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  • 7/28/2019 KombatoDECAF2.pdf

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    DEFESA PESSOAL

    Fighter Magazine

    Yuri Carltone a equipe Roan Juco

    Defesa de armas brancasDefesas de faca

    As defesas de arma so as mes-mas que seriam usadas no caso deuma faca? A resposta NO. Umaarma de fogo unidirecional. Umafaca, no. Ela pode mat-lo de inme-ras formas, ou deform-lo, mesmo na

    mo de um leigo. A curta distncia,uma faca mais perigosa que umaarma de fogo. J ouvi instrutores dize-rem que muito fcil desarmar umafaca. Em 21 anos testando, nunca viningum desarmar algum que venhaatacar com vontade. Por isso, possoafirmar que instrutores que dizem issoso, no mnimo, irresponsveis.

    Naturalmente, a uma distncialonga mais difcil, ou at mesmoimpossvel, defender-se de uma armade fogo. E a uma distncia longa, umafaca representa pouco (se voc soubere puder correr).

    AdrenalinaO treinamento s d frutos depois

    que o aluno aprender as tcnicas e ti-ver sido exposto a muitas e muitas ho-ras deste, principalmente sob efeito daadrenalina. Correr, fazer flexes, exer-ccios de exploso e velocidade, de-pois tentar fazer a defesa sob gritariae som alto. Ou ainda enfrentar ataquessurpresa. Diversos jogos e treinamen-tos so necessrios para desenvolvera velocidade de exploso, raciocnio, eprincipalmente a habilidade de enga-nar o inimigo.

    Evitando a situao

    Naturalmente, a melhor coisa afazer simplesmente no ter algumapontando uma arma para voc. Eviteo contato com bandidos, traficantese indivduos semelhantes, pois quemanda com porcos, come farelo. Eseja precavido.

    Como treinarO pensamento mais comum

    treinar com armas de brinquedo, de

    plstico. No entanto, durante o treino,este tipo de utenslio quebra, e sendoo plstico de tipo cristal, no apenasquebra, mas tambm corta, e muito.Por isso opte por armas de madeira,durveis e mais fceis de fazer. Trei-nar com armas de verdade seria muito

    bom, pela maior semelhana com a si-tuao real, porm as pessoas costu-mam esquecer-se de verificar se armaest municiada. Como o Kombato distribudo, em sua maioria, em unida-des policiais e militares, sempre trei-namos com armamento real. Porm, averificao de segurana tem que serbem feita SEMPRE. Mesmo assim, po-dem acontecer acidentes.

    Por exemplo: em uma das unida-de nas quais ministro treinamento,havia 43 pessoas presentes. Algunsalunos tentavam resistir s alavancasde desarme que eu estava fazendo.Na sexta tentativa, depois de enganare desarmar um dos alunos, meu est-

    mago ficou gelado: percebi que haviaalgo errado. Deixei o carregador cair, ea arma estava totalmente municiada todos os projteis estavam l, espe-rando para sair, e derrubar algum. Dezsegundos atrs, esta mesma arma es-tava apontando para a minha cabea,bem entre meus olhos.

    Em resumo: sa vivo de uma situ-ao real, sem nem ao menos saberque era real. Os 43 alunos haviamsido verificados um a um, apresen-tando para mim o armamento aberto,sem munio, e ainda passei o lacre.O que podia ento ter acontecido deerrado? Resposta: aquela era uma 44pessoa, tambm integrante do curso,

    que estava de planto no momento dotreinamento, e veio correndo para aaula, por isso passou por todo o nossocuidado de segurana, sem querer. Eraum campo aberto. Ningum percebeuque ele no tinha sido verificado, j quechegou aps a verificao. Nem mes-mo ele se lembrou de verificar (tinhaacabado de fazer um turno de 48 ho-ras, e estava visivelmente cansado).

    Por isso, faa o treinamento comarmas de madeira, sempre que puder.

    Alguns exemplos reaisA primeira histria uma situao

    ocorrida com meu pai, que reside emSo Paulo. Em dezembro de 2003, este

    veio ao Rio de Janeiro, para passar ofim de ano com a famlia. Precisamen-te no dia 23, ele estava se dirigindo sua casa na Ilha do Governador, quan-do notou que um carro parecia segui-lo. No momento que sua esposa saado carro, aps estacionar, o persegui-dor parou atrs, e um bandido veio emsua direo, arrebatando sua chave.Sem nenhuma hesitao, meu pai foina direo do indivduo, que colocouum revlver calibre 38 em sua cabe-a e atirou. De alguma forma, meu paiimprovisou uma defesa, tirando o rostoda frente; o projtil foi para cima. Em,seguida virou a arma para baixo, quan-do o bandido deu outro tiro. Ambos no

    vazio. Tentou um terceiro, mas, comopor interveno divina, s haviam doisprojteis. O bandido ento correu parao carro, que tinha vidros escurecidos.Meu pai no sabia o que fazer. Sim-plesmente imaginou que o melianteiria sair do veiculo com outra arma,mas ele apenas fugiu. Meu pai tomouas medidas legais necessrias, e maisnada aconteceu. Infelizmente, a polciaestava assoberbada de trabalho, comvrias situaes semelhantes ocorren-do no mesmo bairro. Ficamos sabendoque, posteriormente, o bandido aindateve a chance de roubar outro carro,abandonando o que estava usando,conseguindo, infelizmente, evadir-se.

    Meu pai contatou-me por telefone,pedimos novamente auxlio da polcia,mas nada mais pde ser feito.

    A segunda situao foi em umaorganizao onde o treinamento emKombato obrigatrio, e cujo contin-gente de 800 pessoas. Dessa forma, bastante difcil que todos, de formaunnime, apreciem o treinamento, e o

    tanto que ele pode fazer por suas vi-das. No se pode agradar a todos.

    Um dia, ao chegar a unidade, fuiindagado por dois dos alunos sobrea possibilidade de haver treino sobredefesa de ameaa de armas de fogo.Disse que sim, gostei do interesse de-les. Andando um pouco mais ( umagrande unidade, so aproximadamente10-15 minutos andando da porta ato espao utilizado para treinamento),outros dois alunos passaram correndo

    por mim, e fizeram a mesma pergun-ta. Na hora, calculei: deve ter havidoalguma coisa. Acertei na mosca. Aoperguntar ao responsvel pela unidadesobre o que tinha ocorrido, ele pediuao responsvel pela histria que apa-recesse e contasse, ele mesmo, emdetalhes.

    O fato o seguinte: estava este in-divduo, juntamente com um dos com-panheiros de unidade, em uma rea derisco, ambos vestindo uniforme. Quatroadolescentes apareceram, armados,querendo lev-los na direo de umafavela prxima. O Kombatente fez odesarme, exatamente como ensinado,e deteve-os, ao ponto de conseguir

    chamar uma viatura da polcia paraprend-los. De fato, bem provvelque ele e seu colega tivessem sidotorturados ou mortos. Minutos depoisdele me explicar, solicitei a ele que fi-zesse um discurso na unidade sobre oocorrido; a motivao de todos, pelotreinamento, triplicou.

    Defesa pessoalNo existe nenhuma relao entre

    defender-se de um soco e defender-se de uma arma de fogo. Por isso, importante frisar que, hoje em dia,em grandes centros, principalmenteem cidades violentas como o Rio deJaneiro ou So Paulo, sistemas de de-

    fesa pessoal que no possuem instru-es sobre defesa de arma de fogo ede segurana tm menor valia para ocenrio atual. Sua vida e a de sua fa-mlia podem depender disso. Lembre-se tambm que a realidade do nossopas no igual a realidade dos outros;cada pas tem seu tipo de crime.

    Por mais boa vontade que a polcia

    tenha, e mesmo que tivesse um efeti-vo para cobrir cada uma das esquinasda sua cidade, a ltima linha de defesa voc, leitor. As autoridades no po-dero evitar o tempo todo que um ban-dido ou um louco atire em voc ou emum membro da sua famlia, pois noso onipresentes. Em ltima instncia,cabe a voc, e somente a voc, a pro-teo de sua vida.

    Texto efotos: Paulo Albuquerque

    Mestre Paulo AlbuquerqueFundador da organizao Kombato,

    Analista de sistemas, graduado em diver-

    sas artes marciais, sendo o mais graduado

    praticante de Kali do Brasil, nico formadopelo campeo mundial Greg Alland, e ni-

    co dos alunos deste mestre fora dos EUA

    a estar autorizado a utilizar o nome Sina

    Tirsia Walli. Mestre Paulo Albuquerque

    responsvel pelo treinamento dos guar-

    da-costas das maiores celebridades da TV

    Globo (RJ) e por diversos grupos da Mari-

    nha do Brasil, tendo ensinado sua tcnica

    e filosofia inclusive no Curso de Especia-

    lizao de Guerra Anfbia, Batalho Ria-

    chuelo, Batalho Humait, no Primeiro

    Curso de Segurana para embaixadas e

    Companhia de Polcia do Batalho Naval.

    Na polcia, lecionou tambm na ESPM

    (Escola Superior da Polcia Militar), Bata-

    lho de Choque do Rio de Janeiro e para

    diversos Marines dos EUA, para quem tra-

    balhou em 1995. A Kombato j est em

    diversas outras organizaes de todo oBrasil, atravs da sua equipe de professo-

    res e instrutores, como a Procuradoria Ge-

    ral da Repblica, Polcia Federal de Belo

    Horizonte, Polcia do Binfa (Batalho de

    Infantaria da Aeronutica), CTTE (Centro

    de Treinamento Tctico, em Porto Alegre)

    entre outros. Em 2006 o Kombato chegou

    Itlia, e em 2007 chegar Frana.

    www.kombato.org - Tel (21) 2125 1049