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LABORATÓRIO DE MICROECONOMIA Apostila de Exercícios 1º semestre de 2012 Alexandra Godoi (coord.) Arthur Barrionuevo Claudia Cavalieri Sergio Goldbaum

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LABORATÓRIO DE MICROECONOMIA

Apostila de Exercícios 1º semestre de 2012

Alexandra Godoi (coord.)

Arthur Barrionuevo

Claudia Cavalieri

Sergio Goldbaum

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Conteúdo

PARTE I – Introdução e Metodologia ............................................................................................. 6

Questão 1. Revisão de Matemática ................................................................................................................ 6

Questão 2. Afirmações Normativas e Positivas ........................................................................................ 7

Questão 3. Preços Reais e Nominais ............................................................................................................. 9

PARTE II – Mercados Competitivos .............................................................................................. 11

Questão 4. Choques de Oferta e Demanda sobre o Mercado de Álcool ........................................ 11

Questão 5. O Mercado Brasileiro de Sucata de Alumínio ................................................................... 14

Questão 6. VW Gol x Fiat Uno ......................................................................................................................... 16

Questão 7. Carros Usados Perdem Valor ................................................................................................... 17

Questão 8. Biquínis Brasileiros: Sol, Chuva e Exportação .................................................................. 19

Questão 9. Aquecimento Global e o Mercado de Carbono ................................................................. 20

Questão 10. Biocombustíveis e o Preço dos Alimentos: Plantar para Comer ou para Queimar? ................................................................................................................................................................ 22

Questão 11. Fazendo água... ............................................................................................................................ 24

Questão 12. O Mercado de Prostituição..................................................................................................... 26

Questão 13. A luta diária por comida no Egito ....................................................................................... 28

PARTE III - Teoria do Consumidor ............................................................................................... 30

Questão 14. Preferências dos Consumidores .......................................................................................... 30

Questão 15. Churrasco ...................................................................................................................................... 32

Questão 16. Vamos ao Shopping?................................................................................................................. 34

Questão 17. A tábua (‘tablet’) mais famosa desde os 10 Mandamentos ...................................... 36

Questão 18. Escolha entre Álcool e Gasolina ........................................................................................... 38

Questão 19. Os Alcoólatras ............................................................................................................................. 39

Questão 20. Uma Viagem a Nova Iorque ................................................................................................... 40

Questão 21. Aumento nos preços de transporte público ................................................................... 42

Questão 22. A classe C vai às compras ....................................................................................................... 43

Questão 23. A escolha de Sofia ...................................................................................................................... 45

Questão 24. Aumento Salarial x Vale Refeição ........................................................................................ 47

Questão 25. Preferências, Restrições Orçamentárias e Fome Zero ............................................... 48

Questão 26. Ligações Telefônicas para os EUA ...................................................................................... 50

Questão 27. Imposto sobre o Cigarro ......................................................................................................... 52

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Questão 28. Vagabundo, eu???....................................................................................................................... 54

Questão 29. A Herança ...................................................................................................................................... 56

PARTE IV – Teoria do Produtor ..................................................................................................... 58

Questão 30. Produção no Curto Prazo ....................................................................................................... 58

Questão 31. “Ares de Deserto” ....................................................................................................................... 59

Questão 32. A Gripe Suína e a Produção de Máscaras ......................................................................... 60

Questão 33. “Maricota Brigadeiro” .............................................................................................................. 62

Questão 34. Produção e Custos no Longo Prazo: Carros Brasileiros ............................................. 64

Questão 35. Negócio da China ....................................................................................................................... 66

Questão 36. Kadafi e o Etanol Brasileiro ................................................................................................... 68

Questão 37. As Montadoras e a Crise Internacional ............................................................................. 69

Questão 38. Demitindo na Crise.................................................................................................................... 71

Questão 39. Homens de Lata .......................................................................................................................... 73

Questão 40. Satisfeitos... ................................................................................................................................... 75

Questão 41. Concorrência Perfeita: Morangos... huummm! .............................................................. 76

Questão 42. OWO e o Mercado de Sabão em Pó: Concorrência Perfeita, Custos de Curto e de Longo prazo .................................................................................................................................................... 77

Questão 43. Concorrência no setor de autopeças ................................................................................. 79

Questão 44. Açúcar x Álcool ........................................................................................................................... 80

PARTE V – Bem Estar ......................................................................................................................... 81

Questão 45. Resumo das Políticas ................................................................................................................ 81

Questão 46. Governo anuncia Redução de Impostos para a Construção Civil .......................... 86

Questão 47. Aquecimento Global e o “Imposto Verde” ....................................................................... 87

Questão 48. Vote em Mim! .............................................................................................................................. 88

Questão 49. Argentina Anuncia Retirada de Subsídios ....................................................................... 89

Questão 50. Laptops Subsidiados................................................................................................................. 91

Questão 51. Salário Mínimo, Encargos Trabalhistas e Bem Estar .................................................. 93

Questão 52. Importação e a Produção Doméstica de Aparelhos de DVD .................................... 95

Questão 53. Exportações Brasileiras para Argentina na Panela de Pressão .............................. 96

Questão 54. Abaixo as bugigangas!.............................................................................................................. 98

Questão 55. O Dilema de Patópolis ........................................................................................................... 100

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PARTE VI – Poder de Monopólio e Precificação Avançada ............................................... 101

Questão 56. Diferentes Markups no Mercado Varejista de Cimento .......................................... 101

Questão 57. Soja Transgênica, Monopólio e Bem-Estar ................................................................... 102

Questão 58. Medicamentos Genéricos .................................................................................................... 103

Questão 59. A Pousada na Ilha Vera Cruz .............................................................................................. 105

Questão 60. Faturando com a Desgraça Alheia ................................................................................... 106

Questão 61. You Can’t Always Get What You Want... .......................................................................... 107

Questão 62. BomGás em Bemlândia e a Discriminação de Preços .............................................. 108

Questão 63. Precificação Avançada no Setor de Energia Elétrica ................................................ 110

Questão 64. O Gasoduto Brasil-Bolívia ................................................................................................... 112

Questão 65. Já Comprou seu Ingresso para as Olimpíadas? ........................................................... 114

Questão 66. Um Monopolista de Creme Anti-rugas no Mercosul ................................................ 115

Questão 67. Estacionamento para Estudantes na Rua Itapeva ..................................................... 116

Questão 68. “De Jijoca à Jericoacoara” .................................................................................................... 117

Questão 69. Já mandou sua cartinha pro Papai Noel? ...................................................................... 118

Questão 70. Discriminação na Giovanna ................................................................................................ 120

Questão 71. Tirando o sangue... ................................................................................................................. 122

PARTE VII - Oligopólio ................................................................................................................... 124

Questão 72. COSIPA conhece Cournot, USIMINAS encontra Stackelberg ................................. 124

Questão 73. CSN, Usiminas-Cosipa e Decisões Estratégicas .......................................................... 125

Questão 74. Sadia, Perdigão, BRFoods .................................................................................................... 126

Questão 75. Pneus para F1 ........................................................................................................................... 128

Questão 76. Atrás de Potes e Panelas ...................................................................................................... 129

Questão 77. Voando para Segurar a Taça! ............................................................................................. 131

Questão 78. Bertrand desembarca em Brasília ................................................................................... 133

Questão 79. Bonito na Foto... ....................................................................................................................... 134

Questão 80. Voltando a Fita... ...................................................................................................................... 136

Questão 81. Estrutura de Mercado e Abertura Econômica ............................................................ 138

PARTE VIII – Teoria dos Jogos ..................................................................................................... 139

Questão 82. Uma Nova Fábrica .................................................................................................................. 139

Questão 83. Banco Central e Congresso Nacional .............................................................................. 141

Questão 84. Teoria dos Jogos e a Crise Mundial .................................................................................. 142

Questão 85. As Montadoras e suas Estratégias ................................................................................... 144

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Questão 86. Oligopolistas na Matriz de Payoffs .................................................................................. 145

Questão 87. Cerveja Gelada ......................................................................................................................... 146

Questão 88. A Política do Gás ...................................................................................................................... 148

Questão 89. Subsídio ao Algodão .............................................................................................................. 150

Questão 90. Desencorajando a Entrada .................................................................................................. 152

Questão 91. Too Big to Fail? ......................................................................................................................... 154

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PARTE I – Introdução e Metodologia

Questão 1. Revisão de Matemática

(a.) Calcule as derivadas em relação a x das seguintes funções:

i. ( )( )xxxx 813 42 −−+

ii. ( )23

132

4

33

xx

xx

−−

iii. ( )5267 543 +−+ xxx

iv. xex ln

v. ( )13ln 2 ++ xx

(b.) Calcule todas as derivadas parciais da seguinte função:

( ) 227,,,, 3432 +++= PNSQLPNSQLPNQSf

(c.) Encontre os valores de x que maximizam e minimizam as seguintes funções:

i. f(x) = 300x – 45x2 + 2x3

ii. f(x) = 3x + 5 + (75/x)

(d.) O faturamento da empresa X em 2006 foi R$315 milhões. Em 2010, espera-se que o

faturamento atinja R$420 milhões. Use o logaritmo para calcular a taxa de variação do

faturamento.

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Questão 2. Afirmações Normativas e Positivas Leia o texto abaixo:

POSITIVE AND NORMATIVE ECONOMICS

Hill, Rod and Tony Myatt: The economics anti-textbook: A critical thinker’s guide to

microeconomics. Fernwood Publishing/Zed Books. 2010.

Having illustrated several important concepts through the use of models, the typical textbook

now emphasizes that models can be used only to shed light on questions of fact. This is the

subject matter of positive economics, which focuses on the way the world actually works; it

can help us to determine whether positive statements, or statements about fact, are true or

false. For example, ‘an increase in the minimum wage will increase unemployment for young

and unskilled workers’ is a positive statement. It may not be true, but it is still a positive

statement in so far as it can be refuted or confirmed by appealing to the empirical evidence.

On the other hand, economic models can’t be used to shed light on how the world ought to

be. This involves making value judgements, often involving questions of fairness or equity, and

is the subject matter of normative economics. For example, the statement ‘there should be no

homeless people in rich developed countries’ is a normative statement based on values – it

cannot be tested by appealing to empirical evidence.

Textbooks use this distinction to help explain why there is a public perception of widespread

disagreement among economists. Economists, like other citizens, have different values;

therefore they often disagree over normative issues. But on positive issues decided by

statistics and economic analysis, textbooks claim there is widespread consensus. For example,

many textbooks cite the survey by Alston et al. (1992) which finds that 93 per cent of

economists agree with the statement: tariffs and import quotas usually reduce general

economic welfare. A similar percentage agree that a ceiling on rents reduces the quantity and

quality of housing available; and more than 80 per cent of economists agree with the

statement minimum wages increase unemployment among young and unskilled workers. This

shows, textbooks argue, that there is a great deal of consensus among economists on

questions of fact – on positive issues.

Positive economics occupies most of the time and effort of the economics profession.

Textbooks claim normative issues lie outside the scope of economics. Economics cannot say

how much fairness (or equity) there ought to be. That is ultimately a political decision.

ANTI TEXT

(…)What McCloskey wants economists to understand is that the language of formalism and

mathematics is still a language, and therefore inescapably ‘rhetorical’. Moreover, it is a

dangerous language in that it conceals the elements of judgment and moral valuation that are

an intrinsic part of economics. (1998: 39) In other words (…) that so-called positive economics

– even when it’s phrased in mathematical terms – contains a normative base.

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(…) no paradigm – especially in the social sciences – can be value free. While mainstream

textbook economics claims to be a ‘positive’ subject, and claims to avoid value judgements,

the claim hardly stands up to the most casual scrutiny. Values inevitably creep into so-called

positive economics, since our values determine the questions we ask, the data we use, and the

way we conceive the problem. Think back to Chapter 1, to the fundamental building blocks of

textbook economics. There we see how values creep in the moment we focus on individuals

as the most important economic agent, rather than the corporation or the community. They

creep in the moment we define all wants as equal – the want for a subsistence diet and the

want for a larger luxury yacht. They creep in the moment we reduce ethical judgements and

values to mere preferences. And in this chapter we have seen how the values of researchers

‘consciously or unconsciously’ affect their research results.

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Questão 3. Preços Reais e Nominais

(a.) Para os consumidores tomarem suas decisões sobre quanto consumir e que preço pagar,

eles deveriam levar em conta os preços relativos, isto é:

i. os preços nominais.

ii. o montante total do desembolso de dinheiro necessário.

iii. o preço em relação ao valor subjetivo que o consumidor atribui ao bem.

iv. o preço em comparação com os demais preços da economia.

(b.) Assinale a resposta ERRADA. O Índice de Preços ao Consumidor (IPC) mede:

i. o custo de uma cesta de bens adquirida por uma consumidor típico, em relação ao

custo de uma mesma cesta em um ano-base.

ii. a evolução dos preços pagos, em média, pelos consumidores, de uma economia.

iii. o montante de dinheiro necessário para adquirir uma determinada cesta padrão de

bens em um certo ano.

iv. a evolução do custo de vida ao longo do tempo.

(c.) O sucesso de um filme de Hollywood é geralmente medido pelo quanto este arrecada em

bilheteria. Até recentemente, o filme recordista era “Titanic”, lançado em 1997, que na época

arrecadou US$1,8 bilhões nos 283 dias que ficou em cartaz. Dia 25/01/2010, a mídia divulgou

com estardalhaço que este recorde teria sido batido pelo sucesso “Avatar”, após apenas 39

dias em cartaz. Entretanto, a comparação entre as duas bilheterias está tecnicamente errada,

pois não considera o efeito da inflação. Se a inflação no período foi de 34%, quanto “Avatar”

teria que arrecadar para superar o recorde de “Titanic”? E para se comparar ao clássico “E o

Vento Levou...”, que arrecadou US$198 milhões em 1939, considerando que a inflação entre

1939 e 2010 foi de 1441%?

(d.) Henry Ford pagava a seus trabalhadores $5 por dia, em 1914. Se o Índice de Preços ao

Consumidor (IPC) nos EUA fosse 10 em 1914 e 177 hoje, quanto valeria o salário dos

empregados da Ford em dólares de hoje?

(e.) Em 1931, em Plena Grande Depressão, o famoso jogador de beisebol americano Babe Ruth

ganhou $80 mil. Na época, este salário era extraordinário. Um repórter perguntou a Ruth se

ele achava certo ganhar mais do que o presidente americano Herbert Hoover, cujo salário era

de apenas $75 mil. Ruth respondeu: “Eu tive um ano melhor”. Se o Índice de Preços ao

Consumidor (IPC) nos EUA era de 15,2 em 1931 e 177 hoje, a quantos mil dólares equivaleriam

este salário em moeda de hoje?

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(f.) Se você comprou um imóvel em 1998 por R$100 mil, qual o mínimo que ele tem que valer

hoje, em milhares de R$, para que você não tenha perdido dinheiro, em termos reais? Assuma

que o Índice de Preços ao Consumidor (IPC) era de 166,64 em 1998 e está em 304,85 hoje.

(g.) Você comprou uma ação em 1998 por R$17 e ela se valorizou 110% da data da compra até

hoje. Se o Índice de Preços ao Consumidor era de 166,64 em 1998 e é de 304,85 hoje, qual foi

a valorização desta ação em termos reais?

(h.) Sua avó vive dizendo que os tempos não são mais como antigamente, que os preços não

param de subir e a coisa vai muito mal. Por exemplo, diz ela, em 1995 um ingresso de cinema

custava R$8,50. Hoje, ele custa R$15,00, quase o dobro! A análise dela está certa ou errada?

(Suponha que o IPC-FIPE em 1995 era 119,2464 e hoje, 278,7371).

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PARTE II – Mercados Competitivos

Questão 4. Choques de Oferta e Demanda sobre o Mercado de Álcool

MINISTRO DIZ QUE NÃO HÁ JUSTIFICATIVA PARA FORTE ALTA DO ÁLCOOL (Folha 04/01/2007):

“O ministro Luís Carlos Guedes Pinto (Agricultura) afirmou hoje que não há justificativa para a

‘elevada’ alta do preço do álcool nos postos de combustível registrada nos últimos dias. Com o

início da entressafra, o preço do álcool subiu em média 1,2% no país e 3% em São Paulo na

semana passada. (...) Entre os fatores sazonais para a pressão sobre os preços, o ministro citou

as festas de fim de ano e férias escolares e a substituição do transporte aéreo pelo rodoviário

devido à crise nos aeroportos. Outro fator que pressionou o valor do litro é que o álcool

continua a ser mais atrativo que a gasolina para os donos de carros bicombustíveis em vários

Estados, como em São Paulo. Os carros flex fuel, entretanto, tem um importante papel na

regulação do mercado, segundo o ministro.”

USINEIROS DIZEM QUE PREÇO DO ÁLCOOL É DETERMINADO PELO MERCADO (Folha

05/01/2007):

“O ministro da Agricultura, Luís Carlos Guedes, informou nesta sexta-feira que o presidente Luiz

Inácio Lula da Silva recomendou o acompanhamento atento do mercado para que, caso os

preços do álcool subam ‘de forma descontrolada’, o Cima (Conselho Interministerial do Açúcar

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e do Álcool) seja convocado a fim de rever o percentual do combustível misturado à gasolina,

que hoje está em 23%.

Em resposta à ameaça do governo de reduzir o percentual de álcool na gasolina, a Unica

(União da Indústria da Cana-de-Açúcar) divulgou no início desta noite que o preço do álcool

combustível funciona em regime de livre mercado desde o final da década de 90 e reage de

acordo com a oferta e demanda. ‘Vale ressaltar que o álcool é o único combustível cujos preços

são determinados pelo mercado, sendo influenciado pelos períodos de safra e entressafra’, diz

em nota.”

Pergunta: Avalie os seguintes choques sobre o mercado de álcool combustível, desenhando a nova curva de demanda ou oferta e indicando o novo ponto equilíbrio. Indique também se o preço de mercado do álcool e a quantidade de equilíbrio sobem ou caem, circulando a opção correta.

QUANTIDADE PREÇO

(a.) Entressafra da cana

SOBE

CAI

SOBE

CAI

(b.) Férias e festas de final de ano

SOBE

CAI

SOBE

CAI

(c.) Crise nos aeroportos

SOBE

CAI

SOBE

CAI

P

O

D

Q

P

O

D

Q

P

O

D

Q

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(d.) Redução no percentual de álcool misturado à gasolina

SOBE

CAI

SOBE

CAI

(e.) Carros bicombustíveis

SOBE

CAI

SOBE

CAI

(f.) Aumento do preço internacional do açúcar

SOBE

CAI

SOBE

CAI

(g.) Com o aumento da oferta de carros bicombustíveis, álcool e gasolina se tornaram produtos

substitutos. Suponha que a curva de demanda por gasolina seja isoelástica, ou seja, possa ser

descrita pela seguinte função log-linear:

log(QG)= 1,998 – 2,085 log(PG) + 0,62 log (R) + 2,14 log(PA)

onde QG é a quantidade demanda de gasolina, PG o preço da gasolina, R a renda e PA o preço

do álcool.

i. Qual a elasticidade-preço da demanda por gasolina?

ii. Qual a elasticidade-preço cruzada da demanda por gasolina?

iii. Qual a elasticidade-renda da demanda por gasolina?

iv. Interprete as elasticidades acima: o que elas significam?

P

O

D

Q

P

O

D

Q

P

O

D

Q

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Questão 5. O Mercado Brasileiro de Sucata de Alumínio

“Em tempos de altas recordes nos preços das commodities metálicas, a sucata ganhou

tratamento nobre no mercado brasileiro. Nos últimos meses, a cadeia que reúne desde

cooperativas de reciclagem a gigantescas fundições e siderúrgicas começou a sentir os reflexos

da contínua valorização dos metais não-ferrosos na London Metal Exchange (LME) desde o

começo de 2005.” Patrícia Nakamura, Valor Econômico, 14/3/2006

Vamos aqui analisar, especificamente, o mercado brasileiro de sucata de alumínio. Supondo

que este mercado seja competitivo e que, em 2004, a função demanda de sucata de alumínio

no país pudesse ser representada por:

QD2004 = 5000 – (1/4)P

Supondo ainda que a função oferta no mesmo período pudesse ser representada por:

QO = -4000 +2P

onde Q representa a quantidade de sucata de alumínio em centenas de toneladas e P o preço em reais por tonelada.

(a.) Calcule o preço e a quantidade de equilíbrio no mercado brasileiro de sucata de alumínio

em 2004. Desenhe as curvas de oferta e demanda, indicando o equilíbrio de mercado.

(b.) Calcule a elasticidade-preço da oferta de sucata de alumínio no ponto de equilíbrio. Qual é

a interpretação econômica desse valor?

(c.) Em 2005, em decorrência da expansão da economia mundial, notadamente da chinesa,

houve um aumento da demanda de sucata de alumínio, para qualquer nível de preços, de 73%.

(i) Ache a nova equação da curva de demanda e o novo preço e quantidade de equilíbrio; (ii)

Desenhe no gráfico do item (a) a nova curva de demanda e indique o novo preço e quantidade

de equilíbrio; (iii) Calcule a elasticidade-preço da oferta para o novo ponto de equilíbrio e

compare-a com a elasticidade calculada no item (2).

PARTE B – Os Mercados de Panelas de Ferro e de Alumínio

Nesta questão analisaremos qual o impacto do recente aumento no preço de sucata de

alumínio nos mercados de panelas de alumínio e panelas de ferro. Suponhamos que ambos os

mercados sejam perfeitamente competitivos. Alumínio ou sucata de alumínio é um importante

insumo na produção de panelas de alumínio, mas não integra a função de produção de panelas

de ferro.

(d.) Desenhe um gráfico padrão de um mercado competitivo que represente o mercado

brasileiro de panelas de alumínio. Mostre analiticamente neste gráfico, através de

deslocamentos das e nas curvas, qual o impacto de um aumento no preço do alumínio no

equilíbrio de mercado brasileiro de panelas de alumínio. Explique sua resposta.

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(e.) Agora faça um gráfico padrão que represente o mercado brasileiro de panelas de ferro.

Neste gráfico, mostre analiticamente o impacto do aumento do preço do alumínio na posição

de equilíbrio no mercado brasileiro de panelas de ferro, levando também em consideração sua

resposta no item (a). Explique sua resposta.

(f.) Defina elasticidade-preço cruzada da demanda. Qual é o sinal (positivo, negativo ou nulo)

da elasticidade-preço cruzada da demanda de panelas de ferro em relação ao preço das

panelas de alumínio? Explique sua resposta.

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Questão 6. VW Gol x Fiat Uno

Recente artigo acadêmico do economista chefe do Conselho Administrativo de Defesa

Econômica (CADE)1 estimou as elasticidades preço da demanda e preço cruzada da demanda

de diversos modelos de automóveis, tomando por base os dados do mercado de 2008.

Especificamente para o modelo VW Gol 1.0, os autores chegaram a uma elasticidade preço da

demanda aproximada de -4. Naquele ano, foram vendidos aproximadamente 252 mil unidades

deste modelo, a um preço médio, também aproximado, de R$ 30 mil.

(a.) Encontre a função demanda de automóveis da marca VW Gol 1.0, supondo que esta possa

ser descrita como uma reta (linear). Considere preços em milhares de reais e quantidade em

milhares de unidades.

Os autores também estimaram as elasticidades preço cruzada dos modelos que concorrem

com o VW Gol 1.0. O principal concorrente do modelo é o automóvel Fiat Uno. A elasticidade-

preço cruzada da quantidade demandada de VW Gol 1.0 em relação a variação de preços do

Fiat Uno foi estimada em 1,10. O preço médio do Uno naquele ano era aproximados R$ 23,1

mil.

(b.) Se a Fiat oferecer desconto de R$ 2,31 mil no preço do Uno, o que acontece, em termos

percentuais, com a quantidade demandada de VW Gol 1.0?

Fazendo as alterações necessárias, a função demanda de VW Gol 1.0, considerando o preço do

Fiat Uno como bem substituto, fica:

Qdg = 982,8 – 33,6Pg + 12Pf

Supondo que a oferta possa ser estimada a partir da função:

Qsg = -252 + 16,8Pg

(c.) Qual será o preço e quantidade de equilíbrio no mercado de VW Gol 1.0 se a Fiat de fato

oferecer o desconto de R$ 2,31 mil no preço do Fiat Uno?

(d.) O IPCA médio em 2008, a preços de dezembro de 2003, foi de 2.826,92. Neste ano, como vimos, o preço médio do VW Gol 1.0 era R$ 30 mil. Em 2010, esse mesmo índice estava em 3.222,42. O VW Gol 1.0, novo, pode ser adquirido, hoje, por R$29.290,00. Qual foi a variação nominal do preço do VW Gol 1.0 no período? E em termos reais?

1 DeSouza, Petterini e Miro (2010): “A tributação nas vendas de automóveis no Brasil: Quem paga a

maior parte da conta?”. Revista Economia. Setembro/Dezembro 2010.

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Questão 7. Carros Usados Perdem Valor

As vendas de automóveis novos no Brasil devem atingir seu recorde histórico em 2007. A

queda nas taxas de juro e o alongamento dos prazos de financiamento, juntamente com o

esforço das montadoras para alavancar vendas no mercado interno, já que o câmbio

desfavorece as exportações, explicam em grande parte este desempenho. Este crescimento

mudará o perfil do mercado de automóveis no Brasil. O país deve repetir a tendência que já

ocorre em países desenvolvidos como o Japão e os Estados Unidos, onde a renovação da frota

se dá a cada dois ou três anos, com uma desvalorização rápida dos preços dos automóveis

usados. Especialistas esperam que o preço do carro usado caia substancialmente2.

Vamos analisar aqui, especificamente, o mercado de carros usados. Supondo que este

mercado seja competitivo (imagine que exista apenas um tipo de carro usado) e, que, em

2006, a função de oferta de carros usados pudesse ser representada pela equação:

QO = 0,78P – 6300

onde Q representa o número de carros usados em milhares de unidades e P, o preço em R$. O

preço de equilíbrio, em 2006, era de R$10.000,00 por carro e a quantidade de equilíbrio, 1.500

mil carros.

PARTE A

(a.) Suponha que a elasticidade-preço da demanda é ED= -3,4 (no ponto de equilíbrio).

Encontre a equação de demanda por carros usados em 2006, supondo que esta equação possa

ser descrita por uma reta.

(b.) Desenhe as curvas de oferta e demanda por carros usados em 2006, indicando o equilíbrio de mercado. Estima-se que, em função das facilidades para a compra de carros novos (crédito abundante,

etc.), a demanda por carros usados será reduzida em 20% em 2007.

(c.) Ache a nova equação da curva de demanda por carros usados.

(d.) Supondo que a oferta de carros usados não sofra alterações (considere a mesma equação de oferta de 2006), ache o novo preço e quantidade de equilíbrio. (e.) Desenhe no mesmo gráfico do item (b.) a curva de demanda por carros usados em 2007 e indique o novo equilíbrio.

(f.) Se o preço do carro usado estiver em R$8.500,00, haverá excesso ou escassez do produto no mercado? De quanto? Para responder este item considere o mercado em 2007 (item c).

2 Baseado nos artigos: “O Melhor Ano da História”, Revista Exame (18/07/07) e “País renovará a frota a

cada 3 anos, diz analista”, Gazeta Mercantil (28/08/07).

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PARTE B – No Longo Prazo

Suponha que a curva de oferta de longo prazo de carros usados seja dada por:

QO(LP) = 0,21P – 1600

(g.) Desenhe um gráfico representando as curvas de oferta de curto prazo (dada na Parte A) e de longo prazo. Compare as duas curvas e mostre se a de curto prazo é mais ou menos elástica que a de longo prazo e explique os motivos.

Sabe-se que a equação de demanda por carros usados no longo prazo depende também da renda (R) e pode ser representada pela equação:

QD = 7230 – 0,51P – 0,11R

Suponha que no longo prazo a quantidade de equilíbrio seja 900 mil carros por ano, e que a

renda seja R$30.000,00 por ano.

(h.) Calcule a elasticidade-renda da demanda.

(i.) O bem é inferior ou normal? Explique o que isto quer dizer, e dê uma possível razão por que este bem tem esta característica. (j.) Na tabela abaixo apresentamos o valor do IPC calculado pela FGV em várias datas. Imagine que, na média, um carro com 5 anos de uso custasse R$4.500,00 em julho de 1994, logo após o Plano Real. Um carro similar em julho de 2007, com a mesma idade e de padrão semelhante, custa R$10.000,00. O preço médio deste carro aumentou ou caiu neste período, em termos reais? Em quanto por cento?

Índice - IPC-SP Índice - IPC-SP

jul/94 92,5 jul/01 200,1

jul/95 130,0 jul/02 214,3

jul/96 151,9 jul/03 247,6

jul/97 161,6 jul/04 263,1

jul/98 167,5 jul/05 278,9

jul/99 174,5 jul/06 283,7

jul/00 186,8 jul/07 295,3

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Questão 8. Biquínis Brasileiros: Sol, Chuva e Exportação

“O biquíni brasileiro é símbolo de sensualidade e beleza e isso seduz qualquer mulher do

mundo” diz uma produtora brasileira de biquínis. Para o dono de uma outra empresa nesse

mercado o biquíni brasileiro é tão valorizado quanto um carro alemão ou um perfume francês.

Os biquínis brasileiros viraram hit em praias internacionais. Entretanto, em praias brasileiras, a

falta de sol e a temperatura mais baixa afetaram o mercado doméstico de biquínis. “A nossa

moeda é o sol, que não pintou neste ano” diz um produtor doméstico neste verão.”

Para poder avaliar o impacto destes eventos no preço e na quantidade de mercado,

suponhamos que o mercado de biquínis brasileiros seja um mercado competitivo, cuja função

de demanda total (para o mercado domestico e o mercado internacional) possa ser descrita

pela seguinte função linear:

QDtotal = QD

doméstica + QD

internacional

QDdoméstica = 6,5 –

��� P +

��� T

QDinternacional = 0,5

onde P representa o preço em reais (R$) , Q a quantidade em milhões de peças, e T a

temperatura média do verão no Brasil, em graus Celsius. Suponha que normalmente a

temperatura média do verão no Brasil seja de 30 graus Celsius.

Suponha que a função de oferta também possa ser descrita por uma função linear, e que a

oferta somente dependa do preço dos biquínis, ou seja, QO = f (P) = c + dP .

(a.) Ache a função de oferta, sabendo-se que a elasticidade-preço da oferta é Oferta EPO = 1,5; o preço de equilíbrio é P* = R$75 e a quantidade de equilíbrio é Q* = 5 (em milhões de peças).

(b.) Calcule a elasticidade-pontual de temperatura da demanda, usando T* = 30 para o valor da temperatura, e Q* = 5, e explique o que significa o resultado. (A definição desta elasticidade é: ETD = mudança percentual na QD / mudança percentual na T)

(c.) Desenhe a curva de oferta e a curva de demanda total, usando a função de oferta calculada no item (a) e a função da demanda total dada acima, para o valor da temperatura T = 30 . Indique o preço e a quantidade de equilíbrio no gráfico.

Neste verão, a temperatura média no Brasil foi aproximadamente 5 graus mais baixa, em

comparação com a temperatura média de 30 graus Celsius que normalmente é observada no

verão.

(d.) Obtenha a nova função de demanda total, e desenhe-a no gráfico do item (3). (ii) Calcule o novo equilíbrio e indique esse equilíbrio também no gráfico. (iii) Explique o que ocorreu em termos de preço e quantidade de equilíbrio. (e.) Suponha que as exportações de biquínis brasileiros cresceram 30% este ano. Mostre como isso muda a função de demanda total obtida no item (d(i)) e discuta o impacto no equilíbrio de mercado.

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Questão 9. Aquecimento Global e o Mercado de Carbono

Nos últimos anos, com o intuito de combater a emissão de gases do efeito estufa, foi criado

um novo mercado: o de créditos de carbono. Os créditos de carbono funcionam como uma

moeda ambiental que pode ser comercializada em bolsas de valores como a European Climate

Exchange (ECX) e a Chicago Climate Exchange (CCX).

O Protocolo de Kyoto estabeleceu uma cota máxima que cada país pode emitir de gases que

provocam efeito estufa. Os países, por sua vez, restringiram a emissão das empresas. As

empresas que conseguem diminuir suas emissões abaixo das cotas determinadas podem

vender, a preços de mercado, o excedente no mercado internacional para aquelas que não

atingem a meta, como uma espécie de “permissão para poluir”.

Suponha que o mercado de carbono seja perfeitamente competitivo, e que as curvas de oferta

e demanda de carbono dependam não só do preço, mas também do crescimento da economia

mundial (representado aqui por R, de renda). Se a economia se expande rapidamente, as

empresas aumentam sua produção, poluindo mais. A quantidade ofertada de créditos de

carbono cai, e a quantidade demandada aumenta, conforme as equações abaixo:

QD = 1.800 – 700 P + 0,9 R

QO = 12.000 + 1.000 P – 0,8 R

onde Q é a quantidade de créditos, em milhões de toneladas de dióxido de carbono (CO2) ou

equivalente, e P, o preço em euros por crédito de tonelada. R representa a renda per capita

média, em dólares por ano. Para as questões seguintes, assuma uma renda de EU$20.000 por

ano:

(a.) (i.) Desenhe as curvas de oferta e demanda por créditos de carbono para R = 20.000. (ii.) Calcule e indique no gráfico o equilíbrio de mercado.

(b.) (i.) Calcule as elasticidades da oferta e da demanda de créditos de carbono em relação à

renda, no ponto de equilíbrio e para R = 20.000. (ii.) O que cada uma delas significa? (iii.) O que

é mais sensível à renda (em módulo), a oferta ou a demanda?

(c.) Em 1997, quando foi assinado o protocolo de Kyoto, esperava-se que o preço do crédito de carbono atingisse o nível de €33 (em moeda de 1997) por tonelada em 20203 de forma a viabilizar economicamente novas tecnologias de produção de energia de baixa emissão de carbono, como usinas nucleares e geração eólica. O índice de preços ao consumidor (IPC) da zona do euro era 70 em 1997 e está em 113 hoje. (i.) A quanto equivale o preço de €33 por tonelada em moeda de hoje? (ii.) Se o preço do crédito de carbono atualmente está em €14 por tonelada, quantos por cento ele precisaria subir para que as novas tecnologias sejam viabilizadas?

3 FONTE: The International Energy Agency

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(d.) De forma a mitigar o problema dos baixos preços e viabilizar as tecnologias de baixa emissão, suponha que os governos decidam fixar um preço mínimo de €20 por tonelada para o crédito de carbono. Utilize as curvas de oferta e demanda do enunciado, no início da questão e responda: (i.) Haveria excedente ou escassez de créditos de carbono? (ii.) De quanto?

A estimativa de um aumento de demanda por créditos de carbono no futuro é grande, à

medida que mais países adotem metas mais restritivas à emissão de gases do efeito estufa. Os

Estados Unidos e a China, por exemplo, maiores poluidores mundiais, não assinaram o

Protocolo de Kyoto, nem têm políticas claras neste sentido.

(e.) Suponha que o Congresso Americano aprove uma política de metas para emissões,

aumentando em 400% a demanda por créditos de carbono no mercado internacional.

Encontre a nova equação da curva de demanda por créditos de carbono e, supondo que a

oferta não sofra alterações, ache o novo preço e quantidade de equilíbrio. (ii.) Desenhe no

mesmo gráfico do item (a.) a curva de demanda após a adesão americana e indique o novo

equilíbrio.

(f.) A criação do mercado de carbono foi, na verdade, uma tentativa de solucionar uma falha

nos demais mercados de bens, chamada externalidade. (i.) Explique o que é externalidade,

como ela se aplica ao problema ambiental em questão e por que a criação de um mercado de

carbono solucionaria este problema. (ii.) Em diversas situações a mão invisível dos mercados

não funciona da forma eficiente prevista na teoria. Além da ocorrência de externalidades, cite

e explique duas outras formas de falhas de mercado.

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Questão 10. Biocombustíveis e o Preço dos Alimentos: Plantar para Comer ou para Queimar?

A busca por fontes alternativas de energia têm causado grande polêmica a nível internacional.

De um lado, há a preocupação de diversos governos em encontrar combustíveis que

substituam o petróleo e seus derivados, reduzindo sua dependência dos conturbados países

do Oriente Médio, bem como em investir em opções menos poluentes no contexto de uma

crescente preocupação com o aquecimento global. De outro, há o risco de que o maior uso de

terras para o plantio de biocombustíveis leve a um aumento do preço dos alimentos, com

impactos dramáticos sobre milhões de pessoas que vivem à beira da fome e miséria. Este

receio levou a fortes altas no preço de vários alimentos ao longo de 2007 e 2008, gerando

protestos em diversas partes do mundo. Nesta questão analisaremos especificamente o

impacto da política americana de estímulo aos biocombustíveis no preço dos alimentos.

Em 2008 o Congresso americano aprovou a nova Lei Agrícola (Farm Bill), válida até 2012, que

inclui fortes subsídios para a produção de etanol a partir do milho.

“Essa medida não somente afeta negativamente o etanol brasileiro – que é muito mais

competitivo que o etanol de milho –, mas também contribui para o aumento do preço do milho

e de seus derivados. Isso afeta os preços de uma grande quantidade de produtos alimentícios,

como, por exemplo, a carne bovina – dado que o milho é parte da alimentação de diversos

animais.”4

Vamos primeiro analisar o impacto da introdução dos biocombustíveis no preço do milho.

Suponha inicialmente que o mercado mundial de milho para uso como alimento e ração em

2008 possa ser descrito pelas seguintes equações:

QDM = 300 – 0,05PM – 0,02R

QOM = 50 +0,45PM

onde QDM e QO

M são as quantidades demandada e ofertada de milho, em milhões de

toneladas, PM é o preço do milho em dólares por tonelada e R é a renda em dólares por ano.

Suponha que em 2008 a renda era de US$10,000 por ano.

(a.) Calcule o preço e a quantidade que equilibram o mercado.

(b.) Calcule as elasticidades-preço e renda da demanda no ponto de equilíbrio, e dê a

interpretação econômica destes valores. Milho é um bem normal ou inferior? Explique.

(c.) Suponha agora que o programa do governo gere uma demanda adicional de 200 milhões

de toneladas de milho por ano para ser utilizado como biocombustível. O que acontece com o

preço do milho? E com a quantidade de milho comercializada?

4 Fonte: "A nova Farm Bill e suas implicações para o cenário comercial multilateral”, International Centre

for Trade and Sustainable Development (5/ago/2008)

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(d.) Desenhe em um mesmo gráfico a curva de oferta e as curvas de demanda (com e sem a

utilização como biocombustível), e indique os respectivos equilíbrios.

(e.) Mas a política de estímulo ao etanol não afeta apenas o preço do milho, mas também o de

outros alimentos. Suponha que um produtor possa escolher entre plantar milho ou outro

alimento (feijão, suponha); os bens são, portanto, substitutos. Sabendo-se que a oferta de

feijão pode ser representada pela seguinte equação:

QOF = 40 + 3PF – PM

onde QOF é a quantidade ofertada em milhões de toneladas de feijão, PF é o preço do

feijão em dólares por tonelada e PM, o preço do milho em dólares por tonelada. Suponha

que no equilíbrio o preço do feijão é US$95 por tonelada, o preço do milho é de US$ 125

por tonelada e que a quantidade de equilíbrio do feijão é de 200 milhões de toneladas:

i. Calcule a elasticidade-preço cruzada da oferta de feijão, quando varia o preço do

milho.

ii. Em suas próprias palavras, explique o que esta elasticidade significa e utilize-a

para interpretar o impacto do subsídio à produção de etanol a partir no milho no

mercado de feijão.

Por fim, vamos analisar o impacto do estímulo ao etanol no preço da carne. Suponha que este

mercado seja competitivo e, que, em 2007, a função de demanda por carne pudesse ser

representada pela equação linear:

QD = 202 – 0,5 P

onde Q representa a quantidade de carne em milhões de toneladas e P o preço em dólares

(US$) por tonelada. O preço de equilíbrio, em 2007, era de US$ 160 por tonelada de carne, a

quantidade de equilíbrio 122 milhões de toneladas e a elasticidade-preço da oferta EPO = 0,59.

(f.) Encontre a equação da oferta mundial de carne em 2007, supondo que esta possa ser

descrita por uma reta.

(g.) Em 2008, em função do aumento no preço do milho, um dos principais insumos na

produção de carne, a oferta mundial de carne caiu 40%. Ache a nova curva de oferta de carne

em 2008.

(h.) Supondo que a demanda por carne não sofra alterações, ache o novo preço e quantidade

de equilíbrio.

(i.) Desenhe em um mesmo gráfico a curva de demanda e as duas curvas de oferta de carne

(em 2007 e em 2008) e indique os equilíbrios.

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Questão 11. Fazendo água...

As fortes chuvas e o calor excessivo nas regiões nas regiões sul e sudeste do país nos três

primeiros meses de 2010 foram destaque nas manchetes de jornais. O setor mais afetado foi o

de legumes, frutas e verduras. Os preços dispararam nos supermercados e feiras livres do

estado de São Paulo durante o período.

Suponha que este mercado seja perfeitamente competitivo e que a oferta de verduras

folhosas em geral possa ser expressa pela seguinte equação:

QO = – 0,50 + 0,095 P – 0,01 IP

onde P representa o preço médio da caixa de verduras em reais (R$), Q quantidade em mil

caixas e IP o índice pluviométrico do período em milímetros (mm). (Observação: a função

oferta acima só é válida para índices pluviométricos iguais ou acima de 200mm. A hipótese

adotada é a de que somente a partir desse ponto que as chuvas tornam-se prejudicais às

plantações.)

Suponha que demanda também possa ser descrita por uma função linear e que dependa

apenas do preço.

(a.) Ache a função de demanda por verduras, sabendo-se que a elasticidade preço da demanda

é Epd = –0,11; o preço de equilíbrio é P* = 50 e a quantidade de equilíbrio é Q* = 2,25 em mil

caixas. (Utilize sempre 3 casas decimais em suas respostas).

(b.) Desenhe a curva de oferta e a curva de demanda, usando a função demanda calculada no

item (a.) e a função oferta dada no enunciado, considerando um índice pluviométrico de 200

milímetros por mês. Indique o preço e a quantidade de equilíbrio no gráfico.

(c.) (i.) Calcule as elasticidades da oferta de verduras em relação ao preço e ao índice

pluviométrico, no ponto de equilíbrio. (ii.) O que cada uma delas significa? (iii.) A quantidade

ofertada de verduras é mais sensível a variações no preço ou nos índices pluviométricos?

Segundo informações de vários institutos meteorológicos as chuvas chegaram a 400 mm no

primeiro trimestre de 2010, enquanto a média dos últimos 30 anos, para o mesmo período,

era de 200 mm. Aliado a isto, o calor persistente elevou em 10% a demanda de frutas,

legumes e verdura em geral. Tanto o aumento nos índices pluviométricos como as

temperaturas ainda elevadas para o período afetaram significativamente o preço e as

quantidades de equilíbrio no mercado de verduras.

(d.) Encontre (i.) a nova demanda por verduras, considerando um aumento de 10%; (ii.) a nova

oferta de verduras, considerando um índice pluviométrico de 400mm e (iii.) os novos preços e

quantidades de equilíbrio. Represente essas alterações no gráfico do item (b.). (Utilize sempre

3 casas decimais em suas respostas).

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(e.) Os preços das verduras dispararam nos supermercados e feiras livres de São Paulo, em

especial, durante os meses de fevereiro e março. Na tabela abaixo apresentamos o valor do

IPC/FIPE em várias datas. Em outubro de 2009, uma caixa de alface custava 40 reais. Hoje

(março de 2010) ela custa 50 reais. O preço da caixa de alface aumentou ou caiu em termos

reais? Em quanto por cento?

Outubro/09 Novembro/09 Dezembro/09 Janeiro/10 Fevereiro/10 Março/10

IPC 311,32 312,21 312,76 316,94 319,29 320,36

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Questão 12. O Mercado de Prostituição5

No início dos anos 1900, na cidade americana de Chicago, bem como no restante dos Estados

Unidos, a prostituição, apesar de moralmente condenada, não era considerada crime. Estima-

se que, dentre as mulheres na casa dos 20 anos, cerca de uma em cada 50 eram prostitutas.

(a.) Enquanto uma operária recebia cerca de US$6 por semana, uma prostituta que trabalhasse

no Everleigh Club – uma das mais famosas e luxuosas casas de prostituição do país – recebia

por volta de US$400 por semana, em moeda da época. Converta estes valores para moeda de

hoje, supondo que o IPC nos Estados Unidos fosse 100 em 1900 e 2067,31 hoje. Calcule o

salário anual de uma operária e de uma prostituta e compare.

Quando a prostituição foi criminalizada dos Estados Unidos, quase a totalidade dos recursos

policiais se voltou contra as prostitutas, não contra os clientes. Analisaremos nesta questão o

que acontece em um mercado – mesmo que ilícito – quando se pune os fornecedores.

Suponha que a oferta por serviços de prostitutas pudesse ser descrita por:

QO = -5 + 0,45P

onde Q está em horas de serviço prestado por prostitutas, por semana, em uma região

Chicago e P, em dólares por hora. Suponha que o preço de equilíbrio de mercado, antes da

criminalização, fosse US$40 a hora, e que fossem “comercializadas” 13 horas por semana.

(b.) Se a elasticidade-preço da demanda no ponto de equilíbrio for EPD = -0,154, encontre a

curva de demanda, supondo que esta possa ser descrita por uma reta.

(c.) A demanda por serviços de prostitutas é muito ou pouco elástica? Justifique sua resposta,

utilizando a definição elasticidade-preço da demanda.

(d.) Desenhe as curvas de oferta e demanda por serviços de prostituição, indicando o ponto de

equilíbrio.

(e.) No início do século XX, os Estados Unidos aprovaram uma lei transformando a prostituição

em crime, e prevendo a prisão de mulheres que infringirem a lei. Como conseqüência, uma

série de mulheres abandona a profissão, fazendo com que a oferta se reduza em 10 horas,

para qualquer nível de preço. O que acontece com o preço de equilíbrio? E com a quantidade?

(f.) Baseando-se na sua resposta para o item (d.), você acha que a criminalização foi uma

medida eficiente para combater a prostituição? Explique.

(g.) Desenhe no mesmo gráfico do item (c.) a nova curva de oferta, indicando o novo ponto de

equilíbrio.

5 Esta questão é baseada no capítulo “Por que prostituta de rua é como Papai-Noel de shopping?”, do

livro Super Freakonomics (Levitt, Steven D. e Dubner, Stephen J.: Elsevier, 2010).

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O mercado de prostituição em Chicago mudou muito nos últimos 100 anos. O sociólogo da

Universidade de Columbia, Sudhir Venkatesh, estudando este mercado em 3 regiões de

Chicago atualmente, constatou que o preço da hora de serviço é bem inferior ao do início do

século. Isto se deve aparentemente a uma drástica diminuição da demanda por serviços de

prostitutas em função de maior “competição” (!?!) A sociedade tornando-se mais liberal,

surgiram alternativas ao sexo pago, reduzindo a demanda das prostitutas. Suponha que, por

hipótese, uma mudança nos costumes da sociedade tenha levado a uma redução de 75% na

demanda por serviços de prostitutas em relação ao início do século.

(g.) Encontre a nova curva de demanda, e represente-a no mesmo gráfico do item (c.).

(h.) Calcule o novo ponto de equilíbrio, utilizando a curva de oferta pós criminalização da

prostituição (ou seja, aquela encontrada por você no item (d.).

(i.) Quem contribuiu mais para a redução da prostituição (medida em horas de serviço

prestadas), a criminalização (choque de oferta) ou a mudança nos costumes (choque de

demanda)?

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Questão 13. A luta diária por comida no Egito

DER SPIEGEL 19/04/2008 - A LUTA DIÁRIA POR COMIDA NO EGITO

Ulrike Putz

No Cairo e em Mahalla, Egito

Mahrouz, o açougueiro, gosta de comer bem. Seu

avental branco manchado de sangue cobre uma

majestosa pança que pode estar com os dias contados.

Mahrouz costumava levar para casa dois quilos de

carne para sua família toda noite -o suficiente para ele,

sua mulher e dois filhos. "Agora, só levo um quilo", diz o

açougueiro.

A carne ficou cara demais, até para Mahrouz, que paga

preço de atacado. Ele quase não tem mais clientes, reclama de trás de sua bancada, que fica a

céu aberto, perto de uma rua principal movimentada. Acima dele, ganchos de carne vazios

balançam ao vento, junto com algumas salsichas solitárias na brisa poluída. Apenas três pernis

de carneiro embrulhados em tecido úmido esperam os clientes. "O milho ficou raro, o preço da

ração animal subiu muito -o que posso dizer? Os negócios vão mal", suspira Mahrouz. (...)

Ainda há comida suficiente no Egito, que é o país mais populoso do mundo árabe com quase 80

milhões de habitantes. No entanto, os alimentos estão se tornando escassos, e os preços estão

subindo. As pessoas simplesmente não têm dinheiro suficiente para comprarem o que precisam

para se sentirem satisfeitas.

Responda:

(a.) Supondo que o preço de equilíbrio é de US$ 20 por kg de carne e a quantidade é de 160

milhões de kg por mês (considere que a unidade da quantidade é de milhões de kg), que

oferta e demanda são lineares, e que, no curto prazo, a elasticidade preço da demanda é

de -1,5, ao passo que, a elasticidade preço da oferta é de 0,5, derive as funções de oferta

e demanda de curto prazo. Represente graficamente estas curvas.

(b.) Utilizando curvas de oferta e demanda do item (a.), vamos representar graficamente os

efeitos sobre preços e quantidades de equilíbrio no mercado de carnes do Egito das

seguintes situações abaixo. Para cada uma delas, desenhe a nova curva de oferta ou

demanda no gráfico do item (a.) e calcule e indique no gráfico o novo ponto de equilíbrio.

(i.) O aumento do preço do milho reduziu quantidade ofertada em 40% para cada

preço de mercado.

(ii.) A falta de dinheiro afetou a demanda das pessoas da seguinte forma: para

cada preço de mercado, a quantidade demandada é 40 (milhões de kg) menor

do que na situação no item (a).

(iii.) Ambos os choque ocorreram ao mesmo tempo.

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(c.) Qual é a elasticidade-preço da demanda no equilíbrio para cada uma das situações

mencionadas no item (b.)? Explique por que a elasticidade varia.

(d.) (i.) Considerando as elasticidades da demanda e da oferta em (a.), pode-se dizer que, no

ponto de equilíbrio, elas são elásticas ou inelásticas? (ii.) No longo prazo, as curvas de

oferta e demanda tendem a ser mais ou menos elásticas do que no curto prazo? Explique.

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PARTE III - Teoria do Consumidor

Questão 14. Preferências dos Consumidores

(a.) Preferências de consumidores são "bem-comportadas" se as quatro premissas da teoria do

comportamento do consumidor são válidas. Leia as constatações abaixo e avalie qual ou quais

destas representam premissas desta teoria. Assinale todas as respostas certas.

i. Mais sempre é melhor de que menos.

ii. Há um ponto de saturação.

iii. O consumidor pode comparar e ordenar todas as cestas de mercado.

iv. O consumidor prefere cestas balanceadas a cestas não balanceadas.

(b.)

i. Você é indiferente entre Coca-cola e Pepsi. Desenhe seu mapa de indiferença.

ii. Se a Coca custar 10% a mais do que a Pepsi, qual sua escolha ótima?

iii. Qual sua taxa marginal de substituição? Explique em palavras o que ela significa.

iv. Você só toma Coca-cola com gelo. Para cada copo de Coca você usa 5 pedras de gelo.

Desenhe sue mapa de indiferença (entre Coca e gelo).

v. Se você tem R$6,00 para gastar hoje com refrigerante, a Coca custa R$1,00 e cada

pedra de gelo R$0,20, quantas Cocas e quantas pedras de gelo você deve comprar

para maximizar sua utilidade?

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(c.) Suponha que os três patetas Larry, Moe e Curly,

tenham as seguintes preferências por tortas (bem X) e

sorvetes (bem Y). Com base nas informações abaixo,

escreva as funções de utilidade que melhor

representam as preferências de cada uma dos

patetas, e esboce cada uma delas em um gráfico:

i. Tortas e sorvetes são bens não-relacionados

para Larry. Ele sempre gasta parcelas fixas da

sua renda dedicada à alimentação com cada

bem: 40% com tortas (bem X) e 60% com sorvetes (bem Y).

ii. Tortas e sorvetes são substitutos perfeitos para Moe, e a taxa marginal de substituição

é 2/3.

iii. Os bens são complementos perfeitos para Curly: ele sempre come 3 fatias de torta

junto com 2 bolas de sorvete.

(d.) Leia as afirmações abaixo e assinale as verdadeiras.

i. O princípio da utilidade marginal decrescente diz que, à medida que se consome mais

de determinada mercadoria, quantidades adicionais consumidas geram incrementos

menores na utilidade.

ii. O princípio da utilidade marginal decrescente sempre é válido.

iii. O princípio da igualdade marginal diz que no ponto da escolha ótima do consumidor a

utilidade marginal de cada bem por real (R$) gasto com ele é a mesma para todos os

bens.

iv. O princípio da igualdade marginal sempre é válido.

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Questão 15. Churrasco

Observe a tabela abaixo, obtida a partir dos dados da rodada 2002-2003 da Pesquisa de

Orçamento Familiar (POF), do IBGE. Ela apresenta a aquisição alimentar per capita anual, por

classe de rendimento mensal familiar, de vários tipos de carne bovina.

Responda:

(a.) Defina bens normais e bens inferiores, e represente graficamente curvas de Engel para ambos os bens.

(b.) De acordo com os dados do IBGE, e considerando apenas a aquisição alimentar das duas classes de rendimento mais elevadas, podemos dizer que, no Brasil, todos os tipos de carne de segunda são bens inferiores? Da mesma forma, podemos dizer que, no Brasil, todos os tipos de carne de primeira são bens normais? Justifique.

Já a tabela a seguir, também construída a partir dos dados da POF 2002/2003 do IBGE,

apresenta a despesa (ou gasto) em reais com alguns itens do orçamento familiar, classificados

pela média da despesa total de 10 faixas de despesa.

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Suponha, por simplicidade, que a despesa total média por faixa corresponda à renda familiar

média mensal de cada faixa6. Considere também que “elasticidade renda das despesas” é a

variação percentual das despesas (ou gastos) com um determinado item, face à variação

percentual da “renda”. Ou seja, que renda

despesas

%

%

∆=η .

Para as questões abaixo, você pode ignorar os algarismos decimais da tabela.

(a.) Estime a elasticidade renda das despesas com “alimentação” e com “aquisição de veículos” para famílias cuja “renda” média está entre as faixas 7 e 8. Utilize para tanto o conceito de elasticidade no arco (ou interpolada).

(b.) Bens de luxo são aqueles cuja elasticidade renda da despesa supera a unidade. “Alimentos” e “aquisição de veículos” são bens de luxo para as faixas de renda 7 e 8? Por que?7

(c.) Considerando um crescimento de 5,2% da economia brasileira no ano anterior, e

pressupondo que esse aumento da renda se deu de forma homogênea entre as faixas de

“renda”8, qual foi o aumento esperado nas despesas com “alimentação” e com “aquisição de

veículos” para famílias cuja “renda” média está entre as faixas 7 e 8?

6 Essa suposição não é muito realista, pois é razoável supor que as faixas de renda superiores despendem menos

relativamente à renda (isto é, poupam relativamente mais) em comparação com as faixas de renda inferiores. Mas pense nas despesas mensais totais de sua família para saber em que faixa ela se enquadraria. 7 Em casa, “divirta-se” em descobrir se “educação” e “despesa com livros e periódicos” são bens de luxo para todas

as faixas de “renda”. 8 Será que essa suposição é realista? A resposta depende de estudos empíricos mais trabalhosos.

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

454,70 658,18 920,69 1.215,33 1.494,43 1.914,35 2.450,03 3.270,20 4.445,42 8.721,91

Alimentação 148,59 195,85 234,26 282,12 312,33 359,76 397,94 474,54 523,77 788,70

Habitação 168,92 242,00 330,33 417,23 485,10 599,76 714,56 881,33 1.189,44 1.987,85

Manutenção do lar 18,99 21,52 26,92 37,24 40,75 63,16 75,10 102,27 168,15 348,09

Vestuário 24,06 37,53 53,44 71,57 83,78 104,77 121,82 154,01 179,26 279,76

Transporte 37,08 56,52 100,57 143,25 207,25 277,37 418,81 620,59 802,61 1.505,24

Aquisição de veículos 7,54 12,39 26,87 40,60 62,78 91,16 167,79 260,65 343,40 715,53

Educação 3,63 6,83 12,15 21,63 29,54 51,55 85,86 143,31 230,80 426,45

Periódicos, livros... 0,38 0,69 1,49 2,91 3,28 5,99 8,46 13,89 21,56 37,23

Despesa Média por Faixa

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Questão 16. Vamos ao Shopping?

Você foi chamado para descrever o comportamento dos consumidores em Shopping Centers.

Após criteriosa observação, você conseguiu separar três tipos de consumidores com as

seguintes características:

(a.) O primeiro grupo de consumidores se mostra indiferente entre consumir vinhos nacionais

(bem Y) ou importados (bem X), trocando sempre duas garrafas de vinho nacional por uma de

vinho importado.

i. Escreva a equação que descreve as preferências desse consumidor por vinho nacional

(Y) e vinho importado (bem X).

ii. Esboce o gráfico que representa estas preferências.

iii. Calcule e indique no gráfico a restrição orçamentária e a escolha ótima desse grupo de

consumidores, assumindo que o consumidor dispõe de R$ 480 para gastar com vinhos,

PX = R$ 60/garrafa e PY = R$ 40/garrafa.

(b.) O segundo grupo de consumidores vai ao Shopping para ir ao cinema e sempre come dois

salgados.

i. Escreva a equação que descreve as preferências desse grupo de consumidores por

cinema (C) e salgados (S).

ii. Esboce o gráfico que representa estas preferências.

iii. Calcule e indique no gráfico a restrição orçamentária e a escolha ótima desse grupo de

consumidores, assumindo que ele disponha de R$ 60 para gastar com o programa,

sendo que o ingresso de cinema custa R$20 (PC = 20) e cada salgado sai por R$5 (PS =

5).

(c.) O terceiro grupo de consumidores vai ao Shopping para gastar na praça de alimentação (A)

e comprar peças de vestuário (V) e seu comportamento deste consumidor pode ser descrito

pela seguinte função Cobb-Douglas:

U = A0,4V0,6

i. Encontre as funções de demanda por vestuário e alimentação, assumindo que o

consumidor maximiza sua utilidade (Obs: você pode utilizar ou não o método de

Lagrange, mas deve mostrar como chegou ao resultado! Não vale decorar!).

ii. Para esses consumidores Alimentos e Vestuários são bens independentes,

complementares ou substitutos? Explique.

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iii. Mostre que o consumidor gasta sempre uma parte fixa do dinheiro que leva ao

Shopping (R) em Alimentação (A) e outra, em Vestuário (V). Quantos por cento de R ele

gasta com cada bem?

iv. Esboce o gráfico que representa as preferências deste tipo de consumidor por

vestuário (V) e alimentação (A), bem como sua restrição orçamentária, e assinale o

ponto que maximiza sua utilidade, assumindo que PA= R$40, PV= R$60 e R= $600

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Questão 17. A tábua (‘tablet’) mais famosa desde os 10 Mandamentos

“2010 foi o ano do iPad”, disse Steve Jobs, fundador da Apple, no

evento em março último em que apresentou uma nova versão do

produto. Em apenas 9 meses, a Apple vendeu 15 milhões de

unidades do produto, mais do que todos os tablets juntos

venderam na história.

O fato é que o sucesso dos tablets vem mudando hábitos de

consumo para diversos tipos de conteúdo, tais como músicas,

livros, filmes, revistas e jornais.

(a.) O efeito mais óbvio da disseminação dos tablets é a substituição de conteúdos em meio

físico por conteúdos digitais. Suponha que, para você e-Books (bem X) e livros impressos (bem

Y) são substitutos perfeitos. Como usar seu iPad novo é particularmente prazeroso para você,

ler um e-Book te dá uma utilidade marginal 20% maior do que ler um livro tradicional.

i. Escreva uma equação que descreva suas preferências por e-Books (bem X) e livros

impressos (bem Y).

ii. Desenhe em um mesmo gráfico suas preferências e sua restrição orçamentária,

assumindo que você dispõe de R$ 300 para gastar com livros (digitais e impressos)

no ano, e que um e-Book custa PX = R$ 15/livro e um livro impresso custa PY =

R$30/livro.

iii. Quantos e-Books e quantos livros impressos você deve comprar no ano, se quiser

maximizar sua utilidade? Indique no gráfico do item (ii.).

iv. Qual teria que ser o preço do livro impresso para que você se tornasse indiferente

entre ele e um e-Book?

(b.) Em outras situações, bens reais e virtuais são complementares. Imagine que você compre

sempre 20 músicas através do iTunes (bem X) para cada show de algum grupo que assiste no

estádio (bem Y).

i. Escreva a equação que descreve suas preferências por músicas (X) e shows (Y).

ii. Desenhe em um mesmo gráfico suas preferências e sua restrição orçamentária,

assumindo que você disponha de R$ 360 para gastar com os dois bens no ano,

sendo que cada música custa PX = R$ 1 e cada show, PY = R$100.

iii. Qual sua escolha ótima? Calcule e indique no gráfico do item (ii.).

Fonte: The Economist

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(c.) Suponha agora que e-Books (bem X) e música digital (bem Y) sejam bens independentes

entre si para você, e que você gasta sempre 30% da renda que dedica à compra de conteúdos

digitais (R) com e-Books e 70% com músicas.

i. Escreva a equação que descreve suas preferências por e-Books (bem X) e música

digital (bem Y).

ii. Encontre suas funções de demanda por e-Books e música digital, assumindo que

você maximiza sua utilidade, utilizando o método da TMS OU o método de

Lagrange.

(d.) Qual sua escolha ótima, assumindo que um e-Book custa R$15, uma música digital custa

R$1 e que sua renda dedicada a este fim é R= R$100 por mês?

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Questão 18. Escolha entre Álcool e Gasolina

Um vereador recebe, além de seus proventos e outros benefícios,

combustível, que ele utiliza em seu carro oficial nos deslocamentos pela cidade. Suponha que

o valor desta verba seja de R$ 700,00 por mês, mais ou menos o equivalente a um tanque

cheio de gasolina por semana.

(b.) Suponha que o preço do litro da gasolina seja de R$ 2,80 e do litro de etanol seja de R$

2,0. Desenhe a Restrição Orçamentária do vereador, colocando no eixo horizontal

quantidade consumida de litros de etanol (E) e no eixo

Sabemos que o rendimento do etanol é equivalente a 0,7 vezes o rendimento da gasolina, e

que os combustíveis são, em tese, substitutos perfeitos. Para simplificar, suponha que o carro

do vereador faça 7 km com um litro de álcool e 10 km com um litro de gasolina.

(c.) (i.) Escreva a função utilidade do vereador, isto é, U = f(E, G), onde E é o consumo de

etanol e G, de gasolina. (ii.) Calcule a taxa marginal e substituição (

(d.) Escolha ótima:

(i) Desenhe no gráfico do item (b

você encontrou em (c

de gasolina e etanol que maximiza a utilidade do vereador? Qual é a utilidade

neste ponto?

O preço do etanol varia bastante ao longo do ano, especialmente por causa da safra de

cana de açúcar, que ocorre entre abril e setembro, quando o preço cai.

(ii) Suponha que em abril, em virtude da safra de cana, o preço do litro do etanol

caia para R$ 1,96/litro. Desenhe em um novo gráfico a nova

orçamentária e as curvas da função utilidade. Qu

gasolina e etanol? Qual é a utilidade?

(iii) E se o preço do litro do álcool cair para abaixo de R$ 1,96/litro, qual será a

escolha entre gasolina e etanol? (Desenho optativo, faça apenas se quiser, mas

não deixe de escrever a respost

(iv) A partir dos resultados obtidos nos itens anteriores, esboce graficamente a

curva de demanda de etanol por parte do vereador.

Escolha entre Álcool e Gasolina

O objetivo desse exercício é derivar a curva de demanda

por um bem que é substituto perfeito de outro. No caso,

de etanol em automóveis do tipo flex-fuel, que é

substituto perfeito da gasolina.

(a.) Defina bens substitutos perfeitos.

Um vereador recebe, além de seus proventos e outros benefícios, verba fixa, exclusiva para

combustível, que ele utiliza em seu carro oficial nos deslocamentos pela cidade. Suponha que

o valor desta verba seja de R$ 700,00 por mês, mais ou menos o equivalente a um tanque

do litro da gasolina seja de R$ 2,80 e do litro de etanol seja de R$

2,0. Desenhe a Restrição Orçamentária do vereador, colocando no eixo horizontal

quantidade consumida de litros de etanol (E) e no eixo vertical, gasolina (G).

do etanol é equivalente a 0,7 vezes o rendimento da gasolina, e

que os combustíveis são, em tese, substitutos perfeitos. Para simplificar, suponha que o carro

do vereador faça 7 km com um litro de álcool e 10 km com um litro de gasolina.

nção utilidade do vereador, isto é, U = f(E, G), onde E é o consumo de

etanol e G, de gasolina. (ii.) Calcule a taxa marginal e substituição (-dG/dE).

Desenhe no gráfico do item (b.) o mapa de indiferença da função utilidade que

rou em (c.). Qual é o ponto de escolha ótima, isto é, a combinação

de gasolina e etanol que maximiza a utilidade do vereador? Qual é a utilidade

O preço do etanol varia bastante ao longo do ano, especialmente por causa da safra de

car, que ocorre entre abril e setembro, quando o preço cai.

Suponha que em abril, em virtude da safra de cana, o preço do litro do etanol

caia para R$ 1,96/litro. Desenhe em um novo gráfico a nova restrição

rçamentária e as curvas da função utilidade. Qual é a escolha agora entre

gasolina e etanol? Qual é a utilidade?

E se o preço do litro do álcool cair para abaixo de R$ 1,96/litro, qual será a

escolha entre gasolina e etanol? (Desenho optativo, faça apenas se quiser, mas

não deixe de escrever a resposta).

A partir dos resultados obtidos nos itens anteriores, esboce graficamente a

curva de demanda de etanol por parte do vereador.

38

urva de demanda

por um bem que é substituto perfeito de outro. No caso,

fuel, que é

verba fixa, exclusiva para

combustível, que ele utiliza em seu carro oficial nos deslocamentos pela cidade. Suponha que

o valor desta verba seja de R$ 700,00 por mês, mais ou menos o equivalente a um tanque

do litro da gasolina seja de R$ 2,80 e do litro de etanol seja de R$

2,0. Desenhe a Restrição Orçamentária do vereador, colocando no eixo horizontal

do etanol é equivalente a 0,7 vezes o rendimento da gasolina, e

que os combustíveis são, em tese, substitutos perfeitos. Para simplificar, suponha que o carro

nção utilidade do vereador, isto é, U = f(E, G), onde E é o consumo de

) o mapa de indiferença da função utilidade que

). Qual é o ponto de escolha ótima, isto é, a combinação

de gasolina e etanol que maximiza a utilidade do vereador? Qual é a utilidade

O preço do etanol varia bastante ao longo do ano, especialmente por causa da safra de

Suponha que em abril, em virtude da safra de cana, o preço do litro do etanol

estrição

al é a escolha agora entre

E se o preço do litro do álcool cair para abaixo de R$ 1,96/litro, qual será a

escolha entre gasolina e etanol? (Desenho optativo, faça apenas se quiser, mas

A partir dos resultados obtidos nos itens anteriores, esboce graficamente a

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Questão 19. Os Alcoólatras

(para fazer com o auxilio do Excel)

Três amigos foram a um bar, cada qual com R$ 25 para gastar em pinga. Suponha que o preço

da dose de pinga seja R$ 1.

(a.) Desenhe a restrição orçamentária dos três amigos, representando doses de pinga no eixo

horizontal e mercadoria composta (cujo preço, por definição, também é R$1) no eixo

vertical.

(b.) Os três amigos tem tendência ao alcoolismo. Suponha que a função utilidade do primeiro

possa ser representada por:

�� = 2� + ��

(i) Lembre-se de suas aulas de geometria analítica no colegial e desenhe a curva

de indiferença desse primeiro consumidor para U = 25 e para U = 35,355.

(ii) A curva de indiferença desse consumidor é côncava ou convexa? Que premissa

da teoria do consumidor essa função utilidade não respeita?

(iii) Qual é a combinação de pinga e mercadoria composta que este consumidor

deve escolher, de forma a maximizar sua utilidade nesta noite? O que isso

significa, no médio prazo, para a saúde deste consumidor?

(c.) O segundo consumidor apresenta função utilidade um pouco diferente, que pode ser

representada por:

�� = � + 2��

(i) Assim como no caso anterior, desenhe a curva de indiferença desse segundo

consumidor para U = 25 e U = 35,355.

(ii) Qual é a combinação de pinga e mercadoria composta que este consumidor

deve escolher, de forma a maximizar sua utilidade nesta noite? O que isso

significa, no médio prazo, para a saúde deste consumidor?

(d.) Finalmente, o último consumidor apresenta a seguinte função utilidade:

�� = � + ��

(i) Desenhe a curva de indiferença desse terceiro consumidor para U = 25.

(ii) Qual ou quais combinações de pinga e mercadoria composta este consumidor

deve escolher, de forma a maximizar sua utilidade nesta noite?

(iii) O terceiro consumidor entra no bar com seus R$ 25. O que acontece com as

escolhas deste consumidor se ele adquirir a primeira dose de pinga? Com base

neste resultado, que conselho você daria a este consumidor?

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Questão 20. Uma Viagem a Nova Iorque

Márcia, Luana e Bianca resolveram viajar juntas a Nova Iorque. Cada uma reservou a mesma

quantia em dinheiro (M) para gastar semanalmente em bons restaurantes (bem Y) e alguns

espetáculos, como shows, peças de teatro, óperas, musicais etc. (bem X). Chegar a um

consenso do que fazer foi difícil, uma vez que suas preferências são bastante distintas.

A solução foi decidir que a cada semana uma delas escolheria os programas, levando em conta

apenas suas próprias preferências.

Na primeira semana Márcia é quem escolheria os programas. Ela possui a seguinte função

utilidade:

U ( X , Y )Márcia = X Y4

onde X é o número vezes que iriam a espetáculos e Y é o número de vezes que iriam a bons

restaurantes.

(a.) Com base na função utilidade de Márcia:

i. Encontre as funções demanda por X e Y, como função dos preços PX , PY e da quantia

semanal (M) destinada aos gastos com X e Y . (Você pode usar Lagrange ou não, mas a

resposta só será válida se você mostrar como chegou ao resultado.)

ii. Mostre que a proporção de M que Márcia dedica a cada programa (X e Y) é sempre

fixa.

Suponha que cada amiga disponha de 600 dólares semanais para gastar em espetáculos e

restaurantes, que cada espetáculo custe 120 dólares e que o gasto em um bom restaurante

esteja 80 dólares por pessoa, ou seja, PX = 120, PY = 80 e M = 600.

(b.) Com base nas funções de demanda calculadas do item (a), e os dados acima, responda:

i. Na semana em que Márcia escolherá os programas, a quantos espetáculos e bons restaurantes elas iriam?

ii. Para Márcia, X e Y são substitutos, complementares ou independentes? Justifique sua resposta.

iii. Desenhe a curva preço-consumo considerando variações no preço de X, mantendo constante o preço de Y (PY = 80) e a quantia em dinheiro para gastar semanalmente (M = 600). Explique o formato da curva preço-consumo de Márcia.

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Nas outras duas semanas, como combinado, Bianca e Luana decidiriam os programas. Suponha

que os preços de uma semana para outra permaneçam os mesmos e que cada uma disponha

da mesma quantia para gastar a cada semana PX = 120, PY = 80 e M = 600.

(c.) As preferências de Bianca poderiam ser representadas por:

U ( X , Y )Bianca =min { X , Y}

i. Desenhe o mapa das curvas de indiferença de Bianca. O que você pode afirmar sobre suas preferências?

ii. Desenhe a restrição orçamentária e indique a escolha ótima. Nessa semana, em que a

programação é decidida por Bianca, a quantos espetáculos e bons restaurantes elas iriam? Explique sua resposta.

(d.) Considerando que Luana possui a seguinte função utilidade:

U ( X , Y )Luana =5X + Y

i. Desenhe o mapa das curvas de indiferença de Luana. O que você pode afirmar sobre suas preferências?

ii. Desenhe a restrição orçamentária e indique a escolha ótima. Nessa semana, em que a

programação é decidida por Luana, a quantos espetáculos e bons restaurantes elas iriam? Explique sua resposta.

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Questão 21. Aumento nos preços de transporte público

Até maio deste ano, um trabalhador recebia salário mínimo de R$ 260,00, e gastava,

hipoteticamente, em duas mercadorias: transporte público (representado por Y ) e a

mercadoria composta (isto é, uma mercadoria que simboliza todas as demais mercadorias,

representada por X ). Até março, o preço do transporte público era 70,1=XP , enquanto o da

mercadoria composta é, por construção, 00,1=YP .

Todo mês, o trabalhador gasta o equivalente a 40 viagens de transporte público (ida e volta do

trabalho, 20 dias por mês), e o resto em mercadoria composta. Suponha que suas preferências

sejam regulares e bem comportadas, isto é, atendam às quatro premissas básicas da teoria do

consumidor9.

(a.) Recentemente, o prefeito de São Paulo aumentou a preço da passagem para R$ 2,00 e o salário mínimo subiu para R$ 300,00. O trabalhador está em melhor situação agora? Mostre graficamente. (b.) Se o prefeito tivesse aumentado o preço da passagem para R$ 2,70, o trabalhador estaria em melhor situação do que na situação inicial? Mostre graficamente? (c.) Se o salário mínimo tivesse subido para R$ 270,00 e o preço da passagem para R$ 2,00, o trabalhador estaria em melhor situação do que na situação inicial? Mostre graficamente? (d.) Suponhamos que a combinação de aumentos no salário mínimo e no preço da passagem de ônibus tenha resultado no aumento de satisfação de dois trabalhadores e na redução da satisfação de um trabalhador. É possível dizer, a partir da abordagem cardinal da utilidade, se a satisfação geral dos trabalhadores (soma das satisfações individuais dos três trabalhadores) aumentou ou diminuiu? E pela abordagem ordinal? Explique.

9 Elas devem ser também monotônicas, mas isso é assunto para estudos mais avançados.

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Questão 22. A classe C vai às compras

O Brasil passa por uma transformação sem precedentes no perfil de seus consumidores. A

estabilidade e o crescimento da economia levaram à escalada de dezenas de milhões de

pessoas para a classe C, que hoje representa cerca de metade da população brasileira. Mais do

que uma simples elevação da renda, a ascensão para a classe C leva a mudanças nas

preferências dos consumidores. Itens antes inacessíveis como celulares, computadores e até

cursos superiores tornam-se agora anseios de consumo e símbolos de status.

Estudo recente do Ibope identificou dois perfis principais de consumidores da classe C: o

consumista, ou “deslumbrado”, que compra por impulso e valoriza bens de consumo como

carros e eletrodomésticos, e o planejador, mais cauteloso, cético e preocupado com o futuro,

que tende a investir mais em educação (escolas particulares para os filhos, curso superior,

etc.).

Waldisnei da Silva, assistente administrativo, e sua esposa Edinéia, cabeleireira, acabaram de

ascender para a classe média. Eles estão tendo dificuldade em determinar a melhor maneira

de gastar sua renda familiar e, depois de incontáveis brigas familiares, pediram que você use

seus prestimosos conhecimentos de Microeconomia para evitar o divórcio!

Suponha, de forma simplificada, que Waldisnei e Edinéia pretendem gastar toda a parcela de

sua renda que sobra após seus gastos com subsistência (alimento, aluguel, roupas, etc.) com

duas categorias de bens: telefonia celular (bem X) e educação (bem Y). As funções de utilidade

de cada um são dadas por:

Waldisnei: UW = X0,2Y0,8

Edinéia: UE = X0,7Y0,3

onde X é o número de minutos por mês que o consumidor passa no celular e Y, o número de

horas por mês que gasta com um curso de especialização.

(a.) (i.) Calcule a taxa marginal de substituição (TMS) de Y por X (dX/dY) para cada um dos

consumidores. (ii.) Defina taxa marginal de substituição. (iii.) Com base nos valores calculados

em (i.), como você classificaria Waldisnei e Edinéia dentro dos perfis “consumista” e

“planejador” explicados anteriormente? Explique sua resposta.

(b.) Suponha que, vencido pelo cansaço, Waldisnei tenha concordado que as preferências da

mulher (UE = X0,7Y0,3) prevaleçam e deixa que ela tome as decisões sobre como gastar a renda

disponível da família (R). Obtenha as curvas de demanda por eletrônicos (bem X) e educação

(bem Y) de Edinéia. (Obs: você pode usar Lagrange ou não, mas precisa demonstrar como

chegou ao resultado. Não vale decorar!!!)

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(c.) Suponha que a família disponha de uma renda de R$500 por mês para gastar com não

supérfluos, e que o preço a ligação no celular (PX) seja R$1,00 por minuto e o preço do curso

de especialização (PY) seja R$5,00 a hora. Qual a escolha entre eletrônicos e educação capaz de

maximizar a utilidade?

(d.) Imagine que você seja o diretor de uma nova empresa de celular criada para atender a

nova classe emergente e gostaria de estimar a demanda total por eletrônicos deste público.

Assumindo que Edinéia represente um consumidor padrão, e que existem 20 milhões de

consumidores potenciais com as mesmas preferências e renda disponível que ela, qual seria a

demanda agregada por serviços de telefonia celular? (Obs.: lembre-se de que DEMANDA é

uma relação entre preço e quantidade!)

(e.) De forma a estimular os consumidores da classe C a investirem mais em educação, o

governo criou um programa de subsídio a cursos superiores de forma que PY caiu pela metade.

Represente a função de utilidade da família no gráfico correspondente de sua folha de

resposta e mostre (i.) a restrição orçamentária antes e após o subsídio, (ii.) a escolha ótima

entre eletrônicos e educação antes e após o subsídio (mostre os valores correspondentes de X

e Y nos respectivos eixos) e (iii.) o efeito renda e o efeito substituição, em termos do consumo

de Y.

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Questão 23. A escolha de Sofia

Andrea e Renato, após um bom período sem viajar sozinhos, foram surpreendidos por seus

pais que se reuniram e depois de alguma discussão resolveram ficar com as netas para que o

casal pudesse viajar e viver novas emoções. Democraticamente, decidiram que o casal poderia

escolher entre uma semana na Selva Amazônica ou uma semana na Patagônia, o que custaria

o mesmo. Eles ganhariam as passagens e a estadia, e os demais gastos ficariam por conta do

casal.

A primeira decisão a ser tomada seria para onde ir. Suponha que as preferências de Andrea e

Renato possam ser expressas por: UANDREA (X ,Y) = X + Y e URENATO (X, Y) = X – Y , onde X é

Patagônia e Y Selva Amazônica.

(a.) O que você pode dizer a respeito das preferências dos dois? Represente graficamente o

mapa de indiferença de cada um. Explique a partir das funções utilidade o que cada um

prefere. Seria possível chegarem a um consenso? Justifique.

Entretanto, Sofia, a filha mais velha do casal “fechou o tempo”. Segundo Sofia, na Amazônia

seus pais seriam atacados por onças e piranhas e, na Patagônia, por leões marinhos ferozes.

Além disso, a dificuldade de locomoção e comunicação impediria o resgate rápido de seus

corpos ou o que restasse deles. Estes argumentos sensibilizaram seus avós, que mais uma vez

democraticamente, com o aval de Sofia, decidiram agora enviá-los ao Nordeste.

Assim, Andrea e Renato viajariam para o Nordeste e caberia aos mesmos apenas decidir

quantos dias ficar na cidade de Fortaleza (X) e quantos em Natal (Y).

(b.) Agora a decisão seria quantos dias em cada cidade. Por sorte, suas preferências

convergiam, podendo ser representadas por UCASAL (X,Y) = 0,5 lnX + 0,5 lnY .

i. Encontre as funções demanda por X e Y, como função dos preços (PX, PY) e da quantia

(R) destinada à estadia em Fortaleza (X) e Natal (Y). (Você pode usar Lagrange ou não,

mas a resposta só será válida se você mostrar como chegou ao resultado.)

ii. Supondo que o preço médio da diária em Fortaleza seja de 750 reais (PX = 750) e que

em Natal seja 500 reais (PY = 500) e que seus pais tenham disponibilizado 6000 reais

para os gastos com estadia (R = 6000 reais), quantos dias eles ficariam em cada

cidade?

iii. Represente em um gráfico a restrição orçamentária e indique a cesta ótima.

(c.) Suponha agora que os preços das diárias em Natal (Y) sofram em média uma queda de

14,29%.

i. Será que eles alterariam os seus planos? Em caso afirmativo mostre quantos dias

ficariam em cada cidade. Represente no gráfico anterior a nova restrição e a escolha

ótima.

ii. Sabemos que uma variação de preços gera um efeito substituição e um efeito renda.

Discuta e calcule cada um deles. (Dica: Utilize o conceito de Slutsky, i.e. calcule qual a

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nova renda – menor! – que permitiria ao casal comprar exatamente a mesma cesta

que comprava antes.)

iii. Suponha agora que o casal decida restituir aos seus pais a diferença dos gastos em

estadia decorrente do desconto obtido. Seus planos continuariam os mesmos?

Justifique sua resposta.

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Questão 24. Aumento Salarial x Vale Refeição

Trabalhadores de uma empresa recebem por mês R$ 300. Esta renda é repartida em

alimentação dentro da empresa (bem X), cujo preço por quilograma é PX = R$ 10, e

mercadoria-composta (isto é, uma mercadoria que representa todas as demais mercadorias,

bem Y), cujo preço é, por definição, PY = R$ 1. Em meio a um processo de negociação salarial,

os trabalhadores pedem um aumento salarial de R$ 50. Em contrapartida, o diretor desta

empresa oferece vales-refeição, valendo os mesmos R$ 50, que só podem ser gastos no

refeitório da empresa. Suponha que os trabalhadores são racionais.

(a.) Escreva e desenhe a restrição orçamentária nas três situações:

iv. antes do aumento

v. supondo aumento salarial de R$ 50

vi. considerando a oferta do diretor

Na empresa, há trabalhadores que na situação inicial consomem mensalmente menos de 5

quilos de alimentação no refeitório (Grupo 1); para estes trabalhadores, o bem X é um bem

inferior. Outros trabalhadores consomem inicialmente mais do que 5 quilos por mês (Grupo 2);

para estes, o bem X é um bem normal. Considere que ambos os grupos de trabalhadores têm

preferências bem comportadas (isto é, que obedecem às quatro premissas usuais da teoria do

consumidor).

(b.) Represente graficamente na figura com item (a.) a possível escolha ótima de um

trabalhador do Grupo 1 nas três situações: antes do aumento, supondo aumento salarial de R$

50,00 e considerando a oferta do diretor. Qual das alternativas lhes proporciona maior

utilidade?

(c.) Com relação aos trabalhadores do Grupo 2, qual das alternativas lhes proporciona maior

utilidade? Calcule a Taxa Marginal de Substituição (TMS) de um trabalhador do Grupo 2 no

ponto de escolha ótima.

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Questão 25. Preferências, Restrições Orçamentárias e Fome Zero

Guaribas é a cidade brasileira com menor Índice de Desenvolvimento Humano (IDH). Segundo

o site do Programa Fome Zero em Piauí, “crianças vivem em condições sub-humanas herdadas

dos pais; o abastecimento de água é praticamente inexistente; para ter acesso a água potável

é preciso subir a serra; centenas de famílias passam semanas inteiras sem ter uma refeição

decente”.

Para combater tanto a miséria, na qual parte significativa da população brasileira vive, quanto

sua persistência, muitas ações serão necessárias. Nesta questão, somente um aspecto é

avaliado, o impacto sobre o bem-estar do consumidor decorrente da concessão do benefício

“Bolsa-Família” (em dinheiro) em comparação com a distribuição de cestas de alimentos.

Suponha que as preferências de um habitante pobre de Guaribas possam ser descritas como

“preferências hierárquicas”, as quais podem ser representadas pela seguinte função de

utilidade:

��, �� = � �� < 40�40 + �� �� ≥ 40�

onde X é quantidade mensal de alimento e Y é quantidade mensal de vestuário.

(a.) Desenhe o mapa de curvas de indiferença que corresponde a esta função de utilidade e

indique nele o nível de utilidade (em números). Dê uma interpretação do significado do ponto

( X ,Y ) = (40,0) .

(b.)

i. Quais são as quatro premissas usualmente adotadas na teoria de consumidor?

ii. Qual/quais desta(s) premissa(s) é (são) violada(s) no mapa de curvas de indiferença

desta questão?

(c.)

i. Desenhe a restrição orçamentária de um habitante de Guariba, supondo que a renda

mensal dele é R = 30 , e que os preços são PX = 1 e PY = 2, e indique a escolha ótima do

habitante.

ii. Qual é o pacote ( X ,Y ) que maximiza sua utilidade?

iii. Qual é o valor da sua utilidade?

(d.) Suponha que o governo, através de um programa Bolsa Família, dê R$45 para cada

habitante por mês.

i. Desenhe a nova restrição orçamentária do habitante, mostrando o novo ponto de

escolha ótima ( X ,Y ) .

ii. Qual é o pacote ( X ,Y ) que maximiza sua utilidade?

iii. Qual é o valor da sua utilidade?

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(e.) Suponha que, ao invés de R$45, o governo dê a cada habitante de Guaribas uma cesta de

alimentos no valor de R$45 por mês.

i. Mostre como isto muda a restrição orçamentária desenhada na questão (d).

ii. Qual é o novo pacote ( X ,Y ) que maximiza sua utilidade?

iii. Qual é o novo valor da utilidade?

(f.)

i. Qual dos programas permite que o habitante de Guaribas atinja maior utilidade?

ii. Sua resposta ao item (i) é um exemplo de análise positiva ou normativa? Explique sua

resposta.

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Questão 26. Ligações Telefônicas para os EUA

Charlinssom e Charlene namoram desde 2003. Charlene sempre teve um sonho: conhecer os

EUA. A chance finalmente apareceu quando, entre 200 universitários, Charlene foi escolhida

para trabalhar na Disney durante seu período de férias de final de ano. Charlinssom não

gostou muito da idéia, mas acabou concordando que Charlene não deveria desperdiçar esta

chance. Além disso, Charlinssom já estava com saudades de quando ia para baladas com os

amigos e esta seria uma boa oportunidade para relembrar os velhos tempos.

PARTE A

Charlinssom tem a seguinte função utilidade: U(X,Y) = X1/3 Y2/3, onde X é o número de minutos

mensais de ligação telefônica para Charlene e Y é o número de vezes no mês que ele sai com

os amigos para a balada.

(a.) Com base na função utilidade de Charlinssom descrita acima:

i. Obtenha a taxa marginal de substituição (TMS) de Y por X (TMS = - dY/dX) .

ii. Mostre que a TMS obtida acima é decrescente e interprete esse resultado.

iii. Encontre as funções demanda por X e Y, como função dos preços (PX,PY) e da renda (R). (Você pode usar Lagrange ou não. Mas, a resposta só será válida se você mostrar como chegou ao resultado. Não vale decorar!!!!!!!!!!)

(b.) Com base nas funções de demanda calculadas do item (a), responda:

i. Os bens X e Y são substitutos, complementares ou independentes? Justifique sua resposta usando as elasticidades relevantes. Mostre como chegou ao resultado.

ii. Os bens X e Y são normais ou inferiores? Justifique sua resposta usando as elasticidades relevantes. Mostre como chegou ao resultado.

(c.) Supondo que PX = 0,80, PY = 50 e R = 600:

i. Calcule a cesta de consumo ótimo de Charlinssom (a quantidade de X e Y que maximiza a sua utilidade).

ii. Desenhe a restrição orçamentária de Charlinssom e marque a cesta ótima escolhida por ele.

PARTE B

A companhia telefônica, percebendo que Charlinssom liga frequentemente para Charlene nos

EUA, oferece a ele um novo plano telefônico. Charlinssom pagaria R$ 150 por mês e teria

direito de falar até 250 minutos com Charlene. Caso quisesse falar mais do que esses 250

minutos no mês, pagaria R$ 1 por minuto adicional. A renda e o preço do bem Y permanecem

inalterados (veja no item (c)).

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(d.) Desenhe a nova restrição orçamentária de Charlinssom, com o novo plano da telefônica. Coloque também neste gráfico as informações (restrição orçamentária inicial e a cesta ótima de consumo calculada em (c)-(i)) que você colocou no gráfico do item (c)-(ii).

(e.) Caso Charlinssom continue falando a mesma quantidade de minutos com Charlene por mês (calculada no item (c)) e escolha aderir ao novo plano oferecido:

i. Qual será sua nova combinação de consumo de X e Y?

ii. Qual a utilidade dessa nova combinação de ligações para Charlene (X) e idas à balada (Y)?

iii. Neste ponto, ele estará numa situação melhor que no plano antigo? Utilize o gráfico (ítem d) para justificar sua resposta.

(f.) Com o novo plano Charlinssom deve falar com Charlene 250 minutos, mais que 250 minutos ou menos que 250 minutos, para maximizar a sua utilidade? Justifique sua resposta.

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Questão 27. Imposto sobre o Cigarro

Após diversos estudos demonstrarem os efeitos nocivos do cigarro à saúde, vários governos

têm adotado políticas no sentido de reduzir seu consumo. Restrição à propaganda, limitação

dos locais no qual o fumo é permitido e campanhas de conscientização são exemplos de

iniciativas deste tipo. Uma medida também bastante comum tem sido aumentar o imposto

sobre o cigarro, encarecendo o produto e assim reduzindo seu consumo. Esta última medida,

entretanto, vem acompanhada de certa polêmica. Críticos argumentam que cidadãos mais

pobres, por gastarem uma porção maior de sua renda com o vício, pagariam uma parte

desproporcional do imposto, ampliando a desigualdade social. Nesta questão analisaremos a

possibilidade de eliminar esta distorção devolvendo, na forma de uma transferência em

dinheiro, o valor pago em impostos sobre o cigarro.

Imagine um trabalhador que consuma cigarros todos os dias, e tenha suas preferências

representadas pela seguinte função de utilidade Cobb-Douglas:

U ( x, y) = xy3

onde x é quantidade diária de cigarros e y é um bem composto que representa os demais

bens que o trabalhador consome (alimento, vestuário, etc.).

(a.) Quais as curvas de demanda do bem x e do bem y, assumindo que o trabalhador maximiza

sua utilidade?

(b.) Suponha que a renda diária do trabalhador é R = R$ 8 e que os preços são PX = R$ 0,25 e PY

= R$ 0,75. Escreva e desenhe a restrição orçamentária do trabalhador. Qual a cesta A = (xA , yA )

que maximiza sua utilidade? Indique esta cesta em sua figura, e calcule o valor da utilidade

dessa cesta.

(c.) Suponha agora que o governo aumente o imposto sobre o cigarro de forma que este passe

a custar PX = R$0,50, tudo o mais constante. Calcule o novo ponto de escolha ótima B = (xB ,yB).

Escreva e desenhe também a nova restrição orçamentária na figura do item (b), indicando o

ponto (B). Qual o impacto do imposto na utilidade do consumidor?

(d.) Um economista calculou que o imposto terá um efeito substituição de –3 cigarros e um

efeito renda de –1 cigarro. Qual a interpretação desses valores? Dê também uma definição

geral dos dois efeitos.

(e.) Suponha agora que o governo dê ao trabalhador uma restituição em dinheiro de forma

que seu poder de compra não caia. Quantos reais (R$) o governo deve transferir ao

trabalhador para que seja possível a ele comprar exatamente a mesma cesta comprava antes

do imposto?

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(f.) Escreva e desenhe a nova restrição orçamentária na sua figura no item (b) e calcule o novo

ponto ótimo C, e o valor da utilidade dessa cesta. Em comparação com a cesta A, qual é a

redução no consumo de cigarro por parte do trabalhador? O bem-estar do trabalhador

aumentou ou diminuiu?

(g.) Considerando esta compensação financeira, o que aconteceu com o efeito renda e com o

efeito substituição, em termos do consumo de cigarro?

(h.) Se você fosse Ministro da Saúde e tivesse como objetivo diminuir o consumo de cigarro,

você implementaria a política proposta no enunciado? Justifique sua resposta.

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Questão 28. Vagabundo, eu???

Em geral, usamos a teoria da escolha do consumidor para analisar como uma pessoa decide

alocar sua renda entre dois bens. Aqui, usaremos exatamente o mesmo arcabouço para

analisar como uma pessoa decide alocar seu tempo entre trabalho e lazer.10

Imagine que Bill Kates III é um programador de computadores recém formado, que trabalha

como autônomo para uma empresa de software. Bill permanece acordado 100 horas por

semana. Ele gasta parte deste tempo com lazer – jogando joguinhos de computador,

atualizando sua página no Orkut ou seguindo os passos de Steve Jobs no Twitter. O resto de

seu tempo, Bill gasta desenvolvendo programas de computador; para cada hora de

programação, ele ganha R$50, que imediatamente gasta, comprando bens diversos. Assim, Bill

enfrenta um tradeoff entre consumo (possibilitado pelo seu trabalho como programador) e

lazer.

Suponha que X é o número de horas que Bill gasta com lazer, Y é o consumo de Bill na semana

(em R$), w é o salário que Bill recebe por hora de trabalho (em R$ por hora) e T, o número de

horas que passa acordado na semana. Sua restrição será dada por:

X + (1/w)Y = T

Repare que, como Bill terá agora que alocar as horas que passa acordado (T) – e não sua renda

como no caso dos problemas tradicionais – ao invés de uma restrição orçamentária teríamos

uma restrição de tempo.

(a.) Desenhe a restrição de Bill, colocando o consumo de Bill em R$ (bem Y) no eixo vertical e o

número de horas de lazer (bem X) no eixo horizontal. (Obs: Assuma que Bill recebe um salário

de R$50 por hora trabalhada e fica acordado 100 horas na semana.)

(b.) A restrição acima mostra que a decisão de Bill – como qualquer decisão de consumo –

dependerá do preço relativo entre consumo e lazer. (i) Defina preço relativo. (ii) Qual o preço

relativo entre consumo e lazer para Bill?

(c.) Suponha que a utilidade de Bill possa ser dada por:

U(X,Y) = X0,3Y0,7

Encontre as equações das curvas de demanda por lazer e por consumo, em função do salário

de Bill e do tempo que ele fica acordado (T). (Obs: É preciso demonstrar como o resultado foi

obtido!)

10

Esta questão foi baseada em Mankiw, N.G., “Princípios de Microeconomia”, pp. 469-470.

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(d.) Se o salário de Bill for de R$50 por hora e ele permanecer acordado 100 horas na semana:

(i.) Quanto ele irá consumir na semana? (ii.) Quanto tempo ele gastará com lazer? (iii.) Quantas

horas ele trabalhará na semana?

(e.) Imagine que o salário de Bill agora aumente para R$100 por hora de programação.

i. Bill trabalhará mais, menos ou o mesmo número de horas após o aumento?

ii. O resultado obtido no item (i) é consistente com o que você aprendeu sobre oferta

e demanda? Por que sim/não?

iii. Calcule o efeito renda e o efeito substituição do aumento de salário de Bill sobre o

tempo alocado para lazer (bem X). (Dica: comece calculando quantas horas Bill

teria que permanecer acordado (T’) para obter a mesma combinação de consumo

e lazer que tinha antes do aumento.)

iv. Defina efeito renda e efeito substituição. Utilize estes conceitos e os valores

calculados no item anterior para explicar como a decisão de Bill sobre como alocar

seu tempo entre trabalho e lazer muda com o aumento de salário.

(f.) Após alguns anos trabalhando intensamente como programador, Bill teve uma crise de

stress. Sua pressão subiu, ele desenvolveu uma úlcera, seus cabelos ficaram prematuramente

brancos... Seu médico recomendou fortemente que ele mudasse seu comportamento e que,

de agora em diante, para evitar o risco de um colapso, tirasse uma hora de lazer para cada

hora trabalhada na semana. Assumindo que Bill recebe R$50 por hora trabalhada, desenhe em

um mapa de indiferença como ficariam as preferências de Bill (entre CONSUMO e lazer) se ele

seguisse o conselho de seu médico. Represente no mesmo gráfico a restrição de Bill e indique

o ponto ótimo.

(g.) Mas Bill é teimoso e, ao invés de seguir as indicações de seu médico, manteve suas

preferências como eram antes: U(X,Y) = X0,3Y0,7. Entretanto, ele modificou sua restrição de

forma que lhe sobrassem para lazer ao menos 50 horas semanais. Supondo que Bill recebe

R$50 por hora: (i) Represente graficamente as preferências e a nova restrição de Bill, indicando

o ponto ótimo. (ii) O que acontece com a utilidade de Bill em relação à situação inicial (item

d)? Mostre graficamente.

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Questão 29. A Herança

Zé Moleza é o único parente vivo do milionário ancião Sr. Paulo Patinhas. Há anos Zé espera

que seu tio morra e lhe deixe uma polpuda herança. Na última consulta, o médico da família

disse que o Sr. Patinhas teria exatamente um ano de vida. Como Zé é preguiçoso e não tem

nenhuma outra fonte de renda para sobreviver até lá, o gerente do banco dispôs-se a lhe

emprestar dinheiro a uma taxa de 25% o período, ou seja, para cada $1 emprestado hoje ele

pagaria de volta $1,25 daqui a um ano, quando recebesse a herança, que se estima alcançará o

valor de R$1,25 milhão até lá.

Suponha que X e Y sejam duas mercadorias compostas: os gastos com consumo neste ano (X)

e no próximo (Y).

(a.) Qual a restrição orçamentária de Zé (ou seja, quais combinações de X e Y sua herança lhe

permite ter)? Pense que o dinheiro hoje (PX) custa a Zé 1,25 vezes o dinheiro daqui a um

ano (PY). (Escreva a renda em milhares de reais, para facilitar a representação).

Suponha que a função de utilidade que descreve as preferências de Zé Moleza seja dada por:

U = min �1,25; ��

(b.) Represente em um mesmo gráfico o mapa de indiferença e a restrição orçamentária de Zé

Moleza, indicando claramente o ponto ótimo.

(c.) O que você pode dizer sobre as preferências de Zé?

Imagine que, contrariando as expectativas do médico, o Sr. Patinhas morra repentinamente e,

para surpresa de todos, ao abrir seu testamento descobre-se que ele deixou a herança (de

R$1.000 mil, após pagar os impostos e advogados) para sua amante secreta, a Sra. Maria

Sortuda. Imagine que Maria possa receber 25% de juros sobre suas economias, ou seja, para

cada $1 investido este ano na ela receberá $1,25 no próximo. Novamente, X e Y são duas

mercadorias compostas: os gastos com consumo neste ano (X) e no próximo (Y).

Suponha que a função de utilidade que descreve as preferências de Maria Sortuda seja dada

por:

U = X0,7Y0,3

(d.) Encontre as curvas de demanda por X e Y, em função de PX, PY e R. (Obs: Você pode usar

Lagrange ou não, mas a resposta só será válida se você mostrar como chegou ao resultado.

Não vale decorar!)

(e.) Do enunciado sabemos que Px = 1, Py = (1/1,25) = 0,80 e R = 1000 (assuma que a única

fonte de renda de Maria Sortuda é a herança), encontre a cesta ótima que maximiza a

utilidade de Maria, dada sua restrição orçamentária.

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(f.) Qual a taxa marginal de substituição (de Y por X)? Dê a interpretação econômica deste

valor.

(g.) Imagine que o Sr. Patinhas, temeroso que Maria gaste toda a herança imediatamente e

fique desprovida no futuro, determine em seu testamento que metade da herança não

pode ser gastada no primeiro ano, e deve ser poupada para o segundo ano (ou seja, o

gasto com X deve representar no máximo 50% da renda).

i. Escreva e desenhe no mesmo gráfico as duas restrições orçamentárias de Maria: a

antiga (sem restrição de gasto) e a nova (com restrição).

ii. Qual o novo ponto ótimo?

iii. O que acontece com a utilidade de Maria, em relação à situação inicial? Calcule a

variação da utilidade.

(h.) Voltemos agora à situação inicial (sem a restrição ao gasto no primeiro período imposta no

item g). Suponha agora que, para estimular o consumo neste ano de crise econômica, o

governo decida implantar um imposto sobre a poupança de forma que Maria receba

apenas $1,15 por $1 investido. Assim, o preço de Y passa a ser (1/1,15) = 0,87.

i. Como Maria deve agora distribuir seu consumo entre este ano (X) e o próximo (Y),

se quiser maximizar sua utilidade?

ii. O governo conseguiu atingir seu objetivo de aumentar o consumo presente (X)?

Explique por quê.

iii. Calcule os efeitos renda e substituição da medida, utilizando a metodologia de

Slutsky, em termos dos consumos de X e Y.

iv. Defina efeito renda e efeito substituição, e interprete os números calculados no

item (ii).

(i.) Suponha agora que o governo, de forma a não reduzir ainda mais a renda dos

consumidores em épocas de crise, decide restituir a Maria o valor pago em impostos. O

contador de Maria sugere que esta volte então a consumir as quantidades de X e Y que

fazia antes do imposto, já que a restituição anularia completamente o efeito do imposto.

Este raciocínio está certo ou errado? Calcule os dados relevantes e utilize-os para justificar

sua resposta.

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PARTE IV – Teoria do Produtor

Questão 30. Produção no Curto Prazo

Você gerencia uma empresa de confecções cuja função de produção é dada por

Q(K,L) = (5/20) K (L + 40L2 -0,5L3)

onde Q é o número de peças de roupa produzidas, K é o número de máquinas e L o número de

trabalhadores.

(a.) A empresa possui uma quantidade fixa de 20 máquinas e emprega 25 trabalhadores. No

mês de Natal, para aumentar a produção, a empresa emprega 25 trabalhadores adicionais.

Seu chefe enviou um memo solicitando dados sobre o impacto desta expansão na

produtividade do trabalho e eficiência da empresa. Ele pediu as seguintes informações:

i. O que ocorreu com a produtividade do trabalho?

ii. E com o produto marginal do trabalho?

iii. Defina a lei dos rendimentos decrescentes. Dobrando a quantidade de

trabalhadores no mês de Natal, esta lei já entrou em ação? Justifique sua resposta.

(b.) Seu chefe deseja agora atingir a produtividade máxima do trabalho, ainda com uma

quantidade fixa de 20 máquinas.

i. Quantos trabalhadores serão empregados, qual será a produção total, a produção

média e o produto marginal?

ii. Para atingir esta produtividade máxima do trabalho, você deve empregar o número de

trabalhadores que proporciona produção total máxima da fábrica? Mostre

graficamente.

(c.) No longo prazo uma empresa pode mudar a escala de operação. Se a empresa tivesse

dobrado ambos os insumos (K e L) no mês de Natal, ao invés de somente dobrar a

quantidade de trabalhadores, os rendimentos de escala seriam crescentes, constantes ou

decrescentes? Justifique sua resposta.

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Questão 31. “Ares de Deserto” A baixa umidade do ar registrada em São Paulo no final do mês de agosto foi sentida por

todos. Segundo o CGE (Centro de Gerenciamento de Emergências) CGE esta é a maior

seqüencia de dias secos da década com o índice de umidade relativa do ar chegando a 12%,

limite do estado de emergência – semelhante ao do Deserto do Saara. A persistência do

tempo seco elevou significativamente a venda de umidificadores de ar. Nesta questão

discutimos a produção e os custos de uma fábrica pequena de umidificadores de ar. Suponha

que esta fábrica tenha a seguinte função de produção:

���, �� = �� � !� + "� − $% �%�

onde Q é a quantidade de umidificadores produzidos por dia, K representa número de

máquinas, A representa o nível da tecnologia, e L é a quantidade de trabalhadores usada na

produção. Suponha que no curto prazo � = %& ' � = &

(a.) Escreva as equações do produto total, produto médio e produto marginal.

(b.) Em situações normais de umidade do ar a empresa trabalha sempre em um nível de

produção em que a produtividade do trabalho é máxima. Quantos trabalhadores ela emprega

neste ponto? Neste caso, quantos umidificadores ela produz por dia?

(c.) Em função da persistência da baixa umidade do ar a demanda por umidificadores cresceu

subitamente de tal forma que a empresa teve que operar com capacidade máxima. Suponha

que em um único dia ela receba um pedido de 2000 umidificadores. Ela será capaz de atender

esse pedido no curto prazo? Quantos umidificadores a empresa consegue produzir, no

máximo? Quantos trabalhadores ela deve empregar para isto?

(d.) Explique a lei dos rendimentos decrescentes. Ela se aplica neste caso? Justifique. No caso

afirmativo, a partir de que ponto (número de trabalhadores) a empresa passa apresentar

rendimentos decrescentes?

(e.) Nos espaços correspondentes de sua folha de respostas, preencha o que é solicitado:

i. Gráfico 1: desenhe as funções de produto médio e produto marginal indicando os

pontos (produto e número de trabalhadores) que correspondem ao (A) produto médio

máximo, (B) produto marginal máximo e (C) produto marginal zero. (Obs: não é

preciso indicar os interceptos das funções, basta esboçá-las).

ii. Gráfico 2: na função de produção de curto prazo dada, indique os pontos (produto

total e número de trabalhadores) correspondentes pontos (A), (B) e (C) acima.

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Questão 32. A Gripe Suína e a Produção de Máscaras Recentemente, em função do surto de influenza do tipo A/H1N1 – a popularmente chamada

gripe suína –, a venda de máscaras cirúrgicas cresceu significativamente. Nesta questão

discutimos a produção e os custos de uma fábrica pequena de máscaras. Suponha que esta

fábrica tenha a seguinte função de produção:

Q (L,K) = AK (10L + 12L2 – 2L3)

onde Q é a quantidade de máscaras produzidas por minuto, K representa o tamanho da

fábrica, A representa o nível da tecnologia, e L é a quantidade de horas trabalhadas usada na

produção. Suponha que no curto prazo A = 1 e K = 5.

(a.) Escreva as equações e represente graficamente (em um mesmo eixo) as funções de

produto médio e de produto marginal.

(b.) Preencha a tabela abaixo, indicando o número de trabalhadores (L), a produção total (Q), o

produto médio (PMe) e o produto marginal (PMg) em cada um dos três cenários analisados:

L Q PMe = Q / L PMg = dQ/dL

1. Produto total (Q) é máximo

2. Produto médio (PMe) é máximo

3. Produto marginal é máximo

(c.) Desenhe, em um gráfico separado, a função de produção de curto prazo, e indique os

pontos que correspondem a (A) produto total (ou produção) máximo, (B) produto médio (ou

produtividade) máximo, (C) produto marginal máximo e (D) produto marginal zero.

(c.) Para qual nível de produção a fábrica terá produtividade do trabalho máxima? Quantas

horas trabalhadas ela emprega neste ponto?

(d.) Suponha que, em função do surto de gripe, a demanda por máscaras cresça subitamente

de tal forma que a empresa tenha que operar com capacidade máxima para suprir a demanda.

Quantas máscaras a empresa conseguirá produzir, no máximo? Quantas horas trabalhadas ela

deve empregar para isto?

(e.) Aumentando a produção da quantidade produzida no item (c.) para a quantidade produzida no item (d.), o que ocorre com o produto marginal do trabalho? Por que isto acontece?

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(f.) Explique a lei dos rendimentos decrescentes. Ela se aplica neste caso? Se sim, a partir de que ponto?

(g.) Suponha agora que a empresa consiga melhorar a tecnologia de produção no curto prazo, fabricando um maior número de máscaras por minuto sem a necessidade de comprar novas máquinas. Faça um esboço da função de produção inicial (com a tecnologia A = 1), e mostre graficamente, no mesmo gráfico, o que acontece com ela quando a tecnologia melhora.

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Questão 33. “Maricota Brigadeiro”

Brigadeiro só existe no Brasil. O doce ficou conhecido em 1945, durante a campanha do

brigadeiro Eduardo Gomes pelas eleições presidenciais. O doce de chocolate era apresentado

nas festas de campanha do político como o “preferido do brigadeiro”. Com o passar do tempo

ficou conhecido apenas como brigadeiro. Durante décadas o doce foi tratado, na culinária

brasileira, como um doce popular muito comum em festas infantis. Há cerca de três anos este

cenário se alterou: foi criado o primeiro ateliê do país especializado na produção do

“brigadeiro gourmet” - um brigadeiro sofisticado tanto na técnica como nos seus ingredientes.

Nesta questão discutimos as condições de produção de um pequeno e fictício ateliê

especializado na produção do “brigadeiro gourmet”. Admita a seguinte função de produção de

curto prazo em que a quantidade de fogões (F) é o insumo fixo no curto prazo e o número de

cozinheiras (C), o insumo variável:

−+= 32

3

1628),( CCCFACFQ

Q é a quantidade de brigadeiros produzidos diariamente, F é a quantidade de fogões e C é o

número de cozinheiras (para simplificar vamos desconsiderar os demais insumos de produção)

Suponha que A =1 e que no curto prazo a quantidade de fogões é fixa em 3 (F=3).

(a.) Escreva as equações do produto total, produto médio e produto marginal.

(b.) O ateliê recebeu um pedido de 2000 brigadeiros por dia. Ele conseguirá atender esse

pedido no curto prazo? Quantos brigadeiros o ateliê consegue produzir por dia, no

máximo? Quantas cozinheiras devem ser empregadas?

(c.) No ponto em que a produção é máxima, qual é a produtividade das cozinheiras? Este é o

maior nível de produtividade que pode ser atingido? Se não, qual seria esta produtividade

máxima?

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(d.) Explique a lei dos rendimentos decrescentes. Ela se aplica neste caso? Justifique. No caso

afirmativo, a partir de que ponto (quantidade diária de brigadeiros e número de

cozinheiras) a produção de brigadeiro apresenta rendimentos decrescentes?

(e.) Esboce a função de produção (produto total) de curto prazo indicando os pontos

(quantidade de brigadeiros e número de cozinheiras) que correspondem ao (A) produto

médio máximo, (B) produto marginal máximo e (C) produto marginal zero.

(f.) Suponha agora que o ateliê consiga melhorar a tecnologia de produção no curto prazo,

produzindo um maior número de brigadeiros por dia sem a necessidade de comprar novos

fogões. Esboce no gráfico acima o que acontece com a função de produção quando

ocorrem avanços tecnológicos.

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Questão 34. Produção e Custos no Longo Prazo: Carros Brasileiros

A Volkswagen do Brasil começou a produzir automóveis em 1953. O foto do lado esquerdo

mostra os primeiros fuscas produzidos no país. Desde então, a produção de automóveis no

Brasil tem aumentado drasticamente e cada vez novas tecnologias foram implementadas. O

foto do lado direito mostra uma fábrica moderna.

Suponha que a produção no setor automóveis no Brasil pode ser descrita pela seguinte função

de produção:

( = )�*. ,� = 100√103 *�/�,�/�

onde Q é a quantidade de automóveis produzidos por mês, K representa a quantidade de

fábricas, e L é a quantidade de trabalhadores.

(a.) Esta função de produção tem retornos de escala constantes, crescentes, ou decrescentes?

Justifique sua resposta.

(b.) Calcule a taxa marginal de substituição técnica (TMST ) e mostre que a TMST é decrescente

ao longo de uma isoquanta. Dê uma interpretação econômica desta característica.

(c.) No ano 2002, 150.000 automóveis foram produzidos por mês no Brasil. Dado que no curto

prazo K = 25, quantos trabalhadores serão necessários para produção desta quantidade, de

acordo com a função de produção acima?

(d.) Encontre as curvas de demanda por capital e trabalho, supondo que a empresa opere de

forma a minimizar seus custos.

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Suponha que cada fábrica é alugada ao custo (r) de R$9.720.000 por mês, e o custo salarial (w)

é de R$3.000 por trabalhador por mês. O custo dos automóveis é dado pelo custo dos

trabalhadores e das fábricas, mais R$16.760 por automóvel. Suponha que atualmente no Brasil

25 fábricas estão em funcionamento.

(e.) Quantas fábricas devem ser alugadas e quantos trabalhadores devem ser contratados para

produzir 150.000 automóveis, de forma a minimizar custos?

(f.) Ache a função de custos totais da empresa, considerando que r = R$9.720.000 e w =

R$3.000. Qual o custo médio de cada automóvel?

(g.) Neste setor, há fábricas que, além de automóveis, produzem também caminhões e ônibus.

Apresente uma possível justificativa para esse comportamento, do ponto de vista dos custos.

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Questão 35. Negócio da China

Um empresário do ramo de calçados possui fábricas idênticas no Brasil e na China. A fábrica do

Brasil atende basicamente ao mercado interno, enquanto na China a produção é totalmente

voltada para a exportação.

A função de produção de curto prazo de calçados em ambas as fábricas é dada por:

q (K,L) = A K1/2 (2L + 6L2 – 0,2 L3)

onde q é o número de pares de sapatos (em centenas) por mês de produção; K é o número de

maquinas (em centenas) e L é o número de funcionários por mês (em centenas).

Em ambos os casos ele dispõe de 400 máquinas (K=4), e o nível de tecnologia A = 1 vale tanto

para a fábrica no Brasil, como na China.

PARTE A

(a.) Como o custo de mão de obra é maior no Brasil, ele decide manter a fábrica brasileira

produzindo no nível em que a produtividade seja máxima, ou seja, em que cada trabalhador

produza o número máximo de pares de sapato no mês. Neste caso, quantos pares de sapatos

cada trabalhador brasileiro irá produzir? Quantos trabalhadores a empresa empregará no

Brasil?

(b.) Já a fábrica chinesa trabalha em plena capacidade, produzindo o maior número de sapatos

possível. Qual a produção na China? Quantos trabalhadores a empresa empregará na China?

(c.) Explique por que a produtividade no Brasil é diferente na China, comparando suas

respostas nos itens (a.) e (b.).

(d.) A partir de que produção a lei dos rendimentos decrescentes se aplica nas fábricas do

Brasil e da China?

PARTE B

Suponha agora que o empresário receba um pedido mensal, do Wal-Mart, de 210.000 pares

de sapato. O contrato com o Wal-Mart exige dedicação exclusiva, ou seja, a fábrica chinesa

deverá atender única e exclusivamente ao Wal-Mart. Considere ainda que não haverá

alteração no pedido do Wal-Mart no longo prazo.

Como o custo da mão de obra na China é menor, o empresário decide fechar a fábrica no Brasil

e transferir todas as máquinas brasileiras para a China, ampliando a fábrica chinesa. Para

facilitar os cálculos, considere agora que a função de produção no longo prazo na China possa

ser descrita por:

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q = AK1/2L1/2

onde: q é o número de pares de sapatos (em centenas) por mês de produção;

K é o número de máquinas (em centenas);

L é o número de funcionários por mês (em centenas);

A é o nível de tecnologia, sendo A=140.

(e.) Qual a curva de demanda por capital e por trabalho da nova fábrica chinesa (em função de

q, w e r), de forma a minimizar seus custos de produção? (Demonstre como chegou ao

resultado – não basta apenas colocar o resultado.)

(f.) Sabendo que a remuneração para o trabalhador na China é de US$100/mês e o custo de

uso do capital é US$ 900/mês, e que a fábrica deve produzir 210.000 pares de sapato por mês

(q = 2100), qual a quantidade de capital e trabalho que o empresário deveria utilizar, se

quisesse minimizar seus custos?

(g.) Operando de forma a minimizar custos, e assumindo que w = US$100/mês e r = US$

900/mês:

i. Qual a curva de custo total de longo prazo da empresa?

ii. Qual o custo médio? Qual o custo marginal?

iii. Qual o preço que coloca o setor no equilíbrio de longo prazo? Explique.

(h.) Como o empresário tem disponíveis 800 máquinas para operar (400 que ele já tinha na

fábrica da China mais as 400 que transferiu da fábrica brasileira), ele resolve utilizá-las todas

na produção. Neste caso (ou seja, com K = 8):

i. Quantos trabalhadores ele teria que contratar para atender ao pedido do Wal-Mart?

ii. Quanto custará, em média, fabricar cada par de sapatos agora?

iii. Você considera que o empresário tomou a decisão correta em transferir as 400

maquinas brasileiras para a China? Justifique sua resposta.

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Questão 36. Kadafi e o Etanol Brasileiro

A atual crise no norte da África, em especial, na Líbia (grande exportador de óleo cru)

ocasionou fortes altas no preço internacional do petróleo. Com um provável aumento no

preço da gasolina, seria razoável imaginar um aumento na demanda por combustíveis

alternativos, o que por sua vez acabaria estimulando o plantio da cana destinada ao etanol no

Brasil.

Admita a seguinte função de produção de curto de cana destinada ao etanol, em que a terra

(T) é o insumo fixo no curto prazo e o uso de fertilizante (F), o insumo variável:

−+= 32

6

13146),( FFFTFTQ

Q é a quantidade de cana em toneladas, T (terra) o número de hectares disponíveis para o

plantio, e F (fertilizante) é a quantidade de fertilizante em toneladas. (O número de máquinas

e trabalhadores são fixos por propriedade e podem ser desconsiderados.) Suponha que no

curto prazo o tamanho da propriedade é fixa em T=100 hectares.

(a.) Escreva as equações do produto total, produto médio e produto marginal.

(b.) Em função do aumento na demanda por etanol, os produtores de cana passaram a cultivar

as suas terras em sua capacidade máxima. Quantas toneladas de cana o produtor consegue

produzir, no máximo? Quantas toneladas de fertilizantes devem ser utilizadas?

(c.) No ponto em que a produção é máxima, qual é a produtividade do fertilizante? Este é o

maior nível de produtividade que a fazenda pode atingir? Se não, qual seria esta produtividade

máxima?

(d.) Explique a lei dos rendimentos decrescentes. Ela se aplica neste caso? Justifique. No caso

afirmativo, a partir de que ponto (toneladas de fertilizantes) a produção de cana apresenta

rendimentos decrescentes?

(e.) No longo prazo o produtor pode mudar a escala de produção. Se o produtor dobrar ambos

os insumos (T e F), a partir do nível de referência onde T=100 e F=1, os rendimentos de escala

seriam crescentes, constantes ou decrescentes? Justifique sua resposta.

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Questão 37. As Montadoras e a Crise Internacional

A crise financeira internacional tem se propagado rapidamente para a economia real, levando

a um colapso da demanda por diversos produtos. Uma das indústrias mais afetadas tem sido a

indústria automobilística americana, que há tempo já enfrenta problemas de competitividade.

Para se ter uma idéia da dimensão do problema, os Estados Unidos produziram em janeiro de

2009 menos da metade do número de carros do ano anterior. As três grandes montadoras

americanas – GM, Chrysler e Ford – estão em situação financeira complicadíssima,

apresentando prejuízos bilionários e recebendo maciça ajuda do governo americano para

evitar a falência. Nas questões a seguir analisaremos a dinâmica da indústria automobilística

no curto e no longo prazo. Suponha que a função de produção de automóveis de uma das

fábricas da GM possa ser dada por:

q (K,L) = AK(10L + 7L2 – 0,5L3)

onde q é a quantidade de carros produzidos por mês pela fábrica (em milhares), K é a

quantidade de capital (em mil horas-máquina) e L, a quantidade de trabalho (em milhares de

trabalhadores). Suponha que o nível de tecnologia seja A = 1, e o capital, fixo no curto prazo,

seja K =3.

(a.) Quantos automóveis a fábrica poderia produzir por mês, no máximo, no curto prazo?

(b.) Quantos trabalhadores a fábrica deve contratar, se quiser ter produtividade do trabalho

máxima?

(c.) Explique em suas próprias palavras a lei dos rendimentos marginais (ou retornos)

decrescentes. Considerando a função de produção da GM dada acima, a partir de qual nível de

produção a lei dos rendimentos marginais decrescentes se aplica?

Suponha que a empresa GM como um todo tenha a seguinte função de custo total:

CT = 60.500 + 39.200 q – 20 q2 + 4q3

onde q é a quantidade de carros produzidos pela empresa no ano, em milhões, e CT é o custo

total, em milhões de US$. Suponha que a indústria automobilística seja um mercado

perfeitamente competitivo, e, para simplificar, que exista apenas um modelo de automóvel

cujo preço de mercado tenha caído com a crise e esteja atualmente – por causa da crise –

atualmente em US$40.000.

(d.) Quantos automóveis a GM deve produzir de forma a maximizar seu lucro?

(e.) Qual lucro (ou prejuízo) a empresa terá?

(f.) Suponha que no curto prazo a GM não tenha como recuperar seu custo fixo. Ela deveria

continuar produzindo, considerando-se o preço atual de mercado (US$40.000), ou deveria

interromper a produção (fechar no curto prazo) até que as condições de mercado melhorem,

dispensando seus funcionários? Explique sua resposta.

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(g.) Se a GM acreditar que o preço do automóvel irá permanecer em US$40.000

indefinidamente, e assumindo que no longo prazo o custo fixo pode ser recuperado, ela

deveria continuar produzindo, ou fechar definitivamente suas fábricas? Explique sua resposta.

Suponha agora todas as montadoras no mercado norte-americano de automóveis produzem

sob condições idênticas, de acordo com a seguinte função de produção no longo prazo:

q = K1/2 L1/2

onde q é o número de automóveis produzidos por mês, em milhares, K é a quantidade de

capital (em mil horas-máquina) e L, a quantidade de trabalho (em milhares de trabalhadores).

(h.) A função se produção acima apresenta retornos de escala constantes, crescentes ou

decrescentes? Demonstre.

(i.) A função se produção acima apresenta rendimentos para cada fator (K, L) constantes,

crescentes ou decrescentes? Demonstre.

(j.) Qual a taxa marginal de substituição técnica (-dK/dL)?

(k.) Suponha que as montadoras de carros minimizam seus custos de produção no longo prazo.

O preço do capital (r) é US$16 e o preço do trabalho (w) é US$ 4. Suponha que antes da crise

cada montadora produzia 100 mil carros por mês (isto é, q=100). Responda:

i. Qual a escolha ótima de K e L no longo prazo, para produzir q=100?

ii. Qual o custo total da GM no longo prazo?

(l.) Suponha que com a crise internacional a demanda por automóveis de cada montadora caia

abruptamente. A montadora então precisa ajustar sua produção, reduzindo o número de

automóveis produzidos de q=100 para q=60. Porém, no curto prazo o insumo capital é fixo, e a

empresa continua a utilizar a quantidade de horas-máquina calculadas na questão anterior.

Dada esta informação, quantos trabalhadores a montadora deverá demitir no curto prazo para

ajustar o nível de produção?

(m.) Suponha que a quantidade produzida permaneça em q=60 indefinidamente. Com o passar

do tempo, a montadora tem condições de ajustar não apenas seu número de trabalhadores,

mas também o tamanho de suas fábricas (isto é, no longo prazo tanto o capital como o

trabalho são variáveis). Supondo que com o passar do tempo a montadora ajusta sua escolha

de K e L de tal forma que alcance a escolha ótima de longo prazo para q = 60, o que acontece

com o número de trabalhadores que a montadora empregará, em relação à pergunta anterior?

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Questão 38. Demitindo na Crise

Em 3 de dezembro de 2008, no auge da crise financeira internacional, o jornal “O Estado de

São Paulo” publicou a seguinte manchete: “VALE DEMITE FUNCIONÁRIOS - Companhia

também concederá férias a 5,5 mil trabalhadores no mundo.” A Vale, bem como a Embraer e

outras que enxugaram seus quadros em resposta à crise, foram amplamente criticadas por

sindicatos, por parte da imprensa e até pelo Presidente Lula, que chegou a ligar para o

presidente da VALE, Roger Agnelli, para questionar sobre as demissões. Apesar da repercussão

negativa, o ajuste do quadro de pessoal é uma resposta natural das empresas que buscam

maximizar seus lucros em momentos de retração da demanda. Nesta questão analisaremos

este problema.

Suponha que a função de produção da VALE possa ser dada por: Q(K,L) = AK0,4L0,6, onde Q é

a quantidade de minerais ferrosos produzido por mês (em milhares de toneladas), K é a

quantidade de capital (em mil horas-máquina) e L, a quantidade de trabalho (em milhares de

trabalhadores). Suponha que o nível de tecnologia seja A = 350. A remuneração para o insumo

trabalho é o salário por trabalhador (w) e a remuneração do insumo capital é o preço do

capital por hora (r).

(a.) Qual a curva de demanda por capital e por trabalho da VALE, supondo que ela minimiza

seus custos?

(b.) Antes da crise a VALE produzia 19.634 mil toneladas de minerais ferrosos por mês.

Supondo que o custo do trabalho (w) é R$2400 por trabalhador por mês e o custo do capital (r)

é de R$1200 por hora, quantos trabalhadores e quantas horas-máquina ela deve empregar de

forma a minimizar seus custos?

(c.) Com a crise, a demanda por minerais ferrosos caiu e a VALE decidiu ajustar sua produção

para 19.000 mil toneladas por mês.

(i.) Se o nível de capital no curto prazo permanece fixo, quantos empregados a

empresa deve demitir para ajustar-se à nova quantidade produzida?

(ii.) Em quanto aumentará o custo total médio da VALE?

(d.) Imagine que a VALE tenha a expectativa de que a crise seja duradoura, e que a quantidade

produzida permaneça em Q = 19.000 mil toneladas por mês indefinidamente. Assuma que o

salário e o custo do capital permanecem inalterados (ou seja, w = R$2400/mês e r =

R$1200/hora). Se quiser operar de forma a minimizar seus custos no longo prazo, a VALE deve

continuar com o mesmo número de funcionários calculado por você na questão anterior (item

c)? Justifique sua resposta, calculando quantos empregados devem ser contratados (ou

demitidos), se for o caso.

(e.) Esboce em um gráfico o caminho de expansão (ou, no caso, de retração) da VALE no curto

e no longo prazo, indicando as quantidades de cada insumo que devem ser usadas (A) antes da

crise, (B) depois da crise no curto prazo e (C) depois da crise no longo prazo.

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(f.) Baseando-se na função de produção do enunciado:

(i.) Encontre as curvas de produto médio do trabalho e produto marginal do trabalho.

(ii.) O que vem a ser a lei dos rendimentos decrescentes? Ela se aplica neste caso?

Demonstre.

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Questão 39. Homens de Lata

A Foxconn, maior fabricante mundial terceirizada de celulares,

tablets e videogames, planeja substituir a força de trabalho humana

por robôs. Segundo o jornal China Business News e o site Xinhuanet, a

companhia taiwanesa quer incluir 1 milhão de máquinas em suas

linhas de montagem dentro de 3 anos, substituindo trabalhadores em

serviços de rotina como pintura, solda e montagem de aparelhos.

O principal motivo para o uso de robôs, segundo Terry Gou, CEO da

Foxconn, em declaração ao jornal, é "reduzir custos com encargos

trabalhistas e melhorar a eficiência nas linhas de produção". A

decisão da Foxconn destaca a tendência crescente de automação na

indústria chinesa, à medida que o salário dos trabalhadores se eleva. Nesta questão

avaliaremos este assunto.

Suponha que a fábrica da Foxconn em Chengdu, na China, responsável pela fabricação dos

iPads, da Apple, produz de acordo com a seguinte função de produção:

Q = K0,5L0,5

onde q é a quantidade de tablets produzidos por mês, em milhares de aparelhos, K é o número

de robôs utilizados e L é a quantidade de trabalhadores empregados, em milhares.

(a.) Ache as curvas de demanda para os insumos K e L no longo prazo em função de Q, w e r,

supondo que a fábrica minimiza seus custos.

(b.) Quais são as funções de custo total, custo médio e custo marginal de longo prazo desta

fábrica? (Dica: as equações de custo estarão em função de Q, w e r).

(c.) Suponha que hoje a empresa produza 500 mil aparelhos/mês, que o salário em Chengdu é

de US$75 por trabalhador por mês e o custo de uso do capital é US$3 por robô por mês.

(i.) Quantos robôs e quantos funcionários a empresa deverá utilizar de forma a minimizar

seus custos? (ii.) Qual o custo médio por tablet produzido?

Imagine que, conforme a China se desenvolve e a demanda por trabalhadores aumenta, o

salário que a Foxconn paga sobe para US$300 por mês. Assumindo que a fábrica continua

produzindo 500 mil aparelhos/mês e que o custo do capital não mudou, responda:

(d.) Se a Foxconn continuar empregando o mesmo número de trabalhadores e robôs

calculados por você no item (c), qual será agora o custo médio por tablet produzido?

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(e.) Suponha agora que a Foxconn ajuste seu ‘mix’ de robôs e trabalhadores para responder à

elevação dos salários, de forma a minimizar seus custos totais de longo prazo. (i.) Quantos

robôs devem ser construídos neste caso? Quantos trabalhadores devem ser demitidos?

(ii.) Qual o novo custo médio por tablet produzido?

(f.) Se o mercado de manufatura de tablets fosse perfeitamente competitivo, com muitas

fábricas com estrutura de custos idêntica à de Chegdu, qual o impacto do aumento de

salário do trabalhador chinês de US$75 para US$300 no preço de equilíbrio de longo prazo

do tablet? Calcule.

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Questão 40. Satisfeitos...

O crescimento da economia brasileira e a redução da pobreza observada nos últimos anos têm

pressionado para cima a demanda por alimentos, em especial, aqueles que compõem a cesta

básica. Suponha hipoteticamente que a função de produção de uma empresa produtora de

um alimento típico da cesta básica possa ser expressa por:

2

1

2

1

),( KLKLQ =

onde Q é a quantidade de alimentos produzidos por mês (em mil toneladas), K é a quantidade

de capital (em mil horas-máquina) e L, a quantidade de trabalho (em mil trabalhadores). A

remuneração para o insumo trabalho é o salário por trabalhador (w) e a remuneração do

insumo capital é o preço do capital por hora (r).

(a.) Qual a demanda por capital e por trabalho, supondo que o produtor minimiza seus custos?

(b.) Antes da expansão da economia a empresa produzia 100 mil toneladas de alimentos por

mês. Supondo que o custo do trabalho (w) é R$16,00 por trabalhador por mês e o custo do

capital (r) é de R$25,00, quantos trabalhadores e quantas horas-máquina ela deve empregar

de forma a minimizar seus custos?

(c.) Com a expansão da economia e redução da pobreza, a demanda por alimentos aumentou

e a empresa decidiu ajustar sua produção para 120 mil toneladas por mês. No curto prazo,

quando nível do capital permanece fixo, quantos empregados a empresa deve contratar para

ajustar-se à nova quantidade produzida?

(d.) No longo prazo, quando trabalho e capital são variáveis, se a empresa quiser operar de

forma a minimizar seus custos, ela empresa deve continuar com o mesmo número de

trabalhadores calculado por você na questão anterior (item c)? Justifique sua resposta,

calculando quantos empregados devem ser contratados (ou demitidos), se for o caso. Quantas

horas máquina ela deve utilizar?

(e.) Compare os custos totais de curto prazo (item c.) e longo prazo (item d.)

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Questão 41. Concorrência Perfeita: Morangos... huummm! No Brasil, a produção de morangos se aproxima das condições dos mercados competitivos. O

preço nesse mercado é medido em reais (R$) por caixa. Suponha que uma fazenda produtora

de morangos apresente a seguinte função de custos totais de longo prazo:

CT = ½ q3 – 2 q2 + 5q

Onde q é a quantidade ofertada pela fazenda em 1000 caixas por ano.

(a.) Qual a função de custo médio e custo marginal? Escreva e desenhe estas funções,

indicando claramente a quantidade para qual CMg é mínimo e a quantidade para qual CMe é

mínimo.

(b.) Esta função de custo total apresenta custo fixo? Explique sua resposta, dando uma clara

definição do conceito “custo fixo”.

(c.) Suponha que o preço que prevalece no mercado de morangos é de R$ 5,00 por caixa.

Indique na figura no item (a.) a curva de receita marginal da empresa, dado que P=5. Calcule e

indique na figura qual quantidade de caixas de morango a fazenda vai produzir, maximizando

seus lucros econômicos.

(d.) Calcule e indique na figura qual o lucro econômico da fazenda. Explique a relação entre

lucro econômico e excedente do produtor. Por que nesse exercício os dois conceitos têm o

mesmo valor numérico?

(e.) Para o preço de R$ 5,00 podemos observar que a fazenda está auferindo lucro econômico

positivo. Sabemos que num mercado competitivo não há barreiras de entrada. Isto implica que

se alguma empresa estiver auferindo lucro, outras empresas vão entrar no mercado. Para qual

preço a fazenda aufere lucro econômico igual a zero? Calcule esse preço, e a produção

correspondente da fazenda.

Suponha que a demanda de mercado por morangos possa ser expressa pela seguinte equação:

P = 5 – 0,001 Q

Onde Q é a quantidade demandada no mercado de 1000 caixas por ano e P é o preço em R$

por caixa. Suponha também que todas as fazendas neste setor têm uma estrutura de custos

idêntica.

(f.) Qual o número de empresas que colocaria o setor em equilíbrio de longo prazo?

(g.) Imagine que a demanda de mercado para esse produto venha a apresentar uma

inesperada elevação. Qual é a curva de oferta de longo prazo? Mostre-a em uma figura.

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Questão 42. OWO e o Mercado de Sabão em Pó: Concorrência Perfeita, Custos de Curto e de Longo prazo

Com as mulheres participando de forma cada vez mais ativa no mercado de trabalho, as

vendas de máquinas de lavar roupas e de sabão em pó vêm se ampliando. O mercado

brasileiro de sabão em pó movimenta em torno de R$ 1,5 bilhões por ano e tem um potencial

de crescimento grande. O consumo per capita anual gira em torno de 3,65 Kg, enquanto na

Europa esse índice chega a 8,4 Kg. Vamos estudar aqui o mercado de sabão em pó e seus

custos tanto no curto como no longo prazo.

Suponha que o mercado desse produto seja caracterizado como perfeitamente competitivo.

CURTO PRAZO

(a.) A OWO é uma das empresas que faz parte desse mercado e tem uma curva de custo total

de curto prazo representada por:

CTCP = 2 + 2,4q + q2

onde q representa a quantidade de caixas de sabão em pó em milhões de unidades (106)

produzidas pela empresa. Sabe-se que, nesse período, o preço recebido pelos produtores de

sabão em pó é de R$ 6,40 por caixa.

i. Qual é a quantidade que maximiza o lucro da OWO?

ii. Qual é o lucro (ou prejuízo) da OWO no curto prazo?

(b.) Considerando que nesse mercado existem 100 empresas idênticas, com a mesma

estrutura de custos, qual é a equação que representa a curva de oferta agregada (oferta total)

desse mercado?

(c.) Sabendo-se que o preço P de mercado é de R$ 6,40 a caixa, qual é a quantidade de

equilíbrio do mercado no curto prazo?

LONGO PRAZO

(d.) Suponha que a equação de custo total de longo prazo da OWO seja:

CTLP = 0,5q3 – 2,5q2 + 9q

i. Qual quantidade deveria ser produzida pela OWO para colocar a empresa em

equilíbrio de longo prazo?

ii. Qual seria o preço de equilíbrio de longo prazo cobrado nesse mercado?

iii. Qual seria o lucro total (ou prejuízo) da OWO no longo prazo?

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(e.) Represente em um gráfico as curvas de custo marginal e custo médio da OWO, e indique o

preço e a quantidade que colocam a empresa em seu equilíbrio de longo prazo.

(f.) Suponha agora que uma empresa concorrente da OWO tenha lançado um novo sabão em

pó chamado Eriel Branco Total Radiante e que essa empresa afirme que seu sabão em pó é

diferente dos concorrentes porque deixa as roupas muito mais brancas. Assumindo que essa

afirmação seja realmente verdade, qual suposição básica de um mercado de concorrência

perfeita estará sendo violada? Explique sua resposta.

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Questão 43. Concorrência no setor de autopeças

Imagine que você abriu uma empresa que produz autopeças e as vende no mercado de

reposição, para oficinas. Suponha que existem 100 empresas neste setor, todas idênticas e

com a seguinte função de custos totais de curto prazo:

CTCP = q2 – 600q + 90.000

onde CT são os custos totais em US$ por autopeça e q é a quantidade de autopeças colocadas

no mercado pela empresa, em milhares de unidades por mês.

(a.) Você acredita que o mercado de autopeças é perfeitamente competitivo. Liste e explique

as características de um mercado perfeitamente competitivo.

(b.) Obtenha, a partir da curva de custos totais de curto prazo dada acima, a curva de oferta da

empresa. Coloque essa curva no formato Qoferta empresa = f (P)

(c.) Dado que no curto prazo existem 100 empresas no setor, todas com a mesma estrutura de

custos, use a curva obtida em (b.) para obter a curva de oferta do mercado.

Admitamos que a curva de demanda total do mercado para autopeças pudesse ser

representada pela seguinte função:

Q demanda total = 30.600 – 10P

onde P representa o preço em US$ por autopeça e Qdemanda total a quantidade de autopeças

demandada pelo mercado de reposição por mês.

(d.) Calcule o equilíbrio de mercado no curto prazo, mostrando o preço e a quantidade de

equilíbrio e o lucro e ou prejuízo de cada empresa.

Para o mesmo problema acima, admitamos agora que cada empresa tivesse uma curva de

custos totais de longo prazo que pudesse ser representada pela função

CT longo prazo empresa = Qempresa2 /10.000 + 160.000

Admitamos ainda que a curva de demanda fosse a mesma da primeira parte da questão.

(e.) Qual seria o lucro econômico de longo prazo num mercado competitivo?

(f.) Qual seria o preço e a quantidade de equilíbrio de longo prazo praticados pela empresa?

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Questão 44. Açúcar x Álcool Suponha que a produção de álcool em uma usina possa ser descrita pela seguinte expressão:

Q = 25 K0,5L0,5

onde Q é a quantidade de álcool produzida em litros, K é o capital empregado em reais e L, o

número de trabalhadores.

Suponha também que o preço de locação do capital seja r por mês, em reais, e que o custo da

mão de obra seja dado pelo salário mensal em reais, w.

(a.) A função de produção acima apresenta rendimentos de escala constantes, crescentes ou

decrescentes? Justifique.

(b.) A função acima apresenta rendimentos marginais decrescentes da mão de obra? E do

capital? Justifique.

(c.) Encontre a função demanda por mão de obra (em função de Q, w e r), de forma a minimizar seus custos de produção. (Demonstre como chegou ao resultado – não basta apenas colocar o resultado.)

(d.) Sabendo que a remuneração da mão de obra é de R$562.50/mês e o custo de uso do capital é R$0,1/mês, e que a fábrica deve produzir 1.500.000 litros de álcool, qual a quantidade de mão de obra que deveria ser empregada, de forma a minimizar os custos?

(e.) Com os mesmos insumos, esta empresa pode produzir açúcar; o máximo de açúcar que ela pode produzir é 1,5 tonelada. Esboce uma fronteira de possibilidade de produção para o caso em que não há economias de escopo.

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PARTE V – Bem Estar

Questão 45. Resumo das Políticas

(a.) Mercado (economia fechada) sem Intervenção do Governo

Indique na figura:

i. Preço e a quantidade de equilíbrio

ii. Excedente do produtor e do

consumidor

Preço

Quantidade

Oferta

Demanda

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82

(b.) Preço Máximo (ou Preço-Teto)

Indique na figura:

i. Linha do preço máximo (abaixo do

equilíbrio)

ii. Quantidades ofertada e demandada

ao preço máximo

iii. Novos excedentes do produtor e do

consumidor

iv. Ganhos ou perdas em termos de

excedente dos produtores e

consumidores (em relação à situação

de livre mercado – item (a.))

v. Peso morto

(c.) Preço Mínimo (ou Preço-Piso)

Indique na figura:

i. Linha do preço mínimo (acima do

equilíbrio)

ii. Quantidades ofertada e demandada

ao preço mínimo

iii. Novos excedentes do produtor e do

consumidor (assuma que os

produtores acumulam estoques)

iv. Ganhos ou perdas em termos de

excedente dos produtores e

consumidores (em relação à

situação de livre mercado)

v. Peso morto

Preço

Quantidade

Oferta

Demanda

Preço

Quantidade

Oferta

Demanda

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(d.) Preço de Garantia ou Suporte de Preço

Indique na figura:

i. Preço mínimo ao qual o governo

compra o excedente (acima do

equilíbrio)

ii. Quantidades ofertada e demanda ao

preço de garantia

iii. Novos excedentes do produtor e do

consumidor

iv. Ganhos ou perdas em termos de

excedente dos produtores e

consumidores (em relação à

situação de livre mercado)

v. Custo para o governo

vi. Peso morto

(e.) Salário Mínimo

Indique na figura:

i. Salário mínimo (acima do equilíbrio)

ii. Quantidades ofertada e demandada

de trabalho ao salário mínimo

iii. Desemprego

iv. Novos excedentes do produtor

(trabalhador) e do consumidor

(empresa)

v. Ganhos ou perdas em termos de

excedente dos trabalhadores e

empresas (em relação à situação de

livre mercado)

vi. Peso morto

Preço

Quantidade

Oferta

Demanda

Preço

Quantidade

Oferta

Demanda

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(f.) Imposto

Indique na figura:

i. Preço pago pelos compradores (PC),

preço recebido pelos vendedores (PV)

e imposto (t)

ii. Quantidades ofertada e demandada

com imposto

iii. Novos excedentes do produtor e do

consumidor

iv. Ganhos ou perdas em termos de

excedente dos produtores e

consumidores (em relação à

situação de livre mercado)

v. Receita tributária do governo

vi. Peso morto

(g.) Subsídio

Indique na figura:

i. Preço pago pelos compradores (PC),

preço recebido pelos vendedores (PV)

e subsídio (s)

ii. Quantidades ofertada e demandada

com imposto

iii. Novos excedentes do produtor e do

consumidor

iv. Ganhos ou perdas em termos de

excedente dos produtores e

consumidores (em relação à situação

de livre mercado)

v. Custo tributário do governo

vi. Peso morto

Preço

Quantidade

Oferta

Demanda

Preço

Quantidade

Oferta

Demanda

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(h.) Tarifa de Importação

Indique na figura:

i. Quantidades ofertada e demandada

com a economia completamente

aberta ao comércio

ii. Novo preço após a introdução da tarifa

(suponha este entre o equilíbrio

doméstico e o preço mundial)

iii. Quantidades ofertada e demandada

com preço após a introdução da tarifa

iv. Novos excedentes do produtor e do

consumidor

v. Ganhos ou perdas em termos de

excedente dos produtores e

consumidores (em relação ao livre comércio)

vi. Receita tributária do governo

vii. Peso morto

(i.) Cotas de Importação

Indique na figura:

i. Quantidades ofertada e demandada

com a economia completamente

aberta ao comércio

ii. Nova curva de oferta após a

introdução da cota

iii. Quantidades ofertada e demandada

após a introdução da cota

iv. Novos excedentes do produtor e do

consumidor

v. Ganhos ou perdas em termos de

excedente dos produtores e

consumidores (em relação ao livre comércio)

vi. Receita dos importadores e peso morto

Preço

Quantidade

Oferta

Demanda

Preço mundial

Preço

Quantidade

Oferta

Demanda

Preço mundial

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Questão 46. Governo anuncia Redução de Impostos para a Construção Civil (imposto ad valorem)

Em fevereiro de 2006, o governo federal anunciou a redução do Imposto sobre Produtos

Industrializados (IPI) de 26 produtos utilizados na construção civil, parte de um pacote de

medidas para estimular a aquisição da casa própria. O IPI é um imposto “ad valorem”. Em

alguns produtos, a alíquota do imposto ad valorem caiu de 12% para 5%, em outros de 10%

para 5%, ou de 5% para 0%.

A diferença entre imposto específico e imposto ad valorem é que o primeiro é um valor

absoluto arrecadado de cada unidade transacionada, enquanto o segundo é uma alíquota

percentual que se aplica ao preço.

Em termos algébricos:

QD = f (PC) e QO = f (PV)

Imposto Específico: PC = PV + t

Imposto Ad Valorem: PC = (1+0) PV

Onde PC é o preço pago pelo consumidor, PV é o valor que fica com o vendedor após o

pagamento do imposto, t é o imposto específico e 0 é a alíquota do imposto ad valorem.

Suponha que o mercado de cimento branco se aproxima das condições dos mercados

competitivos, e que a demanda e a oferta de cimento branco possam ser expressas por:

QD = 118 – 20PC

QO = –2 + 10PV

onde o preço (P) está em reais por saco de cimento branco e a quantidade (Q) em milhões de

sacos. Suponha que a alíquota do imposto ad valorem nesse produto era de 10% (0 = 0,1),

calcule:

(a.) O preço pago pelo consumidor (PC), o preço recebido pelo produtor (PV) e a quantidade

com o imposto.

(b.) A arrecadação do governo.

Suponha agora que com a nova política do governo, a alíquota do imposto ad valorem de

cimento branco caiu para 0%. Calcule:

(c.) O preço e a quantidade de equilíbrio sem imposto.

(d.) Mostre graficamente o impacto da retirada do imposto no bem-estar do consumidor, do

produtor, do governo e da sociedade como um todo, isto é, o efeito total no bem-estar.

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Questão 47. Aquecimento Global e o “Imposto Verde” (imposto específico)

Em dezembro de 2009 será realizada, em Copenhague, a 15ª Conferência das Partes das

Nações Unidas sobre Mudanças no Clima (mais conhecida como COP-15) para tomar decisões

em relação às medidas que serão adotadas pelos países para combater o aquecimento global,

a partir do ano de 2012.

Suponha que o Presidente Lula resolva antecipar algumas medidas que diminuam as emissões

de CO2 e que estabeleça um imposto por litro de gasolina, chamado de “imposto verde”.

Considere também que o mercado de gasolina seja perfeitamente competitivo, que a

demanda por gasolina seja representada pela equação Qd = 47,5 – 3P e a oferta pela equação

Qo = 30 + 4P, onde P é o preço em Reais (R$) por litro de gasolina e Q a quantidade de gasolina

em bilhões (109) de litros/ano.

(a.) Encontre o preço e a quantidade de equilíbrio. Desenhe as curvas de oferta e demanda e

indique o preço e a quantidade de equilíbrio no gráfico.

(b.) Suponha que o “imposto verde” introduzido por Lula seja de R$ 0,30 por litro de gasolina

(t=0,30).

i. Calcule o preço recebido pelo vendedor de gasolina (Pv) e o preço pago pelo

consumidor (Pc) por litro de gasolina, após a introdução do imposto.

ii. Represente Pv, Pc, t e a quantidade final com o imposto (Qf) no gráfico de item

(a.).

(c.) Considerando a situação inicial sem imposto e a situação final com o “imposto verde”:

i. Calcule a variação do excedente do consumidor em valores monetários;

ii. Calcule a variação do excedente do produtor em valores monetários;

iii. Qual será a receita obtida pelo governo com a arrecadação do imposto?

iv. Houve perdas ou ganhos em termos de bem-estar social (efeito total)? Mostre

seus cálculos e explique.

(d.) Alguns meses após a implantação do imposto verde, técnicos do governo percebem que

ele tem um impacto negativo sobre o crescimento da economia. O presidente, então, resolve

restituir aos contribuintes, enviando-lhes um cheque de forma que eles consigam comprar a

mesma cesta de produtos que compravam antes da vigência do imposto. Com esta restituição,

o governo consegue fazer com que o bem estar da sociedade volte aos níveis pré-imposto?

Explique.

(e.) Imagine que, com a introdução dos carros bicombustíveis (flex), a demanda por gasolina

tenha se tornado muito mais elástica, já que agora os motoristas têm mais flexibilidade para

escolher entre álcool e gasolina. O que acontece com a distribuição do ônus do imposto entre

consumidores e produtores (suponha que a oferta permaneça inalterada)?”

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Questão 48. Vote em Mim! (imposto específico)

Imagine que você seja candidato a presidente do Brasil nas Eleições de outubro de 2010, e

uma das questões fundamentais em seu programa de governo é a política tributária. Seus

assessores insistem que a arrecadação deve ser mantida, de forma a financiar o

funcionamento da máquina governamental, os programas sociais, pagar as contas da

previdência, etc., mas ao mesmo tempo você teme que o excesso de impostos acabe

sufocando a produção e prejudicando o crescimento econômico. Para sair deste dilema e

conseguir propor uma reforma tributária realmente inovadora e eficiente, você contrata o Mr.

Dead Weight, renomado microeconomista americano, para ajudá-lo a decidir quais setores da

economia você pode taxar com menor impacto em termos de bem-estar.

A primeira alternativa é taxar fortemente bens supérfluos como iates, helicópteros e jatos

particulares. Seus assessores são entusiastas desta alternativa, dizendo que os impostos

incidirão sobre quem tem renda sobrando para pagá-los, ao invés de prejudicar o trabalhador

pobre e honesto. Mr. Dead Weight, entretanto, diz que uma política como esta seria

ineficiente, e para mostrá-lo sugere o seguinte exemplo.

Suponha que o mercado de helicópteros possa ser representado por:

QD = 1200 – 3P

QO = – 200 + P

onde P é o preço em milhares de reais e Q a quantidade de helicópteros, em milhares. (a.) Se você impuser um imposto de R$100 mil (t=100) por helicóptero, a ser pago pelos

compradores, qual será quantidade comercializada? Qual o preço que o comprador paga?

Quanto o produtor recebe?

(b.) Com quem fica a maior parte do ônus? Explique por quê. (Obs: É necessário calcular o ônus

que recai sobre consumidores e produtores.)

(c.) Quantos jatos deixam de ser comercializados com a introdução do imposto?

(d.) Desenhe as curvas de oferta e demanda, e indique claramente a variação dos excedentes

do consumidor e do produtor com a introdução do imposto. Calcule estas variações. (Obs:

para obter créditos totais é preciso indicar os interceptos das curvas em seu gráfico).

(e.) (i.) Qual o peso morto da medida? Calcule. (ii.) Defina peso morto. (iii.) Explique o que

causa o peso morto.

(f.) (i.) Mr. Dead Weight estava certo sobre a ineficiência da política? Explique sua resposta. (ii.)

Se você pudesse escolher uma classe de bens para taxar de forma a minimizar o peso morto,

qual seria? Dê exemplos concretos de bens que você considera boas escolhas neste sentido.

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Questão 49. Argentina Anuncia Retirada de Subsídios Duas semanas após ser reeleita, a presidente da

Argentina, Cristina Kirchner, iniciou a implementação

de ajustes da política econômica de seu marido e

antecessor, Nestor Kirchner (2003-2007). Entre as

medidas estão o fim dos subsídios até então

concedidos às entidades financeiras, aeroportos,

extração mineral, portos e telefonia móvel, além de

serviços públicos, tais como água, gás, eletricidade e

transportes. Tais medidas visam um maior controle das contas públicas.

Desde 2003, quando Néstor Kirchner foi eleito, a concessão de subsídios se tornou bastante

usual. Para que a população não sinta o impacto da inflação (25% segundo estimativas

privadas, 9% segundo o governo), o Estado vem custeando parcialmente muitos serviços. O

governo arca com a diferença entre o que o consumidor paga e o real custo do serviço.

Nesta questão utilizaremos o mercado um bem “Z” hipotético no intuito de avaliar o impacto

da dos subsídios sobre o bem estar. Suponha que este mercado seja perfeitamente

competitivo e que a demanda e oferta de “Z” sejam expressas por:

Qd = 200 - 0,5 Pc Qo = -100 + Pv

onde Pc é o preço pago pelo consumidor, Pv é o preço recebido pelos produtores (em pesos

por unidade) e Q é a quantidade em milhares de unidades.

Suponha que o subsídio atualmente concedido aos produtores de “Z” seja de 10 pesos por

unidade (s = 10).

(a.) Calcule o preço pago pelos consumidores (Pc), o preço recebido pelos produtores (Pv)

e a quantidade comercializada com o subsídio (quando necessário utilize duas casas

decimais).

(b.) Neste caso, quem mais se beneficia com o subsídio para cada unidade do bem Z

comercializada, o produtor ou o consumidor? O que determina quem mais se apropria

desse benefício?

(c.) Suponha agora que o governo elimine o subsídio concedido. Encontre o preço e a

quantidade de equilíbrio.

(d.) Desenhe as curvas de oferta e demanda e mostre, no gráfico e em uma tabela, o

impacto da retirada do subsídio sobre o bem estar do consumidor, do produtor, do

governo e da sociedade como um todo, isto é, o efeito total no bem estar. Utilize

letras para indicar as diversas áreas. Não é preciso calcular valores.

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(e.) Calcule o custo para o governo da política de subsídio e o peso morto, se houver, em

valores monetários.

(f.) Alguns analistas sugeriram que, para atenuar o impacto da retirada dos subsídios, o

governo argentino deveria adotar, em certos casos, um programa de transferência

direta de renda.

(i.) Qual o valor total (em pesos) que o governo teria que transferir aos

consumidores e produtores do bem “Z” para que eles fiquem com o mesmo

bem estar que teriam com a política de subsídio?

(ii.) Qual o custo para a sociedade (i.e., qual o peso morto), se houver?

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Questão 50. Laptops Subsidiados (Preço máximo, subsídio, suporte direto de renda)

O governo brasileiro desenvolveu recentemente um programa para subsidiar laptops para

alunos da rede pública de ensino, com o objetivo de disseminar o uso destes equipamentos

entre crianças e jovens de baixa renda, facilitando o aprendizado e tornando-os mais

capacitados para competir em um mercado de trabalho que valoriza cada vez mais

conhecimentos na área de informática.

Nesta questão analisaremos o custo para o governo e para a sociedade de um programa deste

tipo. O mercado que analisaremos é o de laptops de baixo custo, desenvolvidos pelos

produtores especialmente para atender o nicho de alunos de baixa renda, e que conta com

recursos simplificados em relação aos modelos tradicionais.

Suponha que o mercado de laptops de baixo custo seja perfeitamente competitivo, e possa ser

descrito pelas seguintes curvas de oferta e demanda:

Qo = -2 +0,1P

QD =20,5 -0,05P

Onde Q é a quantidade de laptops em milhares e P, o preço em R$ de um laptop.

(a.) Se o governo não interferir neste mercado, qual o preço e a quantidade que prevalecerão,

no equilíbrio?

(b.) Suponha agora que o governo coloque um subsídio de R$50 (i.e., s = 50) no preço do

laptop. Calcule:

(i) O preço pago pelos alunos (PP)

(ii) O preço recebido pelos vendedores (PR) de laptop

(iii) A quantidade de laptops que serão comercializados

(iv) O custo total para o governo da política

(v) O custo para a sociedade (i.e., o peso morto), se houver

(vi)

(c.) Represente graficamente as curvas de oferta e demanda após a introdução do subsídio,

indicando:

(i) O preço pago pelos compradores (PP) e recebido pelos vendedores (PR)

(ii) A variação do excedente do consumidor (em relação à situação sem subsídio)

(iii) A variação do excedente do produtor (em relação à situação sem subsídio)

(iv) O custo total para o governo da política

(v) O peso morto (se houver)

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(d.) Alternativamente o governo poderia adotar uma política de preço máximo, limitando o

valor que os produtores podem cobrar pelos laptops. Suponha que o governo estabeleça um

preço máximo para os laptops de R$PP, ou seja, o mesmo preço que os alunos pagavam no

item (b.) com a introdução subsídio. Calcule:

(i) A quantidade de laptops que serão comercializados

(ii) A escassez ou o excedente, se houver

(iii) O custo para a sociedade (i.e., o peso morto), se houver

(e.) Represente graficamente as curvas de oferta e demanda após a introdução do preço

máximo, indicando:

(i) O preço máximo (PP)

(ii) A variação do excedente do consumidor (em relação à situação sem interferência

do governo)

(iii) A variação do excedente do produtor (em relação à situação sem interferência do

governo)

(iv) O peso morto (se houver)

(f.) Por fim, suponha que ao invés de subsídio ou controle de preços, o governo dê a cada

aluno um valor em dinheiro (política de suporte direto de renda). Responda:

(i) Qual o valor total (em R$) que o governo teria que transferir ao conjunto de alunos

de baixa renda para que eles fiquem com o mesmo bem estar que teriam com a

política de subsídio descrita no item (b.)?

(ii) Qual o custo para a sociedade (i.e., qual o peso morto), se houver?

(g.) Compare os custos para o governo e a sociedade das três políticas (subsídio, preço

máximo e suporte direto de renda) e seus impactos na quantidade e preço dos laptops. Qual

política você adotaria?

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Questão 51. Salário Mínimo, Encargos Trabalhistas e Bem Estar (Preço Mínimo e Ônus de um Imposto)

Uma questão importante para o mercado de trabalho é o impacto da fixação de um salário

mínimo sobre o desemprego e o bem-estar de trabalhadores e empresas. Avaliamos este

assunto na Parte A. Outra questão muito debatida é sobre quem recai a maior parte da carga

fiscal sobre a folha: sobre o trabalhador ou sobre a empresa. Será que alterar a proporção

segundo a qual empresas e trabalhadores contribuem ao INSS faz sentido? Analisamos isto na

Parte B.

PARTE A

Podemos representar o mercado de trabalho de forma simplificada utilizando nosso esquema

padrão de oferta e demanda. Pense em um mercado em que o “bem” comercializado são

horas trabalhadas; trabalhadores representam o lado da oferta deste mercado, ou seja,

“produzem” horas trabalhadas, e as empresas, o lado da demanda, “consumindo” estas horas

trabalhadas. O preço do bem é o salário.

O mercado de trabalho é bastante complexo. Para simplificar, suponha que este mercado é

perfeitamente competitivo, que trabalho pode ser considerado um bem homogêneo, e que os

salários são livremente ajustados para cima e para baixo de acordo com a dinâmica das leis de

oferta e demanda. Suponha que as curvas de demanda e oferta de trabalho possam ser

descritas por:

QLD = 160 – 2Pw

QLO = – 2 +Pw

onde a quantidade de trabalho (QL) é dada em milhões de trabalhadores, e o Pw é o preço do

trabalho (ou salário), em reais por dia trabalhado.

(a.) Desenhe estas curvas de oferta e demanda de trabalho e indique o equilíbrio. Quantos

trabalhadores estão empregados? Qual salário eles recebem por dia?

O governo decidiu estabelecer um salário mínimo (isto é, um preço mínimo para Pw) de R$ 60

por dia, com objetivo de melhorar o bem estar de todos os trabalhadores.

(b.) Indique o preço mínimo no seu gráfico no item (a.) e faça uma análise de bem-estar,

mostrando claramente neste gráfico: (1) a variação no excedente do trabalhador (ou

“produtor” de horas trabalhadas); (2) a variação no excedente do empregador (ou

“consumidor”); (3) o excesso (isto é, o desemprego) ou a escassez de trabalho (isto é, a falta de

trabalhadores); (4) o peso morto. (Obs.: Utilize letras, para facilitar a análise. Não é preciso

calcular valores numéricos.)

(c.) De acordo com este modelo, o governo conseguiu alcançar seu objetivo de “aumentar o

bem estar de todos os trabalhadores”? Explique sua resposta.

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PARTE B

O governo brasileiro financia os benefícios da previdência social (aposentadoria, salário

maternidade, auxílio-doença, etc.) com os impostos arrecadados pelo INSS (Instituto Nacional

do Seguro Social)11. Os sindicatos trabalhistas argumentam que, se o objetivo da previdência

social é aumentar o bem estar dos trabalhadores, então faria mais sentido que o recolhimento

fosse realizado exclusivamente pelas empresas. Por sua vez, alguns representantes dos

sindicatos patronais defendem a idéia de que estes encargos deveriam ser pagos pelos

trabalhadores, uma vez que elevam o custo do trabalho, aumentando o custo de produção e

reduzindo, por conseguinte, o emprego.

Para nossa análise, suponha inicialmente que as empresas recolham ao INSS um imposto ad

valorem de 30% sobre o salário pago. Isto pode ser descrito pela seguinte equação:

PwR = (1 – t) Pw

P

onde PwR é o salário recebido pelo trabalhador, e Pw

P, o salário pago pela empresa. A alíquota

do imposto (t) é 0,3 (ou seja 30%). As curvas de demanda e oferta de trabalho são as mesmas

da Parte A. Entretanto, com a introdução do imposto passamos a ter dois preços, ou salários,

distintos: enquanto a demanda por trabalho pelas empresas depende do salário pago (PwP,), a

oferta de trabalho pelos trabalhadores depende do salário recebido (PwR).

(d.) Qual o novo salário recebido pelos trabalhadores (Pw

R).? Qual o novo salário pago pelas

empresas (PwP)? Quantos trabalhadores são empregados?

(e.) Desenhe novamente o gráfico do item (a.) e indique neste gráfico o salário recebido pelos

trabalhadores e o salário pago pelas empresas. Faça uma análise de bem-estar, mostrando

claramente no gráfico: (1) a variação no excedente do trabalhador (ou “produtor” de horas

trabalhadas); (2) a variação no excedente do empregador (ou “consumidor”); (3) a arrecadação

pelo INSS; (4) o peso morto. (Obs.: Utilize letras, para facilitar a análise. Não é preciso calcular

valores numéricos.)

(f.) Usando esses cálculos, sobre quem recaiu principalmente a carga fiscal neste caso?

Explique sua resposta, calculando exatamente quanto do ônus neste caso recaiu sobre

trabalhadores e quanto recaiu sobre as empresas.

(g.) Dada a análise no item (f.), o que você pode dizer sobre o efeito da forma de recolhimento

do imposto ao INSS (pelos empregadores versus pelos trabalhadores)? De forma geral, quem

fica com a maior parte da carga fiscal de um imposto? Explique sua resposta.

(h.) Toda a análise de bem estar feira anteriormente assume que o mercado de trabalho é

perfeitamente competitivo. Você acredita que este pressuposto é razoável? Explique.

11 Atualmente no Brasil cerca de 30% do salário bruto de um trabalhador é tributado para financiar a previdência sendo: 8% a 10% referentes à parcela do trabalhador e 20% a 22,5% referentes à parcela do empregador.

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Questão 52. Importação e a Produção Doméstica de Aparelhos de DVD (Cota e Tarifa de Importação)

O preço mundial de um DVD-player é aproximadamente US$100. Nesta questão exploramos

como as flutuações na taxa de câmbio afetam o bem-estar do produtor e do consumidor

brasileiro, e qual o impacto de uma política protecionista do governo no bem-estar.

No início do governo Lula a taxa de câmbio (R$/US$) era R$3,00 por US$. Assim, o preço

mundial em reais (R$) de um DVD-player era R$300. Admitindo-se mercado competitivo,

considere que a oferta anual de DVD-players produzidos no Brasil seja descrita por QO = 950 +

2,5P. Já a demanda de DVD-players no Brasil pode ser descrita por QS = 4700 – 10P , onde Q é a

quantidade de DVD-players em mil unidades e P o preço em reais (R$).

(a.) Qual o equilíbrio no mercado brasileiro de DVD-players? Qual a quantidade importada?

No ano passado a taxa de câmbio reduziu-se para R$2,20 por US$. Como o preço mundial do

DVD-player em dolares permaneceu em US$100, o preço mundial em reais (R$) de um DVD-

player caiu para R$220.

(b.) Quantos DVD-players foram importados no Brasil com a redução do preço?

(c.) Qual a redução no número de empregos nesse setor no Brasil, fruto da maior importação

de DVD-players, admitindo-se que cada operário produz 1000 DVD-players por ano?

O governo, descontente com o aumento do desemprego no setor, estuda impor uma cota de

importação, de tal forma que se crie 100 novos empregos no setor de DVD-players.

(d.) Quantos DVD-players deverão ser importados por ano, caso a cota de importação seja

imposta?

(e.) Neste caso, haverá alteração no preço interno do DVD-player? Em caso afirmativo, qual

será o novo preço do DVD-player no Brasil?

(f.) O governo também está em dúvida entre criar uma cota ou adotar uma tarifa de

importação. Considerando ainda o desejo de criar 100 novos empregos, mostre graficamente

(num esboço) a variação do bem-estar, com adoção de cota e de tarifa de importação. Qual

destas duas políticas tem menor custo social, isto é, menor efeito total no bem-estar, para o

Brasil? (Obs.: não é preciso calcular valores.)

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Questão 53. Exportações Brasileiras para Argentina na Panela de Pressão (Cota e Tarifa de Importação)

Neste ano de 2004, o governo argentino resolveu restringir as importações da chamada “linha

branca”, que inclui geladeiras, fogões e máquinas de lavar do Brasil, alegando que muitos

produtores da Argentina estavam falindo, por não terem condições de concorrer com os

produtores brasileiros. Nesta questão avaliaremos o impacto desta política sobre o bem-estar

na Argentina. Para simplificar nossa análise, consideramos apenas o mercado de fogões na

Argentina. Supomos que a Argentina é um importador de fogões, e o Brasil o único exportador

desse produto para aquele mercado. Adicionalmente, vamos supor que este mercado é

competitivo.

Em 2003 foram vendidas 400 mil fogões na Argentina, a um preço mundial de 500 pesos por

fogão. Desse total vendido, 30% foram importados do Brasil (120 mil fogões por ano). Suponha

que as funções de demanda e oferta doméstica na Argentina possam ser representadas

respectivamente por:

Qd = 900 − P

Qo = −420 +1,4 P

Onde P representa o preço em pesos e Q a quantidade em mil fogões.

(a.) Desenhe as curvas de demanda e oferta. Indique o preço de 500 pesos, a quantidade

importada, e calcule o preço e quantidade de equilíbrio se o mercado fosse fechado.

(b.) Qual a elasticidade-preço da demanda no ponto P=500 e Q=400? Dê uma interpretação

econômica deste valor.

(c.) Suponha que em 2004 as curvas de demanda e oferta na Argentina são as mesmas do que

as curvas dadas acima para 2003, mas considere agora que a Argentina estipulou uma quota

de 90 mil fogões que poderiam ser importados do Brasil em 2004.

i. Indique no gráfico do item (a.) a quota. Qual será o novo preço por fogão? Indique

esse preço também no gráfico. Nesse ponto a demanda ficou mais ou menos elástica

em relação ao preço, em comparação com sua resposta no item (b.)? Explique sua

resposta.

ii. Calcule as variações no excedente do consumidor e do produtor em comparação com

a situação sem restrição às importações.

iii. Calcule o peso morto (ou seja, o efeito total do bem-estar). Qual a interpretação

econômica do peso morto?

iv. A quota conseguiu atingir o objetivo do governo argentino de proteger os produtores

domésticos? Explique sua resposta.

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(d.) Em vez de usar uma quota, o governo poderia ter optado pela imposição de uma tarifa de

importação.

i. Qual tarifa de importação reduziria as importações na mesma quantidade que a cota?

ii. Em comparação com a cota, o impacto no bem-estar na Argentina seria diferente?

Explique sua resposta, calculando as diferenças, se houver.

iii. O que é melhor para a Argentina em termos de bem-estar: reduzir as importações

através de uma política de quotas ou tarifas? Explique sua resposta.

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Questão 54. Abaixo as bugigangas! (Tarifa de importação) A crise internacional vem fortalecendo movimentos protecionistas ao redor do mundo. Parece natural que, em momentos de dificuldade econômica, políticos tendam a proteger suas indústrias nacionais – e os empregos que estas geram – da concorrência externa através da introdução de cotas e tarifas. Até nos Estados Unidos, um dos países mais abertos ao comércio internacional, congressistas se mobilizam para pedir maior proteção. O alvo principal: a China, é claro. Muitos economistas, entretanto, advertem sobre tais políticas, ressaltando que ganhos de comércio importantes podem ser desperdiçados. Nesta questão analisaremos o efeito de políticas protecionistas sobre o bem estar de uma pequena sociedade importadora. Imagine que Bugigangópolis é um pequeno país aberto ao comércio internacional. Suponha que a oferta e demanda domésticos de bugigangas podem ser dados por:

QD = 100 – 0,5P QO = -5 + 10P

Onde o preço é dado em dólares por unidade, e a quantidade em milhares de unidades. Suponha que o preço mundial da bugiganga é US$7. (a.) Represente em um gráfico a demanda doméstica, e as ofertas doméstica e internacional.

(b.) Indique no gráfico e calcule a quantidade de bugigangas que é importada com a economia

completamente aberta ao comércio. Qual o preço cobrado?

(c.) Com a crise internacional, os políticos locais conseguem mobilizar a opinião pública e

defendem uma tarifa sobre bugigangas importadas de US$2 por unidade. Quantas unidades

seriam importadas agora? Qual o novo preço praticado? Quanto seria produzido

domesticamente? Quanto seria consumido internamente?

(d.) Preencha a tabela abaixo, com base no gráfico feito por você anteriormente (utilize letras

para indicar as áreas):

Livre-comércio Com Tarifa Variação

Excedente do Consumidor

Excedente do Produtor

Governo

Excedente Total

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(e.) Calcule as variações nos excedentes do consumidor e do produtor. O que estes valores

significam?

(f.) Haveria peso morto com a introdução da tarifa? Se sim, de quanto? Defina e explique o que

causa o peso morto.

(g.) Voltemos agora ao cenário de livre-comércio (ou seja, antes da aplicação da tarifa).

Suponha que a totalidade das importações de Bugigangópolis seja proveniente da China, e que

este país seja o único fornecedor deste tipo de bem no mercado internacional. Muitos

economistas alegam que a taxa de câmbio chinesa – controlada pelo governo deste país – está

excessivamente desvalorizada, fazendo com que seus produtos fiquem artificialmente mais

competitivos no mercado internacional. Imagine que, se a taxa de câmbio chinesa passasse a

ser determinada pelo mercado (e não controlada pelo governo), ela se desvalorizaria de forma

que os produtos chineses ficariam 28,6% mais caros quandos determinados em dólares.

Quantas bugigangas seriam importadas agora?

(h.) Muitos políticos em Bugigangópolis defendem a adoção da tarifa de importação para

produtos chineses como retaliação à política cambial mencionada em (g.). Em termos de bem

estar, você acha que esta idéia faz sentido? Explique.

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Questão 55. O Dilema de Patópolis

Alguns bens são tão essenciais ao funcionamento da

economia que um aumento em seu preço causa enormes

impactos para sociedade. Um caso clássico é o petróleo.

Quando o preço do petróleo sobe significativamente, como

vem ocorrendo nos últimos anos, os governos são

pressionados a adotar políticas para proteger os

consumidores de seus impactos.

Suponha que Patópolis é uma pequena economia aberta ao

comércio internacional importadora de petróleo, cujo

mercado doméstico pode ser descrito pelas seguintes curvas

de oferta e demanda:

QD = 440 – 2P e QO = -10 + P

onde Q é a quantidade de petróleo em milhares de barris por ano e P o preço, em dólares por

barril. Estas curvas estão desenhadas em sua folha de respostas; utilize este gráfico para

auxiliá-lo a responder as questões que seguem.

(a.) Inicialmente o preço mundial do petróleo é de US$80 por barril. Faça uma análise de bem

estar, indicando os excedentes do consumidor, do produtor e total, em milhares de US$,

considerando a economia completamente aberta ao comércio internacional.

(b.) Suponha agora que o preço internacional do petróleo aumente para US$120 por barril. (i.)

As importações de petróleo aumentam ou diminuem? Quanto? (ii.) E o bem estar da

sociedade, aumenta ou diminui? Explique (não é preciso calcular a variação do bem estar

neste caso, apenas a variação das importações).

(c.) Tentando proteger consumidores dos elevados preços do petróleo, o governo de Patópolis

estuda fixar um preço máximo (ou preço-teto) equivalente ao preço mundial antes do

aumento (US$80). (i.) Haverá importações nesse caso? Se sim, de quanto; se não, por quê? (ii.)

Faça uma análise de bem estar, indicando os excedentes do consumidor, do produtor e total,

em milhares de US$, com a introdução da política de preço máximo.

(d.) Insatisfeito com o resultado da política de preço máximo, o governo resolve criar uma

estatal – a PATOBRÁS – que comprará no mercado internacional petróleo suficiente para

suprir a escassez gerada pela política do item (c.), e o venderá em Patópolis ao preço máximo

de US$80. Faça uma análise de bem estar, indicando os excedentes do consumidor, do

produtor, o custo do governo e o excedente total, em milhares de US$, com a criação da

PATOBRÁS.

(e.) Interprete os dados de bem estar calculados anteriormente: o governo consegue,

utilizando a política de preço máximo, ou esta combinada à atuação da PATOBRÁS, fazer com

que a economia volte à situação de bem estar que tinha antes? Explique por que isto acontece.

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PARTE VI – Poder de Monopólio e Precificação Avançada

Questão 56. Diferentes Markups no Mercado Varejista de Cimento (Markup e Índice de Lerner)

Os consumidores pagam pelo mesmo produto num mesmo mercado, diferentes preços e essas

diferenças são estáveis ao longo do tempo. Por exemplo, o mercado de cimento na cidade de

São Paulo. Nas grandes lojas varejistas pode-se adquirir o saco de 50 kg do cimento, de uma

dada marca, por R$11,90, à vista.

No pequeno varejo - lojas de materiais de construção com raio de mercado relativamente

pequeno - esse mesmo produto é adquirido pelo preço de R$ 13,90/saco, também preço à

vista. Pode-se admitir que para uma ampla faixa de volume de comercialização, o tamanho da

loja e o número de funcionários permanecem fixos, de forma que o custo variável relevante

corresponde ao custo de reposição do produto, ou seja, ao preço que o varejista paga no

atacado. Suponha que esse custo variável não difere entre o pequeno e o grande varejo e que

seja de R$10,00/saco. Suponha, ainda, que os comerciantes de cimento fixam preço no varejo

como “um simples markup sobre o custo marginal”.

(a.) Calcule a elasticidade-preço da demanda nos dois segmentos de mercado, e explique a

relação dessa variável com a diferença no preço entre o grande e o pequeno varejo de

cimento.

(b.) Calcule o índice de Lerner para esses dois segmentos de mercado. Qual a interpretação

econômica do índice de Lerner e o que você pode concluir, baseado nos valores desse índice

calculado nesse item, para esses dois segmentos do mercado do cimento?

(c.) A partir do índice de Lerner calculado, é possível concluir sobre qual dos dois segmentos de

mercado tem maior lucro econômico por unidade de cimento comercializado? Justifique a sua

resposta.

O começo da Microsoft,

1978: Onde Está o Billy???

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Questão 57. Soja Transgênica, Monopólio e Bem-Estar (Monopólio)

Há uma grande discussão a respeito da soja transgênica no Brasil. O governo autorizou há

alguns anos, através de medida provisória, a comercialização e o plantio de semente de soja

transgênica no Sul do país. A única empresa que, no momento, atua no mercado de semente

de soja transgênica é a MONSANTO. Suponha que a equação de demanda potencial de

mercado por sementes de soja transgênica no Brasil é:

P = 24 – 0,5Q

sendo P o preço em dólares por saca (US$/saca) e Q a quantidade medida em milhões de sacas

por ano. A equação de custo total é representada por:

CT = 8Q

(a.) Desenhe as curvas de demanda (ou seja, a curva de receita média, RMe), receita marginal

(RMg), custo médio (CMe) e custo marginal (CMg) no mesmo gráfico (Obs: não faça um gráfico

muito pequeno, porque ele será utilizado em outros itens da questão).

(b.) Calcule e represente no gráfico feito no item (a.), o preço e a quantidade capazes de

maximizar os lucros do monopolista, bem como o lucro econômico (o lucro total, não por

unidade) do monopolista.

(c.) Suponha que a patente da MONSANTO prescreva e que o governo brasileiro, através de

sua empresa de pesquisa agropecuária, a EMBRAPA, comece a produzir semente de soja

transgênica para vender no mercado nacional a preço competitivo (isto é, ao preço que

vigoraria se o mercado fosse de concorrência perfeita). Qual seria o novo preço e qual seria a

nova quantidade de equilíbrio? Calcule e represente no gráfico feito no item (a.) esse preço e

quantidade.

(d.) Calcule e represente no gráfico feito no item (a.) o custo social (isto é, o peso morto)

associado ao exercício do poder de mercado por parte do monopolista, que o país incorreu até

a entrada da EMBRAPA no mercado. (Dica: compare a situação de monopólio com a de

concorrência perfeita).

(e.) Partindo da situação dada no item (c.), suponha agora que o governo imponha regras de

rastreamento e identificação da soja transgênica, e que tais regras incorram em acréscimo de

US$ 6 por saca de semente ao custo médio de produção, os quais serão arrecadados pelo

governo. Considere que funciona da mesma forma que um imposto de US$ 6 por saca. Calcule

e represente no gráfico feito no item (a.):

i. o novo preço de equilíbrio;

ii. a nova quantidade de equilíbrio de semente transgênica;

iii. a variação do excedente do consumidor;

iv. a variação do excedente do produtor;

v. a arrecadação do governo;

vi. a variação total do bem-estar (ou seja, efeito total de bem-estar).

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103

Questão 58. Medicamentos Genéricos

Em 1999, a Lei 9.787 permitiu a fabricação dos remédios “genéricos” no Brasil. Com a lei,

passaram a co-existir no Brasil três classes de medicamentos:

• Medicamentos de referência: correspondente aos medicamentos registrados, de qualidade oficialmente comprovada, produzido pelo laboratório detentor da patente original;

• Medicamento similar: aquele que contém o mesmo princípio ativo, apresenta a mesma concentração, forma farmacêutica, etc... do medicamento de referência, podendo diferir somente em características relativas ao tamanho e forma do produto, prazo de validade, embalagem, rotulagem, excipientes e veículos; e

• Medicamento genérico: medicamento similar a um produto de referência, geralmente produzido após a expiração da proteção patentária, cuja qualidade também é oficialmente comprovada.

Este problema explora os efeitos econômicos da introdução de medicamentos genéricos em

determinado mercado12. Por simplicidade, a questão não considera o impacto da classe de

medicamento similar.

Suponha que a equação de demanda de determinado medicamento de referência, sem

genérico (nem similar) é:

124

2P Q= −

sendo P o preço em reais por cartela de 20 unidades e Q a quantidade medida em milhões de

cartelas por ano. A equação de custo total pode ser representada por:

8CT Q=

Suponha que tal medicamento ainda esteja sob proteção da patente, o que confere ao

laboratório que o produz o status de monopolista da produção deste medicamento.

(a.) Determine preço e quantidade que laboratório praticará nesse mercado. Calcule também o lucro das vendas.

Suponha que tal medicamento fosse de comercialização proibida, sendo que sua

administração fosse restrita a uso médico, em hospitais. Suponha também que determinado

hospital privado resolveu cobrar pelo medicamento preço elevado, mas oferecendo descontos

diferenciados por paciente, segundo as condições financeiras de cada paciente (descontos

12 Quem estiver interessado em uma exposição esclarecedora do impacto da entrada dos genéricos no mercado brasileiro, sugerimos a leitura de NISHIJIMA, Marislei e Geraldo BIASOTO Jr (2003): “Os preços dos medicamentos de referência após a entrada dos medicamentos genéricos no mercado brasileiro”, que está disponível na Internet, em: http://www.anpec.org.br/encontro2003/artigos/D29.pdf

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menores para pacientes mais ricos). Considere também que este hospital tenha condições de

avaliar, com algum grau de precisão, as condições financeiras de cada paciente.

(b.) Que tipo de discriminação de preços o hospital estaria praticando? Explique sua resposta.

(c.) Do ponto de vista da quantidade de medicamentos negociados (e, portanto, da universalização do acesso ao medicamento), em comparação com a quantidade no item (a), a prática discutida no item (b) seria desejável? Explique.

Com a entrada dos remédios genéricos, outras empresas puderam ofertar remédios genéricos,

do mesmo princípio ativo, e de qualidade igualmente comprovada. Suponha que o governo

tenha pretendido tabelar o preço desse medicamento genérico.13

(d.) Determine o preço que o governo estabeleceria para esse medicamento genérico se ele pretendesse que tal medicamento fosse comercializado a um preço competitivo. Qual será a quantidade negociada a esse preço? Calcule também o valor em reais (R$) do ganho de bem-estar, se houve, em comparação com item (a). Do ponto de vista de bem-estar social, a entrada de remédios genéricos ao preço competitivo seria desejável? Explique.

13

Na verdade, o preço dos medicamentos genérico, no Brasil, não é regulamentado.

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Questão 59. A Pousada na Ilha Vera Cruz (Monopólio, Discriminação de 1º grau e Preço Regulado)

Pedro, João e Joaquim são proprietários de uma única pousada na Ilha Vera Cruz. Pedro quer

obter o maior lucro econômico possível, calculando um preço único. João, o mais ganancioso,

quer praticar perfeita discriminação de preços de primeiro grau. Joaquim quer calcular o preço

como se fosse um mercado competitivo. Antônio, o prefeito, preocupado com os custos sociais

do monopólio, estuda fixar um preço-teto para a pousada.

A pousada se defronta com a seguinte curva de demanda:

P = 200 – Q

Os custos totais são dados por:

CT = Q2

(O preço da diária está em R$ e a quantidade representa o número de hóspedes/dia).

(a.) Desenhe as curvas de demanda, receita marginal, custos marginais e custos médios deste monopólio.

(b.) Calcule e mostre graficamente o preço e a quantidade que atendam aos desejos de Pedro e Joaquim. Calcule e mostre graficamente o peso morto (ou seja, a perda de bem estar social) da decisão de cada um, se houve, e os lucros econômicos de cada um.

(c.) Indique num novo gráfico as combinações de preço e quantidade que atendam os desejos de João. Nesse caso, o que aconteceria com os excedentes do consumidor e do produtor? Mostre graficamente o peso morto (se houver) e compare os lucros econômicos de João com os de Pedro e Joaquim. Qual dos três proprietários consegue o maior lucro econômico?

(d.) Se o prefeito Antônio controlasse a decisão de preço da pousada, qual preço máximo ele imporia, se tivesse como objetivo maximizar o bem estar social?

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Questão 60. Faturando com a Desgraça Alheia (Discriminação de 1º grau)

Dr. Rolando Lero é um famoso advogado criminalista que atende políticos, banqueiros,

socialites e médicos endinheirados, enrolados com a lei. Famoso por tirar seus clientes da

cadeia em tempo recorde, inigualado por qualquer de seus concorrentes, seus serviços são

muito procurados – e, obviamente, bem remunerados.

Imagine que Dr. Lero se defronta com a seguinte curva de demanda por seus serviços:

P = 600 – Q

onde P é o valor em R$ cobrado por hora de serviços e Q, o número de horas faturadas no

mês. Seus custos totais são:

CT = 1,5 Q2

(a.) Qual o preço e a quantidade que maximizam o lucro de Dr. Lero, supondo que ele cobra

um mesmo valor por hora de todos os clientes.

(b.) Desenhe as curvas de demanda, receita marginal, receita média, custo marginal e custo

médio de Dr. Lero, e indique neste gráfico o (i) preço único e a quantidade que maximizam seu

lucro, (ii) o lucro de Dr. Lero e (iii) o excedente do consumidor.

(c.) Dr. Lero logo percebe que existe uma oportunidade de aumentar seus ganhos cobrando

um preço diferente de cada cliente, com base na maior ou menor gravidade e urgência do caso

específico. Que tipo de discriminação de preços Dr. Lero estaria praticando? Explique.

(d.) Se Dr. Lero efetivamente conseguir aplicar a política de discriminação de preços

mencionada no item (c.), calcule e indique no gráfico do item (b.):

i. Quanto Dr. Lero deverá cobrar de cada cliente

ii. Quantas horas por mês Dr. Lero irá faturar (Q)

iii. O lucro que Dr. Lero terá aplicando discriminação de preços

iv. O excedente do consumidor

(e.) Você acha que Dr. Lero conseguiria, na prática, aplicar perfeitamente a discriminação de

preço pretendida? Por quê?

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Questão 61. You Can’t Always Get What You Want...

Você foi contratado para definir os preços a serem cobrados do próximo show dos Rolling

Stones, no Morumbi. Na primeira reunião de trabalho – e com seus conhecimentos de

microeconomia – você se comprometeu a estudar a várias opções de preços, dentre as quais:

Opção 1 – Vender todos os ingressos por um preço único

Opção 2 – Separar o público no gramado e na arquibancada, cobrando preços

diferenciados

Você sabe ainda que o aluguel do estádio do Morumbi foi orçado em R$ 2 milhões por show e

os custos variáveis foram estipulados em Q2, onde Q é a quantidade de ingressos vendidas

(em milhares), ou seja, C = 2000 + Q2.

Depois de um minucioso estudo de mercado, você concluiu que a demanda para a

arquibancada poderia ser descrita por QA = 150 – (1/2) PA e a demanda para o gramado

descrita por QG = 270 – (3/2) PG, onde Q é a quantidade de ingressos em milhares, e P, o preço

em reais.

(a.) Quais serão o preço e o lucro do show, se você praticar um único preço (opção 1)?

(b.) (i.) Quais serão o preço e o lucro do show, se os públicos forem separados em gramado e

arquibancada (opção 2)? (ii.) Que tipo de discriminação de preços será praticada, neste caso?

Você considera agora a hipótese de vender os ingressos através de telemarketing, buscando

cobrar o maior preço possível de cada comprador. Para isso, existe a possibilidade de contratar

os serviços de Mãe Dinah, que promete desenvolver um software com propriedades extra-

sensoriais capaz de descobrir o preço reserva de cada fã dos Rolling Stones. Imaginando que

isto seja possível, responda às próximas questões. Considere a demanda total como a soma

das demandas de gramado e arquibancada (desconsidere a demanda quebrada).

(c.). Quantos ingressos seriam vendidos utilizando o software de Mãe Dinah?

(d.) Qual seria o lucro neste caso?

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Questão 62. BomGás em Bemlândia e a Discriminação de Preços (Discriminação de 2º grau e Preço Regulado)

A empresa privada BomGás é único fornecedor de gás encanado no país Bemlândia. A

demanda por gás encanado tem basicamente dois segmentos: famílias e empresas. Dado que

empresas consomem aproximadamente 80% do gás encanado no país e a BomGás pratica uma

política de precificação diferente para famílias e para empresas, distinguimos nesta questão

apenas a demanda de gás encanado pelas empresas no Bemlândia e a política de precificação

que BomGás adota nesse segmento do mercado.14

Para simplificar, suponhamos que há N empresas idênticas na indústria nesse país, cada uma

com uma demanda individual por gás encanado, que pode ser descrita pela seguinte equação:

P = 225 – (1/2)q

onde P é o preço em centavos por metro cúbico de gás, e q a quantidade medida em metros

cúbicos de gás por mês por empresa na indústria. Suponha ainda que o custo marginal do

monopolista BomGás é de 100 centavos por metro cúbico, e que BomGás tem um custo

adicional por empresa na indústria de 3300 centavos por mês. Ou seja, o custo total que

BomGás tem por empresa na indústria pode ser descrito pela seguinte equação:

CT = 3300 + 100q

onde q é a quantidade em metros cúbicos por mês por empresa e CT em centavos por mês por

empresa.

(a.) Suponha que BomGás cobra de cada empresa um preço único pelo gás. Calcule o preço

que maximiza o lucro da BomGás, a quantidade e o lucro por empresa.

(b.) Desenhe a curva de Receita Marginal (RMg) e Custo Marginal (CMg) e indique o preço e

quantidade de equilíbrio capazes de maximizar o lucro da empresa, conforme calculado no

item (a). Indique também o lucro econômico no gráfico.

A BomGás decide cobrar 3 preços diferentes por faixas de consumo de cada empresa,

aplicando discriminação de preços de segundo grau. Ela decide cobrar um preço para o

consumo de até 50 metros cúbicos por mês, outro preço a partir de 50 e até 150 metros

cúbicos e outro preço ainda a partir de 150 metros cúbicos.

14 Fornecedores de gás encanado não praticam a mesma política de precificação para famílias e empresas. Por exemplo, ComGás cobra para empresas que têm uma demanda maior um preço mais baixo por metro cúbico, enquanto ela cobra para famílias com demanda maior um preço mais alto por metro cúbico. Por isso não analisamos os dois segmentos ao mesmo tempo nesta questão. No Brasil também aproximadamente 80% do consumo de gás é pelas empresas, em vez de famílias. Os preços dos fornecedores de gás são regulados no Brasil.

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(c.)

i. Calcule os preços P1 , P2 e P3 que a empresa deve adotar para as faixas de 0-50, 50-150

e acima de 150 metros cúbicos respectivamente, e indique esses preços por faixa de

quantidade em um gráfico.

ii. Calcule e indique na mesma figura o novo lucro econômico.

iii. Em quanto aumentou (ou diminuiu) o lucro da empresa ao praticar esta discriminação

de preços de 2º grau?

iv. O mercado para gás encanado virou mais eficiente ou menos eficiente com esta

precificação? Justifique sua resposta.

O governo de Bemlândia tem entre seus objetivos de política econômica promover a eficiência

econômica e eliminar o excesso de lucro (isto é, lucro econômico, também chamado lucro

absurdo ou lucro monopolístico) de empresas no seu país. Para alcançar esses objetivos, o

governo resolve controlar os preços da BomGás, impondo a cobrança de um preço único.

(d.)

i. Qual é o preço de regulamentação que o governo adota nesta intervenção? Mostre

seu calculo!

ii. Com esse preço o governo conseguiu zerar o peso morto? E o governo conseguiu zerar

o lucro econômico? Justifique suas respostas.

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Questão 63. Precificação Avançada no Setor de Energia Elétrica (Discriminação de 2º grau e Preço Regulado)

O setor de energia elétrica se divide em dois segmentos principais: geração e distribuição. No

segmento de distribuição atuam empresas como a Eletropaulo, que administram os postes e

fios que transportam a energia até os consumidores finais. Já empresas de geração de energia,

como Furnas, são proprietárias das usinas hidrelétricas ou termelétricas que produzem a

energia.

O setor de distribuição pode ser considerado um monopólio natural. Em países onde este

setor é predominantemente controlado por empresas privadas, como o Brasil, os preços que o

monopolista pode cobrar são normalmente regulados pelo governo. Já o setor de geração não

é – por natureza – um monopólio natural. No Brasil esse setor torna-se cada vez mais

competitivo à medida que empresas privadas começam a concorrer com as tradicionais

empresas estatais, como Eletrobrás e Cemig. Analisaremos a seguir cada um destes

segmentos.

DISTRIBUIÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA

A Eletropaulo é a empresa responsável pela distribuição de energia na cidade de São Paulo,

vendendo o produto no “varejo” para consumidores finais como residências e indústrias.

Suponha que sua curva de demanda pode ser descrita pela seguinte equação:

P = 350 – 0,05Q

e sua função de custos totais por:

CT = 100.000 + 150Q

onde o preço (P) é dado em reais por MWh e a quantidade (Q), em milhares de MWh por mês.

(a.) Represente em um mesmo gráfico as curvas de demanda, custo marginal e custo médio da Eletropaulo.

(b.) Calcule e indique no gráfico do item (a.) o preço e a quantidade que seriam praticados, se a empresa operasse em um mercado de perfeita competição.

(c.) A Eletropaulo, entretanto, é um monopólio. Suponha que o governo não controlasse o preço cobrado pela Eletropaulo. Calcule e indique no gráfico o preço e a quantidade que a empresa monopolista cobraria de forma a maximizar seu lucro, bem como este lucro, assumindo que a empresa cobra um único preço de todos os consumidores.

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(d.) As empresas de distribuição de energia utilizam diversas formas de discriminação de preço, cobrando, por exemplo, preços diferentes por tipo de consumidor (residencial, industrial, comercial, etc.). Suponha que elas apliquem também discriminação de preço de segundo grau, cobrando para cada faixa de consumo um preço diferente segundo a seguinte escala de consumo:

Bloco 1: consumo de 0 a Q1 MWh por mês

Bloco 2: consumo de Q1 a Q2 MWh por mês

Bloco 3: consumo de Q2 a Q3 MWh por mês

i. Encontre Q3, ou seja, o limite superior da maior faixa de consumo que empresa irá praticar.

ii. Sabendo que Q1 = 500 e Q2 = 1000, encontre os preços que a empresa deve cobrar de cada um dos três blocos, de forma a maximizar seu lucro aplicando discriminação de preços de segundo grau. Indique estes valores no gráfico do item (a.)

iii. Calcule o lucro econômico da empresa, O lucro aumentou ou diminuiu em relação à situação de preço único? Por quê?

(e.) Sabendo que se trata de um monopólio natural, o governo, através da agência reguladora Aneel, estabelece regras regulamentando o preço que a empresa pode cobrar através de um sistema de preço-teto. Supondo que o governo queira maximizar a eficiência econômica (ou seja, minimizar o peso morto), qual preço-teto o governo irá estabelecer? (Assuma que seria um único preço para todos os consumidores.) O governo consegue zerar o peso morto nesse caso? Explique sua resposta.

GERAÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA

Vamos considerar agora o mercado atacadista de energia. Atualmente, produtores (geradores)

e consumidores (distribuidoras) comercializam energia livremente em um mercado aberto que

funciona como uma espécie de bolsa de valores, a Câmara de Comercialização de Energia

Elétrica.

(f.) A distribuição de energia pode ser caracterizada por um monopólio natural; já a geração de energia, não. Na verdade, o setor pode ser bastante competitivo, com preços determinados livremente por ofertantes e compradores, como tem acontecido na Câmara de Comercialização de Energia Elétrica. Dê uma clara definição de um monopólio natural e explique por que este monopólio natural surge na distribuição (varejo) e não na geração (atacado) de energia.

(g.) Empresas geradores de energia cobram um preço diferente para os horários de pico (entre 18:00 e 21:00 horas) em comparação com os demais horários do dia. Nos horários de pico a demanda para energia elétrica é muito maior, pois os consumidores acendem as luzes, assistem televisão e tomam banho em seus chuveiros elétricos. Por que motivos uma empresa aplica uma política de preço de pico? O que diferencia este tipo de precificação da discriminação de preços intertemporal tradicional?

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Questão 64. O Gasoduto Brasil-Bolívia

A figura acima mostra esquematicamente

o Gasoduto Brasil Bolívia, que começa

perto de Santa Cruz de La Sierra, vai até

Paulínia, de lá até Porto Alegre. Observe

que entre Guararema e Paulínia há a

interligação com o Gasoduto que vem de

Campos/RJ.

O Gasbol é de propriedade da Petrobrás,

que transporta gás natural da Bolívia até

os “citygates” (como são conhecidas as

saídas do gasoduto nas cidades), onde é

vendido para as distribuidoras, que comercializam o produto ao consumidor final (indústrias,

residências, termelétricas,...). O transporte de gás natural, por meio de dutos, é monopólio

natural.

(a.) Em que situações ocorre monopólio natural?

i. Cmg decrescente ii. Cmg constante

iii. Subaditividade de custos iv. Cmg = zero v. Todas as anteriores

(b.) Existem três maneiras usuais de se cobrar o transporte de gás natural. A primeira é cobrar

uma tarifa proporcional à distância. A segunda, chamada de “tarifa postal”, é cobrar uma tarifa

única, igual em todos os “citygates”. A terceira, conhecida como “entrada/saída”, permite à

empresa transportadora cobrar tarifas diferentes em cidades diferentes, adequando o preço à

demanda específica de cada região. A cobrança do tipo “entrada/saída” corresponde a que

estratégia de precificação?

(c.) Imagine que a Petrobrás pudesse cobrar pelo esquema de “entrada/saída”. Suponha que

elasticidade da demanda de gás pelo GasBol na cidade de Rio Claro (pólo ceramista, que utiliza

gás natural para porcelanato) seja baixa (não há substituto), e que em Paulínia (onde se

localiza a Refinaria de Paulínia – Replan), seja alta (concorre com o gás de refinaria, óleo

combustível e com o gás natural proveniente de Campos/RJ). Por exemplo,

ERio Claro= –1,2; EPaulínia = –3

Utilizando-se da regra prática de determinação de preços em monopólio, qual será a relação

PRioClaro/PPaulínia?

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(d.) Na verdade, a tarifa cobrada pelo transporte de gás natural pela Petrobrás é a tarifa

postal, mas o valor é regulamentado pela ANP. Suponha que a demanda em Rio Claro e em

Paulínia sejam:

QRC = 600 – 0,2PRC; QP = 199 – 0,3PP

Preços estão em dólares por milhares de m3/dia, quantidades em milhares de m3/dia.

Suponha também que o custo fixo seja igual a 1.000 dólares por mil m3/dia, e que o custo

marginal seja 1 dólar por mil m3/dia transportado.

Considere que a demanda total seja a soma das demandas de Rio Claro e de Paulínia. Qual

seria o preço regulamentado pela ANP?

(e.) No documento “Descrição da metodologia de cálculo das tarifas de transporte de gás

natural”, disponível no site da ANP, encontra-se o seguinte parágrafo:

Examinando o texto, o critério da ANP é compatível com o que você aprendeu sobre

regulamentação de preços em monopólio natural? Explique.

(f.) A partir do citygate, o gás natural chega aos consumidores finais (residências, comércio,

indústria) por intermédio das distribudoras. Em São Paulo, o mercado está geograficamente

dividido entre três distribuidoras: a Comgás, a SãoPauloSul e a Gás Brasiliano. A regulação a

partir do citygate não é mais atribuição da ANP, mas da ARSESP (Agência Reguladora de

Saneamento e Energia de São Paulo). No site da ARSESP, encontra-se o seguinte texto sobre as

tarifas cobradas pelas distribuidoras:

“As tarifas de distribuição do gás canalizado são de competência do estado, por intermédio da ARSESP, a Agência Reguladora de

Saneamento e Energia de São Paulo.

O critério utilizado é o de Tarifas Tetos, instituindo as Margens Máximas, que representam os preços máximos a serem praticados

pelas concessionárias.

As classes de tarifas obedecem o critério volumétrico e são aplicáveis, conforme os grupos de segmentos de usuários: a) Classes de

1 a 10; b) Gás Natural Veicular; c) Segmento Industrial; d) Pequena Cogeração; e) Cogeração e Termoelétricas e f) Interruptível.”

Que tipo de estratégia de precificação subentende-se pelo trecho “As classes de tarifas

obedecem o critério volumétrico e são aplicáveis, conforme os grupos de segmentos de

usuários”

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Questão 65. Já Comprou seu Ingresso para as Olimpíadas? (Discriminação de preços e Preço Regulado)

O Brasil inteiro celebrou quando a candidatura carioca a sede dos jogos Olímpicos de 2016

superou as rivais Madri, Tóquio e Chicago. Em uma sexta-feira histórica, a cidade do Rio de

Janeiro conquistou um monopólio: o direito exclusivo de vender ingressos para os jogos que

reúnem as maiores estrelas do esporte mundial, nas mais diversas modalidades.

Imagine que você tenha sido contratado pelo Comitê Olímpico Brasileiro (COB) para definir os

preços dos ingressos para a festa de abertura das Olimpíadas do Rio, no Maracanã. Apesar de

todo o “espírito olímpico” envolvido, você foi informado que o objetivo do COB é maximizar o

lucro com a venda de ingressos. Suponha que o custo de organizar a festa possa ser dado por:

CT = 18.000.000 + 50Q

Onde o custo é dado em reais e a quantidade, em número de ingressos.

A curva de demanda por ingressos é: P = 500 – 0,0025Q, com o preço em reais por ingresso.

(a.) Qual o preço que maximiza o lucro do COB com a festa? Quantos ingressos serão

vendidos? Qual o lucro que o COB terá?

(b.) Defina monopólio natural. A festa de abertura pode ser considerada um monopólio

natural? Explique.

(c.) Imagine agora que o governo decida regular o preço que o COB pode cobrar, de forma que

mais pessoas possam assistir à festa. Que preço o governo estabeleceria? Quantos ingressos

seriam comercializados neste caso?

(d.) Compare os efeitos para o Bem Estar das duas situações: monopólio (item a.) e

regulamentação de preços (item b.). Existe peso morto em cada um dos casos? Se, sim calcule

e explique o que causa o peso morto.

(e.) Após muita discussão, o governo desistiu de regular o preço dos ingressos. Você então

volta a seus estudos sobre como maximizar o lucro do monopolista e, lembrando do que você

aprendeu nas suas aulas de Microeconomia, você avalia a possibilidade de aplicar alguma

forma de discriminação de preços, cobrando preços diferentes de brasileiros e estrangeiros. Se

a elasticidade-preço da demanda por ingressos por parte de brasileiros for -1,5, enquanto a de

estrangeiros for -1,1, e a curva de custos continua a mesma dada no enunciado, qual preço

você deve cobrar de brasileiros? E de estrangeiros?

(f.) Que tipo de discriminação de preço está sendo praticada no item (e.)? A discriminação de

preços aumenta ou reduz o lucro do monopolista? Explique por quê.

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Questão 66. Um Monopolista de Creme Anti-rugas no Mercosul (Discriminação de 3º grau)

Suponha que uma empresa de cosméticos detém o monopólio de um creme anti-rugas no

Brasil e na Argentina, na época em que o livre comércio entre os dois países ainda não era

possível. Uma pesquisa feita pela empresa mostrou que a demanda para o creme anti-rugas no

Brasil é diferente da demanda para o mesmo creme na Argentina. A demanda no Brasil pode

ser expressa por QDBrasil = 360 – 6 PBrasil. Na Argentina a demanda para o creme é expressa por

QDArgentina = 360 – 3 PArgentina. A empresa tem a seguinte função de custos totais: CT = 10.000 +

6Qtotal. Observe que o preço é em reais por pote de creme anti-rugas e a quantidade é em mil

potes por mês.

(a.) Explique sob quais condições (são duas!) a empresa estaria capaz de aplicar discriminação

de preços de 3º grau. Nesse caso, estas duas condições estão presentes?

(b.) Supondo que a empresa consegue discriminar preços, quais preços a empresa cobra no

Brasil e na Argentina a fim de maximizar seus lucros? Quantos potes de creme anti-rugas a

empresa vende em cada mercado? Qual será o lucro total do monopolista neste caso?

Com a formação do Mercosul,, o monopolista perdeu a possibilidade de discriminar o preço

cobrado para seu produto no Brasil e na Argentina.

(c.) Explique por quê com a formação do Mercosul a empresa perdeu a possibilidade de cobrar

um preço diferente aos consumidores brasileiros e argentinos (ou seja, avalie qual ou quais

condições mencionadas no item (a.) não está/estão presentes pós-Mercosul.)

(d.) Obtenha a curva de demanda total para creme anti-rugas. Qual preço único a empresa

deverá cobrar agora em ambos os mercados a fim de maximizar seus lucros? Quantos potes de

creme anti-rugas a empresa venderá no total? Qual será o lucro total da empresa nesse caso?

(e.) Os consumidores como um todo ganharam ou perderam bem-estar nesse mercado devido

à formação do Mercosul? Calcule as mudanças os excedentes dos consumidores brasileiros e

argentinos para justificar sua resposta.

(f.) E o bem-estar total da sociedade (brasileira e argentina em conjunto), aumentou ou

diminuiu com a nova política de preços? Calcule o efeito no bem-estar total para justificar sua

resposta.

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Questão 67. Estacionamento para Estudantes na Rua Itapeva (Discriminação de 3º grau)

Os estacionamentos ao redor da FGV praticam discriminação de preços de terceiro grau,

cobrando preços menores para usuários que apresentarem carteira de estudante da FGV. Para

simplificar a questão, suponha que uma única empresa monopolista seja proprietária dos

estacionamentos perto da FGV.

(a.) O que essa política de precificação por parte do dono do estacionamento implica com

relação às elasticidades-preço da demanda por estacionamento dos estudantes e dos demais

usuários? Explique sua resposta.

Suponha que a demanda de vaga em estacionamentos de estudantes e de não estudantes seja

expressa, respectivamente, por:

Qe = 1600 – 20 Pe

Qne = 1000 – 10 Pne

Onde Qe é a quantidade demandada de vagas mensais de estacionamento (meio período) por

parte dos estudantes e Qne é a dos não-estudantes. O preço está em reais por mês.

Adicionalmente, considere que o custo fixo mensal do estacionamento seja de R$ 20.000, e

que o custo marginal seja R$ 20.

(b.) Qual é o preço que o dono de estacionamento cobra dos estudantes? E de não

estudantes? Qual é o seu lucro total?

(c.) Suponha que a Atlética da FGV passasse a emitir descontroladamente carteiras de

estudantes, possibilitando a todos os usuários de estacionamentos ao redor da FGV que

apresentassem a carteira. Agora que o dono do estacionamento não é mais capaz de distinguir

os dois tipos de consumidores, ele resolve abandonar sua política de precificação. Que preço

cobrará dos seus usuários nessa nova situação? Qual será o lucro esperado do dono do

estacionamento?

(d.) Para disciplinar a situação, o DAGV passou a emitir uma nova carteira de estudante, com

critérios rígidos de concessão e impossibilidade de falsificação, e informa o dono do

estacionamento. Se você fosse o dono de estacionamento, você apoiaria a iniciativa do DAGV

ou continuaria aceitando a carteira da Atlética? Por quê?

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Questão 68. “De Jijoca à Jericoacoara”

A partir do final dos anos 80, Jericoacoara começou a atrair turistas encantados por essa aldeia

que na época não dispunha de qualquer infra-estrutura (água, eletricidade, transporte etc).

Jericoacoara fica a 305 Km de Fortaleza e, a 20 km de Jijoca, de onde segue-se por um

caminho, repleto de dunas, acessível apenas a veículos com tração nas quatro rodas. O

transporte individual de jegue, utilizado nos anos 80, foi gradativamente substituído pelo

transporte coletivo, as chamadas “jardineiras”.

Suponha que, em 1990, o único que fazia o trajeto Jijoca-Jericoacoara era o “Seu Barriga”. A

alternativa às “jardineiras“ do “Seu Barriga” era viajar por conta própria com um veículo com

tração nas quatro rodas (4X4) ou de jegue (transporte na época ainda comumente utilizado

pelos moradores). Qual não foi a nossa surpresa quando descobrimos que “Seu Barriga”

cobrava preços distintos de moradores e de turistas. Nesta questão vamos partir de um

modelo fictício para entender o comportamento do “Seu Barriga”.

Suponha que as demandas de viagens de moradores (Qm) e de turistas (Qt) possam ser

expressa, respectivamente, por:

Qm = 40 – 2 Pm

Qt = 40 – Pt

Onde Qm é o número de viagens realizadas por moradores e Qt é número de viagens

realizadas por turistas. O preço está expresso em reais por trajeto. Para simplificar

desconsidere o custo fixo e suponha que o custo total possa ser representado por CT = 0,5 Q2 ,

onde Q = Qm + Qt .

(a.) (i) “Seu Barriga” não sabe, mas tem praticado um tipo de discriminação de preços. Qual?

(ii) O que essa política de precificação implica com relação às elasticidades-preço da demanda

dos moradores e dos turistas? Explique sua resposta.

(b.) Qual o preço que o “Seu Barriga” deve cobrar de moradores, se quiser maximizar seu

lucro? E de turistas? Qual é o seu lucro total?

(c.) Quais seriam o preço e o lucro do “Seu Barriga” se ele praticasse um único preço?

(d.) “Seu Barriga” vem considerando a possibilidade de atender apenas turistas. A partir de

que preço só turistas seriam atendidos?

(e.) Imagine que o prefeito de Jijoca, preocupado com a sua reeleição, decida regular o preço

que o “Seu Barriga” tem cobrado, de forma que mais eleitores potenciais possam utilizar as

jardineiras como transporte, eliminando o peso morto. Qual o preço mínimo que o prefeito

poderia estabelecer (suponha que o mesmo preço seja fixado para moradores e turistas)?

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Questão 69. Já mandou sua cartinha pro Papai Noel?

Os Correios começaram suas atividades no Brasil em

1663 e detêm até hoje o monopólio no transporte

de cartas, telegramas e correspondências, além de

extratos bancários e boletos de cobrança. Cerca de

54% das receitas da empresa advém destes serviços

monopolizados. Suponha que o monopolista

enfrente as seguintes curvas de demanda e de

custos:

Q = 28 – 20 P CT = 8 + 0,20Q

onde Q é o número de correspondências entregues por ano, em bilhões, e Q, o preço médio da

entrega, em R$ por carta.

(a.) Qual o preço que os Correios devem cobrar de forma a maximizar seu lucro? Quantas

cartas serão entregues por ano neste caso?

(b.) Imagine que o governo decida regulamentar o preço cobrado pelos Correios de forma

a maximizar o bem estar. Que preço ele deveria estabelecer neste caso?

Apesar de ser um monopólio, o negócio de transportes de cartas, telegramas, etc. não vai

bem. Isto porque estes itens caminham para a quase-extinção, sendo aos poucos substituídos

por alternativas eletrônicas. Para combater este problema, a empresa vem investindo em seu

serviço de entrega expressa, o Sedex. O promissor envio de encomendas rápidas movimenta

hoje no Brasil R$ 3,6 bilhões e cresce 15% ao ano. Entretanto, neste segmento os Correios

concorrem com gigantes globais como FedEx, UPS e DHL, além de diversas empresas de

courier nacionais. Suponha que a elasticidade-preço da demanda por Sedex seja -0.8.

(c.) Compare o poder de monopólio que os Correios possuem em cada um dos dois

serviços, entregas regulares (item a.) e Sedex, calculando o índice de Lerner ou markup

em cada um dos casos. Qual segmento oferece maior poder de monopólio? Por que

isto acontece?

(d.) Imagine que o Sedex, buscando aproveitar-se do grande número de pedidos online

relacionados às festas de final de ano, decida praticar discriminação de preços

intertemporal, cobrando preços diferentes para entregas antes e após o Natal. Se que

as curvas inversas de demanda por Sedex nas duas épocas do ano forem:

Entrega até o Natal: PA = 125 – �1 QA

Entrega após o Natal: PB = 50 – 0,5 QB

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Onde Q é o número de entregas locais por mês, em milhões e P o preço por entrega

local, em R$, e a curva de custo for dada por:

CT = 10 + 5 Q

Quais preços devem ser praticados para cada tipo de entrega de forma a maximizar o

lucro?

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Questão 70. Discriminação na Giovanna (Discriminação de 3º grau vs. Intertemporal)

Imagine que você seja presidente do Diretório Acadêmico (DA) da GV, e responsável por

estabelecer os preços dos convites para a próxima festa Giovanna. Após estudar

Microeconomia, você sabe que deve procurar formas de aplicar discriminação de preços para

maximizar o lucro do DA.

Você consegue identificar dois tipos de discriminação possíveis:

• Discriminação do 3º grau: cobrar preços diferentes de grupos de consumidores com

elasticidades diferentes (e.g., homens e mulheres, alunos e não alunos)

• Discriminação intertemporal: cobrar preços diferentes para os que compram ingressos

antecipadamente.

Suponha que as curvas de demanda por convites da festa de alunos e não-alunos são dadas

por:

QA= 15 – 0,5 PA

QNA = 27 – 1,5 PNA

onde Q é o número de convites, em milhares, e P, o preço do convite em R$. A função de custo

total do DA com a festa é:

CT = Q2

(a.) Se o DA não aplicar discriminação de preços, mas, ao invés disso, cobrar um preço único de

todos os interessados, que preço deve cobrar para maximizar seu lucro? Qual o lucro que o DA

teria?

(b.) Suponha agora que o DA decide aplicar discriminação de preços de 3º grau. Qual preço

ele deve cobrar de alunos? E de não-alunos? Qual o lucro que o DA teria?

(c.) Considere a estratégia de precificação efetivamente adotada pelo DA, de cobrar

substancialmente mais de não-alunos do que de alunos. Ela está de acordo com o resultado de

maximização calculado por você no item (b.)? Se não, como esta diferença pode ser

explicada?

Suponha agora que você decida aplicar outra forma de discriminação de preço: vender um

primeiro lote de convites a um preço menor um mês antes da festa, e vender o restante dos

convites (2º lote) mais caro, na semana da festa, ou seja, discriminação intertemporal.

Suponha que os alunos todos comprem os convites antecipado (1º lote), pois já sabem que

não perderão a festa, e que todos os não-alunos deixem para comprar seus convites na

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semana do evento (2º lote), quando podem considerar melhor as baladas alternativas . Desta

forma, as funções de demanda serão exatamente as mesmas que usamos no item (b.):

Venda antecipada (1º lote) - ALUNOS: QA = 15 – 0,5 PA

Venda na véspera (2º lote) – NÃO-ALUNOS: QNA = 27 – 1,5 PNA

A função de custo total continua sendo CT = Q2.

(d.) Qual preço o DA deve cobrar por convites do 1º lote? E por convites do 2º lote? Qual o

lucro que o DA teria?

(e.) Com base nos seus cálculos, que tipo de política de precificação você aplicaria, se seu

objetivo fosse maximizar o lucro do DA: preço único, discriminação do 3º grau ou

discriminação intertemporal?

(f.) Apesar de usarmos as mesmas curvas de demanda e de custo total, os preços encontrados

com discriminação de preços de 3º grau e intertemporal foram distintos. Em que situação

particular os preços seriam os mesmos para os dois tipos de discriminação? Explique.

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Questão 71. Tirando o sangue... (Discriminação de 3º grau vs. Intertemporal)

Ao sair da FGV você realizou seu grande sonho: montou uma editora de forma a poder

disseminar cultura e erudição nas terras tupiniquins. O destino lhe sorriu, e seu primeiro

contrato foi com ninguém menos que Stephenie Meyer15, autora da saga Crepúsculo, para

trazer seu mais novo livro para o Brasil, distribuindo-o com exclusividade.

Stephanie não estava satisfeita com sua antiga editora, por acreditar que ela não estava

conseguindo maximizar os lucros com a venda dos livros, dos quais a autora recebe um

percentual, e acredita que você, com sua sólida formação em microeconomia, pode obter

resultados bem superiores.

Você sabe que existem, no Brasil, dois tipos de consumidores: as fãs incondicionais da saga,

que dormem na porta das livrarias para adquirir o mais recente exemplar da série, e outros

consumidores, não tão ávidos pelo livro. Suponha que as curvas de demanda dos dois grupos

sejam dadas por:

Fãs: QF = 20 – 0,5PF

Outros: Qo = 40 – 1,5Po

onde o preço é em reais (R$) por livro, e a quantidade, em milhares de livros por mês.

Suponha ainda que o custo total de produção do livro seja dado por:

CT=Q2

onde o custo é em R$ e a quantidade é em milhares de livros por mês.

(a.) Qual é a curva de demanda total por livros da saga? Escreva e desenhe esta curva.

(b.) No lançamento de Crepúsculo, primeiro livro da série, a antiga editora aplicou um preço

único a todos os livros vendidos. (i.) Que preço foi este, se a editora maximizou seu lucro de

monopolista? (ii.) Quantos livros foram vendidos? (iii.) Qual o lucro que a empresa teve no mes

e no ano, assumindo que o preço foi mantido constante ao longo do ano?

15

Os problemas e dados mencionados nesta questão, bem como a insatisfação da autora, são, obviamente, fictícios.

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(c.) Já para o lançamento do segundo livro, Lua Nova, a editora decidiu aplicar discriminação

intertemporal de preços, vendendo pelos primeiros 6 meses apenas uma versão em capa dura

do livro, ilustrada, comprada pelas fãs de Stephanie Meyer. Após 6 meses, a edição em capa

dura foi recolhida, substituída por uma versão brochura simples mais barata, comprada pelos

consumidores normais. Suponha que o custo para a editora de produzir os dois tipos de livro

seja muito semelhante, já que predominam os custos com direitos autorais e distribuição, que

independem da qualidade do material. Neste caso, (i.) que preço a editora deveria ter cobrado

em cada período? (ii.) Quantos livros foram vendidos por mês, em cada período? (iii.) Qual o

lucro que a empresa teve no ano?

(d.) Você está imaginando, para o lançamento de Eclipse, o terceiro livro, aplicar discriminação

de 3º grau, lançando simultaneamente as versões capa dura e brochura. (i) Que preço você

deve cobrar por cada tipo de livro? (ii) Quantos livros serão vendidos por mês, de cada tipo?

(iii) Qual o lucro você terá no ano?

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PARTE VII - Oligopólio

Questão 72. COSIPA conhece Cournot, USIMINAS encontra Stackelberg

Duas empresas produzem chapas grossas de aço no Brasil: Usiminas e Cosipa. Como o bem

que produzem é um bem homogêneo, a concorrência entre ambos se dá via a quantidade.

A demanda do mercado por chapas de aço é: P = 2400 – 2Qtotal, onde o preço (P) é expresso

em reais (R$) por tonelada e a quantidade (Q) em mil toneladas. Os custos das duas empresas

são: CTUsiminas = 4000 + 150qUsiminas e CTCOSIPA = 5000 + 150qCOSIPA.

onde o custo fixo (CF) e o custo total (CT) de cada empresa é em mil reais (R$ mi) e a

quantidade (q) em mil toneladas.

(a.) Supondo que as duas empresas concorram neste mercado:

(i) Calcule as curvas de reação de cada uma das empresas.

(ii) Quais as quantidades produzidas em cada empresa e qual o preço das chapas de

aço no equilíbrio de Cournot-Nash?

(iii) Quais os lucros obtidos pelas duas empresas?

(b.) Supondo que as duas empresas entrem em um acordo (ou coalizão) cujo objetivo é

maximizar o lucro conjunto através da divisão igualitária do mercado. (i.) Determine as

quantidades produzidas de cada empresa. (ii) Qual será o novo preço e os lucros das

empresas?

(c.) Para a empresa que tem custos menores, é melhor ser Stackelberg-líder (isto é, tomar a

decisão quanto produzir primeiro) ou entrar num acordo (coalizão)? (Obs.: é preciso mostrar

seu cálculo da quantidade produzida pelo líder e pela outra empresa, a seguidora, o preço no

equilíbrio de (Cournot) Stackelberg e o lucro do líder!)

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Questão 73. CSN, Usiminas-Cosipa e Decisões Estratégicas

No mercado brasileiro de aço laminado, duas firmas, os grupos CSN e USIMINAS-COSIPA,

produzem a quantidade total. Este é um setor com altas barreiras à entrada e produtos

homogêneos, onde a variável estratégica é a quantidade que cada firma oferta no mercado.

Suponha que no ano de 2000 a demanda de mercado era P = 1250 – 1/14 Q, sabendo-se que

pelo lado da oferta, Q = q1 + q2, com a quantidade mensurada em 1000 toneladas e os valores

em R$1000. As duas empresas têm funções de custos idênticas, onde o custo total para cada

empresa era C(q) = 1.000.000 + 190q, mensurado nas mesmas unidades que a demanda.

Responda:

(a.) No equilíbrio de Cournot, quais serão o preço e a quantidade total no mercado? Quais

serão os lucros de cada firma? Mostre graficamente a função de reação de cada firma e o

equilíbrio de Cournot.

(b.) A função de custos anterior é resultado de uma tecnologia tradicional. Suponha que no

ano seguinte, 2001, um laboratório de P&D inventa uma tecnologia nova que reduz o custo

marginal pela metade, devido à redução no consumo de energia e melhor utilização do

minério de ferro. Como ficarão preço e quantidade de equilíbrio no mercado, se as duas

empresas adotarem a inovação?

(c.) Se apenas uma das empresas adotar a tecnologia, qual deverá ser sua participação de

mercado e qual é o máximo que ela estará disposta a pagar ao laboratório pela utilização da

inovação?

(d.) Finalmente, suponha que as duas empresas usam a tecnologia de produção nova, mas

apenas uma das firmas compra a patente para o uso de uma nova tecnologia de logística,

tornando sua rede de distribuição mais eficiente. Deste modo, a empresa mais eficiente torna-

se a líder Stackelberg no mercado e a outra firma, a seguidora. O que ocorrerá com o preço e a

quantidade de equilíbrio no mercado? Como mudará a participação de mercado e os lucros da

firma líder, comparativamente à situação em que não existem vantagens na distribuição?

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Questão 74. Sadia, Perdigão, BRFoods

A procuradoria geral do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE) estabeleceu em junho de 2011 as restrições que serão impostas à BRFoods para a aprovação da fusão entre a Sadia e a Perdigão, anunciada ainda em 2009. A fusão entre as duas empresas tem impacto em vários mercados relevantes, entre eles os de carne bovina, suína e aves, in natura, processados e congelados16. As restrições serão impostas porque o CADE entendeu que a fusão entre as duas empresas provocará aumento da concentração em alguns desses mercados, o que pode, teoricamente, causar um acréscimo do preço e diminuição do bem estar. As restrições propostas pela Secretaria Especial de Acompanhamento Econômico (SEAE), por exemplo, envolvem alienação de algumas das marcas pertencentes ao grupo, como Batavo, Rezende, Confiança, Wilson e Escolha Saudável, além de alguns ativos produtivos, como unidades de industrializados e de abate. Nesta questão, vamos avaliar porque uma fusão nem sempre causa um aumento do preço, comparando o preço e a quantidade que vigoravam antes da fusão com aqueles que poderão vigorar em dois possíveis cenários após a fusão. I. Avaliação do Mercado antes da Fusão Suponha que no mercado brasileiro de frango industrializado atuem somente duas empresas, a Sadia e a Perdigão. A curva de demanda do mercado é dada pela seguinte função:

P = 2000 – 0,1Qt Onde Qt = Q1 + Q2. Suponha que as duas empresas tenham estruturas de custos idênticas, dadas pelas equações:

CT1 = 800Q1 CT2 = 800Q2

O preço é em USD por tonelada, e as quantidades em toneladas. Responda às seguintes questões: (a.) Calcule a quantidade que cada empresa ofertará no equilíbrio de Cournot-Nash, a quantidade total ofertada e o preço da carne de frango. (b.) Se a Sadia pudesse determinar seu nível de produção antes que a Perdigão, ou seja, se a Sadia atuasse como Stackelberg-líder nesse mercado, quais serão a quantidade ofertada por empresaa quantidade total ofertada e o preço da carne de frango?

16 A petição inicial do Ato de Concentração, com informações sobre todos os mercados relevantes afetados pela operação pode ser encontrado em: http://www.cade.gov.br/temp/Dn_Processo0011103.pdf

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II. Avaliação do Impacto de uma Possível Fusão no Mercado Suponha que após a fusão, a BRFoods fosse a monopolista na oferta de carne de frango industrializada no Brasil, e que os custos de importação representassem barreira à entrada de novos concorrentes. (c.) Calcule o preço e a quantidade praticados no mercado de carne de frango industrializada no caso de uma fusão entre as duas empresas. Pressuponha que a fusão não terá nenhum impacto sobre os custos marginais. Desenhe um gráfico padrão de monopólio, com as curvas de demanda, receita marginal e custo marginal. Indique nele o resultado alcançado. A fusão entre duas empresas no mesmo setor pode gerar eficiências, as quais podem contrabalançar os efeitos da concentração sobre os preços. Se os ganhos de eficiência superarem os custos decorrentes da concentração de mercado, o CADE pode aprovar uma fusão mesmo que a concentração de mercado aumente muito. Estas eficiências podem ser medidas em termos de uma queda nos custos marginais.

(d.) Indique no mesmo gráfico da questão anterior o resultado de Cournot Nash. Qual deveria ser a queda nos custos marginais para que a fusão não afetasse o preço do mercado? Mostre graficamente e calcule. (Dica: encontre o valor do custo marginal correspondente à produção total de mercadorias sob Cournot Nash).

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Questão 75. Pneus para F1

Duas empresas competem no mercado de pneus para carros da Fórmula 1. Nos últimos anos,

as empresas investiram em tecnologia para aumentar a velocidade dos carros. Cada uma delas

produz um tipo de pneu (bens diferenciados) e competem no mercado junto às escuderias

através da determinação do preço.

Sejam q1 = 1500 − 3P1 + P2 e q2 = 1500 − 3P2 + P1 as funções demanda para os pneus das

empresas 1 e 2, respectivamente. A quantidade é em pneus por ano, e o preço é em reais. As

empresas têm funções de custos totais idênticas, iguais a CT (q1) = 10.000 + 20q1 para a

empresa 1, e CT (q2) = 10.000 + 20q2 para a empresa 2.

(a.) Encontre as curvas de reação das duas empresas.

(b.) Qual é o preço que cada empresa cobra pelos seus pneus? Quanto cada empresa irá

produzir?

(c.) Se as empresas de pneus resolverem fazer um acordo e determinarem o preço

conjuntamente, qual será o novo preço e quais serão as quantidades produzidas em cada

empresa? Há incentivo para a empresa 1 romper o acordo? Qual seria a forma da empresa 2

garantir que o equilíbrio cooperativo será alcançado?

Recentemente, entretanto, a organização das corridas, preocupada com a segurança dos

pilotos, determinou que os pneus sigam uma série de especificações, o que tornará os pneus

das duas empresas produtoras muito semelhantes (bens homogêneos). Com a mudança de

regras da F-1, as empresas não competirão mais através da determinação de preços.

(d.) Nessa nova situação, qual será então o preço dos pneus e quanto cada firma produzirá?

(e.) Supondo que não há possibilidade de acordo, as empresas estarão em melhor situação

com a mudança das regras?

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Questão 76. Atrás de Potes e Panelas

Ilustração: cerâmica de Cunha e forno noborigama.

No feriado do dia 15 de novembro, sua professora viajou para Cunha, no Vale do Paraíba,

cidade histórica conhecida pela produção de cerâmica em fornos noborigama. Antes de viajar,

encheu o tanque de combustível de seu automóvel no posto do bairro.

Existem na cidade de São Paulo centenas de postos de gasolina, espalhados pelos bairros da

capital. As barreiras à entrada para a abertura de novos postos são negligíveis e, embora o

produto – combustível – seja relativamente homogêneo, os serviços, a qualidade do produto e

a localização geográfica do posto contribuem para a relativa fidelidade dos consumidores a

determinados postos de gasolina.

(a.) (i) Qual estrutura de mercado melhor se adapta a esta descrição? (ii) Nesta estrutura de

mercado, o preço é maior do que o custo marginal? (iii) O lucro econômico é maior do que

zero?

(b.) (i) Há perdas de bem estar em relação a mercados mais competitivos? (ii) Se sim, o preço

deve ser regulamentado? (iii) Por quê?

Após o feriado em Cunha, encheu novamente o tanque de combustível em um dos dois únicos

postos de combustível da cidade. A abertura de novos postos de combustível em Cunha é

limitada por licenças ambientais e pelo patrimônio histórico. Os dois únicos postos de gasolina

disputam o mercado da cidade e a principal variável de competição, além da localização

geográfica, é o preço que cobram. Suponha que as demandas de combustíveis em cada um dos

postos e os respectivos custos totais possam ser descritos por:

Q1 = 22 – 8 P1 + P2 CT1 = 2.000 + 1,25 Q1

Q2 = 24 – 8 P2 + P1 CT2 = 2.000 + 1,40 Q2

As quantidades estão em milhões de litros ao ano e o preço em reais por litro.

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(c.) Quais serão os preços e quantidades de equilíbrio Bertrand Nash praticados em cada

posto? Qual era o lucro de cada posto? (OBS – use duas casas decimais).

O posto 1 está pensando em adquirir o posto 2 e virar monopolista. Nesse caso, o novo dono

fecharia o posto 2, cujo custo variável é maior. Considere que o custo fixo do posto 2 é

reversível, isto é, o monopolista não incorreria neste custo fixo.

(d.) (i.) Qual seria o par preço e quantidade praticado por este monopolista? (ii.) Qual seria o

lucro do posto 1 nesta situação de monopólio?

(e.) Compare o lucro do posto 1 em (c.) e (d.), e responda: (i.) Se o dono do posto 1 estivesse

considerando o lucro de apenas um ano de funcionamento do posto, qual seria o preço

máximo que ele estaria disposta a pagar pela aquisição do posto 2?

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Questão 77. Voando para Segurar a Taça!

Imagine que, antes do início da Copa do Mundo da África do Sul em junho de 2010, a GOL e a

TAM estivessem preparando um pacote especial para seus clientes: assistir a final da copa do

mundo em Johanesburgo. As empresas lançarão os pacotes ao mesmo tempo, com anúncios

nos jornais e televisão.

Os estudos internos das empresas mostram que os clientes diferenciam os serviços das

empresas, sendo o modelo de Bertrand mais adequado. Os estudos mostraram ainda que

devem ser consideradas as seguintes equações de demanda:

QTAM = 2400 – 2 PTAM + PGOL

QGOL = 1800 – 2 PGOL + PTAM

Onde as quantidades são em número de passageiros, e os preços, em dólares. As empresas

apresentam custos idênticos e que podem ser descritos por

CTTAM = = 200.000 + 600 QTAM

CTGOL = 200.000 + 600 QGOL

(a.) Determine os preços que a TAM e a GOL adotarão para o pacote.

(b.) Esboce as curvas de reação, mostrando o equilíbrio de Bertrand-Nash.

Ao se deparar com os resultados de Bertrand, o presidente da TAM resolveu contratar a FGV Jr

para aprofundar a pesquisa. Surpreendentemente, os alunos da FGV Jr contestaram as

premissas anteriores, argumentando que os torcedores fanáticos não diferenciariam as

empresas e que estariam preocupados apenas em ver o jogo e torcer pelo Brasil na final. Ou

seja, consideram ambos os pacotes de viagem como bens homogêneos. Além disso, os alunos

defenderam que as empresas escolhem quantidades (o número de assentos disponíveis no

vôo) e não preços, e recomendaram utilizar o modelo de Cournot.

(c.) Determine os preços que a TAM e GOL devem adotar, de acordo com o modelo de

Cournot.

(d.) Esboce as curvas de reação, mostrando o equilíbrio Cournot-Nash.

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Em uma decisão surpreendente, a ANAC (Agência Nacional e Aviação Civil) não autoriza que a

GOL faça o vôo para a África do Sul, o que torna a TAM uma monopolista. A TAM passará

agora a atender todo o mercado, ou seja, sua demanda passa a ser:

Q = QTAM + QGOL = 4200 – 2P

Sua curva de custo permanece inalterada:

CTTAM = = 200.000 + 600 QTAM

(e.) Qual o preço único de monopólio que a TAM deve cobrar de forma a maximizar seu lucro?

(f.) A TAM analisa também aplicar discriminação de preços intertemporal, cobrando preços

diferentes para passagens compradas antes da semifinal (ou seja, quando os torcedores ainda

não sabem se o Brasil estará ou não na final) e após a semifinal (quando, assume-se, o Brasil já

estará classificado). Supondo que as curvas de demanda pré- e pós-classificação seriam as

seguintes:

Demanda pré: QA = 2000 – (4/3) PA

Demanda pós: QB = 2200 – (2/3) PB

A curva de custo não se altera: CTTAM = = 200.000 + 600 QTAM, onde QTAM = QA + QB.

Qual o preço que a TAM deve cobrar antes da semifinal (PA)? E após (PB)?

(g.) O que será mais lucrativo para a TAM, adotar o preço único de monopólio calculado em

(e.) ou a discriminação intertemporal de preços calculada em (f.)?

(h.) A ANAC , visando evitar abusos nos preços e conhecendo as curvas de demanda e custo da

TAM, decide tabelar o valor do pacote, estabelecendo um preço único que a TAM terá que

cobrar. Qual será o valor regulamentado pela ANAC?

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Questão 78. Bertrand desembarca em Brasília No mundo dos negócios, nem sempre ser o primeiro é vantajoso. Suponha que apenas duas

empresas, TAM e Gol, fazem vôos entre São Paulo e Brasília. As empresas competem entre si

por preço. Suas curvas de demanda são dadas por:

23456 = 1800 − 28345 + 89:;

29:;6 = 1800 − 289:; + 8345

onde qTAM e qGol representam respectivamente o número de passageiros por dia na TAM e na

Gol, enquanto , P TAM e PGol representam respectivamente os preços da TAM e da Gol, por

passagem. O custo total de cada empresa pode ser descrito por:

CTTAM = 480.000 + 300QTAM

CTGOL = 480.000 + 300QGOL

Os custos são em reais (R$) e a quantidade em passageiros por dia.

(a.) Obtenha as curvas de reação da TAM e da Gol.

(b.) Qual é o equilíbrio de Bertrand-Nash (preço, quantidade, e lucro de cada empresa) nesse

mercado?

Suponha que a TAM seja a primeira empresa a fixar seu preço e, após essa decisão, a Gol toma

a sua decisão de preço, isto é, TAM é Stackelberg-líder.

(c.) Quais são os preços de equilíbrio e os lucros correspondentes para as duas empresas?

(d.) Compare o lucro do líder com o lucro da seguidora, no item (c). Por que mover-se

primeiro, quando as empresas concorrem em termos de preço, é uma desvantagem?

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134

Questão 79. Bonito na Foto...

Em 2009 a Kodak, empresa que popularizou a fotografia há mais de 100 anos, admitiu que

perdeu a batalha contra as câmeras digitais e anunciou que vai tirar o clássico rolo de filme

Kodakchrome do mercado após 74 anos de história. Hoje, 70% da receita da Kodak provêm de

seus negócios digitais.

Quando a máquina digital foi lançada em 1990, a barreira tecnológica era fortíssima, só a

Kodak produzia câmeras digitais (e foi depois seguida por Sony, Canon e umas poucas e

grandes concorrentes), configurando um oligopólio. Conforme o tempo foi passando, a

tecnologia foi sendo disseminada e as barreiras foram caindo... Hoje a Amazon.com vende 34

marcas diferentes de câmera digital, para todos os gostos e bolsos! Como os produtos são

diferenciados (qualidade, marca, etc.), o mercado assumiu uma característica de competição

monopolística. Nesta questão analisaremos estes dois momentos do mercado.

Suponha que a Kodak e a Sony decidam lançar, ao mesmo tempo, suas câmeras fotográficas

digitais na Feira Mundial de Fotografia de 1990. As duas câmeras são igualmente inovadoras e

possuem as mesmas características técnicas (resolução, velocidade, etc). Entretanto, como o

publico consumidor possui certa fidelidade a marca, podemos considerar os produtos como

sendo diferenciadas. Após uma longa pesquisa de mercado, os fabricantes chegaram à

conclusão que as demandas para seus equipamentos podem ser descritas por:

QKODAK = 1100 – 2 PKODAK + PSONY e QSONY = 1100 – 2,5 PSONY + 1,25 PKODAK

onde P é o preço da câmera em US$ e a Q quantidade a ser vendida durante o lançamento na

feira de fotografia. O custo de cada câmera pode ser descrito pelas equações:

CTKODAK = 2000 + 60 QKODAK e CTSONY = 1800 + 60 QSONY

Repare que as empresas não são simétricas, ou seja, as funções de demanda e de custo têm

formatos distintos para cada uma das empresas.

(a.) Sabendo que ambas as empresas lançam as câmeras ao mesmo tempo e definem os

preços que irão adotar na feira de fotografia (modelo de Bertrand), qual será a curva de reação

de cada empresa? (Obs.: Repare que, como as empresas não são simétricas, você deve

encontrar separadamente cada uma das curvas de reação.)

(b.) Qual será o preço, a quantidade e o lucro de cada empresa?

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135

(c.) Suponha que, descumprindo a legislação antitruste, a Kodak tente convencer a Sony a

fazer um conluio, argumentando que ambas as empresas lucrarão mais. As duas empresas

continuariam operando separadamente, mas combinariam de lançar as câmeras a um mesmo

preço. Você, como consultor econômico da Sony, aceitaria esse argumento? (Obs: Calcule os

lucros relevantes para justificar sua resposta.)

(d.) Suponha que a idéia do conluio tenha fracassado. Imagine agora que houve um atraso na

entrega das máquinas da Sony no dia de abertura da feira, permitindo à Kodak lançar a sua

máquina um dia antes da Sony (ou seja, a Kodak torna-se Stackelberg-líder). Neste caso, qual o

preço que a Kodak irá adotar e qual o preço que a Sony irá adotar em seguida?

Passou o tempo e as barreiras tecnológicas à entrada foram sendo superadas, enquanto mais e

mais empresas lançavam seus modelos de máquinas digitais no mercado. O mercado assumiu

a estrutura de competição monopolística.

(e.) Quais as características de um oligopólio? E de um setor monopolisticamente competitivo?

O que diferencia os dois?

(f.) Represente em um gráfico a curva de demanda da Kodak, assumindo por simplificação que

PSONY = US$300, bem como suas curvas de custo marginal e de custo médio. Suponha que o

setor de câmeras digitais tem agora características de competição monopolística. Indique no

gráfico e calcule:

i. Qual o preço que a Kodak irá praticar no curto prazo?

ii. Qual o preço para o qual o setor tende no longo prazo?

iii. O que deve acontecer para que o preço da Kodak se mova do valor calculado no

item (i.) para o valor calculado no item (ii.)? Mostre graficamente.

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136

Questão 80. Voltando a Fita... Se você fosse a uma locadora no início da década de 1980, a escolha de um filme

inevitavelmente terminaria com a pergunta: “O filme é Beta ou VHS?”. Era o auge da “guerra

dos formatos” entre o Betamax, formato de gravação caseira em fita desenvolvido pela Sony

em 1975, e o VHS, lançado em 1977 pela JHS.

Suponha que em 1980 este mercado poderia ser caracterizado como um duopólio. Como os

produtos são diferenciados (o formato Betamax era, em geral considerado melhor em termos

de qualidade do filme, durabilidade da fita e fácil utilização), a competição se dá via preço.

Após uma longa pesquisa de mercado, os fabricantes chegaram à conclusão que as demandas

para seus produtos podem ser descritas por:

QSONY = 600 – 2 PSONY + PJHS QJHS = 600 – 2 PJHS + PSONY

onde P é o preço do videocassete em US$ e a Q quantidade vendida por mês, em milhares. O

custo de cada aparelho pode ser descrito pelas equações:

CTSONY = 15.000 + 40 QSONY CTJHS = 15.000 + 40 QJHS

(a.) Encontre as curvas de reação das duas empresas, utilizando o modelo de Betrand de

competição via preço.

(b.) Suponha que Sony, por ter lançado seu produto primeiro, fosse Stackelberg-líder. Qual o

preço que cada empresa praticaria? Quantos aparelhos venderia? Qual o lucro da Sony e da

VHS?

Surpreendentemente, o vencedor da “guerra de formatos” foi o VHS, padrão considerado

tecnicamente inferior, tornando-se um estudo de caso clássico de marketing. Segundo

algumas interpretações, o sucesso da JHS veio de uma estratégia inovadora: ao invés de

manter para si o monopólio da tecnologia VHS, a empresa vendeu, a preços relativamente

baixos, a licença para que outros fabricantes utilizassem o padrão. Com o tempo, o VHS

tornou-se o formato dominante e, em 1988, a própria Sony começou a produzir aparelhos

VHS.

Com a disseminação da tecnologia e a entrada de novas empresas no setor, a competição se

acirra e a estrutura de mercado se altera.

(c.) Suponha hipoteticamente que este movimento leve o setor a assumir características de

perfeita competição. Qual o preço que a empresa cobraria neste caso?

(d.) Suponha que a curva de demanda de mercado equivale à soma das demandas dos

oligopolistas dadas no enunciado e que a curva de custo da JHS permanece a mesma. Se a JHS

produz 20% dos videocassetes vendidos neste mercado, qual lucro (ou prejuízo) ela teria no

curto prazo com a comercialização de videocassetes, no caso de perfeita competição? E no

longo prazo?

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(e.) (i.) Você acha que este setor tende realmente a atingir uma situação de perfeita

competição? Por quê? (ii.) Quais características devem estar presentes em um mercado para

caracterizá-lo como: (A) oligopólio, (B) competição monopolística ou (C) competição perfeita?

(iii.) Quais destas características estão presentes no mercado de videocassetes?

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Questão 81. Estrutura de Mercado e Abertura Econômica

A estrutura e o grau de competição que prevalecem em um mercado podem mudar ao longo

do tempo. Uma das principais causas desta mudança é a remoção de algum tipo de barreira de

entrada: uma tecnologia que se dissemina, uma patente que expira, a abertura de um

mercado ao comércio internacional. Neste exercício analisaremos esta última situação, ou

seja, o efeito da globalização sobre um setor originalmente oligopolizado.

Suponha que a Alemanha fosse um país fechado ao comércio internacional, e contasse com

duas montadoras de automóveis de luxo, a BMW e a Mercedes, cada uma produzindo apenas

um modelo de carro. Os produtos são diferenciados, e as empresas competem entre si por

preço (modelo de Bertrand). Suponha que as funções de demanda e custo de cada empresa

sejam:

(<5= = 22 − 8<5= + 0,585>?@>6>A

BC<5= = 80 + 14(<5=

(5>?@>6>A = 22 − 85>?@>6>A + 0,58<5=

BC5>?@>6>A = 80 + 14(5>?@>6>A

Onde as quantidades são dadas em 100.000 carros e os preços e custos, em mil dólares.

(a.) Encontre as curvas de reação das duas empresas. Qual o preço e a quantidade de

equilíbrio (Bertrand-Nash)?

Suponha agora que a Alemanha se abra para o comércio. Ao mesmo tempo que as empresas

alemãs podem agora ampliar sua demanda, exportando para outros países, concorrentes

como Lexus, Volvo, Bentley, etc. entram no mercado da BMW e Mercedes, aumentando a

competição. O setor deixa de ser um oligopólio, e passa a caracterizar-se por competição

monopolística. Suponha que neste caso, as curvas de demanda e custo da BMW passem a ser

dadas por:

8<5= = 25,5 − 2(<5=

BC<5= = 30(<5= − 5(<5=� + 0,5(<5=1

(b.) Quais as características de um setor de competição monopolística?

(c.) Se o setor está no seu equilíbrio de longo prazo, quantos carros a BMW irá produzir? Qual

preço irá cobrar agora?

(d.) A abertura foi boa para o consumidor, em termos do preço pago por carro e da escolha de

marcas? E para o produtor? Ele terá lucro no longo prazo? Explique.

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PARTE VIII – Teoria dos Jogos

Questão 82. Uma Nova Fábrica

Suponha que as montadoras BMW e Mercedes, animadas pelas notícias muito positivas sobre

o Brasil que têm aparecido na mídia internacional, estão considerando construir uma fábrica

de automóveis de alto luxo no país. Apesar da importação destes automóveis ser permitida,

impostos e custos diversos fazem com que o preço do automóvel importado seja bastante

elevado em relação ao produzido internamente. Assim, a nacionalização do produto

aumentaria vendas e lucros. Por outro lado, o mercado brasileiro parece suportar a instalação

de apenas uma montadora de luxo: se ambas construírem suas fábricas, elas dividirão o

mercado e terão prejuízos, como mostra a matriz abaixo, onde os payoffs são os lucros em

milhões de dólares:

BMW

Constrói Não Constrói

Me

rce

de

s Constrói -50 , -50 100 , 3

Não Constrói 3 , 100 10 , 10

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(a.) Considere um jogo simultâneo, não-cooperativo, que tenha uma só rodada. Suponha que

os jogadores são racionais:

(i) A BMW tem estratégia dominante? Se tiver, qual é?

(ii) A Mercedes tem estratégia dominante? Se tiver, qual é?

(iii) Qual será o equilíbrio do jogo?

(b.) Imagine agora que a Mercedes, que já tem fábricas de caminhões e ônibus no Brasil desde

1955, possa tomar sua decisão e começar a produzir antes da BMW. Ao invés de simultâneo, o

jogo passa a ser agora seqüencial. Qual será o novo equilíbrio do jogo?

(c.) Suponha agora que as empresas sejam aversas ao risco, e adotem a estratégia MAXIMIN.

Qual o equilíbrio do jogo?

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Questão 83. Banco Central e Congresso Nacional

O Congresso Nacional, no Brasil, tem que decidir antecipadamente os gastos com orçamento

do ano seguinte. Num orçamento com superávit, as despesas são menores do que as receitas

do governo, isto é, sobra dinheiro para quitar dívidas, pagar juros, etc. Num orçamento com

déficit, gasta-se mais do que se arrecada, o que implica em mais dívidas.

Ao mesmo tempo em que o Congresso toma a decisão em relação aos gastos públicos, o Banco

Central do Brasil, em reuniões do COPOM, toma a decisão em relação à taxa de juros, levando

em consideração para sua decisão a inflação, o nível da demanda, etc.

Na matriz a seguir, considere o primeiro payoff como sendo o do Congresso Nacional e

representando aumento de popularidade dos congressistas e o segundo payoff como sendo do

Banco Central e representando sucesso no combate à inflação:

Banco Central

Taxa de juros baixa Taxa de juros alta

Congresso Nacional

Orçamento superavitário 6 , 8 2 , 7

Orçamento deficitário 10 , 3 5 , 4

(a.) Considere um jogo simultâneo, não-cooperativo, com uma só rodada. Suponha que os jogadores são racionais:

i. O Congresso Nacional tem estratégia dominante? Se tiver, qual é? ii. O Banco Central do Brasil tem estratégia dominante? Se tiver, qual é? iii. Qual será o equilíbrio do jogo? iv. E se em vez de ser simultâneo, o jogo fosse seqüencial, com o Banco Central tomando

sua decisão em primeiro lugar, qual seria o equilíbrio do jogo? (b.) Se o Congresso Nacional e o Banco Central atuarem de forma cooperativa, qual será o resultado do jogo? (c.) Pode acontecer um dia que você leia nos jornais que o Banco Central fará um anúncio de uma meta de inflação, o que o impossibilitará de baixar as taxas de juros no curto prazo. Pode ser que se trate de um movimento estratégico do Banco Central. Defina movimento estratégico. (d.) Jogos podem ser repetidos um número finito ou infinito de vezes. Explique por que, num jogo simultâneo, não-cooperativo, repetido um número finito de vezes, os jogadores levam vantagem em jogar de forma não-cooperativa na última rodada e, se os jogadores forem racionais, como isso afetará o resultado do jogo.

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142

Questão 84. Teoria dos Jogos e a Crise Mundial

O aluno da GV João Quemdiz, depois de rachar de estudar micro para a prova final, achou que

poderia aplicar o que aprendeu em Teoria dos Jogos para tentar compreender melhor a crise

internacional. João pensou em descrever a economia, de forma muito simplificada, como um

jogo com dois jogadores: uma Família (que pode gastar apenas o necessário para sobreviver,

ou ampliar seus gastos, comprando também televisores, carros, roupas, etc.) e uma Empresa

(que pode investir para aumentar a produção, contratando mais trabalhadores, ou não).

Os payoffs representariam uma espécie de medida da “satisfação econômica” dos jogadores.

Se a Família gasta pouco e a Empresa não contrata trabalhadores, a economia entra em CRISE

e todos sofrem. Se a Família gasta muito e a Empresa contrata trabalhadores, a economia

entra numa fase de EXPANSÃO, e todos se beneficiam. Já se a Família gasta muito quando a

Empresa não investe, faltam produtos nas prateleiras e a INFLAÇÃO se acelera. A Empresa,

apesar de não vender tanto, tem boas margens; a Família, por sua vez, sai prejudicada por ter

que pagar altos preços. Por fim, se a Empresa contrata trabalhadores, mas a Família gasta

pouco, FALTA DEMANDA para as mercadorias produzidas e a Empresa quebra. A matriz de

payoffs abaixo resume estas informações, sendo o primeiro payoff da Empresa e o segundo, da

Família. (Obs.: Repare que o jogo é bastante simplificado; a real dinâmica das crises

econômicas é um tema muito mais complexo, estudado pela Macroeconomia).

Família

Gasta Pouco Gasta Muito

Emp

resa

Não Contrata -5 , -5 5 , -10

Contrata -1000 , -5 10, 10

(a.) Suponha que os jogadores são racionais, tomem suas decisões simultaneamente e não cooperem:

i. Os jogadores têm estratégia dominante? Se sim, qual é? ii. Existe equilíbrio de Nash? Se sim, qual é?

(b.) (i.) Defina equilíbrio de Nash. (ii.) O famoso economista e estudioso da crise de 1929, John Maynard Keynes, dizia que, se a economia já estivesse em crise, famílias e empresas não teriam incentivos, individualmente, para tomar as decisões necessárias para tirá-la desta situação. (Por isso, ele recomendava fortes estímulos do governo neste sentido.) Aplicando o que você aprendeu em Teoria dos Jogos ao caso acima, isto poderia ser verdade? Por quê? (Obs.: a teoria keynesiana é obviamente bem mais complexa do que a questão sugere; o jogo que analisamos aqui é bem simplificado para fins ilustrativos apenas.)

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(c.) Imagine que, com a ampla discussão sobre a crise econômica na mídia recentemente, a Empresa se torne mais pessimista e cautelosa, e resolva adotar a estratégia Maximin. Qual seria o equilíbrio do jogo neste caso?

(d.) Suponha agora que o jogo é seqüencial: primeiro a Empresa decide se deve ou não contratar, já que as decisões de investimento são planejadas com grande antecedência e demoram a ser implementadas. Após estes investimentos serem ou não feitos, o que é amplamente divulgado na mídia, a Família toma sua decisão sobre gastar muito ou pouco. Qual seria o equilíbrio do jogo neste caso?

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Questão 85. As Montadoras e suas Estratégias17

Suponha que duas montadoras, a Jundai e a Vitsubixo, competem no mercado brasileiro de

automóveis de luxo. A Vitsubixo tem um modelo de minivan, que é um sucesso, enquanto a

Jundai ainda não oferece nenhum modelo neste nicho. A Jundai tem três opções: (a) importar

um modelo de minivan da matriz coreana, (b) produzir a minivan no Brasil ou (c) ficar fora

deste mercado, não competindo com a Vitsubixo. Já a Vitsubixo pode responder às escolhas da

Jundai (a) mantendo o preço de seu modelo, (b) diminuindo o preço de sei modelo ou (c)

lançando uma nova versão. Os payoffs para cada empresa nas diferentes situações são dados

pela matriz abaixo:

Vitsubixo

Lançar nova

versão Manter preço Reduzir preço

Jundai

Lançar modelo próprio 1 , 4 4 , 1 -100 , 3

Importar da matriz 2 , 2 2 , 1 2 , 3

Não competir com a Vitsubixo 0 , 1 0 , 6 0 , 0

(a.) Considere um jogo simultâneo, não-cooperativo, que tenha uma só rodada. Suponha que

os jogadores são racionais:

i. As empresas têm estratégia dominante? Se tiverem, quais são?

ii. Qual(ais) será(ão) o(s) equilíbrio(s) de Nash?

iii. Se a Jundai adotar uma estratégia maximin, qual(ais) será(ao) o(s) equilíbrio(s) do

jogo?

(b.) Se ao invés de simultâneo, o jogo for seqüencial, com a Jundai escolhendo primeiro que

tipo de estratégia adotar, qual será o equilíbrio do jogo? Faça a árvore de decisão, ou explique

como você chegou a este resultado.

(c.) Suponha agora que as empresas façam uma joint-venture, de forma que o jogo passe a ser

cooperativo. Suponha que os jogadores são racionais e que as decisões são simultâneas.

Qual(ais) será(ao) o(s) resultado(s) cooperativo(s)?

17

Este caso é baseado em exemplo do livro “Teoria dos Jogos”, de Fiani, R. (2006), PP. 84.

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Questão 86. Oligopolistas na Matriz de Payoffs Exercícios de oligopólio (do tipo Cournot e Bertrand) podem ser representados utilizando

matrizes de payoffs. Neste exercício representaremos desta forma os resultados calculados

por você no exercício 37 desta Apostila “CSN, Usiminas-Cosipa e Decisões Estratégicas” para

exemplificar.

CSN e Usiminas-Cosipa competiam via quantidade e estavam sujeitos à seguinte curva de

demanda P = 1250 – 1/14 Q, onde Q = q1 + q2, com a quantidade mensurada em 1000

toneladas e os valores em R$1000. As duas empresas tinham funções de custos idênticas, onde

o custo total para cada empresa era C(q) = 1.000.000 + 190q.

No item (a.) da questão 37 você calculou que, no equilíbrio de Cournot, cada empresa

produzirá 4946,67 mil toneladas e terá lucro de R$ 1.747 milhões. Estas quantidades foram

preenchidas para você no título da matriz, e os lucros correspondentes (ou payoffs) no corpo

da matriz, sendo o primeiro payoff o lucro da CSN e o segundo, o da Usiminas-Cosipa.

(a.) Calcule agora a quantidade que cada empresa produziria se elas formassem um cartel e

dividissem o mercado igualmente entre si. Calcule também os lucros correspondentes, e

preencha a matriz com estes dados.

(b.) Por fim, calcule a quantidade que cada empresa produziria se operasse em um mercado

competitivo, e os lucros correspondentes, e complete a matriz com estes valores.

(c.) Complete agora o restante da matriz. Utilize as quantidades que cada empresa irá produzir

em cada situação para encontrar preços e custos, e assim calcular os lucros (ou payoffs)

correspondentes a cada espaço da matriz que ainda esteja em branco.

(d.) Com base na matriz montada por você, responda:

i. Alguma das empresas tem estratégia dominante? Se sim, qual? ii. Existe equilíbrio de Nash? Se sim, qual? iii. Se o jogo for seqüencial e a CSN tomar sua decisão primeiro (i.e., for Stackelberg-líder),

qual o equilíbrio do jogo?

Usiminas-Cosipa

Q2 = Q2 = 4946,67 Q2 =

CSN

Q1 = CARTEL

L =

Q1 = 4946,67 COURNOT

L = 1747 , 1747

Q1 = COMPETIÇÃO

L =

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146

Questão 87. Cerveja Gelada18

Um fabricante de cerveja, para garantir a qualidade de seu produto aos consumidores finais,

necessita que seu produto seja refrigerado pelo distribuidor. A ausência de refrigeração

implica um produto ruim e o consumidor não saberá identificar se a culpa é do fabricante ou

do distribuidor. Isso causará, portanto, uma queda na reputação do fabricante. O distribuidor

pode tentar enganar o fabricante e o consumidor e não refrigerar a cerveja (a refrigeração tem

um custo). Para garantir a qualidade do seu produto ao consumidor, o fabricante tem que

decidir se vai inspecionar o distribuidor ou não. Os resultados possíveis em termos de ganhos e

perdas encontram-se na matriz de payoffs abaixo:

Fabricante

Inspeciona Não Inspeciona

Distribuidor

Não engana 0 , – A 0 , 0

Engana – C , (C – A) B , – D

Onde:

A = valor do custo da inspeção para o fabricante

B = valor do lucro extraordinário que o distribuidor aufere por enganar o fabricante e o

consumidor, ao não gastar recursos com a refrigeração das cervejas

C = valor da multa imposta pelo fabricante ao distribuidor, por não manter a qualidade do

produto

D = valor do custo da perda de reputação para o fabricante

Observe que A, B, C e D são definidos como valores positivos, então os sinais na matriz de

payoffs indicam se os valores significam custos/perdas ou ganhos/lucros.

(a.) Suponha que tanto o distribuidor quanto o fabricante tomarão suas decisões

simultaneamente, de forma racional e não cooperativa e que o jogo ocorre em uma única

rodade. Se (C – A) tiver um valor negativo e se (C – A) é mais negativo do que (– D), o

fabricante inspecionará ou não? Explique.

(b.) Suponha, ao contrário, que (C – A), isto é, o valor líquido da multa, é menos negativo (ou

até esse valor pode ser positivo) do que (– D), isto é, o custo da perda de reputação do

fabricante. Se você fosse distribuidor, você enganaria ou não o fabricante? Por quê?

18

Este exercício foi baseado no artigo “Why should manufacturers want fair trade II”, de Lester G. Telser, publicado no Journal of Law and Economics, vol. XXXIII (outubro de 1990).

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147

(c.) Suponha que |A| > |B| > |C| > |D| e que (C – A) é mais negativo que (– D). Responda às

seguintes questões:

i. Supondo ainda que tanto o distribuidor quanto o fabricante tomarão suas decisões simultaneamente, de forma racional e não cooperativa e que o jogo ocorre em uma única rodada. O distribuidor tem estratégia dominante? Caso sim, qual? O fabricante tem estratégia dominante? Caso sim, qual? Qual é o resultado desse jogo?

ii. Supondo racionalidade, qual seria o resultado cooperativo? iii. Se o distribuidor for avesso ao risco e adotar uma estratégia maximin, qual ser será o

resultado do jogo não-cooperativo e simultâneo? (d.) Suponha as condições descritas no enunciado do item (c.). Construa o jogo não

cooperativo na forma extensiva, com o distribuidor tendo a vantagem o pioneiro (isto é, ele é

Stackelberg-líder). Qual será o resultado do jogo?

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Questão 88. A Política do Gás

O Gasoduto Brasil Bolívia começou a operar em 1999. Sua construção ocorreu na segunda

metade da década de 1990. As negociações para a construção d

1974. O então presidente Geisel, reza a lenda, estaria preocupado com a possibilidade de,

após o investimento do Brasil, os bolivianos resolvessem, por motivos ideológicos

(nacionalistas), “fechar a torneira”, obrigando o Brasil

boliviano com o objetivo de reabri

havia tomado o poder após um golpe em 1971.

O presidente Geisel poderia estar imaginando a situação descrita no jogo extensiv

onde o Brasil tem que decidir se constrói o gasoduto (“C”) ou não constrói (“NC”). Se o Brasil

construi o gasoduto, a Bolívia terá a opção de fechar a torneira (“F”) ou não fechar (“NF”). Se o

Brasil não construir, ainda assim a Bolívia poderá fe

passagem de transportadores revendedor retalhista ou não fechar a fronteira (NFF). Os payoffs

representam o ganho, em termos monetários, de cada combinação de opções.

(a.) Considere que o jogo é seqüencial

houver, é (são) também equilíbrio(s) de estratégia dominante?

ganho conjunto das empresas? (iv.) e se você adotasse uma estratégia

(b.) Imagine que o presidente Geisel, conhecedor da instabilidade política na Bolívia à época,

acreditasse que a probabilidade do coronel Banzer fechar a torneira do gasoduto após sua

construção fosse de 60% (e 40% para não

do Brasil se ele optar em construir o gasoduto? E se ele não const

decisão?

Brasil

C

NC

A Política do Gás

O Gasoduto Brasil Bolívia começou a operar em 1999. Sua construção ocorreu na segunda

metade da década de 1990. As negociações para a construção do gasoduto se iniciaram em

1974. O então presidente Geisel, reza a lenda, estaria preocupado com a possibilidade de,

após o investimento do Brasil, os bolivianos resolvessem, por motivos ideológicos

(nacionalistas), “fechar a torneira”, obrigando o Brasil a “enviar soldados para o território

boliviano com o objetivo de reabri-la”. A Bolívia era governada pelo coronel Hugo Banzer, que

havia tomado o poder após um golpe em 1971.

O presidente Geisel poderia estar imaginando a situação descrita no jogo extensiv

onde o Brasil tem que decidir se constrói o gasoduto (“C”) ou não constrói (“NC”). Se o Brasil

construi o gasoduto, a Bolívia terá a opção de fechar a torneira (“F”) ou não fechar (“NF”). Se o

Brasil não construir, ainda assim a Bolívia poderá fechar a fronteira (FF), impedindo a

passagem de transportadores revendedor retalhista ou não fechar a fronteira (NFF). Os payoffs

representam o ganho, em termos monetários, de cada combinação de opções.

seqüencial (i.) Existe(m) equilíbrio(s) de Nash? Qual (is)? (ii.) Se

houver, é (são) também equilíbrio(s) de estratégia dominante? (iii.) O resultado maximiza o

(iv.) e se você adotasse uma estratégia maximin?

Imagine que o presidente Geisel, conhecedor da instabilidade política na Bolívia à época,

acreditasse que a probabilidade do coronel Banzer fechar a torneira do gasoduto após sua

construção fosse de 60% (e 40% para não fechar). Nessas condições, qual é o retorno esperado

do Brasil se ele optar em construir o gasoduto? E se ele não construir? Qual seria a sua

50, 50

Bolívia

Bolívia

0, 2

5, 5

-100 , 30FT

FF

NFF

NFT

148

O Gasoduto Brasil Bolívia começou a operar em 1999. Sua construção ocorreu na segunda

o gasoduto se iniciaram em

1974. O então presidente Geisel, reza a lenda, estaria preocupado com a possibilidade de,

após o investimento do Brasil, os bolivianos resolvessem, por motivos ideológicos

a “enviar soldados para o território

la”. A Bolívia era governada pelo coronel Hugo Banzer, que

O presidente Geisel poderia estar imaginando a situação descrita no jogo extensivo abaixo,

onde o Brasil tem que decidir se constrói o gasoduto (“C”) ou não constrói (“NC”). Se o Brasil

construi o gasoduto, a Bolívia terá a opção de fechar a torneira (“F”) ou não fechar (“NF”). Se o

char a fronteira (FF), impedindo a

passagem de transportadores revendedor retalhista ou não fechar a fronteira (NFF). Os payoffs

Existe(m) equilíbrio(s) de Nash? Qual (is)? (ii.) Se

) O resultado maximiza o

Imagine que o presidente Geisel, conhecedor da instabilidade política na Bolívia à época,

acreditasse que a probabilidade do coronel Banzer fechar a torneira do gasoduto após sua

Nessas condições, qual é o retorno esperado

ruir? Qual seria a sua

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(c.) Nos anos noventa, a situação política da Bolívia parecia mais estável. Hugo Banzer era

novamente o presidente, mas agora havia sido eleito democraticamente, sucedendo Gonzalo

Sanchez Lozada. O então presidente do Brasil, Fernando Henrique Cardoso, imaginou que a

probabilidade de uma ação unilateral da Bolívia (fechando a torneira) havia caído para 20% e a

probabilidade da Bolívia manter a cooperação havia aumentado para 80%. Nessa nova

situação, qual é o retorno esperado do Brasil se ele optar em construir o gasoduto? E se ele

não construir? Você construiria?

Em 2006, o gasoduto já está existe e está funcionando. Evo Morales assumiu o governo

boliviano e, no mesmo dia, invadiu a Unidade de Processamento de Gás Natural da Petrobrás

na Bolívia e anunciou a intenção de renegociar os termos do contrato de venda de gás natural

pelo Gasbol. No mesmo ano, o Brasil anunciou descoberta de grandes reservas de gás natural

na Bacia de Santos (Campo Mexilhão). De um lado, Evo Morales ameaçando novamente

“fechar a torneira”. De outro, o Brasil podendo investir nos novos campos, localizados na

plataforma marítima brasileira.

A nova situação pode ser descrita pelo jogo abaixo, onde “I” representa o investimento

brasileiro no campo de Mexilhão e “NI” representa a não realização deste investimento.

BOLÍVIA

F NF

BRASIL I -70, 10 80, 30

NI -100, 30 50, 50

(d.) Considere agora que o jogo é simultâneo, em uma única rodada. (i.) Existe(m) equilíbrio(s)

de Nash? Qual (is)? (ii.) Se houver, é (são) também equilíbrio(s) de estratégia dominante? (iii.)

O resultado maximiza o ganho conjunto dos países? (iv.)Se o Brasil supuser que a

probabilidade de que a Bolívia resolva manter a torneira aberta (NF) seja de 60%, qual seria a

sua decisão, investir em Mexilhão ou não investir?

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150

Questão 89. Subsídio ao Algodão

A Organização Mundial do Comércio (OMC) autorizou o Brasil, recentemente, a impor sanções

comerciais contra os Estados Unidos, relacionadas à disputa entre os dois países sobre os

subsídios norte-americanos ao algodão. O Brasil, segundo maior exportador de algodão, vem

sendo fortemente prejudicado pela insistência do governo americano em manter os subsídios.

A OMC concedeu ao Brasil o direito à chamada "retaliação cruzada" – sanções em uma área

diferente daquela em que a disputa teve lugar (nesse caso, produtos agrícolas). O alvo mais

óbvio seriam os produtos americanos manufaturados. Entretanto, a condenação permitiu ao

Brasil retaliar produtos americanos até o montante de pouco mais de US$ 800 milhões – muito

pouco perto do montante das exportações americanas.

A “novidade” foi a permissão da retaliação cruzada na área da propriedade intelectual, o que

permitiria ao Brasil implementar a retaliação não apenas à “indústria cultural americana”

(filmes, séries e livros) como também à indústria farmacêutica. É neste aspecto que o poder de

barganha do Brasil aumenta. No entanto para esta segunda forma de retaliação ainda é

preciso modificar a legislação brasileira, já que a Constituição veda esta prática. O projeto de

lei já está em discussão no Congresso.

Para simplificar vamos supor, inicialmente, que o Brasil possa adotar apenas uma forma de

retaliação: aumento de tarifas de importação sobre produtos manufaturados. A matriz19 de

payoffs abaixo apresenta os possíveis ganhos (fictícios) que poderiam ser obtidos pelos dois

países.

EUA

não elimina subsídios elimina subsídios

BRASIL não adota sanções 0 , 50 50 , 20

adota sanções 10 , 45 5 , 15

(a.) Considere um jogo simultâneo, não-cooperativo, que tenha uma só rodada. Suponha que

os jogadores são racionais:

i. Os países possuem estratégia dominante? Em caso afirmativo, qual(is)? ii. Qual(ais) será(ão) o(s) equilíbrio(s) de Nash?

(b.) Suponha agora que os países cheguem a um acordo, de forma que o jogo passe a ser

cooperativo. Qual(ais) o(s) resultado(s) cooperativo(s)?

19

Uma justificativa para um payoff menor no caso dos EUA eliminarem o subsídio e o Brasil adotar sanções seria a perda de reputação que tal atitude imporia ao país

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(c.) Considere novamente um jogo simultâneo, não-cooperativo, com jogadores racionais. Mas

agora o jogo é repetido um número finito de vezes. (i.) Qual(ais) será(ão) o(s) resultado(s)? (ii.)

Este resultado poderia mudar se o jogo fosse repetido um número infinito de vezes? Explique

por quê.

(d.) Até agora supomos que os países tomam suas decisões simultaneamente, o que não nos

parece muito razoável. Considere, agora, que o jogo na verdade é seqüencial, os EUA

escolhendo primeiro que tipo de estratégia adotar. Qual será o equilíbrio do jogo? Faça a

árvore de decisão, e indique o resultado.

Para aumentar o seu poder de barganha suponha que o Brasil realize fortes esforços e aprove

no Congresso a medida que permite a retaliação sobre os direitos intelectuais, de marcas,

patentes e similares. Considere agora que o Brasil possa adotar os dois tipos de sanções:

sanção fraca (apenas sobre os produtos manufaturados) e sanção forte (sobre os produtos

manufaturados e sobre a propriedade intelectual). Neste caso suponha a seguinte matriz de

payoffs:

EUA

não elimina subsídios elimina subsídios

BRASIL

Não adota sanções 0 , 50 50 , 20

Adota sanção fracas 10 , 45 5 , 15

Adota sanção forte 15 , 0 40 , 5

(e.) Considere, tal como no item (d.), um jogo seqüencial no qual os EUA escolhem primeiro

que tipo de estratégia adotar. A possibilidade do Brasil adotar sanções mais severas (sanções

fortes) altera o resultado do jogo?

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Questão 90. Desencorajando a Entrada Dois pré-candidatos de um mesmo partido à presidência disputam a indicação para chapa pelo

partido. Um deles, JS, está à frente das pesquisas, e é considerado o candidato natural. O

outro, AN, está pensando se entra na disputa ou se desiste dela e sai como senador pelo seu

estado.

A situação de ambos pode ser descrita pela matriz de pay-offs abaixo representada, onde os

pay-offs representam os recursos disponíveis para a campanha. O jogo é sequencial: AN

primeiro decide se entra na disputa ou se não entra. Em seguida, JS decide se aceita disputar

as prévias com AN ou se força sua candidatura.

AN

Entra na disputa pela presidência

Não Entra (disputa o senado)

JS

Aceita prévias no partido

100, 20 200, 0

Força sua candidatura à presidência

70, -10 140, 0

JS quer convencer AN que sua entrada na disputa não valerá à pena. Para entrar na disputa AN

precisaria investir R$ 80 milhões em sua campanha interna (não reversíveis), e dividirá os

recursos disponíveis do partido para a campanha à presidência. Se AN resolver não entrar na

disputa interna, JS disputa as prévias como candidato único e terá 200 milhões para disputar a

presidência, como mostra o canto superior direito.

JS, por sua vez, pode optar em aceitar as prévias ou forçar sua candidatura. Se optar pela

segunda alternativa, gastará R$ 60 milhões na pré-campanha, mas atrairá apoios de AN no

valor de R$ 30 milhões, deixando AN com dívida de R$ 10 milhões. E se AN desistir e JS mesmo

assim investir em sua pré-campanha, JS ficará com R$ 140 milhões.

(a.) JS tem estratégia dominante? Se sim, qual? AN tem estratégia dominante? Se sim, qual? O

jogo possui equilíbrio de estratégia dominante? Se sim, qual?

(b.) O jogo acima possui equilíbrio(s) de Nash? Se sim, qual(is)?

(c.) Face à iminente entrada de AN na disputa, JS ameaça forçar a sua candidatura. Essa

ameaça é crível? Por quê?

Temendo pelo prejuízo de ter que enfrentar AN nas prévias eleitorais, JS decide agir

estrategicamente, e investe R$ 50 milhões preventivamente em sua campanha. Com isso, os

pay-offs da matriz se modificam para:

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AN

Entra na disputa pela presidência

Não entra (disputa o senado)

JS

Aceita prévias no partido

50, 20 150, 0

Força a sua candidatura à presidência

70, -10 140, 0

(d.) Se você fosse AN você entraria na campanha agora? Por quê?

(f.) O que JS fez é denominado de “movimento estratégico”. Defina com suas palavras o

conceito de “movimento estratégico”.

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Questão 91. Too Big to Fail?

A Teoria dos Jogos vem sendo aplicada cada vez mais

a problemas reais nas esferas da política e economia,

e muitos de seus termos, como ‘Tragédia dos

Comuns’, tornaram-se conhecimento popular. Veja o

texto abaixo, extraído do blog “Clever Elephant - A

Perspicacious Pachyderm” (30/09/08), sobre a

decisão do Congresso Americano durante a crise de

2008 de resgatar bancos em dificuldades financeiras

(se preferir leia a tradução livre na nota de rodapé):20

How could the bailout fail to pass Congress, when it had been negotiated and promoted by the leadership of both parties? Easy, it's the tragedy of the commons! If I may enter the head of the Representative from South Jesusland, Phil I. Buster: "If I vote for this, my constituents who hate Wall Street (and that's a lot of them) will hate me! But if this fails, the economy could crumble, and they'll hate me more! But if vote against it, and it passes, I win both ways! Hate Wall Street? I voted against it! Economy does OK? Who's going to remember or care how I voted? Economy crumbles? It was a bad plan anyways!" Multiply by a few hundred Representatives with fingers in the wind and voila! No plan, Dow tanks 700.

Suponha um jogo com dois deputados, cada um podendo votar a favor ou contra o pacote de

salvamento dos bancos. Suponha que o custo político de votar a favor de Wall Street seja de

150. Se ambos os deputados votarem a favor, eles dividem o custo (-75 para cada um); se

apenas um deputado votar a favor, ele arca com o custo de -150 sozinho, e o outro com zero.

Assuma ainda que o consentimento de apenas um deputado é suficiente para a aprovação do

pacote. Se ambos os deputados votarem contra, a economia entra em depressão e os

deputados arcam com um custo político de -100 cada.

(a.) Desenhe a matriz de payoffs.

(b.) Considere um jogo simultâneo, não-cooperativo, que tenha uma só rodada. Suponha

que os jogadores são racionais. (i.) Existe equilíbrio em estratégia dominante? Se sim,

qual? (ii.) Existe equilíbrio de Nash? Se sim, qual?

20

Tradução livre de http://blog.cleverelephant.ca/2008/09/game-theory-and-congress.html “Como o programa de salvamento dos bancos pode não ser aprovado no Congresso, quando ele foi negociado e promovido pelas lideranças dos dois partidos? Fácil, é a tragédia dos comuns! Se eu pudesse entrar na cabeça do deputado de Jususlândia do Sul, Nereu A. Travanco: “Se eu votar a favor, meus eleitores que odeiam Wall Street (e existem muitos deles) vão me odiar!” “Mas se isto falhar, a economia vai desabar, e eles vão me odiar mais!” “Mas se eu votar contra e ele passar, eu ganho dos dois jeitos! Odeia Wall Street? Eu votei contra. A economia vai bem? Quem vai lembrar de como eu votei? Economia desaba? Era um plano ruim de todo jeito!” Multiplique por algumas centenas de deputados com seus dedos ao vento e voila! Nada de plano, o Dow desaba para 700.”

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(c.) (i.) Qual o resultado cooperativo? (ii.) O que acontece com os payoffs de cada jogador

se eles negociarem um acordo para atingir um resultado cooperativo,

comparativamente ao equilíbrio de Nash? (iii.) Muitas vezes, na prática, negociações

deste tipo são difíceis. Utilizando o jogo do item (a.), explique por que isto acontece.

(d.) A Câmara dos Deputados dos EUA rejeitou a primeira versão do pacote de salvamento

dos bancos em 29/09/08, mas voltou atrás, aprovando uma ajuda de US$700 bilhões

alguns dias depois, após acordo entre os líderes partidários. Desde então muito tem se

discutido sobre o problema de “risco moral” envolvido em programas de salvamento

de bancos: se os bancos sabem que serão salvos, eles não acabariam assumindo mais

riscos do que seria adequado? Para ilustrar este ponto, suponha um jogo seqüencial,

não-cooperativo, que tenha uma só rodada. Os jogadores – o banco e o governo – são

racionais. Desenhe a árvore de decisão e indique o equilíbrio de Nash assumindo que:

− O banco joga primeiro decidindo se assume muito ou pouco risco.

− Se o banco assume pouco risco, o governo não faz nada. O jogo acaba, e os payoffs

são (0 , 0).

− Se o banco assume muito risco, existem duas possibilidades, cada uma com 50%

de chance de acontecer:

(a.) A economia vai bem, o governo não faz nada, e os payoffs são (100 , 100).

(b.) A economia vai mal e o governo tem que optar por salvar o banco (caso em

que o banco perde -10 e o governo perde -100) ou deixá-lo quebrar (ambos

perdem -200).

(Dica: trate a economia como um terceiro jogador que joga após o banco e antes do

governo).