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Alterações climáticas — De que se trata? Uma introdução para os jovens Comissão Europeia Direcção-Geral do Ambiente

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Uma introdução para os jovens Comissão Europeia Direcção-Geral do Ambiente

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Alterações climáticas —De que se trata?Uma introdução para os jovens

Comissão EuropeiaDirecção-Geral do Ambiente

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Europe Direct é um serviço que o/a ajuda a encontrarrespostas às suas perguntas sobre a União Europeia

Número verde único (*):

00 800 6 7 8 9 10 11

(*) Alguns operadores de telecomunicações móveis não autorizam o acesso a números 00 800 ou poderão sujeitar estas chamadas telefónicas a pagamento.

© Fotografias:Digital Vision Ltd, página 6E. Johansson, página 12 (parte superior)Comunidade Europeia, página 19Comunidade Europeia, Direcção-Geral do Ambiente, Mike St. Maur Sheil, página 17Comunidade Europeia, Direcção-Geral da Investigação, página 14Hans Oerter (EPICA), página 10International Institute for Sustainable Development (IISD), Earth Negotiations Bulletin, Leila Mead, página 13PhotoDisc, capa e páginas 3, 7, 8, 12 (parte inferior)Jack Stein Grove, página 9

Encontram-se disponíveis numerosas outras informações sobre a União Europeia na rede Internet, via servidor Europa (http://europa.eu.int)

Uma ficha bibliográfica figura no fim desta publicação

Luxemburgo: Serviço das Publicações Oficiais das Comunidades Europeias, 2006

ISBN 92-894-8919-7

© Comunidades Europeias, 2006Reprodução autorizada mediante indicação da fonte

Printed in Belgium

Impresso em papel reciclado a que foi concedido o rótulo ecológico da UE para papel gráfico(www.europa.eu.int/ecolabel)

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Índice

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Alterações climáticas — De que se trata? 4

Causas das alterações climáticas 4

O efeito de estufa 4Os gases com efeito de estufa produzidos pelo Homem 5

Provas das alterações climáticas 7

As alterações climáticas e os seus efeitos 8Como trabalham os climatólogos 10

O que é necessário fazer para lutar contra as

alterações climáticas? 12

O que está a ser feito pelos governos 12

A Convenção-Quadro das Nações Unidas relativa às Alterações Climáticas 12

O Protocolo de Quioto 13

O que está a ser feito pela União Europeia 14O que está a ser feito pelas empresas 17O que tu podes fazer 18

Olhar para o futuro 19

Sítios web sobre as alterações climáticas 20

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O clima está a mudar com consequências cada vez mais visíveis. Já reparaste que, um pouco por todo o mundo, as tempestades e as inundações se estão a tornar mais frequentes? Não achas que os Invernos estão mais amenos com menos neve e mais chuva e que, todos os anos, o desabrochar das flores e a chegada dos pássaros anunciam a Primavera cada vez mais cedo?Todos estes sinais apontam para uma aceleração do fenómeno das alterações climáticas, também designado aquecimento global.

Se não fizermos nada, as alterações climáticas acabarão por afectar o mundo em que vivemos e alterar os modos de vida que actualmente consideramos adquiridos.

O clima está a mudar por causa da forma como as pessoas vivem hoje em dia, em especial nos países mais ricos e economicamente desenvolvidos, incluindo os da União Europeia. As centrais que produzem a energia necessária para termos electricidade e aquecimento nas nossas casas, os carros e os aviões em que viajamos, as fábricas que produzem os bens que compramos e a agricultura que nos fornece o que comemos, desempenham, todos, um papel nas alterações climáticas.

O efeito de estufa

A nossa atmosfera funciona como uma capa transparente e protectora em torno da Terra, deixando passar a luz do Sol e retendo o calor. Sem a atmosfera, o calor do Sol faria

imediatamente ricochete na superfície do nosso planeta e voltaria para o espaço, pelo que a temperatura na Terra

seria cerca de 30° C mais baixa e tudo congelaria. Assim, a atmosfera funciona um pouco como as paredes de vidro

de uma estufa. É por isso que se fala de «efeito de estufa». Os responsáveis por este efeito são os «gases com efeito de estufa»

que fazem parte da atmosfera e retêm o calor.

4

Causas das alterações climáticas

Alterações climáticas —De que se trata?

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A maior parte dos gases com efeito de estufa são de origem natural. No entanto, desde a revolução industrial no século XVIII, o Homem também tem produzido gases com efeito de estufa em quantidades sempre maiores. O resultado é que as concentrações destes gases na atmosfera aumentaram e atingiram os valores mais elevados dos últimos 420 000 anos. O efeito de estufa agravou-se e as temperaturas na Terra subiram — fala-se, assim, de alterações climáticas.

Os gases com efeito de estufa produzidos pelo

Homem

O principal gás com efeito de estufa produzido pelas actividades humanas é o dióxido de carbono, que representa 75% do total das «emissões de gases com efeito de estufa» no mundo, ou seja, de todos os gases com efeito de estufa libertados para a atmosfera com os fumos e os vapores de tubos de escape, chaminés, fogos e outras fontes. O dióxido de carbono provém principalmente da queima de combustíveis fósseis como o carvão, o petróleo e o gás natural. Ora, estes combustíveis fósseis ainda continuam a ser a fonte de energia mais utilizada, quer para produzir electricidade e calor, quer para abastecer os nossos carros, navios e aviões.

A maioria das pessoas conhece o dióxido de carbono (CO2) das bebidas gaseificadas — com efeito, as bolhas contidas nestas bebidas e na cerveja são bolhas de CO2. O dióxido de carbono também desempenha um papel importante na respiração: inspiramos oxigénio e expiramos dióxido de carbono, enquanto as árvores e outras plantas absorvem CO2 para produzir oxigénio.

5

Fonte: Sítio web do Governo do Canadá sobre as alterações climáticas.

A energia solar

atravessa a

atmosfera

A superfície

terrestre é

aquecida pelo sol e

irradia o calor para

o espaço

Os gases com

efeito de estufa

concentrados na

atmosfera retêm

parte do calorParte da

energia

reflecte-se,

voltando para

o espaço

O efeito de estufa

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6

É por isso que as florestas são tão importantes, pois absorvem parte do excedente de CO2 que produzimos. No entanto, a desflorestação — o abate de árvores, o desbravamento e a queima de florestas — avança em todos continentes.

O metano e o óxido nitroso são outros gases com efeito de estufa libertados por actividades humanas. Estes gases fazem parte dos

gases invisíveis provenientes de aterros sanitários, da criação de gado, do cultivo do arroz e de determinados métodos de fertilização agrícola. Alguns destes gases também são produzidos artificialmente: os gases fluorados, utilizados em sistemas de refrigeração e de ar condicionado. Estes gases são libertados para a atmosfera quando há fugas ou quando os aparelhos deitados fora não são tratados de forma adequada.

Fonte: Programa das Nações Unidas para o Ambiente (PNUA)

& GRID Arendal.

Concentração atmosférica global de CO2

Partes por milhão (ppm)

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7

As alterações climáticas já começaram. No século passado, a temperatura mundial média subiu 0,6° C, enquanto a temperatura média na Europa subiu quase 1° C. À escala mundial, os cinco anos mais quentes desde que há registos (desde cerca de 1860, quando foram concebidos instrumentos capazes de medir a temperatura com uma precisão aceitável) foram, por esta ordem:

1) 1998,2) 2002,3) 2003,4) 2004,5) 2001.

A tendência para o aquecimento deve-se à quantidade crescente de gases com efeito de estufa libertados por actividades humanas. De acordo com os especialistas do clima, esta tendência vai intensificar-se e, até 2100, a temperatura média mundial deverá subir entre 1,4° C e 5,8° C e as temperaturas na Europa entre 2° C e 6,3° C. Estas subidas de temperatura podem parecer pouco significativas, mas basta não esquecer que durante a última época glaciar, que terminou há 11 500 anos, a temperatura média mundial era apenas 5° C mais baixa do que a actual e que, mesmo assim, uma grande parte da Europa estava coberta de gelo. Uma diferença de poucos graus pode ter um impacto enorme no nosso clima. Os efeitos das actuais alterações climáticas já se estão a fazer sentir na Europa e em todo o mundo (ver página seguinte). A mais longo prazo, estas poderão mesmo desencadear catástrofes, como a subida do nível do mar e inundações rápidas ou grandes tempestades, e conduzir a uma escassez de alimentos e de água em algumas partes do mundo. As alterações climáticas irão afectar todos os países, mas os mais vulneráveis são os países em desenvolvimento, que dependem frequentemente de actividades sensíveis ao clima e dispõem de poucos recursos económicos para se adaptarem às consequências das alterações climáticas.

Provas das alterações climáticas

40o

0o

10o

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20o

30o

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8

As alterações climáticas e os seus efeitos

• As calotas polares estão a derreter. A superfície do mar coberta pela calota árctica diminuiu 10% nas últimas décadas e a espessura do gelo acima da água cerca de 40%. Do outro lado da Terra, a camada de gelo que cobre o continente antárctico tornou-se instável.

• Os glaciares estão a regredir. Até 2050, é provável que 75% dos glaciares nos Alpes suíços desapareçam. Os responsáveis pela estância de esqui de Andermatt, na Suíça, estão agora a pensar cobrir o glaciar Gurschen, um local popular para a prática deste desporto, com uma enorme folha de plástico isolante durante o Verão, de forma a impedir que o glaciar derreta e resvale.

• À medida que o gelo derrete, o nível do mar sobe. No século passado, já se registou uma subida de 10 a 25 cm (dependendo da medição) e prevê-se que, até 2100, essa subida possa atingir 88 cm. As ilhas e as áreas costeiras mais baixas seriam inundadas,

por exemplo as Maldivas, o delta do Nilo no Egipto e o Bangladesh. Na Europa, cerca de 70 milhões de habitantes do

litoral ficariam em situação de risco. Mas a água do mar penetraria também mais para o interior e contaminaria os solos agrícolas e as reservas de água doce.

• Se a enorme camada de gelo da Gronelândia derreter, o que poderá acontecer nos próximos séculos, o nível do mar poderá chegar a subir sete metros.

• As alterações climáticas estão na origem de fenómenos climáticos extremos, como tempestades, inundações, secas e ondas de calor. Na última década, registaram-se três vezes mais catástrofes naturais relacionadas como o clima, sobretudo inundações e ciclones, do que na década de 60. Para além dos muitos danos que causam, estas catástrofes também fazem subir o custo dos seguros.

• A água já é um recurso escasso em muitas regiões do mundo. Quase um quinto da população mundial, ou seja, 1,2 mil milhões de pessoas, não têm acesso a água potável. Se a temperatura global aumentar 2,5° C acima dos níveis pré-industriais, a escassez de água poderá afectar mais 2,4 a 3,1 mil milhões de pessoas.

• Uma subida da temperatura de 2,5° C poderá deixar 50 milhões de pessoas em risco de fome, para além dos 850 milhões que sofrem de fome crónica actualmente. Na Europa, o período de cultivo aumentou 10 dias entre 1962 e 1995. Embora isso tenha sido benéfico para a agricultura na Europa do Norte, mesmo nesta parte do mundo as colheitas começarão a diminuir, se a temperatura subir mais de 2° C em relação aos níveis pré-industriais.

• As doenças tropicais como a malária poderão alastrar, pois as zonas em que as condições climáticas são adaptadas à proliferação do mosquito transmissor da malária vão aumentar. Uma subida de temperatura de 2° C poderá pôr em risco mais 210 milhões de pessoas.

• A partir de 2070, a Europa poderá sentir uma onda de calor como a de 2003 de dois em dois anos. O Verão escaldante de 2003 contribuiu para a morte prematura de 20 000 europeus, desencadeou grandes incêndios florestais no sul da Europa e provocou perdas agrícolas que excederam os 10 mil milhões de euros.

>>>

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9

• Muitos animais e plantas não conseguirão fazer face à alteração das temperaturas ou deslocar-se para regiões em que o clima lhes é mais adequado. Um estudo alarmante concluiu que as alterações climáticas poderão levar à extinção de um terço das espécies da Terra até 2050. Os mamíferos e os pássaros de climas frios, como os ursos polares, as focas, as morsas e os pinguins, são especialmente vulneráveis. Na floresta amazónica, os cientistas observaram que as árvores maiores, que crescem mais depressa e absorvem mais CO2, estão a prosperar à custa das outras.

• A longo prazo, a generalização das alterações climáticas poderá desencadear conflitos regionais, fomes e movimentos de refugiados, à medida que os alimentos, a água e a energia se forem tornando cada vez mais escassos.

• Outra situação catastrófica seria o desaparecimento da corrente do Golfo que transporta água quente para norte, no Atlântico. Esta possibilidade serve de argumento ao filme «O Dia depois de Amanhã», de 2003. Embora seja improvável que tal aconteça durante este século, os cientistas concordam que a tendência para o aquecimento no Norte da Europa seria anulada e que o clima arrefeceria bastante nesta parte do Mundo (1).

(1) Fica a conhecer este e outros factos e números interessantes consultando o relatório da Agência Europeia do Ambiente intitulado «Impacts of Europe’s changing climate», de Agosto de 2004, disponível no endereço http://reports.eea.eu.int/climate_report_2_2004/en, e o documento de fundo da Comissão Europeia intitulado «Winning the battle against climate change», de Fevereiro de 2005, disponível no endereço http://www.europa.eu.int/comm/environment/climat/pdf/staff_work_paper_sec_2005_180_3.pdf.

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10

Como trabalham os climatólogos

A climatologia moderna estuda o passado e observa e interpreta com precisão o que está a acontecer no presente.

Os cientistas utilizam um leque surpreendente de fontes para desvendar as condições do passado. Por exemplo, furam as

calotas polares até atingirem solo rochoso e extraem cilindros de gelo, designados carotes de gelo. No Antárctico, uma

equipa de investigadores europeus extraiu recentemente, a uma profundidade de mais de 3 km, carotes de gelo que há mais de

900 000 anos não estavam em contacto com a luz ou o ar ()!

As propriedades físicas do gelo e do ar contido em pequenas bolhas permitem aos investigadores saber como eram o clima e a atmosfera naquela época. Os anéis das árvores e corais, as estalagmites e o pólen, as sementes e as folhas de tempos remotos constituem outras fontes de indícios sobre o passado.

Com base nestes estudos, sabe-se que houve uma alternância entre épocas glaciares e períodos mais quentes e que as temperaturas na Terra oscilaram entre 9° e 22° C (a temperatura média mundial é actualmente de 15° C). Estas oscilações deveram-se a causas naturais, como variações na órbita da Terra à volta do Sol e no eixo da Terra, alterações na actividade solar e erupções vulcânicas.

Nos últimos 8 000 anos, o clima tem-se mantido relativamente estável, com pequenas flutuações de menos de 1° C por século. Estas condições estáveis permitiram o desenvolvimento da sociedade e dos ecossistemas tais como os conhecemos hoje. Mas, actualmente, o aquecimento é cada vez mais rápido. Por si só, as causas naturais não explicam este fenómeno sem precedentes, pelo menos nos últimos 1 000 ou, segundo alguns estudos, 2 000 anos.

Muitas das descobertas dos cientistas são usadas para prever o clima futuro e os efeitos das alterações climáticas por meio da modelização e simulação por computador.

(1) Podes encontrar mais informações sobre este projecto europeu designado EPICA no endereço http://www.esf.org/esf_article.php?activity=1&article=85&domain=3

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Não estamos a falar de simples computadores pessoais — os computadores utilizados para prever o que se irá passar daqui a 100, 200 ou 300 anos são sistemas complexos que têm em conta muitas variáveis. Por exemplo, os cientistas ainda não sabem exactamente em que medida o nosso clima é sensível ao aumento das concentrações dos gases com efeito de estufa, ou seja quais as concentrações que desencadeiam certas alterações no clima. Outros factores como a poluição atmosférica e a formação de nuvens são igualmente determinantes. Assim, os cientistas fazem simulações assentes em diferentes pressupostos.

Os cientistas devem ainda ter em conta outras variáveis, por exemplo a quantidade de combustíveis fósseis queimados no futuro, o número de habitantes da Terra, a forma como as economias se irão desenvolver. É por isso que todas as projecções sobre a evolução do clima são apresentadas sob a forma de intervalo. Em 1988, as Nações Unidas criaram o Painel Intergovernamental sobre as Alterações Climáticas (IPCC) que reúne milhares de cientistas de todo o mundo. A tarefa destes cientistas é avaliar a investigação e os conhecimentos existentes sobre as alterações climáticas e os seus efeitos. Até à data, o IPCC publicou três relatórios — em 1990, 1995 e 2001. De acordo com todos os dados disponíveis, o IPCC concluiu que as concentrações de gases com efeito de estufa na atmosfera aumentaram principalmente em resultado de actividades humanas. Ainda segundo o IPCC, as temperaturas irão subir entre 1,4° C e 5,8° C até 2100 (ver página 7).

Temperatura nos últimos 1 000 anos (Hemisfério Norte)

e subida de temperatura prevista para os próximos 100 anos

Fonte: Agência Europeia do Ambiente.

Temperatura reconstituída. Dados

de anéis de árvores, corais e carotes

de gelo (azul), dados tratados (preto)

e margem de erro (cinzento)

Temperatura média mundial prevista

para 2000-2100, calculada de acordo

com vários cenários IPCC (linhas

a tracejado) e intervalo total dos

resultados (zona a cinzento)

Dados registados por

termómetros (vermelho)

Vari

açõ

es d

e te

mp

erat

ura

(ºC

) em

rel

ação

à m

édia

196

1-19

90

Anos

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12

A resposta é muito simples: é necessário reduzir as emissões de gases com efeito de estufa para a atmosfera. Alguns gases com efeito de estufa têm uma vida longa, o que significa que se mantêm na atmosfera durante décadas ou períodos ainda mais longos. Mesmo que se adoptem medidas firmes desde já, as temperaturas continuarão a aumentar durante algum tempo. No entanto, se não se fizer nada, as temperaturas aumentarão ainda mais e, cedo ou tarde, a situação tornar-se-á incontrolável.

Para reduzir as emissões de gases com efeito de estufa é necessário investir e modificar a forma como produzimos e consumimos a energia. Estudos recentes indicam que o preço da inacção seria muito mais elevado, tendo em conta os danos e o sofrimento que decorreriam das alterações climáticas.

O que está a ser feito pelos governos

Nos anos 80, as provas das alterações climáticas começaram a acumular-se. Os governos perceberam até que ponto as alterações climáticas constituíam uma ameaça e que era necessário fazer alguma coisa para as combater. Além disso, chegaram à conclusão de que para terem hipótese de serem bem sucedidos era necessário trabalhar em conjunto. As alterações climáticas são um problema mundial pois, em graus variados, todos os países contribuem para as emissões de gases com efeito de estufa e são por elas afectados. Nenhum país pode resolver o problema sozinho.

A Convenção-Quadro das Nações Unidas relativa às

Alterações Climáticas

Em 1992, os governos chegaram a acordo quanto à Convenção--Quadro das Nações Unidas relativa às Alterações Climáticas (CQNUAC). Até à data, este acordo internacional foi formalmente aceite por 189 países, ou seja, quase todos os países do mundo. O objectivo final desta convenção é:

«...a estabilização das concentrações na atmosfera de gases com efeitos de estufa, a um nível que evite uma interferência antropogénica [de origem humana] perigosa com o sistema climático. Tal nível deveria ser atingido durante um espaço de tempo suficiente para permitir a adaptação natural dos

O que é necessário fazer para lutar contra as

alterações climáticas?

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13

ecossistemas às alterações climáticas, para garantir que a produção de alimentos não seja ameaçada e para permitir que o desenvolvimento económico prossiga de forma sustentável.»

Ao abrigo da Convenção, os 189 governos monitorizam e comunicam as emissões de gases com efeito de estufa que

produzem, desenvolvem estratégias para fazer face às alterações climáticas e ajudam os países mais pobres a tratar esta questão.

Além disso, reúnem-se uma vez por ano para debater e decidir as medidas a tomar. A Convenção foi concebida como

um quadro no contexto do qual, no futuro, poderão ser tomadas outras medidas.

O Protocolo de Quioto

Em 1997, na cidade japonesa de Quioto, os governos deram um segundo passo e chegaram a acordo quanto ao importante Protocolo de Quioto. Este

tratado obriga os países industrializados a reduzirem e limitarem as suas emissões de gases com efeito de estufa e a atingirem determinados objectivos de emissão até 2012. Cada país tem o seu objectivo.

O Protocolo de Quioto incide sobretudo nos países industrializados porque estes são responsáveis pela

maioria das emissões de gases com efeito de estufa passadas e presentes e dispõem dos conhecimentos e dos recursos necessários para as reduzir. Por exemplo, a quantidade de gases com efeito de estufa produzida na UE é de 11 toneladas por ano e por cidadão, enquanto nos países em desenvolvimento é de cerca de 1 tonelada por ano e por cidadão.

O Protocolo de Quioto entrou em vigor em 16 de Fevereiro de 2005. Até à data, foi formalmente adoptado por 150 governos, incluindo todos os 25 países da UE (). Trinta e seis destes países, são países industrializados e têm objectivos de Quioto que, na maior parte dos casos, os obrigam a reduzir, até 2012, as suas emissões de gases com efeito de estufa de 5 a 8% em relação aos níveis de 1990. Apenas os Estados Unidos e a Austrália decidiram não participar no Protocolo de Quioto, embora inicialmente o tivessem previsto.

(1) Número de ratificações até 29 de Abril de 2005.

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14

O Protocolo de Quioto constitui um primeiro passo e, mesmo quando da sua negociação, ficou claro que não seria suficiente para pôr termo às alterações climáticas. Mas o

Protocolo é fundamental pois mostra ao resto do mundo que a vasta maioria das nações industrializadas está disposta a mudar de rumo para salvar o clima mundial. Além disso, introduz vários mecanismos de cooperação entre países que irão baixar os custos da redução das emissões.

O que está a ser feito pela União Europeia

A União Europeia está na primeira linha da luta mundial contra as alterações climáticas e, enquanto grande potência económica, está convencida que o seu dever é dar o exemplo.

Durante as negociações do Protocolo de Quioto, os 15 países que então constituíam a União Europeia (assinalados a amarelo, ver caixa na página seguinte) adoptaram um objectivo particularmente ambicioso: reduzir em 8% as suas emissões colectivas de gases com efeito de estufa em relação aos níveis de 1990, até 2012. Em seguida, estabeleceram a contribuição de cada um para o objectivo colectivo, tendo em conta a respectiva situação económica e estrutura industrial. A maioria dos países tem de reduzir as suas emissões, alguns podem aumentá-las até um determinado limite e outros têm de as manter nos níveis de 1990.

Os dez países que aderiram à União Europeia em 1 de Maio de 2004 (assinalados a azul) têm objectivos individuais ao abrigo do Protocolo de Quioto, com excepção de Chipre e Malta que não têm objectivos.

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Objectivos de Quioto na UEEstados-Membros da UE que partilham

o objectivo de redução de 8%

ao abrigo do Protocolo de Quioto

Estados-Membros da UE

com objectivos individuais

ao abrigo do Protocolo de Quioto

Alemanha –21 % Eslovénia –8 %

Áustria –13 % Estónia –8 %

Bélgica –7,5 % Hungria –6 %

Dinamarca –21 % Letónia –8 %

Espanha +15 % Lituânia –8 %

Finlândia 0 % Polónia –6 %

França 0 % República Checa –8 %

Grécia +25 % República Eslovaca –8 %

Irlanda +13 %

Itália –6,5 %

Luxemburgo –28 %

Países Baixos –6 %

Portugal +27 %

Reino Unido –12,5 %

Suécia +4 %

Em Março de 2000, a União Europeia lançou o programa europeu para as alterações climáticas (PEAC). Em conjunto com representantes da indústria, associações ambientais e outros grupos interessados, a União Europeia identificou 42 medidas que irão ajudar os seus Estados-Membros a reduzir as suas emissões de gases com efeito de estufa com custos razoáveis. Todas estas medidas já foram ou estão a ser traduzidas em legislação.

Um dos alicerces da política da União Europeia em matéria de alterações climáticas é o regime de comércio de licenças de emissão que entrou em funcionamento em 1 de Janeiro de 2005. Os governos da União Europeia estabeleceram limites para as emissões anuais de CO2 provenientes de centrais eléctricas e de fábricas com uma utilização intensiva da energia. Estas instalações representam quase metade das emissões de CO2 da União Europeia. As instalações que emitem menos CO2 do que o que estão autorizadas a emitir podem vender as licenças de emissão não utilizadas a outras instalações que emitem mais. Isto constitui um incentivo financeiro para a redução de emissões. O regime garante igualmente a existência de compradores para as licenças de emissão ao impor sanções financeiras pesadas às empresas que excedem os seus limites de emissão e não cobrem as suas emissões com licenças

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16

compradas a outras empresas. O regime de comércio de licenças de emissão irá garantir a redução das emissões onde tal ficar mais barato, baixando assim os custos globais da redução de emissões.

Outras medidas do PEAC visam, por exemplo, melhorar a eficiência dos automóveis no que toca ao consumo de combustível e a eficiência energética dos edifícios (um melhor isolamento pode reduzir em 90% o custo do aquecimento!), aumentar a utilização das fontes de energia renováveis, como o vento, o sol, as marés, a biomassa (matéria orgânica como madeira, resíduos de serrações, plantas, excrementos de animais, etc.), da energia geotérmica (calor de fontes termais e vulcões), desenvolver a produção combinada de calor e electricidade, que exige menos energia, controlar os gases fluorados com efeito de estufa usados nos sistemas de ar condicionado, reduzir as emissões de metano provenientes dos aterros, sensibilizar os cidadãos, intensificar os esforços de investigação e desenvolvimento e reforçar a utilização de tecnologias «amigas do clima».

Já existem muitas tecnologias «amigas do clima» que apenas necessitam de alguns aperfeiçoamentos para poderem ser utilizadas. Por exemplo, é possível capturar algum do carbono libertado na queima de combustíveis fósseis e enterrá-lo em minas desafectadas ou antigos campos de petróleo. Esta tecnologia, designada «captação e retenção de carbono», reduz as emissões de CO2 para a atmosfera. Outra tecnologia promissora, mas que ainda exige bastante mais investigação, é a produção de hidrogénio a partir de energias renováveis e a sua utilização em «pilhas de combustível». A pilha de combustível converte o hidrogénio e o oxigénio em água e, no processo, produz electricidade.

Se todas as medidas planeadas pela União Europeia e pelos Estados-Membros forem aplicadas a União Europeia deverá conseguir realizar os seus objectivos de

Quioto para 2012. Até 2002, o ano mais recente para o qual existiam dados quando a presente brochura foi redigida, os países da antiga União Europeia dos Quinze tinham reduzido as suas emissões de gases com efeito de estufa em 2,9% em comparação com os níveis de 1990 (o seu objectivo de Quioto é 8%). Em conjunto, os 25 países da União Europeia tinham reduzido as suas emissões em 9%.

Sector energético

28 %

Outros

4 %

Agricultura

10 %

Habitação e PME

17 %

Transportes

21 %

Indústria

20 %

Emissões de gases com efeito de estufa

na UE em 2001

Fonte: Agência Europeia do Ambiente.

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17

O que está a ser feito pelas empresas

As empresas estão a desempenhar um papel importante na luta contra as alterações climáticas e começam a perceber que ao reduzirem as suas emissões de gases com efeito de estufa não só estão a proteger o clima, como também podem poupar dinheiro, garantir uma boa publicidade e colocar-se numa posição vantajosa em relação aos seus concorrentes.

Por exemplo, uma grande empresa multinacional que fabrica um vasto leque de produtos em várias regiões do mundo, poupou, desde 1990, 1,5 mil milhões de euros ao reduzir o consumo de energia e equipar as fábricas com novas tecnologias «amigas do ambiente». Além disso, economiza anualmente, 7 a 11 milhões de euros com a utilização de energias renováveis. Com estas medidas, desde 1990, reduziu em 67% as suas emissões de gases com efeito de estufa ().

As associações de fabricantes de automóveis europeus, japoneses e coreanos comprometeram-se voluntariamente

a reduzir em cerca de um quarto, em relação aos níveis de 1995, as emissões médias de CO2 dos

novos automóveis de passageiros vendidos na Europa, até 2008, no caso dos fabricantes europeus, e 2009, no caso dos fabricantes

japoneses e coreanos.

O desenvolvimento de tecnologias «amigas do clima» também cria novos empregos e abre novos mercados.

Graças a regimes de apoio à energia eólica em vários países da União Europeia, as empresas europeias fornecem actualmente 90% do florescente mercado mundial do equipamento para este sector. Na Alemanha, a introdução da energia eólica deu trabalho a 40 000 pessoas. Se as empresas europeias conseguirem desenvolver rapidamente novas tecnologias «amigas do ambiente», encontrar--se-ão numa situação concorrencialmente vantajosa quando a procura mundial deste tipo de tecnologias aumentar.

(1) Consulta o documento «Less is more: 14 pioneers in reducing greenhouse gas emissions» (em http://www.theclimategroup.org/tcg_lessmore.pdf ) do Climate Group, uma coligação de organizações empenhadas na redução das suas emissões de gases com efeito de estufa.

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18

O que tu podes fazerApesar das alterações climáticas serem um

problema mundial, cada um de nós pode

contribuir para a sua resolução. Pequenas

mudanças no nosso comportamento podem

ajudar a reduzir as emissões de gases com

efeito de estufa sem afectar a nossa qualidade

de vida e, até, permitir-nos poupar dinheiro.

• Recicla! A reciclagem de 1 kg de latas de alumínio usadas consome dez vezes menos

energia do que a sua produção a partir do zero. A produção de papel a partir de jornais antigos consome bastante menos energia do que a sua produção a partir de pasta de madeira.

• Quando preparares uma bebida quente, ferve apenas a quantidade de água necessária.

• Poupa água quente! Se tomares banho de chuveiro em vez de imersão, gastas quatro vezes menos energia.

• Não te esqueças de desligar a luz quando já não é precisa. É nas nossas casas que se gasta 30% da electricidade consumida na UE. Por isso, se todos pouparmos energia, o efeito será considerável.

• Se comprares lâmpadas novas, escolhe lâmpadas economizadoras: duram mais tempo e consomem cinco vezes menos energia do que as lâmpadas convencionais.

• Não deixes o teu televisor, a tua aparelhagem ou o teu computador em modo de vigília, ou seja, com a luzinha ligada. Em média, um televisor gasta 45% da energia que consome em modo de vigília. Se todos os europeus deixassem de usar o modo de vigília, a electricidade poupada seria suficiente para abastecer um país do tamanho da Bélgica.

• Não te esqueças também de tirar o carregador da tomada quando acabas de carregar o teu telemóvel. Se o deixares ligado, 95% da electricidade é desperdiçada e só 5% é que é realmente usada para o carregar o teu telemóvel.

• Se tu ou os teus pais quiserem comprar um novo electrodoméstico, por exemplo um frigorífico ou uma máquina de lavar, procura a etiqueta europeia de eficiência energética, obrigatória para todos os electrodomésticos, e certifica-te que o aparelho escolhido é de classe A. Os aparelhos de classe A têm um consumo energético muito eficiente.

• Nas lojas e supermercados, procura produtos com o rótulo ecológico europeu, cujo símbolo é uma pequena flor (canto superior esquerdo desta caixa). Estes produtos são fabricados segundo normas ambientais rigorosas.

• Não aqueças demasiado a tua casa. Se baixares a temperatura apenas 1° C podes economizar até 7% da factura energética da tua família.

• Quando arejas o teu quarto, abre a janela de par em par durante alguns minutos e depois volta a fechá-la, em vez de deixares que o calor escape indefinidamente.

• Os automóveis particulares são responsáveis por 10% das emissões de CO2 da UE. Usar os transportes públicos ou andar de bicicleta ou a pé são alternativas mais baratas e mais saudáveis.

• Os teus pais querem comprar um carro novo: pede--lhes que comprem um modelo pequeno e que consuma pouco combustível. A legislação europeia obriga os fabricantes de automóveis a indicarem a quantidade de CO2 emitido pelos seus carros.

• O transporte aéreo é a fonte de emissões de CO2 que está a crescer mais depressa a nível mundial. Para distâncias de apenas algumas centenas de quilómetros, usa meios alternativos como o comboio ou o autocarro.

• Planta uma árvore na escola, no teu jardim ou no teu bairro. Cinco árvores absorvem, em média, 1 tonelada de CO2 durante a sua vida.

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A União Europeia acredita que é possível diminuir a produção de gases com efeito de estufa e, simultaneamente, continuar a melhorar os níveis e a qualidade de vida das pessoas. As duas coisas não são incompatíveis. Mas, para tal, é necessário modificar os nossos hábitos e a forma como produzimos e consumimos energia.

Os líderes europeus concordam que as temperaturas mundiais não podem subir mais de 2° C em relação aos níveis pré-industriais, pois, caso contrário, o risco de escassez de alimentos e água e de catástrofes ambientais será muito mais elevado. Para realizar o objectivo dos 2° C, serão necessárias medidas a longo prazo após 2012, ano em que os objectivos do Protocolo de Quioto deverão ser atingidos.

Os países industrializados poderão ter de reduzir as suas emissões de gases com efeito de estufa, em relação aos níveis de 1990, de 15 a 30% até 2020 e de 60 a 80% até 2050. Mas é igualmente importante que os países em desenvolvimento com um bom desempenho económico participem num futuro acordo, pois as suas emissões estão a aumentar rapidamente. Os debates internacionais sobre um futuro regime para as alterações climáticas

estão agora a começar. A Comissão Europeia já publicou um documento que define alguns elementos fundamentais

do novo regime, como a participação alargada de todos os países que emitem uma grande

quantidade de gases com efeito de estufa e um impulso decisivo em favor das novas tecnologias «amigas do ambiente».

As alterações climáticas não vão desaparecer de um momento para o outro, mas, quanto mais cedo todos nós tivermos consciência do fenómeno e começarmos a lutar contra ele, mais facilmente poderemos controlar

o nosso destino, viver confortavelmente e preservar toda a beleza e diversidade do nosso

planeta para as gerações futuras.

Olhar para o futuro

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Sítios web úteis sobre as alterações climáticas:Comissão Europeia, Direcção-Geral do Ambiente

http://www.europa.eu.int/comm/environment/climat/home_en.htm

Agência Europeia do Ambiente

http://themes.eea.eu.int/Environmental_issues/climate

Convenção-Quadro das Nações Unidas relativa às Alterações Climáticas e Protocolo de Quioto

http://unfccc.int/2860.php

Painel Intergovernamental sobre as Alterações Climáticas

http://www.ipcc.ch

Programa das Nações Unidas para o Ambiente

http://www.unep.org/themes/climatechange

The Climate Group

http://www.theclimategroup.org

WWF

http://panda.org/about_wwf/what_we_do/climate_change/index.cfm

Greenpeace

http://www.greenpeace.net/climate.htm

É possível encomendar ou descarregar exemplares desta publicação no endereçohttp://europa.eu.int/comm/environment/pubs/home.htm