laranjal irrigado permite ganho de 30% na produção · irrigados pelos sistemas de microaspersão...

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4 Há dez anos, o citricultor Luciano Facchini, de Votuporanga, plantou três mil pés de laranja; três anos depois, irrigou a produção, visando atender às exigências do mercado. Hoje, ele possui 16 mil pés de laranja, todos irrigados pelos sistemas de microaspersão (três mil pés) e goteja- mento (13 mil pés). “A cada vez que aumentei o plantio, contatei a IRRIGATERRA para executar os projetos de irrigação. Para con- seguir melhor preço dos frutos no mercado, eu precisava colhê-los mais cedo, sem perder a qualidade e a produ- tividade. Na primeira safra, obtive uma caixa e meia de laranja por pé. Com as plantas ir- rigadas e maiores e a florada segura, espero obter, na próxima safra, duas caixas de laranja por pé. A intenção é aumentar em 30% ou mais a produção”, conta Facchini. Ele ex- plica que, com a irrigação, o laranjal começa a produzir três anos após o plantio. “Essa é a média comercial. Para uso industrial, a Laranjal irrigado permite ganho de 30% na produção laranja é colhida 12 meses após a florada; para os demais mercados, a colheita é nove meses depois da florada”. Atualmente, 90% dos pés de Facchini pro- duzem frutos; ele espera que a partir do ano que vem todos estejam na ativa. “Com o po- mar adulto e a irrigação, almejo conseguir cinco caixas de laranja por pé em cada sa- fra”. O citricultor relata que a laranja adiantada com a irrigação lhe permite obter melhor preço no mercado. “Comercializo por cerca de R$ 10,00 a caixa com 40,8 quilos. De fevereiro a maio, vendo 80% da produção; até julho, tenho laranja; depois, espero”, comenta. Os frutos, da espécie pêra rio, vão, via atravessadores, para Manaus, Belo Horizonte, Rio de Janeiro e sul do país. “Pretendo adquirir terras e plantar mais laranjas, com irrigação. Se eu fosse iniciar a plantação de laranja hoje, já investiria na ir- rigação, porque essa tecnologia garante reti- rada precoce da fruta e, consequentemente, melhor preço da mesma no mercado”. O citricultor Luciano Facchini investiu na irrigação visando atender às exigências do mercado Irrigação é garantia de produtividade, qualidade e rentabilidade para o citricultor. A tecnologia permite mais segurança na fixação da florada, melhora o aspecto dos frutos e antecipa em até um ano a primeira safra, entre outros benefí- cios. “A irregularidade das chuvas não é boa para a citricultura, por isso a irrigação é funda- mental. Ela proporciona ao produtor ter sempre frutos aptos para a colheita e garante a safra”, explica Valério Tadeu Laurindo, Engenheiro Agrônomo e Consultor em citricultura da em- presa Forbb, de Araraquara. Laurindo aponta que o sistema de irrigação mais adotado em citros é o por gotejamen- to, que demanda menos água e energia. “A aspersão exige mais o uso desses recursos escassos, porém tem uma vantagem: é o tipo de irrigação que mais se assemelha à chuva”. Laurindo estima que no estado de São Paulo existam aproximadamente 120 mil hectares de laranja irrigada. “Isso corresponde a apenas 20% do total de área plantada. Os produtores ficam limitados pela falta de água e energia. Irrigação garante frutos sempre aptos para colheita Produtor obtém mais fixação da florada na cultura de citros e agiliza em um ano a primeira safra Hoje, a região sul do estado se apresenta como a de menor déficit hídrico e com menos proble- mas fitossanitários”. Contudo, o Engenheiro Agrônomo e Profes- sor da Unesp Ilha Solteira, Fernando Tangerino Hernandez, faz a ressalva de que “o goteja- mento pode ser inadequado em solos muito arenosos devido à formação de bulbo molhado preponderante em profundidade. Uma análise cautelosa dos recursos naturais da propriedade é fundamental para a escolha do emissor”. O consultor afirma que a citricultura paulista, que detém cerca de 85% da produção nacional, é voltada principalmente para a indústria de suco. O Brasil é o maior produtor mundial de laranja para uso industrial; nosso país fornece mais da metade do suco congelado e concen- trado do mundo e suas vendas respondem por mais de 80% do comércio internacional desse produto. Nos últimos anos, o preço da laranja tem aumentado, devido à quebra de duas sa- fras consecutivas na Flórida (EUA), principal concorrente do Brasil no mercado mundial de suco de laranja. “A caixa de laranja com 40,8 quilos é vendida a R$ 12, 50 para a indústria”, conta Laurindo. Entrave O consultor destaca que o principal en- trave para a citricultura é a questão da fitossanidade. “Falta, ao país, dominar tecnologias que controlem o greening, que é uma doença relativamente nova por aqui e o CVC (amarelinho). À luz do conhecimento atual, ainda não há uma boa solução para esse problema”. Em processo de transição Laurindo comenta que a citricultura brasileira está em processo de transição. “Os produ- tores estão investindo em equipamentos e tecnologia e novas pesquisas estão sendo feitas; sem dúvida, é uma cultura promissora. Porém, são necessárias algumas mudanças, como aumento da densidade de plantio (em vez de 450 plantas por hectare, por exemplo, inserir 800), diversificação de porta-enxerto e investimentos em irrigação e nos tratamentos fitossanitários”. Uso racional da água O consultor em citricultura Valério Tadeu Laurindo explica que o produtor rural deve fazer um manejo adequado e racional no uso do recurso hídrico, monitorando umi- dade do solo, condições climáticas e a de- manda da cultura. “Assim é possível am- pliar a área irrigada com o mesmo volume de água disponível; simultaneamente haverá melhor uso da energia. Caso não haja energia disponível, uma alternativa é o bombeamen- to com diesel, mas isso pode inviabilizar o empreendimento, devido ao custo mais elevado, que pode ser de três a quatro vezes maior que o custo da energia elétrica”. “O manejo da irrigação consiste em repor as perdas de água por transpiração das plantas e evaporação do solo. Poe ser feito através da estimativa da evapotranspiração, obtida em estações agrometeorológicas ou através da medição da umidade do solo, como por exemplo através de tensiômetros”, explica o Gerente Geral da IRRIGATERRA, Engenheiro Agrônomo Marcelo Akira Suzuki. “Irrigação garante a safra de citros”, afirma o consultor Valério Tadeu Laurindo

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Há dez anos, o citricultor Luciano Facchini, de Votuporanga, plantou três mil pés de laranja; três anos depois, irrigou a produção, visando atender às exigências do mercado. Hoje, ele possui 16 mil pés de laranja, todos irrigados pelos sistemas de microaspersão

(três mil pés) e goteja-mento (13 mil pés). “A cada vez que aumentei o plantio, contatei a IRRIGATERRA para executar os projetos de irrigação. Para con-seguir melhor preço dos frutos no mercado, eu precisava colhê-los mais cedo, sem perder a qualidade e a produ-tividade. Na primeira safra, obtive uma caixa e meia de laranja por pé. Com as plantas ir-rigadas e maiores e a

florada segura, espero obter, na próxima safra, duas caixas de laranja

por pé. A intenção é aumentar em 30% ou mais a produção”, conta Facchini. Ele ex-plica que, com a irrigação, o laranjal começa a produzir três anos após o plantio. “Essa é a média comercial. Para uso industrial, a

Laranjal irrigado permite ganho de 30% na produção

laranja é colhida 12 meses após a florada; para os demais mercados, a colheita é nove meses depois da florada”. Atualmente, 90% dos pés de Facchini pro-duzem frutos; ele espera que a partir do ano que vem todos estejam na ativa. “Com o po-mar adulto e a irrigação, almejo conseguir cinco caixas de laranja por pé em cada sa-fra”. O citricultor relata que a laranja adiantada com a irrigação lhe permite obter melhor preço no mercado. “Comercializo por cerca de R$ 10,00 a caixa com 40,8 quilos. De fevereiro a maio, vendo 80% da produção; até julho, tenho laranja; depois, espero”, comenta. Os frutos, da espécie pêra rio, vão, via atravessadores, para Manaus, Belo Horizonte, Rio de Janeiro e sul do país. “Pretendo adquirir terras e plantar mais laranjas, com irrigação. Se eu fosse iniciar a plantação de laranja hoje, já investiria na ir-rigação, porque essa tecnologia garante reti-rada precoce da fruta e, consequentemente, melhor preço da mesma no mercado”.

O citricultor Luciano Facchini investiu na irrigação visando atender às exigências do mercado

Irrigação é garantia de produtividade, qualidade e rentabilidade para o citricultor. A tecnologia permite mais segurança na fixação da florada, melhora o aspecto dos frutos e antecipa em até um ano a primeira safra, entre outros benefí-cios. “A irregularidade das chuvas não é boa para a citricultura, por isso a irrigação é funda-mental. Ela proporciona ao produtor ter sempre frutos aptos para a colheita e garante a safra”, explica Valério Tadeu Laurindo, Engenheiro Agrônomo e Consultor em citricultura da em-presa Forbb, de Araraquara. Laurindo aponta que o sistema de irrigação mais adotado em citros é o por gotejamen-to, que demanda menos água e energia. “A aspersão exige mais o uso desses recursos escassos, porém tem uma vantagem: é o tipo de irrigação que mais se assemelha à chuva”. Laurindo estima que no estado de São Paulo existam aproximadamente 120 mil hectares de laranja irrigada. “Isso corresponde a apenas 20% do total de área plantada. Os produtores ficam limitados pela falta de água e energia.

Irrigação garante frutos sempre aptos para colheitaProdutor obtém mais fixação da florada na cultura de citros e agiliza em um ano a primeira safra

Hoje, a região sul do estado se apresenta como a de menor déficit hídrico e com menos proble-mas fitossanitários”.Contudo, o Engenheiro Agrônomo e Profes-sor da Unesp Ilha Solteira, Fernando Tangerino Hernandez, faz a ressalva de que “o goteja-mento pode ser inadequado em solos muito arenosos devido à formação de bulbo molhado preponderante em profundidade. Uma análise cautelosa dos recursos naturais da propriedade é fundamental para a escolha do emissor”. O consultor afirma que a citricultura paulista, que detém cerca de 85% da produção nacional, é voltada principalmente para a indústria de suco. O Brasil é o maior produtor mundial de laranja para uso industrial; nosso país fornece mais da metade do suco congelado e concen-trado do mundo e suas vendas respondem por mais de 80% do comércio internacional desse produto. Nos últimos anos, o preço da laranja tem aumentado, devido à quebra de duas sa-fras consecutivas na Flórida (EUA), principal concorrente do Brasil no mercado mundial de suco de laranja. “A caixa de laranja com 40,8 quilos é vendida a R$ 12, 50 para a indústria”, conta Laurindo. EntraveO consultor destaca que o principa l en-t rave para a cit r icultura é a questão da f itossanidade. “Fa lta, ao pa ís, dominar tecnologias que cont rolem o greening, que é uma doença relat ivamente nova por aqui e o CVC (amarelinho). À luz do conhecimento atua l, a inda não há uma boa solução para esse problema”.

Em processo de transição Laurindo comenta que a citricultura brasileira está em processo de transição. “Os produ-tores estão investindo em equipamentos e tecnologia e novas pesquisas estão sendo feitas; sem dúvida, é uma cultura promissora. Porém, são necessárias algumas mudanças, como aumento da densidade de plantio (em vez de 450 plantas por hectare, por exemplo, inserir 800), diversificação de porta-enxerto e investimentos em irrigação e nos tratamentos fitossanitários”.

Uso racional da águaO consultor em citricultura Valério Tadeu Laurindo explica que o produtor rural deve fazer um manejo adequado e racional no uso do recurso hídrico, monitorando umi-dade do solo, condições climáticas e a de-manda da cultura. “Assim é possível am-pliar a área irrigada com o mesmo volume de água disponível; simultaneamente haverá melhor uso da energia. Caso não haja energia disponível, uma alternativa é o bombeamen-to com diesel, mas isso pode inviabilizar o empreendimento, devido ao custo mais elevado, que pode ser de três a quatro vezes maior que o custo da energia elétrica”.“O manejo da irrigação consiste em repor as perdas de água por transpiração das plantas e evaporação do solo. Poe ser feito através da estimativa da evapotranspiração, obtida em estações agrometeorológicas ou através da medição da umidade do solo, como por exemplo através de tensiômetros”, explica o Gerente Geral da IRRIGATERRA, Engenheiro Agrônomo Marcelo Akira Suzuki.

“Irrigação garante a safra de citros”, afirma o consultor Valério Tadeu Laurindo

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Quem apostou na seringueira como cultura rentável, acertou. É crescente a demanda pela borracha natural, matéria-prima considerada insumo estratégico em todo o mundo, usada na fabricação de pneus, calçados, preser-vativos, materiais cirúrgicos, fios, tecidos, adesivos e luvas descartáveis, entre outros produtos. Somente o consumo de luvas cirúrgicas fabri-cadas com látex natural movimenta cerca de US$ 200 milhões por ano nos Estados Unidos. Essa cifra dá uma idéia do quanto a seringueira pode beneficiar o produtor ru-ral. A planta demora um tempo considerável para começar a produzir látex (de seis a sete anos), mas com a tecnologia de irrigação é possível antecipar o sangramento em um ano. “Com irrigação e bons tratos culturais, a produção pode começar no quinto ano de vida da planta. Isso significa, para o produ-tor, estar um ano ou mais à frente de seus concorrentes”, af irma Clóvis Nakano, Engenheiro Agrônomo, viveirista e produtor de Mirandópolis-SP. Ele iniciou o plantio de seringueira em 1985, época em que o Gover-no Federal mantinha o Programa de Incen-tivo à Borracha (Probor). “Naqueles tempos, só se falava em seringueira na Amazônia, área com clima propício para a planta. O governo incentivou produtores de todo o país para ver se a expansão daria certo em outras regiões. Decidi investir e comecei o negócio com cinco mil pés de seringueira. Hoje, tenho 30 mil pés em produção e estou plantando mais 100 mil mudas visando a re-tirada de látex. Produzo, em média, 500 mil mudas por ano, para comercialização; elas levam de um ano e meio a dois anos para fi-carem no tamanho adequado para venda”. Por enquanto, ele mantém apenas as mudas irrigadas. “Estou negociando com a IRRI-GATERRA a inclusão de irrigação nas plan-tas de produção; a intenção é irrigar de dez a vinte mil pés, pelo menos. O grande problema

é a água, que está escassa em minha pro-priedade”, explica Nakano.O produtor destaca que a produção de bor-racha no Brasil ainda não é suficiente para suprir o mercado interno. “Nosso país, que já foi o maior produtor de borracha do mundo, hoje importa cerca de 70% da bor-racha que consome. Por isso, a cultura de seringueira tem tudo para crescer”. Os principais países produtores de borracha natural são a Tailândia, com três milhões de toneladas, a Indonésia, com dois milhões de toneladas e a Malásia, com 1,5 milhão de toneladas. “No Brasil, 70% dos compradores do produto estão no estado de São Paulo. O preço da borracha varia de R$ 2 a R$ 2, 20 o quilo. Uma planta produz de sete a oito qui-los por ano. As mudas são vendidas de R$ 2, 50 a R$ 4, 50 cada”, conta Nakano.Segundo o produtor, um dos entraves para o plantio de seringueira é a legalização am-biental da terra. “A área onde a seringueira será plantada tem que ter 20% de reserva legal, averbada em cartório e ninguém tem isso. O interessante é que esses 20% de mata podem ser compostos por seringuei-ras para extração de látex, sendo proibido sua derrubada. Já estou estudando um bom local na minha propriedade para iniciar o plantio da reserva”. Nakano orienta, a quem deseja investir na cultura, a procurar informações confiáveis sobre a seringueira. “Como a planta pode ser explorada de 35 até 50 anos, se o produ-tor começar errado, permanecerá todo esse tempo errado. Primeiramente, é preciso estudar o local de plantio, depois fazer um projeto, trabalhar em parceria com a IRRI-GATERRA no sentido de irrigar as plantas, fazer levantamento de água disponível, en-tre outras ações”.

Irrigação antecipa em um ano a sangria da seringueira

Produção de borracha no Brasil ainda não é suficiente para suprir o mercado interno, por isso a cultura é atrativa

Os irmãos Alexandre Silva Sampaio e Duarte Sampaio Filho, da Fazenda Guará, em Rancharia, investiram na irrigação por gotejamento de seus 12 mil pés de seringueira.

Água e nutrientes. Essa é a receita do Advogado e produtor rural Flávio Paranhos, de Votuporanga, para o sucesso de suas mu-das e borbulhas de seringueira. “Investi na fertirrigação (aplicação de fertilizantes via irrigação) por gotejamento porque o sistema apresenta vária s vantagens. A planta absorve melhor os nutrientes, há uma eco-nomia considerável de água, evita-se o nas-cimento de mato entre as linhas do viveiro e o surgimento de fungos, pois as folhas da seringueira não se molham. Além disso, o crescimento da muda é adiantado em um ano. No meu viveiro, 80% do sistema im-plantado pela IRRIGATERRA é por gote-jamento, 20% por aspersão. Só não irrigo minha área de produção de látex (sete mil

pés) porque não tenho água suficiente na propriedade”. No período de estiagem, Paranhos gasta, em média, 50 mil litros de água por dia para irrigar as mudas. “Produzo, em média, 150 mil mudas por ano. Meu empreendimento ficou maior em termos de viveiro porque não tenho mais terra para plantar seringuei-ra; a produção de mudas demanda uma área menor. Mas planejo comprar mais terras no ano que vem e plantar pelo menos mais cinco mil pés para produção de látex, com irrigação executada pela IRRIGATERRA”. Paranhos vende as borbulhas por R$ 2 o metro; as mudas têm preços que variam de R$ 2,50 a R$ 4, 00. O látex é comercializado a R$ 2,10 o quilo. “Cada planta produz cerca

de oito quilos de látex por ano e a comer-cialização é certa e segura. Vendo a matéria-prima para duas indústrias de borracha da regiãoO Advogado e produtor rural ressalta que a rentabilidade da seringueira é oito vezes maior que a da cana-de-açúcar, cultura que se expandiu vertiginosamente nos últimos anos na região. Mas é preciso investir em irrigação e nos tratos culturais para se obter um seringal que atenda às demandas do mer-cado. “Para o pequeno produtor amenizar seus custos com a seringueira, que demora para sangrar, uma das saídas é arrendar metade de suas terras para cana. Com os lu-cros da cana, ele mantém a outra metade da terra, ocupada por seringueiras”, sugere.

Irrigadas e nutridasFertirrigação por gotejamento impulsiona as mudas e borbulhas de seringueira do Advogado Flávio Paranhos

Para quem busca produtividade, qualidade e rentabilidade na pecuária leiteira, a irriga-ção é essencial. A tecnologia permite que o gado permaneça por dez meses ou mais no pasto, no sistema de rotação, o que reduz o período de suplementação dos animais no cocho. No pastejo rotacionado, as áreas são di-vididas em piquetes submetidos a períodos alternados de pastejo e descanso. O mé-todo proporciona um maior controle sobre o manejo das pastagens. “A grama é a melhor comida para as vacas; com a irriga-ção, é possível mantê-la sempre verdinha, rica em proteínas. No pastejo rotacionado, as vacas andam pouco, ficam menos estres-sadas e produzem mais leite. É um investi-mento ótimo, principalmente para os peque-nos produtores”, comenta Antonio Pinto dos Santos, pecuarista de Álvares Florence. Ele possui 50 vacas, 22 produzindo leite. “Mantenho de oito a 10 animais em cada pi-quete. Tenho 28 piquetes, em dois hectares irrigados por aspersão fixa em faixa. Investi na irrigação neste ano, no início da estia-gem e já tenho boas expectativas. Espero, a partir de outubro, manter 20 vacas em cada piquete. O objetivo é aumentar a produção em aproximadamente 50%”.Santos trabalha com gado meio sangue (gir/holandês). “É uma espécie que suporta melhor as intempéries e as experiências”, brinca. Cada vaca em ordenha produz cer-ca de 10 litros de leite por dia; a meta do

pecuarista é alcançar 20 litros/dia. “Para ter uma boa rentabilidade, é preciso investir. Contratei a IRRIGATERRA para projetar o sistema de irrigação em pastejo rotacionado e agora quero investir no melhoramento genético do gado”.O pecuarista comercializa o produto in natura, a R$ 0,75 o litro, para um laticínio de Votuporanga. “O preço ideal seria R$ 0,90 o litro. Em relação a outros produtores, a quantidade de leite que obtenho é menor, mas a qualidade é superior. Prezo muito

Pasto irrigado garante maior produção de leite

Pecuarista de Álvares investiu na tecnologia e espera aumentar a produtividade em 50%

pela higiene, toda ordenha é mecanizada e segura, armazeno o leite em tanques resfria-dores”, aponta Santos. Ele diz que é errônea a idéia do consumidor sobre os lucros dos pecuaristas. “Quem ganha são os laticínios. Temos altos custos com fertilizantes, re-médios, alimentação complementar. Neste ano, nossa margem de lucro caiu 15%, em média. Para melhorar a situação dos peque-nos produtores de leite, o Governo deveria incentivar mais o consumo do produto”, sugere.

Antonio Pinto dos Santos, pecuarista de Álvares Florence, pretende manter 20 vacas em cada piquete irrigado.

Para suas vacas produzirem muito leite, e de qualidade, o pecuarista José de Jesus, de Santo Anastácio, oferece a elas sombra,

água e pastagem irrigada. “O gado precisa ficar confortável para produzir bastante leite”, diz ele. Jesus investiu neste ano na

irrigação por aspersão fixa em faixa e já comemora os resultados. “Trabalho com gado leiteiro há muitos anos, mas não tinha condições financeiras para investir em irri-gação e não conhecia muito bem a tecno-logia. Fui me preparando aos poucos para investir. Procurei a IRRIGATERRA e hoje tenho 5,5 hectares irrigados, onde man-tenho 50 vacas que produzem 900 litros de leite por dia; espero passar dos mil litros ainda neste ano”. Jesus comenta que, com a irrigação, a produção de leite já aumentou 30%. “Em breve, vou irrigar mais um hectare para ob-ter melhores resultados”.O leite é vendido para um laticínio de grande porte, a uma média de R$ 0,88 o litro. “É um produto de qualidade. As vacas são saudáveis, a ordenha é toda mecanizada, o leite é armazenado em tanques resfriadores e invisto sempre no melhoramento genético do gado”, explica Jesus. Ele ressalta que os preços pagos pelos laticínios aos produtores de leite ainda são baixos. “Hoje, nossos gas-tos são muito elevados, principalmente com fertilizantes, ração para a suplementação alimentar do gado e mão-de-obra. Se eu não tivesse irrigação para alavancar a produção, a situação seria complicada”.

Vacas querem sombra, água e grama verde

Vacas do pecuarista José de Jesus têm todo o conforto necessário para produzirem leite de qualidade.

A mais rentávelNakano salienta que, entre todas as cultu-ras com as quais trabalha (uva e pecuária de corte, por exemplo), a de seringueira é a única que não lhe dá prejuízo. “Como as seringueiras demoram para sangrar, é pos-sível plantar milho, sorgo, feijão ou abacaxi entre elas. A cultura intercalada permite ao pequeno produtor amenizar custos. Mas é necessário esperar pelo menos um ano de crescimento da muda para fazer o intercala-mento, senão a seringueira pode ser sufo-cada”. Começo promissorOs irmãos Alexandre Silva Sampaio e Duarte Sampaio Filho, da Fazenda Guará, em Rancha-ria, plantaram 12 mil pés de seringueira, há dois anos; todas as plantas são irrigadas através de tubogotejadores de vazão de 2,3 litros por hora. “Decidimos apostar na cul-tura porque é grande a demanda mundial por borracha. Com a irrigação, poderemos adiantar o sangramento em um ano e perder menos plantas. Começamos do jeito certo”, diz Silva.

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Produtores de leite que investem em irrigação têm ganhos na quantidade e na qualidade do produto. Nem, sempre, porém, os pecuaris-tas têm condições financeiras para adotar a tecnologia. A saída, segundo José de Jesus, presidente da Associação dos Produtores de Leite do Oeste Paulista, é negociar paga-

mentos facilitados com a IRRIGATERRA ou man-ter sempre uma reserva de dinheiro visando o investimento. “Gastei R$ 35 mil no meu projeto completo de irrigação em pastejo rotacionado, incluindo piquetes, poço profundo, equipamentos, etc. Foi um investimento que compensou muito, porque os resultados são imediatos. Irrigar é a saída para o pequeno produtor de leite”, aponta. Segundo ele, a maior di-ficuldade dos pecuaristas

de leite é o enquadramento nas linhas de crédito. “O Governo precisa instituir linhas de crédito facilitadas, a longo prazo. Os pequenos produtores precisam de ajuda, porque eles garantem o pão na mesa dos brasileiros”.Jesus ressalta que a Associação dos Produ-

Irrigação: investimento com retorno garantido

Presidente da Associação dos Produtores de Leite do Oeste Paulista afirma que tecnologia é a saída para pequenos pecuaristas

tores de Leite do Oeste Paulista objetiva promover a integração entre os pecuaristas, para que eles lutem por condições melhores de produção. “Falta união entre a classe. Há mais de 1,5 mil pequenos, médios e grandes produtores de leite na região oeste paulista, que não se unem e deixam que os laticínios coloquem preço no seu leite. A idéia da As-sociação é fortalecer esse grupo em uma cooperativa, para que ele industrialize seu próprio leite. O processo já está caminhan-do para isso”.Jesus ressalta que é crescente o número de assentamentos de terra no oeste paulista e que a maioria dos assentados sobrevive da pecuária leiteira. “Eles não recebem treina-mento e nem incentivo do Governo, há um descaso com essas pessoas. Se eles tives-sem condições de irrigar as terras, fazer investimentos em tecnologia e insumos, teríamos um potencial enorme na pecuária leiteira da região. Hoje, nossa produção ain-da é atrasada”.

Uso racional da água

Irrigação por aspersão fixa em faixa é prática e eficiente Sistema de irrigação por aspersão fixa em faixaPara agilizar e alavancar a pecuária leitei-

ra, a IRRIGATERRA desenvolveu o sistema de irrigação por aspersão fixa em faixa. A tecnologia é semelhante à irrigação por aspersão convencional, porém tem algumas peculiaridades. “O sistema leva em considera-ção o manejo do rebanho e o tipo de pasta-gem. Antes de o instalarmos, localizamos a posição da sala de ordenha e da área de sombra e, em função disso, fazemos um corredor de acesso do gado aos piquetes. O sistema, totalmente fixo, descarta a necessi-dade de se fazer mudança dos aspersores ou tubulações”, explica Marcelo Akira Suzuki, gerente da IRRIGATERRA. O Engenheiro Agrônomo Marcelo destaca que pelo corredor é possível abrir e fechar os registros de irrigação, o que facilita o trabalho do operador do sistema. O uso de aspersores fixos com baixa pressão e baixa precipitação permite também a operação noturna com maior eficiência de irrigação e energia mais barata (as concessionárias co-bram tarifa reduzida das 21h30 às 6 horas).

IRRIGATERRA INFORME é um jornal produzido para difusão de tecnologias em irrigação e agricultura irrigada.

Jornalista:Ester Alkimim - MTB 43.255

Fotos:Ester Alkimim e arquivo

Editoração:Rogério de Souza

Agencia Publidade:CLAN DA CRIAÇÃO

IRRIGATERRA:Braz Hernandez FilhoKátia Regina Vieira CanevariMarcelo Akira SuzukiMauro Takao Suzuki

TIRAGEM 3000 EXEMPLARES

PEREIRA BARRETO-SPRua Perimetral, 5061 - Pq. Industrial

Fone: (18) 3704.4090 - CEP15370-000

Filial: VOTUPORANGA-SPRua Paraná, 2664 - V. América

Fone: (17) 3422.5928 - CEP15502-140

Nossa história começa em sua terra

[email protected]

ExpedienteO consultor em citricultura Valério Tadeu Laurindo ex-plica que o produtor rural deve fazer um manejo adequado e racional no uso do recurso hídrico, moni-torando umidade do solo, condições climáticas e a de-manda da cultura. “Assim é possível ampliar a área

irrigada com o mesmo volume de água d i sp on ível; s imul t a neamente haverá melhor uso da energia. Caso não haja energia disponível, uma alternativa é o bombeamento com diesel, mas isso pode inviabilizar o empreendimento, devido ao custo mais elevado, que pode ser de três a quat ro vezes ma ior que o cus to da energia elétrica”. (EA)

PIVÔ CENTRAL

Irrigação dá vida aos gramados de campos de futebol

Uma partida de futebol em um campo com gramado danificado desanima qualquer jogador. A IRRIGATERRA tem uma solução para o problema: a irrigação da grama com aspersores escamoteáveis. “O sistema é todo retrátil, automaticamente; os asper-sores emergem do solo somente quando estão em funcionamento. Quando os equi-pamentos estão desligados, é possível roçar

o gramado, transitar pelo campo e jogar futebol numa boa”, afirma o Engenheiro Agrônomo Mauro Takao, Gerente da IRRI-GATERRA. O sistema de irrigação implantado implan-tado no Estádio de Mira Estrela conta com aspersores de jato único dirigido (chamado de gear drive), que garante uma estética agradável ao campo de futebol. “Um grama-

Irrigaterra comercializa tanques resfriadores com condições especiais de financiamento

Nova sede da Irrigaterra valoriza a reciclagem de água

A Instrução Normativa 51, do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, que entrou em vigor em julho de 2005, deter-mina padrões de qualidade mais rigorosos para a produção de leite. Entre outras situações, a Lei estabelece parâmetros para o resfriamento de leite (após a ordenha) e para o transporte aos laticínios (uso de caminhões com tanques isotérmicos). Visando facilitar o trabalho dos pecuaristas, a IRRIGATERRA oferece tanques resfria-dores com condições facilitadas de finan-ciamento. “Os produtores têm que se adequar à Norma, senão perdem mercado. A procura pelos tanques é crescente, motivada tam-

bém pela expansão da pecuária leiteira, em fun-ção dos bons preços que o produto tem alcan-çado nos últimos anos”, comenta Marcelo Akira Suzuki, gerente da IRRI-GATERRA. A empresa tem dois tanques disponíveis, o cilíndrico vertical, com capacidade de armazenar de 200 a três mil litros de leite e os tanques horizontais, para quanti-dades superiores.

Gramado do estádio municipal de Mira Estrela, irrigado pelo sistema de aspersão retrátil

Pecuaristas de leite devem obedecer a Instrução Normativa 51, que determina parâmetros de identidade, qualidade e aspectos ligados à coleta e ao transporte do produto

A IRRIGATERRA aproveitou o amplo espaço de sua nova sede, inaugurada em fevereiro de 2007, para investir em um jardim irrigado, claro. O sistema, por aspersão retrátil (não aparente), utiliza águas pluviais para manter a grama verdinha. “Coletamos a água através das canaletas existentes nas laterais da cober-tura da área construída. Tubos de PVC, posi-cionados nas extremidades das canaletas,

direcionam a água para um reservatório. Essa água irriga nosso jardim”, comenta Mauro Takao Suzuki, Gerente de Obras e Assistência Técnica da IRRIGATERRA. Mauro destaca que nem toda água utilizada para irrigação é reciclada devido à capaci-dade de armazenamento do reservatório, mas a iniciativa já auxilia na preservação do meio ambiente. Quando o sistema está em opera-

ção, os jatos de água proporcionam um micro-clima agradável e elevam a umidade relativa. “A água é nossa matéria-prima mais preciosa, então o que conseguirmos economizar está ótimo”, avalia. A nova sede da IRRIGATERRA está localizada na Rua Perimetral, 5061- Dis-trito Industrial, em Pereira Barreto-SP.

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do verde, uniforme e bem cuidado é bonito e evita quedas ou outros acidentes envol-vendo os jogadores. A maioria dos campos de futebol da nossa região não são irrigados, mas os municípios começam a perceber os atrativos da tecnologia, além da economia de mão-de-obra”, destaca Suzuki.