análise do projeto;

• Ampliar a capacidade hidráulica a jusante, com a efetiva construção de galerias novas na rua Álvaro Chaves e prolongamento direto até o Guaíba;

• Revisão do Caderno de Encargos e Planos de Drenagem Urbana, salientando critérios e cuidados especiais para dimensionamento de obras hidráulicas de grande porte;

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• Fortalecimento do DEP como órgão de engenharia hídrica da Prefeitura com aperfeiçoamento e capacitação, com ampliação do corpo de engenheiros com perfis de gestores, projetistas e fiscais;

• Manutenção : procedimentos de manutenção preventiva periódica com pessoal técnico qualificado em todo sistema de drenagem;

• Melhorar procedimentos e ampliar tempo de reflexão para elaboração de Termos de Referência de projetos e obras;

• Exigir e fiscalizar composição e qualificação profissional do corpo técnico das empresas nas licitações, com rigoroso foco nas demandas e especialidades dos projetos;

• Adoção da gestão profissional de projetos público conforme recente norma da ABNT, baseada nos procedimentos estudados e propagados pelo PMI (Project Management Institute). São itens importantes mas que nada têm a ver com o caso.

7. Consideração Final O Conduto Forçado Álvaro Chaves (CFAC) é uma estrutura necessária e fundamental ao sistema de drenagem urbana de Porto Alegre e deve ser preocupação de todos o seu correto funcionamento, devendo o episódio da ruptura na Bordini servir de lição e propiciar correções para evitar riscos e alagamentos em importante área da cidade.

O CFAC é uma obra de engenharia complexa com especificidades hidráulicas, estruturais e hidrológicas que exige um tratamento diferenciado em relação às obras até então realizadas pelo DEP.

Esta Comissão através do seu trabalho, com base nos documentos fornecidos até a presente data, avaliou que a ruptura do CFAC teve causas sistêmicas, desde a concepção da obra (TDR), precipitação intensa, elaboração do projeto, execução, fiscalização e gestão da obra.

Foram identificadas insuficiências em termos de dimensões de seções na parte de jusante, incorreções nas estruturas de transição e deficiências de dimensionamento estrutural junto com problemas hidráulicos.

Esses problemas poderão ser corrigidos após um estudo geral e criterioso do sistema com intervenções pontuais que não devem ultrapassar uma fração significativa do custo total da obra. A maior parte do CFAC terá suas obras existentes aproveitadas na sua integralidade, desde que corrigidos seus defeitos. Não concordo com os dois primeiros parágrafos das conclusões. Primeiro por não ser uma obra de grande responsabilidade ou de estudos complicados. O DNOS, mesmo aqui em Porto Alegre, a mais de 35 anos já projetou e executou obras deste tipo e que até hoje estão intactas. Em segundo lugar porque o estudo hidráulico deveria ser rotineiro nestes casos. No entanto para serem feitos deveriam contar com profissionais qualificados nesta área. Que sirva de lição, não para o corpo técnico, mas para os Políticos que administram estes Órgãos, que por ignorância não sabem mandar e transformam este Órgãos em anarquia generalizada e politiqueira. Como já disse n obra do CFAC não é tão complicada, nem menos nem mais da do que a de um edifício, o

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que deve ter é um estudo, projeto e execução sério, por profissionais qualificados. O problema é sequíssimo para ser consertado sem que haja grande aporte de recursos, talvez mais caro do que fazer um conduto totalmente novo, pois peca na concepção do projeto, no tipo de estrutura e na execução. Pergunta que se impõe: Porque o Município (DEP) não contratou firma especializada para fazer este estudo e projeto executivo? Porque, posteriormente não contratou uma empresa da área de saneamento, com execução de obra semelhante e por edital repassar á ela o ônus de revisar a estrutura? Finalmente recomendo que a Prefeitura contrate um especialista em obras de drenagem e que este verifique qual a real capacidade do conduto após refazerem os trechos onde colocaram lajes pré moldada e de largura muito grande sem septo central ( 1 ou 2). Após realização do estudo de drenagem propor novas obras para drenar o excedente, ou refazer o traçado das canalizações contibuintes ao conduto. Henrique Wittler Engenheiro Civil Ex professor de Hidrologia, Portos Rios e Canais, e Planejamento Hidroelétrico da PUC RS

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ANEXO DE FOTOGRAFIAS

A Ruptura na Rua Bordini (20/02/2013)

Crédito : Mauro Schaefer – Portoimagem Comentário da Comissão : havia falhas nas armaduras de flexão que compõem a estrutura da tampa (lajes e vigas transversais), entretanto a ruptura ocorreu por incapacidade resistente da região do canto entre a tampa e a parede diafragma longitudinal para suportar as pressões internas no conduto.

A Ruptura na Rua Bordini (20/02/2013)

Crédito : Nina Borba – Ag. Freelancer

Crédito : Bruno Alencastro - RBS

Crédito : Paulo Nunes – Correio do Povo

Crédito : Paula Fiori - DEP

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A Ruptura na Rua Bordini (20/02/2013)

Crédito : DEP (22/02/2013 na foto ano foi programado errado na máquina fotográfica) Comentário da Comissão : Barras de ligação rompidas (por esforços de tração) entre a tampa e a parede diafragma longitudinal (calçada da esquerda na descida), sugerindo claramente um levantamento da tampa.

A Ruptura na Rua Bordini (20/02/2013)

Crédito : DEP (22/02/2013 nas fotos ano foi programado errado na máquina fotográfica) Comentário da Comissão : Calçada da esquerda na descida da Bordini, levantamento da tampa ( a esquerda da foto viga T invertida e à direita estrutura especial para suportar tubulação do DMAE (sem conexão com conduto forçado).

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A Ruptura na Rua Bordini (20/02/2013)

Crédito : DEP (22/02/2013 na foto ano foi programado errado na máquina fotográfica) Comentário da Comissão : Calçada da direita na descida da Bordini, levantamento da tampa (tijolos de vedação pré-concretagem visíveis)

A Ruptura na Rua Bordini (20/02/2013)

Crédito : DEP (22/02/2013 na foto ano foi programado errado na máquina fotográfica) Comentário da Comissão : Calçada da direita na descida da Bordini, levantamento da tampa.

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Obra na Rua Bordini

Crédito : Daniel Marenco – Zero Hora Comentário da Comissão : estrutura pré-moldada (vigas T invertidas e lajes) antes da concretagem da sobrelaje (orifícios laterais ainda não vedados com tijolos para conter concretagem) ; observe-se o (mau) aspecto das paredes diafragma; questão hidráulica : vigas aparentes no teto introduzem rugosidade complexa.

Obra na Rua Bordini

Crédito : Tania Faillace – Arquivo pessoal Comentário da Comissão : aspecto da concretagem de parede diafragma na Rua Bordini mostra insuficiência na ferragem de espera para engaste da laje superior (tampa)

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Obra na Rua Bordini

Crédito : DEP Comentário da Comissão : armadura e formas no engaste da tampa com parede diafragma

Obra na Rua Bordini

Crédito : Tania Faillace – Arquivo pessoal Comentário da Comissão : aspecto da concretagem de parede diafragma na Rua Bordini ; constatação de evidências visuais de mau lançamento do concreto (segregação, ninhos, etc) através do aspecto da aparência superficial da parede

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A Galeria “complexa” da Bordini

Crédito : DEP (22/02/2013 ) Comentário da Comissão : “Degrau” (rampa) e rebaixamento no traçado novo, Bordini esquina Marquês do Pombal

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