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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BIOTECNOLOGIA LARISSA SILVA ZANE EXPRESSÃO DE HLA-G E HLA-G5 EM PACIENTES COM SÍNDROME DE PARRY-ROMBERG VITÓRIA 2015

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO

CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BIOTECNOLOGIA

LARISSA SILVA ZANE

EXPRESSÃO DE HLA-G E HLA-G5 EM PACIENTES COM SÍNDROME DE PARRY-ROMBERG

VITÓRIA

2015

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LARISSA SILVA ZANE

EXPRESSÃO DE HLA-G E HLA-G5 EM PACIENTES COM SÍNDROME DE PARRY-ROMBERG

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia do Centro de Ciências da Saúde da Universidade Federal do Espírito Santo, como requisito parcial para obtenção do título de Mestre em Biotecnologia. Orientadora: Prof.ª Dr.ª Flavia de Paula Co-orientadora: Prof.ª Dr.ª Flavia Imbroisi Valle Errera

VITÓRIA 2015

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LARISSA SILVA ZANE

EXPRESSÃO DE HLA-G E HLA-G5 EM PACIENTES COM SÍNDROME DE PARRY-ROMBERG

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia do Centro de Ciências da Saúde da Universidade Federal do Espirito Santo, como requisito parcial para obtenção do título de Mestre em Biotecnologia.

Apresentada em 27 de outubro de 2015.

________________________________ Prof.ª Dr.ª Flavia de Paula

Universidade Federal do Espírito Santo

________________________________ Prof.ª Dr.ª Flavia Imbroisi Valle Errera Escola Superior de Ciências da Santa

Casa de Misericórdia de Vitória

_______________________________ Prof.ª Dr.ª Daniela Amorim Melgaço Guimarães do Bem

Universidade Federal do Espírito Santo

______________________________ Prof.ª Dr.ª Maria Rita dos Santos e Passos Bueno

Universidade de São Paulo

VITÓRIA 2015

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Dedico este trabalho à minha filha Moana, luz que guia meu caminho ∞

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AGRADECIMENTOS

Meus sinceros agradecimentos a todos que colaboraram direta e indiretamente para

a realização deste trabalho, em especial à minha família, principalmente minha mãe,

que sempre me apoiou em todas as minhas decisões, torcendo incondicionalmente

pelo meu sucesso.

Ao meu marido, que está sempre do meu lado, pelo amor e parceria.

À minha filha Moana, que é de onde eu tiro forças todos os dias para seguir em

frente e fazer minha vida ter sentido, por entender que a mamãe precisava estudar

na maioria das vezes em que ela queria brincar.

À minha orientadora, Dr.ª Flavia de Paula, que me aceitou como orientanda e

sempre acreditou em mim, me incentivou e me ajudou muito.

À minha co-orientadora, Dr.ª Flavia Errera, que gentilmente me orientou durante o

mestrado com toda sua paciência, compreensão e dedicação. Me fez crescer

profissionalmente e amar ainda mais a pesquisa.

À Prof.ª Dr.ª Maria Rita dos Santos e Passos Bueno, pela oportunidade única de

realizar esse trabalho e vivenciar a verdadeira ciência 24 horas por dia em seu

laboratório e por ter supervisionado meu estágio técnico científico.

À todos os pacientes que participaram e seus familiares.

Aos pesquisadores e funcionários do Laboratório de Genética do Desenvolvimento

– Centro de Estudos do Genoma Humano, IB-USP, principalmente ao Felipe Ishiy,

pela ajuda constante, à Naila Lourenço, pelas coletas realizadas, à Simone Ferreira

e Andressa Morales, pela ajuda com as células, ao Gerson, a May e ao Lucas, pelos

ensinamentos. Ao Dr. Rodrigo Dornelles, Dr. Nivaldo Alonso e Dr. Luiz Alexandre

Tissiani, do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São

Paulo, pela colaboração.

Aos colegas de mestrado, professores e funcionários do Programa de Pós-

Graduação em Biotecnologia – UFES, pela agradável convivência.

Aos membros da banca, Dr.ª Maria Rita dos Santos e Passos Bueno e Dr.ª Daniela

Amorim Melgaço Guimarães do Bem, por aceitarem o convite.

Aos amigos do Laboratório de Genética e Biologia Molecular da EMESCAM,

Luciana, Luiz Antônio, Andréia, Cristiane, Prof.ª Lucia, em especial às minhas

amigas de todos os dias Iara e Josi, e à minha amiga de longa data, Marcela.

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À Agatha, pela amizade, parceria e por toda ajuda no desenvolvimento deste

trabalho. Você foi fundamental para tudo dar certo!

À Maressa, pela ajuda e boa vontade em me ensinar a analisar os dados.

Às agências de apoio e financiamento: CAPES, FAPES e FAPESP.

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‘’Dê o primeiro passo de fé. Você não precisa ver todos os

degraus da escada. Apenas dê o primeiro passo.’’

Martin Luther King

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RESUMO

A Síndrome de Parry-Romberg (SPR) ou Atrofia hemifacial progressiva (HFA) é uma

doença rara (1:250.000 a 1:700.000), de causa desconhecida, caracterizada por

atrofia unilateral da face, acometendo pele, tecidos moles, músculos e tecidos

ósseos subjacentes de forma lenta, progressiva e autolimitada. A patogênese da

SPR é heterogênea, parece ser sobreposta à da esclerodermia linear, mas ainda

não é totalmente compreendida. Infecções virais, traumas, atividade neurológica e

autoimunidade têm sido propostos para explicar a etiologia da SPR. Tendo por base

o mecanismo inflamatório e autoimune proposto como uma das causas para SPR e

do gene HLA-G estar envolvido em algumas doenças inflamatórias e autoimunes, o

objetivo deste trabalho é verificar se os níveis de expressão das isoformas HLA-G e

HLA-G5 diferem entre pacientes com SPR e controles. Células tronco mesenquimais

derivadas de tecido adiposo (ASCs) foram isoladas de gordura obtida por

lipoaspiração tanto dos pacientes (n=9), antes do uso para lipoenxertia autóloga com

fins terapêuticos, quanto dos controles (n=9), nesse caso para fins estéticos. O RNA

total foi isolado das ASCs e a técnica de PCR quantitativa em Tempo Real foi

utilizada para avaliar a expressão das isoformas HLA-G (membranar) e HLA-G5

(solúvel) do gene HLA-G. A análise estatística foi feita através do teste não

paramétrico de Mann-Withney. Foi observado que as ASCs dos pacientes com SPR

apresentaram menor expressão relativa de HLA-G - isoforma de membrana (p =

0,000), mas não de HLA-G5 – isoforma solúvel (p = 0,387). O HLA-G é uma

molécula imunomoduladora associada à doenças inflamatórias e autoimunes,

portanto esse trabalho mostra, pela primeira vez, que baixos níveis de expressão de

HLA-G em pacientes com SPR podem estar relacionados à supressão da resposta

imunológica, levando a uma autoagressão. Estudos adicionais verificando a

reprodutibilidade desse resultado são necessários para melhor compreensão da

importância do HLA-G e dos mecanismos moleculares envolvidos na etiologia da

SPR, para melhorar estratégias de diagnóstico precoce e abrir perspectivas

terapêuticas visando o aumento da atividade imunossupressora por meio do

estímulo ao aumento da expressão de HLA-G nesses pacientes.

Palavras-chave: Síndrome de Parry-Romberg. Atrofia hemifacial progressiva.

HLA-G. HLA-G5.

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ABSTRACT

The Parry-Romberg Syndrome (PRS) or Progressive hemifacial atrophy (HFA) is a

rare disorder (1:250,000 to 1:700,000), of unknown etiology, characterized by

unilateral atrophy of the face, affecting the skin, soft tissues, muscles and bone, in

slow, progressive and self-limited form. The pathogenesis of SPR is heterogeneous,

seems to be associated with linear scleroderma, but it is not totally understood. Viral

infections, trauma, neurological activity and autoimmunity have been proposed to

explain the etiology of SPR. Based on the inflammatory mechanism and proposed

autoimmune as a cause for SPR and HLA-G gene being involved in some

inflammatory and autoimmune diseases, the aim of this study is to verify if the

expression levels of the isoforms HLA-G and HLA-G5 differs between patients with

SPR and controls. Mesenchymal stem cells derived from adipose tissue (ASCs) were

isolated from fat obtained by liposuction from patients (n = 9) prior to use for fat

grafting autologous therapeutic purposes, and from controls (n = 9), in this case for

aesthetic purposes. Total RNA was isolated from ASCs and quantitative PCR Real

time was used to analyse the expression of the isoforms HLA-G (membrane) and

HLA-G5 (soluble) of the HLA-G gene. Statistical analysis was performed using the

nonparametric test of Mann-Whitney. It was observed that the ASCs from patients

with PRS had lower relative expression of HLA-G - membrane isoform (p = 0.000),

but not HLA-G5 - soluble isoform (p = 0.387). HLA-G is an immunomodulatory

molecule associated with inflammatory and autoimmune diseases, so this study

shows for the first time, that low levels of HLA-G expression in patients with SPR

may be related to suppression of the immune response, leading to a autoimune.

Additional studies verifying the reproducibility of this result are needed to better

understand the importance of HLA-G and the molecular mechanisms involved in the

etiology of SPR, to improve early diagnosis strategies and open therapeutic

perspectives aimed the increasing immunosuppressive activity by stimulating the

increase HLA-G expression in these patients.

Key words: Parry-Romberg Syndrome. Progressive hemifacial atrophy.

HLA-G. HLA-G5.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Hemiatrofia facial direita em uma menina de 8 anos............................16

Figura 2 – Paciente com SPR................................................................................16

Figura 3 – Paciente com atrofia da hemiface esquerda, incluindo olho, dentes e

língua ....................................................................................................................18

Figura 4 – Pacientes com Esclerodermia Linear ‘’em golpe de sabre’’.................19

Figura 5 – Aspecto da SPR em mulher de 38 anos antes (esquerda) e depois

(direita) da lipoenxertia autóloga………………………………………………………23

Figura 6 – Genes do HLA localizados no braço curto do cromossomo 6……..….26

Figura 7 – Organização do gene HLA-G……………………………..……….……...28

Figura 8 – Esquema das sete isoformas do gene HLA-G......................................29

Figura 9 – Estrutura proteica das isoformas HLA-G1, HLA-G2, HLA-G5 e

HLA-G6…………………………………………………………………………..……….30

Figura 10 - Expressão relativa de HLA-G no grupo afetado e no grupo controle

(p = 0,000)..............................................................................................................40

Figura 11 - Expressão relativa de HLA-G5 no grupo afetado e no grupo controle

(p = 0,387)..............................................................................................................41

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Comparação entre LSCS e SPR em relação aos achados

clínicos.......................................................................................................................20

Tabela 2 – HLA-G relacionado à algumas doenças inflamatórias e imunológicas....32

Tabela 3 – Sequência dos primers utilizados na RT qPCR para medir os níveis de

transcrição dos genes alvos estudados e dos genes endógenos controles……..….37

Tabela 4 – Dados da expressão relativa de HLA-G e HLA-G5 em pacientes e

controles....................................................................................................................39

Tabela 5 - Estatística descritiva da expressão relativa de HLA-G e HLA-G5 em

pacientes e controles.................................................................................................39

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LISTA DE SIGLAS

ACTB Actin beta

AR Artrite reumatóide

AS Espondilite anquilosante (do inglês Ankylosing spondylitis)

ASCs Células tronco derivadas de tecido adiposo (do inglês adipose tissue

derived stem cells)

BD Doença de Behçet (do inglês Behçet’s disease)

CA Califórnia CAPES Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior

CAPPESQ Comissão de Ética para Análise de Projetos de Pesquisa

CEGH Centro de Estudos do Genoma Humano

cDNA DNA complementar (do inglês complementary DNA)

Ct Cycle threshold

CTL Linfócitos T citotóxios (do inglês cytotoxic T cell)

DMEM-F12 Dulbecco’s modified Eagle medium-F12

DNA Ácido desoxirribonucleico (do inglês Deoxyribonucleic acid)

EMESCAM Escola Superior de Ciências da Santa Casa de Misericórdia de Vitória

FAPES Fundação de Amparo à Pesquisa do Espírito Santo

FAPESP Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo

FBS Soro fetal bonivo (do inglês fetal bovine serum)

HC-FMUSP Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de

São Paulo

HLA Antígeno leucocitário humano (do inglês human leukocyte antigen)

HFA Atrofia hemifacial progressiva (do inglês hemifacial atrophy

progressive)

HPRT1 Hypoxanthine phosphoribosyltransferase 1

IB/USP Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo

IL Interleucina

IMGT ImMuno GeneTics project

IFNγ Interferon gamma

KD Doença de Kawasaki (do inglês Kawasaki disease)

KIR Receptores tipo imunoglobulina de células killer (do inglês killer cell

immunoglobulin like receptors)

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LILR Receptores de leucócito tipo imunoglobulina (do inglês leukocyte

immunoglobulin like receptors)

LSCS Esclerodermia linear em Golpe de Sabre (do francês sabre cut)

MHC Complexo Principal de Histocompatibilidade (do inglês major

histocompatibility complex)

mL Mililitros

µL Microlitros

MSC Células tronco mesenquimais (do inglês mesenchymal stem cell)

MVEC Células endoteliais microvasculares (do inglês microvascular

endothelial cells)

Ng Nanogramas

NK Natural Killer

OMIM Online Mendelian Inheritance in Man

PB Pares de bases

PBS Phosphate Buffered Saline

PCR Reação em Cadeia da Polimerase (do inglês Polymerase chain

reaction)

PLA Células de lipoaspiração processadas (do inglês processed lipoaspirate

cells)

RNA Ácido ribonucleico (do inglês Ribonucleic acid)

RNAm RNA mensageiro

RPM Rotações por minuto

RT qPCR Transcriptase Reversa PCR quantitativa em Tempo Real (do inglês

Reverse transcription real time quantitative PCR)

SLE Lúpus eritomatoso sistêmico (do inglês Systemic lupus erythematosus)

SNP Polimorfismo de Nucleotídeo Único (do inglês single nucleotide

polymorphism)

SPR Síndrome de Parry-Romberg

SSc Esclerose Sistêmica (do inglês Systemic Sclerosis)

TBP TATA box binding protein

TH Linfócitos T auxiliares (do inglês T helper cells)

UFES Universidade Federal do Espírito Santo

USA Estados Unidos da América (do inglês United States of America)

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UTR Região não traduzida (do inglês untranslated region)

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO..................................................................................................15

1.1 Caracterização da Síndrome de Parry-Romberg...........................15 1.1.1 Etiologia...............................................................................20 1.1.2 Diagnóstico..........................................................................21 1.1.3 Tratamento...........................................................................22 1.1.4 Patogênese..........................................................................24

1.2 Sistema Imunológico........................................................................24 1.2.1 Complexo Principal de Histocompatibilidade (MHC).......25 1.2.2 Antígeno Leucocitário Humano G (HLA-G).......................27

2 OBJETIVOS.......................................................................................................33

2.1 Objetivo geral.....................................................................................33 2.2 Objetivos específicos........................................................................33

3 METODOLOGIA................................................................................................34

3.1 Casuística...........................................................................................34 3.2 Obtenção de células tronco mesenquimais a partir de tecido adiposo.....................................................................................................34 3.3 Extração de RNA e Síntese de cDNA...............................................35 3.4 PCR quantitativa em Tempo Real (RT-qPCR).................................35 3.5 Análise Estatística.............................................................................37

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO.........................................................................38

4.1 Resultados Clínicos...........................................................................38 4.2 Resultados Moleculares....................................................................38 4.3 Discussão...........................................................................................42

5 CONCLUSÕES..................................................................................................45

6 REFERÊNCIAS..................................................................................................51

ANEXO I ...............................................................................................................57

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1 INTRODUÇÃO

A atrofia hemifacial progressiva (HFA, do termo em inglês hemifacial atrophy

progressive, OMIM 141300) foi descrita primeiramente por Parry em 1825 e melhor

estudada por Romberg em 1846, sendo, por isso, também denominada Síndrome de

Parry-Romberg (SPR) (OMIM 141300) (PEREIRA et al., 2007). Trata-se de uma

doença rara. Sua real incidência não é bem conhecida, pois muitas vezes não é

diagnosticada ou então é mal diagnosticada, o que dificulta afirmar sua frequência.

Alguns autores estimam que a doença pode afetar 1 em 250.000 (SUSSER e

CHAPMAN, 2003) até 1 em 700.000 (CASTRO-GOVEA et al., 2012) pessoas na

população em geral. Nos estudos de casos descritos na literatura, a SPR parece

acometer mais frequentemente mulheres do que homens, em uma proporção de

aproximadamente 3:1 a 3:2 (SUSSER e CHAPMAN, 2003; MOKO, MISTRY e

CHALAIN, 2003; TERENZI et al., 2005; CASTRO-GOVEA et al., 2012; EL-KEHDY,

ABBAS e RUBEIZ, 2012; CHOKAR et al., 2014).

1.1 Caracterização clínica da Síndrome de Parry-Romberg

A SPR caracteriza-se por atrofia unilateral da face, geralmente acometendo pele,

tecidos moles, músculos e tecidos ósseos subjacentes (figura 1). A atrofia é lenta,

progressiva e autolimitada. A gravidade e os sintomas específicos da doença são

altamente variáveis de uma pessoa para outra. O sintoma característico é a atrofia

de vários tecidos da hemiface, incluindo gordura, pele, tecido conjuntivo, músculos,

e em alguns casos, osso (figura 2) (PEREIRA et al., 2007; EL-KEHDY, ABBAS e

RUBEIZ, 2012).

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Figura 1- Hemiatrofia facial direita em uma menina de 8 anos. Fonte: PEREIRA et al., 2007.

Figura 2 – Paciente com SPR. A: Hemiface normal. B: Hemiface afetada. Fonte: RANGARE et al., 2011.

Outras manifestações clínicas têm sido relatadas na literatura, como dores de

cabeça frequente, dores na face, problemas oculares e visuais (figura 3), e até

convulsões (CHOKAR et al., 2014). Ansiedade e depressão podem acompanhar o

quadro, possivelmente pela aparência facial que causa. É tipicamente restrita a um

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lado da face, mas em alguns casos raros, ambos os lados são afetados.

Ocasionalmente pode também envolver membros, como braço, tronco e perna (EL-

KEHDY, ABBAS e RUBEIZ, 2012). O quadro 1 mostra o espectro fenotípico geral da

doença.

Quadro 1 – Espectro fenotípico da SPR. Fonte: OMIM 141300 (Disponível em: <http://omim.org/clinicalSynopsis/141300?highlight=romberg%20parry>. Acesso em 15 de outubro de 2015).

Categoria Subcategoria Características Herança Casos isolados

Cabeça e pescoço

Face Um lado afetado

Orelhas Pequenas

Olhos

Enoftalmia

Perda de gordura periorbital

Blefarofimose

Blefaroptose

Ptose

Lagoftalmia

Boca Atrofia do lábio

Atrofia da língua

Dentes Retardo na erupção

Maloclusão

Esqueleto Crânio Cifose basilar

Corpo curto e ramo da mandíbula

Pele, unhas e cabelo Cabelo Alopecia

Poliose Músculos e tecidos moles Atrofia muscular da face

Neurológicos Sistema Nervoso Central

Síndrome de Horner

Neuralgia trigeminal

Ataxia

Enxaqueca

Variados

Maioria dos casos é esporádica

Início na infância ou adulto jovem Atrofia do lado esquerdo é mais frequente

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Figura 3 – Paciente com atrofia da hemiface esquerda, incluindo olho, dentes e língua. Fonte: KAYA et al., 2014.

Em alguns casos, uma "linha" pode formar-se na zona onde as alterações atróficas

de um lado da face encontram a pele normal não afetada do outro lado da face. Esta

linha varia muito e pode ocorrer tanto na vertical quanto na diagonal na testa. A pele

afetada é espessa e endurecida (esclerose). Esta condição pode ser referida como

Esclerodermia Linear "em golpe de sabre" (OMIM 141300, LSCS, do francês "sabre

cut") (figura 4) e pode ocorrer por si só como um achado isolado (SUSSER e

CHAPMAN, 2003). A relação exata de LCSC e SPR não é totalmente compreendida,

mas fica claro que os dois comumente coexistem (TERENZI et al., 2005;

TOLKACHJOV, PATEL e TOLLEFSON, 2015).

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Figura 4 – A e B: pacientes com Esclerodermia Linear ‘’em golpe de sabre’’. Fonte: EL-KEHDY, ABBAS E RUBEIZ, 2012.

A SPR é considerada por alguns autores um tipo de esclerodermia (LAPRESLE e

DESI, 1982; AUVINET et al., 1989; LEHMAN, 1992; STONE, 2003; ANDERSON et

al., 2005; EL-KEHDY, ABBAS e RUBEIZ, 2012; CHOKAR et al., 2014). A Esclerose

Sistêmica (SSc, do inglês systemic sclerosis), um tipo de esclerodermia, é uma

doença do tecido conjuntivo de etiologia desconhecida com envolvimento de

múltiplos órgãos e manifestações clínicas heterogêneas. As manifestações clínicas e

patológicas da doença são o resultado de três processos distintos: (1)

anormalidades do sistema imune inato e adaptativo, levando à produção de

autoanticorpos e autoimunidade, (2) células endoteliais microvasculares (MVEC, do

inglês microvascular endothelial cells) e vasculopatia fibroproliferativa de pequenos

vasos, e (3) disfunção dos fibroblastos levando a um excessivo acúmulo de

colágeno e de componentes da matriz na pele, vasos sanguíneos e órgãos internos.

As manifestações da doença variam de envolvimento limitado da pele com mínimo

envolvimento sistêmico (cutânea limitada) a envolvimento generalizado da pele

acompanhado de envolvimento de órgãos internos (cutânea difusa) (PATTANAIK et

al., 2015).

Vários estudos têm tentado distinguir SPR de LSCS com base em critérios clínicos e

histopatológicos (BLASZCZYK e JABLONSKA, 1999; OROZCO-COVARRUBIAS et

al., 2002; BLASZCZYK et al., 2003). A maioria dos casos não tem distinção clara, é

discutido por vários autores e é cada vez mais consistente a ideia de que essas

condições façam parte do espectro da mesma doença (BLASZCZYK e

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JABLONSKA, 1999; JABLONSKA e BLASZCZYK, 2005, TOLKACHJOV, PATEL e

TOLLEFSON, 2015). A tabela 1 mostra uma comparação geral entre LSCS e SPR.

Tabela 1 – Comparação entre LSCS e SPR em relação aos achados clínicos

Esclerodermia Linear em golpe de sabre Síndrome de Parry-Romberg

Características clínicas

- Endurecimento cutâneo/esclerose - Atrofia paramediana

- Esclerose do couro cabeludo, testa - Nenhum endurecimento de pele

- Hiperpigmentação - Atrofia pode estender-se pelo rosto inteiro

- Alopecia (couro cabeludo/sobrancelha)

Características histopatológicas

- Esclerose dérmica - Esclerose dérmica

- Infiltrados celulares mononucleares - Atrofia de gordura

- Atrofia anexial - Diminuição de estruturas anexiais

- Infiltrados celulares mononucleares

Associações extracutâneas

- Atrofia de tecido subcutâneo, gordura, músculos

e estruturas osteocartilaginosas

- Atrofia e deformidade de língua, dentes e gengiva

- Neuropatia cranial

- Perda da visão

Fonte: TOLKACHJOV, PATEL e TOLLEFSON, 2015 (traduzida e adaptada)

1.1.1 Etiologia

A SPR frequentemente se inicia durante a primeira ou segunda década de vida

(PEREIRA et al., 2007), entretanto há alguns casos descritos na literatura em

indivíduos com mais de 40 anos (VEDVYAS e URBANEK, 2013; MOKO, MISTRY e

CHALAIN, 2003; PAULA et al., 2014).

A causa da doença é desconhecida. No entanto, sabe-se que a maioria dos casos é

esporádica, embora alguns casos raros familiais tenham sido relatados

(ANDERSON et al., 2005). Diversos mecanismos têm sido propostos para explicar o

aparecimento da doença, incluindo inflamação do sistema nervoso simpático,

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infecções virais ou bacterianas, inflamação no cérebro ou nas meninges, traumas –

cerca de 24% a 34% dos pacientes com SPR apresentam um histórico, seja por

traumas cirúrgicos, como tireoidectomia, extração dentária ou trauma obstétrico;

anormalidades na formação dos vasos sanguíneos (angiogênese), hereditariedade

ou por causas autoimunes (AYNACI et al., 2001; SUSSER e CHAPMAN, 2003;

ALENCAR et al., 2011; EL-KEHDY, ABBAS e RUBEIZ, 2012). A SPR como uma

manifestação de esclerodermia é proposta por causa da similaridade histológica e

coexistência frequente nos mesmos indivíduos (EL-KEHDY, ABBAS e RUBEIZ,

2012; TOLKACHJOV, PATEL e TOLLEFSON, 2015).

1.1.2 Diagnóstico

O diagnóstico da SPR geralmente é difícil, principalmente no início da doença. Ele é

feito com base na identificação de sintomas característicos, uma história detalhada

do paciente, avaliação clínica completa e uma variedade de testes específicos, que

são feitos dependendo de quais sintomas estão presentes e quais surgiram primeiro.

Por exemplo, imagens de ressonância magnética podem ser usadas em indivíduos

com sintomas neurológicos; exames microscópicos (biópsia) de tecidos da pele

afetados podem ser usados em pacientes com LSCS (SUSSER e CHAPMAN,

2003).

A progressão da atrofia pode variar bastante. Alguns autores afirmam que o tempo

de duração da doença varia de 2 a 20 anos, antes de estabilizar (EL-KEHDY,

ABBAS e RUBEIZ, 2012; CHOKAR et al., 2014). A atrofia facial pode progredir

lentamente ao longo de muitos anos até parar. Se a atrofia para durante a

progressão, pode ocasionalmente reativar mais tarde durante a vida, mas isso é

raro. Em alguns casos, a atrofia pode progredir indefinidamente. Em outros, quando

a atrofia começa em uma idade precoce, a progressão parece acelerar mais

rapidamente do que quando ela começa mais tarde na vida (SUSSER e CHAPMAN,

2003).

O estágio final da deformação depende da duração da doença. É fundamental o

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acompanhamento do quadro clínico. A condição compromete não somente a parte

estética, mas também a funcionalidade da face, afetando movimentos e expressões

faciais (EL-KEHDY, ABBAS e RUBEIZ, 2012).

Guerrerosantos et al. (2007), dividem os pacientes em quatro grupos (pacientes tipo

1, 2, 3 e 4), de acordo com a extensão da atrofia facial, para melhor escolha do

tratamento.

O diagnóstico diferencial inclui esclerodermia localizada, síndrome de Rasmussen,

microsomia hemifacial, síndrome de Goldenhar, paralisia facial idiopática,

lipodistrofia congênita de Berardinelli-Seip e lipodistrofia parcial adquirida. Os

pacientes com lesões na face, como por exemplo queimaduras, necrose de gordura

e deformidades congênitas também devem ser considerados (OLDSTONE, 1998).

1.1.3 Tratamento

Geralmente, o tratamento oferecido para a síndrome visa à melhora do aspecto

estético. Uma variedade de técnicas cirúrgicas têm sido utilizadas para melhorar a

aparência facial nos indivíduos afetados. Enxertos com gordura, cartilagem, injeções

de silicone e implantes inorgânicos são utilizados na correção da atrofia (KAYA et

al., 2014). As taxas de sucesso destas opções cirúrgicas são altamente variáveis.

Guerrerosantos et al. (2007), sugerem que a classificação quanto ao tipo de atrofia

seria importante na escolha da opção cirúrgica para cada paciente. O tratamento

clínico da doença com imunossupressores ou outras medicações também utilizadas

na esclerodermia, como a cloroquina e o calcipotriol, é discutido por vários autores,

todavia, ainda não há evidências científicas para utilização desse tipo de medicação

na SPR (ALENCAR et al., 2011).

O tratamento cirúrgico não é recomendado até que as mudanças atróficas cessem

ou, ao menos estabilizem, e o grau de deformidade facial resultante seja

estabelecido. O monitoramento pode ser feito por fotografias médicas tiradas

periodicamente para comparação (SUSSER e CHAPMAN, 2003). Existem diversas

alternativas sugeridas para correção dos defeitos da face, como os diferentes tipos

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de enxertos: dérmico, cartilaginoso, ósseo ou gorduroso (ALENCAR et al., 2011).

A correção estética mais preconizada para a SPR é a lipoenxertia autóloga. Essa

técnica tem como vantagens melhor custo-benefício, melhor textura da pele e

contornos e expressões faciais mais naturais. A lipoenxertia é baseada na reposição

do tecido que foi perdido em função da atrofia (figura 5) (COLEMAN, 1999).

Segundo Alencar et al. (2011), a preferência por enxertos autólogos se dá pelo

menor risco de rejeição tecidual e, consequentemente, menor reação inflamatória

local e sistêmica que possibilitariam a perda do enxerto ou outras comorbidades ao

paciente. Os enxertos autólogos de tecido gorduroso são os mais utilizados. Tecido

gorduroso é modelável, tem boa disponibilidade e fácil acesso.

Figura 5 – Aspecto da SPR em mulher de 38 anos antes (esquerda) e depois (direita) da lipoenxertia autóloga. Fonte: ALENCAR et al., 2011.

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1.1.4 Patogênese

A patogênese da SPR é heterogênea e ainda não é totalmente compreendida. É

possível que a causa e o desenvolvimento da doença sejam diferentes de uma

pessoa para outra (EL-KEHDY, ABBAS e RUBEIZ, 2012). A principal teoria é de que

a SPR é uma doença autoimune. Isto é suportado pela presença de outras

condições autoimunes, tais como Lúpus Eritematoso Sistêmico (SLE, do inglês

Systemic lupus erythematosus), Miopatia generalizada e Artrite Reumatóide (AR) em

alguns pacientes com SPR (PONIECKI, BERNACKA e HRYSZKO, 1971; RODDI et

al., 1994). Outra teoria sobre a patogênese da SPR, como na morféia, que é

considerada uma variante da esclerodermia localizada, é a disfunção vascular.

Alterações vasculares podem alterar a produção de colágeno e a proliferação de

matriz extracelular (SARTORI-VALINOTTI, TOLLEFSON e REED, 2013). Etiologia

infecciosa também têm sido proposta na patogênese da SPR, apesar de nenhum

estudo ter sido capaz de demonstrar esta teoria (TOLKACHJOV, PATEL e

TOLLEFSON, 2015). As infecções pela bactéria Borrelia burgdorferi (SOMMER et

al., 2006) também são citadas como fator etiológico da doença.

O cuidado deve ser usado na interpretação destes dados, pois como essas são

ocorrências relativamente comuns, pode haver um equívoco na definição da

etiologia da doença. Em resumo, a patogênese da SPR ainda não é completamente

compreendida, no entanto, uma combinação de fatores autoimunes é o que melhor

parece explicá-la (TOLKACHJOV, PATEL e TOLLEFSON, 2015).

1.2 Sistema Imunológico

O sistema imunológico é constituído por uma intrincada rede de órgãos, células e

moléculas e tem por finalidade manter a homeostase do organismo, combatendo as

agressões em geral. Em um estado normal, o sistema imunológico produz

anticorpos, cuja função principal é proteger o organismo de eventuais ataques, por

vírus, bactérias, células cancerígenas e quaisquer outros corpos estranhos. Estes

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agentes agressores, chamados de antígenos, são capazes de determinar a

produção de anticorpos (ABBAS, LICHTMAN e PILLAI, 2012; SOUZA et al., 2010).

Nas doenças autoimunes, o sistema imunológico perde a capacidade de distinguir

os antígenos das suas próprias células, passando a direcionar anticorpos contra o

próprio organismo, o que leva a uma autoagressão. Estes autoanticorpos formam

complexos imunológicos que vão aumentando nos diversos tecidos, dependendo do

tipo da doença autoimune, causando lesões graves em órgãos/sistemas específicos,

ou sobre o organismo de forma geral (SOUZA et al., 2010; ABBAS, LICHTMAN e

PILLAI, 2012). Os genes relacionados às funções imunológicas do organismo estão

localizados no Complexo Principal de Histocompatibilidade (MHC, do inglês major

histocompatibility complex).

1.2.1 Complexo Principal de Histocompatibilidade (MHC) O MHC é composto por um conjunto de genes altamente polimórficos, denominados

complexo HLA (antígeno leucocitário humano, do inglês human leukocyte antigen), e

compreende mais de 120 genes funcionais, dos quais cerca de 20% estão

associados à imunidade (CRUVINEL et al., 2010). Uma característica única entre as

moléculas de HLA é formar multímeros (VEIT e CHIES, 2009). O MHC no ser

humano está localizado no braço curto do cromossomo 6 (figura 6), e os genes

podem ser reunidos em 3 grupos, denominados genes de classe I, II e III. Os de

classe I codificam as moléculas clássicas de histocompatibilidade HLA-A, B e C, os

de classe II as moléculas clássicas HLA-DR, DQ e DP. Já os genes de classe III,

embora estejam incluídos dentro do MHC, não codificam moléculas de

histocompatibilidade, e sim outras moléculas, que podem ou não fazer parte do

sistema imune. As proteínas C4 e C2 da via clássica, o fator B da via alternativa do

complemento, os fatores de necrose tumoral, a proteína do choque térmico e as

enzimas 21-hidroxilase são moléculas incluídas na região de classe III

(FERNANDES et al., 2003). A associação entre doenças autoimunes e genes do

MHC reflete o papel importante dessas moléculas no direcionamento da resposta

imune (CRUVINEL et al., 2010).

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Figura 6 – Genes do HLA localizados no braço curto do cromossomo 6. Fonte: WESTOVER et al., 2011.

O estudo sobre a função dos genes relacionados ao sistema imune é uma área que

vem despertando interesse crescente. Durante muito tempo, os genes do MHC de

classe I e II, principais responsáveis pelo processo de rejeição de transplantes

alogênicos, geraram grande volume de publicações sobre seus papéis nos

processos autoimunes que caracterizam essas doenças. Na década de 1980, a

descoberta de genes do MHC que não compartilhavam alto grau de polimorfismo

levantou questionamentos sobre sua utilidade fisiológica (HUGHES e NEI, 1989).

Segundo Brenol et al. (2012), a partir de 1990, essas questões começaram a ser

respondidas com a identificação do HLA-G (antígeno leucocitário humano G, do

inglês human leukocyte antigen G), na interface feto-placentária, expresso na

superfície de trofoblastos. Constatou-se que além de o HLA-G ser responsável pela

proteção do feto contra a resposta imune da mãe, essa molécula estava relacionada

a processos de imunorregulação importantes em transplantes, tumores e infecções

virais, bem como em doenças inflamatórias (CRUVINEL et al., 2010).

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1.2.2 Antígeno Leucocitário Humano - G (HLA-G)

O HLA-G (OMIM 142871) é uma molécula não clássica do MHC de classe I, com

expressão tanto por meio de isoformas solúveis quanto acopladas à superfície de

membranas (BRENOL et al., 2012). O gene HLA-G localiza-se na região

cromossômica 6p21.3 (PORRAS-DORANTES e GARCIA-ORTIZ, 2014), apresenta

baixo polimorfismo em sua região codificadora, tem padrão de expressão limitado

em condições saudáveis, altamente restrita a determinados tecidos – além de ser

expresso em tecidos fetais, como as células do trofoblasto, é constitutivamente

expresso apenas no timo em adultos, córnea, ilhotas pancreáticas e precursores de

células endoteliais e eritróides (BRENOL et al., 2012).

A organização do gene HLA-G é similar aos dos genes HLA de classe Ia, possuindo

oito exons que codificam um peptídio sinal (exon 1), o domínio α1 (exon 2), o

domínio α2 (exon 3), o domínio α3 (exon 4), o domínio transmembrana (exon 5), a

cauda citoplasmática (exons 6 e 7) e uma região não traduzida (exon 8) (figura 7)

(KIRISITS, KUNZ e GILL, 1991). Possui 50 alelos descritos até o momento e

codifica 16 proteínas diferentes, de acordo com o banco de dados IMGT/HLA, visto

em setembro de 2015 (<http://www.ebi.ac.uk/imgt/hla/stats.html>. Acesso em 10 de

setembro de 2015).

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Figura 7 – Organização do gene HLA-G. Fonte: HUNT, 2006.

As proteínas de HLA-G podem ocorrer em sete diferentes isoformas (quatro ligadas

à membrana: G1, G2, G3 e G4, e três formas solúveis: G5, G6 e G7 (figura 8), e são

geradas por splicing alternativo (CAROSSELA et al., 2003). HLA-G1 é a isoforma

completa. Nas isoformas G5, G6 e G7, os domínios transmembrana e o

citoplasmático não são traduzidos, resultando em formas solúveis (PAUL et al.,

2000). Devido a uma mutação, o HLA-G apresenta uma cauda citoplasmática que é

menor que as existentes nos HLA-A, B e C (GERAGHTY, KOLLER e ORR, 1987).

Essa característica tem implicações importantes para a expressão do HLA-G, já que

proporciona uma expressão mais prolongada de HLA-G na superfície celular em

comparação com as moléculas clássicas de HLA (PARK et al., 2001).

Existem argumentos convincentes de que o HLA-G desempenhe papel importante

na regulação do sistema imunológico: (1) o HLA-G é capaz de ligar-se a vários tipos

de receptores, alguns dos quais são amplamente distribuídos entre as células do

sistema imunológico; (2) o HLA-G pode exercer efeitos tolerogênicos de longo prazo

por meio da geração de moléculas supressoras; e (3) mesmo as células que não

transcrevem HLA-G podem tornar-se temporariamente HLA-G positivas, adquirindo

um perfil imunossupressor por meio de um fenômeno chamado trogocitose, que é

uma forma de contato entre as células levando à troca de partes de membranas e

moléculas associadas. Neste caso acontece a captação intercelular de HLA-G pela

incorporação de fragmentos de membrana que expressam essa molécula (VEIT,

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VIANNA e CHIES, 2010).

Figura 8 – Esquema das sete isoformas do gene HLA-G. Fonte: RIZZO et al., 2013.

Várias células supressoras relacionadas ao HLA-G foram identificadas. Células T

HLA-G+ podem ser induzidas por meio de aloestimulação e produzir HLA-G5 solúvel.

Segundo BRENOL et al. (2012), esta propriedade imunossupressora é partilhada

pelas proteínas HLA-G1 e HLA-G5 (LeMAOULT, ROUAS-FREISS e CAROSELLA,

2005). Segundo Rizzo et al. (2014), HLA-G1 e HLA-G5 representam as principais

isoformas expressas e investigadas de HLA-G e atualmente são consideradas as

principais isoformas funcionais.

A proteína HLA-G5 possui três domínios extracelulares (α1, α2 e α3) e pode estar

associada com microglobulina β2 de cadeia leve, assim como HLA-G1 (figura 9). A

proteína HLA-G6 não possui o domínio α2, assim como HLA-G2, e pode ser

expressa como homodímeros de cadeias pesadas (CAROSELLA et al., 1999).

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Figura 9 – Estrutura proteica das isoformas HLA-G1, HLA-G2, HLA-G5 e HLA-G6. Fonte:

CAROSELLA et al., 1999.

O HLA-G exerce seus efeitos imunorregulatórios pela ligação a receptores

específicos em diferentes tipos de células imunológicas (HUGHES e NEI, 1989). O

complexo de receptor de leucócitos inclui duas famílias de genes polimórficos:

receptores tipo imunoglobulina (LILR, do inglês leukocyte immunoglobulin like

receptors) e receptores tipo imunoglobulina de células Killer (KIR, do inglês killer cell

immunoglobulin like receptors). Dentre as moléculas LILR, o LILR1 e o LILR2 são

receptores inibitórios que reconhecem todas as moléculas HLA classe I. O LILR1 é

expresso pelas células B, algumas células T e células Natural Killer (NK), e todos os

monócitos, enquanto que o LILR2 é específico de linhagens mielóides. Existem

evidências de que LILRB1 e LILRB2 ligam-se ao HLA-G (WILLCOX, THOMAS e

BJORKMAN, 2003; SHIROISHI et al., 2006). O receptor KIR2DLA (CD158d) é um

membro da família KIR que também liga HLA-G. A sinalização por esse receptor

ocorre de maneira diferente dos receptores LILR: após sua ligação ao receptor, o

HLA-G solúvel é internalizado em endossomos. Essa sinalização resulta, de forma

interessante, em uma resposta pró-inflamatória e pró-angiogênica, com importantes

funções em locais de expressão do ligante, como na interface materno-fetal durante

as fases iniciais da gestação (RAJAGOPALAN, 2010).

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Recentemente foi demonstrado que o HLA-G é fator determinante para as funções

imunomoduladoras das Células Tronco Mesenquimais (MSC, do inglês,

mesenchymal stem cells) que são células encontradas na medula óssea, tecido

adiposo e cordão umbilical, capazes de se diferenciar em várias linhagens, como

osteoblastos, condroblastos e adipócitos. MSCs possuem fortes propriedades

imunorreguladoras, pois secretam vários fatores imunossupressores. Com relação

ao efeito de HLA-G nas células imunes, foram observadas propriedades inibitórias

comuns entre MSCs e HLA-G (SELMANI et al., 2009).

É cada vez mais evidente que a molécula HLA-G pode ser capaz de exercer ação

direta e sustentada no sistema imunológico por meio de seus efeitos

imunorregulatórios, indução de células supressoras e trogocitose (BRENOL et al.,

2012).

Todas as suas características contribuem para o crescente interesse cientifico nessa

molécula, algumas das quais são de vital importância nas funções biológicas do

HLA-G, caracterizadas principalmente pela indução de tolerância imunológica (VEIT

e CHIES, 2009).

Coletivamente, os resultados que emergem da literatura confirmam a importância da

molécula HLA-G na patogênese e progressão de doenças e infecções de base

inflamatória e imunológica (tabela 2), inclusive em uma forma de SSc (WASTOWSKI

et al. 2009), destacando a relevância da sua investigação com o objetivo de

desenvolver novas estratégias terapêuticas, marcadores clínicos e modelo de estudo

(RIZZO et al., 2014).

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Tabela 2 – HLA-G relacionado à algumas doenças inflamatórias e imunológicas.

Doença HLA-G Método Referência

Lúpus

Mais frequente nos afetados PCR - polimorfismo Catamo et al., 2015

Associado à susceptibilidade da doença PCR - polimorfismo / meta análise Lee, Bae e Song, 2015

Menor expressão em afetados Citometria Monsiváis-Urenda, 2011

Menor expressão em afetados Citometria e Imunohistoquímica Rosado et al., 2008

Artrite reumatóide

Associado à susceptibilidade da doença PCR – polimorfismo Catamo et al., 2014

Associado à doença Elisa, citometria, PCR - polimorfismo Rizzo et al., 2013

Associado à doença PCR - polimorfismo Verbruggen et al., 2006

Esclerose sistêmica

Mais frequente nos afetados Imunohistoquímica Wastowski et al., 2009

Filhos de mães com SSc não apresentaram Multiplex PCR Picard et al., 2013

níveis elevados

Sua associação com a SSc foi sugerida por Wastowski et al. (2009), em estudo

realizado no Brasil, onde foi verificado que pacientes que apresentavam maior

expressão de HLA-G em biópsias de pele afetada, possuíam melhor prognóstico da

doença, enquanto que aqueles que possuíam baixa expressão, tinham uma piora

significativa no quadro clínico. Isso demonstra que o HLA-G é fator protetor em

condições patológicas, devido às suas características imunossupressoras.

Posteriormente esses achados foram confirmados por Picard et al. (2012) e Favoino

et al. (2015).

Assim, o HLA-G torna-se um candidato em potencial para exercer influência na

expressão clínica de diversas doenças caracterizadas por alterações inflamatórias e

imunológicas, dentre elas, a SPR.

A SPR é uma doença com muitos relatos de casos descritos, porém não há na

literatura estudos que demonstram a sua relação com a expressão de HLA-G e HLA-

G5. O advento da Biologia Molecular com técnicas capazes de identificar

marcadores genéticos e mecanismos moleculares relacionados com as vias e

funções dessas moléculas certamente trará grandes benefícios para a elaboração

de novas estratégias preventivas e terapêuticas. Além disso, a caracterização dos

mecanismos moleculares envolvidos na SPR é uma importante ferramenta na

compreensão da etiologia e patogênese da doença. A identificação de novos

mecanismos moleculares relacionados com as vias e funções dessas moléculas são

necessários para melhorar estratégias de diagnóstico e tratamento da doença.

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2 OBJETIVOS

2.1 Objetivo geral

Avaliar a expressão de HLA-G e HLA-G5 na Síndrome de Parry-Romberg.

2.2 Objetivos específicos

• Analisar os níveis de expressão de transcritos dos genes HLA-G e HLA-G5

em células tronco mesenquimais derivadas de tecido adiposo de pacientes e

controles;

• Verificar se há diferença na expressão de transcritos dos genes HLA-G e

HLA-G5 em células tronco mesenquimais derivadas de tecido adiposo entre

pacientes e controles.

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3 METODOLOGIA

3.1 Casuística

A amostra foi constituída por 18 indivíduos, sendo nove indivíduos afetados pela

SPR e nove indivíduos sem SPR. Os indivíduos afetados foram submetidos à

cirurgia reparadora (lipoenxertia autóloga) para reconstrução facial e amostras de

tecido adiposo foram coletadas para o estabelecimento de culturas de células tronco

em projeto anterior aprovado no Comitê de Ética em Pesquisa (CAPPESQ 1069/08).

As células estavam armazenadas no Biobanco do Centro de Estudos do Genoma

Humano (CEGH) e foram utilizadas no presente trabalho.

A amostra controle foi constituída por nove indivíduos saudáveis que foram

submetidos à cirurgia plástica e/ou lipoaspiração, com fins estéticos, no Hospital das

Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HC-FMUSP),

cujas células também estavam armazenadas no Biobanco do CEGH.

O presente estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Instituto de

Biociências da Universidade de São Paulo (IB/USP 44667315.3.0000.5464 anexo I).

Essa linha de pesquisa foi proposta pela pesquisadora M.R.S. Passos-Bueno, a qual

gentilmente nos convidou para conduzir a parte experimental.

3.2 Obtenção de células tronco mesenquimais a partir de tecido adiposo

Após coleta de fragmentos de tecido adiposo, tanto na cirurgia reparadora dos

pacientes, quanto na lipoaspiração dos controles, sob condições seguras e

assépticas, foram estabelecidas culturas de MSCs, seguindo o Protocolo de Aguena

et al. (2012), com modificações: obtenção de 5mL de tecido adiposo de

lipoaspiração; lavagem com PBS 1x (Phosphate Buffered Saline) (Sigma-Aldrich®);

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transferência para tubo estéril de 50mL; remoção e descarte do PBS; adição de 3mL

de solução de colagenase 0,075% (tipo IA, Sigma-Aldrich®); incubação a 37ºC por

30 minutos; adição de 3mL de DMEM-F12 (Dulbecco’s modified Eagle medium)

(Invitrogen, CA, USA) mais Soro bovino fetal 10% (FBS, do inglês fetal bovine

serum) (Invitrogen, CA, USA) para neutralização da colagenase; centrifugação a

1500rpm por 1 minuto; seleção do infranadante e transferência para um novo tubo;

centrifugação a 1300rpm por 5 minutos para obtenção de pellet de PLA cells (células

de lipoaspiração processadas, do inglês processed lipoaspirate cells); ressuspensão

do pellet em DMEM-F12 + FBS 15%; contagem das células e armazenamento em

meio DMEM-F12 com FBS 15%, L-glutamina 1% e antibiótico 1%. Essas amostras

foram congeladas em nitrogênio líquido até o isolamento do RNA total.

3.3 Extração de RNA e Síntese de cDNA

As células tronco mesenquimais provenientes de tecido adiposo foram expandidas e

posteriormente, o RNA total foi extraído utilizando o kit NucleoSpin RNA II®

(Macherey-Nagel), seguindo instruções do fabricante. O RNA total foi quantificado

no equipamento NanoDrop® ND-1000 (Thermo Scientific, Wilmington, USA) e sua

integridade foi avaliada em eletroforese de gel de agarose (1%). O cDNA foi

sintetizado a partir de 10µL de RNA total (2000ng) utilizando o kit SuperScript™ II

Reverse Transcriptase (Invitrogen™), seguindo instruções do fabricante, e

armazenado a -80ºC até a realização da PCR quantitativa em tempo real (RT

qPCR).

3.4 PCR quantitativa em Tempo real (RT qPCR)

A RT qPCR realiza a quantificação dos ácidos nucléicos de maneira precisa e com

maior reprodutibilidade, porque determina valores durante a fase exponencial da

reação. A emissão dos compostos fluorescentes gera um sinal que aumenta na

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proporção direta da quantidade de produto da PCR. Sendo assim, os valores da

fluorescência são gravados durante cada ciclo e representam a quantidade de

produto amplificado. Dentre as vantagens desta técnica em relação a PCR

convencional estão a facilidade na quantificação, maior sensibilidade, maior

precisão, reprodutibilidade e acurácia, velocidade da análise, melhor controle de

qualidade no processo e menor risco de contaminação (NOVAIS e PIRES-ALVES,

2004).

A análise da expressão gênica foi realizada por RT qPCR, pelo método de SYBR®

Green. Como genes alvos foram avaliados: HLA-G e HLA-G5 e como genes

controles endógenos, foram utilizados o TBP (TATA box binding protein), o ACTB

(actin beta) e o HPRT1 (hypoxanthine phosphoribosyltransferase 1). Um total de 2µl

de cada amostra de cDNA foi misturada a 4µl de primer específico (Forward e

Reverse), 10µl de SYBR® Green PCR Master Mix (Applied Biosystems) e 4µl de

água DNase/RNase-free para um volume final de 20µl. As reações de RT qPCR

foram realizadas em duplicatas utilizando ABI Prism 7500 Fast Sequence Detection

System (Applied Biosystems).

A sequência dos primers dos genes controles endógenos e dos genes alvos estão

listados na tabela 3. O Ct (Cycle threshold) foi definido como o número do ciclo em

que um aumento significativo no sinal da fluorescência foi detectado pela primeira

vez. Os dados obtidos foram analisados pelos valores de Ct, que foram convertidos

em expressão relativa de acordo com o método de 2-∆∆CT (LIVAK e SCHMITTGEN,

2001).

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Tabela 3 – Sequência dos primers utilizados na RT qPCR para medir os níveis de transcrição dos genes alvos estudados e dos genes endógenos controles.

Todas as sequências estão no sentido 5’ – 3’

Todos os experimentos foram realizados no Laboratório de Genética do

Desenvolvimento – CEGH, IB/USP.

3.5 Análise Estatística

Os dados foram resumidos através de medidas da estatística descritiva, como

média, desvio padrão e mediana. As análises estatísticas foram realizadas utilizando

o teste não paramétrico de Mann-Whitney, devido ao tamanho amostral. Foi adotado

um nível de significância de 5% (p < 0,05).

Gene Primer Foward Primer Reverse HLA-G

HLA-G5

ACTB

TBP

HPRT1

GAA GAG GAG ACA CGG AAC ACC A

GTC CTT GCA GCT GTA GTC ACT G

TGA AGT GTG ACG TGG ACA TC

GTG ACC CAG CAT CAC TGT TTC

TGA CAC TGG CAA AAC AAT GC

TCG CAG CCA ATC ATC CAC TGG A

CGT GAG AGA CAC ATT AGA GCC CTG

GGA GGA GCA ATG ATC TTG AT

GCA AAC CAG AAA CCC TTG CG

GGT CCT TTT CAC CAG CAA GCT

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38

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1 Resultados clínicos

A amostra de pacientes com SPR, cujas células foram analisadas quanto à

expressão de transcritos gênicos HLA-G e HLA-G5, foi composta por um grupo

heterogêneo de nove indivíduos, contendo sete mulheres, com média de idade de

29 anos (variando de 21 a 38 anos) e dois homens, com média de idade de 27 anos

(variando de 25 a 29 anos). Todos os casos foram esporádicos.

O grupo controle foi composto por nove indivíduos, que foram submetidos à cirurgia

plástica e/ou lipoaspiração e o tecido adiposo foi coletado para compor as amostras

controles de células do Biobanco do CEGH. Este grupo também foi heterogêneo,

contendo oito mulheres com média de idade de 44 anos (variando de 27 a 71 anos)

e um homem, com idade de 38 anos.

4.2 Resultados Moleculares

Os dados gerados pela RT qPCR para expressão de HLA-G e HLA-G5 em afetados

e controles estão ilustrados na tabela 4. A expressão relativa de transcritos do gene

HLA-G em afetados variou de 1,21 a 10,03, sendo a média de 4,65 (+- 3,26) e

mediana de 3,03. No grupo controle, a expressão relativa de HLA-G variou de 6,70 a

22,23, sendo a média de 14,48 (+- 4,64) e mediana de 14,64. A expressão relativa

de transcritos do gene HLA-G5 em afetados variou de 2,67 a 20,05, sendo a média

de 6,04 (+-5,41) e mediana de 4,36. E no grupo controle, a expressão relativa de

HLA-G5 variou de 1,98 a 28,41, sendo a média de 10,59 (+-9,01) e mediana de 9,22

(tabela 5).

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Tabela 4 – Dados da expressão relativa de HLA-G e HLA-G5 em pacientes e controles.

ExpressãorelativadeHLA-G ExpressãorelativadeHLA-G5PacientesNº Pacientes Controles Pacientes Controles

1 3,025921803 15,21963264 2,66679499 11,276217412 1,856946475 14,6815598 5,388763729 28,412615953 8,401835225 20,20500197 2,956642287 9,2183276034 7,112855494 22,2258958 6,554274654 21,129895775 5,839396603 13,23637908 4,360489758 12,014837436 2,040867198 6,695364618 3,826434603 2,7180971937 10,02815868 12,59433403 20,05120063 3,7942810418 2,365979285 10,8284783 3,28344735 4,8043549419 1,210905184 14,63793723 5,3027427 1,982377192

Tabela 5 – Estatística descritiva da expressão relativa de HLA-G e HLA-G5 em pacientes e controles.

Mínimo Máximo Média Mediana Desvio padrão

Expressão relativa HLA-G Pacientes 1,21 10,03 4,65 3,03 3,26

Controles 6,70 22,23 14,48 14,64 4,64

Expressão relativa HLA-G5 Pacientes 2,67 20,05 6,04 4,36 5,41

Controles 1,98 28,41 10,59 9,22 9,01

Foi observado que o grupo de pacientes com SPR apresentou menor expressão

relativa de HLA-G quando comparado ao grupo controle (p = 0,000) (figura 10). Para

a expressão de HLA-G5, apesar da mediana ter sido menor no grupo afetado, não

houve diferença significativa (p = 0,387) (figura 11).

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Figura 10 – Expressão relativa de HLA-G no grupo afetado e no grupo controle (p = 0,000).

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Figura 11 – Expressão relativa de HLA-G5 no grupo afetado e no grupo controle (p = 0,387).

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4.3 Discussão

Com o intuito de verificar se o HLA-G, assim como demonstrado por Wastowski et

al. (2009) na SSc, é também associado à SPR, nós estudamos células tronco

obtidas de tecido adiposo de pacientes e controles e verificamos que a expressão de

HLA-G, mas não de HLA-G5, foi menor no grupo de pacientes, quando comparado

ao grupo controle. Este é o primeiro trabalho que mostra associação dessa molécula

com a SPR.

Em nosso estudo o gênero mais afetado foi o feminino, assim como observado por

diversos autores, que reportaram a proporção de 3:1 a 3:2 (SUSSER e CHAPMAN,

2003; MOKO, MISTRY e CHALAIN, 2003; TERENZI et al., 2005; CASTRO-GOVEA

et al., 2012; EL-KEHDY, ABBAS e RUBEIZ, 2012; CHOKAR, et al., 2014). A média

de idade dos nossos casos foi de 28 anos. Com frequência, a faixa etária mais

afetada situa-se entre a primeira e segunda década de vida, quando a atrofia se

inicia (ANDERSON et al., 2005; PEREIRA et al., 2007; EL-KEHDY, ABBAS e

RUBEIZ, 2012). Porém, a média de idade apresentada pelos nossos pacientes é a

do momento da intervenção terapêutica, e não a idade em que a atrofia começou,

uma vez que não foi possível o acesso ao quadro clínico e nível de progressão da

doença de cada indivíduo, fator limitante em nosso estudo. Muito provavelmente

esses pacientes começaram a apresentar alterações atróficas entre a primeira ou

segunda década de vida, já que segundo El-Kehdy, Abbas e Rubeiz (2012); Chokar,

et al. (2014), o tempo de progressão da doença varia de 2 a 20 anos.

Alguns autores acreditam que a SPR não pode ser considerada um tipo de

esclerodermia (OROZCO-COVARRUBIAS et al., 2002; KAYA, et al., 2014). No

entanto, evidências mais recentes sugerem, com base em achados clínicos e

histopatológicos, que as duas condições são sobrepostas (LAPRESLE e DESI,

1982; AUVINET et al., 1989; LEHMAN, 1992; STONE, 2003; ANDERSON et al.,

2005; EL-KEHDY, ABBAS e RUBEIZ, 2012; CHOKAR et al., 2014).

Em um estudo de 13 casos de LSCS e 9 casos de SPR, os indivíduos foram

avaliados retrospectivamente por meio de fotos e lâminas histopatológicas. Os

autores demonstraram que as principais diferenças clínicas entre as duas condições

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foram: esclerose cutânea (presente em 8/13 de LSCS e 0 em SPR);

hiperpigmentação e alopecia em LSCS, contra total envolvimento hemifacial e

alterações oculares em SPR. No entanto, no exame histopatológico houve uma

sobreposição significativa de fibrose do tecido conjuntivo, que foi observada em

todos os casos de LSCS e em 2/9 dos casos de SPR. Atrofia anexial foi observada

em 11/13 de LSCS e 3/9 de SPR, enquanto que os infiltrados de células

mononucleares estavam presentes em todas as biópsias de LSCS e 6/9 de SPR

(OROZCO-COVARRUBIAS et al., 2002). Outro estudo no qual 71 indivíduos com

LSCS e SPR foram acompanhados durante um período de 20 anos, demonstrou que

o padrão clínico morfológico da apresentação da doença mudou progressivamente

de tal forma que as diferenças claras entre as duas condições desapareceram com o

tempo (JABLONSKA e BLASZCZYK, 2005). Em um outro estudo que avaliou

indivíduos com LSCS e SPR, os autores concluíram que estas duas condições estão

associadas. Dos 28 pacientes com SPR, 71,4% apresentavam esclerose facial, e

53,6% apresentavam LSCS. Além disso, eles demonstraram que dos 41 pacientes

com LSCS, 36,6% também tinham SPR. Histologicamente, as amostras de biópsia

de pacientes com SPR que não apresentavam esclerose cutânea mostraram

resultados consistentes com morféia (TOLLEFSON e WITMAN, 2007). Vários

estudos anteriores apresentaram resultados semelhantes (ARCHAMBAULT e

FROMM, 1932; SOMMER et al., 2006). Em resumo, embora possa haver algumas

características que distinguem LSCS de SPR, achados clínicos e histopatológicos

podem muitas vezes se sobrepor em um mesmo paciente, assumindo dessa

maneira que LSCS e SPR se encontram no mesmo espectro da doença.

Na SSc, Wastowski et al., (2009) detectaram, por imunohistoquímica, pela primeira

vez, a presença de moléculas de HLA-G em biópsias de pele em 12 de 21 casos

(57%), enquanto que no grupo de 28 controles, nenhum indivíduo apresentou a

molécula. Dentre os casos, os pacientes que apresentaram moléculas de HLA-G nas

biópsias de pele foram associados a um melhor prognóstico da doença, comparados

com aqueles que não apresentaram HLA-G (9 em 21). Isso sugere um papel

modulador protetor de HLA-G na SSc, assim como observado em outras doenças

inflamatórias crônicas (ARACTINGI et al., 2001; KHOSROTEHRANI et al., 2001).

Até então, nenhum estudo havia sido feito demostrando a relação de HLA-G e HLA-

G5 com SPR.

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O HLA-G é uma molécula não clássica do MHC de classe I, caracterizada

primeiramente pela sua expressão na interface materno-fetal. Desde sua descrição,

em citotrofoblastos, esta molécula tem atraído muita atenção devido às suas

propriedades de tolerância imunológica. Estas propriedades fizeram do HLA-G um

alvo atrativo em diferentes situações em que a tolerância imunológica está

envolvida, como a gravidez e suas complicações, transplante, câncer, infecções

virais, bem como em doenças inflamatórias e autoimunes (KHOSROTEHRANI et al.,

2001; ARACTINGI et al., 2001; WIENDL et al., 2005; REBMANN et al., 2007; VEIT e

CHIES, 2009). Em condições fisiológicas, HLA-G é expresso em tecidos específicos

e níveis alterados são relatados em algumas doenças, devido ao seu envolvimento

na regulação do sistema imunológico durante a autoimunidade (RIZZO et al., 2014).

Segundo Rizzo et al. (2014); Tolkachjov, Patel e Tollefson (2015), é interessante

notar que as doenças cutâneas inflamatórias apresentam uma baixa expressão de

moléculas de HLA-G com relação aos controles e isto poderia gerar autoimunidade.

Um dos pontos cruciais para o desenvolvimento da tolerância imunológica é a

capacidade do sistema imune elaborar estratégias para neutralizar as células T auto

reativas. Nesse contexto, HLA-G tem sido apontado como a molécula que pode

prevenir as etapas das reações imunológicas. Assim, parece que HLA-G em baixa

ou alta expressão, pode não só atuar como uma molécula imunossupressora e

benéfica, mas pode também sustentar uma estimulação imunológica desequilibrada

e autoimunidade.

Embora os mecanismos que regulam a produção de HLA-G não sejam bem

elucidados, vários fatores relacionados com a função imunológica têm sido

implicados, incluindo as citocinas, especialmente a IL-10 (Interleucina 10), condições

de estresse, como hipóxia ou choque térmico, e medicamentos, como as drogas

imunossupressivas, principalmente os glicocorticóides (WASTOWSKI et al., 2009).

A IL-10 induz a expressão de HLA-G na superfície de monócitos e, por sua vez, o

HLA-G solúvel parece estimular a expressão de IL-10 em células mononucleares de

sangue periférico. É possível que a IL-10 e o HLA-G atuem em conjunto na

imunossupressão de processos inflamatórios in vivo e sejam fatores importantes na

suscetibilidade e no curso de doenças inflamatórias, como no caso da SPR e nas

esclerodermias (BRENOL et al., 2012). É importante ressaltar que provavelmente,

ao longo da progressão da doença, os pacientes estudados tenham feito uso de

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glicocorticóides.

Por causa de sua função imunossupressora, a atuação do HLA-G tem sido

investigada em vários contextos (LUQUE et al., 2006), inclusive na rejeição pós

transplante, sendo que quanto maior a expressão de HLA-G, menor é a rejeição à

transplantes cardíacos (LILA et al., 2007) e renais (CRISPIM et al., 2008).

As infecções por Borrelia burgdorferi (SOMMER et al., 2006) e alguns vírus tem sido

associadas à SPR. Sabe-se que nas infecções virais, a indução da expressão de

HLA-G por células infectadas foi proposta como mecanismo que ajuda o vírus a

escapar das defesas do hospedeiro (TRIPATHI e AGRAWAL, 2007). O HLA-G

parece estar implicado no escape viral imunológico a partir de células NK. As

proteínas de HLA-G são expressas por células infectadas por vírus como um

mecanismo para evitar o controle do sistema imune do hospedeiro, impedindo a

ativação das células T e células NK. O principal desafio seria bloquear a produção

de HLA-G na infecção viral, de modo a permitir o reconhecimento por células do

sistema imunológico (RIZZO et al., 2014). Na literatura não há descrição de nenhum

vírus específico relacionado à SPR, mesmo sendo citado como possível fator

etiológico da doença.

Em nosso estudo verificamos a expressão de transcritos dos genes HLA-G e HLA-

G5 em MSCs provenientes de tecido adiposo dos pacientes operados no HC-

FMUSP, uma vez que durante cirurgia reparadora, parte da amostra de gordura é

utilizada para o enxerto e outra parte descartada. Tecido adiposo tem sido utilizado

nas últimas décadas como um enxerto autólogo em diversas circunstâncias, como

reconstrução do tecido danificado devido a queimaduras, reconstrução craniofacial

devido a defeitos congênitos ou traumas, câncer e outros tumores, bem como por

razões estéticas. Embora esta abordagem seja considerada bem-sucedida, a

necessidade de várias intervenções cirúrgicas para alcançar o resultado pretendido

não é aconselhável. Atualmente uma das expectativas é melhorar a sobrevida do

tecido adiposo pela combinação de transplante de gordura e terapia com MSCs

(AGUENA et al., 2012).

As MSCs são encontradas em uma variedade de tecidos, incluindo medula óssea,

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pele e tecido adiposo. Podem ser facilmente isoladas a partir da fração do estroma

vascular do tecido adiposo por procedimento cirúrgico simples, repetidamente, em

grandes quantidades e, em alguns casos, sob anestesia local, e além disso, podem

ser facilmente expandidas in vitro. MSCs apresentam propriedades regenerativas,

primeiramente pela sua capacidade de diferenciação em múltiplas linhagens e

potente capacidade imunomoduladora. Elas inibem a proliferação de células T e

inibem a maturação de células dendríticas. Estas propriedades fazem das MSCs

promissoras para uma diversidade de aplicações clínicas, como por exemplo, para a

prevenção e tratamento de doenças autoimunes e rejeição de transplantes de

medula óssea. O efeito imunossupressor das MSCs tem sido atribuído a diferentes

fatores imunossupressores, que incluem indoleamina 2,3-dioxigenase, óxido nítrico,

interleucinas e HLA-G. Estas características fornecem informações importantes

sobre a função imunossupressora das MSCs para uma melhor aplicação no

tratamento de distúrbios do sistema imunológico (LISIANYI, 2013).

O impacto esperado com a terapia com tecido adiposo, particularmente com o uso

de Células Tronco derivadas de Tecido Adiposo (ASCs, do inglês adipose tissue

derived stem cells), é que as células tronco possam potencialmente melhorar a

neovascularização, inativar parcialmente a resposta inflamatória e imunológica,

devido à sua capacidade imunossupressora (AGUENA et al., 2012).

Observamos que a expressão de HLA-G5, embora tenha sido menor no grupo

afetado, não teve diferença significativa quando comparada ao grupo controle.

Segundo LeMaoult, Rouas-Freiss e Carosella (2005), quando a expressão de HLA-

G1 foi comparada à expressão de HLA-G5 nas células do trofoblasto em seu estudo,

do ponto de vista diagnóstico, observou-se que não há distinção entre as duas

isoformas, uma vez que possuem propriedades inibidoras semelhantes, mas o que

de fato importa para distinguir uma situação normal de uma patológica é a presença

ou ausência de formas solúveis ou secretadas de HLA-G, o que corrobora com

nossos resultados. A ausência de associação com HLA-G5, uma isoforma solúvel,

pode indicar que as alterações inflamatórias e imunológicas da SPR se expressam

de forma restrita.

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A tolerância induzida pelas proteínas derivadas do HLA-G é a função melhor

documentada desse gene em células do sistema imune. Nessa função, são incluídos

efeitos como diminuição da atividade citotóxica, migração, viabilidade celular,

proliferação e produção de Interferon gamma (IFNγ), células NK; regulação da

produção de citocinas por células mononucleares e linfócitos T citotóxicos (CTL);

supressão da citotoxicidade e viabilidade dos CTLs; inibição da proliferação e

indução de fenótipo supressivo em linfócitos T auxiliares (TH); alteração da

maturação e da capacidade estimulatória de células dendríticas (HUNT, 2006; LE

BOUTEILLER, TABIASCO e PARINAUD, 2007; PISTOIA et al., 2007; CAROSELLA

et al., 2008; BARICORDI et al., 2008).

De uma forma geral, sabe-se que HLA-G inibe fortemente a atuação das células T e

células NK por seu papel imunossupressor, sendo assim, baixos níveis de HLA-G

sugerem que as funções dessas células não estão sendo bloqueadas, levando ao

ataque e desenvolvimento de condições patológicas relacionadas à doenças

inflamatórias e autoimunes (FAVOINO et al., 2015), provavelmente assim como

acontece na SPR.

O gene HLA-G é caracterizado por poucos polimorfismos, dentre os quais um tem

sido relatado com mais frequência e importância: uma deleção ou inserção (del-/del+)

de uma sequência de 14 pares de base (pb) no exon 8 na região 3’ não traduzida (3’

UTR, do inglês untranslated region), o qual regula a transcrição e estabilidade do

RNAm do HLA-G (FAVOINO et al., 2015). Segundo Hviid et al. (2003), alelos que

possuem a inserção de 14pb vêm sendo associados com uma menor produção de

RNAm para a maioria das isoformas ligadas à membrana e solúveis. Vários estudos

demonstram evidências na relação deste polimorfismo com algumas doenças

imunomediadas.

Os níveis de HLA-G ou o polimorfismo del-/del+ foram avaliados em relação a

atividade clínica de: (1) Artrite Reumatóide, onde alguns autores (VERBRUGGEN et

al., 2006; RIZZO et al., 2013) encontraram níveis significativamente mais baixos de

HLA-G em pacientes quando comparados a indivíduos saudáveis, o que pode

indicar um estado de supressão imunológica diminuída, permitindo o

desenvolvimento de processos autoimunes que levam à AR; (2) Lúpus Eritomatoso

Sistêmico, cujo estudo de Rosado et al. (2007), demonstrou que pacientes com SLE

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apresentaram baixa expressão de HLA-G, porém um pouco maior do que um grupo

saudável de indivíduos, podendo explicar a amplificação da atividade imune e

manutenção de lesões cutâneas nesses pacientes; (3) Espondilite Anquilosante (AS,

do inglês Ankylosing Spondylitis), que é um tipo de inflamação que afeta os tecidos

conjuntivos, de causa desconhecida, caracterizando-se pela inflamação das

articulações. Zhang et al. (2013), encontraram baixas concentrações de HLA-G no

plasma de pacientes com a doença, comparando com indivíduos saudáveis. A

diferença significativa na expressão de HLA-G em AS sugere que esta molécula está

envolvida na origem da doença; e em algumas doenças autoinflamatórias, como (4)

Doença de Behçet (BD, do inglês Behçet’s disease), caracterizada como uma

doença inflamatória crônica, de causa desconhecida, que produz, de forma

recorrente, feridas dolorosas na boca, bolhas na pele, úlceras genitais e inflamação

das articulações, podendo também inflamar os olhos, vasos sanguíneos, sistema

nervoso e trato gastrointestinal. O estudo de Park et al. (2007), verificou que o

polimorfismo del-/del+ aumenta o risco de BD e pode resultar em um desequilíbrio de

funções linfocitárias, que podem culminar com o desenvolvimento de BD; e (5)

Doença de Kawasaki (KD, do inglês Kawasaki disease), que trata-se de uma

vasculite aguda e multissistêmica que compromete vasos de médio calibre

(CASTRO, COSTA e URBANO, 2009). Kim et al. (2008), verificaram um

Polimorfismo de Nucleotídeo Único (SNP, do inglês single nucleotide polymorphism)

(C/A) no gene HLA-G associado com KD. Os resultados indicam que HLA-G pode

desempenhar um papel crucial na susceptibilidade à KD.

Uma análise interessante seria testar a expressão de HLA-G no próprio tecido

afetado de pacientes com SPR, além da genotipagem para verificar se os

polimorfismos citados acima estão presentes na nossa casuística e se podem estar

associados à baixa expressão de HLA-G, e consequentemente, o desenvolvimento

da SPR. Experimentos em andamento estão sendo desenvolvidos para avaliar a

expressão de HLA-G no sangue de pacientes com SPR.

Nenhum estudo anterior demonstra a relação da expressão de HLA-G e HLA-G5

com a SPR, bem como sua expressão em ASCs, se fazendo este um estudo

original. Uma limitação do presente trabalho foi o tamanho reduzido da casuística,

uma vez que se trata de uma síndrome rara. Portanto se faz necessário mais

pesquisa com maior caráter exploratório, prospectiva, conduzida em um número

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maior de pacientes, para uma melhor compreensão dessa relação, podendo dessa

forma, se tornar um marcador da progressão da doença, bem como as ASCs se

tornarem modelo de estudo e estratégia terapêutica para a SPR.

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5 CONCLUSÕES

O presente estudo foi o primeiro a avaliar a contribuição dos genes HLA-G e HLA-

G5 em pacientes com SPR. A baixa expressão de HLA-G verificada em pacientes

pode estar relacionada ao mecanismo de menor tolerância imunológica e portanto,

maior agressão tecidual na SPR, ao contrário da expressão de HLA-G5, que não foi

diferente entre pacientes e controles.

Embora mais estudos sejam necessários para compreender os mecanismos

associados com a função e regulação de HLA-G na etiologia da SPR, os resultados

obtidos abrem perspectivas promissoras para o diagnóstico precoce e para

proposição de modelos terapêuticos visando o aumento da expressão de HLA-G

nesses pacientes tão logo iniciem os primeiros sinais da doença.

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ANEXO I

Aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa do IB/USP 44667315.3.0000.5464